Post on 09-Feb-2020
OBSERVAÇÃO Considera-se errado o emprego de si e consigo quando estes não indicam reflexividade: Carlos, quero falar consigo. (errado) Carlos, quero falar com você. (correto)
j) Os pronomes conosco e convosco devem ser substituídos por com nós e com vós, respectivamente, quando aparecem seguidos de palavras enfáticas como mesmos, próprios, todos, outros, ambos, ou de numeral: O diretor implicou com nós dois. Senhores deputados, quero falar com vós mesmos.
l) Os pronomes me, te, lhe, nos e vos podem apresentar valor possessivo: Pisaram-me os pés. (= meus) O sol de verão queimou-nos fortemente a pele. (= nossa)
m)Os pronomes me, te, se, o(s), a(s), nos e vos podem exercer a função de sujeito de
um verbo no infinitivo. Isso ocorre com verbos do tipo deixar, mandar, fazer,
perceber, sentir, etc. seguidos de um verbo no infinitivo:
Deixem-me sair. (= Deixem que eu saia.)
n)Os pronomes oblíquos átonos podem ser empregados em
combinações entre si:
me + o(s) mo(s) lhe + a(s) lha(s) me + a(s) ma(s) nos + o(s) no-lo(s) te + o(s) to(s) nos + a(s) no-la(s) te + a(s) ta(s) vos + o(s) vo-lo(s) lhe + o(s) lho(s) vos + a(s) vo-la(s)
As combinações acima não são empregadas em situações do cotidiano. São casos típicos da língua escrita. Observe estes exemplos extraídos de autores brasileiros: ”E a boa dama sacou um espelho e abriu-mo diante dos olhos.” (Machado de Assis) ”Não te esqueci, eu to juro.” (Gonçalves Dias) ”Certos bolos e cremes, antes de serem degustados pela boca ávida, o são pelo nariz e pelos olhos, e, se no-lo permitissem, o seriam pelas mãos.” (Carlos Drummond de Andrade)
3. Pronomes pessoais de tratamento
Entre os pronomes pessoais, incluem-se os pronomes pessoais de tratamento.
Embora a concordância deva ser com a 3ª pessoa, tais pronomes se referem à 2ª pessoa,
ou seja, com quem se fala: Quando Vossa Senhoria vier, traga consigo
todos os documentos. ”Já fazia muito tempo que Vossa Excelência não
vinha a Paris.” (j. Montello)
Veja, a seguir, alguns desses pronomes com suas respectivas abreviaturas:
Cargo ou Função
Por Extenso Abreviatura
Singular Abreviatura
Plural
Reitores
Vossa Magnificência ou Vossa Excelência
V. Mag.ª ou V. Maga. V. Exa. ou V. Ex.ª
V. Mag.as ou V. Magas. ou V.Ex.as ou V.Exas.
Defensores Públicos Desembargadores Membros de Tribunais Promotores
Vossa Excelência V.Ex.ª ou V. Exa.
V.Ex. as ou V. Exas.
Juízes de Direito
Vossa Meritíssima ou Meritíssimo Juiz ou Vossa Excelência
Por extenso ou M.Juiz ou V.Ex.ª, V. Exas.
V.Ex. as ou V. Exas.
Oficiais Generais (até Coronéis)
Vossa Excelência V.Ex.ª ou V. Exa.
V.Ex. as ou V. Exas.
Outras Patentes, altas autoridades (É frequente na correspon- dência comercial
Vossa Senhoria V.S.ª ou V. Sa.
V.S. as Ou V. Sas.
Bispos (sacerdotes)
Vossa Reverendíssima ou Vossa Excelência
V. Rev. ma. ou V.Ex.ª
V. Rev. mas. ou V.Ex. as
Cardeais Vossa Eminência V.Em.ª V.Em. as
Papa Vossa Santidade V.S. -
Imperadores reis
Vossa Majestade V.M. VV. MM.
Príncipes Vossa Alteza V.A. VV. AA.
Deputados Governadores Ministros de Estado Prefeitos
Vossa Excelência V.Ex.ª ou V. Exa.
V.Ex. as ou V. Exas.
Presidentes da República Senadores
Vossa Excelência V.Ex.ª ou V. Exa.
V.Ex. as ou V. Exas.
Tratamento íntimo, familiar
você v.
Tratamento respeitoso em geral
Senhor, Senhora Sr. / Sr. ª Sr.s / Sr. as
OBSERVAÇÕES 1ª) Essas formas se aplicam quando
nos dirigimos ao interlocutor: Senhor Governador, Vossa Excelência
pode receber-me agora?
2ª) Para a 3ª pessoa, aquela de quem falamos, substituímos Vossa por Sua:
Você sabe se Sua Excelência, o governador, já voltou de viagem?
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Os pronomes oblíquos átonos me, te, se, o, a, lhe, os, as, lhes, nos e vos podem ocupar três posições na frase:
a) antes do verbo - próclise (pronome proclítico) ”Não, não me abandone, não me desespere (...)” (Luciano Gomes)
b) no meio do verbo - mesóclise (pronome mesoclítico) ”Meu nome, dir-lhes-ei a seu tempo.” (Jorge de Lima) c) após o verbo - ênclise (pronome enclítico) ”Suporta-se com paciência a eólica do próximo.” (Machado de Assis)
COM AS FORMAS VERBAIS SIMPLES 1) Próclise . Com advérbios que não peçam pausa. Ex.: Ali se trabalha bastante. Obs.: Se for usada a vírgula, que o advérbio permite, não caberá mais a próclise. Ex.: Ali, trabalha-se bastante.
Com pronomes indefinidos, relativos e interrogativos. ˇ.Ex.: Ninguém se machucou. (ninguém é pronome indefinido) Não entendi o recado que me deram. (que é pronome relativo) Quem nos explicará o caso? (quem é pronome interrogativo)
._ Com as conjunções subordinativas. ˇ.Ex.: Ele disse que me avisaria. (que é conjunção subordinativa integrante) Correram quando nos aproximamos. (quando é conjunção subordinativa
temporal) ._ Com o gerúndio precedido de em. Ex.: Em se colocando as coisas dessa
forma, não há dúvidas.
. Com as frases optativas. Ex.: Deus te proteja! Obs.: Frase optativa é aquela que exprime um desejo do falante. Normalmente, tem ponto de exclamação. ._ Com qualquer palavra negativa (geralmente advérbios - jamais, nunca - e pronomes indefinidos – nenhum, ninguém -, que já vimos que exigem próclise). Ex.: Não me explicaram o problema.
2) Ênclise . _ No início do período. Ex.: Disseram-lhe tudo. Obs.: Quando se inicia a frase com o verbo, não há palavra atrativa para que se empregue a próclise. Por isso se diz que não se começa frase com pronome átono. . _ Com verbo no imperativo afirmativo. Ex.: Pedro, levante-se!
3) Mesóclise Ocorre quando o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito. Ex.: Mandar-lhe-ei a intimação. Escrever-te-ia uma nova carta
BECHARA: Não se pospõe pronome átono a verbo no futuro do presente e futuro do pretérito (condicional). Se não forem contrariados os princípios anteriores [existência de fatores de próclise], ou se coloca o pronome átono proclítico ou mesoclítico ao verbo.
Observações a) Não se esqueça de que, havendo palavra atrativa, a preferência é da próclise. Ex.: Nunca lhe mandarei a intimação.