Post on 20-Jun-2020
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL
MAYARA LUIZA PAIVA
AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE EM UMA GRANJA DE AVES
NO ESTADO DO MATO GROSSO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
CURITIBA
2018
MAYARA LUIZA PAIVA
AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE EM UMA GRANJA DE AVES
NO ESTADO DO MATO GROSSO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como
requisito para a obtenção do título de Mestre em Ciências
Ambientais.
Área de concentração: Tecnologia em Processos
Ambientais.
Orientador: Prof°. Dr. Júlio César Rodriguez de Azevedo Co-orientador: Profº Dr. Jair Urbanetz Junior
CURITIBA
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Paiva, Mayara Luiza P149a Avaliação da aplicabilidade de um sistema fotovoltaico 2018 conectado à rede em uma granja de aves no estado do Mato
Grosso e seus impactos ambientais / Mayara Luiza Paiva.-- 2018.
82 f. : il. ; 2018. Disponível também via World Wide Web Texto em português com resumo em inglês Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal
do Paraná. Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnolo-gia Ambiental, Curitiba, 2018
Bibliografia: f. 74-82 1. Indústria avícola - Mato Grosso. 2. Aves - Criação - Mato
Grosso. 3. Energia - Consumo - Mato Grosso. 4. Sistemas de energia fotovoltaica - Mato Grosso. 5. Impacto ambiental - Avalia-ção - Mato Grosso. 6. Tecnologia ambiental - Dissertações. I. Azevedo, Júlio César Rodrigues de. II. Urbanetz Junior, Jair. III. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental. IV. Título.
CDD: Ed. 23 – 363.7
Biblioteca Central da UTFPR, Câmpus Curitiba Bibliotecário: Adriano Lopes CRB-9/1429
Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação
TERMO DE APROVAÇÃO DE DISSERTAÇÃO Nº 101
A Dissertação de Mestrado intitulada AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM SISTEMA
FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE EM UMA GRANJA DE AVES NO ESTADO DO MATO
GROSSO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS, defendida em sessão pública pelo(a) candidato(a)
Mayara Luiza Paiva, no dia 03 de abril de 2018, foi julgada para a obtenção do título de Mestre em
Ciência e Tecnologia Ambiental, área de concentração Tecnologias E Processos Ambientais, e
aprovada em sua forma final, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental.
BANCA EXAMINADORA:
Prof(a). Dr(a). Julio Cesar Rodrigues de Azevedo - Presidente - UTFPR
Prof(a). Dr(a). Alinne Mizukawa – UFPR
Prof(a). Dr(a). Maurici Luzia Charnevski Del Monego – UTFPR
A via original deste documento encontra-se arquivada na Secretaria do Programa, contendo a
assinatura da Coordenação após a entrega da versão corrigida do trabalho.
Curitiba, 03 de abril de 2018.
Carimbo e Assinatura do(a) Coordenador(a) do Programa
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por sempre guiar e iluminar meu caminho, por todas as
oportunidades colocadas em minha vida e por abençoar minhas escolhas.
Agradeço aos meus pais, Irací e Antonio, por todo esforço dispendido em prol
da minha educação e amor incondicional, também à minha irmã Letícia, por sempre
acreditar em mim e vibrar com as minhas conquistas.
Ao meu namorado, Rafael, e minha amiga Roberta, um agradecimento
especial por não me deixarem desistir perante às dificuldades, obrigada pelo incentivo
e por fazerem parte da minha vida.
Ao PPGCTA pela oportunidade de aprimorar os conhecimentos adquiridos
durante minha graduação a partir deste Programa, e aos professores por todo
ensinamento.
Agradeço o apoio dos meus colegas de trabalho, Lidiane e Gabriel, por
permitirem a conciliação entre o desenvolvimento de minhas atividades profissionais
e a finalização deste mestrado.
Por último, mas não menos importante, um agradecimento imenso aos
mestres que me guiaram até aqui. Ao meu professor orientador, Julio Cesar, agradeço
do fundo do coração pelos oito anos ao meu lado na universidade, muito obrigada por
ter aberto a primeira porta rumo à minha carreira profissional, por todo aprendizado e
paciência, com certeza devo este título a você. Ao meu co-orientador, professor Jair,
agradeço por ter aceitado o desafio de participar deste projeto e por toda atenção,
ensinamentos e confiança depositada.
A todos que me auxiliaram a desenvolver este estudo, muito obrigada.
“Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é
ainda vai nos levar além”.
Paulo Leminski
RESUMO
PAIVA, Mayara L. AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE EM UMA GRANJA DE AVES NO ESTADO DO MATO GROSSO E SEUS IMPACTOS AMBIENTAIS. 2018. 84 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia Ambiental) – Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018. O desenvolvimento econômico e a promoção da qualidade de vida da população vêm despertando o aumento da preocupação quanto ao suprimento da demanda energética mundial. O esgotamento de fontes não renováveis de energia como o carvão mineral, petróleo e gás natural, além do cenário atual frente às mudanças climáticas, com uma grande parcela de emissões de gases de efeito estufa pelo setor energético, tende a incentivar novos investimentos em fontes renováveis de energia, dentre elas, a energia solar. Este estudo visa dimensionar e avaliar a capacidade de geração de energia elétrica a partir de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede - SFVCR, para desenvolvimento das atividades de uma granja produtora de aves no estado do Mato Grosso, frente aos impactos ambientais intrínsecos ao sistema. De acordo com informações acerca do consumo de energia do empreendimento, bem como segundo dados de irradiação solar incidente no plano, disponibilizados pelo banco de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, foi possível projetar um sistema fotovoltaico para realizar o abastecimento de energia elétrica do empreendimento. Baseado na potência do sistema dimensionado e capacidade de geração de energia elétrica, foi calculada a estimativa de emissões de gases de efeito estufa evitadas durante a operação do sistema, segundo dados publicados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC). Os resultados indicam a viabilidade para implantação do SFVCR no local, tendo em vista a disponibilidade de área para implantação, incidência de irradiação solar constante, permitindo a geração de energia elétrica ao longo do ano e compensação junto à concessionária local, de acordo com a Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL, além de possibilidade de financiamento junto ao BNDES para aquisição dos componentes do sistema. Ainda, foi demonstrado que, caso o sistema seja efetivamente implantado, a emissão de gases de efeito estufa a partir do consumo de energia pela granja, seria minimizada em pelo menos 17 tCO2 equivalente. Palavras-chave: Energia Solar, Sistema Fotovoltaico, Mudanças Climáticas.
ABSTRACT
PAIVA, Mayara L. EVALUATION OF THE APPLICABILITY OF A GRID-CONNECTED PHOTOVOLTAIC SYSTEM IN A FARM FARM IN THE STATE OF MATO GROSSO AND ITS ENVIRONMENTAL IMPACTS. 2018. 84 f. Dissertation (Master in Environmental Science and Technology) - Graduate Program in Environmental Science and Technology, Federal Technological University of Paraná. Curitiba, 2018. Economic development and the promotion of the quality of life of the population has been raising the concern about the supply of world energy demand. The depletion of non-renewable sources of energy such as coal, oil and natural gas, as well as the current scenario of climate change, with a large share of greenhouse gas emissions by the energy sector, tends to encourage new investments in renewable sources of energy, among them, solar energy. This study aims to evaluate the electric power generation capacity of a Grid-connected Photovoltaic System, to develop the activities of a poultry farm in the state of Mato Grosso, in view of the environmental impacts intrinsic to the system. According to information about the energy consumption of the place, as well as data from solar radiation incident in the surface, available on the database of the Brazilian Atlas of Solar Energy, it was possible to design a photovoltaic system to supply the farm’s electric energy. Based on the power of the scaled system and the capacity to generate electric energy the estimation of greenhouse gas emissions avoided during the operation of the system was calculated, according to data published by the Ministry of Science, Technology, Innovation and Communications. The results indicate the viability for the implantation of the Grid-connected Photovoltaic System in the place, considering the availability of area for implantation, constant solar irradiation incidence, allowing the generation of electric energy throughout the year and compensation to the local concessionaire, according to ANEEL’s Normative Resolution nº 482/2012, in addition to the possibility of financing from BNDES for the acquisition of the components of the system. In addition, it was demonstrated that, if the system were effectively implemented, the emission of greenhouse gases from energy consumption by the farm would be minimized in at least 17 tCO2 equivalent. Keywords: Solar Energy, Photovoltaic System, Climate Change.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Nível de acessibilidade à energia elétrica durante o ano de 2014. ....................... 20
Figura 2 - Porcentagem de usinas em operação, construção e previstas. ........................... 24
Figura 3 - Hierarquia de um painel fotovoltaico. ................................................................... 27
Figura 4 - Esquema de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede. ................................. 29
Figura 5 - Localização do local de estudo no mapa do território brasileiro. .......................... 40
Figura 6 - Imagem aérea do empreendimento objeto desta pesquisa. ................................. 41
Figura 7 - Fatura de energia elétrica emitida pela Energisa Mato Grosso. ........................... 43
Figura 8 - Média anual brasileira de irradiação solar em Wh/m².dia. .................................... 45
Figura 9 - Incidência de impostos sob a energia consumida da rede pública. ...................... 55
Figura 10 - Disposição dos painéis fotovoltaicos para o Cenário 1. ..................................... 62
Figura 11 - Disposição dos painéis fotovoltaicos para o Cenário 2. ..................................... 63
Figura 12 - Emissões de CO2eq durante o ano de 2015 no Brasil. ...................................... 70
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Utilização mundial de energia elétrica em 2014 por setores. .............................. 21
Gráfico 2 - Geração mundial de energia por fontes renováveis em 2016. ............................ 23
Gráfico 3 - Maiores adições na capacidade fotovoltaica em 2016. ....................................... 32
Gráfico 4 - Investimento global em energia renovável.......................................................... 33
Gráfico 5 - Variação da irradiação solar estimada para dias típicos. .................................... 46
Gráfico 6 - Demanda contratada versus a demanda efetiva do empreendimento. ............... 48
Gráfico 7 - Consumo mensal total de energia elétrica. ......................................................... 57
Gráfico 8 - Consumo e estimativa de geração de energia para o Cenário 1. ....................... 66
Gráfico 9 - Consumo e estimativa de geração de energia para o Cenário 2. ....................... 67
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Fontes de energia existentes e suas classificações. .......................................... 20
Quadro 2 - Classificação de sistemas fotovoltaicos conforme NBR 11.704:2008. ................ 28
Quadro 3 - Especificações técnicas de painéis fotovoltaicos e inversores. .......................... 51
Quadro 4 - Especificações técnicas do módulo fotovoltaico. ................................................ 60
Quadro 5 - Especificações técnicas do inversor. .................................................................. 60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Consumo de energia elétrica em kWh/mês durante o ano de 2017 .................... 56
Tabela 2 - Valores de irradiação solar em kWh/m².dia ......................................................... 58
Tabela 3 - Estimativa de geração de energia elétrica em kWh/mês ..................................... 65
Tabela 4 - Consumo de energia e estimativa de geração - Cenário 1 .................................. 66
Tabela 5 - Consumo de energia e estimativa de geração - Cenário 2 .................................. 67
Tabela 6 - Estimativa de investimento inicial implantação do SFVCR .................................. 68
Tabela 7 - Fator Médio Anual de Emissões de CO2 do SIN em tCO2/MWh .......................... 70
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
BIG Banco de Informações de Geração
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento
CA Corrente Alternada
CC Corrente Contínua
CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária
DAQBI Departamento Acadêmico de Química e Biologia
EPE Empresa de Pesquisa Energética
EUA Estados Unidos da América
FINAME Agência Especial de Financiamento Industrial
GEEs Gases de Efeito Estufa
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IEA International Energy Agency
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
MPP Ponto de Máxima Potência
NBR Norma Brasileira
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PR Performance ratio
REN21 Renewable Energy Policy Network for the 21st Century
SFVCR Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
SFVI Sistema Fotovoltaico Isolado
SIN Sistema Interligado Nacional
SIRENE Sistema de Registro Nacional de Emissões
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná
LISTA DE SÍMBOLOS
% Porcentagem
° Graus
°C Graus Celsius
A Amperes
a-Si Silício amorfo
Cd Cádmio
CH4 Gás Metano
CO Monóxido de Carbono
CO2 Dióxido de Carbono
c-Si Silício cristalino
Cu Cobre
G Irradiância Solar
Ga Gálio
GW Gigawatt
h Hora
HFCs Hidrofluorocarbonetos
I Índio
J Joule
Km2 Quilometro Quadrado
kVA Quilovoltamper
kW Quilowatt
kWh Quilowatt - Hora
kWp Quilowatt - Pico
M Metro
m2 Metro Quadrado
m-Si Silício multicristalino
MW Megawatt
MWh Megawatt - Hora
NO2 Dióxido de Nitrogênio
NOx Óxidos de Nitrogênio
PFCs Perfluorados
R$ Reais
Se Selênio
SF6 Hexafluoreto de Enxofre
Si Silício
tCO2eq Toneladas de CO2 Equivalente
Te Telúrio
V Volt
W Watt
Wh Watt Hora
Wp Watt Pico
μ-Si Silício microcristalino
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 14
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 16
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 16
1.1.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 16
2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................................... 17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................ 19
3.1 CONTEXTO ENERGÉTICO MUNDIAL .......................................................................... 19
3.2 FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA .......................................................................... 22
3.3 ENERGIA SOLAR .............................................................................................................. 24
3.3.1 Energia Solar Fotovoltaica ............................................................................................ 26
3.3.1.1 Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede ............................................................... 29
3.3.1.2 Vantagens e Desvantagens ...................................................................................... 31
3.4 MERCADO FOTOVOLTAICO .......................................................................................... 32
3.4.1 O Mercado Fotovoltaico Mundial ................................................................................. 32
3.4.2 Energia Solar Fotovoltaica no Brasil ........................................................................... 34
3.5 IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................................................................. 36
3.5.1 Gases de Efeito Estufa - GEE ...................................................................................... 38
4 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 40
4.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................................................ 40
4.2 COLETA DE DADOS ......................................................................................................... 42
4.2.1 Consumo de Energia ..................................................................................................... 43
4.2.2 Irradiação Solar ............................................................................................................... 44
4.3 DIMENSIONAMENTO DO SFVCR ................................................................................. 47
4.3.1 Cenários para Aplicação do SFVCR ........................................................................... 47
4.3.2 Dimensionamento do SFVCR ...................................................................................... 49
4.3.3 Viabilidade Financeira .................................................................................................... 53
4.4 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................... 55
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................. 56
5.1 CONSUMO MENSAL ........................................................................................................ 56
5.2 IRRADIAÇÃO SOLAR ....................................................................................................... 57
5.3 DIMENSIONAMENTO DO SFVCR ................................................................................. 58
5.3.1 Cálculo da Potência ....................................................................................................... 58
5.3.2 Equipamentos ................................................................................................................. 59
5.3.3 Disposição do SFVCR ................................................................................................... 60
5.3.4 Cálculo da Energia Gerada ........................................................................................... 64
5.3.5 Estimativa de Investimento ........................................................................................... 68
5.4 ESTIMATIVA DE EMISSÕES EVITADAS ...................................................................... 69
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 71
6.1 TRABALHOS FUTUROS ...................................................................................................... 72
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 74
14
1 INTRODUÇÃO
O crescimento populacional e a melhoria dos padrões de vida de países
em desenvolvimento, vem sendo acompanhados da preocupação em suprir a
demanda energética, tendo em vista a perspectiva de esgotamento de fontes não-
renováveis de energia como o petróleo. O contexto energético é um dos assuntos de
maior importância atualmente, considerando a relação bem definida entre qualidade
de vida da população e consumo de energia (MARTINS; GUARNIERI; PEREIRA,
2008).
De acordo com Rocha et al. (2013), a expressão “Segurança Energética”
significa, resumidamente, manter o giro da economia, a acessibilidade da população
aos recursos energéticos, o desenvolvimento e promoção da qualidade de vida. Para
tanto, exige-se o planejamento do setor energético e envolvimento de diversas áreas,
as quais devem se dedicar aos estudos e aprimoramento de novas tecnologias, a fim
de garantir o abastecimento de energia para a população, incluindo a energia elétrica,
considerada uma parcela importante para o desenvolvimento econômico (ROCHA et
al., 2013; TIEPOLO et al., 2012).
Atualmente, o fornecimento global predominante de energia ainda advém
de fontes não-renováveis. A geração a partir de combustíveis fósseis, impacta
negativamente o meio ambiente em grau variado, dependendo do tipo de combustível
– derivados de petróleo, gás natural, carvão mineral – e a quantidade empregada no
processo (URBANETZ, 2010). Além disso, mesmo considerando a produção de
energia já obtida através de fontes renováveis, como hidrelétrica e biomassa, a
necessidade de introduzir recursos complementares na matriz energética mundial
ainda perdura, considerando que podem haver longos períodos de estiagem que
prejudiquem o sistema (MARTINS; GUARNIERI; PEREIRA, 2008).
Tendo em vista que o sol é a fonte primária mais abundante no planeta, o
aproveitamento da irradiação solar para produção de energia elétrica através do efeito
fotovoltaico, está tomando espaço nos estudos atuais (PINHO; GALDINO, 2014). Para
ilustrar a capacidade desta fonte renovável, pode-se dizer que, no ano de 2009, a
quantidade de irradiação solar que atingia o planeta anualmente equivalia a 7.500
vezes o consumo de energia primária da população (VICHI; MANSOR, 2009).
15
Segundo Dávi (2013), a geração de energia elétrica a partir do sol vem
despertando o interesse de investidores devido ao fato de não emitir ruídos, impacto
este observado em complexos eólicos, bem como não gera poluentes em sua
operação, sejam atmosféricos, efluentes líquidos ou resíduos sólidos. Ainda, o
sistema fotovoltaico não exige novas e grandes extensões de área para sua
implantação, podendo ser instalado em coberturas de edifícios e telhados de
residências (REBECHI, 2008). Outros benefícios proporcionados a partir desta fonte
alternativa, são oferecidos a longo prazo com a viabilização do desenvolvimento
econômico de regiões remotas (PEREIRA et al., 2006).
O uso de sistemas fotovoltaicos, principalmente quando conectados à rede
elétrica pública, estão em ascensão no mundo todo pela sua geração de energia limpa
e renovável, de forma distribuída e próxima ao ponto de consumo (TIEPOLO, 2015).
Este sistema possui uma elevada produtividade, onde toda energia gerada é utilizada,
sendo pela própria instalação onde o sistema está implantado, ou pela injeção na rede
pública (URBANETZ, 2010).
Este estudo visa avaliar a aplicabilidade de um Sistema Fotovoltaico
Conectado à Rede (SFVCR), tendo em vista a eficiência para suprir o consumo de
energia elétrica de um empreendimento situado no estado de Mato Grosso, Brasil. A
partir de séries médias temporais de irradiação solar disponibilizadas pelo banco de
dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, foi possível calcular a quantidade de
energia elétrica a ser produzida no local através da implantação de painéis
fotovoltaicos. Ainda que a literatura afirme que a operação de sistemas fotovoltaicos
não causa impactos negativos ao meio ambiente, este é um tema que deve ser
abordado frente às consequências que o globo enfrenta por conta das mudanças
climáticas.
16
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
Dimensionar e avaliar a capacidade de produção de energia elétrica para o
desenvolvimento das atividades de uma granja de aves, localizada no estado do Mato
Grosso, a partir de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede.
1.1.2 Objetivos Específicos
i. Elucidar os impactos negativos ao meio ambiente causados a partir da geração
de energia elétrica provinda de sistemas fotovoltaicos;
ii. Desenvolver cálculos acerca da geração de energia elétrica a partir da
incidência de raios solares em painéis fotovoltaicos;
iii. Dimensionar um sistema de geração de energia que permita futuros estudos
de real implantação;
iv. Verificar o suprimento da demanda energética das atividades de uma granja de
aves a partir de uma fonte renovável de energia.
17
2 JUSTIFICATIVA
O desenvolvimento econômico acarreta em impactos negativos ao meio
ambiente, os quais não são em sua totalidade controlados e mitigados pelos órgãos
públicos. Ainda que a consciência quanto aos cuidados com o meio em que vivemos
seja ascendente, com a incorporação de novas leis ambientais, melhoramento na
gestão de resíduos sólidos e evolução dos processos industriais para minimização da
poluição, existe ainda uma demanda muito grande de medidas e ações a serem
tomadas, tendo em vista findar a degradação do meio ambiente persistente nos dias
de hoje (GOLDEMBERG, 2004).
Visando consolidar um equilíbrio entre os aspectos social, econômico e
ambiental, o conceito de desenvolvimento sustentável vem sofrendo revisões ao longo
dos anos em processo contínuo (PEREIRA et al., 2017). Segundo o autor, um dos
pontos principais para o desenvolvimento sustentável é a inovação e desenvolvimento
de novas tecnologias para geração de energia a partir de recursos naturais, tendo em
vista que a necessidade energética para desenvolvimento da nação é incontestável e
a incorporação de novas tecnologias limpas possibilitam o desenvolvimento com
impactos menores ao meio em que vivemos.
Considerando a correlação estabelecida entre produção e consumo de
energia perante a poluição dos recursos naturais, há necessidade de reduzir a
dependência do uso de fontes não renováveis para geração de energia, a partir do
carvão, principalmente, vem sendo amplamente discutida. Dentre as tecnologias mais
apontadas para diversificação da matriz energética mundial estão a produção eólica
e solar (GOLDEMBERG, 2004; CARVALHO, 2014 apud GIDDENS, 2010).
De acordo com Mariano et al. (2016), as hidrelétricas são responsáveis pelo
suprimento de uma grande parcela da demanda energética na matriz brasileira.
Porém, mesmo sendo uma fonte renovável de geração de energia e possuindo custos
menores quando comparado a geração fotovoltaica, os aspectos ambientais e sociais
envolvidos no processo poderiam inviabilizar esta alternativa, tendo em vista a
degradação da qualidade do ar, redução do volume e qualidade das águas, destruição
de vegetações nativas por alagamento ou desmatamento, extinção de espécies
animais e vegetais e reassentamento de comunidades.
18
Períodos com alteração do regime hídrico interferem na geração de energia
através de fontes hidrelétricas, o que pode ser otimizado e compensado a partir do
aproveitamento do recurso solar, considerando que a energia gerada a partir do Sol é
uma fonte inesgotável e sua taxa de emissão é constante há bilhões de anos. No
Brasil, o potencial de geração fotovoltaica de energia elétrica é elevado, possibilitando
que o local menos ensolarado do país tenha capacidade para gerar mais eletricidade
quando comparado ao local mais ensolarado da Alemanha, por exemplo (PEREIRA
et al., 2017).
O incremento de produção energética a partir de fontes eólica e solar é
imprescindível para minimizar as emissões de dióxido de carbono e mitigar os
impactos das mudanças climáticas, principalmente quando se leva em consideração
que as fontes antropogênicas contribuem com grande parte da poluição do ar durante
o processo de produção e uso da energia (CARVALHO, 2014 apud GIDDENS, 2010).
Entre os motivos que elencam as tecnologias eólica e solar como mais vantajosas,
está a possibilidade de uso residencial e comercial de pequeno porte, já que ambas
necessitam de pouca manutenção e quase nenhuma intervenção durante sua
operação (ALVES, 2008).
Tendo em vista a elevada demanda de energia que a execução das
atividades agroindustriais necessita, a realização deste estudo visa enriquecer as
pesquisas voltadas a tecnologia fotovoltaica, considerando a análise quanto a
efetividade do sistema para fornecer a energia necessária para o desenvolvimento
das atividades de uma granja de aves.
Vide o cenário mundial atual no contexto energético, é de suma importância
o estudo e o incentivo ao uso de fontes renováveis de energia que permitam uma
alternativa e incremento na matriz energética global.
19
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 CONTEXTO ENERGÉTICO MUNDIAL
Antigamente, a necessidade energética do homem se baseava no
aquecimento e preparação de alimentos, sendo suprimida a partir da lenha das
florestas, porém, o consumo foi crescendo e desde então outras fontes se tornaram
necessárias (GOLDEMBERG; LUCON, 2007). O aumento intensivo do consumo de
energia teve seu início marcado após a Revolução Industrial no século XX, onde os
índices apontaram uma demanda energética três vezes maior quando comparado ao
período anterior, decorrente do progresso tecnológico e do desenvolvimento
socioeconômico da população (PEREIRA et al., 2006).
Segundo o estudo intitulado “Aspectos Fundamentais de Planejamento”
elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a energia primária é definida
como aquela na forma direta como é apresentada pela natureza, como por exemplo,
as hidrelétricas, o petróleo, o gás natural, o xisto, o carvão mineral, o minério de
urânio, os resíduos (vegetais e animais), a lenha, a energia eólica e a energia solar
(EPE, 2005). Contudo, as fontes primárias em sua grande maioria são transformadas
em outra forma de energia para então poder ser utilizada. O Quadro 1 indica as fontes
de energia disponíveis e sua classificação.
Entre 1971 e 2014, o consumo de energia a partir de fontes primárias
renováveis e não-renováveis, mais que dobrou, tendo a China como responsável pelo
maior consumo energético mundial durante o ano de 2014, seguida dos Estados
Unidos (IEA, 2016). Porém, quando se trata de acessibilidade à energia elétrica, ainda
existe uma discrepância considerável entre os países indicados como em
desenvolvimento e países já desenvolvidos. Há regiões com precariedade na geração
e, consequentemente, no consumo de eletricidade, como na África, por exemplo, onde
a utilização foi de apenas 3% de toda energia elétrica mundial no ano de 2014,
conforme ilustrado na Figura 1 (REN21, 2017).
20
Fontes Energia Primária Energia Secundária
Não-Renováveis Fósseis
Carvão mineral Termoeletricidade,
calor, combustível para
transporte
Petróleo e derivados
Gás natural
Nuclear Materiais físseis Termoeletricidade, calor
Renováveis
Tradicionais Biomassa primitiva, lenha de
desmatamento Calor
Convencionais Potenciais hidráulicos de médio
e grande porte Hidroeletricidade
Novas
Potenciais hidráulicos de
pequeno porte
Biomassa moderna: lenha
replantada, culturas energéticas
(cana-de-açúcar, óleos
vegetais)
Biocombustíveis (etanol,
biodiesel),
termeletricidade, calor
Outros
Energia solar Calor, eletricidade
fotovoltaica
Geotermal Calor e eletricidade
Eólica
Eletricidade Maremotriz e
das ondas
Quadro 1 - Fontes de energia existentes e suas classificações. Fonte: Adaptado de Goldemberg et al. (2007).
Figura 1 - Nível de acessibilidade à energia elétrica durante o ano de 2014. Fonte: Adaptado de REN21 (2017).
21
A energia é utilizada por diversos setores que giram a economia no mundo,
como os setores de transporte e o industrial, líderes do consumo total há vários anos.
O Gráfico 1, indica a demanda energética do ano de 2014, considerando os setores
industriais, transporte, residencial, comércio, serviços públicos e agricultura (IEA,
2016).
Gráfico 1 - Utilização mundial de energia elétrica em 2014 por setores. Fonte: Adaptado de IEA (2016).
Considerando a fase atual do desenvolvimento mundial, países como
Brasil, Índia, China e Rússia estão partilhando a culpa quanto ao aumento da
demanda energética, que visa sustentar o desenvolvimento econômico mundial, o
qual é inerente ao consumo de energia e à sua disponibilidade (FIORIN et al., 2011).
A oferta de energia, contudo, não está ocorrendo de forma proporcional ao
crescimento da demanda, criando um desafio para os diversos setores, a fim de que
a sociedade seja abastecida energeticamente sem danos ao meio ambiente
(JANNUZZI, 2005).
A produção e consumo de energia ainda seguem os padrões baseados nas
fontes não renováveis, o que põe em risco o suprimento global das próximas gerações
(GOLDEMBERG; LUCON, 2007). Em 2016, países como Canadá, Finlândia, França
e Holanda comprometeram-se em diminuir ou ainda eliminar a geração de energia a
22
partir do carvão, enquanto alguns países insistiram em apresentar planos para
expandir uso do carvão a produção de energia a partir desta fonte (REN21, 2017).
Combustíveis fósseis, como o carvão mineral, gás natural e derivados do
petróleo, continuaram sendo as fontes mais exploradas mundialmente em 2016,
aproximadamente 75,5% do total, contra os 24,5% de fontes renováveis de energia
(REN21, 2017). Os combustíveis fósseis são considerados fontes não renováveis de
energia, tendo em vista que seus processos são irreversíveis, além de emitir poluentes
e colaborar para a intensificação do efeito estufa (GALDINO et al., 2000). Segundo
estudos, o Brasil não possui grandes reservas de combustíveis fósseis de boa
qualidade, avaliando-se que as reservas disponíveis são suficientes para suprir a
necessidade nacional apenas até o ano de 2035 (SANTOS; JABBOUR, 2013).
As evidências dos danos ambientais decorrentes do uso de combustíveis
fósseis durante séculos são incontestáveis, destacando-se a intensificação do
aquecimento global associado a queima destes combustíveis (VICHI; MANSOR,
2009). De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), as mudanças climáticas oferecem riscos graves de saúde para a população,
bem como para os meios de subsistência, que podem ser interrompidos por
tempestades, inundações costeiras devido ao aumento do nível dos oceanos e
períodos de calor extremo, além do risco de perda de ecossistemas e biodiversidade
(IPCC, 2014).
3.2 FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA
O planejamento e inserção de novas fontes renováveis de energia que
impactem minimamente o meio ambiente, é necessário no caminho de evolução para
a sustentabilidade (INATOMI; UDAETA, 2007). Ademais, a problemática relacionada
à escassez de recursos esgotáveis fica diminuída conforme a dependência deste
mercado também diminui, juntamente com a redução de emissões de Gases de Efeito
Estufa (GEEs) e outros poluentes para atmosfera (PEREIRA et al., 2006).
Contudo, a realidade precária nas questões básicas para a população,
principalmente em países em desenvolvimento, como infraestrutura, saúde e
educação, é um dos possíveis motivos relacionados à dificuldade em ajustar os
23
investimentos em novas fontes renováveis de energia em todo mundo (ALENCAR;
URBANETZ, 2016).
A utilização de fontes renováveis surgiu com o emprego de usinas
hidroelétricas em meados dos anos 70 (DÁVI, 2013). No Brasil, apenas 23% do
potencial hidrelétrico é aproveitado, porém, apesar de ser uma fonte renovável, é
gerado um enorme impacto ambiental por conta das grandes áreas alagadas pelos
reservatórios necessários para este tipo de produção (SANTOS; JABBOUR, 2013).
Além do impacto, vale citar a instabilidade climática com longos períodos de estiagem,
o que prejudica a geração constante de energia deste tipo (FIORIN et al., 2011).
Entretanto, a hidrelétrica, dentre as demais fontes de energia renovável, continua
sendo a mais utilizada, conforme ilustra o Gráfico 2, o qual apresenta a estimativa
mundial de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis no ano de 2016
(REN21, 2017).
Gráfico 2 - Geração mundial de energia por fontes renováveis em 2016. Fonte: Adaptado de REN21 (2017).
De acordo com dados disponibilizados pelo Banco de Informações de
Geração (BIG) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Figura 2
apresenta a estimativa de usinas já em operação, em fase de construção e usinas
ainda em planejamento durante o ano de 2017, a fim de evidenciar o crescimento da
parcela referente às usinas solares, sendo que, do total de empreendimentos em
construção para geração de energia, 4,09% pertenciam ao sistema fotovoltaico e,
obras ainda não iniciadas somavam em 16,07% (BIG, 2017).
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Solar Biomassa Eólica Hidrelétrica
24
UTE – Termelétrica PCH – Pequena Central Hidrelétrica
UFV – Fotovoltaica CGH – Centrais Geradoras Hidrelétricas
EOL – Eólica UHE – Usina Hidrelétrica
UTN - Termonuclear
Figura 2 – Porcentagem de usinas em operação, construção e previstas. Fonte: BIG (2017) apud FARIA (2017).
3.3 ENERGIA SOLAR
Tendo em vista que usualmente são necessárias transformações ou
conversões das formas naturais de energia para que possam ser utilizadas, a energia
solar por sua vez apresenta um diferencial: uma das formas de uso da energia solar
é através da arquitetura bioclimática, que projeta a edificação para o melhor
aproveitamento da incidência solar, principalmente para iluminação (EPE, 2005;
SANTOS, 2013).
25
O Sol, fonte infinita de energia para a Terra, é responsável pela origem de
praticamente todas as outras fontes, pois, segundo Pinho et al. (2014), é a partir da
energia do Sol que ocorre a evaporação, dando origem ao ciclo das águas, a
circulação atmosférica, e também aos combustíveis fósseis como petróleo, carvão e
gás natural, que foram gerados a partir dos resíduos de animais e plantas.
Além da importância científica atribuída a radiação solar pelo seu controle
no balanço térmico da atmosfera, nos processos de circulação das massas de ar,
oceanos, fenômenos meteorológicos e comportamento climático global, o
conhecimento acerca nos níveis de radiação é um requisito essencial para seu
aproveitamento na indústria, agricultura e outros setores socioeconômicos (GAMBI et
al., 1998).
Segundo Fiorin et al. (2011), o espalhamento da radiação que ocorre no
espaço é um processo físico, no qual um material particulado ou uma molécula de gás
remove continuamente a energia da onda incidente no percurso da onda
eletromagnética em todos os comprimentos de onda, e dispersa a energia em todas
as direções. Um dos efeitos do espalhamento que se tem como exemplo, é o caso do
espalhamento da luz visível por gases atmosféricos, que ocorre por partículas de
dimensões muito menores do que o comprimento de onda da radiação, características
do espalhamento chamado de Rayleigh, o qual é responsável pela coloração azul do
céu (FIORIN et al., 2011).
A irradiação anual que atinge a superfície terrestre nas formas térmica e
luminosa é suficiente para atender milhares de vezes o consumo no mesmo período
em todo o globo, porém, a radiação não atinge de maneira uniforme toda a crosta,
dependendo de fatores como latitude, estação do ano, nebulosidade e umidade
relativa do ar (SIQUEIRA, 2013). A inclinação da Terra faz com que o sol incida de
forma distinta cada local do globo, sendo melhor a captação de irradiação quanto mais
próximo o ponto de interesse estiver da Linha do Equador, pois é o local com a menor
variação de irradiação solar e maior período de incidência (GREENPRO, 2004).
26
3.3.1 Energia Solar Fotovoltaica
Dentre as vantagens da energia advinda do sol estão sua abundância e
formas de uso, a qual permite a utilização a partir da captação através de sistemas
fotovoltaicos (SIQUEIRA, 2013).
A energia solar fotovoltaica é a energia obtida através da conversão direta
da luz em eletricidade, fenômeno esse denominado de efeito fotovoltaico, o qual foi
descoberto pelo físico francês Edmond Becquerel em 1839, no momento em que uma
célula eletroquímica submetida à radiação apresentou diferença de potencial em seus
terminais, que conectados por um fio condutor resultaram em circulação de corrente
elétrica contínua (PINHO; GALDINO, 2014).
Na configuração de um sistema fotovoltaico, a célula fotovoltaica é o menor
dispositivo existente, fabricada com um material semicondutor responsável pelo
processo de conversão (PINHO; GALDINO, 2014). Dentro da célula, a energia da luz
que é absorvida é transferida a seus átomos e elétrons, e, a partir de então, os elétrons
desprendem-se dos átomos do material semicondutor, gerando assim um fluxo
elétrico ordenado, conhecido como corrente elétrica (GHENSEV, 2006). De acordo
com Santos (2013), a luz absorvida pelas células é a radiação eletromagnética
produzida pelo Sol que chega até a superfície terrestre.
Os materiais semicondutores mais comumente encontrados na
constituição de células fotovoltaicas são: silício (Si), silício cristalino (c-Si), silício
multicristalino (m-Si), silício microcristalino (μ-Si) e silício amorfo (a-Si); telúrio (Te);
cádmio (Cd); cobre (Cu); índio (I); gálio (Ga); selênio (Se) (RÜTHER, 2004), sendo a
célula de silício cristalina a mais comum, com cerca de 95% de todas as células
solares existentes no mundo (SANTOS; JABBOUR, 2013).
O processo de cristalização do silício multicristalino possui custo inferior,
assim como a qualidade final do material, porém, considerando o custo elevado do
silício monocristalino e o aumento na demanda, tem-se o silício multicristalino como a
melhor opção (WEHR; ZANESCO; MOEHLECKE, 2012). O custo e eficiência do
material são fatores importantes para elencar qual o melhor painel para determinado
projeto, porém, o local e o tipo da estrutura onde os painéis serão fixados também
devem ser observados (TONIN, 2017). Se a intenção é utilizar uma pequena área com
o intuito de gerar o máximo de energia, deve-se optar pela tecnologia mais eficiente,
27
porém, se o fator limitante não é a área e sim custo, deve-se optar pela ocupação de
uma área maior com uma tecnologia menos eficiente, tendo em vista que o custo de
um sistema fotovoltaico está mais diretamente relacionado à potência instalada do
que à eficiência da tecnologia (ZOMER, 2014).
A fim de disponibilizar potências mais elevadas, as células são associadas
eletricamente formando um módulo fotovoltaico, os quais podem ser associados por
meio de ligações em série, paralelo ou mistas, formando os painéis fotovoltaicos
(PINHO; GALDINO, 2014), conforme ilustra a Figura 3.
Figura 3 - Hierarquia de um painel fotovoltaico. Fonte: GEOPOWER (2018).
A quantidade de energia produzida por uma unidade fotovoltaica é
diretamente proporcional à radiação disponível, assim, quanto maior a disponibilidade
dos recursos solares, maior será a capacidade de geração do sistema. Portanto, a
instalação dos painéis deve considerar a direção dos raios solares, ou seja, o
posicionamento em relação ao azimute1 e à inclinação vertical (BROGREN; GREEN,
2003 apud SANTOS, 2013). Para uma localidade do hemisfério sul, a orientação ideal
dos módulos fotovoltaicos para maximizar a geração de eletricidade deve ser
direcionada para o Norte, com ângulo de inclinação próximo ao da latitude local
(ALVES, 2008).
1 Azimute representa a direção, medida em graus, em que o sol se encontra frente ao seu observador. O ângulo de referência é normalmente atribuído ao sul, seguindo a direção dos ponteiros do relógio para os demais ângulos (ALVES, 2008).
28
Tendo em vista que a produtividade das unidades fotovoltaicas depende da
incidência de raios rolares na superfície dos módulos, a ocorrência de sombras por
conta de edifícios, árvores ou sujeira, pode ocasionar danos às células fotovoltaicas,
além de diminuir a geração de energia por conta da redução da eficiência. A
manutenção do sistema com relação a sua limpeza depende do ângulo de inclinação
dos painéis, sendo que quanto menor for o ângulo, mais efetiva deverá ser a limpeza
sob a superfície do painel (ALVES, 2008).
Segundo Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a Norma
Brasileira NBR 11704:2008 define os termos para equipamentos e classifica os
sistemas fotovoltaicos quanto à interligação com o sistema público e quanto à
configuração, conforme apresentado no Quadro 2 (ABNT, 2008):
CLA
SS
IFIC
AÇ
ÃO
Quanto à
interligação
Sistemas isolados
São aqueles que não possuem qualquer
conexão com o sistema público de
fornecimento de energia elétrica
Sistemas conectados à
rede elétrica
São aqueles efetivamente conectados ao
sistema público de fornecimento de
energia elétrica
Quanto à
configuração
Sistemas puros
São aqueles que utilizam gerador
fotovoltaico como único gerador de
energia elétrica
Sistemas híbridos
São aqueles que resultam da associação
do gerador fotovoltaico com outros tipos
de geradores de energia elétrica
Quadro 2 - Classificação de sistemas fotovoltaicos conforme NBR 11.704:2008. Fonte: Adaptado de ABNT (2008).
Visando equalizar a nomenclatura sobre o tema energia solar, a ABNT
elaborou a NBR 10899:2006 com o seguinte título: Terminologia sobre Energia Solar
Fotovoltaica, a qual define os principais termos técnicos, grandezas, simbologia e
unidades padronizadas (ABNT, 2006). Os termos mais importantes para compreensão
desta pesquisa e suas definições são:
i. Radiação solar: forma de transferência de energia advinda do Sol,
através da propagação de ondas eletromagnéticas ou fótons;
ii. Irradiância solar (G): taxa na qual a radiação solar incide em uma
superfície, por unidade de área desta superfície, normalmente medida em W/m²;
29
iii. Irradiação solar (I) ou (H): irradiância solar integrada durante um
intervalo de tempo especificado, normalmente uma hora ou um dia, medida em Wh/m²
ou J/m², sendo simbolizada por “I” quando integrada no tempo de uma hora, ou por
“H” quando integrado no tempo de um dia.
3.3.1.1 Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
Os Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede (SFVCR) são
caracterizados por estarem interligados ao sistema público de fornecimento de
energia elétrica, não possuindo em sua estrutura elementos para armazenar a energia
elétrica, como ocorre nos Sistemas Fotovoltaicos Isolados (SFVI), já que a rede
concessionária acaba fazendo o papel de uma bateria - durante o dia o sistema
fornece energia para rede e durante a noite há o consumo da energia da rede elétrica
pública (TONIN, 2017). A Figura 4 apresenta a configuração de um SFVCR.
Figura 4 - Esquema de um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede. Fonte: Gerasol (2017).
No sistema, o painel fotovoltaico tem a finalidade de captar a irradiação
solar e, a partir da atividade das células fotovoltaicas, converter a radiação em
corrente elétrica contínua (CC), a qual é posteriormente transformada em corrente
alternada (CA) pelo inversor para ser injetada na rede pública de distribuição (FARIA,
2017). Os inversores utilizados em sistemas conectados à rede devem ser
bidirecionais, ou seja, devem permitir a passagem de corrente elétrica nos dois
30
sentidos, tendo em vista que caso a energia gerada não seja suficiente para alimentar
as cargas, o restante deverá ser fornecido pela rede. Já o medidor de energia é
responsável por contabilizar o fluxo de energia que é injetada na rede, bem como a
que é consumida (FARIA, 2017).
O SFVCR pode ser classificado de duas formas: centralizado ou
descentralizado (RÜTHER, 2004). A instalação centralizada exige uma grande área
disponível, por conta do elevado número de módulos a serem instalados no mesmo
local para gerar uma grande quantidade de energia para distribuição até os pontos de
consumo, enquanto a instalação descentralizada gera uma quantidade menor de
energia para consumo diretamente no ponto de geração e são mais compactas (IEA,
1995).
Os custos referentes a instalação dos sistemas conectados à rede têm
caído nos últimos anos, sendo um dos motivos o aumento da produção, resultado de
programas de incentivo desenvolvidos por diversos países, como na Alemanha, com
o modelo tarifa-prêmio (VIANA et al., 2010). Segundo Urbanetz (2010), a possibilidade
de gerar energia elétrica a partir de módulos fotovoltaicos em edificações pode
contribuir com a redução dos problemas relacionados à transmissão e distribuição da
energia elétrica. Uma vez que os custos baixem a níveis competitivos em relação às
fontes convencionais, a geração fotovoltaica deverá penetrar mais no mercado
urbano. Para um SFVCR, aproximadamente 60% corresponde à aquisição de
módulos fotovoltaicos e os 40% restantes referem-se à preparação e instalação da
estrutura, inversores, transformadores e outros componentes necessários (HEARPS;
MCCONNELL, 2011).
Segundo Alves (2008), a manutenção de uma usina fotovoltaica é
necessária em média a cada seis meses e é relativamente baixa, se restringindo a
limpeza dos painéis e realização de testes com recolha de dados técnicos. Caso o
sistema conte com automatização para alterar a inclinação dos painéis conforme o
caminho percorrido pelo sol, a manutenção acaba absorvendo alguns detalhes a mais.
31
3.3.1.2 Vantagens e Desvantagens
Como qualquer outra tecnologia, os sistemas fotovoltaicos apresentam
pontos positivos e pontos negativos, sejam econômicos, ambientais ou operacionais.
As principais vantagens do sistema fotovoltaico elencadas por Urbanetz (2010) são a
elevada produtividade, considerando que toda energia produzida é utilizada; baixo
impacto ambiental, pois produzem energia através de uma fonte renovável e de
maneira silenciosa; podem ser implantados em meios urbanos, nos condomínios,
residências, indústrias e comércio, a fim de atender a demanda local sem necessitar
de uma área adicional; possibilidade de diminuição nas perdas de energia elétrica
durante a distribuição; e, a ausência de elementos armazenadores, quando
comparados os sistemas conectados à rede perante os isolados.
Ainda, o sistema fotovoltaico tem durabilidade de ao menos 25 anos, sendo
o tempo de garantia oferecido pela maioria dos fabricantes, possuem custo reduzido
de manutenção, possibilidade de aumento da potência instalada sem grandes
dificuldades, são considerados uma tecnologia segura e a produtividade não é afetada
com alterações de altitude. Contudo, como desvantagens o sistema apresenta
elevado custo de investimento inicial, sua eficiência depende das condições climáticas
e uma boa incidência de irradiação solar, e, para sistemas fotovoltaicos isolados, é
necessário o uso de baterias, o que eleva os custos e a complexidade do processo
(SOLAR ENERGY INTERNATIONAL, 2004).
Segundo Verhoeven (2002), a probabilidade de ocorrer o fenômeno
denominado Ilhamento - quando parte da rede elétrica é desconectada do restante da
concessionária e o sistema conectado continua a ser energizado - é praticamente
zero, devido ao fato do inversor desligar automaticamente assim que identificada
ausência de energia na rede (IEA, 2002).
Ademais, quando comparado com outras formas de energia, como as
hidrelétricas, os sistemas fotovoltaicos apresentam um curto período de implantação
(ALENCAR; URBANETZ, 2016).
32
3.4 MERCADO FOTOVOLTAICO
3.4.1 O Mercado Fotovoltaico Mundial
Em 2016, o mercado anual teve a adição de pelo menos 75GW na
capacidade total da energia solar fotovoltaica do globo, o equivalente a mais de 31 mil
painéis solares instalados por hora, aumentando a capacidade total global para pelo
menos 303GW. As adições são em sua maioria, resultado dos cinco principais países,
liderados pela China, porém, os países emergentes em todo o globo também estão
colaborando para o crescimento mundial, pois enxergam a produção solar como uma
fonte econômica para aumentar a geração de energia e auxiliar no acesso a
eletricidade (REN21, 2017). O Gráfico 3 apresenta a evolução da capacidade solar
instalada entre os dez países com as maiores adições no ano de 2016.
Gráfico 3 - Maiores adições na capacidade fotovoltaica em 2016. Fonte: Adaptado de REN21 (2017).
Em 2016, a China liderou as produções globais de módulos pelo oitavo ano
consecutivo, somando 65% dos 90% total da Ásia, enquanto a produção da Europa
caiu para cerca de 5% e os EUA mantiveram seus 2% perante o ano anterior.
Ademais, o aumento da capacidade total a partir de sistemas fotovoltaicos foi
aumentado em 45% na China, com adição de 34,5GW, chegando a 77,4GW no total,
33
aumento este, muito superior a de qualquer outro país, mesmo com uma
desaceleração no crescimento da demanda de eletricidade local (REN21, 2017).
Ainda segundo o documento, desde o ano de 2006, a China vem investindo para o
desenvolvimento de diversas fontes renováveis de energia, dentre elas a solar, porém,
é possível verificar a partir do Gráfico 4 que o investimento com histórico de quase 10
anos em ascensão, teve uma queda de 30% no ano de 2016 pela China,
acompanhado da queda do investimento mundial somados em 23%.
Gráfico 4 - Investimento global em energia renovável. Fonte: Adaptado de REN21 (2017).
O custo do capital acima da média para produção de energia através de
sistemas fotovoltaicos dificulta a competitividade da tecnologia diante das outras
alternativas já utilizadas (SALAMONI, 2004). No entanto, ainda que os preços
permaneçam elevados frente às outras fontes, o cenário está mudando
favoravelmente devido ao aperfeiçoamento dos processos e aumento da capacidade
de fabricação, fazendo com que os preços dos módulos caíssem cerca de 29% entre
o final do ano de 2015 e 2016 (REN21, 2017).
De acordo com Souza et al. (2017), os sistemas fotovoltaicos podem gerar
lucros elevados futuramente de acordo com o investimento realizado na fase de
implantação. A competitividade econômica gira em torno da disponibilidade de
energia, bem como sobre a oferta de uma infraestrutura adequada, recursos para
financiamento e capital humano. Os preços cobrados pela energia fornecida são
34
fundamentais para definição da competitividade, e, tendo em vista que hoje os preços
das fontes alternativas de energia são baseados no preço do petróleo, o futuro do
setor energético brasileiro poderá seguir caminhos distintos dependendo do rumo que
esta definição tomar (TOLMASQUIM, 2016).
3.4.2 Energia Solar Fotovoltaica no Brasil
O aumento na demanda por eletricidade e a necessidade de redução das
emissões de Dióxido de Carbono (CO2), fazem com que em muitos mercados
emergentes o sistema fotovoltaico seja considerado uma fonte competitiva de
aumento da produção de energia elétrica e de acesso à energia (REN21, 2017). No
cenário brasileiro, a energia solar vem ganhando espaço principalmente como fonte
complementar na geração de energia elétrica, com a diminuição de perdas entre o
ponto de geração de energia e o consumidor final, tendo em vista que pode ser
instalada próximo ao ponto de consumo principalmente em regiões urbanas
(TIEPOLO, 2015).
De acordo com Tiepolo (2015), a irradiação solar é uma forma de energia
limpa e silenciosa que está disponível em todo o planeta, com maior ou menor
intensidade. O Brasil possui uma condição extremamente favorável, apresentando
valores de irradiação elevados mesmo em estados pertencentes à região Sul, sendo
considerado um país com muitas oportunidades para o mercado de empreendimentos
de fonte solar, além de outras fontes renováveis de energia como a eólica (SICA et
al., 2008).
No Brasil, o primeiro passo para a promoção do uso de fonte solar foi dado
em 2011 pela ANEEL, a partir da publicação de um projeto que possibilitava a
proposição de arranjos técnicos e comerciais para projetos de geração de energia
elétrica através de sistemas fotovoltaicos (TIEPOLO, 2015). Já no mês de abril do ano
seguinte, 2012, a ANEEL publicou a Resolução Normativa nº 481/2012, a qual
estabelece desconto nas tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de
distribuição, incidindo na produção e no consumo da energia comercializada, aos
empreendimentos de geração solar nos dez primeiros anos de operação; e a
Resolução Normativa nº 482/2012, que visa estabelecer as condições gerais para o
35
acesso de micro geração e mini geração distribuída aos sistemas de distribuição de
energia elétrica, por meio do modelo de compensação de energia, permitindo aos
consumidores realizar a troca por créditos e kWh pelo excedente de energia gerado
(ANEEL, 2012; TONIN, 2017).
A facilidade para a produção de sua própria energia a partir de fontes
renováveis veio através da Resolução Normativa nº 687/2015 da ANEEL, a qual
alterou a resolução anterior, a nº 482/2012. Os principais pontos de mudança foram a
ampliação da potência máxima para 5MW; ampliação da duração dos créditos de
energia para 60 meses; possibilidade de compensação de créditos de energia entre
matrizes e filiais de grupos empresariais e redução dos prazos de tramitação dos
pedidos junto às distribuidoras (ANEEL, 2015).
O fomento e o incentivo ao aumento contínuo da geração fotovoltaica, tanto
de forma distribuída ou centralizada, depende fortemente de políticas públicas que
tenham como objetivo o desenvolvimento do setor fotovoltaico. Estas projeções
dependem de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e na capacitação
de mão-de-obra para que assim, se permita uma contribuição para o desenvolvimento
sócio econômico a partir da geração de empregos tanto nos locais das instalações
como em toda a cadeia produtiva, promovendo a circulação de capital por meio da
arrecadação de impostos, do desenvolvimento comercial da região, do estímulo da
produção industrial, dentre outros (TOLMASQUIM, 2016). Os investimentos ocorridos
para a implantação de sistemas fotovoltaicos ficam, em sua maioria, restritos às
universidades e centros de pesquisa com o objetivo de estudar os benefícios e a
viabilidade dessa tecnologia (URBANETZ, 2010).
A diversificação da matriz energética brasileira diminui as chances de crise
no setor. A geração de energia pode ser feita por recursos naturais em abundância
como, por exemplo, vento, biomassa e sol, tecnologias que atualmente estão sendo
cada vez mais pesquisadas e implantadas em projetos de pequeno e médio porte
(JARDIM, 2007).
36
3.5 IMPACTOS AMBIENTAIS
Segundo Goldemberg et al. (2012), vários estudos afirmam que os
sistemas fotovoltaicos não geram nenhum tipo de efluente líquido, sólido ou gasoso
durante sua operação, além de não emitirem ruídos no processo de geração de
energia elétrica. Os impactos causados ao meio biótico - fauna e flora; abiótico - ar,
água, solo, clima; e socioeconômicos, são mínimos quando comparados às
tecnologias tradicionais de geração de energia, principalmente quando são
consideradas as que utilizam derivados de petróleo como matéria prima (CAÑELLAS
et al., 2008 apud PASQUALINO et al., 2015).
A avaliação a partir de estudos mais aprofundados quanto aos reais
impactos intrínsecos ao sistema fotovoltaico, como questões sociais, emissão de
poluentes durante o processo de fabricação dos módulos, e modificações necessárias
no meio ambiente visando a transformação do recurso energético, por exemplo, é de
extrema importância para verificar efetivamente qual o real benefício da fonte solar, e,
ainda, estabelecer medidas mitigadoras para os possíveis impactos observados
(GOLDEMBERG; PALETTA, 2012).
Para definição acerca dos impactos causados ao meio ambiente,
sociedade e economia, devem ser considerados os impactos diretos e indiretos
causados durante as fases de prospecção e planejamento, implantação, operação e
desmobilização, de acordo com um cenário inicial a ser definido previamente a
qualquer atividade no local, abrangendo a descrição de todos os aspectos a serem
considerados, fatores bióticos, abióticos e socioeconômicos (PASQUALINO;
CABRERA; CHAMORRO, 2015).
De acordo com Goldemberg et al. (2012), no que diz respeito aos sistemas
fotovoltaicos, sua operação para produção de energia elétrica não gera efluentes
sólidos, líquidos ou gasosos, bem como não emitem ruídos. Porém, há carência de
estudos mais detalhados com relação a emissão de poluentes e gastos energéticos
durante o processo de fabricação dos módulos fotovoltaicos, ou seja, estudo do ciclo
de vida dos componentes do sistema (GOLDEMBERG; PALETTA, 2012). A análise
do ciclo de vida de uma usina fotovoltaica, inclui a fabricação dos componentes do
sistema, dependendo, portanto, da configuração a ser utilizada, se será conectada à
37
rede ou isolada com a utilização de baterias (PASQUALINO; CABRERA;
CHAMORRO, 2015).
Na década de 90 foi desenvolvido o Método Conesa por Vicente Conesa
Fernandez-Vitora, publicado a partir do livro Guia Metodologica Para La Evaluacion
Del Impacto Ambiental, o qual apresenta uma matriz de relação causa e efeito que
visa levantar quais os impactos associados à determinada atividade (COTESA apud
PASQUALINO et al., 2015). A partir desta metodologia, foi realizado um estudo na
região do Caribe que descreve e relaciona as etapas necessárias para a construção
de usinas eólicas e solar, com as ações suscetíveis a causar impactos aos meios
biótico, abiótico e socioeconômico, segregando as ações de acordo com a fase do
projeto (PASQUALINO; CABRERA; CHAMORRO, 2015):
i. Construção:
a. Transporte de máquinas e equipamentos;
b. Implantação de vias de acesso;
c. Supressão vegetal e regularização do terreno;
d. Construção de instalações de apoio temporárias;
e. Fabricação dos equipamentos e estruturas;
f. Implantação e montagem do sistema;
g. Testes operacionais;
h. Desmobilização de estruturas provisórias;
i. Treinamento de pessoal;
j. Gestão de resíduos sólidos.
ii. Operação:
a. Geração de energia;
b. Manutenções preventivas e corretivas;
c. Gestão de resíduos sólidos.
iii. Desmobilização:
a. Remoção do sistema;
b. Desativação e remoção de edifícios;
c. Gestão de resíduos sólidos;
d. Recuperação de áreas degradadas.
Como conclusão deste estudo, tem-se que os impactos negativos mais
significativos observados na matriz de relação causa e efeito foram identificados na
etapa de construção dos componentes, por conta das emissões de gases e partículas,
38
consumo de recursos naturais, geração de resíduos sólidos e mudanças permanentes
no meio (PASQUALINO; CABRERA; CHAMORRO, 2015). Ainda, com relação ao
consumo de recursos naturais, estima-se que para a geração de 1kWh de energia
elétrica a partir de usinas fotovoltaicas, são consumidos aproximadamente 9,35 litros
de água, dos quais em média 95% são utilizados para fabricação das células de silício
dos módulos fotovoltaicos (CAÑELLAS et al., 2008 apud PASQUALINO et al., 2015).
Segundo Goldemberg et al. (2012), a possibilidade de reaproveitamento
dos módulos ao final de sua vida útil, é outro ponto essencial a ser abordado acerca
do tema fotovoltaico, tendo em vista que a reciclagem do material já possui
procedimento técnico economicamente viável para ser utilizado nas indústrias do
ramo.
Acerca do licenciamento ambiental brasileiro para implantação de usinas
fotovoltaicas de geração distribuída, ou seja, consumo de energia elétrica próximo a
fonte, há um confronto de interesses reconhecido pela ANEEL, tendo em vista a
necessidade de dirimir os aspectos ambientais envolvidos a partir de ações do Estado,
visando estimular os investimentos em projetos mais sustentáveis; perante a
necessidade de um efetivo controle de avaliação dos aspectos socioambientais
compreendidos na implantação de sistemas fotovoltaicos (PIRES; FERNANDÉZ;
BUENO, 2006).
Contudo, de acordo com Carrasco et al. (2006), o desenvolvimento
sustentável só será possível através do investimento em tecnologias para
aproveitamento de fontes renováveis de energia, pois são as que impactam
minimamente o meio em que vivemos, sendo possível o incremento da energia gerada
por hidrelétricas a partir de sistemas fotovoltaicos.
3.5.1 Gases de Efeito Estufa - GEE
Dentre os países com maior consumo de energia e, consequentemente
com maior emissão de GEEs em nível mundial, se encontram os Estados Unidos da
América (EUA), os quais são altamente dependentes da tecnologia de geração
elétrica a partir do carvão (CYRANOSKI, 2010). Em 1997, foi desenvolvido um projeto
nos EUA para promover a diversificação da matriz energética local, bem como a
39
redução do uso de combustíveis fósseis, envolvendo também a diminuição da
importação dos mesmos e redução da emissão de gases de efeito estufa, promovendo
a geração de emprego e renda em um setor da indústria que tende a impulsionar o
desenvolvimento social (LORA; HADDAD, 2006).
Durante muitos anos a atividade desenvolvida no Brasil que colaborava
com a maior parcela de emissão de dióxido de carbono para a atmosfera, se referia
ao desmatamento e queimadas na Floresta Amazônica (LOAIRE; ASNER; FIELD,
2009). Contudo, entre os anos de 2013 e 2015, o setor de energia apresentou um
aumento considerável de emissões de GEEs, tendo em vista que a contribuição mais
que dobrou em um período de 20 anos, passando de 220,8 milhões de toneladas de
CO2 equivalente na década de 90, para 449,3 milhões de tCO2eq no ano de 2013,
ultrapassando médias ligadas ao setor agropecuário com a modificação do uso do
solo (AZEVEDO; NASCIMENTO; SCHRAM, 2017).
Dentre as obrigações dos países signatários da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima, está a elaboração do Inventário Nacional
de Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouro de Gases de Efeito
Estufa Não Controlados pelo Protocolo de Montreal, documento este que visa
contabilizar as emissões de CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs, SF6, além dos GEE
indiretos, como NOx e CO, para os setores Tratamento de Resíduos, Agropecuária,
Uso da Terra, Mudança do Uso da Terra e Floresta, Energia e Processos Industriais
(MCTIC, 2018).
No Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC), possui um sistema computacional chamado Sistema de Registro Nacional
de Emissões (SIRENE), o qual disponibiliza os dados do Inventário Nacional
brasileiro, utilizando como metodologia de cálculo das emissões os documentos
elaborados pelo Painel Intergovernamental de Mudança Climática (Intergovernmental
Panel on Climate Change – IPCC). O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações divulga um fator médio de emissão de dióxido de carbono, o qual
estima a média de emissões levando em conta todas as usinas existentes no Sistema
Interligado Nacional (SIN), o que permite calcular e analisar a quantidade de gases
estimada evitada (MTCIC, 2018).
40
4 METODOLOGIA
4.1 ÁREA DE ESTUDO
O estado do Mato Grosso está localizado na região centro-oeste do país,
possuindo parte da Amazônia Legal em sua porção norte. Sua área total é de
903.357km², dentre seus 141 municípios apresenta Cuiabá como capital, e a
população total no estado no ano de 2016 foi estimada em 3,306 milhões de
habitantes (IBGE, 2017). A região possui extensas planícies e amplos planaltos com
clima característico Equatorial e Tropical (IBGE, 2002).
O município onde localiza-se a área objeto deste estudo é denominado
Sorriso, (Figura 5), nascido na época da expansão brasileira em direção à Amazônia
no final da década de 70 (AMARAL; CARIGNANI, 2010). Em 2016, o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levantou que o município possuía uma
área territorial de 9.329,604km² e população estimada de 82.792 habitantes (IBGE,
2017).
Figura 5 - Localização do local de estudo no mapa do território brasileiro. Fonte: Autoria própria.
41
Há uma microrregião geográfica localizada no médio norte do estado
denominada Microrregião Geográfica Alto Teles Pires, a qual é formada por sete
municípios, incluindo Sorriso, onde destaca-se a produção agropecuária,
principalmente o cultivo da soja; milho e algodão são produzidos em menor escala.
Outra atividade econômica local é a criação de aves e abatedouros de peixes e suínos
(SILVA, 2010).
A avaliação quanto ao uso da energia solar para suprimento energético foi
aplicada em uma fazenda, denominada Fazenda Tenfen (Figura 6), com cultivo de
grãos - soja e milho - e que tem como atividade principal a criação de aves para corte,
desenvolvida desde o ano de 2010. A fazenda possui área total de 90 hectares e, para
execução de suas atividades, conta com oito galpões de 2.070m² cada, uma sede de
escritório, um almoxarifado e quatro residências.
Figura 6 - Imagem aérea do empreendimento objeto desta pesquisa. Fonte: Acervo particular.
A produção anual de aves se subdivide em lotes de crescimento e
intervalos de higienização. A partir da chegada do lote, contam-se em média 42 dias
para crescimento e engorda dos animais, e, após sua saída, os galpões são
higienizados e preparados para o recebimento do próximo lote, tal preparação dura
em torno de 18 dias, totalizando um período de 60 dias por lote. Assim, em um ano
42
regular, a Fazenda produz uma média de seis lotes, cada um contabilizando 220 mil
aves, com taxa de mortalidade de 4%.
A utilização de eletricidade se dá principalmente para refrigeração dos
aviários, mantendo a temperatura na faixa entre 30°C e 32°C, dependendo da fase de
vida do animal. Ainda, a energia é utilizada para distribuição de ração nos
comedouros, funcionamento da bomba de captação de água do poço artesiano e uso
nas residências e escritório.
Há relatos do proprietário acerca de diversas quedas de energia na região,
o que implica em consequências negativas para sua atividade. Visando sanar a
problemática apontada, o empreendimento conta com dois conjuntos de geradores de
75 kVA cada um.
Para instalação dos módulos fotovoltaicos do SFVCR, serão considerados
os telhados dos barracões, área principal de interesse, onde será avaliada a definição
quanto a disposição do sistema, considerando apenas um único galpão ou subdivisão
entre os demais, visando não comprometer as estruturas e estética da construção.
Tendo em vista que o local de estudo se encontra em área de vegetação
rasteira, apenas com árvores de médio porte ao redor das residências e escritório,
nesta pesquisa não será realizado o detalhamento quanto ao sombreamento e
verificação das perdas no sistema por este fator.
4.2 COLETA DE DADOS
Os principais fatores que envolvem o dimensionamento de um sistema
fotovoltaico são: orientação dos módulos, disponibilidade de área e disponibilidade do
recurso solar, e demanda a ser atendida (PINHO; GALDINO, 2014). Assim, o
desenvolvimento deste estudo contará com o levantamento de informações e coleta
de dados para atendimento aos itens citados, visando obter êxito e veracidade nos
resultados alcançados.
43
4.2.1 Consumo de Energia
O consumo energético na unidade kWh é disponibilizado nas faturas de
energia emitidas pela concessionária local. No caso do município Sorriso no Mato
Grosso, a responsável pela distribuição de energia elétrica é a Energisa Mato Grosso,
uma das empresas distribuidoras do Grupo Energisa. O Grupo, fundado no ano de
1907, é uma holding de capital aberto composta por empresas de distribuição – as
quais atendem cerca de 16 milhões de pessoas –, comercialização e outros serviços
(ENERGISA, 2018).
A Figura 7, é um exemplo da fatura gerada pela empresa Energisa para o
empreendimento foco deste estudo, competente ao mês de dezembro de 2017,
apresentando alguns dos dados que podem ser obtidos a partir da análise do
documento, entre eles o consumo em kWh.
Figura 7 - Fatura de energia elétrica emitida pela Energisa Mato Grosso. Fonte: Energisa (2018).
44
Para o desenvolvimento dos cálculos que compõe o dimensionamento do
SFVCR, serão utilizados basicamente dois dados, sendo eles o Consumo em kWh –
Ponta e o Consumo em kWh – Fora Ponta. Os valores descritos subdividem-se de
acordo com os horários de maior e menor consumo de energia elétrica definidos pela
concessionaria local, sendo o de maior consumo chamado de Horário Ponta, fixado
entre às 18h e 21h, possuindo o valor do kWh mais elevado, e o Horário Fora Ponta,
aquele de menor consumo na região. A seção 4.3.1 adiante irá discutir acerca dos
cenários adotados neste estudo considerando o consumo durante os dois horários.
4.2.2 Irradiação Solar
O banco de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, fornece séries
médias temporais de radiação solar, calculadas a partir de medições geradas por
várias estações meteorológicas instaladas por todo país. Dentre os principais produtos
do documento, estão os mapas de irradiação solar de alta resolução, séries temporais
horárias e a construção de diferentes cenários para o aproveitamento da energia solar
(PEREIRA et al., 2006).
A partir dos dados disponibilizados pelo Atlas Brasileiro, é possível
identificar os valores de irradiação incidentes nas coordenadas geográficas de
interesse, em kWh/m².dia. Tais dados são estimativas da irradiação nos planos global
horizontal, o qual se refere à energia solar recebida por uma superfície posicionada
horizontalmente no solo, e incidente sobre um plano inclinado, quando a superfície
que recebe a energia solar está posicionada com inclinação igual à da latitude local
(PEREIRA et al., 2017). Segundo Pereira et al. (2006), a máxima captação da energia
solar por um sistema fotovoltaico se dá no último caso, quando há equivalência entre
os valores de latitude e inclinação do plano de captação.
Em 2017 foi publicada a segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia
Solar, onde foram compilados 17 anos de dados de satélite armazenados entre os
anos de 1999 e 2017, com avanços na modelagem matemática e diminuição das
incertezas de estimativas da irradiância solar, o que permitiu a melhora na
confiabilidade dos dados. A primeira edição do documento contava com os dez
primeiros anos de dados coletados em âmbito nacional (PEREIRA et al., 2017).
45
A Figura 8 apresenta um dos mapas publicados por Pereira et al. (2017), o
qual retrata em escala de cores a média anual de irradiação solar em Wh/m².dia,
estimada a para o plano inclinado no Brasil, variando entre 3.500 Wh/m².dia na região
sudeste e 6.250 Wh/m².dia na porção nordeste.
Figura 8 - Média anual brasileira de irradiação solar em Wh/m².dia. Fonte: Pereira et al. (2017).
46
Para avaliar o desempenho de projetos solares, são considerados os
valores de irradiação dos dias típicos. Segundo Siqueira et al. (2005), um dia típico é
caracterizado de acordo com sua frequência de ocorrência no mês ou estação do ano
em questão, o que representa as condições mais significativas ao longo do período.
A condição do céu e variação dos dias e meses influenciam na irradiação solar que
atinge a superfície, o que justifica a alteração da irradiação ao longo do ano no mesmo
ponto de coordenada, bem como diferencia o valor obtido para os planos global
horizontal e plano inclinado (PEREIRA et al., 2017; SORGATO; MELO; LAMBERTS,
2014). O Gráfico 5 apresenta a variação dos dias típicos definidos pelo Atlas Brasileiro
de Energia Solar em suas duas edições para cada mês do ano, onde é possível
verificar a diferença entre os dados obtidos e a variação da irradiação solar para a
mesma época do ano.
1ª Edição
Mês
Valor Dia Típico
(kWh/m².dia)
jan 5,26
fev 5,43
mar 5,66
abr 5,68
mai 5,38
jun 5,45
jul 5,15
ago 5,69
set 6,16
out 6,06
nov 5,79
dez 5,21
2ª Edição
Mês
Valor Dia Típico
(kWh/m².dia)
jan 4,83
fev 4,80
mar 4,99
abr 5,17
mai 5,17
jun 5,17
jul 5,32
ago 5,60
set 5,23
out 5,13
nov 4,84
dez 4,82
Gráfico 5 - Variação da irradiação solar estimada para dias típicos. Fonte: Adaptado Pereira et al. (2006) e Pereira et al., (2017).
5,26
5,43
5,66
5,68
5,38
5,45
5,15
5,69
6,16
6,06
5,79
5,21
4,83
4,80
4,99
5,17
5,17
5,17
5,32
5,60
5,23
5,13
4,84
4,82
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
Valor Irradiação Mensal (kWh/m².dia)
1ª Edição 2ª Edição
47
4.3 DIMENSIONAMENTO DO SFVCR
A fim de embasar estudos que permitam a real implantação do sistema
fotovoltaico para geração de energia elétrica no empreendimento, foi realizado o
dimensionamento do Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede com escolha dos
equipamentos e especificação dos inversores.
4.3.1 Cenários para Aplicação do SFVCR
Levando em consideração o consumo de energia a partir das atividades
desenvolvidas na granja, bem como considerando que a geração de energia elétrica
a partir do sol ocorre apenas durante o período com incidência dos raios solares, ou
seja, no horário fora de ponta, e, ainda, analisando a área para instalação dos módulos
fotovoltaicos e características técnicas dos componentes do sistema, serão
estabelecidos cenários para o desenvolvimento deste estudo.
De maneira geral, serão estudados dois cenários principais, os quais
consideram a geração de energia que visa atender apenas a demanda no horário fora
de ponta, ou seja, quando há incidência dos raios solares nos módulos e consequente
produção de energia elétrica, e um segundo cálculo para atender a somatória total da
demanda energética do empreendimento, a energia consumida nos horários de ponta
e fora de ponta
Os cenários adotados visam a compensação da energia consumida apenas
considerando o fator kWh, ou seja, a intenção é gerar toda energia que é consumida
pelas atividades do empreendimento, sem considerar a tarifa diferenciada para ambos
os horários. Caso este terceiro cenário fosse considerado para o estudo, com objetivo
de produção de energia para zerar o custo dispendido com o abastecimento elétrico,
a parcela de energia a ser gerada no horário de ponta levaria em consideração o valor
mais alto da tarifa, sendo para o local de estudo definido pela Energisa em R$ 1,29
para o consumo em horário ponta, e R$ 0,27 para o consumo no horário fora de ponta.
Assim, proporcionalmente o sistema deveria gerar 4,83 vezes mais energia para que
a fatura de energia não contabilizasse o valor consumido no horário de ponta.
48
Quando da contratação do fornecimento de energia elétrica junto à
concessionária local, o contratante estabelece uma demanda mensal de
abastecimento, a qual tem por objetivo nortear a distribuidora quanto à necessidade
energética na região e possibilitar a programação da mesma para atendimento e
abastecimento à todas as estruturas ligadas na rede. Nas situações em que o
consumo de energia supera o valor de demanda contratada, o proprietário é
penalizado e deve pagar uma multa de acordo com a diferença do valor ultrapassado.
Tal medida é aplicada com o objetivo de não afetar a programação de distribuição, o
que pode acarretar em possíveis faltas de energia em algumas regiões.
Via de regra, quando há geração de energia através de sistemas
semelhantes ao desta pesquisa, com conexão na rede pública, a potência do sistema
deve respeitar ao mesmo valor de demanda contratada. O Gráfico 6 apresenta a
situação do empreendimento nos doze meses do ano de 2017, acerca da demanda
contratada, definida em 95 kW, e da demanda efetivamente faturada pela
concessionária local, sendo possível analisar que houveram meses em que o
consumo superou a contratação.
Gráfico 6 - Demanda contratada versus a demanda efetiva do empreendimento. Fonte: Adaptado Energisa (2018).
40
50
60
70
80
90
100
110
120
jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17
Demanda (kW)
Demanda Contratada Demanda Faturada
49
Tal situação gera questionamentos sobre a viabilidade de aumentar a
demanda contratada frente às multas que devem ser pagas quando há extrapolação,
assim, outro possível cenário de estudo é a avaliação quanto à alteração da demanda
contratada ou dimensionamento do sistema a fim de manter a condição da demanda
atual. Tendo em vista o objetivo desta pesquisa, tal cenário envolvendo trâmites com
a concessionária local poderá ser desenvolvido posteriormente em outros trabalhos,
este se restringindo, portanto, apenas à avaliação dos dois cenários iniciais, referentes
ao consumo em kWh nos horários de ponta e fora de ponta.
4.3.2 Dimensionamento do SFVCR
Para o dimensionamento do SFVCR, serão utilizadas equações
matemáticas e propostas metodológicas segundo Urbanetz (2016) e Alves (2008),
alimentadas pelos dados coletados quanto ao consumo de energia elétrica mensal do
local de estudo e valores de irradiação solar nas coordenadas de interesse. A
definição que norteará a próxima etapa de escolha dos componentes do sistema e
sua disposição na área disponível, é a potência necessária para atender a demanda
energética das atividades do empreendimento, segundo Equação 1 a seguir
(URBANETZ, 2016):
𝑃𝐹𝑉 =𝐸. 𝐺
𝐻𝑇𝑂𝑇 . 𝑃𝑅
(Equação 1)
Onde:
𝑃𝐹𝑉 – Potência instalada necessária em Wp
𝐸 – Energia diária a ser gerada (demanda) em kWh
𝐺 – Irradiância na condição STC (1.000 W/m²)
𝐻𝑇𝑂𝑇 – Irradiação média diária em kWh/m²
𝑃𝑅 – Performance ratio do SFVCR (70% a 80%)
50
A partir dos dados fornecidos pelas faturas de energia, disponibilizadas
pela concessionária local, foi possível definir a demanda média de energia diária que
o sistema deveria gerar. Este valor foi obtido a partir da divisão da média do consumo
dos doze meses pelos 365 dias do ano. Levando em consideração os cenários que
serão elaborados, será definida uma potência para atendimento da somatória da
demanda nos horários de ponta e fora de ponta, e também para atendimento apenas
da demanda no horário fora de ponta.
Se tratando da irradiação, o Atlas Brasileiro de Energia Solar disponibiliza
os valores na unidade kWh/m².dia, foi possível estabelecer as médias de irradiação
mensal e anual. Considerando que esta pesquisa se baseia no consumo dos doze
meses do ano de 2017, foi definida a média diária anual de irradiação para aplicação
na equação.
Segundo Rüther (2004), a irradiância na condição STC2, denominada
Constante Solar (Gextraterrestre ou GAMO), é a intensidade de radiação que chega à
superfície da Terra às 12:00 horas, após atravessar a atmosfera e sofrer processos
de absorção por gases de ozônio, gás carbônico, água e espalhamento pelo ar. No
topo da atmosfera a radiação solar é reduzida a 1.353 W/m², já a intensidade de
radiação solar que efetivamente chega à superfície é da ordem de 1.000 W/m²
(RÜTHER, 2004).
A Performance ratio (do Ing.: "performance" = rendimento, resultado e
"ratio" = relação, proporção) é uma das unidades internacionais de medida para
avaliação do rendimento de um sistema fotovoltaico, designando a relação entre a
produção de energia real e teórica. O cálculo da Performance ratio (PR) considera as
perdas do sistema fotovoltaico devido à temperatura das células, utilização incompleta
da irradiação e ineficiências ou falhas dos componentes do sistema. Assim, a PR pode
ser utilizada como indicador comparativo entre sistemas com projetos semelhantes,
mas com diferenças de layout ou instalados em locais distintos, bem como pode
comparar o mesmo sistema ao longo dos anos (REICH et al., 2011). A PR é fornecida
em porcentagem, onde quanto mais próximo do 100%, mais eficiente é o sistema.
Assim, para o desenvolvimento deste estudo, será assumido o valor de 75%, valor
2 STC (Standard Test Conditions) – Condições de Padrão Teste, que são: irradiação solar 1000 W/m2, temperatura da célula em 25°C, distribuição espectral em AM 1,5 e incidência normal (RAMOS, 2006).
51
médio entre os 70% e 80% de rendimento estabelecidos para sistemas fotovoltaicos
(SMA, 2017).
Definida a potência do sistema, o próximo passo foi a escolha dos principais
componentes do SFVCR, ou seja, módulos fotovoltaicos e inversores. Segundo
Serrão (2010), para os sistemas conectados à rede, é necessário a inclusão de
equipamentos para proteção aos painéis. Porém, considerando o escopo desta
pesquisa, demais equipamentos elétricos como medidores, equipamentos de
proteção e quantificação de cabeamento do sistema não serão pauta de discussão.
Vale ressaltar que todos são necessários para real implantação, apenas não serão
definidos neste momento.
A escolha dos equipamentos tomará como base pesquisas em sites de
fornecedores credenciados na Agência Especial de Financiamento Industrial
(FINAME), um programa de financiamento para aquisição de máquinas e
equipamentos nacionais desenvolvido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
(BNDES). Ainda, a escolha destes equipamentos será definida principalmente com
base na potência instalada do sistema, preço, área disponível para implantação e
disposição no local visando não interferir na estética, bem como para preservar a
estrutura física dos barracões.
Levando em conta o desenvolvimento deste estudo, foram elencadas as
principais informações técnicas necessárias para o dimensionamento de um sistema
fotovoltaico conectado à rede. Tais informações são disponibilizadas através das
fichas de especificação técnica fornecidas pelo fabricante do equipamento em
questão. O Quadro 3 compila alguns dos dados referentes ao painel e ao inversor
adotados para este estudo.
Painel Fotovoltaico Inversor
Dado Unidade Dado Unidade
Potência Nominal W Tensão Máxima de Entrada V
Tensão de Operação V Corrente Máxima de Entrada A
Tensão de Circuito Aberto V Potência Nominal de Saída W
Corrente de Curto Circuito A Faixa de Tensão do MPP V
Dimensões m - -
Quadro 3 - Especificações técnicas de painéis fotovoltaicos e inversores. Fonte: Autoria própria.
52
Após a escolha da marca e modelo do módulo fotovoltaico a ser utilizado,
a definição do número de módulos necessário para atingir a potência de geração do
sistema pode ser estabelecida com o quociente entre a potência requerida e a
potência de cada módulo, a qual é obtida a partir da ficha de especificação técnica do
produto, conforme demonstra a Equação 2 (ALVES, 2008).
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =𝑃𝐹𝑉
𝑃𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜
(Equação 2)
Onde:
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 – Número de módulos necessários para o SFVCR
𝑃𝐹𝑉 – Potência instalada necessária em Wp
𝑃𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 – Potência de cada módulo fotovoltaico em W
A partir da quantidade de módulos que irá compor o sistema, foi possível
calcular a área total que será necessária no local almejado para implantação, de
acordo com as dimensões especificadas na ficha técnica do painel selecionado. A
área total dos módulos influenciará na definição quanto à disposição dos módulos
fotovoltaicos nos barracões da granja.
O tipo de ligação elétrica entre os módulos, ou seja, em série ou paralelo,
visando à formação dos painéis fotovoltaicos a serem conectados nos inversores,
deve ser definida observando alguns critérios. Para ligações em série, o número
máximo de módulos deve considerar que a tensão em circuito aberto do gerador deve
ser menor do que a tensão máxima de corrente contínua do inversor, assim, garante-
se que o sistema irá operar dentro da eficiência proposta pelo equipamento, e evita
possíveis danos tanto ao inversor quanto ao sistema (ALVES, 2008). Segundo Alves
(2008), a Equação 3 apresenta o número máximo de módulos que podem ser ligados
em série.
𝑁𝑚𝑎𝑥 ≤𝑈max 𝐼𝑁𝑉
𝑈𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜
(Equação 3)
53
Onde:
𝑁𝑚𝑎𝑥 – Número máximo de módulos para ligações em série
𝑈max 𝐼𝑁𝑉 – Tensão máxima do inversor em V
𝑈𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 – Tensão do módulo em V
Já com relação ao limite de ligações em paralelo, calculou-se o quociente
entre os valores máximos de corrente do inversor e da corrente nominal dos módulos
ligados em série, conforme exposto na Equação 4. No caso de operação do sistema
em situação adversa, o inversor pode apresentar falhas precoces e até mesmo ser
inutilizado (ALVES, 2008).
𝑁𝑚𝑎𝑥 ≤𝐼max 𝐼𝑁𝑉
𝐼𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒
(Equação 4)
Onde:
𝑁𝑚𝑎𝑥 – Número máximo de módulos para ligações em paralelo
𝐼max 𝐼𝑁𝑉 – Corrente contínua máxima do inversor em A
𝐼𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 – Corrente nominal de cada ligação em série em A
Finalmente, o SFVCR deve contar com um medidor de energia capaz de
medir a geração a partir do sistema que abastecerá a rede pública, bem como deve
possibilitar a medição da energia que é fornecida pela concessionária local,
objetivando monitoramento mensal no que se refere à compensação energética
definida pela Resolução Normativa da ANEEL. Este equipamento é de extrema
importância, um componente fundamental nos SVFCR, porém, definições quanto
escolha de medidor e instalação não serão abordadas no desenvolvimento deste
estudo.
4.3.3 Viabilidade Financeira
Mesmo possuindo inúmeras vantagens ambientais e custo de manutenção
quase nulo, o investimento em plantas fotovoltaicas ainda é mais elevado quando
54
comparado a sistemas convencionais de geração de energia a partir de fontes não
renováveis (GRIJÓ, 2014).
Vários são os métodos para avaliar economicamente os sistemas de
geração de energia, os quais se diferem principalmente de acordo com as tomadas
de decisão acerca de financiamentos e da forma como efetuam a relação entre custo
e benefício (HIRSCHEFELD, 1996). De maneira geral, a avaliação que deve ser feita
no momento de instalar ou não um sistema fotovoltaico, independentemente de sua
magnitude, é a recuperação dos custos envolvidos em todas as fases de
planejamento, implantação e operação através da energia útil que o sistema irá gerar
durante seu tempo de vida (RAMADHAN et al., 2013).
Segundo Nakabayashi (2015), a viabilidade financeira para implantação de
sistemas solares depende de fatores como o investimento necessário, desempenho
do sistema, nível de irradiação solar, energia gerada e condições vigentes acerca das
tarifas de energia elétrica. Em seu estudo, demonstra que considerando um cenário
padrão sem alterações bruscas na economia, há viabilidade financeira para geração
fotovoltaica em todas as capitais brasileiras.
Com relação às tarifas pagas à concessionária, para a região de estudo,
Mato Grosso, o Decreto nº 382, de 29 de dezembro de 2015, introduz as alterações
previstas a partir da aprovação do Regulamento do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). O Convênio ICMS nº 130/2015, celebrado pelo
Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), inclui o estado do Mato Grosso
na isenção de impostos relacionados à circulação de energia elétrica, sujeitas a
faturamento sob o Sistema de Compensação de Energia Elétrica segundo a
Resolução Normativa nº 482/2012 da ANEEL (ANEEL, 2012). Assim, a utilização dos
créditos de energia injetados na rede elétrica, gerados pelo sistema fotovoltaico, fica
isenta de impostos, conforme ilustrado na Figura 9. A título de comparação, para o
estado do Paraná, por exemplo, a isenção de impostos não é aplicada.
55
Figura 9 - Incidência de impostos sob a energia consumida da rede pública. Fonte: Adaptado ANEEL (2012).
4.4 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
Tendo em vista a complexidade envolvida em uma análise de ciclo de vida,
este estudo seguiu a premissa utilizada por Mariano (2017), onde foi verificada a
quantidade de dióxido de carbono que deixa de ser emitida para a atmosfera a partir
da geração de energia elétrica por fonte solar. Visando reduzir a vulnerabilidade das
nações à escassez de energia e diminuir as emissões de gases de efeito estufa, é
necessária a inclusão de geração de energia a partir do vento, do sol e das ondas na
matriz energética mundial. A minimização da dependência quanto ao uso de fontes
não renováveis de energia é imprescindível para mitigar as mudanças climáticas
(CARVALHO, 2014 apud GIDDENS, 2010).
A estimativa quanto às emissões evitadas a partir da geração de energia
elétrica é obtida a partir da multiplicação do fator de emissão médio de CO2 para
energia elétrica - calculado com base nos dados de usinas em operação do Sistema
Interligado Nacional - pela quantidade de energia consumida no local de interesse
(MTCIC, 2018).
56
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 CONSUMO MENSAL
Segundo dados disponibilizados nas contas de energia elétrica do
empreendimento, foram identificados os valores de energia consumidos mensalmente
durante o ano de 2017, apresentados na Tabela 1 a seguir. Os valores descritos
subdividem-se de acordo com os horários de ponta e fora de ponta, ou seja, horários
de maior consumo e horários de menor consumo na região, indicados na unidade
kWh/mês.
Tabela 1 - Consumo de energia elétrica em kWh/mês durante o ano de 2017
Mês
Consumo Ponta
(Período compreendido
entre 18 e 21hrs)
(kWh/mês)
Consumo Fora de
Ponta
(kWh/mês)
Total
(kWh/mês)
Janeiro 1.561 17.956 19.517
Fevereiro 1.447 16.103 17.550
Março 1.592 19.082 20.674
Abril 2.720 27.848 30.568
Maio 516 5.614 6.130
Junho 1.801 23.107 24.908
Julho 584 5.477 6.061
Agosto 665 11.266 11.931
Setembro 2.647 35.231 37.878
Outubro 374 4.742 5.116
Novembro 2.610 31.198 33.808
Dezembro 1.258 12.582 13.840
TOTAL 17.775 210.206 227.981
Fonte: Energisa (2018).
57
O Gráfico 7 ilustra o consumo mensal dos horários de ponta e fora de ponta,
frente ao consumo total registrado pela concessionária local Energisa.
Gráfico 7 - Consumo mensal total de energia elétrica. Fonte: Autoria própria.
Como pode ser observado através da Tabela 1 e Gráfico 7, os meses de
maior e menor consumo durante o ano de 2017 foram, respectivamente, os meses
Setembro e Outubro. A demanda de energia é variável, de acordo com a condição
climática média do mês e atividades para produção dos lotes.
5.2 IRRADIAÇÃO SOLAR
Conforme descrito no item 4.2.2, a intensidade da irradiação solar que
atinge a superfície varia de acordo com a inclinação do plano, ou seja, possui valores
diferentes quando se considera o plano global horizontal ou plano inclinado.
Considerando a proximidade entre a inclinação da cobertura dos galpões do
empreendimento – em torno de 13º- com a latitude do ponto de medições do Atlas
Brasileiro de Energia Solar no valor de 12,76°, para os cálculos será considerado o
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17
Consumo Mensal (kWh/mês)
TOTAL PONTA FORA DE PONTA
58
valor de irradiação em destaque do plano inclinado, descrito na Tabela 2. A Fazenda
se encontra sob as coordenadas 12º44’15’’S e 55º54’24’’O.
Tabela 2 - Valores de irradiação solar em kWh/m².dia
Mês Plano Global
(kWh/m².dia)
Plano Inclinado
(kWh/m².dia)
Janeiro 5,18 4,83
Fevereiro 4,97 4,80
Março 4,96 4,99
Abril 4,88 5,17
Maio 4,67 5,17
Junho 4,57 5,17
Julho 4,76 5,32
Agosto 5,21 5,60
Setembro 5,12 5,23
Outubro 5,27 5,13
Novembro 5,15 4,84
Dezembro 5,22 4,82
MÉDIA ANUAL 5,00 5,09
Fonte: Pereira et al. (2017).
A partir dos dados de irradiação solar descritos na Tabela 2, percebe-se
que não há um padrão entre os valores de Plano Global e Inclinado, além disso, para
o Plano Inclinado, observa-se que o maior valor de irradiação solar foi obtido durante
o mês de Agosto, e o menor em Fevereiro.
5.3 DIMENSIONAMENTO DO SFVCR
5.3.1 Cálculo da Potência
Seguindo a metodologia adotada, foi definida a potência necessária para o
sistema, a fim de que fosse gerada energia elétrica o suficiente para suprir a demanda
59
energética das atividades do empreendimento, seguindo a premissa dos dois cenários
principais. Para cálculo da potência foram utilizados os dados obtidos nas faturas de
energia, segundo Tabela 1, bem como valores de irradiação descritos na Tabela 2.
➢ Cenário 1 – Consumo no horário fora ponta:
𝑃𝐹𝑉 =𝐸. 𝐺
𝐻𝑇𝑂𝑇 . 𝑃𝑅
𝑃𝐹𝑉 =(
210.206 𝑘𝑊ℎ365 𝑑𝑖𝑎𝑠
) 1 𝑘𝑊/𝑚²
5,09𝑘𝑊ℎ
𝑚2. 𝑑𝑖𝑎 𝑥 75%
𝑃𝐹𝑉 = 150,860 𝑘𝑊𝑝
➢ Cenário 2 – Consumo no horário ponta e fora ponta:
𝑃𝐹𝑉 =𝐸. 𝐺
𝐻𝑇𝑂𝑇 . 𝑃𝑅
𝑃𝐹𝑉 =(
227.981 𝑘𝑊ℎ365 𝑑𝑖𝑎𝑠
) 1 𝑘𝑊/𝑚²
5,09𝑘𝑊ℎ
𝑚2. 𝑑𝑖𝑎 𝑥 75%
𝑃𝐹𝑉 = 163,616 𝑘𝑊𝑝
5.3.2 Equipamentos
A definição dos equipamentos principais para composição do sistema
fotovoltaico se deu a partir da avaliação quanto ao atendimento à potência instalada
necessária e preços disponíveis no mercado, recaindo sobre a relação preço/potência.
Os Quadros 4 e 5 apresentam os módulos fotovoltaicos e inversores que farão parte
60
do sistema em tela, além de algumas de suas informações técnicas descritas em suas
respectivas fichas de especificações.
Módulo Fotovoltaico
Marca Canadian Solar
Modelo
KuPower
High Efficiency PolyGEN3 Module
CS3K-285
Potência Nominal 285W
Tensão de Operação 31,4V
Tensão de Circuito Aberto 38,1V
Corrente de Curto Circuito 9,56A
Dimensões 1,675x0,992x0,040m
Quadro 4 - Especificações técnicas do módulo fotovoltaico.
Inversor
Marca Sungrow
Modelo SG60KTL
String Inverter
Tensão Máxima de Entrada 1000V
Corrente Máxima de Entrada 120A
Potência Nominal de Saída 60000W
Faixa de Tensão do MPP 570-950V
Quadro 5 - Especificações técnicas do inversor.
5.3.3 Disposição do SFVCR
Após definições quanto a potência do sistema necessária para geração de
energia elétrica e consequente abastecimento do empreendimento, bem como
escolha dos componentes do sistema fotovoltaico, esta sessão visa realizar a
verificação acerca da disposição dos painéis de acordo com a área disponível. A partir
da substituição dos dados na Equação 2, foi possível determinar o número de painéis
e área necessária para o sistema observando os dois cenários.
61
➢ Cenário 1:
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =𝑃𝐹𝑉
𝑃𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =150.859,685 𝑊𝑝
285 𝑊
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 ≅ 530 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
Á𝑟𝑒𝑎 = 530 𝑥 (1,675x0,992) ≅ 880 𝑚²
➢ Cenário 2:
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =𝑃𝐹𝑉
𝑃𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 =163.616,366 𝑊𝑝
285 𝑊
𝑁𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 ≅ 574 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠
Á𝑟𝑒𝑎 = 574 𝑥 (1,675x0,992) ≅ 954 𝑚²
Considerando a disposição dos oito barracões na área de estudo em dois
conjuntos de quatro, ilustrado pela Figura 6, cada um com 2.070 m² de área, para o
dimensionamento deste sistema foi adotada a área da cobertura de quatro barracões
para instalação. Ainda, de acordo com as características do inversor escolhido, foram
utilizados dois inversores para suprir a demanda necessária.
Tendo em vista que para ambos os cenários os equipamentos utilizados
foram os mesmos, as Equações 3 e 4 visam estabelecer o limite de operação quanto
a configuração das ligações elétricas entre cada módulo e dos painéis com o inversor.
Cada conjunto de módulos fotovoltaicos conectados em série é denominado String
Box (RÜTHER, 2004), e, para o sistema em questão, o número máximo de ligações
em série foi obtido segundo a equação abaixo:
𝑁𝑚𝑎𝑥 ≤𝑈𝑚𝑎𝑥 𝐼𝑁𝑉
𝑈𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜
𝑁𝑚𝑎𝑥 ≤1.000 𝑉
38,1 𝑉
𝑁𝑀𝑎𝑥 ≤ 26,25
62
Ou seja, cada string poderá conter até 26 módulos fotovoltaicos com
ligações em série. Já o número para as ligações em paralelo entre cada string é obtido
conforme:
𝑁𝑚𝑎𝑥 ≤𝐼max 𝐼𝑁𝑉
𝐼𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒
𝑁𝑚𝑎𝑥 ≤120 A
9,56 A
𝑁𝑀𝑎𝑥 ≤ 12,55
Assim, a partir das informações geradas, sejam elas: potência do sistema,
equipamentos, número de módulos fotovoltaicos necessários e qual a disposição
máxima suportada para operação dos equipamentos, foram definidas as disposições
dos sistemas para os Cenários 1 e 2.
➢ Cenário 1
Figura 10 - Disposição dos painéis fotovoltaicos para o Cenário 1. Fonte: Autoria própria.
63
O sistema dimensionado para o Cenário 1 considerou 530 módulos
fotovoltaicos, os quais foram divididos entre os quatro galpões da seguinte maneira:
Strings com 22 módulos cada
Strings com 23 módulos cada
Já para o Cenário 2, foram dispostos na área um total de 574 módulos
fotovoltaicos, conforme ilustrado abaixo:
➢ Cenário 2
Figura 11 - Disposição dos painéis fotovoltaicos para o Cenário 2. Fonte: Autoria própria.
Onde:
Strings com 24 módulos cada
Strings com 23 módulos cada
64
5.3.4 Cálculo da Energia Gerada
Considerando que os sistemas terão, respectivamente, 530 e 574 módulos
fotovoltaicos com uma potência nominal de 285W cada, a potência instalada de cada
projeto fica definida em 151,050kWp para o Cenário 1, e 163,590kWp para o Cenário
2, atendendo, portanto, as potências calculadas inicialmente para geração da energia
demandada.
A fim de estimar a produção média de energia por mês a partir do sistema
dimensionado, foi possível utilizar a Equação 1 isolando-se o valor de 𝐸, onde
anteriormente foi preenchido com a demanda energética do empreendimento. O 𝐻𝑇𝑂𝑇
deve ser substituído pela irradiação de cada mês, de acordo com os valores
informados na Tabela 2, já para a Performance ratio mantém-se o valor de 75%. Como
a unidade do 𝐻𝑇𝑂𝑇 é dada em kWh/m².dia3, para definição do valor mensal de energia,
é necessária a multiplicação do resultado pelo número de dias do mês em questão. O
cálculo será demonstrado para o mês de janeiro nos dois cenários, já o resultado para
os doze meses será apresentado na Tabela 3.
➢ Cenário 1:
𝐸 =𝑃𝐹𝑉 . 𝐻𝑇𝑂𝑇 . 𝑃𝑅
𝐺 𝑥 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑚ê𝑠
𝐸 =(285𝑊𝑥530 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠)𝑥4830
𝑊ℎ𝑚2. 𝑑𝑖𝑎
𝑥75%
1.000 𝑊/𝑚² 𝑥 31 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑗𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜
𝐸 = 16.962.537,38𝑊ℎ
𝑚ê𝑠= 16.962,54
𝑘𝑊ℎ
𝑚ê𝑠𝑗𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜
3 Para aplicação na fórmula, o valor será convertido para Wh/m².dia, visando igualdade nas unidades.
65
➢ Cenário 2:
𝐸 =𝑃𝐹𝑉 . 𝐻𝑇𝑂𝑇 . 𝑃𝑅
𝐺 𝑥 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑜 𝑚ê𝑠
𝐸 =(285𝑊𝑥574 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠)𝑥4830
𝑊ℎ𝑚2. 𝑑𝑖𝑎
𝑥75%
1.000 𝑊/𝑚² 𝑥 31 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑗𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜
𝐸 = 18.370.748,026𝑊ℎ
𝑚ê𝑠= 18.370,75
𝑘𝑊ℎ
𝑚ê𝑠𝑗𝑎𝑛𝑒𝑖𝑟𝑜
Tabela 3 - Estimativa de geração de energia elétrica em kWh/mês
Mês Geração (kWh/mês)
Cenário 1 Cenário 2
Janeiro 16.963 18.371
Fevereiro 15.226 16.490
Março 17.524 18.979
Abril 17.571 19.030
Maio 18.157 19.664
Junho 17.571 19.030
Julho 18.683 20.234
Agosto 19.667 21.299
Setembro 17.775 19.250
Outubro 18.016 19.512
Novembro 16.449 17.815
Dezembro 16.927 18.333
TOTAL 210.529 228.007
A fim de avaliar a geração de energia através do SFVCR frente ao consumo
efetivo durante o ano de 2017, as Tabelas 4 e 5 apresentam a compilação dos dados
obtidos a partir dos cálculos realizados para ambos os cenários, os quais também
estão representados nos Gráficos 8 e 9.
66
Tabela 4 - Consumo de energia e estimativa de geração - Cenário 1
Mês
Consumo Fora de
Ponta
(kWh/mês)
Geração (kWh/mês)
Janeiro 17.956 16.963
Fevereiro 16.103 15.226
Março 19.082 17.524
Abril 27.848 17.571
Maio 5.614 18.157
Junho 23.107 17.571
Julho 5.477 18.683
Agosto 11.266 19.667
Setembro 35.231 17.775
Outubro 4.742 18.016
Novembro 31.198 16.449
Dezembro 12.582 16.927
TOTAL 210.206 210.529
Gráfico 8 - Consumo e estimativa de geração de energia para o Cenário 1.
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo x Geração (Fora de Ponta)
Consumo Geração
67
Tabela 5 - Consumo de energia e estimativa de geração - Cenário 2
Mês
Consumo Ponta +
Fora de Ponta
(kWh/mês)
Geração (kWh/mês)
Janeiro 19.517 18.371
Fevereiro 17.550 16.490
Março 20.674 18.979
Abril 30.568 19.030
Maio 6.130 19.664
Junho 24.908 19.030
Julho 6.061 20.234
Agosto 11.931 21.299
Setembro 37.878 19.250
Outubro 5.116 19.512
Novembro 33.808 17.815
Dezembro 13.840 18.333
TOTAL 227.981 228.007
Gráfico 9 - Consumo e estimativa de geração de energia para o Cenário 2.
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Consumo x Geração (Ponta + Fora de Ponta)
Consumo Geração
68
É possível verificar que a geração de energia a partir do sistema
fotovoltaico para ambos os cenários se mantem na faixa de aproximadamente 15.000
kWh/mês a 20.000 kWh/mês, já o consumo tem grandes variações ao longo dos
meses. Ou seja, vezes o sistema está abastecendo a rede interligada com valores de
energia que ele não irá consumir, outrora está consumindo mais energia do que
produziu no mesmo período.
As atividades na granja são marcadas por períodos de limpeza onde
consome-se menos energia, tendo em vista que os equipamentos de alimentação e
equilíbrio da temperatura não são utilizados. Ainda, os mesmos têm maior consumo
quando há uma necessidade de resfriamento nos dias mais quentes, como nos meses
de Setembro e Novembro.
5.3.5 Estimativa de Investimento
Os dados da Tabela 6, referentes ao investimento inicial para implantação
do sistema fotovoltaico conectado à rede, foram obtidos a partir de consulta com
empresa especializada. Para elaboração do orçamento foram consideradas as
potências do sistema e quantidade necessária de módulos e inversores, além de
outros componentes essenciais para implantação e operação do sistema.
Tabela 6 – Estimativa de investimento inicial implantação do SFVCR
Descrição Preço Unitário CENÁRIO 1 CENÁRIO 2
Quantidade Valor Total Quantidade Valor Total
Canadian Solar
KuPower Module
CS3K-285
R$ 504,24 530 R$ 267.247,20 574 R$ 289.433,76
Sungrow
SG60KTL R$ 28.723,20 2 R$ 57.446,40 2 R$ 57.446,40
Demais
componentes 4 - - R$ 36.752,20 - R$ 38.954,55
TOTAL - R$ 361.445,80 - R$ 385.834,71
4 Demais componentes: mão de obra, estruturas de fixação, fiação, conectores, proteção elétrica.
69
Foi possível verificar que para ambos os casos, a parcela com maior custo
se concentra na aquisição dos módulos fotovoltaicos e inversores, aproximadamente
90% do valor total cotado. Assim, se justifica a escolha de equipamentos credenciados
no programa de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento. O programa
oferece linhas de financiamento com objetivos e condições financeiras específicas
para atender a demanda de diferentes perfis de clientes.
Ainda de acordo com a empresa contatada, estima-se que o Payback para
o projeto em questão seja variável entre 8 e 9 anos, ou seja, o investimento total para
implantação do sistema fotovoltaico tende a retornar para o empreendedor em menos
de dez anos, considerando tributos envolvidos, tarifa de energia e eficiência do
sistema para geração de energia elétrica.
5.4 ESTIMATIVA DE EMISSÕES EVITADAS
A quarta edição do Relatório de Estimativas Anuais de Emissões de Gases
de Efeito Estufa no Brasil publicado pelo MCTIC estendeu o período analisado até o
ano de 2015, a partir dos dados do Terceiro Inventário que contempla a série histórica
de emissões desde o ano de 1990 a 2010. O infográfico já disponibilizado pelo MCTIC,
apresenta a Figura 12, indicando que durante o ano de 2015 foram emitidos 1.368
milhões de toneladas de CO2eq no Brasil, destes, 33% de responsabilidade do setor
energético, ou seja, 451.440.000 tCO2eq (MCTIC, 2018).
70
Figura 12 - Emissões de CO2eq durante o ano de 2015 no Brasil. Fonte: MCTIC (2018).
A Tabela 7 apresenta os fatores médios de emissão de CO2 para energia
elétrica, calculados a partir dos dados disponibilizados pelo SIN, num período de dez
anos. O fator médio de emissões entre os anos de 2008 e 2017 foi de 0,0749 tCO2eq
no setor elétrico.
Tabela 7 – Fator Médio Anual de Emissões de CO2 do SIN em tCO2/MWh
Ano 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Média
Fator
Médio 0,0477 0,0194 0,0532 0,0349 0,1168 0,0841 0,1368 0,1075 0,0714 0,0892 0,0749
Fonte: Adaptado MCTIC (2018).
No desenvolvimento deste estudo, o dimensionamento de um sistema
fotovoltaico para implantação em uma granja de aves resultou em dois projetos com
potências instaladas de 151,050kWp e 163,590kWp, os quais são capazes de gerar
210.529kWh/ano e 228.007kWh/ano de energia, respectivamente.
Utilizando o fator médio de emissões referente aos dez anos da Tabela 7,
igual a 0,0749 tCO2eq de emissões para cada MWh de energia gerada, a implantação
do SFVCR evitaria a emissão de aproximadamente 15,8 tCO2eq por ano para o
Cenário 1, e 17,1 tCO2eq por ano para o Cenário 2.
71
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca pelo desenvolvimento econômico mundial e uso desenfreado de
recursos naturais não renováveis para geração de energia elétrica colabora para
intensificação das mudanças climáticas. Como consequência, há o aumento de
eventos extremos como tempestades, tornados, seca intensa e impactos diretos ao
ser humano e ecossistemas naturais, possibilitando a extinção de espécies animais e
vegetais.
A emissão de GEEs na atmosfera é de responsabilidade do setor
energético mundial em sua maioria. Tal realidade pode ser mitigada a partir da
incorporação da matriz energética por fontes renováveis, como a solar, a qual não
emite gases poluentes durante sua operação. Porém, embora sejam evidentes os
benefícios para utilização do recurso solar para geração de energia elétrica, os
sistemas fotovoltaicos não estão isentos de impactos socioambientais causados
durante seu ciclo de vida, os quais devem ser identificados e mitigados. Assim, este
trabalho contribui para fomentar as pesquisas acerca do tema, visando estabelecer
uma relação entre a viabilidade de implantação de sistemas fotovoltaicos e seus
impactos ambientais.
Por meio da metodologia adotada neste trabalho, foram levantados dados
acerca do consumo de energia elétrica de uma granja de aves no município
Sorriso/MT, utilizada para o desenvolvimento das atividades, além de dados
disponibilizados pelo Atlas Brasileiro de Energia Solar acerca da irradiação solar no
ponto de interesse, visando o dimensionamento de um Sistema Fotovoltaico
Conectado à Rede. Ainda, de acordo com a literatura, foram levantados quais os
principais aspectos socioambientais intrínsecos à tecnologia.
Foram definidos dois cenários para estudo, os quais consideram a geração
de energia elétrica para suprir o consumo de energia no horário fora de ponta, e
também o consumo total a partir da somatória da energia consumida nos horários de
ponta e fora de ponta. De acordo com os cálculos realizados para dimensionar o
sistema, foram definidas as potências necessárias para ambos os cenários, sendo
elas, respectivamente 151,050kWp e 163,590kWp. A partir de então, os SFVCR foram
configurados e os principais equipamentos definidos, sendo possível concluir que o
local possui área e incidência solar suficientes para geração de energia elétrica e
72
atendimento às necessidades energéticas do empreendimento a partir de uma fonte
renovável de energia.
Acerca da avaliação quanto aos impactos ambientais, verificou-se que os
impactos mais significativos se concentram durante a fase de implantação do sistema,
abrangendo a fabricação dos equipamentos a serem utilizados, etapa onde são
consumidos recursos naturais e há emissão de gases poluentes para a atmosfera.
Segundo dados disponibilizados pelo MCTIC, a emissão de CO2eq durante
o ano de 2015 contabilizada pelo SIN foi estimada em 451.440.000 tCO2eq, sendo
17,1 tCO2eq de responsabilidade do empreendimento foco deste estudo. Caso seja
implantado o sistema fotovoltaico visando a compensação de energia, a contribuição
da granja para minimizar as emissões do SIN seria de aproximadamente 4%.
Isto posto, permite-se sugerir com uma ótica positiva a instalação da usina
fotovoltaica na granja de aves. A incorporação da matriz energética com fontes
alternativas de geração de energia colabora para evolução em busca do
desenvolvimento sustentável, colaborando para mitigar os efeitos das mudanças
climáticas no âmbito global a partir da diminuição de emissões de GEEs.
6.1 TRABALHOS FUTUROS
Durante o desenvolvimento deste trabalho foi possível perceber a grande
quantidade de variáveis e falta de estudos referentes aos impactos causados nas
diferentes fases que envolvem a geração de energia elétrica através de fontes
renováveis. É preciso estabelecer procedimentos e incorporar o banco de dados
brasileiro com informações e ferramentas que permitam estabelecer quais os reais
impactos positivos e negativos acerca de um determinado projeto, possibilitando a
comparação entre diferentes fontes e determinação quanto ao equilíbrio entre o
desenvolvimento econômico a partir da geração de energia com menores impactos
ao meio ambiente. Assim, sugere-se para estudos futuros:
Avaliação do Ciclo de Vida de equipamentos cadastrados no Finame, a fim
de verificar os impactos causados por produtos brasileiros;
Criação de uma ferramenta que permita comparar os aspectos
socioambientais envolvidos nas diversas fontes de geração de energia elétrica;
73
Aprofundar estudos que visam a reciclagem e reaproveitamento de
módulos fotovoltaicos, visando a diminuição da geração de resíduos sólidos;
Análise dos cenários exclusos deste trabalho, com o aumento da potência
instalada a fim de compensar totalmente a energia consumida pelo empreendimento,
considerando as tarifas cobradas nos diferentes horários, além da verificação junto à
concessionária sobre a possibilidade de aumentar a demanda contratada e análise
dos custos envolvidos.
74
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