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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS SISTEMAS LOGISTICOS REVERSOS QUE MINIMIZAM O
IMPACTO AMBIENTAL
Por: Alessandra Chagas Teixeira
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
OS SISTEMAS LOGISTICOS REVERSOS QUE MINIMIZAM O
IMPACTO AMBIENTAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Logística Empresarial
Por. Alessandra Chagas Teixeira
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a DEUS, aos
meus pais Hélio Teixeira e Vera
Regina, minha família que sempre me
apoiaram e incentivaram e as minhas
amigas Emiliana Ribeiro e Cláudia de
Barros.
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DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais Hélio Teixeira e
Vera Regina.
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RESUMO
A logística reversa se tornou um novo modelo de gestão de negócios
dentro da logística, visando questões econômicas, assim como minimizar o
impacto ambiental e social. A conscientização das empresas e indústrias em
relação ao retorno dos produtos dos pontos de vendas ou do consumidor final
de maneira correta para que seja feita de maneira adequada e se possível à
reciclagem e revenda de produtos que possam retornar ao mercado, desde
que mostre transparência para sociedade e cumpram determinações exigidas
por lei com relação à preservação e conservação do meio ambiente.
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METODOLOGIA
Este trabalho foi construído com base no método de pesquisas
bibliográficas utilizando livros na área de logística reversa e em consulta nos
sites da internet.
Quantos aos livros utilizados como bibliografia básica podem ser citados
o livro Logística Reversa e Sustentabilidade de André Luiz, Claudio Bruzzi e
Reverso da Logística e as Questões Ambientais no Brasil de Edelvino Razzolini
e Rodrigo Berté.
A proposta deste trabalho é que, ao final da leitura, os leitores possam
visualizar e entender os fatores que influenciam a aplicação da logística
reversa minimizando o impacto ambiental.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Logística Reversa 09
1.1 – Conceito e fundamentos 10
1.2 – Tipos de sistemas logísticos reversos 13
CAPÍTULO II - Processos de Logística Reversa 15
2.1 – Ciclos Logísticos 15
2.2 – Recolhimento 15
2.2.1 – Retorno Comercial não Contratual 16
2.2.2 – Retorno Comercial Contratual 17
2.2.3 – Retorno por garantia/qualidade 17
2.3 – Reutilização/Reciclagem 17
CAPÍTULO III - Impactos Negativos no Meio Ambiente 24 CAPÍTULO IV - Relação da Logística Reversa com o Meio Ambiente 26
4.1 – Impactos Positivos 26
4.2 – Soluções Econômicas 26
4.3 – Responsabilidades Sociais 28
4.4 – Mudanças Comportamentais do Consumidor Final 32
CAPÍTULO V - Empresas no Brasil que se destacaram com a Aplicabilidade da
Logística Reversa 35
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
INDICE 42
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INTRODUÇÃO
A Logística Reversa é a área da logística empresarial que tem a
preocupação com os aspectos logísticos de retorno ao ciclo produtivo dos
produtos, materiais e embalagens. No entanto existe um tratamento
diferenciado da logística tradicional para a logística reversa. Pois os custos se
modificam neste novo sentido, dependendo ainda do tipo de reprocessamento
que os produtos, os materiais ou as embalagens possam ter como retornar ao
fornecedor, revender, recondicionar, reciclar ou descartar.
A partir da era industrial e dos avanços tecnológicos, o homem
começou a desenvolver novas ferramentas para satisfazer as suas
necessidades. Ocorreu que uma gama de resíduos sólidos começou a ser
produzido a partir dessas necessidades, dentre eles os pneus, os plásticos, os
vidros, etc., que são considerados resíduos especiais, tendo em vista a
quantidade produzida para destinação inadequada que se deu a eles,
desenvolve naturalmente a necessidade da logística reversa ajudando a
diminuir o impacto ambiental.
Este trabalho desenvolve um estudo, fazendo um destaque inicial para
o conceito da logística reversa e os seus processos, destacando o
recolhimento, reutilização e reciclagem. Adiante é desenvolvido o assunto
referente aos impactos negativos e a sua relação com o meio ambiente,
ressaltando as soluções econômicas, a responsabilidade social, a mudança
comportamental do consumidor final e suas influências. Finalizando são
citados exemplos de empresas no Brasil que se destacaram com a
aplicabilidade da logística reversa com seus impactos positivos.
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CAPÍTULO I
Logística Reversa
O gerenciamento de produtos do ponto de aquisição ou produção ao
consumidor final é definido como logística. Veremos neste estudo o processo
inverso da logística. A logística reversa é o devido gerenciamento do retorno de
produtos já utilizados pelo consumidor final e que seriam descartados pelos
mesmos, são direcionados para o fornecedor ou indústria, com a finalidade de
transformação ou reaproveitamento.
O objetivo do sistema de logística reversa é desenvolver o
reaproveitamento dos produtos, assim como resíduos originados no processo
de produção, conscientizando sobre o censo de responsabilidade com o meio
ambiente.
Algumas empresas utilizam este processo de logística reversa, por
exemplo, fabricantes de bebidas, que estimulam aos consumidores sobre a
importância da reciclagem de garrafas PET’S, assim como as latinhas de
alumínio, com intuito de diminuir agressão ao meio ambiente, que ocorre
quando este tipo de material é descartado de maneira inadequada.
Indústrias têxteis utilizam geralmente em sua produção PET reciclado
como matéria-prima. Fabricam produtos como: cordas para amarrar lonas de
cargas em caminhões, cerdas para escovas, fibras para tapetes, fibras de
enchimento de roupas, fibras para revestimento termo acústico, fibras para
calçados, lonas para toldos, entre outros.
Este ciclo torna positivas as consequências em relação ao meio
ambiente, pois diminui consideravelmente o volume de lixo descartado
indevidamente.
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Segundo dados do IBGE, da pesquisa Nacional de Saneamento Básico
de 2008, a quantidade de resíduos sólidos coletados foi de 259.54 7 toneladas
por dia, em todo o país. E ainda conforme pesquisa 50,8% dos municípios
brasileiros destinam seus lixos a vazadouros a céu aberto, ou como
popularmente chamados, “lixões”.
As empresas podem e devem diminuir este impacto no meio ambiente,
selecionando materiais não tóxicos e recicláveis para embalagens de seus
produtos e aplicando a logística reversa de maneira que possa garantir o
reaproveitamento e transformação dos produtos ou materiais recicláveis. A
transformação ou recuperação destas matérias pode ser feito dentro da própria
empresa ou contratar uma empresa terceirizada.
Este trabalho visa apresentar os estudos as empresas e aos
consumidores finais o levantamento do estudo sobre o devido descarte de
produtos e embalagens, com a finalidade de diminuir o impacto ambiental.
1.1 – Conceitos e fundamentos
A Logística Reversa é a nova área da logística, a qual controla, planeja
as informações logísticas do ciclo produtivo nos canais de distribuição
reversos, tem por objetivo favorecer o desenvolvimento econômico e a
sustentabilidade para a própria empresa.
Segundo Lacerda (2002) A logística reversa pode ser entendida como
um processo complementar à logística tradicional, pois enquanto a última tem
o papel de levar produtos dos fornecedores até os clientes intermediários ou
finais, a logística reversa deve completar o ciclo, trazendo de volta os produtos
já utilizados dos diferentes pontos de consumo a sua origem.
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O processo de logística reversa se encontra no dia-a-dia dos
consumidores e pontos de vendas já algum tempo, pois a devolução das
garrafas retornáveis e seus engradados em perfeito estado, para serem
reutilizados nas indústrias de bebidas são de responsabilidade dos mesmos.
As latas de alumínio têm um grande reaproveitamento de matéria-prima
reciclada por parte das indústrias, por este motivo, existe o incentivo cultural e
de desenvolvimento para coleta de latas descartáveis.
O crescente ambiente de competitividade e de sensibilidade ecológica
da sociedade, devido as importantes decisões estratégicas nas empresas
modernas, visa tornar eficaz o bom relacionamento com suas cadeias de
suprimentos, fornecedores e consumidor final.
Segundo o site da revista portuária economia & negócios, as grandes
empresas passaram a ser culpadas pela sociedade pelo grande acumulo de
produtos industrializados nos grandes centros. As grandes organizações
passaram a ter uma nova preocupação; como seria possível encontrar a
resolução para esta situação sem gerar aumento de custo e despesas. Devido
a este cenário surge o conceito de Logística Reversa que é a área que planeja,
opera e controla o fluxo, e as informações logísticas correspondentes ao
retorno dos bens de pós-venda e pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao
ciclo produtivo, através dos canais de distribuições reversas, agregando-lhes
valores de diversas naturezas como econômico, ecológico, legal, competitivo,
de imagem coorporativa, dentre outros.
Paralelo ao conceito de logística reversa esta o conceito do ciclo de
vida. A vida de um produto, na visão logística, não termina com sua entrega ao
consumidor final. Produtos se tornam danificados ou não funcionam e devem
retornar ao seu ponto de origem para serem descartados ou reaproveitados.
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Financeiramente além do custo de compra de matéria prima, da
produção de armazenagem e estocagem, o ciclo de vida de um produto inclui
outros custos que estão relacionados com o fluxo reverso. Na visão ambiental,
esta é uma forma de avaliar qual o impacto que um produto tem sobre o meio
ambiente durante o seu ciclo de vida.
Breve histórico do enfoque da evolução dos estudos em logística
reversa, segundo André Luís Pereira (2012).
1971 – Zikmund e Station – Distribuição reversa.
1978 – Ginter e Starling – Canais de distribuição reversos: recuperação
de materiais.
1982 – Barnes – Importância da reciclagem no processo de negócios.
1983 – Ballou – Canais de distribuição diretos, reversos, pós-consumo.
1988 – Constituição Federal Brasileira – Art. 23 Roger – Custos
Logísticos de retorno de bens.
1989 – Brasil – Lei 7.802/89 Murphy e Poist – Embalagens de
agrotóxicos.
1990 – Instituteof Scrap Recyclingindustries (ISR) – Desenvolvimento
de cadeias reversas.
1991 – Stiwell – Evolução do tratamento de resíduos plásticos.
1992 – Ottman – Marketing verde.
1993 – CouncilofLogistic Management (CLM) – Canais reversos,
logística reversa, reuso, reciclagem;
Ministério da Indústria, Ciência e Tecnologia (MCIT) – Estudo
setorial sobre reciclagem de metais não ferrosos;
Rosa – Reciclagem de plástico.
1995 – Fuellr e Allen – Fluxo reverso, resíduos, disposição final de
bens;
Fenman e Stock – Revalorização econômica de bens de pós-
consumo;
Miles e Munila – Imagem corporativa e logística reversa.
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1996 – Valiante – Seminário brasileiro de reciclagem de alumínio
(Associação Brasileira do Alumínio – ABAL).
1997 – Wilt e Kincaid – Descarte e reciclagem na indústria automotiva.
1998 – Calderoni (Revista Tecnologística) – Coleta, reciclagem e lixo.
Logística reversa e canais de distribuição reversos (CDRs);
Stock – Reuso reciclagem e logística reversa;
Nijkerk e Dalmijin – Técnicas de reciclagem;
Carter e Dllram – Revisão de literatura de logística reversa.
1999 – Leite – Logística reversa e meio ambiente;
Rogers e Timber-Lembke – Canais de distribuição reversa de
pós-venda (CDR-PV), fluxos reversos pós-venda e pós-consumo.
2000 – Anpad (diversos autores) – Artigos diversos sobre logística
reversa.
2001 – Business Association of latin America Studies (Balas) – Artigos
diversos sobre logística reversa;
Bowersox e Closs – Fluxo direto e fluxo reverse;
Fleischmann – Modelos quantitativos de logística reversa.
2002 – Brasil – Decreto 4.074/2002 – Embalagens de agrotóxicos e
disposição final;
Lacerda – Logística reversa, conceitos e práticas operacionais;
Daugherty, Myers e Richey – Logística reversa.
2010 – Brasil – Decreto 12.305 de 2/8/2010.
1.2 – Tipos de sistemas logísticos reversos
Para implantação de sistemas logísticos reversos nas empresas, se faz
necessário compreender o que é gerenciar estes canais logísticos e classificar
os bens de pós-consumo e de pós-venda para determinar cada canal reverso
que poderá ser aplicado de acordo com as características da empresa.
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A preocupação com as questões ambientais e ecológicas cresce
conforme ocorre o crescimento populacional e industrial, esta por sua vez tem
colocado no mercado uma quantidade maior de embalagens e produtos
descartáveis, não se preocupando muito com a reciclagem destes.
Como o processo logístico reverso tem um valor alto, algumas empresas
na maioria dos casos utilizam matéria-prima virgem por ser mais barata do que
os materiais reciclados. A partir do momento que as matérias-primas de
tornarem caras, o processo logístico reverso economicamente viável, para a
logística o ciclo de vida de um produto não termina com a entrega do mesmo
ao consumidor final.
Produtos obsoletos, danificados, com problemas funcionais devem
retornar ao fornecedor para que sejam reciclados, reaproveitados ou
descartados conforme prévia analise.
Necessário que existe o canal reverso para melhorar o sistema logístico,
seja por questões econômicas ou legais.
Segundo Razzolini Filho; Berté (2004) o gerenciamento dos canais
reversos de distribuição pode ser definido como “as atividades logísticas em
que uma organização se ocupa da coleta de seus produtos usados,
danificados ou ultrapassados, embalagens e/ou outros resíduos finais gerados
pelos seus produtos”.
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CAPÍTULO II
Processos de Logística Reversa
2.1 – Ciclos Logísticos
O ciclo logístico passa por algumas etapas até chegar ao processo de
logística reversa, inicia com concepção de novos produtos e as empresas se
organização para utilizar a matéria-prima que será utilizada na composição do
produto; passa pelo processo de procurement (compra de matérias-primas
mais adequadas ao processo de produção); produção do produto e termina
com a distribuição física do produto ao mercado.
Após este processo do ciclo logístico, o suporte de pós-venda, entra o
processo de logística reversa, pois é quando inicia a coleta e recuperação dos
produtos inutilizados; passam pela renovação, os componentes que não
puderam ser recuperados ou renovados são descartados.
A quantidade de produtos que hoje precisam ser recuperados
aumentou, em virtudes de alguns fatores, tais como tecnológicos, novos
modelos, moda dentre outros, teve também um aumento significativo o número
de produtos destinados ao ciclo para destinação final em depósito de lixo.
2.2 - Recolhimento
Esta atividade deve ser integrada entre o usuário, requisitante e o
órgão de suprimento de material da empresa. O recolhimento de material
deverá ser acompanhado de documentação de fornecimento e deve constar a
indicação da devolução quando for direcionada ao almoxarifado.
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Para facilitar o processo de devolução do material no momento do
recolhimento, seria imprescindível que na documentação estivesse indicado o
número e o item ao que se refere à devolução.
O recolhimento é feito de maneira selecionada, pois alguns produtos
retornam ao ponto de venda ou ao fornecedor por inúmeros motivos. São eles,
prazo de expirado, erro de processamento do pedido, defeito, avarias de
transporte, problemas na estocagem, politicas de marketing e/ou garantias.
Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes tem a
responsabilidade de implementar o sistema de logística reversa, quando se
trata do retorno dos produtos após utilização do consumidor final, independe
do serviço público de limpeza e o manejo dos resíduos sólidos. Esta politica de
recolhimento pode ser aplicada aos pneus, óleos lubrificantes, embalagens e
seus resíduos, lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e luz
mista, produtos eletroeletrônicos e seus componentes, embalagens metálicas,
plásticas ou de vidro, dentre outros produtos e embalagens, levando em
consideração o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio
ambiente dos resíduos gerados.
A implantação de caixas de coletas de material fora de uso em pontos
estratégicos é fundamental para um recolhimento adequado e diferenciado,
tais como as pilhas e baterias.
2.2.1 – Retorno comercial não contratual
Este tipo de recolhimento por parte do fornecedor junto ao consumidor
final ocorre geralmente, quando a compra é efetuada através de catálogos no
varejista ou no comércio eletrônico (internet), pois o consumidor não tem a
visualização real do produto, podendo ficar insatisfeito com o produto ou o
fornecedor pode ter entregado o que não foi o escolhido pelo mesmo ou erros
de expedição. Geralmente a recusa destes produtos ocorre no momento da
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entrega ao cliente ou dentro do prazo legal estabelecido por lei, este tipo de
retorno de produtos ao fornecedor tem diminuído consideravelmente com a
utilização de algumas ferramentas do sistema de informação de logística como
do EDI (electronic data interchange), código de barras, RFS (radio freguency
system).
2.2.2 – Retorno comercial contratual
Neste caso o recolhimento é feito de maneira acordada previamente
entre os envolvidos, ocorre nos seguintes casos;
- Produtos de vendas consignadas, ao final da prazo acordado entre as
partes, o fornecedor providencia o recolhimento dos produtos não vendidos;
- Retorno de ajuste de estoque de produtos em liquidação ou
devolução que sofreram depreciação nos valores e retornam ao mercado
secundário, com preços mais competitivos do que o mercado convencional ou
até mesmo oferecidos como ponto de estoque.
2.2.3 – Retorno por garantia/qualidade
Este processo de retorno do ponto de venda para o fornecedor, ocorre
quando os produtos apresentam defeitos gerais de fabricação e/ou montagem,
falhas no funcionamento ou quando ocorrem avarias nas embalagens que
acabam afetando o funcionamento e a qualidade do produto. Outro aspecto
que ocasiona o recolhimento de produtos é o término do prazo de validade.
2.3 – Reutilização/Reciclagem
Como o objetivo principal da logística reversa é o de atender aos
princípios de sustentabilidade ambiental, ou seja, a indústria deve
responsabilizar-se também pelo destino final dos produtos gerados, de
maneira a reduzir o impacto ambiental que os seus produtos podem causar. As
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empresas organizam canais reversos, de retorno dos materiais, com a
finalidade de conserto ou após o seu ciclo de utilização, para que seja
verificada a melhor destinação, seja por reparo, reutilização ou reciclagem.
Os produtos no processo de logística reversa passam por uma etapa
de reciclagem e voltam à cadeia até ser finalmente descartado, percorrendo o
“ciclo de vida do produto”, este processo envolve desde a escolha de materiais
a serem utilizados nos produtos e em suas embalagens e 5 que sejam
ambientalmente adequados e dentro da concepção do eco design, passa pela
manufatura que reduz consumo de materiais, energia, e produção de resíduos,
pela distribuição que busque economizar combustível e reduzir a emissão de
poluentes, fazendo com que o consumidor final tenha consciência do seu papel
dentro deste sistema sustentável.
Este processo visa recuperar materiais descartados que podem
através de suas matérias-primas recicladas serem transformadas novamente
na fabricação de novos produtos.
Vejamos algumas etapas do processo de reciclagem:
- Coleta: são coletados materiais em áreas de descartes ou
depositadas pelos consumidores finais.
- Separação: separação dos materiais por tipo (plástico, vidro, papel,
metal, etc.).
- Revalorização: materiais separados segundo a sua classificação que
serão destinados à transformação de novos produtos.
- Transformação: processamento dos materiais que irão gerar novos
produtos destinados a novos ciclos produtivos.
Segundo Leite (2003), a logística reversa é a área da logística
empresarial que visa equacionar os aspectos logísticos do retorno dos bens ao
ciclo produtivo ou de negócios por intermédio da multiplicidade de canais de
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distribuição reversos de pós–venda e de pós–consumo, agregando-lhes valor
econômico, ecológico e legal.
A regularização do descarte de embalagens já existe em alguns
países. Como no Brasil as restrições ambientais não são muito rigorosas, a
utilização de embalagens.
As empresas utilizam a logística reversa, para que retorne com
produtos do consumidor final ou ponto de vendas por alguns motivos, como
defeito dos produtos, retorna de embalagens, produtos fora de linha e até para
atender à legislação caso seja necessário. Será feita uma analise detalhada do
que realmente pode ser recuperado, reciclado, vendido ou até mesmo
descartado, caso não tenha possibilidade de retornar ao mercado.
O reaproveitamento dos materiais como matéria-prima na geração de
novos produtos é denominado reciclagem. Alguns tipos de materiais podem
ser reciclados, como por exemplo, papel, o vidro, o metal e o plástico.
Quando foi detectado que as fontes de petróleo e de outras matérias-
primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta
de espaço para a disposição de lixo e de outros dejetos na natureza, a
reciclagem difundiu-se na mídia, isso por volta do final dos anos 80. A palavra
reciclagem tem expressão vinda do inglês: recycle (re=repetir e cycle=ciclo).
Tanto no campo ambiental, como nos campos econômico e social, os
resultados da reciclagem são um tanto quanto expressivos.
A utilização da reciclagem mais racional dos recursos naturais, assim
como a reposição dos mesmos que são passiveis de reaproveitamento
contribui no aspecto econômico.
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Diversos tipos de materiais podem ser reciclados, porém são
necessários que alguns cuidados sejam tomados, pois algumas matérias
apresentam derivações que não são possíveis reciclar.
Segundo divulgado no site Ambiente Brasil, a reciclagem do papel é
tão importante quanto a sua fabricação.
O consumo de água e energia é reduzido à metade na fabricação de
uma tonelada de papel, com a utilização de papel usado.
É possível visualizar a economia de recursos naturais na produção de
papeis, com a utilização de papeis reciclados: madeira: Uma tonelada de
aparas pode substituir de 2 a 4 m3 de madeira, conforme o tipo de papel a ser
fabricado, o que se traduz em uma nova vida útil para de 15 a 30 árvores;
água: Na fabricação de uma tonelada de papel reciclado são necessários
apenas 2.000 litros de água, ao passo que, no processo tradicional, este
volume pode chegar a 100.000 litros por tonelada.
No processo de logística reversa, alguns pontos interessantes são
apresentados nas questões envolvidas ao longo do processo. Segue abaixo
estas questões referentes à logística reversa:
Vantagem ecológica - A eliminação da geração de resíduos de papel;
reciclagem das revistas e Jornais danificados; economia de recursos naturais.
Vantagem econômica - Retorno de parte dos investimentos no
momento que as revistas e jornais retornam às bancas em forma de
promoções e/ou transformam-se em papéis reciclados, voltando ao fluxo
direto; redução dos custos das matérias-primas: a pasta de aparas é mais
barata que a celulose de primeira.
Vantagem Logística - Redução na complexidade da operação: - Fluxo
de retorno pode ser feito em conjunto com o fluxo direto.
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Desvantagem Logística - Dificuldade de rastreamento das revistas e
jornais, do momento de retorno até o seu destino final (reciclagem e/ou
reaproveitamento).
Alguns aspectos visam garantir a sustentação econômica da atividade
de reciclagem, são eles:
- a demanda existente no mercado por materiais reciclados;
- os custos que envolvem o processo de reciclagem, como a coleta,
separação e revalorização do material;
- custos para transformação;
- volume para garantir economias de escala referente às quantidades de
materiais disponíveis;
- custos de transportes entre a fonte geradora e o local de reciclagem
em relação a produtos de valor agregado baixo;
- armazenagem, equipamentos de movimentação, são facilidades da
logística necessárias para o suporte operacional;
- as características e aplicações do resultado da reciclagem dos
produtos.
É de suma importância da identificação dos materiais no processo de
coleta seletiva para reciclagem, para isso foram criados alguns símbolos, veja
alguns abaixo:
Papel = azul ou o símbolo
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Plástico = vermelho ou o símbolo
Dependendo do tipo de plástico a numeração no centro do símbolo pode
varias de 1 a 7 1) PET - Polietileno Tereftalato, usado em garrafas de refrigerantes.
2) PEAD - Polietileno de Alta Densidade, consumido por fabricantes de
engradados de bebidas, baldes, tambores, autopeças e outros produtos.
3) PVC - Policloreto de Vinila, comum em tubos e conexões e garrafas
para água mineral e detergentes líquidos.
4) PEBD - Polietileno de Baixa Densidade, utilizado na fabricação de
embalagens de alimentos. Ex.; sacos de arroz ou feijão.
5) PP - Polipropileno, que compõe embalagens de massas e biscoitos,
potes de margarina, utilidades domésticas, entre outros.
6) PS - Poliestireno, utilizado na fabricação de eletrodomésticos e
copos descartáveis.
7) Outros
Metais = amarelo ou os símbolos
Aço Alumínio
23
Vidro = verde ou o símbolo
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CAPÍTULO III
Impactos Negativos no Meio Ambiente
Segundo legislação brasileira considera-se impacto ambiental qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o
bem estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV
- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V - a qualidade dos
recursos ambientais (Resolução CONAMA 001, de 23/01/1986).
Os impactos ambientais são produzidos por atividades humanas, estes
impactos também são causados pela ação produtiva por meio da indústria, da
mineração e/ou da agricultura.
Foram aprovadas leis e a estruturação das instituições, ajudaram a
reduzir e minimizar os impactos negativos no meio ambiente, a partir de
atividades humanas para a conscientização ecológica. Alguns procedimentos e
ferramentas foram criados como avaliação de riscos ambientais, que
contribuem na prevenção de riscos ambientais e licenciamento ambiental.
O descarte de produtos em aterros sanitários urbanos tem um
diferencia para cada município. Existem alguns aterros especiais onde são
recebidos resíduos específicos de indústria, hospitais, os quais precisam de
um tratamento especial. No entanto com o crescimento acelerado e
desordenado das cidades, os resíduos domésticos e indústrias nestes aterros,
acabam se tornando um problema ao invés de solução, pois cada aterro tem
sua vida útil limitada e capacidade adequada.
O ciclo de vida dos conflitos armados gera um grande impacto
ambiental negativo, devido à extração das matérias primas para a indústria de
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armamentos, a utilização e aplicação dos equipamentos, até a disposição final,
constituídas pelos resíduos atômicos, químicos e bacteriológicos. A
radioatividade contaminada pelo urânio usado nas balas dissemina câncer e
outras doenças. São outros exemplos da destrutividade e do potencial de
devastação e contaminação ambientais causados pelas atividades bélicas.
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CAPÍTULO IV
Relação da logística reversa com o meio ambiente
4.1 – Impactos Positivos
Na população, algumas empresas e governos de alguns países, já se
conscientizaram dos benefícios da logística verde, em relação ao
desenvolvimento do conceito de Responsabilidade Estendida sobre o produto
(EPR – extended product responsability), veja alguns exemplos mais comuns:
baterias para celulares, pilhas, pneus, embalagens de produtos agropecuários,
óleos, embalagens plásticas (PET, PVC, Pead), fogões, geladeiras, micro-
ondas), dentre outros.
As empresas visam à lucratividade, mediante a integração da
responsabilidade social do núcleo da estratégia empresarial e podem contribuir
com objetivos sociais e ambientais. Para aumentar a competitividade das
empresas, elas devem ir além do cumprimento das leis e investem em
tecnologias e práticas empresariais de responsabilidade social.
4.2 – Soluções Econômicas
A solução econômica é obtida em operações indústrias com o
reaproveitamento de matérias-primas secundárias, provenientes da reciclagem
ou da revalorização do bem nos canais reversos de reuso e remanufatura.
Os preços inferiores de matérias-primas recicladas ou matérias-primas
secundárias reintegradas ao ciclo produtivo geram ganhos financeiros e
econômicos de forma direta ou indireta das indústrias, pois ocorre também
27
redução no consumo de energia e investimentos na aquisição de matéria-
prima nova.
O produto reciclado que tem a condição de reutilização retorna para o
mercado com preços bem mais atraentes ao consumidor final e caso não seja
possível reaproveita-lo para uso, o mesmo é encaminhado ao desmanche para
verificar se tem condições de reutilização de partes especificas do produto que
serão reintegrados ao ciclo produtivo.
Segundo Penmam e Stock (1995), os canais de distribuição reversos
são estruturados e organizados para realizar o fluxo reverso dos materiais e
produtos e respectiva distribuição de bens de pós-consumo, visando à
obtenção de resultados financeiros compatíveis às atividades dos agentes
envolvidos na cadeia de distribuição reversa. No caso de um canal reverso de
reciclagem o objetivo econômico é a reintegração dos materiais de bens de
pós-consumo, como substitutos de matérias-primas na fabricação de outras
matérias-primas, ou ainda na fabricação de outros produtos. As principais
fontes de economia de acordo com os autores são:
- Economias obtidas com diferença de preços entre matérias-primas
primárias e matérias-primas secundárias;
- Economias obtidas na quantidade de energia elétrica, térmica e de
outras fontes de energia utilizadas nas diversas indústrias na fabricação de
seus produtos, levando em consideração que esta energia já fora despendida
na primeira fabricação do produto e/ou até na sua etapa de revalorização;
- Economia de componentes que entram na composição da matéria-
prima virgem. A substituição da matéria-prima reciclada sobre a matéria-prima
virgem gera esta economia.
- Economias obtidas pela diferença de investimento em fábricas de
matérias-primas primárias e de matérias-primas recicladas.
Com a revalorização de produtos e componentes em alguns segmentos,
torna-se possível o objetivo econômico nestes canais reversos de reciclagem.
28
4.3 – Responsabilidades Sociais
É visível a mudança comportamental do consumidor em relação ao meio
ambiente, porém isto não ocorre no meio empresarial. A minoria das empresas
se preocupa com o meio ambiente, estas por sua vez se tornam líder em seu
segmento. Estas empresas adicionam os programas de responsabilidade
social aos seus programas, utilizando como ponto positivo da sua marca diante
aos seus stakeholders (partes interessadas).
O governo, o mercado ou os acionistas impõem às empresas a
responsabilidade social com o meio ambiente.
Ao longo do tempo as empresas deverão promover melhorias nas
práticas de preservação ambiental, nos seus processos produtivos, como
aplicação de métodos, ferramentas de logística reversa e técnicas.
Há tempos atrás a sociedade já tinha a preocupação com a preservação
ambiental, mesmo assim o homem continua a destruir o ambiente, seja ele
através do alto índice de poluição e degradação ambiental.
A evolução histórica de atividades para o desenvolvimento sustentável
do planeta:
Ano Evento Origem Objetivo
1273 Primeira legislação sobre
o fumo
Reino Unido Redução do fumo.
1808 Criação do primeiro jardim
botânico no Brasil
Rio de Janeiro Melhoria das condições de
vida da população do Rio de
Janeiro.
1838 Criação de reserva
indígena por George
Catlin
Estados Unidos Preservação da vida natural.
29
1863 Publicação da obra
Homem e natureza. De
George P.Marsh
Estados Unidos Preservação da natureza;
primeiro livro sobre
conservação ambiental.
1869 O biólogo e zoólogo
alemão Ernst Haeckel
propõe o termo ecologia
Alemanha Conscientização da sociedade
sobre a preservação do meio
ambiente.
1872 Criação dos primeiros
parques nacionais do
mundo
Califórnia, Vale do
Yosemite, e
Wyoming, região do
Yellowstone –
Estados Unidos.
Preservação da natureza; os
governos estadual e nacional
de um país passam a assumir
funções de preservação,
proteção e administração de
áreas naturais.
1928 Primeiro serviço municipal
de limpeza no Brasil
Rio de Janeiro Serviço de coleta de lixo
urbano.
1937 Criação do Parque
Nacional do Itatiaia
Rio de Janeiro Preservação da natureza.
1950 Contaminação por
mercúrio da Baia de
Minamata
Minamata, Japão Contaminação por mercúrio
das águas, peixes e população
de Minamata gerado por uma
empresa química.
1962 Publicação da obra
Primavera silenciosa, de
Rachel Carson.
Estados Unidos Alerta sobre riscos de
pesticidas para o meio
ambiente.
1968 Fundação do Clube de
Roma
Roma, Itália Organização internacional
formada por lideres mundiais
para atuar como catalisadora
de mudanças globais.
1972 Publicação do relatório
Limits to growth para o
Clube de Roma
Conferência das Nações
MIT, Cambridge. MA
– Estados Unidos
Estocolmo, Suécia
Diagnostico sobre os recursos
terrestres e o processo de
degradação ambiental.
Desenvolvimento do conceito
eco desenvolvimentista e inicio
da estruturação de órgãos
30
Unidas para o Meio
Ambiente
ambientais por diversas
nações; poluir passa a ser
crime.
1973 Criação da Secretaria
Especial do Meio
Ambiente
Crise energética –
Choque do petróleo
Brasília – Brasil
Golfo Pérsico
Subordinada ao Ministério do
Interior passa a cuidar da
preservação da natureza.
Tornou-se necessário buscar
novas fontes de energia e
combustíveis.
1975 Carta de Belgrado Belgrado, Iugoslávia Estabeleceu metas para a
educação ambiental.
1977 Conferência de Tbilisi Tibilisi, Geórgia Declaração sobre educação
ambiental, princípios e
orientações.
1981 Lei 6.938, de 31 de agosto
de 1981.
Brasília, Brasil Estabelecimento da politica
nacional de meio ambiente
1983 A ONU cria a Comissão
Mundial sobre Meio
Ambiente e
Desenvolvimento
(Comissão Brundtland)
Convênio de Viena
Estados Unidos
Viena, Áustria
Propostas de novas formas de
cooperação internacional e
reformulação de questões
criticam alusivas ao meio
ambiente.
Propostas para ações de
preservação da camada de
ozônio.
1986 Primeira resolução do
Conselho Nacional do
Meio Ambiente
Brasília, Brasil Estabelece padrões para os
estudos de impacto ambiental
no país.
1987 Relatório final da
Comissão Brundtland,
Nosso futuro comum.
Estados Unidos
Diagnóstico dos problemas
ambientais globais com
propostas de desenvolvimento
econômico integrado às
questões ambientais.
31
Protocolo de Montreal
Montreal, Canadá
Interrompeu a fabricação e a
utilização de CFC
(clorofluorcarbono),
estabelecendo-se prazos para
sua substituição.
1989 Convenção da Brasília
Criação do Instituto
Brasileiro do Meio
Ambiente (IBAMA)
Basileia, Suíça
Brasília, Brasil
Estabelece regras para
deslocamento, transfronteiriço
de resíduos, ou seja, controle
de operações de importação e
exportação proibindo envios
de resíduos a países sem
estrutura técnica, legal e
administrativa para recepção e
tratamento, utilização.
Fusão do Sema, Sudepe,
Sudhevea e IBDF tendo como
objetivo a preservação
ambiental.
1992 Normas BS7750
RIO-92 (Cúpula da Terra)
– Conferência sobre meio
ambiente e
desenvolvimento
Londres, Inglaterra
Rio de Janeiro,
Brasil.
Criação de bases e padrões
para as normas Isso 14.000.
Reunião de 120 chefes de
Estado de mais de 170 países,
resultou na criação da Agenda
21 e do Tratado de Educação
Ambiental para Sociedades
Sustentáveis para discussão
das questões ambientais.
1995 Conferência para o
Desenvolvimento Social
Copenhage,
Dinamarca
Criação de ambiente
econômico, politico, social,
cultural e jurídico que
possibilite o desenvolvimento
social.
32
Conferência Mundial do
Clima
Berlim, Alemanha
1997 3ª Conferência das Partes
da Convenção sobre
Mudanças Climáticas
Kyoto, Japão Protocolo de Kyoto.
1998 Lei 9.605 – Lei sobre
crimes ambientais
Brasília, Brasil Sanções penais e
administrativas de práticas e
atividades lesivas ao meio
ambiente.
2002 Decreto 4.074/2002 – Lei
de descarte de
embalagens de
agrotóxicos
Brasília, Brasil Disposição final de
embalagens de produtos
agrotóxicos.
2010 Lei 12.305 de 2/8/2010 Brasília, Brasil Politica nacional de resíduos
sólidos.
Figura1 – Evolução histórica de atividades para o desenvolvimento sustentável
do planeta (Adaptado de MANO; PACHECO; BONELLI 2005, extraída de
Logística reversa e sustentabilidade. PEREIRA, André Luiz; et al. Logística
reversa e sustentabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012, pg 4).
4.4 – Mudanças Comportamentais do Consumidor Final
Segundo interroga Campbell (2006), por que as atividades geralmente
associadas ao termo “consumo”, como procura, compra e utilização de bens e
serviços, que atendam necessidades e satisfaçam desejos são consideradas
tão importantes? Em seguida, este mesmo autor (2006), ressalta que “a
maioria das pessoas da sociedade contemporânea consideram estas
atividades especialmente importantes ou, até mesmo, como o centro de suas
vidas” e conclui seu pensamento com a afirmação, “é bastante claro que não
era assim que ocorria em épocas passadas”.
33
Como o poder de consumo vem aumentado compulsivamente, o que
acaba por gerar consequências ambientais negativas, no entanto alguns
consumidores conscientes passaram a exigir mais transparência para
empresas e indústrias em relação à procedência dos seus produtos e critérios
adotados na realização de seus serviços.
O movimento de consumidores que passaram a questionar as empresas
sobre a produção, comunicação em massa, técnicas de marketing, a
periculosidade dos produtos comercializados, assim como a qualidade dos
mesmos e das informações fornecidas, este movimento é conhecido como
consumerismo.
Este movimento tem gerado alguns questionamentos, pois para algumas
empresas os consumeristas seriam contra o capitalismo e o consumo, porém a
cobrança é em relação à transparência entre as empresas e consumidores,
buscando estabelecer também direito dos consumidores em exigir produtos de
fabricantes que tenham comprometimento com o bem estar da sociedade.
Uma classe de consumidores esta surgindo através deste movimento e
entendem que podem interferir através do consumo nas ações das empresas,
por exemplo, no momento de uma compra, o consumidor prefere um produto
de uma empresa de procedência que estabeleceu critérios ambientais aos
produtos de uma empresa poluidora, praticando assim o consumo consciente,
ou o chamado, consumo verde.
De acordo com Starke (1991, p.89), “a mudança de comportamento dos
consumidores tem atraído a atenção de um número crescente de empresas,
que estão descobrindo as vantagens estratégicas do marketing ecológico”.
O consumidor consciente é conceituado na prática do marketing como
consumidor verde, pois o mesmo é mais esclarecido em relação ao consumo e
34
a sustentabilidade e a importância de seu papel de compra e o reflexo das
ações nas empresas.
O processo de educação para desenvolver a conscientização das
pessoas em relação às questões ambientais é importante, pois precisam ter
comportamento proativo, visando os benefícios na qualidade de vida delas,
pessoas próximas e seus familiares.
O consumidor tem mais conhecimento a respeito do impacto negativo,
que as empresas e os indivíduos têm causado, devido à falta de
responsabilidade através de maus tratos ao meio ambiente. Com isso tem
aumentado a preocupação do consumidor em trabalhar a reversão que
viabilizará o desenvolvimento sustentável futuramente.
A redução do impacto ao meio ambiente ocorrerá através da
conscientização do consumidor, o que acarretará modificação em relação ao
preço e à qualidade dos produtos e organizações.
35
CAPÍTULO V
Empresas no Brasil que se destacaram com
aplicabilidade da logística reversa
Como os consumidores estão mais exigentes em relação à preservação
do meio ambiente, as empresas por sua vez tendem a se adequar a estas
solicitações para que tornem competitivas no mercado.
Vamos citar algumas empresas que se destacaram no mercado com a
aplicabilidade da logística reversa, visando à preservação do meio ambiente.
Natura
A empresa tem o Projeto Reciclagem de Produtos Natura que tem por
objetivo incentivar as consultoras da Natura a diminuir o impacto ambiente,
com a reciclagem das embalagens e favorecendo também as cooperativas de
catadores de lixo.
- as consultoras recolhem as embalagens vazias dos produtos Natura de
seus clientes;
- entregam estas embalagens a mesma transportadora que faz a
entrega das caixas de seus pedidos;
- as transportadoras encaminham o material às cooperativas parceiras
de catadores, que pesam , separam, descaracterizam e vendem os materiais
para a indústria de reciclagem;
- então os resíduos são transformados em novos materiais que voltam
ao mercado.
36
Coca-Cola
Trabalha para que as embalagens descartáveis não sejam vistas como
desperdício e sim com valores reaproveitáveis, incentivando ao consumidor a
consciência ambiental, promovendo a recuperação de embalagens
descartáveis e fomenta sua reutilização.
A empresa inclusive desenvolveu um programa para estimular a
reciclagem de embalagens recicláveis por meio das cooperativas de catadores,
então se criou o Programa “RECICLOU, GANHOU”, que é dividido em 3
etapas, são elas:
1) Gestão de cooperativas; 2) Infraestrutura com cessão de equipamentos em comodato (prensa,
balança, elevadores, caminhões); 3) Monitoramento mediante o acompanhamento dos resultados e das
metas das cooperativas.
Com este programa, hoje várias famílias brasileiras tiram desta atividade
sua fonte de renda e que contribuem para uma sociedade mais consciente em
relação à preservação do meio ambiente através da reciclagem.
Pirelli
O Grupo Pirelli possui um sistema de Gestão de Sustentabilidade bem
avançado, permitindo gerenciar com qualidade os impactos econômicos,
sociais e ambientais ligados aos processos produtivos, produtos e serviço.
Como é signatária desde 2004 do Pacto Global das Nações Unidas, teve o
modelo de sustentabilidade adotado pelo Grupo.
37
O compromisso da empresa é reafirmado por meio dos seguintes
documentos: Código Ético, Política de Igualdade de Oportunidades, Política de
Qualidade e Política sobre responsabilidade social na Saúde, Segurança e
Direitos no Trabalho e Meio Ambiente, além das certificações da ISO 14001,
OHSAS 18001 e ISO 9001, ISO/TS 16949 em todas as fábricas do Brasil.
Como o Grupo tem preocupação com destino dos pneus inservíveis,
atende a resolução ambiental416/09 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), que trata da devida coleta e destinação do produto inutilizado.
O Grupo Pirelli faz parte da Reciclanip, entidade responsável pelo
gerenciamento do destino correto dos pneus.
Os pneus recolhidos pela Reciclanip ou os levados pelos borracheiros,
recapadores ou descartados voluntariamente pelos cidadãos, são levados aos
pontos de coleta disponibilizados e administrados pelas prefeituras municipais.
A Reciclanip fica responsável por toda a gestão da logística de retirada dos
pneus inservíveis do Ponto de Coleta e pela destinação ambientalmente
adequada desse material em empresas destinadoras licenciadas pelos órgãos
ambientais competentes e homologados pelo IBAMA. No primeiro semestre de
2011, a Reciclanip já contava com mais de 650 pontos de coleta, em todo o
Brasil.
Após o recolhimento e analisado, os pneus podem ser reaproveitados
com o combustível alternativo para indústrias de cimento (64% dos pneus
recolhidos), os 36% são destinados à produção de asfalto de borracha,
solados de sapato, borrachas de vedação, dutos pluviais, pisos industriais e
tapetes para automóveis, reaproveitamento este aprovado pelo Instituo
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais.
38
CONCLUSÃO
A logística reversa atualmente é muito mais que um conceito ou uma
disciplina, ela deve ser considerada como um dos tópicos a serem resolvidos
na administração moderna, sob o qual se analisa o impacto ambiente gerado
pela ação produtiva das empresas.
A dimensão da questão ambiental no setor produtivo do mundo
contemporâneo, rapidamente se transformou em iniciativas pelas quais a
necessidade de entender os processos produtivos e o fluxo reverso ganhou
destaque entre as discussões internas e externas das organizações.
As empresas devem ser socialmente justas e ambientalmente
responsáveis e que seus produtos devem ser concebidos a partir do ciclo de
vida de cada um deles. Cabe a elas, por meio da logística reversa,
estabelecerem sua responsabilidade pelo produto inicialmente ou, ainda, em
visão mais abrangente o retorno deste produto, envolvendo a sociedade, o
meio ambiente e os produtos.
No âmbito internacional as empresas já se mobilizavam em relação a
este conceito, porém no Brasil a logística reversa ainda é um pouco tímida,
mais os avanços e a articulação entre sociedade, governo e empresários estão
caminhando para um cenário de desenvolvimento sustentável que foi proposto
na Eco – Rio 92.
É necessário entender que é possível aliar desenvolvimento com
preservação ambiental, bastando para isso iniciativas como as citadas neste
trabalho pelas empresas que se destacaram pela aplicabilidade da logística
reversa em suas organizações.
39
O planeta Terra dá mostras explicitas de que precisa de ajuda. As
organizações podem contribuir desenvolvendo um bom programa de logística
reversa eficiente, ao mesmo tempo gerar negócios a partir da implantação de
programas de recuperação de produtos e concretizando propostas de
reciclagem buscando produzir produtos ambientalmente corretos, contribuindo
assim para uma boa gestão ambiental.
40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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41
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STARKE, Linda. Lutando por nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1991.
42
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Logística Reversa 09
1.1 – Conceito e fundamentos 10
1.2 – Tipos de sistemas logísticos reversos 13
CAPÍTULO II - Processos de Logística Reversa 15
2.1 – Ciclos Logísticos 15
2.2 – Recolhimento 15
2.2.1 – Retorno Comercial não Contratual 16
2.2.2 – Retorno Comercial Contratual 17
2.2.3 – Retorno por garantia/qualidade 17
2.3 – Reutilização/Reciclagem 17
CAPÍTULO III - Impactos Negativos no Meio Ambiente 24 CAPÍTULO IV - Relação da Logística Reversa com o Meio Ambiente 26
4.1 – Impactos Positivos 26
4.2 – Soluções Econômicas 26
4.3 – Responsabilidades Sociais 28
4.4 – Mudanças Comportamentais do Consumidor Final 32
CAPÍTULO V - Empresas no Brasil que se destacaram com a Aplicabilidade da
Logística Reversa 35
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 42