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LIVRO PRESERVA A MEMÓRIA DA BOA MORTE (Pág.3) EDIÇÃO ESPECIAL ARGENTINA Alunos de Jornalismo da UFRB conhecem Buenos Aires Em viagem de estudos que os levou à capital porteña, estudantes do cur- so de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia tive- ram a oportunidade de não apenas conhecer e viver o dia a dia desta grande metrópole sulamericana, mas trazer de lá histórias, relatos e aná- lises bastante interessantes. Como os protestos populares pela morte de um sindicalista; as peculiaridades do bairro San Telmo, um dos mais tra- dicionais e charmosos da cidade; o funcionamento do jornal Clarin, um dos maiores em circulação na Améri- ca Latina e uma análise sobre como fica o kirchnerismo após a morte do seu ex-presidente. Confira isso e muito mais nas páginas 6, 7, 8, 9, 10, 11 Santo Antônio de Jesus também tem sua feira de roupas e variedades (pag. 4) Fábrica de biscoitos gera empregos em Mutuípe (pag. 4) O sorriso do cachoeirano em um ensaio especial (pag. 5) Izana Pereira Jana cambuí Rafaela Barreto

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LIVRO PRESERVA A MEMÓRIA DA BOA MORTE (Pág.3)

EDIÇÃO ESPECIAL ARGENTINAAlunos de Jornalismo da UFRB

conhecem Buenos AiresEm viagem de estudos que os levou à capital porteña, estudantes do cur-so de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia tive-ram a oportunidade de não apenas conhecer e viver o dia a dia desta grande metrópole sulamericana, mas trazer de lá histórias, relatos e aná-lises bastante interessantes. Como os protestos populares pela morte de um sindicalista; as peculiaridades do bairro San Telmo, um dos mais tra-dicionais e charmosos da cidade; o funcionamento do jornal Clarin, um dos maiores em circulação na Améri-ca Latina e uma análise sobre como fica o kirchnerismo após a morte do seu ex-presidente.

Confira isso e muito mais nas páginas 6, 7, 8, 9, 10, 11

Santo Antônio de Jesus também tem sua feira de roupas e variedades (pag. 4)

Fábrica de biscoitos gera empregos em

Mutuípe (pag. 4)

O sorriso do cachoeirano em um ensaio especial (pag. 5)

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Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif

Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo

Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas

Redação: Izana Pereira

Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL)Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189

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INEDITORIAL

CARTA AO LEITOR

Chega o final do semestre, final do ano, hora da gente refletir sobre o que foi feito, o que cumprimos daquilo que foi planejado e o que projetaremos, a partir disso tudo, para o ano que chega, sempre novo, como promessas a serem feitas.

Aqui na redação do Reverso a gente também faz o nosso balanço e, felizes, concluímos que, se de fato a missão principal deste jornal laboratório é oferecer oportunidade para que futuros repórteres, fotojornalistas, redatores e edi-tores deste veículo tão difícil quanto relevante e apaixonante que é o periódico impresso exerçam na prática aquilo que vão desempenhar daqui há pouco no campo profissional - bem, então a missão está mesmo cumprida.

Mais que isso, até. Porque temos consciência de que, neste contexto, não basta ensinar Jornalismo Impresso

Não é suficiente passar aos alunos-repórteres as téc-nicas, estratégias narrativas e iniciativas editoriais em bus-ca de uma boa pauta, um trabalho decente de apuração e um texto final limpo, objetivo mas interessante, socialmente interessante.

Não é suficiente orientá-los para a prática de uma boa redação, que esteja de acordo com as expectativas e ho-rizontes de interesse do seu público-leitor, sem descuidar de um estilo que preserve as características e peculiaridades de uma língua regional.

Não é suficiente incentivar à pesquisa, imputar a éti-ca profissional e fomentar os talentos e habilidades indivi-duais em busca daquele repórter-editor com faro para a no-tícia, que logo vai nos dar aquela manchete a ser comentada na mesa do café da manhã.

Não. Além de tudo isso, com os prazos apertados nos nossos calcanhares, ainda é preciso ousar, atrever-se e, por-tanto, expor-se às críticas. Errando, acertando, mas sobre-tudo aprendendo. E sendo lido e comentado, no processo.

E isso a equipe do Reverso tem sabido fazer com ma-estria surpreendente para uma garotada do quarto semestre!

Boa leitura!

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BRASIL E ARGENTINA – Contrastes & Convergências

Durante o mês de outu-bro tive oportunidade de conhecer a capital argentina, Buenos Aires, nessa estada vivenciei o quanto contrasta a cultura política argentina da brasileira. Sâo caracte-rísticas fortes da população argentina a postura critica diante dos acontecimentos, uma forte capacidade de ar-ticulação e mobilização da sociedade civil organizada, presenciei por exemplo o manifesto contra dirigentes de sindicatos ferroviários da-quele país intitulado pelos manifestantes de “La buro-cracia sindical” , acusada de assassinar Mariano Ferreyra, militante da União da Juven-tude para o Socialismo (UJS) del Partido Obrero (PO).

Ao mesmo tempo em que essa população mantém uma postura crítica, ao povo ar-gentino é reservado um pa-triotismo imbuído de emo-

ção muito singular a cultura política argentina.

Foi nesse contexto de fra-gilidade e tensão política que a Argentina perdeu o presi-dente Nestor Kirchner aos 25 dias do mês de outubro deste ano, uma notícia que chocou o país. Desde que a morte de Kirchner foi anun-ciada, milhares de pessoas começaram a se dirigir até a Casa Rosada – sede do go-verno argentino para se des-pedir do ex-presidente.

A morte do ex-presidente Nestor Kirchner altera com-pletamente o quadro político da Argentina. Ele era o pré-candidato à presidência da República na eleição do ano que vem numa alternância combinada com sua mulher, a presidente Cristina Kir-chner. Muito diferente do Brasil do qual pela legisla-ção vigente não é permitido sucessão a cargos eletivos do executivo por parentes de primeiro grau. Por outro lado, o presidente Lula ele-

geu sua pupila Dilma Rouse-ff (PT) com maior facilidade do que Cristina teria para de-volver a faixa presidencial ao seu marido.

Nas questões de governo o executivo argentino está mais adiantado na criação de marcos regulatórios para a mídia e conseqüentemente o controle social dos veícu-los de comunicação. Por la, a guerra entre imprensa e governo é declarada, fontes oficiais não falam para a im-prensa e esta não deixa bara-to contra o governo nos edi-toriais do “Clarin diário” e do “La Nacion”. Como será o governo de Cristina sem ele é uma incógnita porque apesar de ela ter feito uma carreira política prévia ela se deixou ofuscar pela forte presença de Nestor nos bastidores do governo

Nas questões sociais mais polêmicas a sociedade civil argentina também apresenta uma postura mais progressis-ta do que a brasileira, lá por exemplo é permitida a união civil por pessoas do mesmo sexo e o congresso está mui-to próximo de aprovar a re-gulamentação do aborto na-quele país. Na burocracia e na paixão pelo futebol Brasil e Argentina se assemelham bastante, contudo os argenti-nos têm evitado por motivos desconhecidos fazer compa-rações das seleções de futebol dos dois países.

O aluno Renato Luz, ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e dos colegas de curso de Jornalismo da UFRB Diogo, Izana e Priscila

* Renato Luz

*Renato Luz é discente do VI período de Jornalismo da UFRB e estagiário em cons-trução de redes sociais do projeto Pedra do Cavalo.

Robério Marcelo

Ex-pensionistas, Graças a Deus!O termo vida de pensão já demonstra mudança e, para realidade dos estudantes de Cachoeira, não é diferente

Antes da chegada da uni-versidade à Cachoeira, a pensionista Rosa Alexandri-na, de 71 anos, recebia mui-tos agentes de banco e turis-

tas, mas depois da instalação do campus da UFRB passou a lidar com muitos estudan-tes. “Não me programei, os alunos foram me procuran-do. Tenho eles como filhos e netos, cuido da alimentação e da limpeza da casa. A única

coisa que complica são os horários”, contou.

Para os estudan-tes, passar no vestibu-lar, mudar de cidade e perder o conforto de casa. Organizar roupa, comida e outros afaze-res domésticos fazem com que a primeira op-ção seja, mesmo, mo-rar num pensionato. Em Cachoeira, se co-bra uma média de R$ 400,00 mensais, com direito a três refeições e uma casa arrumada. O que, segundo alguns ex-moradores, nem sem-

pre acontece. Incidentes com comida estragada e re-gras desnecessárias fizeram com que a melhor saída fosse alugar uma casa com mais al-guns amigos.

Josenildo Júnior, 18 anos, saiu da cidade de Alagoi-nhas e instalou- se em um

dos pensionatos da cidade. Suas maiores queixas dizem respeito ao tipo de postu-ra do pensionista que o acolheu, queixando-se de regras que não existiam quando morava em casa, falta de opções nas refeições e um valor que consi-dera exorbitante. A solução encontrada foi dividir uma casa com mais três colegas. “Facilitou muito, diminuiu os custos, a liberdade é maior e a casa tem mais conforto”, disse.

Para Michele Barros, 19 anos, “a maior dificuldade foi conviver com tantas pessoas diferentes. Sou filha única e passei a dividir quarto com mais três e banheiro com 10. A distância me fez amadu-

recer. O item domestico que mais sento falta é a maquina de lavar”, confessou.

Já Daniel Souza, 21 anos, conta com bom hu-mor e grande apego à dona da pensão em que vive há dois anos. “Acho horrível a distância, sin-to falta do convívio com a família, com os amigos próximos e prefiro morar em pensão, pois acho mais barato”, concluiu.

Texto de Laís de Oliveira

Suely Alves

Livro faz registro da Festa da Boa MorteO programa Cadernos do IPAC foi o responsável pelo livro sobre a irmandade

O Governo do Estado da Bahia e a Secretaria de Cul-tura, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cul-tural da Bahia (IPAC) e Fun-dação Pedro Calmon lança-ram em Cachoeira, no dia 10 de novembro último, um livro e o videodocumentário Festa da Boa Morte.

A mesa de abertura con-tou com a presença do se-cretário de Cultura Márcio

Meirelles, o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça, a irmã da Boa Morte Narci-sa da Conceição, conhecida como irmã Filhinha e o se-cretário de Cultura e Turis-mo do município, Lourival Trindade, que parabenizou a Secult pela inciativa.

Meirelles destacou a im-portância do registro de cul-turas e identidades tradicio-nais como a Irmandade da Boa Morte. Segundo ele, “a Bahia é de uma pluralidade enorme e riqueza incrível

Suely Alves

Taia

ne N

azar

é de histórias e identidades. É preciso fomento para que es-sas coisas continuem de uma forma saudável, livre e inde-pendente do estado, mas ne-cessária para a sociedade”.

Participram também o diretor da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro, o diretor da TVE Póla Ribeiro, e representantes da Secult, Instituto do Patrimônio His-tórico e Artístico Nacional (IPHAN), Câmara de Vere-adores, UFRB, estudantes e sociedade civil.

Texto de Lorena Morais

A Irmandade da Boa Morte existe a mais de 200 anos e foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia este ano

O convívio em uma pensão requer organização e bom humor

Cuidar da casa e fazer a própria comida, mui-tas vezes, é um desafio

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O sorriso do cachoeiranoA proposta do ensaio fotográfico foi mostrar a essência do cachoeirano, o seu sorisso. Alguns médicos afirmam que o sorisso faz bem à saúde, algumas pessoas o associam à inocência de uma criança. E na Cidade Heróica, que é um berço de multiculturalidades e de uma miscigenação herdada da pre-sença de africanos e afro-descendentes em interação com europeus , não é diferente.O Cachoeirano tem um sorisso especial, carregado de signicado, o sorisso de quem luta e nem se dá conta de que está sorindo.

Por Laís Oliveira

A feira que tudo dáCom 50 anos de existência, a feira livre de Santo Antônio

de Jesus é uma grande atração

Organizada onde antes era uma propriedade particular, antigas ter-ras de uma fazenda, ela hoje ocupa grande espaço do centro da cidade, perto da área mais tradiconal do co-mércio local. Dividida por setores, oferece diferentes produtos, entre hortifruti, carnes, farinha, um pouco de artesanato (palhas e couros) e até mesmo roupas, calçados, artigos de cama, mesa e banho, acessórios, cds e dvds .

Apesar dos setores divididos por galpões, pode-se encontrar, ao lado de uma enorme variedade de pro-dutos expostos (com algumas bar-racas de frutas em meio às de calça-

Lais Martinsdos, por exemplo), diversos bares e pequenos restaurantes, com banhei-ros públicos.

Mas o grande atrativo da feira são mesmo os preços, principalmente das roupas e dos calçados. São cami-setas, vestidos, jeans e roupas infan-tis com um preços bastante em conta e com direito a pechinchar. Um de-talhe: as peças são de qualidade.

Enfim, depois de passar o dia es-colhendo as melhores frutas, carnes, experimentar roupas e calçados, ain-da se pode passar na seção de aces-sórios para buscar vários modelos de bolsas, cintos e bonés. Na feira li-vre de Santo Antônio, se encontra de tudo, o local certo para aquele dia de compras e muito papo com as pes-soas da cidade.

Texto de Larissa Araújo

Fábrica de biscoitos gera emprego na região de Mutuípe

Cidade pequena, Mutuípe tem na fábrica de biscoitos Flor do Vale, localizada na estrada que liga o mu-nicípio a Amargosa, uma das suas maiores fontes de emprego. Com 26 anos de existência, conta atualmen-te com 90 funcionários, produzindo mais de quatro toneladas de biscoi-tos por dia. Eles trabalham desde a produção inicial, empacotamento e transporte particular.

As máquinas, principalmente as de produção contínua, substituem o tra-balho humano, mas para manipulá-las são necessárias 17 pessoas. Caso o trabalho fosse manual, a quantidade de pessoas aumentaria significativa-mente, mas o trabalho seria realizado de maneira mais lenta.

Texto de Monalisa Leal MeloContudo, segun-

do Zenilda Santos Elesbão, funcioná-ria financeira, a fá-brica possui setores que estão precisan-do de novos funcio-nários. Há pouco mais de três meses foi construído um salão dentro da fá-brica, onde vem acontecendo reuni-ões, eventos e pa-lestras para os fun-cionários. Nestas oportunidades, são abordados diversos temas ligados prin-cipalmente ao tra-balho desenvolvido na unidade, como higiene e segurança.

Jana Cambuí

A fábrica de biscoitos é um dos grandes empregadores de Mutuípe

As roupas vendidas na feira de Santo Antonio de Jesus têm preços realmente atrativos

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Buenos dias, Buenos Aires!A valorização do real e as vantagens de acesso entre os países do Mercosul tornam cada vez mais fácil viagens

para países vizinhos. Mas para que sua viagem seja tranquila é preciso ficar atento a algumas dicas.

Identidade

Se você vai à capital da Argen-tina e ainda não tem passaporte, certifique-se de que a sua carteira de identidade esteja em bom es-tado. É imprescindível que tenha até 10 anos de emissão e que você possa ser facilmente identificado na fotografia. Se tudo estiver cor-reto, você receberá um documento que lhe permitirá permanecer por um determinado período no país, guarde-o com cui-dado, ele será ne-cessário no momen-to em que for deixar o país.

Ônibus, golpes, táxis e notas falsas

Ao sair para co-nhecer os diversos pontos turísticos da cidade você pode optar por ir a pé aos locais mais pró-ximos, de metrô e de ônibus. Tenha sempre em mãos uma quantia em moedas, elas serão indispensáveis se a sua opção for o ôni-bus. Dentro de cada coletivo existe uma máquina em que se

coloca o valor da passagem em mo-edas e retira o troco, notas não são aceitas.

Nas ruas de grande comércio, como a Florida, a circulação de pessoas é enorme e a panfletagem também. Bastante atenção quando for abordado por alguém, descon-fie de cartões e convites para inau-guração de bares, nesses casos é melhor não acompanhar a pessoa que te abordou. Você pode ser víti-ma de um golpe e perder dinheiro. Além disso, é preciso tomar muito cuidado ao tomar um táxi, é reco-mendado que não pague com nota

Larissa Araújode 100 pesos, existe o risco de rece-ber o troco em notas falsas. A

cotação do peso está em torno de R$ 0,46.

Casas de câmbio e cartões de crédito

Quando chegar ao país, prefira trocar dinheiro nas casas de câm-bio do aeroporto. O banco La Na-ción também é uma boa opção, lá eles têm os melhores valores. Mas se já está na cidade, prefira as casas de câmbio da Avenida Corrientes, certificando-se sempre da cotação

da moeda antes de fazer a troca.

Efetuar pagamentos com o cartão de crédito pode ser um pouco com-plicado. Antes de qual-quer coisa, o cartão preci-sa ser internacional e estar habilitado para o uso des-sa função, isso pode ser feito no seu banco, antes de viajar. Os cartões que têm a dupla função de dé-bito e de crédito podem não funcionar, para evitar constrangimentos, tenha sempre dinheiro em mãos. Você pode sacar dinheiro nos bancos da cidade.

Ligação internacional

É possível usar o seu te-lefone celular normalmen-te, basta habilitá-lo para isto contatando a sua ope-radora. Uma outra manei-ra de fazer ligações locais e internacionais é compran-do cartão telefônico. Com uma “tarjeta”, que custa10 pesos, é possível falar por até 30 minutos usando qualquer aparelho telefô-nico. Além dessas opções, é possível também ir ao lo-cutório mais próximo, em cada cabine existe um con-tador em pesos e minu-tos para que você já saiba exatamente quanto pagará pela ligação.

Laís Martins

Jana Cambuí

Rafaela Barreto

Taiane Nazaré

Flagrante da movimentada Avenida 9 de Julio, no centro

Artistas ganham a vida tocando nas calçadas da Calle Florida O sistema de tranporte público de Buenos Aires é eficiente No centro da cidade, o táxi é a melhor opção, além do metrô

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Nos bastidores da notíciaEstudantes de Jornalismo da UFRB visitam jornal de maior circulação na Argentina

Alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôn-cavo da Bahia (UFRB) visitaram a sede o jornal Clarín, impresso de maior circulação em Buenos Aires, que vende cerca de 400.000 exem-plares por dia.

Os estudantes foram acompa-nhados pelo coordenador do cur-so, professor Robério Marcelo, e guiados por Julieta Casini e Mi-guel Wiñazki, que trabalham nas editorias do jornal e os levaram a conhecer desde a sala de reuniões e definição de pautas ao setor de diagramação. Wiñazki, que é chefe de capacitação e editor de mídias do Clarín, explicou que o jornal ar-gentino tem cerca de 600 jornalis-tas que trabalham 12 horas por dia para fechar o jornal às quatro horas da tarde.

O editor da seção de fotojornalis-mo do Clarín, Roberto Pera, infor-

mou que “apesar do impacto que a TV causa na divulgação da informa-Texto de Taiane Nazaré

ção, o impresso é o que ganha des-taque em Buenos Aires”. Mesmo com o desenvol-vimento do jornal online, ele reco-nhece que o des-tino do impresso será a internet, mas acredita que o processo de substituição será demorado. No Clarín, o fotojor-nalista trabalha há 17 anos e sem a formação pro-fissional, mas confessa que o diploma tem a sua importância, sim, ressaltando a necessidade das

teorias estudadas na universidade

e que fazem parte da formação de

um jornalista. Para ele, contudo, a experiência do trabalho foi o que consolidou a carreira.

Ele conta, ainda, trabalho no Bra-sil entre os anos de 1985 e 1987, pe-ríodo do governo Sarney, na revista semanal Isto é. Sobre a relação da imprensa dos dois países durante as respectivas ditaduras militares, Pera, diz que, comparado à Argen-tina, “era mais fácil fazer jornalismo no Brasil, apesar da ditadura, pois no Brasil existia a censura prévia e antes de publicar uma notícia o go-verno a liberava ou não. Já na Ar-gentina, o jornalista que publicas-se uma notícia que não atendia às necessidades do governo era mor-to ou desaparecia”. Com relação à qualidade dos jornais impressos brasileiros, comenta que os locais têm um bom padrão de qualidade, além daqueles que mais circulam por todo o país, como Folha de São Paulo e o Estadão.

Para todo estudante de jorna-lismo é curioso o funcionamento

e agitação de um jornal impresso. No terceiro ano do curso, Renato Luz, diz que desde o início queria atuar no impresso. Hoje, já escreve em dois jornais da região e edita um boletim do Instituto no qual trabalha. “O legal de entrar em um jornal como o Clarín é ab-sorver o máximo de conteúdo que os ex-perientes jornalistas podem nos trans-mitir além de poder aprender um pouco do contexto político midiático daquele país”, afirma o estu-dante.

Morte de jovem sindicalista causa onda de protestos em Buenos Aires

O jovem militante Ma-riano Ferreyra de 23 anos do Partido Operário (PO), morreu na quarta-feira dia 20 de outubro em um con-fronto de sindicatos na lo-calidade de Avellaneda. Funcionários terceirizados da Ferrocaril Roca queriam

interromper a linha de trem General Roca, no sul da ca-pital, uma das rotas da em-presa, para reivindicar a de-missão de 117 funcionários e lutar pela reincorporação deles. Entraram em embate com funcionários filiados da União Operária – que se opõem a contratação de funcionários terceirizados - a luta resultou na morte

de Mariano e mais dois fe-ridos, Elsa Rodríguez e Nel-son Aguirre.

O presidente da união ferroviária, José Pedrazza, reconhece a participação dos sindicalistas no emba-te físico, mas nega que eles sejam os responsáveis pelos disparos que le-varam a morte de Mariano. A luta é histórica entre pe-ronistas e outros es-querdistas quanto a maior liberdade sindical no gover-no, acusam o Hugo Moyano, secretá-rio geral da confe-deração geral do trabalho (CGT) de proclamar a violên-cia sindical e man-ter privilégios para eles.

Em apenas um dia após

o incidente, o PO conseguiu chamar milhares de pes-soas as ruas de Buenos Ai-res para protestar a morte de Mariano, foram faixas, cartazes, panfletos e muita emoção no palanque, onde

militantes criticavam a ação da polícia, que segundo eles não ajudou como de-via no embate e permitiu que pessoas fossem feridas e mortas. Aproveitando o ensejo de toda a manifes-tação a presidente Cristina Kirchner também foi alvo de críticas. Ela, por sua vez, condenou o fato ocorrido dizendo que dará todo o apoio as investigações e dis-se “as imagens da imprensa devem ser incansavelmente assistidas, para se achar os culpados”.

No meio de acusações e inúmeras especulações os embates trabalhistas são substituídos pelos grandes tubarões da política. O pre-feito da província de Buenos Aires, Maurício Macri acusa o governo Kirchner de impru-

dência e o g o v e r n o responde com repúdio as acusações da oposição. José Pedrazza ain-da afirmou que os funcioná-rios filiados da União Operá-

ria estavam na defesa de seus empregos por que em situa-ções semelhantes eles foram responsabilizados.

Durante a manifestação toda Buenos Aires sofreu com as paradas, rotas de ônibus foram desviadas das princi-pais avenidas da cidade, os funcionários do metrô foram mobilizados, a empresa fer-roviária Belgrano interrom-peu serviços na meia-noite de quinta-feira, todos atenden-do ao chamado da Central de Trabalhadores Argenti-nos (CTA). Os manifestantes agruparam-se em frente a casa rosada, na praça de maio, além de professores, alunos e simpatizantes das causas tra-balhistas e operárias, milha-res estavam reunidos numa grande movimentação social e apoio aos sindicalistas.

Texto de Raquel Pimentel

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É agitado o ritmo de trabalho daqueles profissionais que lutam contra o tempo no fechamento das notícias do dia

A bem equipada redação do Clarin, um dos maiores jornais em circulação da Argentina

Militantes do Partido Obrero, uma espécie de PT argentino

Os estudantes universitários também foram às ruas, protestar

Buenos Aires tem longa tradição neste tipo de manifestação popula

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Como fica o Kirchnerismo agora?

A atual presidente do país, Cristina Fernández de Kirchner eleita no primeiro turno em outubro de 2007 mantém características do governo anterior, o de seu falecido esposo, em ques-tões administrativas. Como por exemplo, priorizar as relações com a Venezuela e a Bolívia e manter a briga com o Uruguai sobre a fá-brica de celulose no rio Uru-guai na fronteira entre os dois países (problema já so-lucionado na corte de Haia na Holanda que decidiu por uma fiscalização bilateral no monitoramento ambiental da fábrica).

Sua política interna de controle da divulgação dos índices inflacionários no país regula uma maior mo-vimentação social. Cristina tem o apoio de Hugo Moya-no, presidente da Confe-deração Geral do Trabalho (CGT).

A inflação em Buenos Ai-res ainda é alta, comparando os preços com o Brasil uma garrafa de coca-cola de 600 ml custa em torno de dois reais, em Buenos Aires não se encontra valendo menos que 12 pesos, ou seja, seis reais pela mesma coca-cola.

Sua política externa vem sendo melhorada colocando a Argentina em assuntos de seu interesse como as ques-tões de hidrelétricas, devido a sua dependência de países como a Bolívia, a Venezue-

la e até do Brasil. A fim de sair da crise de abastecimen-to elétrico que tomou conta do país em 2007, Cristina realizou um plano de racio-nalização do uso da energia elétrica no país. Também em seu mandato foi aprovada a lei 26.522, lei de radiodifu-são, que proíbe a formação de monopólios e oligopólios dos meios de comunicação, agora para cada empresa há 10 licenças e não mais 24.

A crise no kirchnerismo iniciou quando nas eleições de 2009 a direita venceu na província de Buenos Aires e até em santa Fé (cidade do ex-presidente Néstor Kirch-ner). Como em cinco anos o governo continuado por Cristina ainda não havia resolvido os problemas de salários dos trabalhadores, a oposição veio ganhando espaço no discurso contra o governo. O sistema de produção de soja em todo o país é controlado por mul-

tinacionais, e com altos im-postos a arrecadação serve para pagar a dívida externa, uma das prioridades dos Kirchner, assim eles perdem apoio das massas em não nacionalizá-las. Problema também de Hugo Moyano que enquanto líder da CGT não propôs plano de solu-ção para os trabalhadores, mantendo apoio a situação. Consequência: grande per-da de votos e crescimento da direita no país.

Segundo o historiador e autor do livro História Con-temporânea da Argentina, Luís Alberto Romero, “Ela deverá governar em condi-ções inéditas - até então seu esposo se encarregava da parte mais complicada do governo - e agora deverá engenhar-se para manter em paz e harmonia os distintos setores da aliança kirchne-rista, que, faz tempo, mos-tram conflitos entre eles: por exemplo o ascendente apara-

Raquel Pimentel

to sindical frente aos dirigen-tes regionais, como os prefei-

tos da região metropolitana (de Buenos Aires). Manter todos unidos era uma das tarefas mais absorventes de Kirchner, à que dedicou toda sua sabedoria na tática polí-tica.”

Os maiores desafios de Cristina agora estão em reorganizar a esquerda e impedir o maior fortaleci-mento da direita, trabalho que era realizado com estilo quase caudilhíco de Néstor Kirchner. Restabelecer sua ligação política com o pero-nismo que desde 2003 não está a vontade com as polí-ticas kirchneristas, portanto eis o grande desafio da pre-sidente: unir os aliados de seu governo, reforçar sua política trabalhista a fim de reconquistar o apoio do país, sobretudo da comunidade rural.

San Telmo, o velho e o novo reunidos num só lugar

O bairro é um relicário das belezas portenhas

San Telmo é um dos bair-ros mais antigos da cidade de Buenos Aires e ainda consegue preservar seus mais relevan-tes aspectos aa arquitetura colonial ori-ginal. Muitos casarões fo-ram tombados pelo patrimô-nio histórico, mas mesmo os que não fo-ram, mantêm os ricos deta-lhes antigos, como azule-jos, portas e janelas que caracterizam os seus arre-dores. H á pouco mais de um século, a população de maior poder aquisitivo pas-sou a morar no bairro, que a t u a l m e n t e abrigam hotéis, restauran-tes, ateliês e muitos atiquá-rios bastante freqüentados por turistas. Neles, se pode encontrar uma grande va-riedade de brinquedos, botões, cristais, acessórios, roupas e outros inúmeros itens. Os antiquários fun-cionam toda a semana. Aos domingos, das 10 às 17 ho-ras, acontece a tradiconal

Feira de San Telmo, onde são montadas tendas para a venda de móveis, artefatos e roupas antigas, pinturas e artesanato em geral, além

das apresentações itineran-tes de tango. No local, tam-bém são oferecidos lanches típicos, como a famosa em-panada de jamon e queso. O tom negativo foi que, no período de 17 a 21 de outubro, o lixo também fazia parte do cenário de Buenos Aires. Acontecia então uma greve dos garis e, com isso, grande quan-

Texto de Monalisa Leal Melotidade de lixo se acumulava nas ruas, princi-palmente em San Telmo.

Além de prejudi-car a popu-

l a ç ã o ,

por conta dos perigos liga-dos à saúde, o transito tam-bém ficou desordenado por conta da aglomeração de sacolas, garrafas, caixas e

outros entulhos.Laís Martins

Layla Scher

Raquel Pimentel

Nestor e Cristina Kirchner, em foto capturada na internet

A Casa Rosada, sede do governo argentino Bairro boemio, San Telmo costuma reunir artistas e turistas de várias partes do mundo, principalmente do Brasil, em animadas festas de confraternização

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Mosaico Porteño, registros de viagem