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08BeloHorizonte,segunda-feira,2.6.2014
HOJEEMDIA
hojeemdia.com.brCultura
“Minimalista”,ThalesSilva
“Indescritível”,JoãoBosco&Vinícius
“DemiDeluxe”,DemiLovato
“MultishowaoVivo–20Anos”, IveteSangalo
“Virado”,Zignal
Obelo disco do integranted’A Fase Rosa está no sitewww.meiodesligado.com
Discode inéditas temcomodestaque o single “Eu VouMorrerdeAmor”.
EdiçãocontemplaoCD“De-mi”eDVDcomvídeosaovi-voeclipes.
DVDduplo com30 faixas,cheias de sucessos. Partici-paçãodeAlexandrePires.
Disco de estreia da bandapaulista quemistura rockcomreggaeeska.
INDEPENDENTE
CinthyaOliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
Mesmo com DNA privi-legiado, Ian Ramil de-morou para mostrar aoBrasil que é um desta-quedacenamusical por-to-alegrense.FilhodeVi-tor Ramil e sobrinho deKleiton e Kledir, ele che-gou a buscar outros ca-minhosprofissionais, co-mo jornalismo e teatro,masem2010compreen-deu que a música deve-ria ser seu caminho.“Percebi que aquelas
músicas que eu julgavapessoais faziam sentidoe interessavam paraalém das paredes domeu apartamento”, afir-ma o artista que, aos 28anos, acaba de lançar oprimeiro álbum, “IAN”.
Produzido pelo argenti-noMatias Cella (produtorde importantes discos deJorge Drexler), o álbumfoigravadoemBuenosAi-res junto a músicos queIan só foi conhecer no es-túdio. Algo que foi funda-mental para que o ál-bum soasse umabem costuradacolcha de reta-lhos sonoros.“Esse conta-
to imediato desupetão dei-xou o álbummuito espontâ-neoe cheiode liberda-de criativa, algo que eusempre quis. Cheguei lácom muitas ideias sobreos arranjos baseado noque já tinha experimenta-do comaminha banda noBrasil e fui recebido por
muitas outras que foramdesenvolvidas por Matiase os músicos previamenteà minha chegada. Talveza mais linda surpresa te-nha sidoos arranjosde so-pro, coisa que eu nuncatinha testado”, diz.
O disco traz “Nesca-fé” e “Rota”, duasdas melhoresmúsicas já gra-vadaspeloApa-n h a d o r S ó .São composi-çõesque Ianha-v i a a s s i n a d o
com amigos doquarteto gaúcho.
“Acho que o ApanhadorSó deveria ocupar o espa-ço nobre da TV e encabe-çar os maiores festivais,mas hoje, como a gentesabe, não é a criatividadeque te coloca no mains-
tream, é o dinheiro. Aomesmo tempo, se traba-lha a partir disso: a inter-netpossibilita aartistas in-dependentes chegaremlonge sem precisarem en-tregar a arte na mão degrandes corporações”.E Ian garante que não
são os únicos destaquesdequalidadedaatualmú-sica gaúcha. “Tem a ban-da Musa Híbrida, que vailançar o segundo disco, eos compositores LeoApra-to, Ed Lannes, SauloFietz, Thiago Ramil, to-dosgravando seusprimei-rosdiscos.O fortalecimen-to dessa cenamuito se de-ve ao coletivo Escuta – OSom do Compositor, quesurgiu em 2012 e temmais de 40 compositoresenvolvidos”.
VITORIan sabe que seu pai, VitorRamil,éumcompositor in-crível, mas teve cuidadoem não se deixar influen-ciar demais. “O rigor deleem todos os aspectos dacomposiçãoéumaqualida-dequetenhocomoreferên-cia. Sempre mostrei tudoquefaçoparaele,massem-preprocureinãoouvirmui-to o que ele tem a me di-zer. Acredito que cada ar-tista temquedescobrir suaprópria maneira de se tra-duzir no que cria”. l
INDEPENDENTE UNIVERSALUNIVERSALUNIVERSAL
O violonista Marco Pe-reira e o acordeonistaToninho Ferragutti che-garam a tocar juntosnos anos 90, mas fica-rammuitos anos sem sever. Uma parceria vol-tou a ser planejada de-pois que receberam umconvite para montaremumduopara a31ªOfici-na de Música de Curiti-ba. A liga foi tão boaqueos dois decidiram levarir além, gravando o dis-co “Comum de Dois”,lançado pela Borandá.“Nós mesmos fica-
mos bastante surpre-sos com a nossa quími-ca musical. Depois des-ses anos todos, senti-mos que havíamos ama-durecido musicalmen-te na mesma direção eficou claro que esse en-contro deveria ter umregistro definitivo”,afirma Marco Pereira.Antes de gravar, a du-
pla realizou vários sho-ws em que pôde experi-mentar o repertório –queconta comcomposi-ções de ambos, alémdepot-pourri com temasde Dorival Caymmi eErnesto Nazareth e oclássico “Mulher Ren-deira”, de Zé do Norte.Escolhas que dialogam
com a tradição musicalbrasileira, mas influen-ciadas pela experiênciaerudita de ambos.
EXPERIMENTAÇÃOSegundo Toninho Ferra-gutti, opalco foi importan-tepara adefiniçãodosde-talhes do que seria levadopara o estúdio. “A inten-ção era a de registrar orepertório do show, masque ele estivesse amadu-recido pela quantidadede apresentações, e quepudéssemos levar paraestúdio essa energia.Sempre levando em con-ta as características dedinâmicas, timbres epossibilidades dos doisinstrumentos”.A conversa pela inter-
net e a fruição no palcofluíramde formabastantenatural, de acordo comPereira. “O mais incrívelnessa história é que nãohouvemuito planejamen-to quanto à escolha de re-pertório e quanto ao con-ceito do trabalho. Tudofoi muito fácil e rápido.Trocamos alguns e-mailse tudo o que o Toninhohavia sugeridopara tocar-mos juntoseuachei sensa-cional e vice-versa”.A intenção é de que o
duo não seja apenas umprojeto temporário. Osdois músicos pretendemviajar pelo país e já cogi-tam a possibilidade deum novo álbum. (CO) l
l> Músico estreia comdisco produzido porMatias Cella,
que já trabalhou com JorgeDrexler
Marco Pereira eToninho Ferraguttinomesmo álbum
Violonistaeacordeonistainterpretamsuascomposiçõesem“ComumdeDois”
DEPELOTAS– IanRamil chegoua tentaro jornalismoeoteatro,masháquatroanoscompreendeuqueamúsica
deveriaserasuaguianouniversoprofissional
Filho deVitor Ramil,Ian é destaque dorock de Porto Alegre
GAL OPPIDO/DIVULGAÇÃO
“Hoje, como agente sabe, não éa criatividadeque te coloca nomainstream, é o
dinheiro”
MARIANA COPLAND CELLA/DIVULGAÇÃO
BOAMISTURA–Populareeruditoseencontramna
músicadePereiraeFerragutti
P E R F I LCULTURA
E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 1 D E M A I O D E 2 0 1 4
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TONINHO FERRAGUTTIACORDEONISTA
Profissãode fé
Músico paulista explora o rico universo do acordeom, das orquestras sinfônicas à gafieira
É necessário que asorquestras estejamdispostas a correrriscos e encomendempeças a acordeonistas”aa
Toninho Ferragutti é a famosa“figurinha fácil” – no bom sentido.Viajando pelo país inteiro comseu acordeom, esse paulista de So-corro pode ser encontrado em fes-tivais de música instrumental,concertos de orquestras sinfôni-cas, discos de artistas da MPB e atéem espetáculos de flamenco, alémde oficinas dedicadas a interessa-dos em aprender a tocar o instru-mento. É bom deixar claro: graçasao talento de artistas assim, capa-zes de atuar em diversos contex-tos, a sanfona deixou de ser ape-nas “boa e velha” para se destacarna cena musical contemporânea.
“Acredito que contribuo aogravar e tocar com várias forma-ções, como sinfônicas; a orques-tra da americana Maria Schnei-der; os duos com o violonistaMarco Pereira, o acordeonista Be-bê Kramer e o violeiro NeymarDias; quinteto de cordas; e, porúltimo, noneto com piano, clari-nete e percussão. O acordeomserve a todas as formações – damúsica de câmara à gafieira – e éapenas mais um instrumentocom grandes possibilidades dedinâmicas e timbres”, resume.
FAMÍLIA Filho de saxofonista quecompunha valsas, choros, dobra-dos e marchas, Ferragutti se envol-veu com a música ainda criança.Incentivado pela família a estudaracordeom, complementou suaformação em rodas de choro, bai-les, grupos de música gaúcha e ga-fieiras. Estudou em conservatórioe teve aulas particulares com Dan-te D’Alonzo e de harmonia comClaudio Leal Ferreira.
Curiosidade: antes de se profis-sionalizar, Toninho Ferragutti estu-dou veterinária, curso que abando-nounoúltimoano,em1983,parasemudar para São Paulo. Finalmente,começava sua carreira artística.
Mais importante do que desen-rolar a longa lista de colaboraçõesrelevantes do acordeonista (já to-cou com Gilberto Gil, HermetoPascoal, Dominguinhos, Maria Be-thânia e Grupo Corpo, por exem-plo) é lembrar sua curta, mas con-sistente, discografia solo. Ela incluiálbuns como Sanfonemas, Nemsol nem lua e, mais recentemente,O sorriso da Manu, fruto do espe-táculo de dança cuja trilha sonorafoi assinada por ele, gravada comseu grupo e quarteto de cordas.
ERUDITO Habituado a tocar comorquestras, Ferragutti acreditaque, apesar de esse nicho sermais comum na Europa que noBrasil, há potencial de trabalhopor aqui. Entretanto, ponderaque ainda há muito a ser feitoantes que sejam criadas essasoportunidades. “É um instru-mento de afinação fixa, tem queestar sempre muito bem afina-do e o material deve ser muitobem escrito. Os compositorestêm dificuldade de compreen-der melhor a mão esquerda doacordeom para se aproximar ecriar para ele levando em contatodas as suas possibilidades.”
O artista já estudou partitu-ras escritas para o instrumento(sobretudo transcrições de pia-no), mas não se animou muitocom elas. “O mais criativo e ins-tigante, que leve em conta aspossibilidades técnicas do acor-deom, ainda está para ser feitoem quantidade. É necessárioque as orquestras tenham inte-resse nesse caminho, que este-jam dispostas a correr riscos eencomendem peças a acordeo-nistas e compositores”, conclui.
EDUARDO TRISTÃO GIRÃO
Hoje de manhã, Toninho Ferra-gutti encerra, no Parque Munici-pal, a segunda edição do FestivalInternacional de Acordeom, que,desde quinta-feira, atraiu artistasnacionais e internacionais à capi-tal. Ao lado da Orquestra Sinfôni-ca de Minas Gerais (OSMG), regidapor Osman Gioia, o artista tocarápeças do paraibano Sivuca, tam-bém acordeonista, o homenagea-do desta edição do evento.
“São, em sua maioria, músi-cas conhecidas. Ao receberemtratamento sinfônico, elas apro-ximam o público desse univer-so, agregando imponência egrandeza a composições impor-tantes para a formação culturaldo país. É um concerto muito
bonito e um pouco raro de sever”, avalia Ferragutti.
O acordeonista explica que Si-vuca iniciou esse trabalho em1985, a convite do irlandês EugeneEgan,naépocaregentedaOrques-tra Sinfônica do Recife. A série deoito peças estreou com o Concer-to sinfônico para Asa Branca, deLuiz Gonzaga e Humberto Teixei-ra, e a maioria delas foi registradano CD Sivuca sinfônico, regido edirigido por Osman Gioia.
“Sivuca era um músico genial,compositor de sucessos consa-grados. Violonista e pianista, feza direção musical por muitosanos da cantora Miriam Makeba,além de ser showman de quali-dade insuperável”, destaca.
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GAL OPPIDO/DIVULGAÇÃO
HOMENAGEMPARA SIVUCA
Você circula por outros países. Que tendências em torno doacordeom tem visto por aí?Muitos músicos estão se aproximando e reconhecendo a ri-queza do acordeom, independentemente da importância de-le na música regional. São pessoas que tocam piano e outrosinstrumentos. É por aí que o acordeom seguirá.
O que você acha da nova geração de acordeonistas brasilei-ros? Há características em comum entre eles? Pode destacaralguns nomes?São excepcionais, todos muito bem informados, com um co-nhecimento grande da tradição e antenados com tudo o queestá ocorrendo. A característica comum é estarem bem in-formados em relação ao cenário musical e não apenas nasáreas de interesse de cada um. É injusto ficar citando nomes,pois certamente vou cometer injustiças, mas de pronto pos-so dizer que gosto de Bebê Kramer, Luciano Maia, Mestrinho,Chico Chagas, Adelson e por aí vai.
Cite três acordeonistas que você tem gostado de ouvir.Dominguinhos, sempre. Um gênio pela qualidade de seus CDsepelatécnica,harmoniaeritmo.Sivucapelorepertório,concep-ção do instrumento e muita música instrumental. Por fim, ofrancêsLionelSuarezcomocantorAndreMenvielle.Tudooqueelesfazemémuitobonito.AmbossãodoSuldaFrança,ondesetemmuitaproximidadecomasmúsicasárabe,judaicaedoMe-diterrâneo. Pesquise no YouTube, você vai ver como é legal!
TONINHO FERRAGUTTIACORDEONISTA E COMPOSITOR
TRÊS PERGUNTAS PARA...
1)
2)
3)
2º FESTIVALINTERNACIONAL
DE ACORDEOMConcerto de Toninho
Ferragutti e OrquestraSinfônica de Minas
Gerais. Hoje, às 10h, noParque Municipal
(Avenida Afonso Pena,Centro). Informações:
(31) 3270-8100.Entrada franca.
❚❚ PROGRAMAÇÃO
Rapsódia gonzaguiana – Juazeiro, Lá no meu pé de serra, Baião, Assumpreto, A volta da Asa Branca e Boiadeiro (Luiz Gonzaga e parceiros)Aquariana (Sivuca)João e Maria (Sivuca e Chico Buarque)Quando me lembro (Luperce Miranda)Feira de mangaio (Sivuca e Glorinha Gadelha)Concerto sinfônico para Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
ENCONTRODE CRAQUES
A última empreitada de ToninhoFerragutti é Comum de dois, discogravado com outro ícone da cenainstrumental brasileira, o violonistaMarco Pereira. Além de músicasescritas pelos dois (como Bate-coxa, dePereira, e Sanfonema, de Ferragutti),o repertório traz composições de Zédo Norte (Mulher rendeira) e medleyreunindo Dorival Caymmi(Maracangalha e Você já foi à Bahia)e Ernesto Nazareth (Escorregando).