Caso Dora Freud

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CASO DORA

Ida Bauer (1882-1945)

NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOSNÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS

Ida e seu irmão Otto Bauer (1890)

• ‘’ Hesitei por algum tempo, sem saber se deveria supor a existência

de uma paralisia tabética, mas finalmente decidi por um diagnóstico de afecção vascular difusa; e como o paciente admitiu ter tido uma

antes do casamento, receitei-lhe um tratamento antiluético

enérgico, em conseqüência do qual cederam todos os distúrbios que

ainda resistiam’’ (FREUD, 2006, p.30).

• ‘’A pobre mulher já é muito infeliz com o marido, a quem por sinal não tenho em

grande conceito; ela mesma já sofreu muito dos nervos e tem em mim seu único apoio. Considerando meu estado de saúde, não preciso assegurar-lhe que não há nada de ilícito por trás de nossas relações. Somos

apenas dois pobres coitados que consolamos um ao outro como podemos

através de um interesse amistoso. O senhor bem sabe que não tenho nada disso com

minha própria mulher.’’

Caso Dora: trata-se de uma histeria com os sintomas psíquicos e somáticos mais comuns: dispnéia, tussis nervosa, afonia e possivelmente enxaquecas...

O sintoma significa a representação, a realização, de uma fantasia de

conteúdo sexual, isto é, uma situação sexual.

“ No caso de Dora, eu começara a suspeitar da masturbação quando ela me falou sobre as dores estomacais da prima e em seguida se

identificou com ela...”

“É sabido que, com freqüência, as dores gástricas surgem justamente nos masturbadores”.

(Freud, 2006, p.79)

“Ao que eu saiba, esse tipo de enurese não tem outra causa mais provável do que a

masturbação...”

(Freud, 2006, p.76)

“Indiquei , anos atrás, que a dispnéia e as palpitações da histeria e da neurose de

angústia são apenas fragmentos isolados do ato do coito, e em muitos casos, como no de Dora, pude reconduzir o sintoma da

dispnéia, da asma nervosa, à mesma origem casual: ao som entreouvido da

relação sexual entre adultos”.

(Freud, 2006, p.80)

• O nojo corresponde ao sintoma do recalcamento da zona erógena dos

lábios.

• Dora : “chupadora de dedos”.

“A pressão do membro ereto provavelmente levou a uma alteração

análoga no órgão feminino correspondente, o clitóris, e a

excitação da zona erógena foi fixada no tórax por deslocamento para a sensação simultânea de pressão”.

(Freud, 2006, p.39)

“Fobia destinada a dar proteção contra o reavivamento da percepção recalcada”.

(Freud, 2006, p.39)

Estava pensando precisamente na garganta e nacavidade bucal.Representava uma cena de satisfação sexualentre as duas pessoas cuja ligação amorosa a ocupava tão incessantemente.

“Ela sabia muito bem, disse, que há mais de uma maneira de se obter

satisfação sexual”. (Freud, 2006, p.53)

“ Esse asco, transferido para o contato com o homem, seria então um sentimento projetado segundo

mecanismo primitivo mencionado anteriormente e estaria referido, em

última instância, a sua própria leucorréia”.

(Freud, 2006, p.84)

“Interpretação simbólica: quando o amado (Sr.K) estava longe ela renunciava à fala;

esta perdia seu valor, já que não podia falar com ele”.

(Freud, 2006, p.47)

• Viagem à Viena cancelada porque o primo de Dora estava com apendicite.

• Dora tem suposta apendicite com 17 anos,

febre alta e dor no baixo ventre

• Após apendicite, Dora apresenta dificuldade em andar... Arrasta a perna.

• Seqüela extremamente incomum de uma apendicite.

“Dora arranjara para si uma doença sobre a qual lera na enciclopédia”.

(Freud, 2006, p.100)

“Dora arranjara para si uma doença sobre a qual lera na enciclopédia”.

(Freud, 2006, p.100)

Suposta apendicite = fantasia de um parto (depois da cena do lago)

Arrastar a perna = se punir por um ‘passo em falso’ de ter lido a enciclopédia.

“Perguntei quando ocorrera a apendicite, se antes ou depois da cena do lago. A resposta

foi imediata... Nove meses”.(Freud, 2006, p.100)

Representante da Pulsão

PULSÃO

PAI

Sr. KOutro objeto

mesma pulsão

SONHO

“Uma casa estava em chamas. Papai estava ao lado da minha cama e me acordou. Vesti-me rapidamente. Mamãe ainda queria salvar sua

caixa de jóias, mas papai disse: Não quero que eu e meus filhos nos queimemos por causa da sua

caixa de jóias. Descemos a escada às pressas e, logo que me vi do lado de fora, acordei”

(FREUD, 2006, p.67)

Dora repetiu o sonho por três noites:

O sonho corresponde a um propósito.

O PROPÓSITO PERSISTE ATÉ SER REALIZADO!

Uma casa estava em chamas...

Trata-se de que a “caixa de jóias” não fique molhada...

Enurese noturna de Dora durante a infância... masturbação

Criança que brinca com fogo, molha a cama durante a noite...

Uma casa estava em chamas...

Amor ardendo de paixão...

Freud estabelece um “vínculo com amor pois este também deixa as coisas molhadas”(FREUD, 2006, p.74).

Papai estava ao lado da minha cama e me acordou...

Durante o segundo dia da visita, Dora deitou no sofá do quarto para dormir um pouco, quando acordou viu o Sr K ao lado.

Vesti-me rapidamente...

Dora sabia que não poderia trancar a porta no dia seguinte, então levantou e vestiu-se rapidamente para que o Sr K não tivesse a oportunidade de encontrá-la fazendo sua toalete.

Caixa de jóias...

Sr K presenteou Dora com uma valiosa caixa de jóias...

seria “normal” a menina retribuir o presente com sua “caixa de jóias”...

Caixa de jóias é uma expressão parecida com genitália feminina...

“esse homem está me perseguindo; quer forçar a entrada em meu quarto, minha “caixa de jóias” está em perigo e, se acontecer alguma

desgraça, a culpa é do papai”.

Dora estaria disposta a dar a seu pai o que sua mãe lhe recusava e

a coisa que se trata teria a ver com uma jóia.

Caixa de jóias...

...logo que me vi do lado de fora, acordei

Freud: Você como que disse a si mesma: “Não terei tranqüilidade, não poderei ter um sono tranqüilo enquanto não estiver fora desta casa”. É o inverso disso que você diz no sonho: “Logo que me vi do lado de fora, acordei”.

“A bolsinha de dupla abertura de Dora não passava de uma representação dos órgãos genitais, e sua maneira de brincar com ela, abrindo-a e ali inserindo seu dedo,

era uma comunicação pantomímica bastante desembaraçada, mas inconfundível, do que gostaria de

fazer: masturbar-se”(FREUD, 2006, p.78)

Funções que as pessoas executam de maneira automática e inconsciente

O Sr K, seu pai e Freud eram todos fumantes apaixonados.

Sentir o cheiro significaria a ânsia de um beijo, que, trocado com um fumante, necessariamente

cheiraria a fumo.

Neste momento Freud percebe indícios de uma transferência para ele.

Infelizmente não foi possível comprovar devido a interrupção do tratamento.

Dora quisera dizer a ela mesma: “esse homem está me perseguindo; quer

forçar a entrada em meu quarto, minha “caixa de jóias” está em perigo e, se

acontecer alguma desgraça, a culpa é do papai”.

Por isso que o sonho traz o oposto, “um perigo de que seu pai a salva”

(FREUD, 2006, p. 71).

“A tentação é muito forte. Papai, querido, protege-me de novo

como fazias em minha infância, para que eu não molhe minha cama!”

(FREUD, 2006, p. 74).

“Eu estava passeando por uma cidade que não conhecia, vendo ruas e praças que me eram estranhas. Cheguei

então a uma casa onde eu morava, fui até meu quarto e ali encontrei uma carta de mamãe. Dizia que, como eu saíra

de casa sem o conhecimento de meus pais, ela não quisera escrever-me que papai estava doente. ‘Agora ele

morreu e, se quiser, você pode vir’. Fui então para a estação e perguntei umas cem vezes: ‘Onde fica a

estação?’ Recebia sempre a mesma resposta: ‘Cinco minutos’. [...]

[...] Vi depois à minha frente um bosque espesso no qual penetrei, e ali fiz a pergunta a um homem que encontrei.

Disse-me: ‘Mais duas horas e meia’. Pediu-me que o deixasse acompanhar-me. Recusei e fui sozinha. Vi a

estação à minha frente e não conseguia alcançá-la. Ai me veio o sentimento habitual de angústia de quando, nos

sonhos, não se consegue ir adiante. Depois, eu estava em casa; nesse meio tempo, tinha de ter viajado, mas nada sei sobre isso. Dirigi-me à portaria e perguntei ao porteiro por

nossa casa. A criada abriu para mim e respondeu: ‘A mamãe e os outros já estão no cemitério. ”

(FREUD, 2006, p.67)

• Ruas e praças estranhas;

• Carta da mãe dizendo que o pai estivera doente e havia morrido;

• Bahnhof – Estação, perguntar 100 vezes

• “Recusei e fui sozinha”.

Onde esta a chave?

Parece ser o equivalente masculino da pergunta “Onde esta a caixa?”Portanto, são perguntas...pelos

órgão genitais.

Parece ser o equivalente masculino da pergunta “Onde esta a caixa?”Portanto, são perguntas...pelos

órgão genitais.

Perguntar 100 vezes;

Cheguei então a uma casa onde eu morava, fui até meu quarto e ali encontrei uma carta de mamãe...

Freud relembrou da carta suicida que Dora escreveu à seus pais...

Estamos diante do tema da morte dela ou da morte do pai.

Estamos diante do tema da morte dela ou da morte do pai.

• “Sabe, não tenho nada com minha mulher”;

• Vorhof – Ninfas;

• Ler grande livro sob a escrivaninha

• Interrupção do tratamento por Dora;• Ausência da mãe no processo terapêutico;• Ainda durante o período de tratamento de

Dora, Freud adotava uma técnica psicanalítica onde a análise partia dos sintomas procurando esclarecê-los um a um;

• Transferência;• Não fica explícita a linha de raciocínio

seguida por Freud para chegar às conclusões sobre os sonhos de Dora

• O caso Dora contribuiu para os estudos sobre a interpretação dos sonhos;

• Este caso mostra como a interpretação dos sonhos se entrelaça na história de um tratamento, preenchendo as amnésias e elucidando os sintomas;

• O fracasso do tratamento levantou discussões e reflexões sobre como trabalhar com o fator “transferência”.

• CELES, Luiz Augusto M. ‘’Dora’’ contemporânea e a crise da psicanálise. Disponível em: <www.scielo.br>. Acesso em: 05 maio 2008.

• FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2006, 24 v.

• PINTO, Manuel da Costa. O livro de ouro da psicanálise: o pensamento de Freud, Jung, Melanie Klein, Lacan, Winnicott e outros. Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.

• TOMASELLI, Tovar. Encontramos em Dora, homossexualidade ou transtorno narcisista de gênero. (2007). Disponível em: <www.redepsi.com.br>. Acesso em: 20 maio 2008.