Post on 02-Aug-2015
Ministério da Saúde:
Secretaria de Atenção à Saúde – SAS
Secretaria de Vigilância em Saúde –
SVS
Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz
Secretaria de Estado de Saúde do RS
Secretarias Municipais de Saúde do RS
Porto Alegre, 01/10/2014
Chikungunya:
Dúvidas mais frequentes
Rivaldo Venâncio da Cunha
UFMS e FIOCRUZ - MS
Vamos conversar sobre:
A crônica da epidemia anunciada;
Aspectos gerais da doença;
Dinâmica de transmissão e espectro clínico;
Manejo clínico dos casos.
Fontes de consultas:
Chikungunya Virus – An Emerging Threat to the Americas - CDC – Centros para controle e prevenção de doenças (USA);
Guía de manejo clínico para la infección por el virus chikungunya (CHIKV) - Ministerio de Salud Pública - Santo Domingo, República Dominicana, 2014;
Preparação e Resposta à Introdução do Vírus Chikungunya no Brasil, Ministério da Saúde do Brasil.
Chikungunya:
A crônica de uma
epidemia anunciada
Origem do vírus e da doença
O nome chikungunya deriva de uma palavra em Makonde, dialeto de um grupo étnico que vive no sudeste da Tanzania e no norte de Moçambique;
Significa aproximadamente “aquele que se curva”, descrevendo a aparência encurvada de pacientes que sofrem de artralgia intensa.
Vírus chikungunya
Vírus RNA de fita simples;
Gênero Alfavirus
Família Togaviridae
Isolado pela 1ª. vez durante epidemia ocorrida na Tanzania em 1952-1953.
Susceptibilidade / imunidade
Por se tratar de doença nova no Brasil, não há imunidade naturalmente adquirida;
A susceptibilidade é total, logo, todas as faixas etárias são passíveis de infecção;
Não há vacina, logo......
A imunidade de longa duração somente será obtida por meio da infecção natural.
Mosquitos vetores
Predominantemente Aedes aegypti e Aedes albopictus;
Também transmissores de dengue;
Amplamente distribuídos por todas as Américas;
Fazem o repasto principalte durante o dia.
Reservatórios do vírus
Durante epidemias, os seres humanos são os principais reservatórios do vírus;
Interepidemias, diversos vertebrados podem atuar como reservatórios:
Primatas não-humanos;
Roedores;
Pássaros e
Pequenos mamíferos
Transmissão no ciclo urbano
Dinâmica de transmissão
Outras formas de transmissão
Raramente documentadas:
Transmissão intrauterina resultando em aborto;
Transmissão intraparto de mãe virêmica para bebê;
Seringa / agulha percutânea;
Exposição em laboratório
Possibilidade Teórica:
– Transfusão sanguinea
– Transplantes de órgãos ou tecidos
Não há evidência do vírus em leite materno
Aspectos gerais da doença
É uma doença viral transmitida por mosquitos, caracterizada por febre de início agudo e poliartralgia grave;
Frequentemente ocorre em grandes epidemias com altas taxas de ataque;
As epidemias ocorriam em países da África, Ásia, Europa e dos Oceanos Índico e Pacífico;
No final de 2013 foram registrados os primeiros casos autóctones nas Américas (em países do Caribe).
Chikungunya nas Américas
Espectro da infecção
Formas
ATÍPICAS
Infecção pelo vírus Chikungunya
A maioria das pessoas infectadas (72% a 97%) desenvolvem sintomas clínicos;
O período de incubação normalmente é de 3 a 7 dias (variando de 1 a 12 dias);
Os sintomas clínicos primários são febre e poliartralgia.
Desfechos clínicos Normalmente os sintomas agudos regridem em
7 a 10 dias;
A mortalidade é rara; ocorre principalmente em idosos;
Alguns doentes tem recaídas dos sintomas reumatológicos nos meses seguintes a doença aguda;
Estudos relatam % variáveis de pacientes com dores articulares que persistem por meses ou anos.
Formas agudas
Febre:
– De início abrupto
– Normalmente ≥ 39º
Poliartralgia (dores articulares):
– Frequentemente graves e debilitantes
– Envolve multiplas articulações
– Normalmente simétricas e bilaterais
– Mais comuns em mãos e pés
Formas agudas
Poliartralgia (dores articulares):
Podem ocorrer edemas articulares, por vezes associados a tenossinovites;
Com frequência os pacientes podem ficar incapacitados para tarefas cotidianas como cozinhar e dirigir, devido à dor, sensibilidade, inflamação e rigidez;
Outros sinais e sintomas das formas agudas
Dor de cabeça
Mialgia
Artitrite
Conjuntivite
Náuseas/vômitos
Exantema maculopapular
Exantema
Surge geralte entre o 2º. e o 5º. dia após o início da febre em +/- 50% dos casos
É tipo maculopapular mais em tronco e extremidades, embora também possa acometer palmas, plantas e face;
Algumas vezes pode se apresentar como um eritema difuso que desaparece à pressão;
Em crianças menores, as lesões vesiculobolhosas são as manifestações cutâneas mais comuns.
Poliartrites nas formas agudas
Achados laboratoriais inespecíficos
Não há alterações hematológicas características
Linfopenia
Plaquetopenia discreta
Elevação de creatinina
Elevação de transaminases
VHS e Proteína C Reativa pouco elevadas
Formas subagudas
Após 7 a 10 dias o quadro agudo regride
Após a fase aguda, em um grupo de pessoas o quadro pode ser exarcerbado
Dura de dois a três meses com:
Poliartrite distal,
Exacerbação das dores articulares e
Tenossinovite hipertrófica subaguda em punhos e tornozelos,
Depressão e cansaço.
Formas subagudas Poliartrite distal persistente
Formas subagudas Tenossinovite
Formas crônicas
Dois a três meses após o início do quadro
Poliartrite distal (nas mesmas articulações acometidas durante as fases aguda e subaguda),
Alguns apresentam ARTROPATIAS graves, deformantes,
Exacerbação das dores articulares e
Depressão e cansaço.
Formas crônicas
Manifestações atípicas:
Fatores de risco para hospitalização ou manifestações atípicas
Neonatos expostos intraparto;
Idosos acima de 65 anos de idade;
Comorbidades (diabetes, HAS ou doença cardiovascular)
Diagnóstico diferencial
Diagnóstico laboratorial
Cultura para vírus (NB3);
RT-PCR
Sorologia para detecção de IgM e posterior confirmação por anticorpos neutralizantes;
Sorologia evidenciando aumento de 4x nos títulos de Ac em amostras pareadas (PRNT ou IFA);
Tempo ideal para cada técnica
Técnica de diagnóstico
Dias após o início dos sintomas
Cultura viral ≤ 3 dias
RT-PCR ≤ 8 dias
Detecção de IgM ≥ 4 dias
Tratamento da forma aguda
Não tem tratamento específico;
Só sintomáticos para aliviar a febre e as dores:
Acetaminofeno (paracetamol);
Dor Artrítica que não melhora com acetaminofeno, dar:
Ibuprofeno, naproxeno ou outro AINE;
Tratamento da forma aguda
Aspirina não é recomendada;
Se não aliviar com a conduta acima, avaliar uso de narcóticos ou corticosteróides!
Recomendar repouso absoluto;
Recomendar hidratação!!
Tratamento das formas subagudas e crônicas
A plena recuperação pode ser lenta em um % de doentes (um ano ou mais !!!);
Artrite periférica debilitante: pode ser necessário o uso de corticosteroides de curta duração;
Fisioterapia para casos que apresentem artralgia e rigidez articular.
Axé prá todos
nós!
rivaldo_venancio@uol.com.br