Post on 02-Apr-2016
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Jornal o Cidadão 1
O que esta palavrarepresentapara O pOvO?
MegaeventOs
RIO DE JANEIRO - JULHO A SETEMBRO / 2013 ANO XIV - NÚMERO 65
5 O Saneamento que a Maréprecisa
Premiação: O Cidadãona ABI
Marétambém é Rock!
Exposição:“Os Tempos da Maré” no Museu
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Jornal o Cidadão 2
Ainda Não Pensei: O novo Jornal Comunitário de Niterói 174 Artigo 5 Cidadania7 Entrevista 8 Comunicação10 Cultura12 Capa16 Esporte Geral19 Musical21 Rascunho22 Coquetel23 O Cidadão Ilustrado 24 Memória
Jornal o Cidadão 3
Nesta edição, contamos um pouco sobre as frequentes remoções que têm atingido a população mais pobre e fave-lada por causa dos megaeven-tos. Com a chegada dos jogos no Rio, a especulação imobili-ária tem crescido o olho visan-do o lucro em áreas populares próximas a esses eventos. Moradores que conquistaram com muita luta espaços como: favelas, bairros, vilas e casas estão sendo removidos de seus locais, onde construíram toda uma relação de vida.
O jornal mostra ainda um pouco da diversidade musical na Maré: favela não é só funk e pagode, o rock também tem
seu espaço. Temos também uma entrevista com Renato Cinco, sociólogo e vereador do Rio. Ele esclarece sobre o que é a Marcha da Maconha e fala da situação difícil que se encon-tram os usuários de crack na ci-dade, além de relatar um pouco a realidade da ‘Cracolândia’ na Maré.
Voltamos à primeira rua da Maré. Na edição 54 de O Ci-dadão, mareenses cobravam melhorias. Será que consegui-ram? Confira! Falamos ainda da prática de atividade física como qualidade de vida e muito mais!
Leia, analise, questione, participe e dê sugestões.
Boa leitura!
Editorial
Direção do Centro de estu-dos e ações solidárias da Maré (Ceasm):Antonio Carlos Vieira, Maristela Klem, Lourenço Cezar, Luis Antonio de Oliveira, Soraia Denise de Brito
Coordenadora e Jornalista responsável: Gizele Martins (Mtb. 33646/RJ)
editores: Alex Ferreira e Elia-no Félix (Mtb. 35158/RJ)
administração: Alex Ferreira
revisão: Léo Custódio
reportagem: Gizele Martins, Eliano Félix, Renata Guilherme, Thaís Cavalcante (Mtb. 35270/RJ), Pamella Magno, Alex Fer-reira
Colaboraram nesta edição: Eunice Muruet, Rafael Lopes
Charges: Jhenri
projeto gráfico: Artur Ro-meu e Evlen LauerDiagramação: José Henrique(Jhenri)supervisão de arte grafica:Davison Coutinho
Foto de Capa:Impressão: Ediouro - Tiragem: 20 mil exemplares
expeDIente
Contatos:O Cidadãojornaldamare@gmail.comSite: http://jornalocidadao.net/Blog: ocidadaonline.blogspot.comEndereço: Praça dos Caetés, número 7, Morro do Timbau, Conjunto de Favelas da Maré.Telefones: (21) 2561- 4604
Megaeventospara quem? ?
Jornal o Cidadão 4
Artigo
Aumentos constantes e abusivos, bem acima da inflação, não são bons
em nenhum sentido para a po-pulação. E quando falamos em aumento do preço da passagem de ônibus, onde a qualidade e segurança para os usuários não existe, onde salário digno com boas condições de trabalho sem dupla jornada para moto-ristas e cobradores também é precário, passamos a nos per-guntar: qual o motivo real des-se aumento? A resposta certa seria que vamos receber um
Da janela para o ‘coletivo’
favelados, classe média tam-bém que utilizam o transporte público e sofrem também todos os dias com essa máfia. Só que eles saíram da zona de confor-to. São anos e anos de descaso com quem precisa de fato dos ônibus, barcas, trem e metrô. Manifestações como essas são necessárias.
A “democracia” que vive-mos no Brasil foi conquistada através de muita luta, com ma-nifestações, recebendo porra-da, tiros e bombas. Alguns até pagaram com a própria vida. Claro, esta conquista ainda é utopia para a maioria da popu-lação. A indignação e a insatis-fação com o descaso do poder público com o povo tem que ser demonstradas de alguma for-ma. Não podemos aceitar pas-sivamente e ficar reclamando que a vida está difícil. Podemos e devemos protestar. As elei-ções estão aí, é hora de decidir nas urnas e nas ruas. Essas também são formas de dar a resposta aos políticos de que não esquecemos tudo. É assim que “eles” querem que conti-nue: sem protestos, cobranças e repercussão. Quando os rodo-viários fizeram greve, pediram 30% de aumento, receberam 7%...e, meses depois, aumento na passagem de 7%, coincidên-cia? Vamos refletir.
Por Eliano Felix
melhor serviço. Mas na prá-
tica não é o que acontece. Quem
lucra mesmo com estes aumentos des-leais são os donos das empresas que comandam a con-cessão do transpor-te público no Rio de Janeiro. Como são doadores de campa-nha eleitoral, cobram de seus aliados po-líticos, o retorno de seus “investimentos”. Assim, controlam também o poder pú-blico contra o públi-co!
Durante as manifestações que vêm acontecendo desde junho, muita gente tem recla-mado da dificuldade de voltar do trabalho e chegar em casa. Claro, o retorno depois de um dia inteiro de trabalho para um descanso com a família é justo e merecido. Porém, devemos entender que quem está ali nas ruas, na manifestação ou no protesto não é baderneiro, vân-dalo e desocupado como tem tratado grande parte da mídia comercial.
São trabalhadores, estu-dantes, profissionais, pobres,
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O saneamento que a Maré precisa
O que um cidadão e uma cidadã querem é poder viver uma vida tranquila.
Na favela, todos e todas querem o direito à moradia, à seguran-ça e à saúde. Querem fazer seu comércio, regar suas plantas no quintal e andar livremente pelas ruas limpas e sem lixos. No Morro do Timbau, onde fica o Jornal O Cidadão, há uma cole-ta diária de lixos. Seja por parte da Comlurb ou pelos Garis Co-munitários, que trabalham em parceria.
A moradora Rosineide Go-mes, de 35 anos, dona de casa e vive há 21 anos na Nova Ho-landa, lembra que na Maré tinha muito mais problemas de coleta do que atualmente. “Claro que há 20 anos, as ruas da Maré deviam ter esgoto a céu aber-to, bueiros entupidos e nenhum saneamento básico. Não lem-
Cidadania
Por Thaís Cavalcante
bro se a Comlurb existia há 20 anos, mas hoje em dia o papel que tem feito é bem satisfatório, há um recolhimento 3 vezes por semana do nosso lixo”.
Mesmo com os eventuais problemas, como caçambas quebradas, e a dificuldade de recolhimento de lixo em dias de chuva, Pedro Silva, encarre-gado técnico, que representa a gerência da Comlurb da Maré, informou que “a coleta é feita aqui na comunidade com 7 ca-minhões, 6 compactadores dia-riamente e um reforço segunda, quarta e sexta. Há também um mini-compactador. As vias de acesso dos caminhões na co-munidade não dão espaço para circulação. Existem as vielas, que são as ruas mais estreitas, e esse trabalho é feito com os micro-tratores, totalizando 7. Que atuam diariamente aqui no Conjunto.”
VAI TER MULTA NA FAVELA?
O Cidadão perguntou sobre a questão de como as favelas serão tratadas a respeito da lei “Lixo Zero”. De acordo com Pe-dro Silva, “ A lei é para todos. Nosso foco não é a arrecadação de dinheiro, mas sim cidade limpa. Ainda que isso gere al-gum valor, certamente vai so-mar muito. Considero essa me-dida boa e que vai trazer bons resultados. Vai colaborar com a qualidade de vida dos morado-res da Maré e com o desempe-nho do nosso trabalho.” Mas se-gundo ele, não há previsão para a implantação do “Lixo Zero”, por enquanto, na Maré.
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Acúmulo de lixo por causa da falta de coleta da Comlurb no Timbau
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Entrevista
Criminalização das drogas
Crack e Marcha da Maconha: O que estes termos querem dizer e o que representa uma nova política de drogas?
Por Thaís Cavalcante e Eliano Félix
Nesta edição, apresen-tamos um trecho da entrevista que fizemos
com o Sociólogo e Vereador do PSOL Renato Cinco. Nes-sa conversa, ele conta o que é a Marcha da Maconha e fala da situação difícil que se en-contram os dependentes quí-micos do crack na cidade e, consequentemente, da ‘Cra-colândia’ na Maré.
Colaboração: Gizele Martins
O Cidadão: Conte um pouco a história da Marcha da Maco-nha, quando ela nasceu e qual seu objetivo?REnATO CInCO: Primeiramente gostaria de agradecer a opor-tunidade de poder falar com os moradores da Maré, através do Jornal O Cidadão e para todas as pessoas que conhecem esse material.A Marcha da Maconha surgiu
nos anos 90 ,nos EUA com o movimento internacional cha-mado Global Marijuana March (Marcha Mundial da Maconha). Com mais de 40 países e 300 cidades que participam do mo-vimento anualmente. O objetivo da Marcha da Maconha é a le-galização da Maconha. Enten-dendo que, legalizar é diferente de liberar. A nossa defesa é da legalização, que é deixar de ser crime e passa a ter regulamen-tos e normas para sua utiliza-ção, comercialização e produ-ção.
O Cidadão: Grande parte da população não é informada sobre diversas questões e, quando se fala em legalização das drogas, as opiniões são acaloradas e até mesmo ex-tremas. Como esclarecer essa questão delicada?renatO CInCO: Esse tema é bastante polêmico porque é um tabu. Durante 100 anos, a so-ciedade só conheceu a opinião daqueles que defendem a proi-bição, dos que apoiam outra po-lítica de drogas ainda é pouco conhecida pela população. Será que nossa sociedade aguenta mais 10, 20 anos de repetição dos últimos anos? Olha como a
Fotos: Renata Stuart
Jornal o Cidadão 7
Entrevista
violência cresceu, quanto mais se reprimiu, mais se tentou es-tabelecer a proibição, mais vio-lência e mais corrupção toma-ram conta da sociedade. Aliás, dizem que se o Brasil se em-penhasse para acabar com as drogas, elas acabariam.
O Cidadão: Como levar o deba-te sobre a legalização da Ma-conha pra dentro das favelas? renatO CInCO: Eu fico o tempo todo tentando convencer algum espaço da favela a me receber, mas é uma dificuldade muito grande. E o que é lamentável, porque se a gente olhar bem, quem é que paga com liberda-de e com sangue essa política? São justamente os moradores das favelas. Os mais interes-sados nesse debate deveriam ser os moradores das favelas. O usuário de classe média, a gente sabe que ele sofre no má-ximo um “achaque”(um defeito moral, vício) da polícia. Então, a gente espera conseguir cada vez mais convencer as pessoas
de que é fundamental enfren-tar esse medo, a gente precisa desmontar uma máquina de matar e de prender. A guerra às drogas é isso, é uma máquina que está virada para as nossas favelas.
O Cidadão: A Maré tem hoje uma das maiores “cracolân-dias” do Rio. Qual é a política adequada para esses usuários de drogas? Por que a Prefeitu-ra não trata isso como um as-sunto de saúde pública, e sim como caso de polícia?renatO CInCO: A Prefeitura tem utilizado o combate ao cra-ck como pretexto para reprimir as populações de rua. Não há nenhum interesse da Prefeitu-ra em realmente tratar essas pessoas, tanto que os recolhi-dos estão sendo colocados em estabelecimentos que não for-necem tratamento. No caso de crianças e adoles-centes recolhidos já existe um relatório (entre outros feitos pelo Conselho Regional de Psi-cologia). Os psicólogos e outras organizações visitaram abrigos e concluíram que não há trata-mento. A única medicação dada para as crianças e adolescen-tes nas casas de acolhimento da Prefeitura são medicamen-tos chamados “sossega leão.” Quando eles mostram algum tipo de alteração eles medi-
cam para as crianças ficarem chapadas e não incomodarem mais. Se a Prefeitura quises-se realmente combater o pro-blema do abuso de drogas na nossa cidade, teria que investir na ampliação da rede básica de saúde mental, que são os Centro de Atenção Psicosocial de Alco-ol e outras Drogas (CAPSAD). Deveriam existir hoje no Rio de Janeiro 32 CAPSAD para aten-der os usuários problemáticos de drogas. Nós temos apenas 5 CAPSAD, isso porque 2 foram criados recentemente.
O Cidadão: Existe um canal para quem quer conhecer me-lhor o Movimento pela Legali-zação da Maconha? renatO CInCO: Existem mui-tos canais, nosso site é www.marchadamaconha.org e temos esse www.legalizacaodama-conha.org . Pesquisem sobre o congresso que aconteceu dias 3, 4 e 5 de Maio de 2013 em Brasí-lia, com a presença de especia-listas, professores doutores de vários locais do Brasil e o Mun-do. Nesse congresso a comu-nidade científica se manifestou pela legalização e regulamen-tação das drogas. Os vídeos das palestras estão disponíveis para quem quiser assistí-los no you-tube: CONGRESSO INTERNACIO-NAL SOBRE DROGAS 2013.
Leia a entrevista completa: jornalocidadao.net
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Meios comunitários e populares recebem homenagem na ABI
Durante o primei-ro semestre do ano de 2013, fo-
ram inúmeras as ativi-dades que a equipe do O Cidadão realizou não apenas na Maré, mas por todo o Rio de Ja-neiro. Alguns debates sobre democratização da comunicação, fave-la, direitos humanos e segurança pública foram marcados na agenda dos partici-pantes do jornal. Além disso , esta equipe re-cebeu uma linda ho-menagem com moção honrosa da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelos 14 anos de atua-ção dentro do Conjunto de Fa-velas da Maré. A premiação com a medalha Pedro Ernesto foi entregue ao jornal Brasil de Fato pelos seus 10 anos. O evento ocorreu em junho de 2013 no auditório da Associação Brasileira de Im-prensa (ABI). Além do O Cidadão, outros meios populares foram homenageados, conheça essa galera: Jornal da ABI, a Comis-são de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI, a Agência de Notícias das Favelas, a Agência Petro-
leira de Notícias, a Agência de Notícia PULSAR, o Núcleo Pira-tininga de Comunicação, o Jor-nal Voz da Favela, o Jornal Sem Terra, a Revista Vírus Planetá-rio, a Rádio Santa Marta, o Pro-grama Faixa Livre, a TV CAOS, o APPAFUNK, o Domingo É Dia de Cinema, o Bonde da Cultura, a Orquestra Vermelha, o Latuff Cartoons, Portal Comunitário da Cidade de Deus, o fotógrafo Samuel Tosta e Naldinho, da Escola de Fotógrafos Populares
da Maré e o blog Hempadão.A equipe do O Cidadão agrade-ce este grande reconhecimento. Pois fazer comunicação comu-nitária é um desafio diário. É lidar com tamanha realidade e lutar contra ela todos os dias para tentar fazer nascer uma outra sociedade. E que tal so-ciedade nos veja um dia en-quanto cidadãos, enquanto par-te da cidade, não mais como os que vivem à margem dela.
Comunicação
Por Gizele Martins
Da esquerda para a direita: Eliano Félix, Gizele Martins, Renata Souza, Naldinho Lourenço e Renata Guilherme. Representando O Cidadão na ABI
Foto: Renata Guilherme
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Um Paraibano MareenseO técnico de enfermagem Jurandir, conta uma pouco sobre sua história e como é ser um Mareense de coração
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Jurandir, na varanda de sua casa
Por Renata Guilherme
Hoje a Maré dispõe de Mu-seu, com manifestações culturais, cineclubes,
forró, funk, pagode, samba, rock, hip hop...existe uma vida cultural muito intensa. Bem diferente da época em que Ju-randir chegou por aqui. “Era muito restrito, só não era pior porquê tínhamos os famosos forrós que bombavam, era o point mesmo! Tinham as ro-das de capoeira e o candomblé (na época muito forte). Mesmo assim eram poucos, se quisés-semos algo a mais, a única op-ção, o local mais próximo era o centro do Rio. Ah, ia me es-
quecendo, tínhamos a Feira de São Cristóvão, ainda nas ruas e com o aspecto que lembra-va bem mais a minha terrinha. Hoje estou muito feliz em ver, não só a juventude mas todos os públicos com diferentes estilos terem opções de di-vertimento, sem precisar sair daqui.”Visitando a casa de Jurandir, temos a impressão de que estamos em uma galeria de arte, quadros estão expostos por todos os lados, paredes customizadas, tudo feito por ele mesmo. Acostumado a de-senhar desde criança, quando
em Rio Tinto pintava com lápis comum as paisagens, utiliza também a Maré como inspira-ção. “Sempre gostei disso, eu lia muito gibi também, desenhava os rios e manguezais, as ár-vores, os caranguejos eram os meus modelos. Aqui no Rio de Janeiro frequentei muitos mu-seus, galerias, que só contribuí-ram ainda mais. Sempre gostei muito e a Maré é mesmo muito inspiradora. A minha inspira-ção são as coisas que vivo, vi surgirem muitas coisas daqui, muitas inclusive ajudei a cons-truir, tinham mutirões na época. Ver as pessoas, os pássaros, as plantas do meu jardim, as co-res, o céu...a minha inspiração está ao meu redor, não preciso.
Com 40 anos vividos na Maré, Jurandir acompanhou pratica-
mente todas as transformações no lugar. “Cheguei aqui com 20 anos e muitos sonhos, aqui, era quase tudo mangue, realmente maré. Lembro das palafitas, as ruas de barro, uma enorme área de mangue com “pinguelas”, que eram as pontes aonde atravessávamos de um can-to a outro, buscávamos água na Teixeira Ribeiro, porque não tinha água encanada. Minha casa, por exemplo, ajudei a aterrar e aplanar o terreno, com uns 10 caminhões de aterro, porquê o mangue passa-va de baixo da minha casa, que na época era palafita.”
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Cultura
A galera roqueira e alternativa está em toda parte pela Maré. Como estamos falando de música e dos diversos ritmos presentes nos bares, casas e praças daqui, por quê não lembrar especial-
mente de quando o movimento roqueiro começou pelas ruas mareenses?
Pluralidade musical é aqui!Por Eliano Félix e Thaís Cavalcante
Em 1988, o movimento de bandas de rock começava a dar suas primeiras dedi-
lhadas. Bandas pioneiras como Biza, Dartherium, Rebeldia e Koiza Natural chamavam a atenção dos jovens. Começava aí a construção de um cenário que vive forte e renovado até os dias de hoje, agora com grupos como Algoz, Café Frio e D’Loks. Esses grupos, fazem os fãs de rock bater cabeça nos espaços do Conjunto de Favelas da Maré. Um desses espaços é o Bar do Zé Toré, no Morro do Timbau,
point certo da galera de preto. “Quando aluguei o bar, conheci uns integrantes de uma banda chamada THE PRIMUS, eles en-saiavam num lugar apertado, escondido, e ninguém conhecia a banda, então resolvi convidá--los para tocar no bar, o dono do bar ficou assustado, porque ali não aconteciam shows de bandas, muito menos de rock, mas a repercussão foi tão po-sitiva, sempre com o bar cheio e sem confusão o lugar virou point. E não somente do pes-soal do rock, aqui fazemos ani-
versários, hip-hop, churrasco, é só chegar e organizar,” conta Zé Toré. E ainda tem a lona cultural Her-bert Vianna onde sempre rola um show. Sempre com grande público, os eventos contam com pessoas loucas por música. Di-versas pessoas que não são da Maré também se juntam. Para continuar falando para vocês sobre essa exclusividade de nossa favela, conversamos com Diego Lima, um fiel frequenta-dor de shows.
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Diego Lima, começou con-tando como funciona o evento mais diferente já
feito na favela da Maré. “O rock aqui é bem mais ativo. Ter algo diferente é sempre bom e em todo show sempre dá bastante gente, mesmo até os que não se rotulam como roqueiros sem-pre estão presentes, os meno-res sempre com as mães. Só acho que deveria ter mais even-tos”. Diego também falou um pouco dessa mobilização de roquei-ros para construção de eventos e shows. “Acho que essa união é pela música, pela amizade e pela loucura de cada um, como um bom observador. Vi que todo
Cultura
mundo conhece todo mundo, todos em conjunto e querendo uma só coisa, o bom e velho Rock n’ Roll nos ouvidos, men-tes e corações da gente! Eu sou da segunda geração (década de 90), tenho 23 anos. Agora, o pessoal mais novo, con-sidero a terceira geração, mas todos com o mesmo espírito. Somos tão jovens independente das gerações. Já tive em uma banda cha-mada “New Pet” que sempre esteve presente nos eventos também, mantenho amizade desde 2004. “Mostrando como esse estilo pesado curte diversidade, Die-go dá um recado a todos aque-les que não conheciam a cena roqueira mareense. “Venham. Sejam todos bem vindos, os eventos são feitos por todos, independente de idade, cor, es-tilo, o importante é a cultura, a
felicidade de estar ali, fazendo novas amizades e se divertindo. Para se manter informado so-bre o que acontece nesse meio, entre no grupo virtual “A Maré Também é Rock.”A Maré também é rock!Conheça mais: https://www.
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Megaeventos e remoções
O que acontece com quem “vive no caminho” da Copa e das Olimpíadas?
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O Rio de Janeiro vem se preparando para receber grandes eventos como a
Copa do Mundo, em 2014 e os Jogos Olímpicos, em 2016. Em diversos veículos da grande im-prensa, como jornal, televisão e rádio é percebido um clima de euforia, festa e alegria. Porém, a realidade é problemática e im-pressionante. Principalmente porque as obras atingem nega-tivamente boa parte da popula-ção.O impacto das intervenções ur-banas tem atingido milhares de moradores de favelas. Mui-tos são vítimas de remoções forçadas e despejos causados, por exemplo, pela especulação
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imobiliária. Segundo dados do “Dossiê Megaeventos e Viola-ções dos Direitos Humanos”, lançado pelo Comitê Popu-lar Rio Copa e Olimpíadas em 2012, cerca de três mil famílias já foram removidas de seus locais de moradia. Outras sete mil famílias estão ameaçadas de remoção. No total, são cer-ca de dez mil famílias impac-tadas.
Algumas das favelas ame-açadas por remoções
Na cidade do Rio de Janeiro, grande parte dos alvos das re-moções antes dos megaeven-tos são as favelas. O Morro da Providência, a primeira favela do Brasil, tem de 800 a 2.000 casas ameaçadas. A previsão é de que as famílias atingidas sejam realocadas em bair-ros distantes de sua realida-de como Cosmos, Realengo e Campo Grande.A Vila Autódromo é outra fave-la ameaçada. A antiga colônia de pescadores ocupada desde a década de 70 tem a maio-ria das casas ameaçadas pela Prefeitura. A Prefeitura e seus investidores querem construir ali parte do Parque Olímpico
e transferir seus moradores para um conjunto habitacional do programa Minha Casa, Mi-nha Vida. Porém em 1994 a Vila Autódromo passou a ter direi-to de concessão de uso por 99 anos concedido pelo governo estadual depois de muita luta e resistência. No local vivem 236 famílias (939 moradores).Mandacaru, no Conjunto de Fa-velas da Maré, foi uma das pri-meiras favelas ameaçadas por essa política de remoções já em 2007. Até hoje os morado-res convivem com a sobra do despejo. Na época, a dona de
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Residência em Campinho, casa completamente destruída
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casa Marta Rodrigues, 50 anos, protestava dizendo que foram os moradores que ajudaram a desenvolver o local: “Eu acho isso um absurdo. Há oito anos quando eu vim morar aqui, só ti-nha mato, agora eles querem ti-rar a nossa casa por 1.400 reais, nos deixando sem condições de comprar outra casa”, disse. Na opinião de Rogério Santos, 42 anos, morador da Maré, pós graduado em Políticas Territo-riais no Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Política e Planejamento Urbano (IPPUR/UFRJ), “a popu-lação sofre com essa ‘mobiliza-ção’ dos governantes (tanto da esfera Municipal, Estadual ou da própria União) em prol do ‘avan-ço da modernidade’. Para citar exemplos podemos lembrar das ‘operações urbanas’ no Conjun-to de Favelas do Alemão e no Morro da Providência, onde fo-ram instalados teleféricos sem uma sensata consulta à popula-ção local. O ideal seria uma rea-locação desses moradores para áreas próximas de suas antigas residências, como foi realizado no processo de implementação do ‘Projeto Rio’, aqui na Maré, nos anos 80 do século passado”, afirma.
Fotos: Renato Consentino
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A resposta popular nas ruas
Em junho, o Brasil parou. E não foi pela alegria de ver a seleção brasileira
em campo na Copa das Confederações, e sim pela onda de manifestações populares, a maior na história recente do país. Durante todo o mês milhares de pessoas protestaram, principalmente nas seis cidades sede do torneio (Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza). Para a Copa do Mundo, em 2014, existe a possibilidade de uma nova onda de protestos.
As manifestações popula-res que mobilizam o país desde junho reivindicavam
inicialmente o cancelamento do aumento da tarifa do transporte público. Hoje o clamor das ruas se mistura e a população não quer mais que as decisões se-jam tomadas de cima para bai-xo. A sociedade quer cada vez mais a participação popular nas decisões.Com mais de cem favelas na
lista das remoções e mais ou-tras sendo invadidas por uma falsa promessa de segurança pública, as favelas também es-tão nas ruas cobrando direitos básicos como: saúde, educa-ção, moradia, saneamento bá-sico, transporte e trabalho. O povo não é contra os grandes eventos, mas como pensar em gastos bilionários com “copas”, se não temos nossos direitos básicos de sobrevivência ga-rantidos?
A relação entre UPPs, me-gaeventos e remoções
A ocupação policial das fa-velas tem sido outra po-lítica adotada no Rio de
Janeiro. E como a cidade está no roteiro turístico mundial nos próximos dois anos, além das remoções para “limpar” a cidade, “cinturões de seguran-ça” tem sido criados, sobretu-do, nas áreas ricas da cidade É como se os moradores de favela, que moram próximos a esses lugares, fossem uma ameaça aos eventos e às pes-soas. Até Outubro deste ano, 36 favelas já estão ocupadas pela chamada Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).O Conjunto de Favelas da Maré é um dos lugares que está na lista do estado para a imple-mentação dessa política já que está na rota do Aeroporto In-ternacional. A iminência da en-trada de uma Unidade de Polí-cia Pacificadora (UPP) na Maré gera alguns questionamentos de moradores.
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É o caso de Francisco Marce-lo, morador da Vila do João e doutorando pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Para ele, “a implantação da UPP en-volve uma série de equívocos e violações dos direitos humanos. O que se entendia como con-trário já que o grande violador dos direitos humanos historica-mente são os grupos armados. Com a presença permanente do braço armado do Estado nas favelas percebeu-se mais niti-damente que a polícia não está preparada para atuar da devida forma, que seria respeitando os
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direitos humanos e a dinâmica social dos territórios favelados. Então, a simples presença das UPPs já caracteriza uma viola-ção, pois institucionaliza polí-ticas diferenciadas em territó-rios de uma mesma jurisdição”, disse.Além disso, Marcelo afirma ain-da que “esta é a materialização do Estado Paralelo de fato. O que ratifica nossa análise são as inúmeras denúncias e cons-tatações de violações dos di-reitos humanos das pessoas e a incompetência e/ou descaso da polícia em conseguir agir
de forma diferente. As opera-ções para ocupação da Maré já tiveram início há tempos e es-sas, como todas as demais, são marcadas pela violência, pé na porta, desrespeito, bala perdida e ainda atual, “auto de resistên-cia”.Roberta Silva, 28 anos, mo-radora do Salsa e Merengue, comenta também sobre sua percepção de favela com UPP já que tem amigos nos lugares já ocupados. Pelo que eu tenho visto, a polícia usa do hábito de proibir. Por exemplo, eles proíbem o uso de som, não por que prezam pelo bem-estar co-mum, mas sim porquê proíbem mesmo”, conclui. Muitos moradores destas fa-velas que estão hoje ocupadas pela UPP afirmam que além das frequentes violações de direitos humanos, eles também têm sofrido com o aumento do va-lor do terreno. Por isso os mo-radores necessitam procurar outras favelas mais “baratas” para morar. Alguns moradores e estudiosos chamam esse fe-nômeno de “Remoção Branca”.
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Esporte
atividade física como qualidade de vidaA prática do esporte e a consequente melhora na saúde tem aumentado entre os mareensesPor Eliano Felix
Correr, nadar, andar de bi-cicleta, malhar...Cada vez mais as pessoas tem pro-
curado praticar algum tipo de exercício físico. Na academia ou por conta própria, à luz do dia, como uma simples pedalada na ciclovia, por exemplo. No Con-junto de Favelas da Maré não é diferente, com o crescente número de academias disponí-veis e, alguns projetos visando a prática de atividade física na terceira idade, muita gente tem colocado a “máquina” pra fun-cionar.A desculpa pode ser a falta de tempo. Mas temos algumas opções, inclusive, atividades gratuitas! Academias, ciclovia, Vila Olímpica, unidades de es-porte e lazer e até um campo universitário inteiro com diver-sas opções de práticas esporti-vas ao ar livre, como corrida e a tradicional pelada do final de semana.Para alguns que preferem as academias, “puxar ferro” mui-tas das vezes significa apenas ter o físico dos sonhos. Para ou-tro grupo, além dos músculos, a qualidade de vida e a conse-quente disposição para encarar bem a semana de trabalho é o objetivo.Nos últimos anos, tem crescido o número de pessoas preocu-
padas em conciliar a malha-ção com a qualidade de vida. O caso de Luciana Oliveira, 32 anos, recepcionista, moradora da Vila do João e frequentadora de academia. “Praticando exer-cícios posso ter mais saúde e disposição, pois ganho em re-sistência física e força muscu-lar e ainda reduzo a ansiedade e o estresse do dia a dia”, revela Luciana.Já para Renato de Carvalho, 28 anos, bancário e morador da Vila do Pinheiro, malhar já faz parte da sua rotina. “Acordo bem cedo, tomo um café leve e vou pra academia, quando volto faço um lanche, tomo banho e
vou trabalhar. Consigo traba-lhar bem e disposto durante todo o dia, a prática de exercício me ajuda muito nesse sentido”, disse.Segundo o professor de Edu-cação Física, Victor Hugo, 44 anos, da Academia Brandel’Hil, na Vila dos Pinheiros. ”Os bene-fícios da prática de exercícios só fazem bem à saúde”, disse. Lembrando que esta não pode ser uma prática para valoriza-ção do corpo e sim da saúde. Além disso, todos estes tipos de exercícios citados na maté-ria, devem ser acompanhados por algum especialista.
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Jornal o Cidadão 17
ainda não pensei: O novo Jornal Comunitário de niteróiO comunitário é fruto do curso sobre Educomunicação realizado no Morro do Preventório
Com o objetivo de mostrar o dia a dia da favela, um gru-po de dezesseis simpáticas
meninas lançou no primeiro se-mestre deste ano, o ‘Ainda Não Pensei’. O jornal comunitário do Morro do Preventório, loca-lizado na Zona Sul de Niterói. O impresso é fruto da oficina de educomunicação do Grupo Paiol Cultural, que aconteceu no final do ano passado.“Muitas pessoas aqui não pen-sam sobre saneamento. Têm outras coisas que precisam me-lhorar. Existe gente que não liga para isso. A gente quer o melhor para comunidade. O nome do jornal é para isso, para que to-dos pensem os problemas”, co-mentou Pamela Sebastião sobre os bastidores da produção do jornal e o que ela acredita poder fazer mudar o pensamento de
todos os moradores do Preven-tório.Uma das coordenadoras do pro-jeto, a jornalista Jéssica Santos conta que a ideia surgiu a par-tir do projeto de leitura crítica, realizado pelo Sesc Niterói, em parceria com o Paiol Cultural e o Banco Comunitário do Pre-ventório, em novembro do ano passado. Segundo ela, com a turma já formada, foi mais fácil colocar a ideia em prática. “Tra-balhamos sempre pautados no desenvolvimento da consciência crítica e a autonomia dos sujei-tos envolvidos nos projetos. Na Grota (favela vizinha) também já existe jornal. Queremos, com o tempo, colocar em atividade outros meios de comunicação, como o rádio, por exemplo”, dis-se Jessica.Durante o evento, a roda de pa-
lestra debateu a importância da comunicação comunitária como construção da identidade fave-lada. Um dos convidados para o bate papo foi, Pedro Martins, representante nacional da As-sociação Mundial das Rádios Co-munitárias (Amarc), apontou a força do rádio como instrumento de comunicação capaz de pro-duzir o efeito de organizar rapi-damente as pessoas.“A rádio tem papel muito impor-tante, não é à toa que os pode-rosos, no Brasil, querem uma lei que restrinja nosso direito de fazer rádio, de fazer tevê. Acontecendo alguma coisa, você consegue se comunicar na hora. Durante as tragédias das chuvas da região serrana, o veículo mais importante foi a rádio comuni-tária de Friburgo. Ela foi funda-mental para salvar vidas, funcio-nado 24 horas”, explica Pedro.A coordenadora do jornal “O Ci-dadão”, do Conjunto de Favelas da Maré, Gizele Martins, falou sobre os desafios e alegrias de se fazer o jornal. “A força da comunicação comunitária está exatamente nisso, criar laços. Fazer com que pautemos aquilo que agrava o dia a dia da favela. De fazer com que, por exemplo, a gente se sinta orgulhoso de morar em uma favela. É também valorizar a nossa cultura popu-lar. É trocar ainda experiências com quem faz outros meios de comunicação”, finalizou.
Geral
Por Rafael Lopes
Jornal o Cidadão 18
No último dia 7 de Setem-bro na Quadra da Escola de Samba Boca de Siri,
na favela Roquete Pinto, acon-teceu o “Baile do Forninho, a noite do Flashback.” O baile é organizado pela funcionária pública Lilian Aguiar, 36 anos, e pelo auxiliar administrativo, cantor e compositor Beto Meira, 43 anos.Perguntamos ao Beto: por que voltar a fazer o Baile do Forni-nho que já foi um sucesso há quarenta anos na comunida-de? E ele respondeu: “A ideia de fazer um evento desses no-vamente aqui na Roquete Pinto veio da percepção de que as pessoas que viveram aquela época sentem muita saudade. Tinha um baile na Associação de Moradores cujo espaço era pequeno. Tinha sempre muita gente e vivia lotado. Por isso era quente demais. Daí o nome Baile do Forninho. Desde 2010 tentava realizar o evento, mas não conseguia. Estava na luta já com data marcada e tudo, mas sem apoio nenhum! Até que convidei a Lilian Aguiar para abraçar o projeto e deu no
que deu: sucesso total na fave-la, que já clama por outro baile.” Lilian, a amiga que deu um show na organização com Beto, diz que “a repercussão foi ótima e atingiu o nosso propósito de divertimento para pessoas que tinham saudade dessa época e também os mais jovens”.Para terminar essa matéria, entrevistamos um dos mais badalados moradores mare-enses: Begha Silva, músico da Maré. Ele fala de como é ver a favela bombando com altas festas como o Bai-le do Forninho. “A festa foi maravilhosa! Quero parabenizar a organiza-ção, aos visitantes e mo-radores. Gostaria muito que
essa festa fosse todos os me-ses, todos sentimos saudades dos bailes das antigas, onde nos divertíamos, nos amáva-mos, namorávamos. Estou
muito emocionado,” comentou. O casal Nilson e Shirley, casa-dos há 32 anos e “namorados” há 45, também curtiram bas-tante. “Ouvir Manhattan e poder dançar coladinhos nos emocio-nou, lembramos do passado, apesar de tanto tempo juntos, ainda nos amamos demais”.
Geração Retrô Musical
As décadas de 60, 70 e 80 nas ruas e bailes da Maré
Por Renata Gilherme
Lilian é moradora do Parque Roquete Pinto
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JHENRI
Jornal o Cidadão 19
Primeira rua da MaréO Cidadão volta à rua onde moradores reclamavam de abandono e pergunta ao presidente da Associação sobre melhorias
Geral
Na edição de número 54 do jornal O Cidadão de 2008, publicamos uma matéria, onde existia uma
grande preocupação dos moradores do Conjunto Esperança em relação às condições de conservação da rua José Moreira Pequeno, primeira rua da Maré para quem acessa o conjun-to de favelas através da Avenida Bra-sil. Voltamos ao Conjunto Esperança e conversamos com o presidente da Associação de Moradores, Pedro Fran-cisco, para saber o que foi feito para melhorar o acesso e a circulação das pessoas pelo local.O CidadãO: Uma das grandes preocu-pações dos moradores, na época, era em relação ao lixo, que se espalhavam pela rua, isso melhorou?Presidente da Associação dos Mo-radores – Pedro: Há dois anos, fir-mamos parcerias com o responsável pelos garis comunitários, Sr. Rogério Lima, mais o Administrador regional,
Del. Fizemos uma reunião e decidi-mos que, devido ser a primeira rua da comunidade, claro que não só por isso mas, por ser a porta de entrada da Maré, deveríamos ter uma melhor apresentação. Então, junto a comer-ciantes e moradores, fizemos um pac-to de manutenção e melhorias, par-cerias na iluminação, limpeza. Parte cabendo à associação, parte cabendo aos moradores na conservação da rua. Com isso se tornou menos difícil essa manutenção. O CidadãO: Outra questão era em rela-ção à iluminação, como está agora?pedro: Com a parceria com a Adm. Regional e o contato com a Rioluz, reformamos a maioria da iluminação na rua, além de dobrar o número de refletores.O CidadãO: Vocês não tinham garis co-munitários, ainda enfrentam esse problema?Pedro: Hoje não temos esse proble-
ma, como falei antes, devido às par-cerias firmadas, além dos dois garis comunitários fixos, temos três apoios. Fizemos também uma melhor redis-tribuição do trabalho desses garis em nossas ruas, assim, conseguem dar conta da limpeza e manutenção sem precisar refazer o serviço, como antes.O CidadãO: Na época, a presidente da Associação era Marilene Lopes, e ela dizia que achava importante o trabalho de conscientização de todos da comu-nidade. Existe um trabalho nesse sen-tido?pedro: Sim, trabalhamos a conscien-tização dos moradores em conversas com comerciantes, placas educativas. Fazemos a cada três meses uma reu-nião com todos os síndicos (35 síndi-cos), passamos nossos informativos a eles, onde repassam aos moradores a importância de cada um fazer a sua parte, na conservação e limpeza de nosso conjunto. Não chegamos ainda na meta ideal, mas é um trabalho con-tínuo nosso.O CidadãO: Que serviços e atividades são oferecidos ao morador do Conjunto Esperança na Associação?Pedro: Temos ginástica da terceira ida-de, futebol infantil, capoeira, judô, as-sessoria jurídica e, em breve teremos um projeto de inclusão digital.O CidadãO: Hoje, qual o maior desafio enfrentado pela Amace?Pedro: Hoje nossa grande prioridade é manter o que vem sendo feito. Além de melhorar o acesso dos moradores em relação às calçadas, sinalização das ruas com placas e números nos blocos residenciais. E, lutar por proje-tos sociais, ainda temos uma carência nesse sentido, e queremos ocupar a mente dos jovens e adolescentes des-sa comunidade.
Por Eliano Felix
Rua mais cuidada e aviso aos moradores
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Jornal o Cidadão 21
MENINOS DO BRASIL
Autor: Edilberto José SoaresRio - 2004
Um grito sufoca o peitoUm que não um grito que não saiuSão os filhos sem um leitoSão os filhos sem um peitoSão os filhos sem justiçaSão os filhos sem cultura...São os filhos sem os livrosSão os filhos sem o leiteDesta Pátria Mãe BrasilUm tiro corta o diaUm tiro corta a noiteNo peito, na alma os açoitesDestes verdugos hostisDos meninos sobreviventesDesta Pátria Mãe GentilNão foi tiro de estilingueFoi matracar de fuzilDos guerrilheiros urbanosQue fizeram dos meninosGuerrilheiro urbanoDesta Pátria Mãe BrasilNo peito não trazem medalhasNem divisas de patentesNão lutam por ideaisSão simplesmente sobreviventesPois estão na guerra inocentesFoi isto o que fizeramCom os sonhos varonisDos meninos sobreviventesDesta Pátria Mãe GentilO verde , o amareloO branco, o azul anilEstão manchados de vermelhoÉ o sangue de inocentesDos filhos deste BrasilFruto do egoísmoDos que se dizem lideresDesta Pátria Mãe GentilQuantos já morreram?Quantos há de morrer?Para esta gente entenderemQue cada Brasileirinho mortoMorre também...Um pedacinho do Brasil.
Rascunho
Dicas da Vovó
Acontece no CEASM
Segue as dicas da vovó: Pode cortar a que você achar melhor.Na cozinha…1. Para tornar o detergente mais eficaz, acrescente algumas gotas de vinagre no recipiente e misture bem. O vinagre potencializa o poder de desengordurar, além de propor-cionar um brilho extra às louças e panelas.2. Para tirar o cheiro de alho, cebola e água sanitária das mãos, basta esfregar os dedos em uma peça de aço inoxidável (pode ser um talher) sob água corrente.3. Para o arroz ficar bem soltinho, acrescente uma colher de vinagre na água do arroz na hora do cozimento. Já para soltar o arroz que ficou empapado, coloque-o em uma peneira e passe sob água fria, como se fosse macarrão.No banheiro…4. Evite deixar o cesto de roupa suja no banheiro, pois pode gerar mau cheiro. O lugar ideal para elas é na lavanderia!
Jornal o Cidadão 22
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
Solução
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As melhores AventurAs do mAis fAmoso dos mágicos
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GAGARANTIA
RURALENEVIIIART
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AMONIAÃÇORCAVOA
A arte etécnicado ator
AlbertEinstein,
físico
Parte dopaletó on-de se colo-ca o cravo
Jogo detabuleirocom 24peças
8, emalgarismosromanos
Nome domordomodo Batman
(HQ)
Instrumen-to básicoda agri-cultura
(?) bolas!:expressãode enfado
O trajetooposto aoda volta
Sigla dePolíciaMilitar
Estágiode um
processo
Higienerecomen-dada pordentistas
O examerealizado
no teste depaternidade
Grande determina-ção (fig.)
Equipa-mento quefiscalizao trânsito
(?) 9003:certifi-cado de
qualidade
Espaçopúblicorodeado
por árvores
Forma dodecotepronun-ciado
Loco-move-se
como as aves
Entulhocom que senivela umterreno
Varredor de ruas (bras.)
Cada divisão dapiscina olímpica
N
Arte,em inglês
Observa;nota
Mamíferoroedor
Sustentamo corpoA chuva
no sertão
Clareadorde pelosA “baleia
assassina”
Caminhar;dar passos
Peça delavatório
Profissio-nal que
assessoraviajantes
Período deassistênciatécnica deum produto
Perten-cente aocampo
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1 2 3 2 4 5 6 2
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6 11 2 2 12 3 2
9 5 2 13 2 13 14
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INGREDIENTES:
3 copos médios (tipo re-queijão) de água filtrada3 ovos inteiros3 copos médios (tipo requeijão) de açúcargotas de baunilha (a gosto)1 pacote de 400 gramas de leite em pó.
MODO De FaZer:
Coloque os ingredientes na ordem acima no li-quidificador e bata bem.
Ponha para assar em banho maria, em forma de pudim (com buraco no meio).
Quando espetar o garfo e sair sequinho está pronto, coloque para gelar e desenforme.
PRONTO! PODE COMER
Maurício Voltaire (9 anos)
PUDIM DOMAURICIO
Jornal o Cidadão 23
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Voce foi as Ruas ou Apoiou?O Cidadão também!!
O oportunismo de alguns «bardeneiros» ,
que se aproveitaram das manifestações
para tentar transformar um evento social, em um
terrorismo coletivo, onde a violência seria a
principal protagonista.
O que não Valeu?
A coragem do povo
em não se deslumbrar
com a Copa e partir
pra rua , para mostrar a cara
contra tudo o que tentou
ser esquecido
pelos govenrnantes.
O que Valeu?
«O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas, afinal o Brasil foi quem quis a Copa»
Presidente da Fifa, Joseph Blatter,quando questionado sobre as manifestações no Brasil
IlustradoMeu Deus!!!Pra que tanto
barulho!?
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Jornal o Cidadão 24
Os teMpOs Da MarÉA exposição do Museu da Maré foi inaugurada no dia 8 de maio de 2006. Durante os sete anos em que esteve aberta ao público, a exposição “Os Tempos da Maré” foi visitada por mais de 40 mil pessoas
Desde o início do Museu, os moradores vêm colaboran-do com o projeto. Sem essa participação nada teria sido possível.Os sete anos de existência do Museu da Maré vão se prolongar por muito mais tempo, enquanto tivermos a colaboração, a amizade e o carinho de tantas pessoas como você que está lendo esta página do jornal O Cida-dão. Você faz parte da nossa história e graças à sua parti-cipação, o Museu está pron-to para receber mais 40, 50, 60, 100 mil novos visitan-tes. Vida longa ao Museu e à memória dos moradores da Maré!
A exposição do Museu da Maré foi inaugura-da no dia 8 de maio
de 2006. Durante os sete anos em que esteve aberta ao público, a exposição “Os Tempos da Maré” foi visitada por mais de 40 mil pessoas. Depois de permanecer fe-chada por quase um ano, a exposição foi reaberta com uma grande festa que con-tou com a participação de muitos amigos e moradores das comunidades. Além de preservar a memó-ria da fábrica onde foi insta-lada, a exposição apresenta vários temas sobre a vida dos moradores da Maré. Es-ses temas são organizados
em 12 tempos que formam um grande calendário. Água, migração, casa, trabalho, re-sistência, feira, festa, fé, co-tidiano, criança, medo e fu-turo são os temas discutidos na exposição, que mistura vários períodos da história da Maré, desde sua forma-ção até o tempo presente.A inspiração para esse for-mato da exposição surgiu em 2005, depois da elabo-ração do calendário “Famí-lia Maré”. Vários morado-res cederam fotos de seus arquivos pessoais e deram depoimentos para compor o calendário, que permane-ce até hoje em lugares de destaque em suas casas.
Memória
Foto
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Equipe “O Cidadão”