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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DE DUAS BOMBAS
ACOPLADAS DIRETAMENTE A GERADORES FOTOVOLTAICOS
por
Marco Antônio Steigleder
Dissertação para obtenção do Título de
Mestre em Engenharia
Porto Alegre, agosto de 2006
COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DE DUAS BOMBAS
ACOPLADAS DIRETAMENTE A GERADORES FOTOVOLTAICOS
por
Marco Antônio Steigleder
Engenheiro Operacional Mecânico
Dissertação submetida ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica, PROMEC, da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Título de
Mestre em Engenharia
Área de Concentração: Energia
Orientador: Prof. Dr. Arno Krenzinger
Co-orientador: Prof. Dr. Mário Henrique Macagnan
Comissão de Avaliação:
Prof. Dr. Alexandre Beluco
Prof. Dr. João Carlos Vernetti dos Santos
Prof. Dr. Paulo Otto Beyer
Prof. Dr. Flávio José Lorini
Coordenador do PROMEC
Porto Alegre, 04 de agosto de 2006
iii
Dedico esse trabalho à minha amada esposa Margared e aos meus
queridos filhos Daniel Henrique e Ana Paula, que são a justificativa para o
meu empenho, e também à minha mãe Rosalina e ao meu saudoso pai
Romeo, pela importância que sempre deram à minha educação.
iv
AGRADECIMENTOS
À DEUS, por tudo que tem feito por minha família e por mim.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul - PROMEC, pela oportunidade de realizar esse trabalho e à Universidade do
Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, que o apoiou.
Aos colegas professores MS Sílvia Costa Dutra, Doutor Leandro Dalla Zen e MS Jerzy
Pawlowski, que me recomendaram junto ao PROMEC.
Aos professores Doutores Arno Krenzinger e Mário Henrique Macagnan, pela paciente
orientação e pronta ajuda nos momentos necessários.
Ao engenheiro MS César Wilhem Massen Prieb, funcionário do Laboratório de Energia
Solar da UFRGS, pelo auxílio técnico prestado.
Ao colega Doutor Daniel Sampaio Figueira (em memória), pela colaboração e incentivo.
Aos engenheiros Diogo Alberto Borges e Flávio Roberto Andara que, quando
funcionários da UNISINOS, ajudaram na construção da bancada de testes e na manutenção dos
instrumentos e equipamentos nela usados.
Ao secretário do PROMEC, Paulo Kutter e às funcionárias Gracinda de Jesus Gonçalves
e Elen Flores, pela disponibilidade e atenção.
Ao amigo engenheiro MS Luis Horácio Vera, pelo desprendimento, disponibilidade,
paciência, colaboração e incentivo.
Finalmente, desejo agradecer a todos que de uma ou de outra forma cooperaram para a
conclusão desse trabalho.
v
“Feliz do homem que encontrou a sabedoria, é uma árvore de vida
para aqueles que lançarem mão dela... quem a ela se apega é um homem
feliz.[Provérbios 3,13;18]
vi
RESUMO
No Brasil, assim como em outros países que recebem abundantes quantidades de radiação
solar durante todo o ano, há um grande potencial para os sistemas que usam a tecnologia
fotovoltaica para promover o bombeamento de água. Entretanto, a escolha dos conjuntos de
motores e bombas mais adequados para cada situação passa pela análise do desempenho dos
sistemas de bombeamento. Portanto, devem ser analisadas tanto as melhores configurações de
geradores fotovoltaicos destinados a operar os conjuntos formados pelos motores e bombas,
quanto às eficiências das bombas e da conversão fotovoltaica.
Nesse trabalho são apresentadas medidas e comparações do desempenho de dois sistemas
de bombeamento diretamente acoplados a geradores fotovoltaicos. Para tanto, foi construída uma
bancada destinada a realizar uma série de experimentos. Um dos sistemas usou uma bomba
centrífuga acoplada a um gerador fotovoltaico formado por três módulos fotovoltaicos. O outro,
utilizou uma bomba volumétrica de diafragma acoplada a um único módulo fotovoltaico. Os
experimentos foram conduzidos em duas etapas distintas. A primeira foi feita com os motores
acoplados a uma fonte de potência em corrente contínua e serviu para a determinação das curvas
de desempenho de cada uma das bombas, das curvas dos sistemas, assim como das curvas de
corrente (I) e de tensão (V) de cada um dos motores que acionavam as bombas. A segunda foi
realizada com os sistemas acoplados diretamente aos geradores fotovoltaicos.
A determinação da configuração dos geradores fotovoltaicos destinados a acionar os
diferentes sistemas de bombeamento em análise nesse trabalho foi feita por meio da
sobreposição das curvas de corrente e tensão dos motores e dos módulos fotovoltaicos.
A parte experimental, estando os sistemas acoplados aos geradores, constou de medidas
realizadas em intervalos de tempo de cinco segundos, para cada bomba e em várias alturas, das
seguintes variáveis: temperatura ambiente, irradiância, temperatura dos módulos, corrente e
tensão do motor, rotação do motor, temperatura da água, diferencial de pressão entre entrada e
saída da bomba e vazão. As diversas alturas foram simuladas por meio da abertura e/ou
fechamento de uma válvula de controle de vazão colocada na extremidade tubulação de
descarga, operada manualmente.
Os procedimentos adotados nessa dissertação permitiram caracterizar os sistemas de
bombeamento propostos, assim como determinar quais os arranjos mais adequados para operar
cada sistema. Verificou-se que o melhor arranjo para operar o conjunto motor e bomba
centrífuga foi aquele formado por três módulos fotovoltaicos ligados em paralelo, enquanto que
a melhor opção para operar o conjunto motor e bomba de diafragma foi com somente um
módulo fotovoltaico.
vii
De posse dos dados medidos foi possível determinar as eficiências: instantâneas,
máximas instantâneas e diárias da conversão fotovoltaica assim como dos conjuntos motores e
bombas, em diferentes alturas. Relativamente à conversão fotovoltaica, verificou-se que o
conjunto motor e bomba centrífuga operou com eficiência instantânea máxima de 5,74% e
eficiência diária de 4,70%, enquanto que o conjunto motor e bomba volumétrica de diafragma
operou com eficiência instantânea máxima de 7,66% e eficiência diária de 5,82%. Relativamente
à eficiência dos conjuntos motores e bombas, verificou-se que o conjunto motor e bomba
centrífuga operou com eficiência instantânea máxima de 19,19% e eficiência diária de 16,79%,
enquanto que o conjunto motor e bomba volumétrica de diafragma operou com eficiência
instantânea máxima de 38,88% e eficiência diária de 34,30%. Verificou-se ainda que a altura foi
determinante na eficiência do conjunto motor e bomba centrífuga e pouco influenciou na
eficiência do conjunto motor e bomba de diafragma.
Além dessas, outras considerações sobre o comportamento dos sistemas de bombeamento
ao longo de um dia também foram ser registrados, tais como: limiares de irradiância para início e
final de vazão, correntes de pico ou de arranque dos motores e correntes de início de vazão ou
escoamento.
viii
ABSTRACT
PERFORMANCE COMPARISON OF TWO PUMPS DIRECTCLY COUPLED TO
PHOTOVOLTAIC GENERATORS
In Brazil as well as in other countries which receive a great amount of solar radiation
during all year long there is a great potential for the systems which use the photovoltaic
technology for water pumping. However, the performance of the motors and pumps should be
accordingly analyzed for each situation. Therefore, should be analyzed the best configurations of
photovoltaic arrays which will be used to drive the motors and pumps as well as the efficiency of
the pumps and of the photovoltaic conversion.
This work shows the measurements made during the experiences and compares the
performance of two water pumping systems directly coupled to the photovoltaic arrays. A
laboratory test facility was built to evaluate the photovoltaic pumping systems. One of the
systems used a centrifugal pump directly coupled to an array assembled with three photovoltaic
modules. The other system used a volumetric diaphragm pump directly coupled to an only one
photovoltaic module. The experiences were made in two stages. On the first stage the motors and
pump were coupled to a DC power source. In this stage all the experiments and data were used to
evaluate the characteristic performance of the pumps as well as their current and voltage
performances. On the second stage the motors and pumps were directly coupled to the
photovoltaic arrays.
The determination of the best array to be used to drive the different sets of motors and
pumps were made by superimposing the current and voltage curves of the motors to the current
and voltage curves of the photovoltaic arrays.
The following measurements of the variables were made with the motors and pumps
directly coupled to the photovoltaic arrays: weather temperature, solar radiation, cell and module
temperature, current and voltage of the motors, velocity of the motors in rpm, water temperature,
pressure differential between entrance and exit of the pump and water flow. All the experiences
were made for several pump heads and the measurements were made at each five seconds. The
several pump heads were simulated by a control valve manually operated.
The procedures adopted in that work allowed characterizing the proposed pumping
systems, as well as determining which the arrays more adapted to operate each system. It was
verified that the best array to operate the motor and centrifugal pump set was that formed by
three photovoltaic modules connected in parallel, while the best option to operate the motor and
diaphragm pump set was with only a photovoltaic module.
ix
With all the measured data was possible to determinate the instantaneous efficiency, the
maximum instantaneous efficiency and the daily efficiency of the photovoltaic conversion as
well as of the motors and pumps sets. Relatively to the photovoltaic conversion, it was verified
that motor and centrifugal pump set operated with a maximum instantaneous efficiency of 5,74%
and a daily efficiency of 4,70%, while motor and volumetric diaphragm pump operated with a
maximum instantaneous efficiency of 7,66% and a daily efficiency of 5,82%. Relatively to the
efficiency of motors and pumps sets, it was verified that the motor and centrifugal pump set
operated with a maximum instantaneous efficiency of 19,19% and a daily efficiency of 16,79%,
while the group motor and bomb diaphragm volumetric operated with a maximum instantaneous
efficiency of 38,88 % and a daily efficiency of 34,30%. It was also verified that the head
pumping is strongly decisive in the efficiency of motor and centrifugal pump set and little
influenced in the efficiency of motor and volumetric diaphragm pump set.
A series of considerations about the behavior of the pumping systems along the day could
also be registered, such as: irradiance threshold for the beginning and flow stop, peak current of
the motors and current for the beginning of flow.
x
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 Aspectos Gerais .............................................................................................................. 1
1.2 Objetos em estudo nesse trabalho.................................................................................... 4
1.3 Objetivos.......................................................................................................................... 5
1.4 Escopo do trabalho .......................................................................................................... 6
2 ENERGIA SOLAR ................................................................................................................ 8
1.1 Aspectos Gerais ............................................................................................................... 8
1.2 O Sol................................................................................................................................ 9
1.3 Radiação Solar e Espectro Eletromagnético.................................................................. 10
1.4 Radiação Solar Extraterrestre e Constante Solar........................................................... 11
1.5 Atenuação da Radiação Solar e Radiação Solar na Superfície Terrestre ...................... 12
3 DISPOSITIVOS USADOS EM BOMBEAMENTO FOTOVOLTAICO DE
ACOPLAMENTO DIRETO ................................................................................................ 14
3.1 Aspectos Gerais ............................................................................................................. 14
3.2 A célula fotovoltaica...................................................................................................... 14
3.2.1 Funcionamento simplificado de uma célula fotovoltaica................................... 16
3.2.2 Curvas características da célula solar ................................................................. 18
3.2.3 Fator de forma ou de preenchimento de uma célula solar fotovoltaica.............. 19
3.3 Módulos Fotovoltaicos .................................................................................................. 19
3.4 Arranjos fotovoltaicos ................................................................................................... 24
3.5 Sistemas de bombeamento ........................................................................................... 29
3.6 Bombas .......................................................................................................................... 30
i. Bombas Centrífugas ............................................................................................ 30
ii. Bombas Volumétricas de Diafragma .................................................................. 32
iii. Características operacionais das bombas estudadas............................................ 33
3.7 Acoplamentos ................................................................................................................ 38
4 ABORDAGEM EXPERIMENTAL .................................................................................... 42
4.1 Equipamentos e acessórios utilizados nos ensaios ........................................................ 43
xi
4.1.1 Gerador fotovoltaico........................................................................................... 44
4.1.2 Circuito hidráulico.............................................................................................. 45
4.1.3 Circuito elétrico .................................................................................................. 48
4.1.4 Conjunto motor e bomba centrífuga................................................................... 49
4.1.4.1 Motor ..................................................................................................... 49
4.1.4.2 Bomba centrífuga .................................................................................. 49
4.1.5 Conjunto motor e bomba de diafragma .............................................................. 50
4.1.6 Medidor de vazão ............................................................................................... 52
4.1.7 Medidor de diferencial de pressão...................................................................... 53
4.1.8 Medidor de radiação solar .................................................................................. 54
4.1.9 Medidas de tensão e corrente ............................................................................. 55
4.1.10 Medidor de rotação do motor ........................................................................... 55
4.1.11 Medidores de temperatura dos módulos, do ambiente e da água ..................... 55
4.1.12 Sistema de aquisição de dados ......................................................................... 56
4.1.13 Fonte de potência.............................................................................................. 57
4.1.14 Microcomputador ............................................................................................. 57
4.2 Caracterização das bombas............................................................................................ 59
4.2.1 Teste de desempenho.......................................................................................... 60
4.2.1.1 Procedimentos antes do teste........................................................................... 60
4.2.1.2 Procedimentos durante o teste ......................................................................... 60
4.2.1.3 Procedimentos após o teste.............................................................................. 60
4.2.2 Determinação da curva de altura do sistema ...................................................... 61
4.2.3 Determinação do ponto de trabalho da bomba ................................................... 61
4.2.4 Determinação da curva de tensão e corrente ...................................................... 62
4.3 Procedimentos com as bombas acopladas aos geradores fotovoltaicos ........................ 62
5 ANÁLISE DOS ACOPLAMENTOS .................................................................................. 64
5.1 Aspectos Gerais ............................................................................................................. 64
5.2 Comportamento elétrico dos motores............................................................................ 67
5.3 Análise dos acoplamentos ............................................................................................. 70
5.3.1 Análise do acoplamento direto do arranjo fotovoltaico com o
sistema de bombeamento – caso da bomba centrífuga ....................................... 71
5.3.1.1 Escolha do arranjo mais adequado para operar a bomba centrífuga ............... 75
xii
5.3.2 Análise do acoplamento direto do arranjo fotovoltaico com o
sistema de bombeamento – caso da bomba de diafragma .................................. 79
5.3.2.1 Escolha do arranjo mais adequado para operar a bomba de
diafragma.......................................................................................................... 81
5.4 Acoplamento das bombas com os arranjos fotovoltaicos.............................................. 81
5.4.1 Acoplamento da bomba centrífuga com três módulos fotovoltaicos................... 82
6.1.1 Acoplamento da bomba de diafragma com um módulo fotovoltaico.................. 83
6 ANÁLISE DOS DESEMPENHOS...................................................................................... 84
6.1 Curva altura & vazão – H & Q...................................................................................... 84
6.1.1 Bomba centrífuga ............................................................................................... 84
6.1.2 Bomba de diafragma........................................................................................... 85
6.2 Curva potência & vazão – Pot & Q............................................................................... 88
6.2.1 Bomba centrífuga ............................................................................................... 88
6.2.2 Bomba de diafragma........................................................................................... 89
6.3 Curvas de eficiência e vazão – η & Q ........................................................................... 91
6.3.1 Bomba centrífuga ............................................................................................... 92
6.3.2 Bomba de diafragma........................................................................................... 93
6.4 Curvas dos sistemas....................................................................................................... 94
6.4.1 Bomba centrífuga ............................................................................................... 94
6.4.2 Bomba de diafragma........................................................................................... 95
6.5 Relação entre bomba e sistema...................................................................................... 96
6.6 Curvas de corrente & tensão.......................................................................................... 98
6.7 Análise do desempenho dos módulos Siemens SP 75................................................... 99
6.8 Análise do desempenho das bombas ........................................................................... 101
7 CONCLUSÕES.................................................................................................................. 114
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 118
ANEXO 1............................................................................................................................... 122
ANEXO 2............................................................................................................................... 123
ANEXO 3............................................................................................................................... 124
ANEXO 4............................................................................................................................... 125
xiii
ANEXO 5............................................................................................................................... 126
ANEXO 6............................................................................................................................... 127
ANEXO 7............................................................................................................................... 128
xiv
LISTA DE SÍMBOLOS
Ag Área do gerador ..................................................................................................... [m2]
E d gf Energia radiante diária recebida pelo gerador fotovoltaico ...................................... [J]
E e d Energia elétrica diária ............................................................................................... [J]
E h d Energia hidráulica diária .......................................................................................... [J]
FF Fator de forma ou preenchimento ............................................................................ [-]
g Aceleração da gravidade ............................................................................ [9,81 m/s2]
G Irradiância ......................................................................................................... [W/m2]
G g f Irradiância instantânea incidente no gerador fotovoltaico .......................................[W]
G SC Constante Solar ................................................................................................. [W/m2]
H Altura ................................................................................................................... [mca]
I Corrente elétrica ...................................................................................................... [A]
I 0 Corrente de saturação reversa .................................................................................. [A]
I D Corrente que circula pelo diodo .............................................................................. [A]
I L Corrente fotogerada ................................................................................................. [A]
I MP Corrente no ponto de máxima potência .................................................................. [A
I p ic o Corrente de pico do motor ....................................................................................... [A]
I SC Corrente de curto-circuito (short circuit) ................................................................. [A]
I v a zã o Corrente de início de vazão ..................................................................................... [A]
k Constante de Boltzmann ....................................................................................... [J/K]
K Constante de proporcionalidade ............................................................................... [-]
L Litro ............................................................................................................................ [-]
LGf Limiar de irradiância para o final de vazão....................................................... [W/m2]
LGi Limiar de irradiância para o início de vazão ..................................................... [W/m2]
LGp Limiar de irradiância de pico............................................................................. [W/m2]
m Massa de ar................................................................................................................. [-]
m* Fator de idealidade do diodo .................................................................................... [-]
min Minuto ........................................................................................................................ [-]
N Rotação ................................................................................................................ [rpm]
N m Número de módulos do arranjo ................................................................................ [-]
p Pressão ................................................................................................................... [Pa]
P MAX Potência máxima .................................................................................................... [W]
P MP Potência no ponto de máxima potência .................................................................. [W]
xv
P PT Potência no ponto de trabalho ................................................................................ [W]
P T Ponto de trabalho ...................................................................................................... [-]
Pot Potência .................................................................................................................. [W]
Pot e Potência elétrica ..................................................................................................... [W]
Pot g f Potência do gerador fotovoltaico ........................................................................... [W]
Pot h Potência hidráulica .................................................................................................. [W]
Q Vazão .....................................................................................................[L/min], [m3/s]
Q b o mb a Vazão da bomba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . [L/min], [m3/s]
Q má x a Vazão máxima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . [L/min], [m3/s]
Q s i s t e ma Vazão do sistema .................................................................................. [L/min], [m3/s]
R Resistência elétrica ................................................................................................. [Ω]
R MP Resistência de carga de máxima potência .............................................................. [Ω]
R P Resistência em paralelo .......................................................................................... [Ω]
R S Resistência em série ............................................................................................... [Ω]
s Segundo ...................................................................................................................... [-]
T Temperatura do cristal ............................................................................................. [K]
T CEL Temperatura da célula ........................................................................................... [°C]
T m Temperatura do módulo ........................................................................................ [°C]
V Tensão elétrica ......................................................................................................... [V]
v Velocidade ............................................................................................................ [m/s]
V MP Tensão no ponto de máxima potência ..................................................................... [V]
V OC Tensão de circuito-aberto (open circuit) ................................................................. [V]
V p i c o Tensão de pico do motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . [V]
V v a z ã o Tensão de início de vazão ...................................................................................... [V]
Vol Volume ................................................................................................................... [m3]
Z Altura em relação a um plano de referência ........................................................... [m]
LETRAS GREGAS
γ Peso específico .................................................................................................. [N/m3]
η Eficiência.............................................................................. [decimal] ou [percentual]
η a c o p la me n t o Eficiência do acoplamento ...................................... [decimal] ou [percentual]
η e h d Eficiência energética hidráulica diária ................................. [decimal] ou [percentual]
η f v Eficiência instantânea da conversão fotovoltaica................. [decimal] ou [percentual]
η fv d i á r i a Eficiência diária da conversão fotovoltaica.......................... [decimal] ou [percentual]
xvi
θZ Ângulo de zênite ....................................................................................................... [°]
λ Comprimento de onda .......................................................................................... [µm]
ρ Massa específica da água ................................................................................. [kg/m3]
xvii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 Ligações entre a energia solar e outros tipos de energia.......................................... 8
Figura 2.2 Representação esquemática da estrutura do Sol. Na fotosfera, camada mais
acima da zona convectiva, se origina a maioria da radiação solar. Adaptado
de Macagnan,1995. Tanto na cromosfera quanto na corona, a temperatura
aumenta da base para o topo.................................................................................... 9
Figura 2.3 Espectro da radiação eletromagnética. Adaptado de Iqbal, 1983. ........................ 10
Figura 2.4 Distribuição da energia ao longo do espectro da radiação extraterrestre .............. 11
Figura 2.5 Massa de ar atmosférico. ...................................................................................... 13
Figura 3.1 Desenho esquemático de uma célula fotovoltaica. Adaptado de Lorenzo,
1991. ..................................................................................................................... 15
Figura 3.2 Desenho esquemático de uma célula fotovoltaica sob efeito da radiação solar
(a), símbolo usual para a célula e/ou módulo fotovoltaico (b). ............................ 16
Figura 3.3 Circuito equivalente ideal de uma célula fotovoltaica. Adaptado de
Krenzinger, 1998. ................................................................................................. 17
Figura 3.4 Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica em operação. Aparecem a
resistência em paralelo RP e a resistência em série RS. ........................................ 17
Figura 3.5 Curvas características I & V e Pot & V de uma célula fotovoltaica. .................... 18
Figura 3.6 Representação do fator de forma de uma célula e sua fórmula de cálculo. .......... 20
Figura 3.7 Corte esquemático de um módulo fotovoltaico. ................................................... 21
Figura 3.8 Conexão de células ou módulos em série. ............................................................ 21
Figura 3.9 Conexão de células ou módulos em paralelo. ....................................................... 22
Figura 3.10 Curvas de corrente e tensão, do módulo SP 75, dados do fabricante. ................ 23
Figura 3.11 Curvas características I & V e Pot & V de um módulo fotovoltaico.
Adaptado de Sandia, 2001. ................................................................................. 23
Figura 3.12 Representação esquemática simplificada do módulo (a) e do arranjo
fotovoltaico (b). .................................................................................................. 24
Figura 3.13 Associação de módulos em série e em paralelo. ................................................. 25
Figura 3.14 Curvas características de irradiâncias medidas ao longo de dois dias com
condições atmosféricas distintas, módulos inclinados em relação ao plano
horizontal e orientados para o Norte. ................................................................. 28
Figura 3.15 Instalação típica de motor e bomba de superfície. .............................................. 29
xviii
Figura 3.16 Corte esquemático de uma bomba centrífuga, aparecendo os principais
componentes, as regiões de formação de pressões, a voluta e a linha de
fluxo ou vazão. ................................................................................................... 31
Figura 3.17 Corte esquemático de uma bomba volumétrica de diafragma, aparecem em
destaque a membrana flexível ou diafragma, a câmara e as válvulas que
controlam a admissão e expulsão do líquido. As linhas pontilhadas indicam
sucessivas posições do diafragma. Adaptado de Pumps & Systems,
2000..... ................................................................................................................ 32
Figura 3.18 Características de vazão e altura para as bombas centrífuga e volumétrica.
Adaptado de Karassik et al., 1998. ..................................................................... 33
Figura 3.19 Curvas características de uma bomba centrífuga. Essas curvas são obtidas
com velocidades constantes. .............................................................................. 35
Figura 3.20 Curvas características H & Q de uma bomba centrífuga (a) e de um sistema
de bombeamento (b). A curva da bomba é obtida com velocidade constante
e a curva do sistema com velocidade variável. ................................................... 36
Figura 3.21 A sobreposição da curva da bomba com a curva dos sistema determina o
ponto de trabalho da bomba (a), os pontos A e B representam possíveis
variações na posição do ponto de trabalho (b). .................................................. 36
Figura 3.22 Sobreposição da curva de altura do sistema às curvas características da
bomba. Nessas condições a bomba tem, no ponto de trabalho, a vazão QT ,
a altura HT , a potência PotT e a eficiência ηT. ................................................. 37
Figura 3.23 Variação da corrente com a vazão, para uma bomba centrífuga ......................... 38
Figura 3.24 Sobreposição de curvas I & V de um arranjo e de duas bombas. Adaptado
de Duffie et al., 1991. ......................................................................................... 41
Figura 4.1 Laboratório de Energia Solar da Unisinos. Aparecem em destaque dois
arranjos fotovoltaicos montados sobre a cobertura do prédio. ............................. 42
Figura 4.2 Ilustração da distribuição das células no módulo Siemens SP 75. ....................... 44
Figura 4.3 Ilustração da montagem do arranjo configurado com quatro módulos. Note-se
a inclinação da estrutura em relação ao plano da cobertura do laboratório. ........ 45
Figura 4.4 Esquema da montagem experimental para testes das bombas e da posição
dos transdutores. ................................................................................................... 46
Figura 4.5 Desenho isométrico da montagem das tubulações de sucção e de recalque
para os testes das bombas. .................................................................................... 47
xix
Figura 4.6 Ilustração da bancada de testes com as duas bombas e equipamentos
complementares. ................................................................................................... 48
Figura 4.7 Ilustração do conjunto motor e bomba centrífuga. ............................................... 49
Figura 4.8 Desenho mostrando as pás do impelidor e ilustração do impelidor plano
fechado usado nesse trabalho. .............................................................................. 50
Figura 4.9 Bomba de diafragma Shurflo modelo 8000 - 443 - 136 ........................................ 51
Figura 4.10 Vista explodida do conjunto motor e bomba de diafragma Shurflo modelo
8000 – 443 – 136. O desenho foi fornecido pelo fabricante. ............................. 52
Figura 4.11 Ilustração do sensor com flanges (a) e do conversor de sinal de vazão (b),
ambos da marca DANFOSS. .............................................................................. 53
Figura 4.12 Ilustração do medidor de diferencial de pressão marca ABB Série 600 T. ........ 53
Figura 4.13 Ilustração do piranômetro EPPLEY modelo PSP instalado junto aos
arranjos fotovoltaicos. ........................................................................................ 54
Figura 4.14 Ilustração da vista frontal do instrumento para aquisição de dados marca
HP modelo 34970 A.. ......................................................................................... 56
Figura 4.15 Ilustração da planilha (scan setup) usada para configurar os diferentes
canais do multiplexador ..................................................................................... 56
Figura 4.16 Ilustração das fonte de potência KEPCO modelo BOP 20 – 20 M. ................... 57
Figura 4.17 Arranjo dos equipamentos e instrumentos de medidas usados nos
experimentos e suas correspondentes vinculações. ............................................ 58
Figura 4.18 Ilustração da planilha onde aparecem os dados das variáveis medidas
conforme consta na Tabela 4.8............................................................................ 58
Figura 4.19 Curva I &V do motor da bomba centrífuga, para uma altura de 5,50 mca.......... 62
Figura 5.1 Curvas características de comportamento da irradiância e da vazão, em
função da hora local, para um dia completamente sem nuvens. .......................... 65
Figura 5.2 Curva da vazão em função da irradiância, para mesmo dia do gráfico da
Figura 5.1. O limiar de irradiância para o início de vazão é maior do que
para o final de vazão. ........................................................................................... 65
Figura 5.3 Curvas de irradiância e de vazão, em função da hora local, para um dia com
nuvens. Observe-se que não houve interrupção no bombeamento ao longo
do dia. ................................................................................................................... 66
Figura 5.4 Curvas de irradiância e de vazão, em função da hora local, para um dia
típico com nuvens. É importante observar a intermitência no bombeamento. .... 67
xx
Figura 5.5 Curvas I & V do motor acoplado à bomba centrífuga, para diferentes
aberturas da válvula de controle de vazão. ........................................................... 68
Figura 5.6 Curvas I & V para a bomba de diafragma, para diferentes aberturas da
válvula de controle de vazão. ............................................................................... 68
Figura 5.7 Sobreposição de curvas I & V das duas bombas, para as condições
especificadas no gráfico. ...................................................................................... 69
Figura 5.8 Linhas de tendências e equações de ajustes para as curvas I & V das duas
bombas, para as condições especificas no gráfico. . ............................................. 70
Figura 5.9 Curvas I & V para duas alturas de operação da bomba centrífuga........................ 71
Figura 5.10 Curvas IS C & G para as quatro configurações de arranjos fotovoltaicos.
Dados extraídos da tabela 5.2. ............................................................................ 73
Figura 5.11 Sobreposição das curvas I & V do motor e do gerador formado por um
módulo fotovoltaico. .......................................................................................... 75
Figura 5.12 Sobreposição da curva I & V do motor com as curvas do arranjo formado
por dois módulos fotovoltaicos ligados em paralelo. ......................................... 77
Figura 5.13 Sobreposição da curva I & V do motor com as curvas do gerador
fotovoltaico formado por três módulos ligados em paralelo. ............................. 77
Figura 5.14 Sobreposição da curva I & V do motor com as curvas do gerador
fotovoltaico formado por quatro módulos ligados em paralelo. ........................ 78
Figura 5.15 Curvas de acoplamento do motor da bomba centrífuga com os arranjos
fotovoltaicos, para diversas irradiâncias. ........................................................... 78
Figura 5.16 Curvas I & V para duas alturas s de operação da bomba de diafragma. ............ 79
Figura 5.17 Curvas ISC& G para duas configurações de arranjos fotovoltaicos. Dados
extraídos da tabela 5.2. ....................................................................................... 80
Figura 5.18 Sobreposição de curvas I & V do motor e do arranjo formado por um
módulo fotovoltaico. .......................................................................................... 81
Figura 5.19 Sobreposição da curva I & V do motor com as curvas do gerador
fotovoltaico formado por dois módulos ligados em paralelo ............................. 82
Figura 5.20 Acoplamento da bomba centrífuga com o arranjo de três módulos
fotovoltaicos. ...................................................................................................... 83
Figura 5.21 Acoplamento da bomba de diafragma com o arranjo de um módulo
fotovoltaico. ........................................................................................................ 84
Figura 6.1 Curvas características H & Q para a bomba centrífuga. ....................................... 85
Figura 6.2 Variação da altura com a vazão para a bomba centrífuga. ................................... 86
xxi
Figura 6.3 Curvas características H & Q para a bomba de diafragma, obtidas nos
experimentos. ....................................................................................................... 87
Figura 6.4 Sobreposição das curvas H & Q, da bomba de diafragma, obtidas com dados
fornecidos pelo fabricante e com medidas feitas durante esse trabalho. .............. 87
Figura 6.5 Variação da altura com a vazão para a bomba de diafragma. ............................... 88
Figura 6.6 Sobreposição de curvas H & Q da bomba centrífuga e da bomba de
diafragma. ............................................................................................................. 88
Figura 6.7 Curvas características Pot & Q para a bomba centrífuga. .................................... 89
Figura 6.8 Variação da potência com a vazão para a bomba centrífuga. ............................... 90
Figura 6.9 Curvas características Pot & Q para a bomba de diafragma. ................................ 91
Figura 6.10 Variação da potência com a vazão para a bomba centrífuga. ............................. 91
Figura 6.11 Sobreposição de curvas da H & Q e Pot & Q das duas bombas. ........................ 92
Figura 6.12 Curvas η & Q da bomba centrífuga. ................................................................... 93
Figura 6.13 Curvas η & Q da bomba de diafragma. .............................................................. 94
Figura 6.14 Sobreposição de curvas da η & Q das duas bombas. .......................................... 95
Figura 6.15 Curvas do sistema operado pela bomba centrífuga, para duas aberturas da
válvula de controle de vazão. ............................................................................. 96
Figura 6.16 Curvas do sistema operado pela bomba de diafragma, para duas aberturas
da válvula de controle de vazão. ........................................................................ 96
Figura 6.17 Sobreposição das curvas de altura e do sistema para a bomba centrífuga. ......... 97
Figura 6.18 Sobreposição das curvas de desempenho da bomba centrífuga, para a
tensão de 9 V e velocidade de 1950 rpm, com a curva do sistema. ................... 98
Figura 6.19 Sobreposição das curvas de altura e do sistema para a bomba de diafragma. .... 98
Figura 6.20 Sobreposição das curvas de desempenho da bomba centrífuga, para a
tensão de 9 V e velocidade de 1950 rpm, com a curva do sistema. ................... 99
Figura 6.21 Curvas de corrente e de potência em função da tensão, obtidas no
Laboratório de Energia Solar da UFRGS, para um módulo Siemens SP75. ... 100
Figura 6.22 Curvas características de corrente e tensão obtidas por dois métodos
distintos. ........................................................................................................... 101
Figura 6.23 Curvas características de corrente e tensão para um módulo sob várias
irradiâncias e temperaturas. .............................................................................. 102
Figura 6.24 Curvas de irradiância G e vazão Q em função da hora local, para a bomba
de diafragma. .................................................................................................... 103
xxii
Figura 6.25 Curvas de irradiância G e vazão Q em função da hora local, para a bomba
de centrífuga. .................................................................................................... 104
Figura 6.26 Curvas da eficiência instantânea dos conjuntos motores e bombas, em
função da hora local, para duas bombas em diferentes alturas. ....................... 105
Figura 6.27 Curvas de eficiência instantânea dos conjuntos motores e bombas, em
função da irradiância, para duas bombas em diferentes alturas. ...................... 106
Figura 6.28 Áreas representativas das eficiências instantâneas dos conjuntos motores e
bombas em função da irradiância, para as duas bombas em diferentes
alturas. .............................................................................................................. 106
Figura 6.29 Curvas da eficiência instantânea dos conjuntos motores e bombas em
função da altura para as duas bombas em diferentes alturas. ........................... 107
Figura 6.30 Curvas de eficiência instantânea dos conjuntos motores e bombas em
função da vazão, para as duas bombas em diferentes alturas. .......................... 108
Figura 6.31 Curvas de eficiência instantânea dos conjuntos motores e bombas em
função da potência, para as duas bombas em diferentes alturas. ..................... 108
Figura 6.32 Distribuição de eficiência instantânea da conversão fotovoltaica em função
da hora local, para as duas bombas em diferentes alturas. ............................... 109
Figura 6.33 Eficiências máximas e diárias da conversão fotovoltaica, verificadas em
duas alturas diferentes para cada bomba. ......................................................... 111
Figura 6.34 Energia solar diária recebida no plano dos módulos fotovoltaicos, para os
dias considerados na Tabela 6.3. ...................................................................... 111
Figura 6.35 Eficiências instantâneas máximas e diárias dos conjuntos motores e
bombas verificadas em duas alturas diferentes para cada bomba. ................... 113
Figura 6.36 Volumes diários bombeados, em duas alturas diferentes, para cada bomba. ... 113
Figura 6.37 Curvas de vazão em função da irradiância e da altura para as duas bombas. ... 114
Figura 6.38 Curvas do quociente entre potência e vazão em função da vazão para as
duas bombas em diferentes alturas.................................................................... 114
xxiii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4.1 Características do módulo solar usado na configuração dos geradores. .............. 43
Tabela 4.2 Acessórios e equipamentos dos circuitos hidráulicos dos dois sistemas de
bombeamento. ...................................................................................................... 45
Tabela 4.3 Características do motor. ...................................................................................... 49
Tabela 4.4 Características da bomba centrífuga. .................................................................... 50
Tabela 4.5 Características do conjunto motor e bomba de diafragma. .................................. 51
Tabela 4.6 Características do piranômetro marca EPPLEY modelo PSP. ............................. 54
Tabela 4.7 Características da fonte Kepco modelo BOP 20 – 20 M. ..................................... 57
Tabela 4.8 Variáveis medidas nos experimentos. .................................................................. 57
Tabela 5.1 Dados relativos à bomba centrífuga. .................................................................... 72
Tabela 5.2 Dados relativos aos arranjos fotovoltaicos. .......................................................... 72
Tabela 5.3 Limiares de picos de irradiância para diferentes arranjos. ................................... 74
Tabela 5.4 Dados relativos à bomba de diafragma. ............................................................... 80
Tabela 6.1 Dados de limiares de irradiância das curvas da Figura 6.24. ............................. 103
Tabela 6.2 Dados de limiares de irradiância das curvas da Figura 6.25. ............................. 104
Tabela 6.3 Eficiência da conversão fotovoltaica e energia solar diária. .............................. 110
Tabela 6.4 Eficiências hidráulicas e volume bombeado ao longo do dia. ........................... 112
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos Gerais
A eletricidade que hoje sustenta o crescimento da economia mundial utiliza como fontes
primárias, além da energia hidráulica, os combustíveis fósseis e também os nucleares. Todos
esses recursos são limitados e a capacidade de absorção dos resíduos provenientes da sua
exploração é restrita. O sistema ecológico da Terra está em delicado estado de equilíbrio e para a
sua manutenção há necessidade de uma mudança de atitude, o gerenciamento ambiental deve
tomar o lugar dos métodos rudes de exploração. Isso é uma condição necessária para a nossa
sobrevivência e das gerações seguintes.
Nos lugares em que hoje existe potencial hidráulico, as construções das centrais
hidrelétricas são responsáveis por problemas sociais e ambientais. Os problemas de ordem social
são causados pelo desalojamento e deslocamento de populações de cidades inteiras, para dar
lugar às grandes obras civis de construção das barragens. Os problemas ambientais, com
profundos reflexos na fauna e na flora, são causados pelos desmatamentos e inundações de
extensas áreas. Os mananciais hídricos não estão uniformemente distribuídos no planeta e isso
acarreta altos custos na extensão e manutenção de redes de distribuição para regiões remotas e
longínquas.
A energia gerada pelos combustíveis fósseis tem sido responsável pelo crescimento e
desenvolvimento de muitos países. As nações não produtoras ainda dependem, em grande parte,
da importação de países do Oriente Médio, onde se situam as maiores reservas mundiais e de
onde diariamente o produto é movimentado em navios, oleodutos, trens e caminhões. Isso onera
a distribuição e o preço final para o consumidor. Essa dependência leva a lembrar da crise de
1973 que criou uma ruptura no fornecimento mundial. Tecnicamente, o uso de combustíveis
fósseis como fonte primária de energia, leva ao lançamento na atmosfera de grandes quantidades
de poluentes e gases que, além de agir como agentes poluidores são responsáveis pelo
aquecimento global, comprometendo tanto a qualidade como a continuidade da vida no planeta.
A energia nuclear pode ser um meio inesgotável de gerar eletricidade. De acordo com a
National Geographic Society, 1998, existem hoje centenas de reatores em operação em todo o
mundo. Contudo, o medo de acidentes catastróficos e de vazamentos ameaça o uso dessa fonte
de energia. Além disso, a sua utilização exige tecnologia alta e não acessível para todos os
países.
Diversas fontes renováveis de energia têm se apresentado como alternativas viáveis e
capazes de conciliar a produção com uso racional, protegendo o meio ambiente, incluindo o
2
aquecimento global. Dentre essas, a energia solar em particular. Ela é global e não regional, é
abundante, é inesgotável, é limpa e não produz qualquer espécie de resíduo ou poluente.
O uso da energia solar, por meio da tecnologia fotovoltaica, como fonte de energia para
bombear água é considerada uma das mais promissoras aplicações da energia emanada do sol. O
uso da energia fotovoltaica para essa finalidade se mostra apropriada, pois existe uma natural
relação entre a disponibilidade de energia solar e as necessidades de água. As necessidades de
água aumentam durante os períodos de calor quando a intensidade de radiação solar é alta e a
entrega de potência por parte dos geradores fotovoltaicos é máxima. Por outro lado, as
necessidades de água diminuem quando a temperatura diminui e a radiação solar é menos
intensa.
O aproveitamento da água para uso humano, animal e de irrigação, muitas vezes fica
comprometido devido às dificuldades de bombeamento e distribuição, especialmente em
pequenas comunidades localizadas em regiões remotas e de difícil acesso. Nessas regiões, que
não são beneficiadas por redes convencionais de energia elétrica e para onde o acesso é difícil,
por qualquer meio de transporte, o provimento e distribuição de água ainda é feito, em muitos
casos, por meio da potência derivada do homem e de animais domésticos.
A potência emanada do homem e dos animais provém do seu metabolismo, ou seja, do
conteúdo calorífico de sua alimentação. Segundo Fraenkel, 1986, a capacidade de trabalho
humana está ao redor de 250 Wh/dia, logo, são necessários quatro dias de trabalho para produzir
1,0kWh. Ora, essa quantidade de energia pode ser entregue por um pequeno motor em menos de
uma hora, usando como fonte de energia a eletricidade ou óleo combustível, sem citar outros.
Vale ressaltar ainda, que a capacidade de produzir trabalho, tanto do homem quanto do animal,
durante um determinado período de tempo não é constante devido à fadiga ocasionada pela carga
de trabalho e também em função de sua estrutura física, emocional, idade e condição de saúde
física. Por tudo isso, a técnica de bombeamento e distribuição de água usando a potência humana
ou animal é cara e cada vez mais inviável.
No Brasil, que recebe uma abundante quantidade de radiação solar durante o ano e devido
à sua vasta extensão territorial onde muitas vezes existem pequenas populações isoladas, há um
grande potencial para os sistemas que usam a tecnologia fotovoltaica para promover o
bombeamento de água, assim como para gerar eletricidade para uso doméstico. Os conjuntos de
motores e bombas acionados por essa tecnologia oferecem uma série de vantagens sobre os seus
concorrentes cujos combustíveis são oriundos do petróleo. Para os usuários, os custos durante o
ciclo de vida dos sistemas são menores do que os dos outros sistemas, pois não há necessidade
da compra e do transporte do combustível até o local de utilização, a manutenção é bastante
3
reduzida e a vida útil do sistema é maior. Os módulos fotovoltaicos, que geram a eletricidade,
são formados por uma quantidade padronizada células, ligadas eletricamente entre si e montadas
em uma estrutura de proteção e sustentação. O módulo é compacto e assim sendo não possui
partes móveis, o que facilita a sua instalação e manutenção. Outra vantagem está no fato de que
os módulos fotovoltaicos de mesma referência são padronizados, tanto nas dimensões quanto na
potência de saída e isso permite que o crescimento das necessidades de água seja acompanhado
pelo aumento de potência do gerador, pelo acréscimo de módulos. Existem também, vantagens
no que diz respeito ao controle do meio ambiente. Eles são silenciosos e por não necessitarem
combustíveis não produzem poluentes, são limpos e os perigos de vazamentos não existem. Por
tudo isso, o uso da energia solar fotovoltaica para o bombeamento de água é viável e pode
cooperar para diminuir a dependência no uso da energia produzida por outros combustíveis. O
uso da tecnologia fotovoltaica no bombeamento de água tem uma adicional vantagem sobre
outras aplicações da mesma tecnologia, tais como iluminação e refrigeração. Quando ela é usada
com a intenção de gerar eletricidade para iluminação e refrigeração requer acondicionamento em
baterias para uso posterior, enquanto que para o bombeamento de água não são necessários tais
equipamentos, pois o uso pode ser imediato ou o produto final, a água, pode ser armazenado em
depósitos, para uma futura utilização (acumulação gravitacional).
A produção de água, em termos de volume bombeado diariamente, deve atender às
expectativas dos usuários e para que isto aconteça o sistema deve ser adequadamente
dimensionado em todos os seus aspectos, para cada situação em particular. É impraticável
projetar um dimensionamento genérico que atenda às infinitas combinações possíveis das
variáveis de radiação solar e correspondentes alturas de bombeamento. Além disto, o volume
bombeado varia com as distintas combinações dos componentes do sistema, tais como: geradores
de eletricidade fotovoltaica, tipos de bombas, tipos de motores, componentes da linha de sucção
e de recalque, fiação e outros que comumente fazem parte em um sistema de bombeamento.
Portanto, é necessário analisar os parâmetros mais importantes como: eficiências dos conjuntos
motores e bombas e da conversão fotovoltaica, limiar de radiação para o qual começa o
bombeamento, características elétricas do gerador, o acoplamento entre o gerador e o conjunto
motor e bomba, as perdas de potência, etc., que permitem concluir sobre o desempenho dos
sistemas de bombeamento estudados e fazer a comparação entre eles.
Faz-se necessário levar em conta que o dimensionamento de um sistema de
bombeamento que usa tecnologia fotovoltaica depende, em muito, das condições climáticas do
local de operação. Se dois sistemas que apresentem as mesmas características forem montados
em regiões diferentes, poderão não apresentar os mesmos resultados práticos.
4
O grau de aceitação dos sistemas que usam energia solar para o bombeamento de água,
por parte dos usuários, é baixo. Existem vários fatores que impedem a implementação em larga
escala desses sistemas. Esses são: o alto custo inicial, a insuficiente conscientização para o uso
da tecnologia, o desconhecimento das possibilidades dos sistemas, a inabilidade técnica, a falta
de conhecimento exato da necessidade da produção diária, a deficiência de dados estatísticos e
estimativos sobre a radiação solar e temperatura local, como também uma história de falhas
causadas pela inadequação nos dimensionamentos dos sistemas já implantados. Para que um
sistema de bombeamento seja implantado com sucesso é necessário conhecer com profundidade
o comportamento de todos componentes quando acoplados a um gerador fotovoltaico assim
como da radiação solar incidente no local da instalação, ao longo de um ano.
Existe uma ligação muito forte entre crescimento econômico e consumo de energia. O
desafio de hoje não é somente o de enfrentar a redução dos recursos energéticos não renováveis,
como decorrência da falta de conservação ou de mau uso, mas também de encontrar maneiras de
usar de maneira adequada os mais diversos tipos de energias alternativas, em aplicações
essenciais na nossa vida diária e das gerações seguintes. Conforme Szokolay, 1997, “...talvez
mais importante: é que nós deixemos para a próxima geração um mundo que não seja pior que
aquele que nós herdamos da geração anterior à nossa”.
1.2 Objetos em estudo nesse trabalho
Os objetos do estudo dessa dissertação foram dois sistemas de bombeamento de água
instalados junto ao Laboratório de Energia Solar da Universidade do Vale do Rio dos Sinos -
Unisinos. Um dos sistemas utilizou uma bomba centrífuga e o outro uma bomba volumétrica de
diafragma, sendo que cada bomba era acionada por motores elétricos em corrente contínua.
Foram montadas duas bancadas experimentais constituídas de componentes elétricos,
eletrônicos, mecânicos e hidráulicos, que permitiram, além de executar os bombeamentos,
monitorar e coletar periodicamente os dados das variáveis de importância fundamental dentro do
processo de conversão fotovoltaica e de bombeamento. Cada uma dessas bancadas configurava
um sistema de bombeamento.
Os trabalhos da parte experimental foram executados em duas fases. Na primeira, os
conjuntos de motores e bombas foram acoplados diretamente a uma fonte de potência em
corrente contínua. Na segunda, os conjuntos de motores e bombas foram acoplados diretamente
aos geradores fotovoltaicos, ou seja, a geração de energia era atribuição exclusiva dos módulos
fotovoltaicos sem o uso de acumuladores de energia, baterias eletroquímicas, para o caso da
utilização quando da insuficiência ou de ausência de radiação solar. Em particular, chama-se a
5
esse sistema de autônomo sem acumuladores ou baterias. É importante citar que não foram
instalados quaisquer dispositivos de segurança destinados a proteger os conjuntos motores e
bombas, assim como as instalações de problemas que poderiam ser ocasionados por
sobrecorrentes e/ou sobretensões provenientes de elevadas radiações solares incidentes no plano
dos módulos fotovoltaicos.
1.3 Objetivos
O objetivo geral desse trabalho é comparar, por meio de análises experimentais, o
comportamento de dois sistemas de bombeamento de água que utilizam a energia solar
fotovoltaica, com acoplamento direto aos geradores. Ao final deste trabalho as variáveis
envolvidas em todo o processo, tais como: a altura desenvolvida, a vazão, a potência e as
eficiências dos conjuntos motores e bombas e da conversão fotovoltaica, ficarão perfeitamente
caracterizadas, em cada um dos sistemas de bombeamento.
Os objetivos específicos desse trabalho são os seguintes:
1 determinar a corrente de pico ou corrente de arranque, para diferentes aberturas da
válvula de controle de vazão, para cada um dos motores das bombas;
2 determinar a corrente de início de vazão, para diferentes aberturas da válvula de
controle de vazão, para cada um dos motores das bombas;
3 determinar a configuração dos geradores necessários para acionar cada um dos
sistemas de bombeamento;
4 caracterizar cada uma das bombas por meio do traçado e interpretação das curvas
características de cada uma delas;
5 comparar, quando possível, as curvas características obtidas experimentalmente com as
curvas fornecidas pelos fabricantes ou constantes em catálogos;
6 analisar o desempenho dos conjuntos motores e bombas por meio da interpretação das
curvas de eficiência instantânea em função da hora local, da irradiância, da altura, da
vazão e da potência;
7 determinar a eficiência da conversão fotovoltaica nas modalidades instantânea,
máxima instantânea e diária, para cada sistema de bombeamento;
8 determinar a eficiência dos conjuntos motores e bombas nas modalidades instantânea,
máxima instantânea e diária , para cada sistema de bombeamento.
9 analisar o comportamento dos conjuntos motores e bombas em função das curvas que
relacionam o quociente entre potência e vazão com a vazão.
6
1.4 Escopo do trabalho
Para atingir os objetivos e como forma de apresentar a dissertação, esse documento é
dividido em capítulos, como segue:
O capítulo 2 apresenta a ligação da energia solar com os demais recursos energéticos.
Descreve a estrutura do Sol, são apresentados alguns conceitos básicos no estudo da radiação
solar e que são importantes para o entendimento do trabalho e também aborda aspectos
envolvidos na atenuação da radiação solar que atinge a superfície da Terra.
O capítulo 3 tem por finalidade estudar os dispositivos fotovoltaicos usados em
bombeamento fotovoltaico e os acoplamentos diretos entre os sistemas de potência e de
bombeamento. Os dispositivos fotovoltaicos são estudados a partir da célula solar, passando pelo
módulo onde são enfatizadas as suas curvas características, finalizando com a maneira como os
módulos podem ser conectados entre si, para dar origem aos arranjos. Os acoplamentos são
estudados a partir das sobreposições das curvas I & V dos arranjos com as curvas das mesmas
variáveis dos motores.
O capítulo 4 trata da abordagem experimental. Inicia com a localização geográfica do
laboratório onde foram realizados os experimentos, descreve as instalações, os equipamentos, a
maneira como foram obtidas as curvas que caracterizam as bombas e os sistemas de
bombeamento. Ao final do capítulo é descrita a metodologia usada para a aquisição dos dados
das variáveis envolvidas.
O capítulo 5 é reservado para analisar os acoplamentos entre os conjuntos motores e
bombas com os arranjos fotovoltaicos. Faz-se uma apreciação da distribuição da irradiância ao
longo de um dia, considerando para isso, tanto os dias completamente sem nuvens assim como
os dias nublados. Mostra-se o comportamento elétrico dos conjuntos motores e bombas. A partir
da análise do comportamento elétrico dos conjuntos dos motores e bombas e com base nos
módulos fotovoltaicos disponíveis para a realização desse trabalho, determina-se qual o melhor
acoplamento para cada um dos conjuntos dos motores e bombas.
O capítulo 6 trata da análise do desempenho dos diversos equipamentos. Inicia com a
interpretação das curvas características das bombas, obtidas nos experimentos e compara,
quando possível, com os dados fornecidos pelos fabricantes. Ainda nesse capítulo analisa-se o
seguinte:
1 a relação entre as bombas e os sistemas de bombeamento;
2 as curvas características de um dos módulos fotovoltaicos usado nos experimentos,
fazendo para isso uma comparação entre as curvas características construídas por dois
métodos distintos;
7
3 as curvas de irradiância e vazão em função da hora local, para as duas bombas;
4 a eficiência instantânea dos conjuntos motores e bombas em função da vazão, da altura
e da potência;
5 a eficiência instantânea e diária tanto dos conjuntos motores e bombas, quanto da
conversão fotovoltaica;
6 o comportamento dos conjuntos motores e bombas em função das curvas que
relacionam o quociente entre potência e vazão com a vazão.
O capítulo 7 é reservado para as conclusões e considerações finais.
8
2 ENERGIA SOLAR
2.1 Aspectos Gerais
A energia solar, em uma ou outra forma, é a fonte de quase todos os recursos energéticos
da Terra. Os combustíveis fósseis, o carvão mineral, o gás natural, a biomassa, a energia eólica e
mesmo a hidroeletricidade são, em última instância, derivadas do Sol.
O petróleo, o carvão e o gás natural, tiveram sua origem a partir de resíduos de plantas e
animais que, originalmente, obtiveram a energia necessária para o seu desenvolvimento a partir
da energia solar. A biomassa que usa os recursos orgânicos para gerar energia com a finalidade
de aquecimento, cozinha, transporte e eletricidade, tem como base a fotossíntese, onde a energia
solar capturada pelas plantas é transformada em energia química. A radiação solar induz à
circulação do ar atmosférico, causando juntamente com a rotação da Terra, os ventos cuja
energia pode ser usada para gerar eletricidade. A partir do aquecimento da Terra, ocasionado
pela radiação solar, é que acontece a evaporação e posterior precipitação, origem do ciclo das
águas e que possibilita, entre outras coisas, o represamento para a conseqüente geração de
energia elétrica.
A Figura 2.1 mostra que várias formas de energia têm a sua origem da energia solar.
Figura 2.1 Ligações entre a energia solar e outros tipos de energia.
9
2.2 O Sol
O Sol é a estrela mais próxima da Terra, a distância média entre os dois é
aproximadamente de 1495 x 1011 m, é constituído de gases em altíssima temperatura.
Estruturalmente o Sol é composto por uma série de regiões concêntricas. A parte interna,
chamada de núcleo, tem um raio de 23% do total. Essa parte é a mais densa e quente e nela se
concentra a maior produção de energia. Acima do núcleo, num intervalo que compreende um
raio entre 23 e 70% do total, está o interior. A energia produzida por essas duas partes é
transferida para a superfície e irradiada para o espaço por meio de uma sucessão de radiações e
convecções e suas respectivas emissões, absorções e reirradiações. A região compreendida num
raio entre 70 e 100% do total é chamada de zona convectiva, é uma zona de transmissão de calor.
A superfície do Sol é chamada de fotosfera, ela é a fonte da maior parte da radiação solar. Acima
da fotosfera está a região chamada de camada de reversão. Por fora dessa camada está a
cromosfera e a região mais externa é chamada de corona.
A Figura 2.2 mostra esquematicamente a estrutura física do Sol. A radiação emitida pelo
Sol é o resultado da composição das temperaturas e densidades das suas diversas camadas, que
emitem e absorvem radiações em vários comprimentos de onda.
Figura 2.2 Representação esquemática da estrutura do Sol. Na fotosfera, camada mais acima da
zona convectiva, se origina a maioria da radiação solar. Adaptado de Macagnan,
1995. Tanto na cromosfera quanto na corona, a temperatura aumenta da base para o
topo.
10
2.3 Radiação Solar e Espectro Eletromagnético
O Sol é o principal elemento que participa diretamente no desempenho de um sistema de
geração de eletricidade fotovoltaica. Portanto, para um perfeito entendimento do funcionamento
dos dispositivos fotovoltaicos (célula e módulo) e para realizar os cálculos que envolvam a
radiação solar, como por exemplo, para determinar a eficiência de conversão da luz solar em
energia elétrica, é de fundamental importância entender os fenômenos básicos inerentes à
radiação solar.
A energia que a Terra recebe é expressa em forma de radiação solar. Essa radiação é
formada por um conjunto de ondas eletromagnéticas que se caracterizam pelo seu espectro,
chamado de espectro eletromagnético, o qual é dividido em uma série de regiões, identificadas
de acordo com o comprimento de onda de cada uma delas. Não existe limite exatamente definido
entre uma e outra região. Assim sendo, considera-se que existe uma faixa de fronteira entre
regiões adjacentes.
A Figura 2.3 mostra a divisão do espectro eletromagnético em bandas de comprimentos
de onda.
Figura 2.3 Espectro da radiação eletromagnética. Adaptado de Iqbal, 1983.
A forma de descrever a luz como sendo formada por ondas com determinados
comprimentos começou a ser aceita no início do século XIX. Por volta de 1870 a luz foi vista
como parte do espectro eletromagnético, mas ainda não bem compreendida. A sua perfeita
caracterização e o seu completo entendimento foram possíveis por meio dos trabalhos de Max
11
Plank em 1900 e Albert Einstein em 1905, ganhadores do prêmio Nobel de física em 1918 e
1921, respectivamente.
O espectro eletromagnético divide-se em três regiões distintas, a saber:
1 a região com comprimento de onda abaixo do violeta, λ < 0,38 µm, denominada de
ultra violeta, UV.
2 a região com comprimento de onda entre o violeta e o vermelho, 0,38 µm < λ < 0,78
µm, denominada de visível, é a região que o olho humano consegue perceber, note-se
que essa região cobre somente uma pequena parcela do espectro;
3 a região com comprimento de onda acima do vermelho, λ > 0,78 µm, conhecida como
infravermelho, IV.
A divisão do espectro da radiação extraterrestre se distribui aproximadamente da seguinte
maneira: 6,34 % no ultravioleta, 48,02 % no visível e 45,64 % no infravermelho.
A Figura 2.4 mostra a distribuição da energia ao longo do espectro da radiação
extraterrestre.
Figura 2.4 Distribuição da energia ao longo do espectro da radiação extraterrestre.
2.4 Radiação Solar Extraterrestre e Constante Solar
A radiação solar que atinge o topo da atmosfera terrestre, num determinado plano é dita
radiação solar extraterrestre. Por meio dela é possível estimar a radiação que seria recebida na
Terra, na ausência da atmosfera.
A radiação emitida pelo Sol não é constante e as alterações na distância Terra-Sol
provocam variações no fluxo de radiação solar extraterrestre. Fora da atmosfera terrestre, a
energia solar total por unidade de tempo que incide sobre uma superfície de área unitária,
12
colocada perpendicularmente aos raios solares, a uma distância do Sol equivalente à distância
média Terra-Sol é definida como constante solar, GSC. De acordo com Duffie et al., 1991, o
World Radiation Center (WRC) adotou o valor de 1367 W/m2, com uma incerteza de 1%.
2.5 Atenuação da Radiação Solar e Radiação Solar na Superfície Terrestre
A Terra percorre uma órbita elíptica em torno do Sol e durante a sua rotação a parte
iluminada recebe, a cada momento, uma quantidade suficiente ou mesmo maior de radiação solar
do que a necessária para o controle das condições climáticas, para a criação, manutenção e
renovação da vida no nosso planeta. Essa radiação recebida constantemente é somente uma
fração da energia emitida pelo Sol e que incide diretamente sobre a superfície da Terra, pois
parte do seu caminho é percorrida dentro da camada da atmosfera terrestre, composta por gases,
água nos três estados e partículas em suspensão, chamados de aerossóis. Ao atingir o topo da
atmosfera a radiação é separada em duas componentes, uma que chega à Terra em linha reta,
chamada direta e a outra sofre a ação dos componentes atmosféricos, chamada difusa. Em termos
geométricos, pode-se dizer que a radiação direta provém unicamente do Sol, chegando à
superfície terrestre sem ter sofrido mudança de direção, além da refração atmosférica. A radiação
difusa provém de toda a atmosfera. Além de introduzir uma componente direta e outra difusa na
radiação solar, a ação da atmosfera ocasiona os seguintes efeitos na radiação recebida:
1 redução da potência devido à absorção, dispersão e reflexão na atmosfera;
2 mudança no espectro devido à maior absorção ou dispersão de alguns comprimentos de
onda.
Outra componente da radiação total recebida na superfície da Terra, quando a superfície
receptora estiver inclinada, é aquela refletida por objetos ou pelo solo. A radiação global que
atinge essa superfície é expressa, então, pela adição das três componentes, ou seja:
G globa l = G di re ta + G di fusa + G ref le t ida
O comprimento do caminho óptico que a luz percorre ao atravessar a atmosfera terrestre
é diferente segundo a altura solar (a altura solar é o ângulo formado pelo raio solar e o plano
horizontal). Esse caminho é chamado de massa de ar. Quando a trajetória vai desde o ponto em
que a vertical normal encontra a esfera celeste (zênite) até o nível do mar, para uma pressão ao
nível do solo de 1000 milibares, o valor da massa de ar é o da unidade, ou seja, m =1 ou AM1.
Fora da atmosfera o valor da massa de ar é zero.
13
A Figura 2.5 mostra o caminho óptico normal à superfície terrestre (AO) e o inclinado
(MO) para um ângulo de zênite (θz).
Figura 2.5 Massa de ar atmosférico.
O entendimento do conceito de massa de ar é importante no estudo dos dispositivos
fotovoltaicos. Ela quantifica a redução da potência da luz devido à ação dos componentes da
atmosfera terrestre.
Para uma altura solar, cujo ângulo de zênite é θz, a massa de ar é definida como:
OMOAm = (2.1)
De acordo com Duffie et al., 1991, para valores de θz compreendidos entre 0° e 70°, ao
nível do mar, a equação 2.2 pode ser usada com bastante aproximação.
Zθ cos
1m = (2.2)
Para ângulos maiores o efeito da curvatura da Terra se torna significante e deve ser
levado em consideração.
14
3. DISPOSITIVOS USADOS EM BOMBEAMENTO FOTOVOLTAICO
DE ACOPLAMENTO DIRETO
3.1 Aspectos Gerais
A energia solar fotovoltaica é obtida por meio da conversão direta da radiação solar em
eletricidade, por meio do fenômeno físico conhecido como efeito fotovoltaico.
O efeito fotovoltaico foi notado pela primeira vez, em 1839, pelo físico francês Edmund
Bequerel que descobriu a propriedade que certos materiais apresentavam de produzir pequenas
quantidades de corrente elétrica quando expostos à luz. Descobertas importantes foram feitas nos
Laboratórios da Bell Telephone, nos Estados Unidos, em meados da década de 1950, sendo que
em 1954 foi construído o primeiro módulo fotovoltaico, nos mesmos laboratórios. Ele foi
rotulado como sendo uma bateria solar e sua construção foi mais por curiosidade, pois era muito
caro o que limitava a sua aplicação em larga escala. O grande impulso para aplicações desta nova
tecnologia foi a partir do primeiro choque do petróleo, em 1973, pois até então somente a
indústria espacial americana a utilizava em satélites. Através dos programas espaciais, a
tecnologia tomou impulso, avançou, sua credibilidade foi estabelecida e com isto o custo
começou a declinar.
3.2 A célula fotovoltaica
A célula fotovoltaica é um dispositivo semicondutor. De acordo com a forma da estrutura
dos átomos, as células fotovoltaicas são classificadas como segue:
1 Cristalinas
1.1 Monocristalinas
1.2 Policristalinas
2 Amorfas
As células fotovoltaicas podem ser constituídas tanto por um só elemento como por ligas
e compostos. As mais comumente usadas são as de silício monocristalino. A tecnologia usada na
sua fabricação é um processo muito bem elaborado que inicia na extração do dióxido de silício
(SiO2), passando pela desoxidação em fornos, sendo purificado e solidificado. Após a
solidificação o cristal de silício é cortado em finas “fatias” que mais tarde resultarão nas células
destinadas à fabricação dos módulos fotovoltaicos.
A Figura 3.1 mostra o desenho esquemático de uma célula fotovoltaica. Para entender o
funcionamento de uma célula fotovoltaica é necessário ter conhecimento do que acontece dentro
15
dela, no nível atômico. Os átomos do silício se caracterizam por possuírem quatro elétrons livres
na sua órbita, ou seja, possuem quatro elétrons na sua banda de valência, que ao se ligarem aos
vizinhos possibilitam a constituição de uma estrutura cristalina que lhe dá estabilidade
molecular. Para modificar as propriedades elétricas do silício lhe são adicionados dois elementos
dopantes. Um deles é o boro (B), que possui três elétrons livres na sua última órbita e ao
associar-se com o silício forma uma estrutura com falta de elétrons. A esta falta de elétrons
denomina-se de buraco ou lacuna e diz-se com isto que o boro é um elemento receptor de
elétrons ou um dopante tipo “p” . O outro é o fósforo (P) que possui cinco elétrons na última
banda e havendo a associação com o silício, lhe restará um elétron livre. Assim, o elemento
fósforo é doador de elétrons ou um dopante tipo ”n”.
1 Contato metálico posterior
2 Cristal tipo “p”
3 Junção “p n “
4 Cristal tipo “n”
5 Proteção anti-reflexiva
6 Contato metálico frontal
Figura 3.1 Desenho esquemático de uma célula fotovoltaica. Adaptado de Lorenzo, 1991.
Partindo de um silício puro e adicionando fósforo em uma metade e boro na outra, será
formado o que chamamos de junção “p - n”. Ao ocorrer a formação final da célula, o elétron
livre do cristal formado pelo silício acrescido do fósforo penetra na estrutura do cristal formado
pelo silício adicionado do boro, ocupando a posição anteriormente livre. Ao abandonar sua
posição original ele leva consigo uma carga negativa e deixa atrás de si uma carga positiva.
Como este processo é contínuo, cria-se assim um tráfego constante de elétrons livres, ficando o
cristal silício-fósforo positivo e o silício-boro negativo. Este processo continua até a região
negativa “n” estar eletricamente forte para repelir os elétrons provenientes da região positiva “p”.
O campo elétrico formado por esta separação de cargas existe dentro de cada célula,
imediatamente abaixo da sua superfície e irá propiciar um fluxo de corrente, quando a luz solar
atingir a célula.
16
3.2.1 Funcionamento simplificado de uma célula fotovoltaica
Quando a radiação solar incide sobre uma célula solar os fótons que constituem a luz
penetram na sua superfície e são absorvidos pelos elétrons da rede cristalina do átomo de silício,
próximos da junção “p” – “n”. Com o choque, o elétron absorve o fóton e se libera, com isso
cria-se uma lacuna onde havia antes a ligação entre os átomos, lacuna essa que será preenchida
por outro elétron. Esse processo é chamado de geração de um par elétron – lacuna a partir de um
fóton [Krenzinger, 1998]. Enquanto houver incidência de luz solar a geração do par elétron-
lacuna a partir do fóton será contínua. Ao se movimentar livremente o elétron é acelerado pelo
campo elétrico da junção “p” – “n”. Sua trajetória é, então, direcionada para a superfície da
célula de onde emerge com uma diferença de potencial elétrico. Ao se conectar uma carga aos
terminais de uma célula fotovoltaica que está iluminada pela luz solar, uma intensidade de
corrente passa a fluir. Essa intensidade de corrente circula internamente do semicondutor “n” ao
semicondutor “p”.
A Figura 3.2 mostra o desenho esquemático de uma célula fotovoltaica sobre a qual está
incidindo a radiação solar. A figura também representa o símbolo usual da célula e/ou do módulo
fotovoltaico. Se os terminais da célula forem conectados por um fio, circula através desse uma
fotocorrente proporcional à intensidade da luz incidente. Esse é o chamado efeito fotovoltaico.
(a) (b) Figura 3.2 Desenho esquemático de uma célula fotovoltaica sob efeito da radiação solar (a),
símbolo usual para célula e/ou módulo fotovoltaico (b).
A célula fotovoltaica é usualmente representada por seu circuito equivalente. O modelo
de circuito equivalente ideal de uma célula fotovoltaica, à qual está conectada uma carga, é
representado por uma fonte de corrente ligada em paralelo com um diodo. A Figura 3.3
17
representa o circuito equivalente ideal de uma célula fotovoltaica na qual está conectada uma
carga. Nessa representação, I é a corrente fornecida pela célula à carga, composta que é pela
diferença entre a corrente fotogerada ou fotocorrente IL e a corrente que circula pelo diodo ID.
Figura 3.3 Circuito equivalente ideal de uma célula fotovoltaica. Adaptado Krenzinger ,1998.
Conforme Lorenzo, 1991, a equação que representa a corrente que circula pela célula é
dada por:
−−= 1eIII kTm
V
0L* (3.1)
onde I é a corrente que circula pela célula, I0 é a corrente de saturação reversa, V é a tensão
aplicada, k é a constante de Boltzmann (1,38 x 10 -23 J/K), T a temperatura do cristal K e m* é
um fator dependente tanto do material quanto da estrutura física do diodo e cujos valores variam
entre 1 e 2.
Figura 3.4 Circuito equivalente de uma célula fotovoltaica em operação. Aparecem a resistência
em paralelo RP e a resistência em série RS.
18
Em uma célula em operação existem efeitos que não estão mostrados na figura 3.2 e que
alteram o circuito ideal de uma célula fotovoltaica. Há uma resistência em série, que corresponde
à resistência real da célula e uma resistência em paralelo, que representa as fugas de corrente
pela própria célula.
A Figura 3.4 mostra o circuito equivalente da célula fotovoltaica, com as respectivas
resistências.
Para o circuito equivalente a equação (3.1) passa a ser escrita da seguinte forma:
(3.2)
3.2.2 Curvas características da célula solar
As curvas que caracterizam uma célula solar fotovoltaica são as seguintes:
1 curva corrente e tensão, que nesse trabalho será chamada de I & V;
2 curva de potência e tensão, que nesse trabalho será chamada de Pot & V.
A Figura 3.5 mostra as curvas características de corrente versus tensão e potência versus
tensão, para uma celular solar fotovoltaica.
Figura 3.5 Curvas características I & V e Pot & V de uma célula fotovoltaica.
P
SkT*m
IRV
0L RIRV1eI II
S
+−
−−=
+
19
Cada ponto da curva I & V é caracterizado por um par de valores de corrente e tensão. No
ponto de máxima potência da célula, PMP, existe uma tensão de máxima potência, VMP, e uma
corrente de máxima potência, IMP. Para cada par de valores está associada uma resistência de
carga, sendo que no ponto de máxima potência haverá uma resistência de carga de máxima
potência, RMP. Quando uma carga é conectada à célula o ideal seria que ela tivesse uma
resistência igual à RMP, pois desse modo estaria sempre operando no ponto de máxima potência
da célula. Mas em operações reais isso nem sempre acontece, pois é difícil existir o perfeito
acoplamento elétrico entre célula e carga.
A tensão medida entre o terminal positivo e negativo, sem nenhuma carga conectada à
célula, é denominada de tensão de circuito aberto, VOC, do inglês open circuit. Essa é a máxima
tensão que poderá ser produzida pela célula. Ela ocorre em um ponto em que não flui corrente.
A corrente medida quando o terminal positivo estiver ligado ao terminal negativo, sem
nenhuma carga conectada à célula, é denominada de corrente de curto circuito, ISC, do inglês
short circuit. É a máxima corrente que poderá ser produzida pela célula.
Os pontos ISC, VOC, IMP, VMP e PMP são pontos notáveis e junto com as curvas
servem para caracterizar eletricamente uma célula solar fotovoltaica.
3.2.3 Fator de forma ou de preenchimento de uma célula solar fotovoltaica
O quociente entre a máxima potência que a célula pode dar à carga (PMP), com a potência
teórica no ponto (ISC, VOC) é chamado de fator de forma (FF), definido pela equação (3.3).
SCOC
MPMPIVIV
FF×
×= (3.3)
O fator de forma é a grandeza que expressa o quanto o polígono limitado pela curva I &
V e pelos eixos cartesianos se aproxima de um retângulo. Quanto melhor a qualidade de uma
célula, mais próximo do formato retangular será o polígono. Quanto mais o valor da relação
entre as potências tender para a unidade, maior será a qualidade da célula.
A Figura 3.6 representa o fator de forma de uma célula fotovoltaica. Por exemplo, para a
célula dessa figura, o fator de forma calculado vale 0,70. Isso indica que a máxima potência que
a célula pode produzir corresponde a 70% do valor da potência se a tensão fosse igual à tensão
de circuito aberto no mesmo momento em que a corrente fosse igual à corrente de curto circuito.
Conforme Lorenzo, 1991, o fator de forma é um parâmetro de grande utilidade prática, que varia
20
pouco de um dispositivo para outro e que assume valores que se situam ao redor de 0,7 - 0,8 para
muitas células de semicondutores cristalinos.
Figura 3.6 Representação do fator de forma de uma célula e sua fórmula de cálculo.
3.3 Módulos Fotovoltaicos
Muitas vezes as aplicações da eletricidade fotovoltaica exigem que o abastecimento de
energia ocorra em tensões e correntes maiores do que as que podem ser fornecidas por uma única
célula, que devido às suas características típicas são em torno de 0,5 V de tensão e de 3,0 A de
corrente máxima para uma área de 100 cm2. Portanto, para que a utilização das células seja
viável, é necessário que elas sejam conectadas umas às outras de modo que forneçam a tensão
necessária para as aplicações às quais se destinam. Um determinado número de células solares
conectadas umas às outras, montadas em uma estrutura modular de tamanho conveniente para o
transporte, manejo e suporte é chamado de módulo fotovoltaico.
Na Figura 3.7 está representado o corte esquemático de um módulo fotovoltaico com a
indicação de seus componentes. Na parte frontal do módulo é colocado vidro temperado e anti-
reflexivo (3), fabricado com baixo conteúdo de ferro. Logo atrás do vidro é colocada uma
camada de acetato de vinil etileno (EVA), um polímero transparente, isolante e termoplástico,
chamado de encapsulante (4) e que é necessário para proteger os contatos metálicos (5) e as
células (6). Na região posterior é colocada uma camada de plástico Tedlar (2). Todo o conjunto é
21
montado em uma moldura de alumínio (1) que serve para a sustentação mecânica de todas as
células montadas, para a proteção contra as intempéries, para transporte e para dissipar calor.
Outra finalidade da moldura de alumínio é de facilitar a fixação dos módulos nas estruturas de
suporte que formam os painéis fotovoltaicos. A tecnologia hoje empregada permite um tempo de
vida útil para os módulos em uma faixa acima de vinte anos.
1 Estrutura
2 Tedlar
3 Vidro Anti-reflexivo
4 Encapsulante
5 Contato Metálico
6 Célula
7 Espaçador
Figura 3.7 Corte esquemático de um módulo fotovoltaico.
A figura 3.8 mostra o esquema de conexão de células ou módulos fotovoltaicos em série.
Nesse tipo de ligação a corrente que flui através do circuito é igual em todos os pontos, enquanto
que a tensão é aditiva, ou seja, a tensão final é obtida somando a tensão de cada célula do
módulo.
Figura 3.8 Conexão de células ou módulos em série.
A figura 3.9 mostra o esquema de conexão de células ou módulos fotovoltaicos em
paralelo. Nessas ligações o valor da tensão do módulo é exatamente igual à tensão da célula
enquanto que a corrente passa a ser aditiva, ou seja, a corrente final é igual ao somatório das
correntes em cada célula.
22
Figura 3.9 Conexão de células ou módulos em paralelo.
Sendo o módulo formado por uma associação de células fotovoltaicas, o seu
comportamento elétrico também é caracterizado pelas curvas I & V e Pot & V, quando
submetido a determinadas condições padronizadas de irradiância solar, distribuição espectral
(massa de ar) e temperatura da célula [Lorenzo, 1991 e Sandia, 2001]. As condições
padronizadas, de uso corrente e universal, são as seguintes:
Irradiância = 1000 W/m2 Massa de Ar = AM 1,5 Temperatura da célula = 25°C
Nas condições acima especificadas são medidos os parâmetros que servem para
caracterizar um módulo fotovoltaico. Conforme o GETEF, 1995, os parâmetros de
caracterização são os seguintes :
1 corrente de curto circuito, ISC, é a máxima corrente gerada pelo módulo para zero de
potência;
2 tensão de circuito aberto, VOC, é a máxima tensão produzida pelo módulo;
3 corrente de máxima potência, IMP;
4 tensão de máxima potência, VMP;
5 máxima potência do módulo, PMP.
O gráfico da Figura 3.10 mostra as curvas características I & V fornecidas pelo fabricante
para o módulo SP 75, usado nesse trabalho e cujas especificações serão descritas no capítulo 5,
quando submetido às irradiâncias de 1000 W/m2 nas temperaturas de 25, 45 e 60 °C
respectivamente e 800 W/m2 na temperatura de 45 °C. A figura mostra também o efeito que a
temperatura tem sobre a produção de potência no módulo. O efeito da temperatura se manifesta
principalmente sobre a tensão do módulo.
23
Figura 3.10 Curvas de corrente e tensão de um módulo SP 75, dados do fabricante.
A Figura 3.11 mostra as curvas características de corrente e tensão e potência e tensão,
para um módulo quando submetido a certas condições de temperatura e irradiância
Figura 3.11 Curvas características I & V e Pot & V de um módulo fotovoltaico. Adaptado de
Sandia, 2001.
Assim como para as células fotovoltaicas, os pontos ISC, VOC, IMP, VMP e PMP são
pontos notáveis e junto com as curvas servem para caracterizar eletricamente um módulo
fotovoltaico.
24
Tanto quanto para as células fotovoltaicas, a grandeza que expressa o quanto o polígono
limitado pela curva I & V e pelos eixos cartesianos se aproxima de um retângulo é denominada
de fator de forma (FF).
3.5 Arranjos fotovoltaicos
Chama-se de arranjo fotovoltaico a um conjunto de módulos fotovoltaicos montados
sobre uma estrutura de suporte, fixa ou móvel, eletricamente ligados entre si e que funciona
como uma só unidade produtora de eletricidade.
As estruturas móveis controladas e adequadamente orientadas levam a uma produção
maior de energia coletada durante o dia, pois permitem aos painéis fazer o seguimento do
movimento do Sol. Entretanto, essas estruturas requerem equipamentos complexos e de custo
mais elevado.
(a) Módulo (b) Arranjo de três módulos
Figura 3.12 Representação esquemática simplificada do módulo (a) e do arranjo fotovoltaico
(b).
Um arranjo fotovoltaico pode ser formado por um ou mais módulos fotovoltaicos. No
caso do arranjo ser formado por mais de um módulo, eles deverão ser adequadamente conectados
entre si, em série e/ou em paralelo, de modo a fornecer a potência necessária para o fim a que se
destinam. Para um mesmo nível de radiação solar coletada no plano dos módulos fotovoltaicos, a
corrente, a tensão e, por conseqüência, a potência de um arranjo serão modificadas conforme a
conexão elétrica for em série ou em paralelo. Quando a conexão for em série haverá incremento
de tensão e a corrente permanece constante. Se a conexão for feita em paralelo, haverá adição de
corrente e a tensão se mantém constante.
25
As curvas representadas na Figura 3.13 mostram as características de corrente e tensão
para dois, três e quatro módulos ligados em paralelo e em série respectivamente.
A determinação dos parâmetros elétricos das associações foi feita considerando que os
módulos sejam padronizados, ou seja, que todos apresentem exatamente o mesmo
comportamento elétrico. O desempenho de um arranjo fotovoltaico, expresso em forma de
potência de saída, não depende somente da maneira como os módulos estão conectados entre si,
se em série e/ou em paralelo. Depende também das condições atmosféricas reinantes no local da
instalação, da sua orientação geográfica, da inclinação em relação ao plano horizontal, da
qualidade dos componentes elétricos utilizados, do adequado dimensionamento de cabos e fios
elétricos, da qualidade das ligações elétricas, da manutenção e da padronização dos módulos
fotovoltaicos.
Figura 3.13 Associação de módulos em série e em paralelo.
No que se refere à padronização, Lorenzo, 1991, comenta que os cálculos sobre módulos
fotovoltaicos são baseados na presunção de que todas as células e módulos de um gerador
fotovoltaico são iguais e trabalham em idênticas condições de operação. Comenta também, que
isso muitas vezes não acontece, pois as células apresentam certas diferenças em suas
características e que existem pelo menos duas razões para isso: por um lado, a natural dispersão
de parâmetros, própria de qualquer processo de fabricação e, por outro, as diferentes condições
de operação que podem ocorrer dentro do gerador. Exemplos dessa última consideração são as
sombras e a sujeiras que podem ocorrer sobre os módulos. Tanto o sombreamento quanto a
26
sujeira impedem que todas as células recebam a mesma quantidade de radiação solar. O efeito
disso se manifesta por meio de uma redução na potência de saída do módulo, pois é a célula
menos iluminada que determina a intensidade de corrente de operação de todo o conjunto.
Os arranjos fotovoltaicos são usados para fornecer a potência necessária para operar uma
determinada carga. Um conjunto de fatores deve ser levado em consideração para definir quantos
módulos são necessários para fornecer energia confiável, de baixo custo e durante todo o ano.
Inicialmente, é preciso saber qual o comportamento da carga, ou seja, quanto de energia ela
necessita. Quando a carga é alimentada pela rede convencional de energia elétrica, irá operar em
uma determinada tensão nominal e irá consumir uma específica intensidade de corrente.
Entretanto, as cargas alimentadas por energia solar têm, na maioria das vezes, consumo variável
e não previsíveis. Essas características são de relevante importância e devem, portanto, ser muito
bem equacionadas.
A potência de saída de um arranjo fotovoltaico é dependente, entre outros, da energia
solar incidente. Essa energia é variável conforme as estações do ano, a localização geográfica, as
condições climáticas, a inclinação em relação ao plano horizontal e a orientação em relação à
linha Norte (Verdadeiro)-Sul. No verão, o sol brilha por um maior número de horas ao dia e,
como ele está mais ao alto, há menos atmosfera para atravessar e, conseqüentemente, menos
perdas por absorção e reflexão. O resultado é a abundância de energia solar incidente. No
inverno, o sol brilha por menos horas ao dia e também está mais baixo no céu, o que implica uma
camada mais espessa de atmosfera para atravessar, logo, mais perdas. O resultado, então, é que
há muito menos energia incidente sobre o plano dos arranjos fotovoltaicos. Essa variação sazonal
pode ser minimizada por meio da adequação do ângulo de inclinação do arranjo fotovoltaico em
relação ao plano horizontal. Desse modo, o melhor ângulo é aquele que favorece mais no
inverno, pois maior será a incidência de luz e, conseqüentemente, maior a produção de energia.
Para que os sistemas de bombeamento apresentem um bom desempenho é necessário determinar
o melhor ângulo de inclinação que melhor satisfaça a relação entre a energia incidente e a
energia hidráulica demandada ao longo de todo um ano [Alonso et al., 1992]. Isso exige que se
tenha registro das energias hidráulicas necessárias e das energias solares incidentes sobre
superfícies inclinadas em diferentes ângulos para cada mês. O ângulo de inclinação ótimo do
arranjo fotovoltaico é determinado por meio da comparação das relações entre a energia
hidráulica necessária e a energia solar disponível para cada mês e cada inclinação [Chenlo,
1992]. Entretanto, uma regra prática recomenda que arranjos fotovoltaicos localizados no
hemisfério sul devam ter para a inclinação o valor absoluto da latitude do local acrescido de 15°
e sejam orientados para o Norte Verdadeiro [Duffie et al., 1991].
27
Inclinação do arranjo = |Latitude Local| + 15° (face para o Norte Verdadeiro)
Outro fator que influencia sobre a quantidade de energia coletada é o desalinhamento dos
arranjos em relação à linha Norte (Verdadeiro) – Sul. Um desalinhamento da ordem de até 15°
constitui um bom limite prático para a instalação de módulos solares planos fixos [Fraidenraich
et al., 1992].
Uma série de outros fatores influencia na potência de saída de um arranjo fotovoltaico.
Dentre esses fatores convém ressaltar o sombreamento e a temperatura dos módulos. Para os
módulos fotovoltaicos nos quais as células são conectadas em série, até mesmo um
sombreamento parcial pode reduzir significativamente a potência de saída, pois a célula com a
menor iluminação é que determina a intensidade de corrente de operação. O efeito do
sombreamento sobre a potência de saída é similar ao causado por um estrangulamento em uma
tubulação de água. Outro fator que influencia na potência de saída é o aumento da temperatura
do módulo. Um acréscimo de temperatura da ordem de 1,0°C acima da temperatura padrão de
25°C pode reduzir a eficiência por volta de 0,5% [Sandia, 2001]. Também o movimento aparente
do sol ao longo do dia ocasiona variações na potência de saída. Nas primeiras horas do dia, como
a irradiância é baixa, a geração de potência será pouca. Com o passar das horas e pelo
movimento aparente do sol haverá o aumento da irradiância e a potência gerada pelo arranjo
fotovoltaico também aumentará, até um valor máximo que ocorre por volta do meio-dia. À tarde,
com o natural e gradativo decréscimo da irradiância haverá uma conseqüente diminuição da
geração.
Na Figura 3.14, estão representadas as curvas de irradiância solar para os dias 21 e 25 de
novembro de 2003 respectivamente. Os dois dias apresentavam condições atmosféricas distintas,
um dos dias sem nuvens e o outro parcialmente coberto por elas. No dia limpo, a irradiância
aparece como contínua e estável, sendo ascendente até por volta do meio dia e, depois,
descendente até o entardecer. No dia nublado, é totalmente instável, apresentando,
alternadamente, regiões ascendentes, onde ocorrem picos de maiores irradiâncias e regiões
descendentes, onde ocorrem picos de baixa irradiância.
Pode-se observar que, para o dia nublado, os efeitos da absorção e da reflexão dos raios
solares ocasionados pelas nuvens, gases e partículas em suspensão na atmosfera, são maiores do
que para o dia de céu limpo. Esses efeitos, associados aos outros anteriormente relacionados,
influenciam seletivamente na radiação, fazendo com que a incidência da radiação solar diminua
no plano dos módulos fotovoltaicos.
28
Figura 3.14 Curvas características de irradiâncias medidas ao longo de dois dias com condições
atmosféricas distintas, módulos inclinados em relação ao plano horizontal e orientados
para o Norte.
Um arranjo fotovoltaico é uma fonte de potência na qual tanto a tensão quanto a corrente
sofrem constantes variações, principalmente em função do nível de radiação solar incidente no
plano dos módulos fotovoltaicos. Assim sendo, o ponto de operação do sistema (arranjo
fotovoltaico associado com o conjunto motor e bomba) muda sempre que ocorrer qualquer
alteração expressiva na corrente e na tensão.
Para esse trabalho, a fonte de potência é formada pelo arranjo dos módulos fotovoltaicos.
Foram usados dois arranjos fotovoltaicos distintos, um para a bomba de diafragma e outro para a
bomba centrífuga, sendo que para ambos os arranjos foram usados módulos da marca SIEMENS,
modelo SP75, cujas características serão descritas no Capítulo 4. A montagem de cada arranjo
fotovoltaico, que neste trabalho também será chamada de sistema de potência, dependeu das
características próprias dos módulos assim como das cargas neles conectadas.
A quantidade de módulos usada na construção de cada um dos arranjos fotovoltaicos
obedeceu ao critério de que cada arranjo deveria produzir uma potência, em forma de tensão e de
corrente, suficientemente alta para operar satisfatoriamente os conjuntos motores e bombas, ou
seja, realizar o bombeamento da água.
29
3.5 Sistemas de bombeamento
O bombeamento pode ser definido como a adição de energia a um fluido para
movimentá-lo de um ponto a outro. A energia adicionada ao fluido ocasiona que ele realize
trabalho, normalmente escoando por uma tubulação ou sendo elevado até um nível mais alto
[Karassik et al., 1998].
Os sistemas de bombeamento fotovoltaico requerem, além do conjunto de módulos
devidamente arranjados, um motor que transforme a energia elétrica em energia mecânica e essa
seja transmitida à bomba onde será transformada em energia hidráulica. Um sistema típico de
bombeamento fotovoltaico com acoplamento direto divide-se em:
1 sistema de potência, constituído do arranjo fotovoltaico;
2 sistema de bombeamento, constituído do conjunto motor e bomba;
3 equipamentos complementares formados por dispositivos elétricos e hidráulicos.
As posições dos motores e das bombas em relação ao nível da água a ser bombeada são
as seguintes:
1 motor e bomba submersos;
2 bomba submersa com motor de superfície;
3 motor e bomba flutuantes;
4 motor e bomba de superfície.
A figura 3.15 mostra a instalação típica de motor e bomba de superfície. Note-se que os
eixos da bomba e do motor estão acima do nível da água, isso configura que a sucção é negativa.
Figura 3.15 Instalação típica de motor e bomba de superfície.
Para os experimentos realizados nesse trabalho foram adotadas as configurações de
motores e bombas de superfície.
30
3.6 Bombas
Conforme Mattos et al., 1998, as bombas são máquinas operatrizes hidráulicas que
conferem energia ao líquido com a finalidade de transportá-lo de um ponto para outro
obedecendo às condições do processo. As bombas recebem energia de uma fonte motora
qualquer e cedem parte dessa energia ao líquido sob forma de energia de pressão, energia
cinética ou de ambas, ou seja, elas aumentam a pressão e a velocidade do líquido.
Dois tipos de bombas foram objetos do estudo dessa dissertação. Em um dos
experimentos foi usada uma bomba volumétrica de diafragma, da marca SHURFLO, modelo
8000-443-136 e que nesse trabalho será chamada de bomba de diafragma. No outro, foi usada
uma bomba centrífuga de fluxo radial com impelidor tipo fechado, da marca BECK, previamente
encomendada para este experimento e que nesse trabalho será chamada de bomba centrífuga.
Ambas as bombas são descritas no Capítulo 4. Na bomba centrífuga foi colocado um suporte
para que pudesse ser adaptado um motor de acionamento. O motor usado nessa bomba foi
originalmente projetado para acionar ventiladores de arrefecimento de automóveis. Ao serem
acionados, os motores administravam as potências mecânicas às partes móveis das bombas que
às transformavam em energia hidráulica, fazendo com que o fluido fosse transportado pelos
sistemas de tubulações de aspiração ou sucção e de recalque ou descarga, projetados para os
experimentos.
Existem, na realidade, grandes diferenças na maneira de operar dentre os diferentes tipos
de bombas, assim como uma série de características próprias aos diversos tipos que melhor as
qualificam para um ou outro serviço. Entretanto, a finalidade principal destes equipamentos é de
movimentar certa quantidade de fluido para dentro de um sistema.
A seguir faz-se a descrição sucinta dos dois tipos de bombas usadas nesse trabalho, (1)
centrífuga radial com impelidor fechado, (2) volumétrica de diafragma. Essas bombas são
descritas no Capítulo 4.
3.6.1 Bombas Centrífugas
As bombas centrífugas são os tipos mais comuns e podem ser usadas nas mais diversas
aplicações. Nessas bombas a energia fornecida ao líquido é do tipo cinética sendo mais tarde
convertida em energia de pressão. A Figura 3.16 mostra o corte esquemático de uma bomba
centrifuga onde estão mostrados os componentes principais, carcaça e impelidor, assim como as
regiões de formação de altas e baixas pressões, a linha do fluxo do fluido e a voluta. O nome
voluta (curva jônica) deriva do formato como a carcaça é modelada.
31
Figura 3.16 Corte esquemático de uma bomba centrífuga, aparecendo os principais
componentes, as regiões de formação de pressões, a voluta e a linha de fluxo ou
vazão.
As partes fundamentais deste tipo de bomba são: o rotor, também chamado de impelidor
e a carcaça. Os impelidores são constituídos de palhetas ou pás, que podem ter vários formatos.
Karassik et al., 1985, classifica os impelidores, de acordo com o projeto mecânico, em: (1)
abertos, (2) semiabertos e (3) fechados. A carcaça serve de alojamento para o impelidor e de
depósito para o líquido que está sendo movimentado. Nessas bombas, a energia mecânica
fornecida pelo motor ao impelidor é transmitida ao líquido lhe conferindo energia cinética. Para
que haja o funcionamento da bomba é necessário que a o impelidor esteja completamente
envolto pelo líquido e para que isto aconteça a carcaça deve estar cheia dele – diz-se escorvada
(a escorva consiste em substituir o ar ou gases do interior da bomba e da tubulação de sucção
pelo líquido a ser bombeado). O funcionamento destas bombas está associado à criação de
regiões de baixa e alta pressão dentro da carcaça em conseqüência do movimento de rotação do
impelidor. Pela rotação do impelidor e conseqüente ação da força centrífuga, as moléculas do
fluido são conduzidas para a periferia das pás ou palhetas onde se cria a região de alta pressão. O
movimento das moléculas faz com que se crie um vazio associado a uma região de baixa pressão
no centro do impelidor. Essa região de baixa pressão será continuamente preenchida com o
líquido proveniente da tubulação de sucção, estabelecendo-se com isto o ciclo de funcionamento
da bomba. A característica marcante destas bombas é que a vazão é função do projeto da bomba,
das características do sistema em que está atuando e da rotação da qual o impelidor está
animado. Ressaltando-se que a variação da rotação do impelidor é conseqüência direta da
quantidade de energia elétrica fornecida pelo gerador ao motor.
32
3.6.2 Bombas Volumétricas de Diafragma
Nas bombas volumétricas de diafragma o líquido é sucessivamente admitido e expulso de
uma câmara existente dentro delas. A Figura 3.17 mostra o corte esquemático de uma bomba de
diafragma acionada por pistão onde aparecem em destaque a membrana flexível ou diafragma, as
válvulas de entrada ou de controle de admissão e de descarga ou de expulsão e a câmara.
Figura 3.17 Corte esquemático de uma bomba volumétrica de diafragma, aparecem em destaque
a membrana flexível ou diafragma, a câmara e as válvulas que controlam a
admissão e expulsão do líquido. As linhas pontilhadas indicam sucessivas posições
do diafragma. Adaptado de Pumps & Systems, 2000.
As partes fundamentais são: a membrana flexível, chamada de diafragma e a câmara que
recebe o líquido que é constantemente empurrado para o seu interior. Assim sendo, todo o
deslocamento do líquido é realizado graças ao movimento do diafragma, que força o líquido a
realizar o mesmo movimento do qual ele está animado. Uma válvula de abertura e outra de
fechamento controlam a vazão do líquido bombeado para dentro e para fora da câmara. No caso
destas bombas não existe a transformação de energia cinética em energia de pressão, pois o
movimento do diafragma fornece ao líquido a energia já em forma de pressão.
O acionamento do diafragma pode ser feito por dispositivos mecânicos, eletro-
magnéticos, por ar comprimido ou por fluido hidráulico.
As bombas de diafragma são auto-escorvantes e podem iniciar a funcionar mesmo com a
câmara vazia de líquido, sem perigo de sofrer avarias, o que não acontece com as bombas
centrífugas. Uma das características destas bombas está no fato de manterem a vazão média
praticamente constante, independentemente do sistema em que elas atuam.
33
3.6.3 Características operacionais das bombas estudadas
Pode-se dizer que as bombas volumétricas são usadas para pequenas vazões e grandes
alturas, enquanto que as bombas centrífugas são usadas para maiores vazões e pequenas alturas.
As bombas centrífugas apresentam a característica de que o intervalo de variação de vazão é
bastante amplo, ou seja, a vazão depende muito da resistência oferecida pelo sistema. Nas
bombas volumétricas acontece o contrário, a vazão depende muito pouco da resistência oferecida
pelo sistema. Como exemplo de resistência, pode-se citar o grau de fechamento ou de abertura de
uma válvula de controle de vazão instalada junto à tubulação de descarga ou recalque do sistema
de bombeamento.
A Figura 3.18 apresenta as curvas de vazão e altura para as bombas centrífuga e
volumétrica, respectivamente.
Figura 3.18 Características de vazão e altura para as bombas centrífuga e volumétrica. Adaptado
de Karassik et al., 1998.
As mais importantes características operacionais de um conjunto motor e bomba são: a
vazão Q, a altura H, a potência Pot e a eficiência η. Essas características são dependentes do grau
de abertura da válvula de controle de vazão ou da perda de carga do sistema, da velocidade do
impelidor e do seu diâmetro.
A vazão Q representa o volume de líquido por unidade de tempo entregue pela bomba.
As unidades usuais são m3/s, L/s e L/min.
A altura H representa o trabalho realizado por uma unidade de peso de líquido ao passar
pelo bocal de sucção (entrada da bomba) e atingir o bocal de descarga (saída da bomba). A
unidade usual é de metro de coluna de água.
34
O valor da altura é dado por:
s
2
d
2Z
g2vpZ
g2vp H
++
γ−
++
γ=
(3.4)
Onde p representa a pressão, Pa; γ representa o peso específico, N/m3; v representa a
velocidade média , m/s; g representa a aceleração da gravidade, m/s2 e Z representa a altura em
relação ao plano horizontal que passa pelo eixo da bomba, m.
O primeiro termo entre parênteses na equação 3.4 representa a altura de descarga, hd, o
segundo termo entre parênteses representa a altura de sucção, hs. De acordo com Karassik et al.,
1986, a diferença é chamada de altura de bombeamento, altura total de bombeamento ou altura
dinâmica total.
A potência elétrica Pote, para motores alimentados por corrente contínua, é dada por:
I.VPote = (3.5)
onde V representa a tensão, e I representa a corrente.
A potência hidráulica Poth, é dada por:
H.Q.g.ρotP h = (3.6)
onde ρ é massa específica da água, em kg/m3; g é a aceleração da gravidade, m/s2; Q é a vazão
em m3/s e H é a altura em mca.
A eficiência do conjunto motor e bomba η é dada por:
e
hPotPotη= (3.7)
A eficiência do conjunto motor e bomba, corresponde à relação existente entre a potência
cedida pela bomba ao líquido (potência hidráulica ou da bomba) e a potência que foi recebida da
fonte motora (potência elétrica). Essa medida pode ser expressa como um número decimal, ou
multiplicada por 100 e expressa como percentual.
A caracterização das bombas e dos sistemas de bombeamento é feito por meio das
seguintes curvas:
1 Para as bombas
1.1 altura & vazão (H & Qbomba), para tensões (velocidades) constantes, mostrando a
relação entre vazão e altura total, sendo chamada de curva altura - vazão.
35
1.2 potência & vazão (Pot & Qbomba), para tensões (velocidades) constantes,
mostrando a relação entre a potência de entrada e a vazão da bomba, sendo
chamada de curva potência vazão ou de curva de potência;
1.3 eficiência & vazão (η & Qbomba), para tensões (velocidades) constantes,
mostrando a relação entre a eficiência do conjunto motor e bomba e a vazão, sendo
chamada de curva de eficiência e vazão ou de curva de eficiência.
2 Para os sistemas
2.1 altura & vazão (H & Qsis tema), para tensões (velocidades) variáveis, mostrando a
relação entre a vazão e a altura do sistema de bombeamento, sendo chamada de
curva de altura do sistema. Compreende-se por altura do sistema de bombeamento
as perdas devidas ao atrito nas tubulações e acessórios em geral, às diferenças de
pressão e à altura estática.
3 Para os motores
3.1 corrente e tensão (I & V), para alturas constantes.
Todas as curvas acima referenciadas são usualmente feitas desde a vazão zero até a
máxima possível para o equipamento.
A Figura 3.19 mostra as curvas de desempenho de uma bomba. Elas representam as
relações existentes entre vazão, altura, potência e eficiência do conjunto motor e bomba, segundo
Karassik et al., 1998, são chamadas de curvas características da bomba.
Figura 3.19 Curvas características de uma bomba centrífuga. Essas curvas são obtidas com
velocidades constantes.
A Figura 3.20 mostra as curvas características H & Q de uma bomba centrífuga e de um
sistema de bombeamento. Note-se que a curva da bomba é descendente enquanto que a curva do
36
sistema é ascendente.
(a) (b)
Figura 3.20 Curvas características H & Q de uma bomba centrífuga (a) e de um sistema de
bombeamento (b). A curva da bomba é obtida com velocidade constante e a curva
do sistema com velocidade variável.
Na figura 3.21 (b), A e B representam posições de operações afastadas do ponto de
trabalho PT. Quando a posição operacional ocorre à esquerda de PT, posição A, aumenta a altura
e reduz a vazão, sendo que a máxima altura ocorre no ponto de vazão zero (shutoff). Quando o
ponto de operação ocorre à direita de PT, posição B, a altura diminui e a vazão aumenta.
(a) (b)
Figura 3.21 A sobreposição da curva da bomba com a curva do sistema determina o ponto de
trabalho da bomba (a), os pontos A e B representam possíveis variações na posição
do ponto de trabalho (b).
A vazão que uma bomba será capaz de entregar quando submetida à variadas condições
37
operacionais pode ser prevista pela sobreposição da curva do sistema com a curva altura – vazão
da bomba. O ponto de encontro das duas curvas é chamado de ponto de trabalho, PT. Uma
bomba sempre irá operar na interseção dessas duas curvas, conforme mostrado na Figura 3.21.
A variação da posição do ponto de trabalho pode ser devida à modificação da curva de
altura do sistema e da curva de altura – vazão da bomba. A mudança da curva de altura do
sistema pode ser obtida pela obstrução ou abertura da válvula de controle de vazão, com
conseqüente incremento ou decréscimo da vazão e altura. A alteração da curva de altura – vazão
da bomba pode ser obtida por alteração do projeto do impelidor – diâmetro e forma, assim como
com a variação da rotação do eixo da bomba. De acordo com Fraenkel, 1986, o componente que
mais influencia na curva característica de altura – vazão da bomba é o impelidor. A variação do
ponto de trabalho acarreta alterações na eficiência do sistema.
As curvas características da bomba e a curva de altura do sistema são normalmente
apresentadas sobrepostas, conforme a Figura 3.22.
De acordo com Cisneros, 1977, as curvas H & Q das bombas centrífugas são, de uma
maneira geral, com tendência para a horizontal , enquanto que as mesmas curvas para uma
bomba volumétrica de diafragma apresentam uma inclinação muito grande, ou seja, são quase
verticais.
Figura 3.22 Sobreposição da curva de altura do sistema às curvas características da bomba.
Nessas condições a bomba tem, no ponto de trabalho, a vazão QT , a altura HT, a
potência PotT e a eficiência ηT.
Quando a operação ocorre à direita de PT, poderá ocorrer sobrecarga do motor, pois,
nessa situação, a bomba estará trabalhando com maiores vazões e ao aumento de vazão
38
corresponde um incremento da corrente e isto poderá causar danos aos motores.
A Figura 3.23 mostra a variação de corrente com a vazão para a bomba centrífuga.
Figura 3.23 Variação da corrente com a vazão, para uma bomba centrífuga.
3.8 Acoplamentos
Quando um arranjo fotovoltaico que se encontra acoplado a uma carga externa é
iluminado, produzir-se-á uma diferença de potencial na carga e uma circulação de corrente que
sai para o circuito externo pelo terminal positivo e volta ao arranjo pelo negativo. Nessas
condições de funcionamento, o arranjo funciona como um gerador de energia elétrica. Essa
energia elétrica gerada é expressa em forma de corrente e de tensão, ou seja, de potência elétrica.
É sabido que a corrente elétrica é proporcional á radiação solar incidente no plano do arranjo
fotovoltaico, assim sendo, qualquer variação no nível de radiação ocasionará alterações na
potência de saída do arranjo fotovoltaico. Logo, compreende-se que a carga será operada de
acordo com a quantidade de radiação solar absorvida pelo arranjo fotovoltaico. Para o caso do
bombeamento, a operação da carga é expressa pela vazão, ou seja, quanto maior for a incidência
de radiação solar maior será a vazão registrada. Entretanto, se os arranjos fotovoltaicos de
acoplamentos diretos forem superdimensionados, as correntes e tensões geradas poderão
alcançar níveis acima dos suportados pelos motores, nos momentos em que a irradiância atingir
picos de máxima. Como conseqüência disso, poderão ocorrer danos nos motores e nas bombas
[Alonso et al., 1992]. Por outro lado, se as fontes de potência forem subdimensionadas o
bombeamento poderá não ocorrer [D. Jaehnig et al., 1998] ou ocorrer em baixas vazões, o que
39
além de comprometer a eficiência do sistema como um todo também poderá causar avarias nos
motores e nas bombas. Portanto, o bom dimensionamento dos arranjos fotovoltaicos é de
fundamental importância para um acoplamento adequado, pois tem influência direta na
segurança e proteção dos dispositivos e equipamentos, no custo das instalações e do volume
bombeado assim como na eficiência do global do sistema de bombeamento.
Um sistema de bombeamento bem projetado deverá fornecer água a um baixo custo e
com uma eficiência adequada. Conforme CIEMAT, 2000, as eficiências são classificadas em:
1 eficiência instantânea, definida como o quociente entre a potência hidráulica obtida e a
potência fornecida pelo arranjo fotovoltaico em um instante qualquer;
2 eficiência diária, definida como o quociente entre a energia hidráulica diária obtida e a
energia elétrica diária fornecida pelo arranjo fotovoltaico.
A eficiência diária de um sistema de bombeamento fotovoltaico é afetada pelas mudanças
que ocorrem na irradiância solar durante o período. Essas variações são determinadas pela
quantidade de radiação solar coletada no plano dos módulos fotovoltaicos. As alterações na
irradiância coletada são determinadas pelo ciclo diário de aparecimento e desaparecimento do sol
e também pelas condições do clima reinantes durante o dia. A melhor eficiência diária e o maior
volume diário bombeado, para sistemas bem projetados, são alcançados quando não existe
interrupção no bombeamento ao longo do período.
Alonso, 1992, indica que para bombas de superfície, os valores médios e melhores
valores diários de eficiência são 25 e 30% respectivamente. Esses valores são experimentais e
estão baseados em um dia padronizado de 5 kWh/m2 de radiação sobre superfície horizontal com
uma irradiância pico de 700 W/m2 e uma fração da radiação difusa de 34%. Para outros valores
de irradiância ou condições climáticas adversas essas eficiências tendem a diminuir.
De acordo com Wildi, 2000, a única maneira de mudar a velocidade de um corpo em
revolução é sujeitando-o a um torque por um determinado período de tempo. O torque é
produzido quando uma força é exercida sobre um corpo, livre para movimentar, fazendo com
que entre em rotação. No caso dos bombeamentos fotovoltaicos, para compreender o
comportamento da corrente e tensão considere-se o que ocorre com um motor quando ele é
ligado em uma fonte de potência. No momento da conexão, a armadura do motor que é formada
por um eletroímã colocado no eixo e que tem baixa resistência elétrica, assim como as bobinas,
são percorridas por uma alta corrente. Um campo magnético de forças é criado pelos imãs
permanentes sendo que o somatório das forças eletromagnéticas produz o torque, o qual é
responsável pela rotação da armadura. Entretanto, para que a armadura entre em movimento, a
potência deverá ser tal que consiga vencer tanto a resistência elétrica por ela imposta, quanto às
40
perdas por fricção da bomba e das tubulações de sucção e de recalque e isso exige uma corrente
de partida bastante alta, maior do que a corrente nominal de operação dos sistemas
bombeamento, ocasionando, desse modo, picos de corrente [Chenlo et al., 1998]. Caso a corrente
fornecida não seja suficientemente alta para permitir o início do movimento da armadura, não
haverá o bombeamento. Nessas situações os motores poderão ser danificados se não forem
utilizados dispositivos de segurança.
O comportamento das cargas é compreendido a partir do traçado e interpretação das
curvas de corrente e tensão dos motores dos sistemas de bombeamento. A construção das curvas
tem como objetivo a determinação do comportamento das cargas. Uma vez que as curvas
estejam traçadas, elas servirão de ferramentas a serem usadas no dimensionamento adequado das
fontes de potência, ou seja, dos arranjos fotovoltaicos.
Alonso, 1992, recomenda que o dimensionamento de um sistema de bombeamento
fotovoltaico deve envolver os seguintes estudos:
1 necessidades de energia hidráulica;
2 energia solar disponível para diferentes inclinações;
3 determinação da inclinação ótima e do mês de dimensionamento;
4 cálculo da potência do gerador;
5 escolha do motor;
6 dimensionamento da bomba;
7 dimensionamento das tubulações de sucção e de recalque.
Uma vez obtidos os valores dos itens listados, se procede com a escolha dos componentes
do sistema de bombeamento.
O procedimento que permite escolher o arranjo fotovoltaico mais adequado para a
operação de bombeamento consiste em sobrepor as curvas de intensidade de corrente e tensão de
arranjos fotovoltaicos de diferentes potências de saída, sobre as curvas de intensidade de corrente
e tensão das cargas, ou seja, dos motores.
Numa análise inicial, a escolha da alternativa mais conveniente deve recair sobre o
arranjo que maximizar a transferência de potência elétrica para o subsistema de bombeamento.
Segundo Alonso, 1992, para maximizar a transferência de potencia elétrica do gerador ao motor,
o grupo motor-bomba e o gerador fotovoltaico devem ser escolhidos de tal modo que suas curvas
I & V, se interceptem o mais próximo possível do ponto de máxima potencia do gerador
fotovoltaico. Contudo, a alternativa de máxima transferência de potência não dever ser decisória
para a escolha do arranjo mais adequado. Também devem ser observados os valores máximos
dos parâmetros elétricos e mecânicos de operação dos motores, estabelecidos pelos fabricantes,
41
acima dos quais os equipamentos podem sofrer sérios danos, devidos à sobrecorrentes,
sobretensões e/ou velocidades muito altas.
Os pontos que caracterizam o encontro da curva do motor com diferentes curvas do
gerador são chamados pontos de trabalho. Duffie et al., 1991, comenta que se os pontos de
trabalho operam longe dos pontos de máxima tensão, tanto nas baixas quanto nas altas
irradiâncias, não existe uma boa combinação entre as características elétricas da carga e do
gerador, o que torna a combinação ineficiente.
A Figura 3.24 mostra as características de um arranjo sob cinco níveis de irradiância,
diretamente acoplado a um sistema de bombeamento de água usando dois diferentes motores de
corrente contínua. O sistema 2 inicia a bombear água com uma irradiância menor do que o
sistema 1. Para ambos os sistemas os pontos de operação estão longe dos pontos de máxima
potência do gerador fotovoltaico, logo, a carga não opera bem combinada com o gerador, o que
compromete a eficiência de todo o sistema.
Figura 3.24 Sobreposição de curvas I & V de um arranjo e de duas bombas. Adaptado de
Duffie et al., 1991.
42
4 ABORDAGEM EXPERIMENTAL
Esse trabalho foi realizado no Laboratório de Energia Solar da UNISINOS –
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - São Leopoldo-RS, numa latitude de 29°47’ Sul,
longitude de 51°09’ Oeste e altitude de 60 metros.
Figura 4.20 Laboratório de Energia Solar da Unisinos. Aparecem em destaque dois arranjos
fotovoltaicos montados sobre a cobertura do prédio.
Para a análise experimental foi projetada e construída uma bancada composta dos
seguintes equipamentos e acessórios:
2 gerador fotovoltaico;
3 circuito hidráulico;
4 circuito elétrico;
5 conjunto motor e bomba centrífuga;
6 conjunto motor e bomba volumétrica de diafragma;
7 medidor de vazão;
8 medidor de diferencial de pressão;
9 medidor de radiação solar;
43
10 medidores de tensão e corrente;
11 medidor de rotação;
12 medidor de temperaturas dos módulos, do ambiente e da água do reservatório;
13 sistema de aquisição de dados;
14 fonte de potência em corrente contínua;
15 microcomputador.
4.1 Equipamentos e acessórios utilizados nos ensaios
A seguir são descritos os equipamentos e acessórios utilizados para a realização dos
experimentos.
4.1.1 Gerador fotovoltaico
A configuração de cada um dos geradores fotovoltaicos (l módulo para a bomba de
diafragma e 3 módulos ligados em paralelo para a bomba centrífuga) foi feita com a utilização de
módulos fotovoltaicos cujas características são apresentadas na Tabela 4.1 e na Figura 4.2.
Tabela 4.1 Características do módulo solar usado na configuração dos geradores.
Marca Siemens Modelo SP 75 Características construtivas
Número de células em série peça 36 Número de células em paralelo peça 0 Dimensões, mm 527 x1200 x34 Peso kg 7,6
Parâmetros elétricos Tensão, V V 12 Máxima potência, W W 75 Corrente de máxima potência, Imp A 4,4 Tensão de máxima potência, Vmp V 17,0 Corrente de curto circuito, Isc A 4,8 Tensão de circuito aberto, Voc V 21,7
Parâmetros térmicos TONC (temperatura nominal de operação da célula) °C 45 ± 2Coeficiente de temperatura de corrente de curto circuito mA / °C 2,08 Coeficiente de temperatura de tensão de circuito aberto V / °C -0,77
44
Figura 4.2 Ilustração da distribuição das células no módulo Siemens SP 75.
Os arranjos foram montados sobre uma estrutura metálica de sustentação projetada para
suportar quatro módulos colocados lado a lado. A Figura 4.3 mostra a montagem do arranjo com
quatro módulos.
Figura 4.3 Ilustração da montagem do arranjo configurado com quatro módulos. Note-se a
inclinação da estrutura em relação ao plano da cobertura do laboratório.
A estrutura original foi projetada e montada para um arranjo de quatro módulos
fotovoltaicos, inclinada de 42° em relação ao plano horizontal e voltada para o Norte Verdadeiro,
conforme recomendado por Fraidenraich et al., 1992. No caso desse trabalho foram usados
45
arranjos formados por um e três módulos. Assim sendo, a configuração adequada é obtida
desligando um e três módulos respectivamente.
4.1.2 Circuito hidráulico
O circuito hidráulico foi formado por acessórios e equipamentos que estão listados na
Tabela 4.2 e mostrados na Figura 4.4.
Tabela 4.2 Acessórios e equipamentos dos circuitos hidráulicos dos dois sistemas
de bombeamento.
Bomba de diafragma Bomba Centrífuga Reservatório, 2000 litros Reservatório, 2000 litros Linha de sucção Linha de sucção
válvula de pé de 1” (1) válvula de pé de ½” (1) cotovelo de 1”, galvanizado, (1) curva de ½”, galvanizado, (2) cano de 1”, galvanizado luva de ½”, galvanizado, (1) válvula de esfera, (1) cano de ½”,galvanizado, espiga de conexão para mangueira válvula de esfera, (1) espiga de conexão para mangueira
Conjunto de motor e bomba Conjunto de motor e bomba bomba Shurflo série 8000 bomba Beck, impelidor fechado
Linha de recalque Linha de recalque cano de 1”, galvanizado cano de ½” galvanizado T de 1”, galvanizado, (1) união de assento de ½”, galvanizado cotovelo de 1”, galvanizado, (1) cotovelo de ½”, galvanizado, (2) niple de 1”, galvanizado, (4) redução de ½”, galvanizado, (1) T com bujão de 1”, galvanizado, (1) niple duplo de ½”, galvanizado, (1) válvula de globo, (1) T de 1”, galvanizado, (1) cano de 1”, galvanizado cotovelo de 1”, galvanizado, (1) niple duplo de 1”, galvanizado, (4) T com bujão de 1”, galvanizado, (1) válvula de globo, (1)
Equipamentos de medidas Equipamentos de medidas transdutor de pressão Transdutor de pressão medidor de vazão medidor de vazão
O circuito hidráulico foi projetado para elevar água desde o reservatório, colocado no
nível do piso do laboratório, até uma determinada altura estática constante de 1,30 metros. Em
sua trajetória a água era conduzida pela tubulação de sucção até a bomba e dessa era direcionada
46
para a tubulação de recalque, por onde escoava até ser liberada livre na atmosfera. Ao ser
liberada, era recolhida por um funil e imediatamente retornava para o depósito. Completava-se
com isso um ciclo, permitindo que o nível da água no reservatório se mantivesse constante. A
descarga da água no funil era feita livremente na atmosfera de maneira a evitar variações de
pressão devido ao efeito sifão.
A Figura 4.4 mostra o desenho esquemático dos circuitos hidráulicos com todos os
equipamentos e acessórios.
Figura 4.4 Esquema da montagem experimental para testes das bombas e da posição dos
transdutores.
A legenda que segue refere-se à Figura 4.4: (1) válvula de pé, (2) conexão para tomada de
pressão antes da bomba, (3) bomba de diafragma, (4) conexão para tomada de pressão após a
bomba, (5) bomba centrífuga, (6) registro de esfera, (7) manômetro diferencial, (8) medidor de
vazão, (9) “T” com bujão, (10) registro tipo globo, (11) funil de retorno, (AB) tubulação de
47
sucção da bomba de diafragma, (CD) tubulação de recalque da bomba de diafragma, (EF)
tubulação de sucção da bomba centrífuga, (GD) tubulação de recalque da bomba centrífuga, (H)
ponto a partir do qual a tubulação de recalque passa a ser comum aos dois subsistemas de
bombeamento.
Note-se que: (a) a partir do acessório “T”, no ponto (H), as duas tubulações de recalque
passam a ser comuns; (b) tanto o medidor de vazão quanto o manômetro diferencial foram
ligados em série com as tubulações.
Figura 4.5 Desenho isométrico da montagem das tubulações de sucção e de recalque para os
testes das bombas.
A legenda que segue refere-se à Figura 4.5: (1) bomba de diafragma e (2) registro de
esfera, (3) registro tipo globo, (4) bomba de diafragma, (5) suporte metálico, (6) válvula de pé.
As válvulas de esfera ou válvulas de bloqueio de fluxo, operadas manualmente, foram
instaladas junto à tubulação de recalque de cada sistema. As válvulas tinham a função de isolar
um sistema do outro, ou seja, quando um sistema estava operando, a válvula de bloqueio desse
48
sistema ficava totalmente aberta, permitindo o fluxo da água, enquanto a do outro sistema ficava
totalmente fechada, impedindo o fluxo de água naquela tubulação. Operacionalmente essas
válvulas são projetadas para operar totalmente abertas ou totalmente obstruídas. A válvula de
controle de pressão, operada manualmente, também chamada de registro globo ou de registro de
pressão, foi instalada junto à tubulação de recalque, próximo à descarga. A função dessa válvula
era de bloquear gradativamente o fluxo do fluido, de modo a obter variações nas pressões,
simulando assim diferentes alturas. Mecanicamente, o fechamento da válvula ocorre quando o
elemento de vedação lacra a abertura de passagem do fluido. A Figura 4.6 ilustra a bancada.
Figura 4.6 Ilustração da bancada de testes com as duas bombas e equipamentos
complementares.
4.1.3 Circuito elétrico
Além do gerador fotovoltaico, faziam parte do circuito elétrico de alimentação dos
motores os seguintes acessórios:
1 Fio rígido com área de 6 mm2, usado para a conexão em paralelo entre os módulos e
para ligar o arranjo ao disjuntor de controle colocado antes dos motores.
2 Cabo flexível com área de 4 mm2, usado para fazer a conexão entre o disjuntor e os
motores das bombas.
3 Disjuntor de 15 A, usado para ligar e desligar os motores.
49
4.1.4 Conjunto motor e bomba centrífuga
O motor usado nos experimentos é da classificação comercial DPG e conforme
informações obtidas com o fabricante, esse motor é de uso automotivo.
O acoplamento entre a bomba e o motor foi feito por meio de um dispositivo
especialmente construído para esse propósito. A Figura 4.7 mostra o motor acoplado à bomba
centrífuga. Note-se o bocal de entrada, o ponto de tomada de pressão antes da bomba e a direção
vertical para cima da descarga da bomba.
Figura 4.7 Ilustração do conjunto motor e bomba centrífuga.
4.1.4.1 Motor
O motor usado é do tipo de imã permanente com escovas. As principais características do
motor são apresentadas na Tabela 4.3.
Tabela 4.3 Características do motor.
Fabricante Bosch
Código 9 130 081 035
Tensão nominal, V 12
Potência nominal, W 216
Rotação nominal, rpm 3200
Corrente nominal, A (limite recomendado pelo fabricante) 18
4.1.4.2 Bomba centrífuga
As suas principais características são apresentadas na Tabela 4.4.
50
Tabela 4.4 Características da bomba centrífuga.
Fabricante Bombas Beck
Características da carcaça
Material alumínio, fundido
Tipo bipartida com voluta convencional simples
Direção da descarga do fluido vertical para cima
Características do impelidor
Material alumínio, fundido e usinado
Tipo simples sucção, fechado plano
Forma das pás inclinadas para trás
Número de pás 6
Sentido de rotação anti-horário Diâmetro 125 mm
Figura 4.8 Desenho mostrando em detalhe as pás do impelidor e ilustração do impelidor plano
fechado usado nesse trabalho.
4.1.5 Conjunto motor e bomba de diafragma
Nesse caso, o motor e a bomba formam um único conjunto. O motor é do tipo
convencional de imã permanente com escovas. A bomba é do tipo de deslocamento positivo de
diafragma com três câmaras. O movimento do conjunto que forma o diafragma é feito por meio
de um excêntrico que é acionado pelo motor.
As Figuras 4.9 (a) e (b) ilustram a parte anterior e posterior da bomba volumétrica de
diafragma. Aparecem em detalhe os bocais de entrada e de saída da bomba.
51
(a) (b)
Figura 4.9 Bomba de diafragma Shurflo modelo 8000 - 443 – 136.
A Tabela 4.5 mostra as características do conjunto motor e bomba de diafragma.
Tabela 4.5 Características do conjunto motor e bomba de diafragma.
Número do modelo 800 – 443 - 136
Especificação do projeto deslocamento positivo de diafragma
Número de câmaras 3
Válvula de controle permite operar em um sentido, previne fluxo reverso
Came 3,0 grau
Tensão nominal, VDC 12
Corrente nominal, A 7 (limite recomendado pelo fabricante)
Controle de pressão ajustável, intervalo: 40 – 60 PSI ou 2,76 – 4,14 Bar
Temperatura do líquido 77°, máxima
Pressão auto-escorvante, máxima pressão interna 30 PSI ou 2,07 Bar
Materiais de construção
Plásticos polipropileno
Válvulas EPDM
Diafragma Santoprene, termoplástico flexível
Parafusos aço zincado chapeado
Peso líquido, kg 2,07 Aplicação típica bombeamento de água
Essas bombas podem ser fornecidas com um interruptor que reage à pressão de saída e
interrompe a operação da bomba quando a pressão atinge o valor indicado na etiqueta da bomba.
52
Quando a pressão volta a cair o interruptor fecha e a bomba volta a operar, até que a pressão
máxima volta a ser atingida.
Figura 4.10 Vista explodida do conjunto motor e bomba de diafragma Shurflo modelo 8000 –
443 – 136. O desenho foi fornecido pelo fabricante.
A legenda que segue refere-se à Figura 4.10: (1) cabeçote da bomba, (2) montagem do
interruptor, (3) montagem da válvula de controle, (4) alojamento da montagem do diafragma, (5)
montagem da válvula, (6) diafragma, (7) montagem do impelidor, (8) motor, (9) montagem da
válvula de segurança, (10) diafragma montado.
4.1.6 Medidor de vazão
Para medir a vazão foi instalado junto à tubulação de recalque um medidor
eletromagnético da marca DANFOSS. De acordo com dados técnicos fornecidos pelo fabricante
o medidor é do tipo de sensores com flanges e incorpora um sensor tipo MAGFLO
FLOWMETER 3100 e um conversor de sinal MAGFLO FLOWMETER MAG 5000.
Os sensores são formados por eletrodos revestidos de neoprene, teflon, ebonite,
poliuretano ou linatex. O conversor fornece um sinal de saída proporcional à vazão efetiva, em
um intervalo de 4mA até 20mA, com precisão de ± 0,5%. Os instrumentos foram calibrados
antes do uso.
53
As Figuras 4.11 (a) e (b) ilustram o sensor com flanges e conversor de sinal de vazão,
respectivamente.
(a) (b)
Figura 4.11 Ilustração do sensor com flanges (a) e do conversor de sinal de vazão (b), ambos da
marca DANFOSS.
4.1.7 Medidor de diferencial de pressão
Foi usado um medidor de diferencial de pressão marca ABB modelo 600 T com as
seguintes especificações técnicas: precisão 0,75%, faixa de operação entre 10 e 600 kPa, sinal de
saída entre 4 e 20mA. Esse instrumento requer uma fonte externa entre 10,5 e 42 VDC.
A Figura 4.12 mostra o medidor de diferencial de pressão usado nesse trabalho. Podem-se
notar os cabos flexíveis que são conectados à fonte externa, assim como os terminais onde são
conectadas as mangueira que partem dos pontos de tomadas de pressão, antes do bocal de
entrada e depois do bocal de saída das bombas, que permitem medir o diferencial de pressão.
Figura 4.12 Ilustração do medidor de diferencial de pressão marca ABB Série 600 T.
54
4.1.8 Medidor de radiação solar
Para medir a radiação solar foi usado um piranômetro térmico da marca EPPLEY modelo
PSP (precision spectral pyranometer).
As especificações técnicas do instrumento estão na Tabela 4.6.
Tabela 4.6 Características do piranômetro marca EPPLEY modelo PSP.
Sensiblidade aproximada, µV/W.m-2 9,0
Impedânia aproximada, Ω 650
Intervalo de variação de temperatura de trabalho, ° C -20 até +40
Linearidade entre 0 e 2800 W.m-2, % ± 0,5
Tempo de resposta, s 1,0
Resposta coseno
± 1 % (0 – 70°) ângulo zênite
± 3 % (70 – 80°) ângulo zênite
Calibração
hemisfério integrador
Observção O desempenho não é afetado pela orientação ou inclinação
A Figura 4.13 mostra uma ilustração do piranômetro usado no trabalho. Note-se a posição
de paralelismo entre o plano da base do instrumento e dos módulos fotovoltaicos.
Figura 4.13 Ilustração do piranômetro EPPLEY modelo PSP instalado junto aos arranjos
fotovoltaicos.
55
4.1.9 Medidas de tensão e corrente
As medidas das correntes nos motores foram feitas com o auxílio de um resistor “shunt”
externo, marca ENGRO LTDA com relação nominal de 30 A/50 mV e precisão de 0,5%, o qual
foi conectado em série entre o geradores fotovoltaicos e os motores das bombas. Os valores das
correntes de carga nos motores foram obtidos por meio da queda de tensão do resistor “shunt”,
conforme a equação obtida na calibração.
As tensões, tanto no motor quanto no gerador, foram medidas diretamente, por meio dos
sinais de entrada coletados e armazenados pelo sistema de aquisição de dados, o qual está
equipado com multímetro interno.
4.1.10 Medidor de rotação do motor
Para medir a rotação foi usado um taco gerador ótico, ou seja, um sensor ótico de
velocidade. Nesse caso, um feixe de luz emitido por um diodo emissor de luz (LED), é
interrompido e liberado por uma barreira colocada no eixo do motor. O sinal de saída de rotações
é proveniente do opto acoplador. Esse instrumento requer uma fonte externa de alimentação. Os
sinais de entrada são fornecidos em unidade de medida de freqüência, Hz, e os sinais de saída em
rotações por minuto, rpm.
Para adaptar os dispositivos que permitiram medir a rotação do motor da bomba de
diafragma foi necessário remover a parte posterior da carcaça da bomba, pois o eixo não é
aparente. A Figura 4.9 (b) mostra o conector elétrico fixo (azul) com massa plástica (vermelho)
na parte posterior do conjunto motor e bomba.
4.1.11 Medidores de temperatura dos módulos, do ambiente e da água
A temperatura dos módulos e do ambiente foi monitorada por meio de termopares
enquanto que a temperatura da água foi monitorada por meio de um sensor tipo PT 100 colocado
no reservatório de água.
O termopar que permitiu a medida de temperatura dos módulos foi colado na parte
posterior de um dos módulos em contato com uma célula, por meio de um corte feito na estrutura
de sustentação e proteção das células. A temperatura medida era relativa a um ponto que estava
sempre à sombra.
O termopar usado para medir a temperatura ambiente foi colocado à sombra e próximo
do arranjo fotovoltaico.
56
4.1.12 Sistema de aquisição de dados
Para a medida das diversas variáveis foi utilizado um sistema de aquisição de dados HP
34970 A, equipado com multímetro interno que permitia leituras com precisão de até 6 ½
dígitos. O sistema permite ler 60 canais divididos em 3 multiplexadores com 20 canais cada. É
possível fazer até 600 leituras por segundo em um único canal e realizar leituras em até 250
canais por segundo. O instrumento é ligado a um microcomputador via placa HPIB. A Figura
4.14 ilustra a parte frontal do sistema.
O sistema de aquisição de dados é comandado por um software, desenvolvido pela
própria HP, o qual permite que sejam feitas configurações diferentes para os diversos canais.
Nesse trabalho, todas as leituras foram feitas com 5 ½ dígitos.
Figura 4.14 Ilustração da vista frontal do instrumento usado para aquisição de dados marca HP
modelo 34970 A.
A Figura 4.15 mostra a planilha usada para configurar os diferentes canais do
multiplexador. Note-se que na primeira coluna à esquerda estão listados os canais usados para a
entrada de dados das diversas medidas realizadas nesse trabalho.
Figura 4.15 Ilustração da planilha (scan setup) usada para configurar os diferentes canais do
multiplexador.
57
4.1.13 Fonte de potência
Os testes e simulações realizados durante os experimentos tiveram o suporte de uma fonte
de potência marca KEPCO modelo BOP 20 – 20 M, operando em corrente contínua. Os modelos
BOP podem funcionar como fonte e como carga. A Figura 4.16 mostra a parte frontal do
instrumento.
Figura 4.16 Ilustração da fonte de potência KEPCO modelo BOP 20 – 20 M.
As características do modelo usado estão na Tabela 4.7.
Tabela 4.7 Características da fonte Kepco modelo BOP 20 – 20 M.
Potência de saída, W 400 Variação total de saída de tensão em CC, V ± 20 Variação total de saída de corrente em CC, A ± 20
4.1.14 Microcomputador
Para gerenciar os dados coletados pelo sistema de aquisição de dados foi usado um
microcomputador, com memória de 256 MB e monitor de 14 polegadas. O microcomputador
está equipado com um periférico que permite operar discos tipo “zip”.
A Tabela 4.8 mostra as variáveis medidas ao longo dos experimentos.
Tabela 4.8 Variáveis medidas nos experimentos.
Canal Variável Unidade Canal Variável Unidade
101 Temperatura ambiente ° C 109 Temperatura da água ° C
102 Irradiância W/m2 111 Corrente do motor A
104 Temperatura dos módulos ° C 121 Diferencial de pressão kPa
105 Tensão do motor V 122 Vazão L/hora
106 Rotação do motor rpm
58
A Figura 4.17 mostra esquematicamente o arranjo dos equipamentos e instrumentos de
medida usados nos experimentos e suas vinculações com o sistema de aquisição de dados. Os
números colocados dentro dos retângulos correspondem aos canais do multiplexador.
Figura 4.17 Arranjo dos equipamentos e instrumentos de medidas usados nos experimentos e
suas correspondentes vinculações.
A Figura 4.18 mostra a planilha onde aparecem os dados das diversas variáveis medidas
nos experimentos.
Figura 4.18 Ilustração da planilha onde aparecem os dados das variáveis medidas conforme
consta na Tabela 4.8.
59
Paralelamente aos experimentos feitos no Laboratório de Energia Solar da Unisinos,
foram realizadas no Laboratório de Energia Solar da UFRGS medições que permitiram a
caracterização elétrica dos módulos fotovoltaicos usados como fonte de potência nesse trabalho.
4.2 Caracterização das bombas
A análise de um sistema de bombeamento exige que se conheça plenamente o
comportamento da bomba e do sistema de bombeamento do qual ela faz parte. As bombas e os
sistemas de bombeamento ficam perfeitamente caracterizados quando são conhecidas as curvas
de desempenho da bomba e a curva de altura do sistema.
As curvas devem ser determinadas com base nas condições operacionais e requerem o
conhecimento do arranjo físico das instalações, dos procedimentos padronizados e das
características do fluido. Elas expressam, em forma de gráficos, o desempenho tanto da bomba
quanto do sistema, permitindo determinar em que ponto a bomba irá operar sob determinada
condição e que mudanças poderão ocorrer se a curva de altura do sistema sofrer qualquer
alteração.
4.2.1 Teste de desempenho
A NBR (Norma Brasileira Registrada) 6400/MB (Método Brasileiro)-1032, emitida em
novembro de 1989 prescreve os métodos de ensaio de desempenho e de cavitação para bombas
hidráulicas de fluxo (centrífugas, axiais e mistas). Os métodos previstos por essa norma são
válidos para ensaios de bombas Classe C, ou seja, bombas de uso corrente, onde não são
requeridos cuidados especiais.
Os testes de desempenho, que permitem a determinação das curvas que caracterizam a
bomba são feitos com velocidades constantes. Entretanto, a NBR 6400/MB 1032, no item 4.1.12
diz o seguinte: “Quaisquer que sejam as grandezas garantidas, devem ser informadas a
velocidade de rotação (ou, em alguns casos, a freqüência e a tensão da rede de alimentação
elétrica) e as propriedades físicas do líquido, caso não seja água”.
Nos sistemas de bombeamento fotovoltaico as velocidades variam com o nível da
radiação solar incidente no plano dos módulos fotovoltaicos, o que impede a manutenção de
velocidades constantes e conseqüente determinação das curvas características. Desse modo, para
fazer a estimativa do desempenho das bombas foi usada a fonte de potência operando em
corrente contínua. A potência de saída da fonte era obtida pela variação, feita de forma manual,
da tensão e/ou da corrente, o que permitia simular a potência entregue pelo gerador fotovoltaico
quando submetido às variações de irradiância e temperatura.
60
A aquisição dos dados das variáveis foi feita em intervalos de 3 segundos, o que gerava
uma quantidade muito grande de dados armazenados, dificultando a análise. Assim sendo, para
melhor manipular essas informações os dados foram consolidados em médias de um minuto.
Mattos et al., 1992, descrevem como o teste deve ser conduzido. O teste de desempenho
tem por objetivo a determinação das curvas características reais, o que permitirá, mediante
comparação com as curvas prometidas por ocasião da proposta, comprovar a qualidade do
equipamento.
Para garantir a adequação do teste, uma série de procedimentos deve ser observada antes,
durante e após a realização.
4.2.1.1 Procedimentos antes do teste
a. Estabelecimento de critérios: estabelecer o método de execução do teste, o
procedimento nas leituras dos instrumentos e as flutuações e tolerâncias permissíveis.
No que concerne a tolerâncias o Hidraulic Institute Standards, 1975, tem
recomendações específicas.
b. Inspeção: cuidadosa inspeção deve ser feita ante do teste. A inspeção deve ser feita no
que no que concerne aos seguintes itens: alinhamento da bomba e do acionador,
sentido de rotação do motor, ligações elétricas, tubulação de sucção e de recalque,
possíveis folgas, canais de passagem do líquido, posicionamento e adequação dos
instrumentos de medição.
c. Testes preliminares: quando possível, é recomendável a realização de um ou mais
testes preliminares com a finalidade de adequar pessoal e instrumentos.
d. Calibração: todos os instrumentos devem ser aferidos antes do início dos testes.
4.2.1.2 Procedimentos durante o teste
a. Observar e registrar as leituras efetuadas
b. Observar as instalações no que concerne a comportamentos anormais.
4.2.1.3 Procedimentos após o teste
a. Efetuar os cálculos para levantamento das curvas características a partir dos valores
medidos durante o teste.
b. Comparar, quando for o caso, as curvas obtidas nos testes com as curvas de catálogos.
61
O procedimento do teste consiste em fazer a bomba funcionar numa velocidade constante
em diferentes pontos de operação, ou seja, em diferentes alturas, simuladas pela variação da
abertura da válvula de controle de vazão colocada na tubulação de recalque. Normalmente, um
dos pontos escolhidos é o shutoff – ponto de vazão nula, enquanto que os demais são arbitrados.
Para cada um dos pontos são feitas leituras de vazão, Q, diferencial de pressão entre entrada e
saída da bomba, ∆P, rotação, N, tensão no motor, V e corrente no motor, I. Os valores dessas
medidas permitem calcular, por meio das equações 3.5, 3.6 e 3.7 e para cada ponto, a potência
hidráulica, Poth, a potência elétrica, Pote e a eficiência global da bomba, η.
Tendo-se os valores assim calculados, podem ser traçadas as curvas que caracterizam a
bomba.
A determinação das curvas características da bomba deve ser feita antes instalação
definitiva no local de operação. Elas são importantes para verificar as condições em que ela
operará, assim como para adotar eventuais medidas no sentido de corrigir desvios no
desempenho previsto.
4.2.2 Determinação da curva de altura do sistema
A curva do sistema é aquela que mostra a variação da altura total com a vazão, representa
a variação de energia por unidade de peso que o sistema solicita em função da vazão.
Conforme Mattos et al.,1992, o procedimento para a obtenção da curva do sistema é o
seguinte: fixam-se arbitrariamente valores de vazão, em torno de seis, estando entre estes a vazão
zero e a vazão com a qual se deseja que o sistema opere. As quatro vazões restantes devem ser
fixadas usando duas de valor inferior à vazão pretendida para a operação e duas de valor superior
à vazão pretendida para a operação. Para cada uma das posições medem-se os valores de
diferencial de pressão. De posse dos dados de vazão, Q e altura, H, constrói-se a curva de altura
do sistema.
Para esse trabalho, o método para a obtenção da curva de altura do sistema foi o seguinte:
fixou-se uma determinada abertura da válvula de controle de vazão e fez-se operar o sistema,
variando constantemente a tensão fornecida pela fonte, desde zero até o máximo possível. Com
os dados coletados de diferenças de pressão, ∆P e vazões, Q, traçou-se a curva de altura do
sistema.
4.2.3 Determinação do ponto de trabalho da bomba
Conforme visto no Capítulo 3, ao sobrepor a curva de vazão – altura da bomba com a
62
curva de altura do sistema, pode-se determinar o ponto de trabalho da bomba. Esse ponto fica
definido pelo encontro das duas curvas.
4.2.4 Determinação da curva de tensão e corrente
A curva de corrente tensão e aquela que mostra a variação da corrente com a tensão. Dela
pode-se extrair o momento em que o motor inicia seu funcionamento assim como quando inicia
o escoamento.
A Figura 4.19 mostra o comportamento da curva I & V do motor da bomba centrífuga
usada nesse trabalho para uma altura de 5,50 mca. O comportamento da curva depende da altura.
O método para a obtenção da curva I & V do motor consiste em após fixar uma
determinada abertura da válvula de controle de vazão, fazer operar o sistema variando
constantemente a tensão fornecida pela fonte, desde zero até o máximo valor possível.
Figura 4.19 Curva I & V do motor da bomba centrífuga, para uma altura de 5,50 mca.
4.4 Procedimentos com as bombas acopladas aos geradores fotovoltaicos
Para a avaliação do desempenho instantâneo dos sistemas de bombeamento foram feitas
as medições de todas as variáveis que constam da Tabela 4.8. Para a bomba centrífuga foram
usados três módulos fotovoltaicos enquanto que para a bomba de diafragma foi usado um
módulo. Os testes foram feitos em dias claros, ou seja, completamente sem nuvens e também em
dias nublados. As medições iniciavam às 6 horas e terminavam às 20 horas, os dados eram
63
coletados a cada cinco segundos e para melhor apresentar os resultados gráficos, as medidas
foram consolidadas em médias de um minuto. De acordo com Protogeropoulus et al., 1999, as
variações de irradiância num período de até dois minutos são desprezíveis e não comprometem
as medidas dos demais parâmetros.
64
5 ANÁLISE DOS ACOPLAMENTOS
5.1 Aspectos Gerais
Nas Figuras 5.1, 5.3 e 5.4, sobrepostas às curvas de irradiância estão as curvas de vazão
bombeada pela bomba centrífuga, para três dias com condições atmosféricas distintas. Os
gráficos da Figura 5.1 são representativos de um dia completamente sem nuvens enquanto que os
gráficos das Figuras 5.3 e 5.4 mostram curvas para dois dias nublados.
Em todas as representações pode ser observada a dependência da vazão em função da
irradiância, ou seja, para qualquer variação da irrandiância há uma resposta na curva da vazão
bombeada. Nos gráficos também é possível distinguir três regiões distintas limitadas pelas curvas
de irradiância, de vazão e pelos eixos cartesianos. Na primeira região, chamada de região de
irradiância inicial, não ocorre bombeamento. Essa região compreende as primeiras horas de sol
do dia, caracteriza-se por apresentar níveis de irradiância crescentes, mas que não são capazes de
gerar potências de saída suficientemente elevadas de modo que possam ser vencidas as
resistências impostas pelo atrito e pela altura estática e iniciar o bombeamento. Mais adiante,
com o passar das horas, a irradiância aumenta até atingir um valor em que gera uma potência
capaz provocar o escoamento do líquido no sistema. Esse valor de irradiância corresponde a um
mínimo abaixo do qual não existe o bombeamento, sendo chamado de limiar útil inicial ou de
fronteira útil inicial de irradiância. Vilela, 2001, refere-se ao limiar de irradiância como sendo o
nível crítico de irradiância. A região, ao longo do qual a potência gerada pelos módulos
fotovoltaicos permite que sejam superadas as resistências e ocorra o bombeamento, é
denominada de “região de irradiância útil”. Nessa região e no entorno do meio dia, ocorre o
máximo valor de irradiância, que normalmente também corresponde à máxima vazão. Mais
adiante, na parte da tarde, há um decréscimo da irradiância até atingir novamente um valor
mínimo, abaixo do qual cessa o bombeamento. Esse valor é chamado de limiar útil final ou
fronteira útil final de irradiância. Na última região, chamada de região de irradiância final, não
ocorre bombeamento.
A Figura 5.1 mostra o comportamento da irradiância e da vazão, em função da hora local,
para o dia 05 de outubro de 2005. Em dias típicos como esse, sem nuvens, ocorre somente um
limiar de irradiância para o início de vazão e um limiar de irradiância para o final de vazão.
Notam-se as distintas regiões de irradiâncias assim como as linhas de limiares de irradiâncias.
Em um dia sem nuvens, uma vez atingido o limiar de irradiância, na parte da manhã, haverá o
bombeamento contínuo até que novamente seja atingido um novo limiar de irradiância, ao
entardecer, abaixo do qual não haverá mais o bombeamento.
65
Figura 5.22 Curvas características de comportamento da irradiância e da vazão, em função da
hora local, para um dia completamente sem nuvens.
A curva da Figura 5.2 mostra o comportamento da vazão em função da irradiância para o
mesmo dia do gráfico da Figura 5.1. Ela foi construída com dados de irradiância em que ocorre
vazão.
Figura 5.2 Curva da vazão em função da irradiância, para o mesmo dia do gráfico da Figura 5.1.
O limiar de irradiância para o início de vazão é maior do que para o final de vazão.
66
Ainda na Figura 5.1, na região inicial, nas primeiras horas de sol a irradiância apresenta
níveis que não geram a corrente necessária para iniciar o bombeamento, enquanto na região
final, ao entardecer, o nível da irradiância decresce até não mais gerar a corrente necessária para
manter o bombeamento. Note-se que o bombeamento ocorre na região de irradiância útil e que o
limiar de irradiância para o início de vazão (LGi) é maior do que o limiar de irradiância para o
final de vazão LGf.
O limiar de irradiância para o início de vazão é maior do que o de final de vazão, pois
para iniciar o bombeamento devem ser vencidas as resistências elétricas dos motores assim como
as perdas por fricção da bomba e das tubulações de sucção e de recalque. Ao tratar desse assunto,
Chenlo et al., 1998, dizem que o limiar de início de vazão é estático, enquanto que o limiar de
final de vazão é dinâmico.
As das Figuras 5.3 e 5.4 mostram o comportamento da irradiância e da vazão, em função
da hora local, para dias nublados típicos.
Figura 5.3 Curvas de irradiância e vazão, em função da hora local, para um dia com nuvens.
Observe-se que não houve interrupção no bombeamento ao longo do dia.
Nesses dias ocorrem picos de máxima e de mínima radiação. Quando os picos de mínima
estiverem abaixo da linha do limiar de irradiância, o bombeamento será interrompido e a
retomada somente ocorrerá quando a irradiância atingir novamente, no mínimo, o valor do
limiar.
A curva de vazão da Figura 5.3 mostra que, independentemente das variações na
irradiância solar incidente durante o dia, não houve, em nenhum momento, a interrupção do
67
bombeamento, ou seja, ocorreu somente um limiar de irradiância para o início e outro para o
final de bombeamento.
Figura 5.4 Curvas de irradiância e de vazão, em função da hora local, para um dia típico com
nuvens. É importante observar a intermitência no bombeamento.
A curva de vazão da Figura 5.4 mostra que as variações na irradiância solar incidente
durante o dia ocasionaram interrupções no bombeamento. Isso indica que ao longo de um dia
poderão ocorrer mais de um limiar de irradiância para o início e outros tantos para o final de
bombeamento.
Em dias em que existe alternadamente a presença de sol e de nuvens, podem ocorrer
variações na irradiância incidente no plano dos módulos fotovoltaicos, de modo a causar quedas
na potência de saída do gerador fotovoltaico ao longo do período. Quando a potência de saída
atinge níveis tão baixos que comprometem a alimentação das bombas, podem acontecer quedas
ou interrupções no bombeamento. Essas variações, que podem ser de curta ou longa duração,
freqüentes ou isoladas, comprometem o volume de água bombeada durante o dia.
5.2 Comportamento elétrico dos motores
O comportamento elétrico de uma carga, que está submetida a determinadas condições
operacionais, fica conhecido quando são analisadas e interpretadas as curvas de corrente em
função da tensão. Além disso, as curvas servem de ferramentas a serem usadas no
dimensionamento adequado das fontes de potência, ou seja, no caso desse trabalho servem, junto
com outros elementos, para determinar o número de módulos fotovoltaicos para configurar os
68
arranjos fotovoltaicos necessários para operar cada um dos sistemas de bombeamento.
As curvas das Figuras 5.5 e 5.6 apresentam os valores medidos de corrente e de tensão
dos motores acoplados às duas bombas, para diferentes alturas.
Figura 5.5 Curvas I & V do motor acoplado à bomba centrífuga, para diferentes aberturas da
válvula de controle de vazão.
Figura 5.6 Curvas I & V para a bomba de diafragma, para diferentes aberturas da válvula de
controle de vazão.
69
Em ambos os conjuntos de curvas podem ser identificadas as regiões de picos de
corrente, assim como as regiões de início efetivo de vazões. O pico de corrente corresponde à
corrente necessária para promover o arranque ou partida do motor.
As curvas das Figuras 5.5 e 5.6 foram obtidas com os motores acoplados à fonte de
potência em corrente contínua, ou seja, os conjuntos de motores e bombas operavam em regime
permanente.
A Figura 5.7 mostra a sobreposição das curvas I & V para os motores das duas bombas
objetos do estudo desse trabalho. Na legenda aparecem as vazões máximas alcançadas pelas
bombas, para as condições especificadas.
Figura 5.7 Sobreposição de curvas I & V das duas bombas, para as condições especificadas no
gráfico.
A Figura 5.8 mostra as linhas de tendências que se ajustaram às curvas I & V das duas
bombas, para as condições definidas no gráfico. As linhas de tendência foram obtidas
considerando-se as medidas realizadas somente a partir dos pontos de início de escoamento do
líquido no sistema
Para ambas as curvas das bombas, as equações que melhor se ajustaram foram definidas
por polinômios de segunda ordem. No caso da bomba de diafragma, um bom ajuste também
poderia ser feito por uma equação linear.
70
Na área do gráfico aparecem as equações que melhor se ajustaram a cada uma das linhas
de tendência.
Figura 5.8 Linhas de tendências e equações de ajustes para as curvas I & V das duas bombas,
para as condições especificadas no gráfico.
5.3 Análise dos acoplamentos
O método que permite a determinação da configuração do arranjo mais adequado para
operar uma carga consiste em fazer a sobreposição das curvas I & V da carga com as curvas I &
V dos arranjos fotovoltaicos. A transferência de potência do gerador ao motor será maximizada
quando as curvas I & V do motor e do gerador se interceptarem o mais próximo possível do
ponto de máxima potência do gerador, conforme já foi descrito no item 3.6.
A capacidade de geração de tensão e de corrente, ou seja, a potência gerada pelo arranjo
fotovoltaico depende da irradiância incidente e da maneira como os módulos fotovoltaicos estão
conectados entre si, se em série e/ou em paralelo. Para ambos os motores usados nos sistemas de
bombeamento analisados nesse trabalho, as recomendações dos fabricantes indicam que para
uma operação segura os limites de tensão não devem ultrapassar a 12 V. Sabendo-se que a
capacidade de geração de tensão de cada módulo de 12 V, as ligações elétricas entre os módulos,
quando necessárias, deverão ser em paralelo, onde as correntes são aditivas e as tensões são as
mesmas para todas as unidades, ou seja, 12 V em cada um dos possíveis arranjos.
71
A seguir, com o propósito de determinar qual o arranjo mais adequado para a operação
das cargas, faz-se as seguintes análises:
a. comportamento das curvas I & V de cada motor;
b. comportamento das curvas ISC & G, para diversas configurações dos arranjos
fotovoltaicos;
c. sobreposição das curvas I & V dos motores e das bombas.
5.3.1 Análise do acoplamento direto do arranjo fotovoltaico com o sistema de
bombeamento – caso da bomba centrífuga
Utilizando-se a Figura 5.9 observa-se que o aumento da altura de 5,50 mca para 12,10
mca ocasionou um deslocamento da curva I & V para a direita. Isso confirma o observado por
CIEMAT, 2000, quando diz que as curvas I & V do motor variam em função da altura total de
bombeamento.
Figura 5.9 Curvas I & V para duas alturas de operação da bomba centrífuga.
A altura de 5,50 mca corresponde à pressão medida com a válvula de controle de vazão
totalmente aberta enquanto que a altura de 12,10 mca corresponde à pressão medida com a
válvula parcialmente fechada. Ainda pela observação da Figura 5.9 e com auxílio da Tabela 5.1
verifica-se que para a altura de 5,50 mca, a corrente de início de vazão diminui em relação à
72
corrente de pico do motor, pois não existindo o estrangulamento na tubulação a resistência ao
movimento do fluido é menor e isso resulta na necessidade de uma menor corrente de início de
vazão. Para a altura de 12,10 mca, a corrente de início de vazão aumenta em relação à corrente
de pico do motor, pois ocorrendo o estrangulamento na tubulação, a resistência ao movimento do
fluido é maior e isso leva à necessidade de uma maior corrente de início de vazão.
Nota-se pela Tabela 5.1, cujos dados são relativos à Figura 5.9, que a variação da altura
altera sensivelmente a vazão máxima bombeada. Nessa tabela, os indicativos H, Ipico, Vpico,
Ivazão, Vvazão, Qmáx, são respectivamente: altura, corrente de pico, tensão de pico, corrente de
início de vazão, tensão de início de vazão e vazão máxima alcançada. Conforme visto no item
3.6, a corrente e a tensão de pico correspondem à corrente e à tensão de partida ou de arranque
do motor, a corrente e a tensão de início de vazão correspondem à corrente e à tensão de início
de escoamento do líquido no sistema.
Tabela 5.5 Dados relativos à bomba centrífuga.
H, mca Ipico, A Vpico, V Ivazão, A Vvazão, V Qmáx L/min
5,50 5,52 1,77 5,21 4,64 60,40
12,10 5,20 4,64 5,24 4,71 6,95
As curvas mostradas na Figura 5.9, assim como os dados da Tabela 5.1 são característicos
somente para a bomba testada.
Tabela 5.2 Dados relativos aos arranjos fotovoltaicos.
Acoplamentos – Sistema de Potência
IS C
G, W/m2 T módulo, ° C
1 M 1 módulo
2 M 2 módulos
3 M 3 módulos
4M 4 módulos
200 38 0,99 1,98 2,97 3,96
400 47 1,98 3,96 5,94 9,92
600 53 2,96 5,92 8,88 11,84
800 57 3,93 7,86 11,79 15,72
994 56 4,86 9,72 14,58 19,44
Na Tabela 5.2 os dados de IS C para um módulo, nas diversas irradiâncias e temperaturas,
foram obtidos com o suporte do programa computacional PVsize desenvolvido no Laboratório
73
de Energia Solar da UFRGS, Vera, 2004. Os valores de IS C para os arranjos de 2, 3 e 4 módulos
foram obtidos por adição, pois as ligações entre os módulos são em paralelo. Esses dados são
restritos para os módulos Siemens SP75 usados nesse trabalho, considerando que os parâmetros
elétricos de todos os módulos são iguais.
Figura 5.10 Curvas ISC & G para as quatro configurações de arranjos fotovoltaicos. Dados
extraídos da tabela 5.2.
O gráfico da Figura 5.10 serve para a determinação da irradiância necessária para gerar a
corrente de pico do motor, para cada arranjo fotovoltaico. O valor da irradiância fica
determinado pela abscissa do ponto de encontro da curva ISC & G dos diversos arranjos e em
vários níveis de irradiância, com a curva de corrente de pico do motor.
Para a construção da curva de corrente de pico do motor, foi considerado o dado da
corrente para a altura de 5,50 mca, Tabela 5.1, por ser a maior dentre as duas correntes de pico
tabeladas.
As curvas IS C & G, ou seja, as curvas 1M, 2M, 3M e 4M foram geradas a partir dos
dados da Tabela 5.2. Representam a variação da corrente de curto circuito em função da
irradiância incidente sobre o plano dos arranjos fotovoltaicos.
Os valores das ordenadas da curva corrente de pico do motor são constantes e
correspondem à corrente necessária para o arranque do motor. A corrente de pico independe da
irradiância. Entretanto, ela será alcançada mais cedo ou mais tarde, ao longo do dia, em função
da configuração dos arranjos fotovoltaicos. Uma mesma irradiância incidente sobre diferentes
74
arranjos, em um mesmo local e hora, gera uma potência de saída diferente para cada arranjo.
Portanto, o limiar de irradiância de pico LGP necessária para gerar a corrente de pico, depende
do número de módulos fotovoltaicos de cada arranjo Nm e de suas conexões em série, paralelo
ou série/paralelo, da temperatura dos módulos Tm e também da altura de bombeamento H.
Nesse caso, há interesse em determinar qual arranjo é o mais adequado para a operação
de bombeamento, com acoplamento direto da bomba ao arranjo fotovoltaico. Para isso, é
necessário determinar em que limiar de irradiância cada um dos arranjos fotovoltaicos irá
produzir a potência capaz de gerar a corrente de pico ou de arranque do motor.
É sabido que a corrente de curto circuito é uma função linear da irradiância. Assim sendo,
pode-se expressar a corrente de curto circuito da seguinte maneira:
ISC = K.G (5.1)
onde, ISC é a de corrente de curto circuito, G é a irradiância e K é a constante de
proporcionalidade.
Considerando que a equação para a curva 1M (um módulo) da figura 5.10 é dada por:
ISC = 0,0049.G (5.2)
para as curvas 2M, 3M e 4M, a equação da curva pode ser expressa por:
ISC = 0,0049. N m.G (5.3)
onde N m é o número de módulos do arranjo.
Tabela 5.3 Limiares de picos de irradiância para diferentes arranjos.
Arranjos Pontos LGP, W/m2
Quatro Módulos (4M) A 278
Três Módulos (3 M) B 378
Dois Módulos (2 M) C 564
Um Módulo (1 M) D 1122
A Tabela 5.3 mostra os valores dos limiares de irradiâncias de pico para cada um dos
arranjos fotovoltaicos. Esses valores indicam em que irradiância, para cada arranjo fotovoltaico,
a corrente de pico é alcançada, ou seja, em que irradiância o motor entra em movimento e em
seguida, se for mantido ou aumentado o nível de irradiância, começa o bombeamento. Os pontos
75
A, B, C e D foram determinados por meio da interseção das curvas 1M, 2M, 3M e 4M, com a
curva de pico de corrente, ou ainda aplicando o valor de ISC = 5,51 A na equação 5.3.
A escolha do arranjo mais adequado passa pela análise e interpretação das curvas da
Figura 5.10, juntamente com as curvas I & V do motor sobrepostas às curvas das mesmas
variáveis dos diversos arranjos fotovoltaicos.
A seguir é feita análise dos arranjos com a finalidade de determinar qual deles é o mais
adequado para operar o sistema de bombeamento, dentro da proposta de acoplamento direto.
5.3.1.1 Escolha do arranjo mais adequado para operar a bomba centrífuga
A Figura 5.11 mostra que ao sobrepor a curva I & V do motor às curvas I & V do arranjo
formado por um módulo fotovoltaico o ponto de corrente de pico do motor fica posicionado
acima de todas as curvas I & V do arranjo. Assim, mesmo a máxima potência entregue pelo
arranjo é insuficiente para gerar a corrente de pico do motor. Isso mostra a inadequação do
arranjo para operar esse sistema de bombeamento.
Figura 5.11 Sobreposição das curvas I & V do motor e do gerador formado por um módulo
fotovoltaico.
76
A observação da Figura 5.10 mostra que a curva 1M não é interceptada pela curva de
corrente de pico do motor. Isso confirma que o arranjo de um módulo não entrega a potência
suficiente para gerar a corrente de pico do motor, sendo, portanto, inadequado para operar esse
subsistema de bombeamento. O prolongamento da curva 1M com a curva de pico do motor, na
Figura 5.10, determina o ponto D. Nesse ponto a irradiância atinge o valor de 1122 W/m2. Essa
irradiância é suficiente para gerar a corrente de pico do motor. Entretanto, valores tão altos de
irradiância somente são alcançados por volta do meio-dia no verão e têm curta duração,
resultando em volumes bombeados muito pequenos, o que inviabiliza a utilização do arranjo.
Nas Figuras 5.12, 5.13 e 5.14 estão sobrepostas as curvas I & V do motor com as curvas
dos arranjos formados por dois, três e quatro módulos respectivamente. É possível verificar que
qualquer dos três arranjos entrega potências suficientes para gerar a corrente de pico ou de
arranque do motor, assim como para realizar o bombeamento. Entretanto, em todos os casos
existe um desacoplamento entre os pontos de máxima potência das curvas dos arranjos e os
pontos de trabalho do sistema, ou seja, há um afastamento entre o ponto de trabalho de cada
curva, com o ponto de máxima potência da mesma curva. Esse desacoplamento é responsável,
entre outros, pela redução da eficiência da conversão fotovoltaica e do conjunto motor e bomba.
Portanto, é de se esperar que a escolha do arranjo mais adequado deva recair sobre aquele em
que o desacoplamento é menor, em todos os níveis de irradiância.
A relação existente entre a potência no ponto de trabalho em determinada curva do
arranjo fotovoltaico e a máxima potência na mesma curva é chamada de eficiência do
acoplamento.
A eficiência do acoplamento é dada por:
(5.4)
onde, PPT é a potência no ponto de trabalho, W e PMÁX é a potência máxima na curva I & V ,
W.
O desacoplamento é calculado por:
oacoplament-1entodesacoplam η= (5.5)
As medidas da eficiência do acoplamento assim como do desacoplamento podem ser
expressas por números decimais ou, quando multiplicadas por 100, como percentuais.
MAX
PToacoplament P
Pη =
77
Figura 5.12 Sobreposição da curva I & V do motor com as curvas do gerador formado por dois
módulos fotovoltaicos ligados em paralelo.
Figura 5.13 Sobreposição da curva I & V do motor com as curvas do gerador fotovoltaico
formado por três módulos ligados em paralelo.
78
Figura 5.14 Sobreposição da curva I & V do motor com as curvas do gerador fotovoltaico
formado por quatro módulos ligados em paralelo.
Na Figura 5.15 estão as curvas que representam a eficiência do acoplamento do motor da
bomba centrífuga com geradores formados por dois, três e quatro módulos fotovoltaicos.
Figura 5.15 Curvas de eficiências dos acoplamentos do motor da bomba centrífuga com os
geradores fotovoltaicos, para diversas irradiâncias.
79
Pelos gráficos das Figuras 5.12, 5.13, 5.14 e 5.15 conclui-se que o acoplamento mais
adequado é com um arranjo formado por quatro módulos fotovoltaicos. Entretanto, para
irradiâncias superiores a 920 W/m2, esse arranjo pode produzir correntes superiores a 18 A,
ponto E da figura 5.10, que ultrapassam o limite de segurança recomendado pelo fabricante do
motor, conforme visto no Capítulo 4.
Nesse trabalho faz-se a análise do acoplamento direto e sem o uso de dispositivos que
protejam o motor de sobrecorrentes e/ou sobretensões. Assim sendo, a escolha do arranjo
adequado recai sobre aquele formado por três módulos fotovoltaicos, pois o desacoplamento é
menor em relação ao arranjo formado por dois módulos fotovoltaicos.
5.3.2 Análise do acoplamento direto do arranjo fotovoltaico com o sistema de
bombeamento – caso da bomba de diafragma
Observa-se pela Figura 5.16, que também para essa bomba as curvas I & V do motor
variam em função da altura total do bombeamento. O aumento da altura de 4,30 para 33,50 mca
ocasionou um deslocamento da curva I & V para a esquerda.
Na Figura 5.16, a altura de 4,30 mca corresponde à pressão medida com a válvula de
controle de vazão totalmente aberta enquanto que a altura de 33,50 mca corresponde à pressão
medida com a válvula parcialmente fechada.
Figura 5.16 Curvas I & V para duas alturas de operação da bomba de diafragma
80
Nota-se pela Tabela 5.4, cujos dados são relativos à Figura 5.16, que a variação da altura
não altera consideravelmente a vazão máxima bombeada, como pode ser visto na Figura 3.19.
Nessa tabela, os indicativos H, Ip ico, Vpico, Ivazão, Vvazão, Qmáx, são respectivamente: altura,
corrente de pico, tensão de pico, corrente de início de vazão, tensão de início de vazão e vazão
máxima alcançada. Conforme visto no item 3.6, a corrente e a tensão de pico correspondem à
corrente e à tensão de partida ou de arranque do motor, a corrente e a tensão de início de vazão
correspondem à corrente e à tensão de início de escoamento do líquido no sistema.
Tabela 5.4 Dados relativos à bomba de diafragma.
H, mca Ipico, A Vpico, V Ivazão, A Vvazão, V Qmáx L/min
4,30 1,59 0,65 1,07 3,06 6,60
33,50 1,62 0,58 1,61 3,03 5,50
Pela observação da Figura 5.16 e com auxílio da Tabela 5.4 verifica-se que para a altura
de 4,30 mca, a corrente de início de vazão diminui em relação à corrente de pico do motor, pois
não existindo o estrangulamento na tubulação a resistência ao movimento do fluido é menor e
isso resulta na necessidade de uma menor corrente de início de vazão. Para a altura de 33,50
mca, a corrente de início de vazão permanece a mesma em relação à corrente de pico do motor.
Figura 5.17 Curvas ISC & G para duas configurações de arranjos fotovoltaicos. Dados extraídos
da tabela 5.2.
81
O gráfico da Figura 5.17 permite determinar a irradiância necessária para gerar a corrente
de pico do motor, para cada arranjo fotovoltaico. O valor da irradiância fica determinado quando
se conhece a abscissa do ponto de encontro da curva ISC & G, dos diversos arranjos e em vários
níveis de irradiância, com a curva corrente de pico do motor.
Para a construção da curva corrente de pico do motor, foi considerado o dado da corrente
para a altura de 33,50 mca, Tabela 5.4, por ser a maior dentre as duas correntes de pico
tabeladas.
5.3.2.1 Escolha do arranjo mais adequado para operar a bomba de diafragma
Nas Figuras 5.18 e 5.19 estão sobrepostas as curvas I & V do motor e dos arranjos
fotovoltaicos.
Figura 5.18 Sobreposição das curvas I & V do motor e do arranjo formado por um módulo
fotovoltaico.
Verifica-se que os dois arranjos entregam potências suficientes para gerar a corrente de
arranque do motor e realizar o bombeamento. O desacoplamento do arranjo de um módulo é
maior do que o de dois módulos, ou seja, o arranjo de dois módulos entrega maior potência que o
arranjo de um módulo. Sabendo-se que o fator desacoplamento é determinante na escolha do
gerador mais adequado, a mesma deveria recair sobre o arranjo de dois módulos. Entretanto, a
partir da irradiância de 600 W/m2, esse arranjo gera tensões muito acima da máxima
82
recomendada, que é de 12 V, conforme visto no Capítulo 4, o que pode causar danos elétricos no
motor e nas instalações se não forem usados dispositivos de segurança e proteção. Assim sendo,
a escolha do arranjo mais adequado recai sobre aquele formado por um só módulo fotovoltaico.
Figura 5.19 Sobreposição das curvas I & V do motor e do arranjo formado por dois módulos
fotovoltaicos ligados em paralelo.
5.3 Acoplamento das bombas com os arranjos fotovoltaicos
No item 5.3 fez-se a sobreposição das curvas I & V dos motores das bombas com as
curvas de diversos arranjos fotovoltaicos. Essas sobreposições foram feitas com a finalidade de
determinar quais os arranjos mais adequados para operar cada um dos sistemas de bombeamento.
Concluiu-se que a melhor opção de acoplamento para a bomba centrífuga recaiu sobre o arranjo
de três módulos fotovoltaicos enquanto que para a bomba de diafragma com um só módulo
fotovoltaico.
A seguir faz-se a sobreposição das curvas I & V dos motores das bombas quando
acoplados à fonte de potência em corrente contínua e também aos arranjos fotovoltaicos, com as
curvas I & V dos arranjos fotovoltaicos escolhidos para operar cada um dos sistemas de
bombeamento.
5.3.1 Acoplamento da bomba centrífuga com três módulos fotovoltaicos
A Figura 5.20 mostra a sobreposição de três curvas I & V da bomba com as curvas das
83
variáveis de mesmo nome do arranjo formado por três módulos fotovoltaicos.
Figura 5.20 Acoplamento do conjunto motor e bomba centrífuga com o arranjo de três módulos
fotovoltaicos.
As curvas correspondentes às alturas de 3,00 e 5,40 mca foram obtidas com a bomba
acoplada ao gerador fotovoltaico, enquanto que a curva relativa à altura de 5,50 mca foi obtida
com a bomba alimentada pela fonte de potência em corrente contínua. Nota-se que até a região
de localização dos pontos de início de vazão existe coincidência entre as três curvas. A partir do
início das vazões a curva de altura 3,00 mca sofre um leve deslocamento para a esquerda, isso
também pode ser observado na Figura 5.9. Ao se deslocar para a esquerda, os pontos de trabalho
dessa curva se afastam dos pontos de máxima potência do arranjo fotovoltaico, ou seja, o
desacoplamento da curva correspondente à altura de 3,00 mca é maior do que da altura de 5,40
mca. Sabe-se que o acoplamento do sistema de bombeamento com o de potência será tanto
melhor quanto menor for a distância dos pontos de trabalho aos pontos de máxima potência do
arranjo fotovoltaico, assim sendo, nas condições da Figura 5.20, o melhor acoplamento se dá
para a altura de 5,40 mca.
Observa-se que para as duas alturas, os pontos de trabalho se situam abaixo tanto da
tensão nominal de 12 V como da corrente nominal de 18 A, logo não se corre o risco de danificar
a bomba por sobretensões ou sobrecorrentes com o funcionamento contínuo nessas situações.
84
5.3.3 Acoplamento da bomba de diafragma com um módulo fotovoltaico
A Figura 5.21 mostra a sobreposição de três curvas I & V da bomba com as curvas das
variáveis de mesmo nome do arranjo formado por um módulo fotovoltaico.
Figura 5.21 Acoplamento do conjunto motor e bomba de diafragma com um módulo
fotovoltaico.
As curvas correspondentes às alturas de 15,30 e 24,90 mca foram obtidas com a bomba
acoplada ao gerador fotovoltaico, enquanto que a curva relativa à altura de 33,50 mca foi obtida
com a bomba alimentada pela fonte de potência em corrente contínua. Nota-se que até a região
de localização dos pontos de início de vazão existe coincidência entre as três curvas. A partir do
início das vazões a curva de altura 15,30 mca sofre um deslocamento para a direita, isso também
pode ser observado na Figura 5.16, enquanto que a curva de altura 24,90 mca permanece
coincidente com a curva de 33,50 mca. Ao se deslocar para a direita, os pontos de trabalho dessa
curva se aproximam dos pontos de máxima potência do arranjo fotovoltaico, ou seja, o
desacoplamento da curva correspondente à altura de 15,30 mca é menor do que da altura de
24,90 mca. Essa análise inicial pode levar a concluir que o melhor acoplamento se dá para a
altura de 15,30 mca. Entretanto, deve-se levar em conta que a operação nessa pressão ou altura,
por um período continuado de tempo, pode conduzir ao aparecimento de sobretensões quando os
arranjos estiverem expostos a altas irradiâncias.
85
6 ANÁLISE DOS DESEMPENHOS
A análise do desempenho de um sistema de bombeamento passa, necessariamente, pela
caracterização das bombas e dos sistemas. O processo de escolha de uma bomba para
determinada aplicação depende, tecnicamente, da análise de seu desempenho quando submetida
a determinadas condições operacionais. O desempenho da bomba fica caracterizado quando são
conhecidas as relações entre vazão, altura, potência e eficiência do conjunto motor e bomba.
Essas relações, que são expressas por meio de gráficos foram feitas conforme foi visto no
Capítulo 3. Ao se fazer a sobreposição das curvas características da bomba com a curva do
sistema, obtém-se a caracterização do sistema de bombeamento. A seguir é feita a caracterização
das bombas e dos sistemas de bombeamento que são objeto de análise nesse trabalho.
6.2 Curva de altura e vazão – H & Q
Nos sistemas de bombeamento as alturas ou pressões desenvolvidas variam de acordo
com a vazão. As curvas de altura e vazão mostram essa relação.
6.1.1 Bomba centrífuga
A Figura 6.1 mostra curvas características H & Q da bomba centrífuga para diversas
tensões e/ou velocidades constantes. Os dados foram coletados durante os experimentos.
Figura 6.39 Curvas características H & Q para a bomba centrífuga.
86
A Figura 6.2 mostra a variação da altura com a vazão para a bomba centrífuga operando
com tensão constante de 9 V e velocidade constante de 1950 rpm. Essa curva é representativa
das demais curvas da Figura 6.1. Note-se que para a bomba atingir a plena vazão, ou seja, para
variar desde o ponto de vazão zero até o máximo de 59 L/min, houve uma variação de 44% na
altura desenvolvida.
Figura 6.40 Variação da altura com a vazão para a bomba centrífuga.
6.1.2 Bomba de diafragma
Nessa bomba, onde o fluxo do líquido é pulsante, a altura também varia conforme o grau
de fechamento da válvula de controle de vazão, ou seja, a pressão que a bomba desenvolve reduz
na medida em que a vazão aumenta.
Nesse tipo de bomba, em função do dispositivo de segurança visto no Capítulo 4 item
4.1.7, não é possível bloquear completamente a saída do fluido quando a bomba estiver
funcionando, assim sendo, os valores de vazões zero nunca serão alcançados quando o
equipamento estiver em operação.
A Figura 6.3 mostra curvas características H & Q da bomba diafragma usada nesse
trabalho, para diversas tensões e/ou velocidades constantes. As curvas foram obtidas com os
dados coletados durante os experimentos.
87
Figura 6.41 Curvas características H & Q para a bomba de diafragma, obtidas nos experimentos.
A Figura 6.4 mostra a sobreposição de duas curvas H & Q, da bomba de diafragma. Uma
das curvas foi obtida com dados fornecidos pelo fabricante e a outra com medidas realizadas
durante a execução desse trabalho. A sobreposição mostra que o comportamento das curvas é
bastante aproximado.
Figura 6.42 Sobreposição das curvas H & Q, da bomba de diafragma, obtidas com dados
fornecidos pelo fabricante e com medidas feitas durante esse trabalho.
88
A Figura 6.5 mostra a variação da altura com a vazão para a bomba de diafragma
operando com tensão constante de 9 V e velocidade constante de 1710 rpm. Essa curva é
representativa das demais curvas da Figura 6.3. Nessa bomba a vazão pouco depende da altura
ou grau de abertura e/ou fechamento da válvula de controle de vazão. Note-se que para a bomba
atingir a máxima vazão, houve uma variação de 97 % na altura desenvolvida.
Figura 6.43 Variação da altura com a vazão para a bomba de diafragma.
Figura 6.6 Sobreposição de curvas H & Q da bomba centrífuga e da bomba de diafragma.
89
Na Figura 6.6 estão sobrepostas as curvas H & Q da bomba centrífuga e da bomba de
diafragma, operando em 9V/1950 rpm e 9V/1710 rpm, respectivamente. Note-se que a bomba
centrífuga trabalha com pequenas variações de altura e grandes variações de vazão, enquanto que
a bomba de diafragma trabalha com grandes variações de altura e pequenas variações de vazão.
Pode-se dizer que na bomba centrífuga, a entrega de fluido depende da altura enquanto que na
bomba de diafragma é independente.
6.2 Curva de potência & vazão – Pot & Q
A necessidade de potência varia de acordo com a quantidade de fluido que circula na
bomba na unidade de tempo. A relação existente entre a potência de entrada e a vazão é
mostrada pela curva de potência e vazão. O cálculo da potência elétrica é dado pela equação 3.5.
6.2.1 Bomba centrífuga
Nessas bombas a potência varia conforme o grau de fechamento da válvula de controle de
vazão, ou seja, a potência que essa bomba solicita aumenta na medida em que a vazão aumenta.
A Figura 6.7 mostra curvas características Pot & Q da bomba centrífuga usada nesse
trabalho, para diversas tensões e/ou velocidades constantes.
Figura 6.7 Curvas características Pot & Q para a bomba centrífuga.
A Figura 6.8 mostra a variação da potência com a vazão para a bomba centrífuga, quando
90
operando com tensão constante de 9 V e velocidade constante de 1950 rpm. Essa curva é
representativa das demais curvas da Figura 6.1. Note-se que para a bomba atingir a plena vazão,
ou seja, para variar desde o ponto de vazão zero até o máximo de 59 L/min, houve uma variação
de 66 % na potência solicitada pelo motor.
É importante observar que em bombas centrífugas onde a altura decresce e a potência
aumenta com o respectivo acréscimo da vazão, poderão ocorrer correntes e/ou tensões muito
altas. Essas por sua vez, podem provocar danos elétricos e/ou mecânicos tanto nos motores
quanto nas bombas.
Figura 6.8 Variação da potência com a vazão para a bomba centrífuga.
6.2.2 Bomba de diafragma
A Figura 6.9 mostra curvas características Pot & Q da bomba de diafragma usada nesse
trabalho, para diversas tensões e/ou velocidades constantes.
Nessa bomba, onde o movimento do líquido é pulsante, a potência também varia
conforme o grau de fechamento da válvula de controle de vazão. Nesse caso, a potência que a
bomba solicita diminui na medida em que a vazão aumenta. Do mesmo modo, na medida em que
a vazão decresce, há um acréscimo da potência solicitada pela bomba.
91
Figura 6.9 Curvas características Pot & Q para a bomba de diafragma.
A Figura 6.10 mostra a variação da potência com a vazão para a bomba de diafragma,
quando operando com tensão constante de 9 V e velocidade constante de 1710 rpm. Essa curva é
representativa das demais curvas da Figura 6.9. Note-se que ao atingir a plena vazão houve uma
variação de 65 % na potência solicitada pelo motor.
Figura 6.10 Variação da potência com a vazão para a bomba centrífuga
92
Na Figura 6.11 estão sobrepostas as curvas de altura e vazão, H & Q, assim como de
potência e vazão, Pot & Q, para ambas as bombas. As curvas da bomba centrífuga foram obtidas
com tensão de 9 V e velocidade de 1950 rpm e as curvas da bomba de diafragma foram obtidas
com 9 V e 1710 rpm, conforme visto nas Figuras 6.8 e 6.10 respectivamente. Nesse gráfico, que
serve somente para mostrar o comportamento das variáveis envolvidas, a escala para o conjunto
de curvas da bomba centrífuga é diferente da escala do conjunto de curvas da bomba de
diafragma.
As considerações feitas a seguir se referem às variações de vazões desde valores mínimos
até valores de vazões plenas alcançados pelas bombas, ou seja, desde zero até 59 L/min para a
bomba centrífuga e de 3,7 até 4,9 L/min para a bomba de diafragma. Para ambas as bombas o
aumento de vazão acarreta decréscimo de altura desenvolvida, 44% para a bomba de centrífuga e
97% para a bomba de diafragma. Quanto à potência, aumenta para a bomba centrífuga em 66% e
diminui para a bomba de diafragma na ordem de 65%.
Figura 6.11 Sobreposição de curvas da H & Q e Pot & Q das duas bombas.
6.3 Curvas de eficiência e vazão – η & Q
Sempre que há o fluxo de um fluido em determinada direção existem também resistências
ao seu movimento, as quais dependem das características próprias do liquido escoado, do regime
de escoamento, dos materiais e equipamentos usados nas instalações e tubulações, assim como
da velocidade com a qual o fluido está animado. O movimento do líquido é resultante da
93
transformação de energia elétrica da fonte em energia mecânica para a bomba e finalmente em
energia hidráulica para o líquido. Essas transformações de energia geram perdas constantes e
inevitáveis. Como decorrência disso a necessidade de energia elétrica é sempre maior do que a
necessidade de energia hidráulica. Assim sendo, se faz necessário determinar com qual eficiência
o conjunto formado pelo motor e a bomba opera. Ela é expressa pela relação entre a potência
hidráulica produzida e potência elétrica solicitada pelo motor, ou seja:
A relação existente entre a eficiência do conjunto motor e bomba e a vazão é mostrada
pela curva de eficiência e vazão. O cálculo da eficiência do conjunto motor e bomba é dado pela
equação 3.7.
6.3.1 Bomba centrífuga
A Figura 6.12 mostra curvas características η & Q da bomba usada nesse trabalho, para
diversas tensões e/ou velocidades constantes.
Figura 6.12 Curvas η & Q da bomba centrífuga.
solicitadaelétricapotênciaproduzidahidráulicapotênciabombaemotorconjuntodoeficiência =
94
Relativamente à Figura 6.12, nota-se que as diversas curvas, obtidas com a bomba
operando com diferentes tensões e/ ou velocidades constantes, estão sobrepostas. Nesse caso
existe um acréscimo não linear da eficiência do conjunto motor e bomba em resposta ao aumento
de vazão, com a bomba operando em uma dada velocidade constante. A sobreposição das curvas
caracteriza que determinado nível de eficiência do conjunto motor e bomba ocorre para a mesma
vazão ou para vazões muito aproximadas, independentemente da velocidade e/ou tensão em que
o motor está operando.
6.3.2 Bomba de diafragma
A Figura 6.13 mostra curvas características η & Q da bomba usada nesse trabalho, para
diversas tensões e/ou velocidades constantes.
No caso dessa bomba, há o decréscimo da eficiência do conjunto motor e bomba com o
aumento da vazão. Observa-se que um determinado valor de eficiência do conjunto motor e
bomba, para diferentes tensões e/ou velocidades constantes, ocorre em distintos valores de
vazões.
Figura 6.13 Curvas η & Q da bomba de diafragma.
Na Figura 6.14 estão sobrepostas as curvas de eficiência e vazão, η & Q, para as duas
bombas. As curvas da bomba centrífuga foram obtidas com tensão de 9 V e velocidade de 1950
rpm e as curvas da bomba de diafragma foram obtidas com 9 V e 1710 rpm.
95
Figura 6.14 Sobreposição de curvas da η & Q das duas bombas.
Nesse gráfico, que serve somente para mostrar o comportamento das variáveis
envolvidas, a escala usada na construção da curva da bomba centrífuga é diferente da escala
usada na construção da curva da bomba de diafragma. O comportamento das curvas de eficiência
e vazão das bombas é distinto. Para a bomba centrífuga a eficiência do conjunto motor e bomba
aumenta com a vazão, enquanto que para a bomba de diafragma a mesma eficiência diminui com
o aumento de vazão.
6.4 Curvas dos sistemas
A curva do sistema representa a energia que a bomba deve produzir para movimentar o
líquido. A energia produzida destina-se a vencer as resistências impostas pela altura que o
líquido deve ser elevado – altura estática e também pela oposição causada ao movimento pelas
perdas por atrito e pela velocidade que o líquido está animado – altura dinâmica. As perdas, tanto
estáticas quanto dinâmicas, podem ser graficamente relacionadas, resultando em uma curva
chamada curva H & Q do sistema ou simplesmente curva do sistema.
6.4.1 Bomba centrífuga
A Figura 6.15 mostra a curva do sistema operado pela bomba centrífuga, para duas
aberturas da válvula de controle de vazão. Note-se que o fechamento da válvula, que
corresponde a um aumento de altura, desloca a curva para a esquerda.
96
Figura 6.15 Curvas do sistema operado pela bomba centrífuga, para duas aberturas da válvula de
controle de vazão.
6.4.2 Bomba de diafragma
A Figura 6.16 mostra a curva do sistema operado pela bomba de diafragma, para duas
aberturas da válvula de controle de vazão.
Figura 6.16 Curvas do sistema operado pela bomba de diafragma, para duas aberturas da válvula
de controle de vazão.
97
Note-se que o fechamento da válvula, que corresponde a um aumento de altura, desloca a
curva para a esquerda.
6.5 Relação entre bomba e sistema
A relação existente entre uma bomba e o sistema a qual ela pertence pode ser analisada
por meio da sobreposição, em um mesmo gráfico, das curvas de desempenho da bomba com a
curva do sistema. Na interseção de uma curva de vazão e altura da bomba, H & Q da bomba,
com a curva do sistema, H & Q do sistema, encontra-se o ponto de trabalho para aquele regime
de operação. A partir desse ponto, é possível determinar a vazão, a potência, a altura e também
eficiência o conjunto motor e bomba está operando. De modo análogo, ao se fazer a
sobreposição de diversas curvas de vazão e altura da bomba com a curva do sistema, pode-se
prever qual o comportamento que terão as diversas variáveis em condições diferenciadas de
trabalho.
A figura 6.17 mostra a sobreposição das curvas de vazão e altura da bomba centrífuga,
com a curva do sistema. Note-se que as curvas da bomba são interceptadas pela curva do sistema
nos ponto 1, 2, 3, 4 e 5. Esses são pontos de trabalho da bomba para os regimes considerados.
Figura 6.17 Sobreposição das curvas de altura da bomba centrífuga com a curva do sistema.
A Figura 6.18 mostra as curvas de altura, potência e eficiência do conjunto motor e
bomba em função da vazão da bomba centrífuga, para a tensão de 9 V e velocidade de 1950 rpm.
Sobreposta a elas está a curva do sistema, para plena abertura da válvula de controle de vazão.
98
Figura 6.18 Sobreposição das curvas de desempenho da bomba centrífuga, para a tensão de 9 V
e velocidade de 1950 rpm, com a curva do sistema.
O ponto 1 da Figura 6.18 representa o ponto de trabalho para o regime de operação da
bomba. Nas ordenadas dos pontos 1, 2 e 3 faz-se a leitura da altura, da eficiência global nessa
condição e da potência desenvolvida pela bomba.
Figura 6.19 Sobreposição das curvas de altura e do sistema para a bomba de diafragma.
99
A figura 6.19 mostra a sobreposição das curvas de vazão e altura da bomba de diafragma,
com a curva do sistema. Note-se que as curvas da bomba são interceptadas pela curva do sistema
nos ponto 1, 2, 3 e 4. Esses são pontos de trabalho da bomba.
Na Figura 6.20 estão mostradas as curvas de altura, potência e eficiência do conjunto
motor e bomba em função da vazão da bomba de diafragma, para a tensão de 9 V e velocidade
de 1710 rpm. Sobreposta a elas está a curva do sistema, para plena abertura da válvula de
controle de vazão.
Assim como para a bomba centrífuga, no encontro da curva de vazão e altura da bomba
com a curva do sistema, localiza-se ponto de trabalho 1. Para esse regime, a leitura da ordenada
desse ponto indica a altura desenvolvida pela bomba. Na mesma linha vertical e acima do ponto
1, localizam-se os pontos 2 e 3. A ordenada do ponto 2 indica o valor da eficiência do conjunto
motor e bomba nessa condição. A ordenada do ponto 3 indica qual a potência solicitada pelo
motor da bomba, no ponto de trabalho em que está operando.
Figura 6.20 Sobreposição das curvas de desempenho da bomba de diafragma, para a tensão de 9
V e velocidade de 1710 rpm, com a curva do sistema.
6.6 Curvas de corrente & tensão
As curvas I & V são traçadas com a finalidade de conhecer o desempenho elétrico dos
motores em função das alturas desenvolvidas pelas bombas.
No Capítulo 4, item 4.2.4, explica-se o método usado para obtenção das curvas I & V dos
100
motores das bombas e as Figuras 5.5, 5.6, 5.7, 5.8 e 5.9 mostram o comportamento elétrico
desses motores.
6.7 Análise do desempenho dos módulos Siemens SP 75
A Figura 6.21 mostra as curvas características de corrente e potência em função da
tensão, para um dos módulos Siemens SP 75 usado nesse trabalho.
As medidas que possibilitaram a construção das curvas obedeceram à metodologia
apresentada por Prieb, 2002. Os experimentos e coletas de dados foram realizados no
Laboratório de Energia Solar da UFRGS. Todas as medidas foram feitas quando o módulo estava
a uma temperatura de 47°C e recebendo uma irradiância de 954 W/m2. É importante observar
que a curva aqui apresentada somente caracteriza o módulo testado e para as condições de
contorno especificadas.
Figura 6.21 Curvas de corrente e de potência em função da tensão, obtidas no Laboratório de
Energia Solar da UFRGS, para um módulo Siemens SP75.
Na Figura 6.22 estão sobrepostas as curvas obtidas segundo o método apresentado por
Prieb, 2002, e outra com o uso do programa computacional PVsize desenvolvido no Laboratório
de Energia Solar da UFRGS [Vera, 2004]. Para a obtenção das curvas por meio do programa
PVsize foram usados dados de catálogo para o mesmo módulo utilizado no trabalho.
O ANEXO 1 mostra a captura da tela do programa PVsize.
101
Figura 6.22 Curvas características de corrente e tensão obtidas por dois métodos distintos.
A correta determinação da curva de corrente e tensão de um módulo fotovoltaico é de
fundamental importância para a sua caracterização, pois é por meio da análise da curva que
podem ser obtidos os cinco parâmetros elétricos, citados no Capítulo 3, que permitem determinar
a qualidade do módulo e prever seu desempenho quando submetido a distintas condições de
irradiância e temperatura das células.
Um módulo em operação experimentará uma variação contínua de radiação solar
incidente e também de temperatura ao longo dos dias e das estações do ano e, possivelmente,
nunca estará sujeito às condições consideradas como padrão. Portanto, para que se possa bem
caracterizar os módulos a serem usados nos arranjos, há necessidade de que se tenha
conhecimento do comportamento da intensidade de corrente e da tensão sob várias condições de
irradiância e de temperatura.
A Figura 6.23 mostra as curvas representativas de corrente e tensão para um módulo
fotovoltaico Siemens SP 75, quando submetido a diversas condições de irradiância e
temperatura, ou seja, representa o efeito causado pela variação de radiação solar incidente e
temperatura na curva característica do módulo. O manual distribuído por Siemens Solar
Industries / Amazonas Energia Solar Ltda., por ocasião do 1º Curso de Treinamento em Energia
Solar Fotovoltaica, 1990, apresenta curvas para as irradiâncias de 200, 400, 600, 800 e 1000
W/m2, respectivamente, sempre na temperatura das células de 25°C. Nesse trabalho, as curvas
foram feitas para as irradiâncias médias de 200, 400, 600, 800 e 994 W/m2, sendo que para cada
102
nível de irradiância foi considerada a média das temperaturas das células. Todos os dados foram
obtidos por meio de medidas experimentais e as curvas foram construídas com o suporte do
programa computacional PVsize. No gráfico, os pontos de encontro da curva de máxima
potência com as curvas I & V de cada irradiância representam as posições de máxima potência
para cada uma das curvas.
Figura 6.23 Curvas características de corrente e tensão para um módulo sob várias irradiâncias e
temperaturas.
6.8 Análise do desempenho das bombas
A Figura 6.24 mostra as curvas de irradiância e vazão em função da hora local para a
bomba de diafragma.
Nesse caso são analisadas situações de bombeamento, em dois dias, para as alturas de
16,30 e 20,60 mca, respectivamente. Note-se que o fechamento da válvula de controle de vazão,
que se traduz no acréscimo de altura, não ocasiona um decréscimo significativo na vazão
fornecida pela bomba. Para a altura de 16,30 mca a máxima vazão bombeada foi de 5,28 L/min
enquanto que para a altura de 20,60 mca a máxima vazão bombeada foi de 4,15 L/min.
103
Figura 6.24 Curvas de irradiância G e vazão Q, em função da hora local, para a bomba de
diafragma.
Na Tabela 6.1 são apresentados dados de limiares de irradiância das curvas da Figura
6.24.
Conforme visto no Capítulo 5, o limiar ou nível crítico de irradiância corresponde a um
valor mínimo abaixo dos qual não ocorre o bombeamento. Nesse caso, o limiar de irradiância
inicial corresponde ao nível mínimo de irradiância para iniciar o bombeamento assim como o
limiar de irradiância final corresponde ao nível mínimo, quando termina o bombeamento.
Tabela 6.1 Dados de limiares de irradiância das curvas da Figura 6.24.
Limiar de Irradiância
Inicial Final Altura, mca Hora W/m2 Hora W/m2
16,30 08:40 430 16:16 341
20,60 09:16 627 16:26 331
A Figura 6.25 mostra as curvas de irradiância e vazão em função da hora local para a
bomba centrífuga. Nesse caso são analisadas situações de bombeamento, em dois dias, para as
alturas de 3,80 e 5,40 mca, respectivamente. Note-se que o fechamento da válvula de controle de
104
vazão, que se traduz no acréscimo de altura, ocasiona um decréscimo significativo na vazão
fornecida pela bomba.
Figura 6.25 Curvas de irradiância G e vazão Q, em função da hora local, para a bomba de
centrífuga.
Na Tabela 6.2 são apresentados dados de limiares de irradiância das curvas da Figura
6.25.
Tabela 6.2 Dados de limiares de irradiância das curvas da Figura 6.25.
Limiar de Irradiância
Inicial Final Altura, mca Hora W/m2 Hora W/m2
3,80 09:13 550 16:20 300
5,40 08:44 480 16:22 370
Em um sistema de bombeamento, a máxima eficiência do conjunto motor e bomba ocorre
com a bomba operando com uma determinada velocidade, fornecendo uma determinada vazão e
para uma específica altura. As condições de maximização da eficiência do conjunto motor e
bomba ou minimização das perdas estão associadas às eficiências dos diversos componentes, ou
seja, cada componente deverá estar operando próximo do ponto de sua máxima eficiência.
Quando isso ocorrer o sistema estará bem balanceado.
105
A eficiência do conjunto motor e bomba é calculada como resultado da divisão da
potência hidráulica pela potência elétrica [Karassik ,1986]. Esse cálculo é feito pela equação 3.7.
Quando a eficiência é calculada para um determinado momento da operação, é chamada de
eficiência instantânea.
A Figura 6.26 mostra as curvas de eficiências dos conjuntos motores e bombas em função
da hora local, para as duas bombas e em diferentes alturas. Nota-se que para a bomba centrífuga
as melhores eficiências ocorrem para a menor altura, enquanto que para a bomba de diafragma as
melhores eficiências ocorrem para as maiores alturas. Para ambas as bombas, as máximas
eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas ocorrem por volta do meio-dia, horário
em que a incidência de radiação no plano dos módulos fotovoltaicos é maior. Ao comparar as
diferenças entre as eficiências máximas alcançadas por cada uma das bombas, nas diferentes
alturas, verifica-se que o diferencial é pequeno para a bomba de diafragma, da ordem de 3 %,
enquanto que esse diferencial é maior para a bomba centrífuga, da ordem de 16 %.
Figura 6.26 Curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas, em função da
hora local, para duas bombas em diferentes alturas.
A Figura 6.27 mostra as curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e
bombas em função da irradiância, para as duas bombas e em diferentes alturas. Observa-se que
para ambos os conjuntos, em qualquer altura, ao incremento de irradiância corresponde um
aumento nas eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas. Para o conjunto motor e
bomba de diafragma, a variação da eficiência instantânea na mesma irradiância incidente e para
diferentes alturas é menor do que para o conjunto motor e bomba centrífuga.
106
Figura 6.27 Curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas, em função da
irradiância, para duas bombas em diferentes alturas.
Na Figura 6.28 os pontos das curvas foram substituídos por suas respectivas linhas de
tendências. Para efeito meramente ilustrativo, as variações nas eficiências são destacadas pelas
áreas coloridas.
Figura 6.28 Áreas representativas das eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas
em função da irradiância, para as duas bombas em diferentes alturas.
107
A Figura 6.29 mostra as curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e
bombas em função da altura, para as duas bombas em diferentes alturas ou aberturas da válvula
de controle de vazão. Verifica-se que para a bomba de diafragma, a eficiência instantânea do
conjunto motor e bomba pouco depende da altura desenvolvida. Para a bomba centrífuga, as
eficiências instantâneas sofrem alterações sensíveis com a variação da altura. Ainda para a
bomba centrífuga, as melhores eficiências são verificadas para menor altura. O intervalo de
variação de altura é maior para a bomba de diafragma do que para a bomba centrífuga.
Figura 6.29 Curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas em função da
altura, para as duas bombas em diferentes alturas.
A Figura 6.30 mostra as curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e
bombas em função da vazão desenvolvida, para as duas bombas, em diferentes alturas. Verifica-
se que a bomba centrífuga apresenta sua melhor eficiência para a menor altura, enquanto que a
bomba de diafragma apresenta sua melhor eficiência na maior altura.
Na bomba centrífuga, a vazão é altamente dependente da altura, ou seja, quanto maior a
altura, menor a vazão. Na bomba de diafragma, a vazão é pouco dependente da altura
desenvolvida, ou seja, as vazões pouco variam com a mudança da altura.
108
Figura 6.30 Curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas em função da
vazão, para as duas bombas em diferentes alturas.
A Figura 6.31 mostra as curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos de motores e
bombas em função da potência, em diferentes alturas. As eficiências instantâneas verificadas
independem da potência solicitada, mas sim da altura.
Figura 6.31 Curvas de eficiências instantâneas dos conjuntos motores e bombas em função da
potência, para as duas bombas em diferentes alturas.
109
Conforme CIEMAT, 2000, a eficiência instantânea da conversão fotovoltaica é definida
como o quociente entre a potência elétrica instantânea e a irradiância instantânea incidente no
gerador fotovoltaico.
A potência elétrica instantânea, Pote é calculada pela equação 3.5.
A irradiância instantânea incidente no gerador fotovoltaico Ggf é obtida por:
G.Ag G fg = (6.1)
onde; Ag representa a área total do gerador, Hadi et al., 2003, e G é a irradiância solar.
O cálculo da eficiência instantânea da conversão fotovoltaica é obtido por:
fg
evf G
otP=η (6.2)
A Figura 6.32 mostra as curvas de eficiência instantânea da conversão fotovoltaica em
função da hora local, para as duas bombas e em diferentes alturas.
Figura 6.32 Curvas de eficiência instantânea da conversão fotovoltaica em função da hora local,
para as duas bombas, em diferentes alturas.
A eficiência diária da conversão fotovoltaica é definida como o quociente entre a energia
elétrica diária e a energia radiante diária recebida no gerador fotovoltaico.
A energia elétrica diária Ee d, J, é obtida por meio da integração da potência elétrica
110
instantânea Pote, ao longo do tempo t, ou seja:
∫=dia
ede dt.PotE (6.3)
A energia radiante diária recebida pelo gerador fotovoltaico Edgf é obtida por meio da
integração da irradiância instantânea incidente no plano do arranjo fotovoltaico G, ao logo do
tempo t, multiplicada pela área do gerador Ag, ou seja:
∫=dia
fgd dt.GAgE (6.4)
O cálculo da eficiência diária da conversão fotovoltaica é feito do seguinte modo:
fgd
dediáriavf E
E =η (6.5)
As equações 6.3, 6.4, 6.6 e 6.7 foram resolvidas com auxílio da aplicação da fórmula dos
trapézios [Dacorso Netto, 1966].
Os valores de alturas, eficiência da conversão fotovoltaica, instantâneas máximas e
diárias, assim como da energia solar diária recebida no plano dos arranjos fotovoltaicos, estão
registrados na Tabela 6.3.
Tabela 6.3 Eficiência da conversão fotovoltaica e energia solar diária.
Bomba H, mca
η inst máx fv, %
η diária fv, %
Energia solar diária, kJ
3,80 5,17 4,21 22800 Centrífuga
5,40 5,74 4,70 22200
16,30 7,66 5,82 19200 Diafragma
20,60 6,60 4,88 20800
A Figura 6.33 mostra a eficiência da conversão fotovoltaica, instantâneas máximas e
diárias, calculadas para duas alturas diferentes para cada bomba.
A Figura 6.34 mostra a energia solar diária recebida no plano dos módulos fotovoltaicos,
para as condições da Tabela 6.3.
111
Figura 6.33 Eficiências máximas e diárias da conversão fotovoltaica verificadas em duas alturas
diferentes para cada bomba.
Figura 6.34 Energia solar diária recebida no plano dos módulos fotovoltaicos, para os dias
considerados na Tabela 6.3.
112
Como foi visto no Capítulo 3, item 3.6, a eficiência diária do conjunto motor e bomba é
definida como o quociente entre a energia hidráulica diária e a energia elétrica diária consumida.
A energia hidráulica diária Eh d , J , é obtida por meio da integração do produto da vazão
instantânea Q, m3/s, pela altura instantânea H, m, ao longo to tempo t, s, ou seja:
dt.(Q.H).g. Edia
dh ∫ρ= (6.6)
onde ρ é a massa específica da água, 1000 kg/m3 e g é a aceleração da gravidade.
A energia elétrica diária Ee d, J, é obtida por meio da integração da potência elétrica
instantânea Pote, ao longo do tempo t, ou seja:
∫=dia
ede dt.PotE (6.7)
O cálculo da eficiência diária do conjunto motor e bomba é feito do seguinte modo:
de
dhdhe E
E=η (6.8)
Os valores de alturas, eficiência global, instantâneas máximas e diárias, assim como do
volume bombeado ao longo do dia, estão registrados na Tabela 6.4.
Tabela 6.4 Eficiência do conjunto motor e bomba e volume bombeado ao longo
do dia.
Bomba H, mca
η inst máx, %
η diária, %
Volume diário bombeado, m3
3,80 19,19 16,79 9,30 Centrífuga
5,40 7,22 6,08 2,90
16,30 35,95 32,07 1,82 Diafragma
20,60 38,88 34,30 1,45
Conforme visto no Capítulo 3 para bombas centrífugas de superfície, com motores de
imãs permanentes, com ou sem escovas, os valores para eficiências instantâneas estão na ordem
de 30%, enquanto que os valores para eficiências diárias estão na ordem de 25%.
A Figura 6.35 mostra as eficiências instantâneas máximas e diárias dos conjuntos de
motores e bombas, calculadas para duas alturas diferentes para cada bomba.
113
Figura 6.35 Eficiências instantâneas máximas e diárias dos conjuntos motores e bombas
verificadas em duas alturas diferentes para cada bomba.
A Figura 6.36 mostra o volume diário bombeado para as condições da Tabela 6.4.
Figura 6.36 Volumes diários bombeados em duas alturas diferentes para cada bomba.
A Figura 6.37 mostra as curvas de vazão em função da irradiância incidente no plano dos
módulos fotovoltaicos para as duas bombas e em alturas diferentes. O comportamento das duas
bombas é diferente. Ao percorrer a linha vertical que passa pela irradiância de 800W/m2 nota-se
114
que para a bomba centrífuga as variações nas alturas ocasionam alterações acentuadas na vazão
desenvolvida, enquanto que para a bomba de diafragma os incrementos de altura não resultam
em mudanças significativas na vazão.
Figura 6.37 Curvas de vazão em função da irradiância e da altura para as duas bombas.
Figura 6.38 Curvas do quociente entre potência e vazão em função da vazão para as duas
bombas em diferentes alturas.
115
A Figura 6.38 mostra a curva representativa do quociente entre a potência e a vazão em
função da vazão, para as duas bombas em diferentes alturas. Nota-se que para a bomba
centrífuga, na altura de 3,80 mca, a relação é inicialmente decrescente até a vazão de 15 L/min,
dessa vazão em diante o quociente entre a potência e a vazão sofre um leve acréscimo, até as
maiores vazões. Para a mesma bomba, na altura de 5,40 mca, a relação que inicialmente também
é decrescente passa a crescer constantemente, de forma não linear, até as maiores vazões. Para a
bomba de diafragma, tanto na altura de 16,30 quanto de 20,60 mca, o quociente entre a potência
e a vazão desenvolvida cresce linear e acentuadamente desde o início do bombeamento.
116
7 CONCLUSÕES
Esse trabalho teve por objetivo comparar, por meio de análises experimentais, o
comportamento de dois sistemas de bombeamento de água cujos conjuntos motores e bombas
foram diretamente acoplados aos geradores fotovoltaicos. Desse modo, a eletricidade requerida
para acionar os conjuntos motores e bombas originava-se, na sua totalidade, da energia solar
incidente no plano dos módulos fotovoltaicos. Para tanto, foi montada uma bancada de testes que
permitiu avaliar e comparar o desempenho dos dois sistemas de bombeamento, um deles
operando com uma bomba centrífuga e o outro com uma bomba volumétrica de diafragma.
A metodologia experimental utilizada, aliada às medidas realizadas, às observações
feitas, às investigações conduzidas, às trocas de informações com os orientadores e com colegas,
conduziram a conclusões consistentes e a interpretar de modo adequado as semelhanças assim
como as diferenças entre os dois sistemas de bombeamento.
Os trabalhos experimentais foram realizados em duas etapas. Na primeira, os conjuntos
motores e bombas foram acoplados em uma fonte de potência operando com corrente contínua e
na outra os acoplamentos foram feitos diretamente aos geradores fotovoltaicos. Na primeira
etapa, cada conjunto motor e bomba foi caracterizado por meio das curvas de corrente e tensão,
altura e vazão, potência e vazão, eficiência do conjunto motor e bomba e vazão e também por
meio das curvas de altura e vazão do sistema. Ao percorrer as curvas de corrente e tensão foi
possível identificar pontos de picos de corrente ou de arranque dos motores e também pontos de
início de vazão ou de início de escoamento da água no sistema. Das demais curvas, foi possível
concluir que ambas as bombas tiveram seus comportamentos semelhantes aos descritos na
bibliografia clássica referente ao assunto e também, no caso da bomba de diafragma, conforme o
catálogo do fabricante. Destaca-se aqui que o comportamento das curvas de altura e vazão de
ambas as bombas confirmam que a bomba centrífuga é adequada para operar com grandes
vazões e pequenas alturas enquanto que a bomba volumétrica de diafragma é apropriada para
operar com pequenas vazões e grandes alturas. Quando acoplados à fonte de potência e com a
válvula de controle de vazão totalmente aberta, os conjuntos motores e bombas alcançaram as
seguintes eficiências instantâneas máximas: 22 % para a bomba centrífuga e 42 % para a bomba
de diafragma. Antes de acoplar os conjuntos motores e bombas aos arranjos fotovoltaicos fez-se
o levantamento da curva de corrente e tensão de um dos módulos usado nesse trabalho. A curva
assim medida foi comparada com outra, obtida por meio dos dados de catálogo, corrigidos para
as condições de ensaio por meio de um programa desenvolvido no Laboratório de Energia Solar
da UFRGS. A sobreposição das duas curvas permitiu concluir que elas não se ajustaram
perfeitamente uma à outra. Esse não ajustamento mostrou discrepâncias nos cálculos da potência
117
de saída dos módulos, sendo que nos pontos de máxima potência o diferencial alcançou o valor
de 9,14%. Entretanto, conforme catálogo do fabricante, esse diferencial está abaixo do tolerado,
que é de 10%. Pode-se concluir, portanto, que os resultados estavam dentro da tolerância
admitida. É importante salientar que para geradores de pequena potência de saída, essa tolerância
de 10% é aceitável. Contudo, para projetos que envolvam geradores destinados a fornecer
elevadas potências de saída esse índice deve ser muito bem equacionado, pois poderá
comprometer o desempenho dos sistemas a eles acoplados.
Na segunda etapa, os conjuntos motores e bombas foram acoplados aos arranjos
fotovoltaicos. Concluiu-se que o melhor arranjo para acoplar a bomba centrífuga era o formado
por três módulos fotovoltaicos ligados em paralelo, onde o desacoplamento de 35,34% oferecia a
segurança de não ocasionar sobretensões e/ou sobrecorrentes no motor quando a irradiância
fosse alta. Para a bomba de diafragma, a melhor opção de acoplamento recaiu sobre um só
módulo fotovoltaico, pois qualquer outra opção de acoplamento, ou seja, com maior número de
módulos, poderia ocasionar sobretensões e/ou sobrecorrentes quando a irradiância fosse muito
alta.
Da análise do funcionamento dos conjuntos motores e bombas quando acoplados aos
arranjos fotovoltaicos foram extraídas várias conclusões. Dentre essas, julga-se de fundamental
importância relatar sobre as eficiências da conversão fotovoltaica e eficiência dos conjuntos
motores e bombas.
Da análise da eficiência da conversão fotovoltaica conclui-se o seguinte:
1 para o conjunto motor e bomba centrífuga;
• a instantânea máxima e a maior diária ocorreram para a maior altura;
• a instantânea máxima foi de 5,74%, na altura de 5,40 mca;
• a maior diária foi de 4,70%, na altura de 5,40 mca;
2 para o conjunto motor e bomba de diafragma;
• a instantânea máxima e a maior diária ocorreram para a menor altura;
• a instantânea máxima foi de 7,66 %, na altura de 16,30 mca;
• a maior diária foi de 5,82 %, na altura de 16,30 mca.
Da análise da eficiência dos conjuntos motores e bombas concluiu-se o seguinte:
1 para o conjunto motor e bomba centrífuga;
• a instantânea máxima e a maior diária ocorreram para a menor altura;
• a instantânea máxima foi de 19,19%, na altura de 3,80 mca;
• a maior diária foi de 16,79 %, na altura de 3,80 mca;
118
2 para o conjunto motor e bomba de diafragma;
• a instantânea máxima e a maior diária ocorreram para a maior altura;
• a instantânea máxima foi de 38,88 %, na altura de 20,60 mca;
• a maior diária foi de 34,30 %, na altura de 20,60 mca.
Concluiu-se que a diferença de altura influenciou consideravelmente na eficiência do
conjunto motor e bomba centrífuga e não foi determinante na eficiência do conjunto motor e
bomba de diafragma.
Além das conclusões referentes às eficiências, podem-se citar outras, tais como:
1 para um mesmo conjunto de motor e bomba, o limiar de irradiância para início de
vazão foi sempre maior do que o limiar de irradiância para o final de vazão;
2 para o conjunto motor e bomba centrífuga os valores de limiares de irradiância para
início de vazão, independentemente da altura, apresentaram valores muito próximos,
para o conjunto motor e bomba de diafragma os limiares de irradiância para início de
vazão se mostraram dependentes da altura, menor para a menor altura e maior para a
maior altura;
3 para ambos os conjuntos motores e bombas, independentemente da altura, os limiares
de irradiância para o final de vazão apresentaram valores muito próximos.
A tecnologia fotovoltaica para a aplicação em bombeamento de água é uma promissora
aplicação da energia solar. Entretanto, ela exige continuados e desafiadores estudos teóricos e
práticos. Espera-se que esses desafios sejam elementos motivadores para o prosseguimento desse
trabalho.
Para futuros trabalhos sugere-se o seguinte: usar na bomba centrífuga outros tipos de
impelidores, acoplar a bomba centrífuga com outros modelos de motores – tanto em corrente
contínua como em corrente alternada, realizar os experimentos com diferentes alturas estáticas,
usar seguidor de máxima potência com a finalidade de maximizar a transferência de potência dos
geradores aos motores das bombas, usar rastreador ou seguidor solar de modo a promover
ganhos em volume de água bombeada, usar acumuladores (baterias eletroquímicas) que
permitam utilizar a energia elétrica armazenada em situações de insuficiência ou ausência de
radiação solar, usar a energia solar coletada em excesso para gerar energia elétrica com outras
finalidades, estudar a aplicação do bombeamento em sistemas não autônomos e desenvolver um
programa computacional que permita simular as situações de bombeamento aqui apresentadas.
119
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123
ANEXO 1
Captura da tela do programa PVsize
124
ANEXO 2
Especificações da bomba volumétrica de diafragma da marca Shurflo, dados fornecidos pelo
fabricante.
125
ANEXO 3
Curvas de pressão e temperatura da bomba marca Shurflo, dados fornecidos pelo fabricante.
126
ANEXO 4
Ilustração e comentários sobre o módulo Siemens SP75 usado nesse trabalho.
127
ANEXO 5
Especificações do módulo Siemens SP 75.
128
ANEXO 6
Desenho do motor que foi acoplado na bomba centrífuga, dados fornecidos pelo fabricante.
129
ANEXO 7
Curvas do motor usado na bomba centrífuga, dados fornecidos pelo fabricante.