Post on 23-Jun-2015
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Conceitos básicos em análise semânticaMs. Miquéias Vitorino (UFPB)
Apresentação
Este slide tem como objetivo apresentar conceitos básicos utilizados nos diversos estudos semânticos.
Não adotamos aqui nenhuma postura teórica ou corrente semântica específica, mas colocamos em evidência algumas terminologias usadas na Semântica.
MençãoMenção é a ênfase ou destaque de uma palavra,
expressão ou enunciado que está sob análise linguística. O destaque fica por conta do uso de aspas simples (‘’) ou qualquer outro tipo de destaque tipográfico que realce a palavra em análise.
Exemplos:•A palavra ‘singular’ (adj.), dentro de determinados
contextos, pode ser sinônimo de ‘único’ (adj.).•A expressão ‘deixar de’ aciona a pressuposição de
repetição de uma ação.
Uso
Uso é definido como a mesma expressão está em situação de uso comum e real, sem estar sob análise linguística ou destaque.
Exemplos:•Este artefato é singular.•Pedro deixou de fumar.
Linguagem-objeto
Observe os exemplos:• ‘Show’ é uma palavra de origem inglesa.• ‘Oxente’ é uma expressão nordestina.
Linguagem-objeto (em destaque) é definido como termo ou enunciado que está sendo analisado através de estudos da linguagem. É a “linguagem sobre a qual se fala” (parafraseando Mortari, 2001, p. 39)
Metalinguagem
Observe os exemplos:• ‘Show’ é uma palavra de origem inglesa.• ‘Oxente’ é uma expressão nordestina.
Metalinguagem (em destaque) é definido como termo ou enunciado que explica o que está sendo analisado através de estudos da linguagem. É a “linguagem com a qual se fala” sobre a linguagem (MORTARI, 2001, p. 39).
Explícito
Quando o significado de uma expressão depende unicamente do que está no plano superficial da linguagem (escrito ou falado) para ser interpretado, então o sentido é explícito. É explícito o sentido quando as palavras de um enunciado significam aquilo que é previsto em dicionário.
Ex.: João brigou com o barbeiro (João agrediu o barbeiro de verdade)
ImplícitoQuando o significado de uma expressão ou palavra depende
do contexto de produção, pressupõe ou deixa algo subentendido, é um implícito.
Os implícitos podem ser percebidos através de marcas linguísticas (acionadores de pressuposição) ou contexto de produção (implicaturas)
Ex.:1) João brigou com o barbeiro (sabendo que João está
barbudo e cabeludo e faz tempo que ele não se barbeia ou corta o cabelo).
2) João deixou de se barbear (o uso da expressão deixar de faz com que entendamos que antes disso, o João se barbeava).
NegaçãoFenômeno semântico-discursivo que transforma um
enunciado, conferindo-lhe um sentido inverso ou negativo, acrescentando advérbio de negação, como ‘não’, prefixos negativos (in-, des-) ou qualquer outro termo de valor semelhante. O estudo da negação analisa o alcance do que está sendo negado e desmitifica a ideia de que o advérbio de negação transforma apenas o verbo (cf. ILARI & GERALDI, 2006, p.30)
1. Os prefeitos não compareceram à reunião.2. A minha mãe jamais teve 3 filhos homens.3. Despreocupe-se de tudo.
AmbiguidadeQuando uma enunciação pode significar, por ausência
de contexto, posição inadequada de um termo ou por falha na estrutura sintática mais de uma coisa.
1) João viu o incêndio do prédio do lado2) João não foi ao médico por pressão da mulher
Leituras possíveisEm 1), João estava no prédio do lado ou era o prédio do
lado que estava pegando fogo (e foi visto por João)?Em 2), João deixou de ir para o médico por culpa da
mulher ou ele foi ao médico por outro motivo que não o da pressão da mulher?
Vagueza
Um termo é vago quando não há um valor de referência para tomar como base e ser comparado.
1) João é alto e forte. (em relação a que/quem?)
Aprofundando o estudo
Faz-se necessário ampliar os conceitos apresentados nesse slide introdutório pela ótica das diversas correntes semânticas. Há muito a ser explorado sobre esses conceitos e sobre outras terminologias, que são mais específicas à cada vertente.
Referências bibliográficasBASSO, Renato Miguel et alli. Semântica e
pragmática: delimitando os campos. In: Semântica. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2009.
ILARI, Rodofo; GERALDI, João. Semântica. São Paulo: Ática, 2006.
MORTARI, Cezar. Uso e menção. Linguagem e metalinguagem. In: Introdução à Lógica. São Paulo: Editora Unesp, Imprensa Oficial do Estado, 2001.