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S U M Á R I O
Segundo ato
Expediente
01 - O AUXÍLIO NA PRODUÇÃO DO JORNALISMO CIENTÍFICO ATRAVÉS
DOS PORTAIS DE INTERNET - Lucas Campêlo Freire
02 - O BLOG XINGU VIVO COMO UM IMPORTANTE MEIO DE
COMUNICAÇÃO DIGITAL: INFORMANDO SOBRE A USINA
HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE - Ana Caroliny Pinho, Débora Quaresma e
Flávio Cardoso
03 - FURO: UM CANAL ENTRE PESQUISA E SOCIEDADE A RESPEITO DOQUE ACONTECE NA AMAZÔNIA - Gabriel Nantes de Abreu e Tiago Júlio deFarias Martins
04 - ANÁLISE DO BLOG “FURO” NA COBERTURA CIENTIFICA E
AMBIENTAL - Aliccia Ferreira, Flávia Coelho e Lilian Guedes
05 - JORNALISMO E CIÊNCIA: UM OLHAR SOBRE A AGÊNCIA
ENVOLVERDE - Maria Carolina Silva Martins Pereira e Thaís Luciana Corrêa Braga
06 - CORO CÊNICO DA UNAMA: RELATO DE UM PROJETO DE EXTENSÃO
E PESQUISA NA AMAZÔNIA – Bruna Merry Jesus Vale e Marcela Teixeira
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Universidade da Amazônia Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA)
Curso de Comunicação Social
::
Ensaio – Amazônia: Ciência e Meio Ambiente, nº 01::
Exercício da Disciplina: Jornalismo Científico e AmbientalRogério Almeida – Docente
Capa – Renan Moraes – discente do 6º Período de Publicidade – 6PPN
Ana Célia Bahia Reitora
Roberto Alcântara Diretor do CESA
Zenilda Botti Fernandes Coordenação Pedagógica
Alda Costa
Coordenadora do Curso de Comunicação Social
Vânia Torres Coordenadora Adjunta do Curso de Comunicação Social
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::Ensaio – Amazônia: Ciência e Meio Ambiente::
Belém – novembro - 2º semestre de 2011
#Segundo ato#
O Ensaio prossegue. Temas e protagonistas são outros. Nuvens e luzes também.
A motivação da edição de número zero da Ensaio, a realização do Encontro Nacional de
Jornalismo Científico em Belém deixou de existir, assim fomos informados. O evento
foi cancelado. A teimosia permanece, o exercício em incentivar a produção de
interpretações sobre as realidades que conformam a(s) Amazônia (s), ou mesmo de
outros cantos, assuntos e produções. Ainda que o esforço soe pequeno ante a
complexidade dos temas, os limites do repertório intelectual ou os estrangulamentos que
a rotina proporciona.
Mas, cá estamos a insistir contra a correnteza. Os limites permanecem. Os
atores em cena da edição de número 01 da publicação são discentes do último período,
que administram o tempo na busca de espaço no mercado de trabalho, em estágio e na
produção do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), além da obrigação das atividades
complementares. Trata-se de discentes de duas turmas do 8º período da habilitação em
Jornalismo do Curso de Comunicação da Universidade da Amazônia (UNAMA). Uma
turma do turno matutino e outra do turno vespertino. A tarefa integra o processo da
primeira avaliação do semestre. A orientação do exercício é a produção de artigo que
busque conhecer e interpretar dinâmicas sobre a região.
A(s) Amazônia (s) do Brasil ou da Pan-Amazônia passam por agudas
transformações. Alguns investigadores analisam a região como a derradeira fronteira do
capital. O território e os recursos locais estão no centro dos interesses de redes
econômicas, políticas e sociais locais, nacionais e internacionais. Num extremo, grandescorporações, noutro, populações locais consideradas tradicionais: indígenas,
quilombolas, caboclos e outras modalidades. Tais populações têm sido tratadas desde os
primeiros colonizadores como representações do atraso. Assim contam as narrativas
inaugurais de naturalistas, viajantes, religiosos, contistas e comerciantes sobre a região.
O papel do Estado em arbitrar tem sido exercido conforme a pressão de lobbys.
Ainda que a (s) Amazônia (s) mobilizem inúmeros interesses, e seja uma pauta
constante nos principais centros do mundo, os diários locais não possuem um espaçoque se dedique ao tema. E, mesmo nos estados mais ricos da nação a cobertura
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jornalística é limitada e precária. Maioria das vezes motivada pelas tragédias: trabalho
escravo, execução de militantes pela reforma agrária, defensores da floresta e dos
direitos humanos ou o desmatamento. O universo agrário da região é um caos. E tal
aspecto não costuma ser contextualizado nas coberturas midiáticas. Quanto à voz dos
povos ancestrais, quase nunca ecoa. A lógica economicista prepondera. No horizonte de
tal discurso, a floresta e as populações locais despontam como representações de um
mundo que deve ser superado, destruído ou criminalizado. Já o conhecimento milenar
das mesmas é secundado ou omitido.
Sabe-se dos recursos estratosféricos que a maior região do país encerra: hídrico,
biodiversidade, recursos minerais. Assim como é conhecida a condição de subúrbio que
os processos econômicos conferiram a mesma. Tal condição tem saída? Que papel cabe
ao conhecimento? E ao jornalismo, que tarefa deve ocupar o topo da pauta da agenda
das coberturas?
Futuros profissionais aqui apresentam algumas impressões. O conjunto da
edição da Ensaio de número 01 tem seis artigos. Uma pauta da agenda política, a
construção da hidrelétrica de Belo Monte foi contemplada com duas produções. A
empreitada de Lucas Freire analisa as interpretações de Lúcio Flávio Pinto, considerado
a principal referência do jornalismo sobre temáticas amazônicas. Isso faz uns 40 anos.
Débora Quaresma, Flávio Cardoso e Ana Caroliny Pinho assinam a produção de 15
páginas. O artigo integra o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da equipe.
Belo Monte não é um projeto solto no ar. Faz parte de um modelo de
desenvolvimento de integração econômica Sulamericana calcado no tripé de eixos de
integração: a geração de energia, infraestrutura de transporte multi-modal (rodovias,
ferrovias e hidrovias) e telecomunicações que buscam a aproximação com o Pacífico. O
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o principal
financiador a juros módicos, 4% ao ano, papel antes ocupado pelo Banco da Amazônia(Basa) e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Na
historiografia recente da ocupação da Amazônia o estado de exceção (1964-1985) é
indicado como um marco. Naqueles dias a lógica residia em polos de mineração,
pecuária e madeira. A floresta foi amansada na pata do boi.
O universo da web também conta com duas produções. Os discentes de turmas
diferentes decidiram em lançar luzes sobre a inciativa do docente do Curso de
Comunicação. Trata-se do blog (Furo) que produz materiais (artigos e reportagens)sobre a região. Além de disponibilizar livros, cartilhas e documentos. Gabriel Nantes e
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Thiago Júlio Martins, parceiros de TCC assinam um artigo sobre o tema. O segundo tem
a chancela da trinca Aliccia Ferreira, Lilian Guedes e Flávia Coelho.
Maria Carolina Pereira e Thais Braga são responsáveis pela análise de um site
dedicado a temas ambientais, Envolverde. A dupla indica fatores positivos e limites que
o mesmo abriga. E sublinham a ausência de pautas sobre a Amazônia. A dupla Bruna
Merry e Marcela Teixeira resolveram observar o rio que corre na própria aldeia. As
discentes relatam a experiência do Coro Cênico da Unama.
Assim, este projeto de extensão e pesquisa busca incentivar o conhecimento
sobre o vasto universo cultural dos recantos amazônicos. Na caminhada que soma 15
anos o projeto contabiliza a produção de espetáculos e CD´s. A contribuição com a
produção ficou a cargo do discente Renan Moraes, do Curso de Publicidade e
Propaganda, 6º Período do turno noturno.
Finda o segundo ato.
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Universidade da AmazôniaCentro de Estudos Sociais Aplicados (CESA)
Curso de Comunicação Social
::Ensaio – Amazônia: Ciência e Meio Ambiente::
Exercício da Disciplina: Jornalismo Científico e AmbientalRogério Almeida – Docente
Capa – Renan Moraes – discente do 6º Período de Publicidade – 6PPN
Relação dos discentes por turma e turno
::8JLM1- Diurno:: Ana Caroliny Pinho
Débora QuaresmaFlávio Cardoso Gabriel Nantes de Abreu
Aliccia Ferreira Flávia Coelho Lilian Guedes
::8JLV1 –Vespertino::
Lucas Campêlo Freire Tiago Júlio de Farias Martins
Maria Carolina Silva Martins PereiraThaís Luciana Corrêa Braga
Bruna Merry Jesus ValeMarcela Teixeira
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O AUXÍLIO NA PRODUÇÃO DO JORNALISMO CIENTÍFICOATRAVÉS DOS PORTAIS DE INTERNET
Lucas Campêlo Freire1
RESUMO: Este artigo busca refletir sobre a produção do jornalismo científico
utilizando como plataforma as colunas disponíveis em portais da internet. Para tal, serão
utilizados como exemplo dois textos produzidos pelo jornalista paraense Lúcio Flávio
Pinto, e publicados no portal Yahoo. O artigo vai analisar duas edições da coluna
noticiadas neste ano, publicadas em maio e setembro.
Palavras-chave: Jornalismo Científico, internet, Usina de Belo Monte.
REVISÃO TEÓRICA SOBRE O JORNALISMO CIENTÍFICO
Existem muitas ramificações dentro da prática jornalística, como o jornalismo
esportivo, cultural, político, econômico, ou, no caso desta disciplina, da especialização
do jornalismo voltado para as áreas de ciências e do meio ambiente.
Como toda forma de jornalismo especializado, é necessário cuidado notratamento dado às informações na prática do jornalismo científico. Dessa forma, elas
podem servir ao público leitor da melhor forma possível, sem que haja qualquer erro na
divulgação.
O campo de abrangência do jornalismo científico vem crescendo muito com o
passar do tempo. Entre as referências sobre o assunto sublinhamos os autores do
jornalismo científico no Brasil, Wilson da Costa Bueno e Anelise Rublescki. Segundo
Rublescki (2008), a modalidade jornalística trata na:prática específica da imprensa de divulgação de informações especializadassobre novas tecnologias, descobertas científicas, pesquisas aplicadas em áreasque vão da saúde às exatas, passando pelas humanas e pelo meio ambiente.(RUBLESCKI, 2008, p.408)
Outro aspecto sobre o jornalismo científico que vale a pena analisar é o
defendido por Bueno (2003). O autor aponta a existência dos chamados “lobbys”,
praticados por grandes empresas com os meios de comunicação. Ele chama atenção
1 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). emeio:lucas_px_@hotmail.com
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ainda para a relação entre pesquisadores, universidades e demais partes envolvidas no
processo de produção do conhecimento. Sobre esta prática, o autor afirma que:
uma análise mais acurada desta presença na mídia revela que nem sempre otom das manchetes destaca o caráter emancipador da ciência e da tecnologia.
Pelo contrário, alimenta suspeitas contra empresas, universidades e mesmocientistas, acusados de privilegiarem, na produção e na divulgação de suaspesquisas, interesse políticos, econômicos, comerciais ou pessoais, (BUENO,2003, p. 01)
Bueno destaca, sobretudo, o papel que o jornalismo científico tem, no sentido de
democratizar as informações que são frutos de suas reportagens.
Falando novamente sobre a produção de conteúdo do jornalismo científico,
Rublescki (2008) afirma que há uma tensão entre os dois atores do processo de
produção do conhecimento científico, os jornalistas e os pesquisadores. Ela diz que essa
tensão é causada pela forma singular como cada parte realiza esse processo. Enquanto o
jornalismo trabalha de maneira a utilizar uma linguagem simples, visando alcançar o
grande público leitor, a produção no meio acadêmico demanda tempo, utilizando de
uma linguagem “hermética”, pouco conhecida pelo público “leigo”, apresentando certa
restrição no repasse do conhecimento unicamente para outros pesquisadores.
Autores como Rublescki (2008), apontam que a cobertura realizada pelos
profissionais do jornalismo científico no Brasil tem limites. Segundo a autor uma deles
é a monofonia, ou seja, ouvir “um único ponto de vista: fragmentos de um estudo, de
um grupo de pesquisadores, de um profissional”.
Em outras palavras, a professora chama a atenção para a monofonia nas fontes
das reportagens, o que quer dizer que são poucas as fontes consultadas para a apuração
das informações, o que pode ser visto como uma característica negativa, pois, em todas
as matérias, as mesmas fontes, os mesmos profissionais são utilizados.
Mesmo com todos esses fatores, com o tempo foi possível que o jornalismo
científico se destacasse cada vez mais na imprensa, adquirindo mais espaço para tratar
sobre temas envolvidos com a ciência e a tecnologia. Atualmente é comum ver revistas
especializadas, jornais e outras mídias, com espaços dedicados a esse tipo de cobertura.
A INTERNET E O JORNALISMO CIENTÍFICO
Um dos muitos tipos de ferramentas utilizadas para falar sobre o jornalismo
científico na sociedade atual é a internet. São inúmeros e variados os sites que
apresentam algum tipo de conteúdo relativo à ciência e à tecnologia na rede mundial de
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computadores. Alguns desses, mesmo que não disponibilizem grandes espaços para a
publicação de textos com a abordagem do jornalismo científico, o fazem por meio da
disponibilidade das colunas, em que os autores publiquem os textos. Um dos sites que
utilizam essa estratégia é o portal Yahoo2, que disponibiliza uma seção para textos sobre
meio ambiente e tecnologia.
Um dos que utilizam a plataforma da internet para a publicação de textos é o
jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto3, que assina uma coluna no portal destinada a
debater sobre a realidade amazônica contemporânea. Serão analisados dois dos textos
publicados na coluna para a realização deste artigo. Os textos escolhidos se dedicam a
falar sobre questões recentes, tendo como foco principal a questão da construção da
Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Ambos foram publicados em 2011.
O primeiro texto é “Hidrelétrica Maldita”4, publicado no dia 18 de maio. O
segundo é “Frankenstein na Amazônia”5, edição do dia 08 de setembro. O primeiro
texto aborda sobre aspectos referentes à produtividade energética da usina de Belo
Monte. Ele compara a produtividade da usina com outras já construídas. Segundo dados
do texto, o “fator de carga”, medida de energia que a usina pode oferecer durante o
período de um ano, da usina, equivalente a 40% de energia, fica atrás de outras já
construídas, como a usina de Tucuruí, com 49%, e a de Itaipú, no Paraná, considerada a
maior do mundo, com 61%. Com esses dados, o autor levanta o seguinte
questionamento: por que o governo decide levar adiante um projeto cuja produção de
energia é baixa? Além disso, ele levanta hipóteses para alavancar a produção de energia,
o que poderia baratear a construção da usina.
Entretanto, o texto do jornalista também se preocupa em analisar as
consequências dos impactos ambientais e sociais do projeto para a população que vive
na área da usina, principalmente se referindo ao alagamento que o projeto causaria. Esse
efeito, segundo Lúcio Flávio “é o calcanhar de Aquiles do projeto”.O segundo texto analisa os entraves que impossibilitam a construção da usina. O
jornalista afirma que até hoje “nenhuma pá de areia foi lançada (...) para fazer surgir
aquela que deveria ser a terceira maior hidrelétrica do planeta”. Ele reforça os altos
2 (www.yahoo.com.br/colunistas)3 Considerado a maior autoridade jornalística sobre a temática da região da Amazônia. Trabalhou em vários veículosde mídia, como O Estado de S. Paulo, durante 17 anos. Atualmente edita o Jornal pessoal, criado por ele em 1987,que já foi eleito a melhor publicação do Norte e Nordeste por conta da abordagem política e investigativa que fazsobre a Amazônia.4 (http://colunistas.yahoo.net/posts/10977.html)
5 (http://colunistas.yahoo.net/posts/13402.html)
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investimentos já feitos e as várias etapas e documentos necessários para a construção da
usina.
Lúcio Flávio se preocupa também em mostrar o outro lado da situação. Além da
representação das elites nacionais e locais favoráveis á construção da usina, o texto de
Lúcio Flávio apresenta também o lado da população nativa, que se manifesta de forma
contrária à construção da usina.
Nesse texto, o jornalista novamente reforça os impactos financeiros da
construção. Segundo o texto, a usina deixaria de faturar por conta do não
armazenamento de água pela usina no período do inverno para uso no verão, quando as
vazões do rio Xingu chegam a diminuir 30 vezes, o que prejudica a produção de
energia.
Segundo o texto, a perda de faturamento será de 300 milhões de reais ao ano, o
que representa 50% a mais do que o valor a ser pago aos municípios afetados pela
construção da obra.
Lúcio Flávio Pinto, nos textos analisados, demonstra uma postura claramente
contrária à construção da usina. Ele, entretanto, não deixa de lado a postura de informar
ao público dados que fundamentem sua postura, e que possam ajudar o público a
desenvolver uma opinião crítica sobre o assunto debatido nos textos.
Sobre os textos analisados é válido notar que o jornalista apresenta não apenas
um, mas os dois lados da situação. Ou seja, ele fala sobre a situação dos empresários
que querem a construção da usina, como também a situação daqueles que não desejam a
construção da usina, através de dados sobre os impactos socioambientais da construção
e a resistência dos povos nativos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se vê, mesmo com todas as dificuldades inerentes às especializaçõesdispostas ao ofício jornalístico, principalmente ao jornalismo científico e ambiental, é
evidente que essa especialização conquista cada vez mais espaço nas variadas
plataformas e veículos oferecidos pela imprensa.
É o caso da internet, que se torna cada vez mais uma ferramenta que ajuda no
processo de divulgação de pautas e notícias de cunho científico para a sociedade. Deve-
se sempre afirmar que a responsabilidade do jornalismo científico é tão grande quanto a
de qualquer outra especialidade, principalmente para clarear essa área do conhecimentopara os integrantes da sociedade, que não possuem tanto conhecimento sobre ela.
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Uma das ferramentas para a divulgação desse tipo de notícia é representada
pelas colunas nos blogs e portais de notícias, como analisado no caso da coluna de
Lúcio Flávio Pinto. Esse tipo de ferramenta, além de ser inserida no contexto da
globalização e das novas mídias de comunicação, também é eficaz por conta da maior
interação entre o autor dos textos e o público, que se comunica diretamente com o autor
através dos comentários das páginas.
Bibiografia:
BUENO, W. Jornalismo Científico, lobby e poder. In: DUARTE, J e BARROS, T.
Comunicação para a ciência, ciência para a comunicação. Embrapa, Brasília, 2003.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a-monofonia-das-fontes.RUBLESCKI, Anelise. Acesso em 25/09/2011
http://colunistas.yahoo.net/posts/13402.html . PINTO, Lúcio Flávio. Acesso em
25/09/2011.
http://colunistas.yahoo.net/posts/10977.html . PINTO, Lúcio Flávio. Acesso em
24/09/2011
O BLOG XINGU VIVO COMO UM IMPORTANTE MEIO DECOMUNICAÇÃO DIGITAL: INFORMANDO SOBRE A USINA
HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE
Ana Caroliny Pinho6
Débora Quaresma7
Flávio Cardoso8
RESUMO: Este artigo é a síntese de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
baseado na análise do blog Xingu Vivo. O veículo se opõe à construção da Usina
Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, no Pará. Este trabalho, portanto busca
entender de que forma o blog desempenha um papel importante na informação à
6Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). email:
anacarolimypinho@gmail.com 7Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA)., email:deboraqm8@gmail.com 8Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA)., email:f.andrade20@gmail.com
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sociedade, além de seu provável potencial enquanto veículo web jornalístico na internet.
Palavras-chave: Jornalismo Científico e Ambiental, Belo Monte, Blog Xingu Vivo
INTRODUÇÃO
O fazer jornalístico e seus correlatos há tempos entram em pauta pelos
estudiosos que analisam o campo da comunicação. Devido à grande amplitude de suas
ações, o local de produção das notícias, a redação é dividida em editorias, que são
ramificações de assuntos/temas que pautam a sociedade, tais como: esporte, meio
ambiente, política e cultura apenas para citar algumas. Deste modo, o jornalista para não
ficar preso a superficialidade rotineira, deve dominar as técnicas para a produção de
uma “boa” notícia – tais como a apuração, a pirâmide invertida e o tão polêmico uso da
subjetividade – além de se especializar sobre o assunto que está tratando para não
colocar o seu principal capital em risco: a credibilidade.
Duas destas segmentações que estão ganhando espaço nos meios de
comunicação, mesmo que de forma tímida, é o jornalismo científico e ambiental. A
cobertura sobre estes assuntos específicos desenvolveram-se recentemente, a partir das
décadas de 1970 e 1980. Mesmo período em que ocorreram mudanças significativas na
grande imprensa dos Estados Unidos, do Canadá e de países europeus após a queda na
vendagem do jornal impresso destes países. Este dado influencia também o fazer
jornalístico em países subdesenvolvidos, entre eles o Brasil. Para superar a crise, estes
jornais passaram por transformações estruturais que “adotaram posturas de integração
redação-marketing-publicidade, além de imporem um jornalismo menos denso, como
forma de recuperar os leitores perdidos para o fragmentado, ágil e superficial discurso
televisivo” (RUBLESCKI, 2009: p. 3). No Brasil, este modelo foi adotado a partir da
década de 1990.As décadas anteriores foram decisivas para a estruturação da ciência e da
tecnologia, o que tornou a cobertura dos fatos deste segmento complexa e de grande
alcance. Destarte, o jornalismo científico contempla áreas que abarcam as Ciências
Exatas, Biológicas e Humanas, ou seja, o jornalismo científico agrega a complexidade
do conhecimento humano. Assim, segundo Rublescki, esta temática do Jornalismo
Científico9, “tem sido utilizada para definir uma prática específica da imprensa para
9 Tradução do Scientific Journalism comum na literatura americana e inglesa
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divulgação de informações especializadas sobre toda a amplitude da Ciência e
Tecnologia (C&T)” (RUBLESCKI, 2009, p. 3).
Contudo, ainda há um grande conflito entre Ciência e Jornalismo enquanto
campos distintos. Reforça-se então o papel do jornalista com o compromisso da
veracidade da informação e aplicabilidade desta perante o interesse público. Afinal, são
essas notícias que pautarão o dia-a-dia de uma sociedade e que interferirão diretamente
no cotidiano daquelas pessoas, o que coloca em evidência o preparo do jornalista para
determinada pauta, e o interesse dos meios de comunicação para tratar sobre este
assunto. Nesta perspectiva é decisivo o interesse do Jornalismo Científico em contribuir
com o que chamamos de cidadania e de democracia.
Para Bueno, este segmento do Jornalismo é mais uma prática que permeia a vida
em qualquer sociedade, seja nos países mais avançados ou não. Como contribuição do
jornalismo científico para amplificar a prática da democracia tem-se como exemplo a
divulgação de pesquisas que conseguem derrubar ações de indústrias poderosas como a
farmacêutica e a tabagista. Assim como a divulgação do uso dos alimentos transgênicos
entre outros. Deste modo, Bueno (2003: p. 1) assinala que:
Este novo cenário evidencia, claramente, que a produção de ciência etecnologia deixou, há muito, de ser preocupação exclusiva dos cientistas eque a sua divulgação deve estar respaldada em pressupostos e atributos que
extrapolam a comunicação científica, e em particular o jornalismo científico,tradicionais. As relações entre ciência/tecnologia e sociedade, permeadas poruma rede complexa de interesses e compromissos, exigem uma nova posturado jornalismo científico, agora, mais do que nunca, comprometido com umaperspectiva crítica do processo de produção e divulgação em ciência etecnologia.
Notadamente, o jornalismo ganha uma nova aliada para o processo de
informação, a internet, momento em que emerge grande número de portais, blogs, sites
e afins com um único objetivo: divulgar informação. Nesta nova proposta midiática
enquadra-se o blog Xingu Vivo, objeto de estudo do presente artigo. O blog insere-se nanova cultura midiática do fazer jornalístico que se utiliza da blogsfera para disseminar
informações para determinado público, neste caso parte da sociedade interessada sobre
o andamento das obras da hidrelétrica de Belo Monte. Esta ferramenta originou-se a
partir de ano de 2009, momento em que as discussões sobre o projeto de construção da
hidrelétrica volta à baila.
Esta ferramenta comunicacional foi elaborada com a finalidade de chamar a
atenção da opinião pública sobre os passivos sociais e ambientais que a construção da
usina de Belo Monte poderá provocar sobre as populações locais e o ecossistema. O
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blog Xingu Vivo foge dos parâmetros dos veículos “comuns” da mídia, ou seja, a
indústria da comunicação brasileira, ao se focar em um determinado assunto que
mobiliza apenas um segmento da população. Deste modo, Bueno (2004) ressalta sobre o
quão difícil é o processo de democratização nas mídias brasileiras. Mesmo com o acesso
a avalanche de informações oriundas da internet, a sociedade brasileira ainda está presa
às amarras impostas pelo monopólio da indústria de comunicação no Brasil, pois “a
democratização da informação é, essencialmente, uma utopia, porque o controle dos
meios obrigatoriamente define interesses e compromissos, sejam eles políticos,
ideológicos, econômicos, comerciais ou religiosos” (BUENO, 2004, p. 4).
No período de globalização – a última etapa do sistema capitalista ou também
denominada de capitalismo tardio (JAMESON, 2007) – o processo cultural é
manipulado e conduzido pelos grandes conglomerados da mídia, que tem como capital
maior a informação, a ciência e a tecnologia. Estes grupos mais que nunca estão focados
em interesses mais poderosos e globalizados, pois como aponta Bueno (2004, p. 1),
“elas se constituem em mercadorias valiosas e não estão disponíveis a qualquer um e a
qualquer tempo”.
Assim, o blog Xingu Vivo se configura na contemporaneidade como integrante
de uma “cultura de margem”, que mesmo sem o estímulo das mídias tradicionais, como
a televisão, conseguiu (e consegue) atrair e ganhar visibilidade perante a opinião
pública, para debater sobre a questão em evidência, a construção da usina de Belo
Monte. Nessa linha, este artigo pretende fazer um relato sobre o Xingu Vivo enquanto
um importante veículo de comunicação difusor de um tema de interesse público,
sobretudo, num âmbito local.
ASPECTOS DO RIO XINGU
Considerado um dos símbolos da biodiversidade brasileira, o Rio Xingu
representa uma importante fonte de sobrevivência para boa parte da população que vive
às suas margens. Essas pessoas são, em geral, moradores urbanos, rurais, ribeirinhos,
índios e seus descendentes (SWITKES; SEVÁ, 2005: p. 07) que vivem da grande oferta
em água doce e variedade de peixes que garantem a alimentação.
Com aproximadamente 1.800 mil quilômetros de extensão, segundo os dados da
Atualização do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu (2006: p.1) concluído em
outubro de 2006 , o rio corta dois estados brasileiros: ele nasce no nordeste de Mato
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Grosso e percorre o Pará até um pouco além do município de Porto de Moz, próximo de
onde deságua o Rio Amazonas.
O Rio Xingu é formado pelos rios Culuene e Sete de Setembro10, tendo como
principais afluentes os rios Iriri e Bacajá. Sua área de influência é chamada de Bacia
Hidrográfica do Rio Xingu, que ocupa um espaço total de 509.000 km2 ( AAI, Avaliação
Ambiental Integrada – Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Xingu,
2009: p. 22).
Dados populacionais de 2005 fornecidos pela Avaliação Ambiental Integrada –
Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Xingu apontam que em toda a
bacia são 916.488 habitantes, distribuídos em 48 municípios incluídos nessa área,segundo o Instituto Socioambiental11 (ISA).
Há divergências quanto ao número de povos e terras indígenas distribuídas pelas
terras do Xingu. Conforme o ISA são 24 povos ocupando 21 Terras Indigenas, em
contraposição às “(...) 27 etnias distribuídas por 26 terras indígenas, que correspondem
a 38,5% da área da bacia”, segundo o livro Povos Indígenas do Brasil citado por Sevá
(2005: p. 36) na obra Tenotã-Mõ.
Considerando que a área de influência da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu
também abriga diferentes tipos de ecossistemas, há de se destacar a existência de
trechos ainda preservados de Floresta Amazônica – bioma predominante –, Cerrado e
áreas de transição ( AAI, Avaliação Ambiental Integrada – Aproveitamentos
Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Xingu, 2009: p. 22).
Percebe-se, portanto que a natureza tem um papel fundamental na vida dos
povos do Xingu, já que a biodiversidade local – a partir dos dados do EIA – Estudos de
Impactos Ambientais chama atenção pelas 174 espécies de peixes, 387 de répteis, 440
de aves e 259 de mamíferos, sendo que muitas delas correm sério perigo de
desaparecerem.
11 Atualização do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu, 2006: p. 1. Fundado em 22 de abril de 1994, o
Instituto Socioambiental (ISA) é uma associação sem fins lucrativos. Seu objetivo principal é defender bens edireitos sociais, coletivos e difusos relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, aos direitos humanos e dospovos, sobretudo, indígenas e valorizar a diversidade socioambiental. (ISA, online).
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Os riscos da extinção de espécies aquáticas e terrestres ao longo das áreas de
influência do Rio Xingu estão associados, sobretudo, ao seu reconhecido potencial
hidrelétrico no Brasil, que há muito tempo já havia despertado grande interesse em
empresas do ramo de energia, como a Eletrobrás – por meio da Eletronorte – e setores
do governo federal.
UM BREVE HISTÓRICO DOS PROJETOS HIDRELÉTRICOS NA BACIAHIDROGRÁFICA DO XINGU
Os primeiros estudos de inventário do Rio Xingu começaram em 1975 (RIMA,
2009: p. 19). Pretendia-se pesquisar sobre as formas de aproveitamentos hidrelétricos da
Bacia Hidrográfica do Rio Xingu. Na época, a recém-criada Eletronorte – Centrais
Elétricas do Norte do Brasil S/A, a responsável pelos estudos contratou a empresa deconsultoria CNEC (Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores), pertencente ao
grupo Camargo Corrêa para identificar áreas de rios favoráveis ao represamento.
(KRÄUTLER, 2005: p. 10)
Os chamados Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio
Xingu avançaram até 1980, quando o CNEC os terminou. Segundo a empresa, as
“melhores áreas” para o aproveitamento do potencial hidrelétrico da Bacia do Xingu
estavam:(...) entre a altitude próxima dos 281 metros, no norte de Mato Grosso,próximo da rodovia BR 080, provavelmente localizada na TerraIndígena Kapoto-Jarina e/ou na faixa Norte do Parque Indígena doXingu – e - a altitude próxima dos 6 metros, num ponto rio abaixo davila de Belo Monte do Pontal e, pela margem esquerda, perto da fozdo igarapé Santo Antonio, rio acima de Vitória do Xingu, no Pará.(SWITKES; SEVÁ, 2005: p. 14)
Além disso, a empresa dizia ser viável a construção de mais seis usinas
hidrelétricas na região, cinco delas no Rio Xingu e apenas uma no Rio Iriri. Todas foram
batizadas com nomes indígenas, a exemplo de Babaquara (posterior “Altamira”) que
fora projetada com uma capacidade inicial de 6.300 Megawatts12 (MW) de potência que
foi alterada para 6.588 MW.
As outras eram as usinas de Ipixuna (com capacidade inicial de 2.300 MW e
depois 1.904 MW), Iriri (com capacidade inicial de 900 MW e depois 770 MW), Jarina
(com capacidade inicial de 600 MW e depois 620 MW), Kokraimoro (com capacidade
inicial de 1.900 MW e depois 1.490 MW) e finalmente Kararaô (com capacidade inicial
12 MW ou Megawatt é uma unidade de medida de potência elétrica que correspondente 1 milhão de watts (W), que
por sua vez, é uma unidade de potência pertencente ao Sistema Internacional de Unidades (SI);
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de 8.400 MW e depois alterada para 11.000 MW, 11.181 MW até chegar aos 5.681
MW) (SWITKES; SEVÁ, 2005: p. 13 - 14).
As represas destas seis usinas hipotéticas alagariam ilhas e terras florestadas,
muitas ainda virgens, conforme aquele estudo de inventário mencionado, somariam
quase 20 mil km quadrados, o equivalente a quase metade das áreas já inundadas por
represas de todos os tipos no país, até hoje.
A ideia era aproveitar o potencial máximo do Rio Xingu (SEVÁ, 2005: p. 42).
Ainda em 1980, a Eletronorte – pelas orientações do relatório final – começou os
estudos de viabilidade técnica e econômica do Complexo Hidrelétrico de Altamira, que
incluía apenas os projetos das duas maiores usinas: a de Babaquara, com 6.588 mil MW
e a de Kararaô com mais de 11 mil MW (ISA, online). Após seis anos, porém somente ausina de Kararaô (futuro e atual projeto de Belo Monte) foi apontada como a melhor
alternativa para que fosse possível juntar as futuras barragens do Rio Xingu ao Sistema
Interligado Brasileiro (ISA, online).
Segundo Switkes (2005), a primeira proposta de barrar o Rio Xingu causou
grande revolta entre os povos indígenas da região e entre ambientalistas e movimentos
sociais. É lembrado o episódio em que o então diretor da Eletronorte, José Antônio
Muniz Lopes fora ameaçado com um facão pela índia Tuíra, na ocasião do 1° Encontro
dos Povos Indígenas do Xingu. O gesto simbolizava uma advertência da tribo Kayapó –
e em nome de outras etnias indignadas – diante do projeto Kararaô (KRÄUTLER, 2005:
p. 11).
Conforme Kräutler (2005: p. 11), só no final da década de 90 o “projeto
Kararaô” ressurgiu com outro nome: Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte. Em
2002, a Eletronorte lançou uma versão atualizada e reformulada do relatório de
viabilidade do projeto hidrelétrico, avaliando um aproveitamento total de 11.181,3 MW,
e um médio de 11.000 MW (JÚNIOR; REID, 2005: p. 4).
Já em 2006, a Eletrobrás pediu ao Ibama iniciasse o processo de licenciamento
ambiental prévio. A partir daí, foram realizados os Estudos de Impacto Ambiental,
quando o Ibama faz as primeiras vistorias técnicas na área do projeto. Um ano depois, o
órgão também fez as mesmas inspeções e organizou reuniões públicas nos municípios
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de Altamira e Vitória do Xingu para tratar do Termo de Referência13 (TR) para o EIA.
No final de 2007, o Ibama emitiu o Termo de Referência para os Estudos de
Impactos Ambientais e em 2008, o Conselho Nacional de Política Energética definiu
que o único potencial hidrelétrico a ser explorado no rio Xingu seria o de Belo Monte.
A ANEEL havia aprovado a Atualização do Inventário com apenas o projeto Belo
Monte na Bacia Hidrográfica do Rio Xingu e o Ibama realizou uma nova inspeção
técnica na área (ISA, online).
Finalmente em 2009, a Eletrobrás pediu a Licença Prévia para construção da
Usina e o EIA e o Rima (Relatório de Impacto Ambiental) foram entregues no Ibama.
No ano passado, o Ministério do Meio Ambiente liberou a construção da UHE
Belo Monte sem ter conhecimento dos impactos que a obra pode causar à natureza. A
licença ambiental para construção da hidrelétrica foi publicada no dia 1º de fevereiro de
2010. O documento mostrou que as questões essenciais para a avaliação do impacto de
Belo Monte ainda não ficaram claras.
A POLÊMICA DA CONSTRUÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO
MONTE
A tradição brasileira baseada na geração de energia a partir do represamento de
rios teve início no século XIX, porém só no decorrer do século XX é que o país
começou a investir de fato na construção de barragens e – após a Segunda Guerra
Mundial – aprimorou esses tipos de obras seguindo o ritmo da industrialização mundial
(COSTA, 2009).
Atualmente no Brasil, cerca de 80% da energia consumida em indústrias,
comércios e residências provém de usinas hidrelétricas (ELETROBRÁS, 2011), já quesão consideradas opções mais baratas e com retorno financeiro maior em curto prazo.
Considerado o terceiro maior do mundo em potencial hidrelétrico, o Brasil tem
900 usinas de diferentes tamanhos e capacidades de potência, segundo os números da
Eletrobrás (2011). Das 10 maiores do país, seis – entre barragens já construídas, em
construção, autorizadas e ainda projetadas – estão na região amazônica.
São elas a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, localizada no Rio Tocantins, as UHE’s
13 A função do Termo de Referência - TR é definir as ações que permitam um nível de controle de possíveisexposições de pessoas, bens e meio ambiente à radiação, buscando mantê-la em níveis baixos e considerando osaspectos sócio-econômicos (Serviço Público Federal, 2001: p. 2)
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de São Luiz do Tapajós e a de Jatobá, ainda projetadas para entrar em funcionamento no
Rio Tapajós, as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio em construção no Rio
Madeira (RO), e atualmente a mais polêmica, que já fora autorizada: a Usina
Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.
O projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte se apresenta como
uma obra audaciosa, pois deverá ser a terceira maior hidrelétrica do mundo. Dados
oficiais divulgados por alguns veículos de comunicação e pelo governo federal
demonstram que a usina, se construída, deverá gerar 11 mil Megawatts de potência, e o
orçamento previsto para a construção da barragem é de aproximadamente 30 bilhões de
reais. Entretanto alguns dados, que nem sempre chegam ao domínio público,
contradizem estas informações.
De acordo com dados divulgados no blog Xingu Vivo, a energia firme, ou seja, a
média anual de energia produzida pela usina chegaria apenas a 4,5 mil MW. Isso
aconteceria graças à sazonalidade do Rio Xingu, que só produziria 11 mil MW de
potência durante quatro meses. No restante do ano, como em setembro, por exemplo,
período do auge da seca, a potência da usina seria de apenas 1,8 mil MW.
Por determinação do governo federal, do total da energia produzida, 80% devem
abastecer consumidores em geral em todo o país. Os outros 20% devem ser distribuídos
entre os sócios do Consórcio Norte Energia.
Para a realização da usina o projeto prevê a barragem do Rio Xingu e com isso a
construção de dois canais capazes de desviar o leito original do rio. A obra teria uma
área de alagamento de aproximadamente 516 km2. Mas de acordo com a o edital da
Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel, a área de alagamento chegaria a 640
km2.
O BLOG XINGU VIVO
Criado em outubro de 2009, o blog Xingu Vivo é um meio de comunicação
digital criado pelo Movimento Xingu Vivo para Sempre. O veículo foi o primeiro a ser
utilizado na internet e antes disso, a comunicação entre o grupo e a sociedade era
mediada por uma rádio comunitária de Altamira (PA), local de origem do MXVPS. A
criação do blog trouxe – além da informação – a possibilidade de expandir o discurso e
a posição declaradamente contrários do movimento à construção da Usina Hidrelétricade Belo Monte, localizada no Rio Xingu.
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O objetivo do blog em geral é simples e bastante direto: informar a sociedade
sobre os fatos e protestos que envolvem a construção da usina, discutir de que forma a
obra pode prejudicar a sociedade e o meio ambiente, além de ainda ser fonte de
informação para o público no que se refere a tal temática. Por isso, os blogueiros
Marquinho Mota, Dion Monteiro e Maurício Matos, componentes do Comitê
Metropolitano Xingu Vivo Para Sempre, situado em Belém, levam ao público as
principais notícias que cercam o projeto, além de disponibilizar reproduções de cartas,
manifestos, convites para passeatas e links para outros blogs que também trabalham
com o mesmo assunto.
VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DIGITAIS: PORTAIS VERSUS BLOGS
Os veículos da blogosfera em geral fazem contraponto aos portais de notícia, que
segundo Ferrari (2003, p. 30) tem estrutura e dinâmica diferenciadas, afinal por serem
considerados veículos de massa precisam estar de acordo com os padrões exigidos para
serem classificados como portais. Ainda de acordo com a autora os portais, podem ser
comparados, claro com ressalva as características peculiares do meio digital, aos jornais
impressos, já que ambos estão sob gerência de famílias poderosas de todo o Brasil, que
concentram em um pequeno grupo a informação e os veículos de comunicação.
O surgimento dos blogs trouxe profundas modificações para a maneira como as
notícias eram produzidas. Do começo dos anos 2000 até a atualidade, a notícia tornou-
se cada vez mais dinâmica e imediata e de acordo com Borges (2007: p. 42) foram os
blogs que proporcionaram essas mudanças no cenário da comunicação mundial.
Da literatura, passando pelo cinema, chegando ao jornalismo os blogs
simplesmente inundaram a rede mundial de computadores, realidade que acaboutrazendo uma nova face para os veículos de comunicação, um sinal claro de que são e
continuarão a ser agentes fundamentais da transformação midiática dos próximos anos.
Um dos principais contrapontos então entre portais e blogs é que qualquer
pessoa pode ter e fazer a manutenção de um blog. Esse veículo permite que o
moderador, ou seja, o escritor responsável pelo blog, selecione, apure, escreva e
publique a informação. Funções que em outro momento eram exercidas exclusivamente
por jornalistas em uma redação. Os blogs trazem para o meio digital linguagem mais
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acessível, e permitem que o público tenha acesso a diversos posicionamentos e fontes, o
que é benéfico para a construção do senso analítico e crítico da esfera pública.
O blog Xingu Vivo consegue exercer bem sua função web jornalística, afinal
mesmo que sem intenção, ele obedece aos critérios básicos do jornalismo digital, se
mostra como uma das principais ferramentas que lutam contra a construção da UHE
Belo Monte e ainda cumpre o papel básico de informar o público. Mas será que por
falar sobre os impactos causados pelo projeto da região do Rio Xingu, o veículo
consegue ser um instrumento eficiente na defesa da causa ambiental?
BLOG XINGU VIVO E A ABORDAGEM AMBIENTAL
Para responder a essa pergunta é preciso primeiramente levar em consideração
que os moderadores, ao longo das postagens feitas dividem o foco das publicações entre
os impactos que serão causados no âmbito político, cultural, social e ambiental; logo o
blog Xingu se preocupa em levar ao público notícias sobre todas estas abordagens.
Com a construção da usina de Belo Monte a fauna e a flora da região devem ser
atingidas e a população que mora na região deve ser prejudicada pelo projeto, já que
será deslocada para áreas ainda não divulgadas. É de extrema importância que essasinformações sejam levadas a conhecimento público, já que além modificar a dinâmica
do ecossistema local, também desrespeita direitos básicos, assegurados em lei, das
populações ribeirinhas que moram na região.
Tais questões são abordadas pelo blog. O principal argumento utilizado pelos
blogueiros para demonstrar que o projeto não tem fundamento, e que deve ser
abandonado a questão ambiental. Ao longo das mais 400 postagens, os moderadores
levam ao público as consequências da construção da UHE Belo Monte. Neste sentido, o
blog cumpre um papel essencial no aprofundamento da democracia e na busca da
cidadania num rincão amazônico.
REFERÊNCIAS
BORGES, André. Blog: uma ferramenta para o jornalismo. In: FERRARI, Pollyana(Org.). Hipertexto Hipermídia – As novas ferramentas da comunicação digital. São
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formacoes/questoes_ambientais/unid/>. Acesso em: 21 mai. 2011
FURO: UM CANAL ENTRE PESQUISA E SOCIEDADE ARESPEITO DO QUE ACONTECE NA AMAZÔNIA
Gabriel Nantes de Abreu14
Tiago Júlio de Farias Martins15
RESUMO: O presente artigo visa realizar uma pequena revisão teórica a respeito do
jornalismo científico e ambiental, e mostrar soluções alternativas para a produção do
mesmo. Escolhemos tratar do blog Furo (rogeiroalmeidafuro.blogspot.com) do
professor e pesquisador Rogério Almeida em virtude do mesmo ser um canal direto
entre a produção científica e a população através de um veículo não tradicional.
Palavras chave: Jornalismo Científico, Meio Ambiente, Amazônia e blog.
INTRODUÇÃO
O termo jornalismo científico, ou scientific journalism, surgiu primeiro nos
países de primeiro mundo e é uma editoria ainda recente no Brasil. As primeiras
abordagens do assunto se concentram no eixo Sul-Sudeste e os primeiros trabalhos
acadêmicos a respeito do tema só foram realizados na década de 1980. Destacam-se aí
os pesquisadores Vera Lúcia Salles e Wilson da Costa Bueno, referência maior no
assunto.
De acordo com Rublescki (2009), o papel do jornalismo científico é ser o eloentre as pesquisas científicas e a comunidade, obedecendo às técnicas e pressupostos do
trabalho jornalístico. O desafio, portanto, é aproximar o conhecimento científico da
sociedade, de forma correta, levando em consideração a objetividade, concisão,
imparcialidade e demais aspectos do bom jornalismo. A partir desta premissa, uma série
de dificuldades se impõe diante do jornalista quando o mesmo escreve sobre ciência.
14Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). Email:
nantesdeabreu@gmail.com15
Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). Email:
tiagojulio.martins@gmail.com
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Podemos resumir os aspectos mais delicados em relação à cobertura de ciência e
tecnologia levantados por Rublescki (2009) através das seguintes perguntas: Como aliar
a objetividade jornalística e a falta de espaço físico com a profundidade necessária para
tratar de assuntos complexos relacionados ao conhecimento científicos? Como traduzir
de forma clara, sem prejudicar a informação, a linguagem e os dados dos cientistas?
Como tornar interessante e agradável um assunto sem claro apelo social? Como se
relacionar com fontes tão peculiares? As questões são complexas, passam por interesses
econômicos, pessoais, e muitas vezes vão além da vontade do jornalista de escrever
boas matérias.
Segundo Marcelo Leite, em “O Atraso e a Necessidade: Jornalismo Científico
no Brasil”, no país há poucas vagas para jornalistas especializados na cobertura da
editoria de ciência. O autor também diz que a maioria das publicações voltadas para o
assunto não se esforçam para tornar interessante o que é importante, e sim,
levianamente, tornar importante o que é apenas interessante.
Como afirma Wilson Bueno (2003), em “Jornalismo científico, lobby e poder”,
a prática jornalística, incluindo aí a do jornalismo científico, está situada num contexto
que não deve e não pode ser ignorado. A ciência é um negócio bilionário mantido por
corporações, muitas vezes, mais poderosas que as que controlam os grandes grupos
midiáticos. Bueno chama atenção para lobbys de megacorporações pautando cadernos
especializados na cobertura de ciência de acordo com interesses próprios, ignorando a
prioridade de assuntos que seriam de maior utilidade pública.
Na Amazônia, um bioma gigantesco com imenso potencial para pesquisas, a
floresta com a maior biodiversidade do mundo, é de se espantar que os periódicos
diários não reservem ao menos um caderno editorial nos finais de semana para tratar de
meio ambiente, ciência e tecnologia. Não há publicações específicas para essa temática
na região e as matérias são extremamente pontuais. Canais paralelos à mídia tradicional,como o “Jornal Pessoal”, de Lúcio Flávio Pinto, ainda são raros na região.
A questão ambiental e científica, principalmente no Pará, está diretamente
relacionada com temas delicados como políticas públicas, conflitos agrários, interesses
partidários e a veiculação das matérias leva em conta a rentabilidade do produto
jornalístico. Infelizmente, o que vemos são reportagens superficiais que não dão conta
de esclarecer a profundidade da situação, como se o fato não tivesse ligação com nada
mais. Conforme sinaliza Bueno, as informações são “muitas vezes descontextualizadas,quase sempre isoladas, como se o fato científico surgisse como um cometa, de tempos
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em tempos, sem qualquer vinculação com um processo sistemático de
invenção/descoberta/produção” (BUENO, 2003: p. 18).
Diante dos empecilhos que encontram os jornalistas nas redações de grandes
jornais, reféns de interesses econômicos e políticas editorais, nos parece sensato afirmar
que os potenciais de mídias alternativas, facilmente utilizadas através da web, merecem
ser explorados. Segundo Levy (1996), o espaço virtual se apresenta como um terreno
democrático onde todos têm o direito a voz e a oportunidade de serem ouvidos.
A web é um meio menos impositivo e maleável onde problemas como a pressão
de editores, os limites de caracteres, a impossibilidade de se pautar com a certeza de ser
publicado e a censura velada que proíbe menção a determinadas questões são superadas.
É possível, portanto, utilizar este canal para realizar uma cobertura jornalística a
respeito de ciência de meio ambiente de maneira profunda, analítica e contextualizada.
Conforme coloca Bueno:
As relações entre ciência/tecnologia e sociedade, permeadas por uma redecomplexa de interesses e compromissos, exigem uma nova postura do
jornalismo científico, agora, mais do que nunca, comprometido com umaperspectiva crítica do processo de produção e divulgação em ciência etecnologia. (BUENO, 2003: p. 1).
Através da análise do blog “Furo” do professor Rogério Almeida, é possível
entender a importância da internet para a divulgação de conteúdo cientifico em regiõesque não possuem meios de comunicação voltados para a área. O blog “Furo” segue as
características propostas por Axel Burns, que seria a um formato no qual a página da
web, baseada em porções de conteúdos dispostos em ordem cronológica inversa,
geralmente criados a partir de uma ferramenta especifica, o blog “Furo” apresenta
também, acessórios citados por Burns que enriquecem os blogs, como blogroll, espaço
localizado no canto da página onde o autor coloca links de outros blogs similares.
A atuação desse tipo de Blog na região amazônica é de grande importância paraa difusão do conhecimento cientifico, que é feita inclusive com o auxilio de uma revista
eletrônica disponibilizada gratuitamente na própria página, e atualizações constantes
que acompanham o desenrolar de conflitos de ordem econômica e social na Amazônia
de maneira geral. Obviamente que o Blog “Furo” apresenta conteúdo voltado para um
público mais especifico. Sobre a atuação de páginas em conteúdos voltados para
pequenos nichos de atuação tem-se a teoria da cauda longa, proposta por Chris
Anderson.
Sobre a teoria da “cauda longa”, Anderson explica que o fenômeno ocorre após a
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atuação de três forças. A primeira seria a democratização das ferramentas de produção,
como vimos no inicio deste capitulo a popularização da internet que permitiu a um
numero muito maior de pessoas produzir conteúdo por conta própria e difundi-lo
mesmo com poucos recursos, essa manifestação obviamente se intensifica no contexto
da web 2.0, através das facilidades que ferramentas como os blogs trouxeram, além da
evolução nas telecomunicações que permitiram o acesso à internet através de telefones
móveis, (BOWMAN E WILLIS, 2003).
A segunda força que gera a cauda longa advém dos agregadores de noticias, que
são conceituados como “empresa ou serviço que coleta ampla variedade de bens e os
torna disponíveis, e fáceis de achar, quase sempre num único lugar.” (ANDERSON,
2006,P86) nesse caso, seria o que Anderson chamaria de democratização das
ferramentas de produção. A terceira força, conhecida como “ligação entre a oferta e a
demanda” seria representada pela difusão das ofertas através da interação entre os
nichos e o público interessado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grande trunfo da internet foi permitir à sociedade espaços de discussão e
difusão de conteúdos livres, independentes dos grandes meios de comunicação. Para
entender o funcionamento da difusão de conteúdo na internet desde sua origem até o
momento atual, ou seja, da web 2.0.
Segundo Castells, a internet se tornou grande difusora de conteúdo desde o final
do século passado, tendo como um dos principais valores a horizontalidade, ou seja, a
representação do valor da comunicação livre. O boom da internet coincidiu com o
avanço e a fixação hegemônica dos grandes conglomerados de comunicação nos países
ocidentais.
O Blog “Furo” que além de apresentar e divulgar conteúdo cientifico, tambémfala sobre a situação política e econômica da região Norte, em especial o Pará, se
apresenta como um veículo de comunicação on-line, que foge aos clichês e vícios dos
grandes meios de comunicação da região que relegam a segundo plano o jornalismo
cientifico.
BIBLIOGRAFIA
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http://slidepdf.com/reader/full/copiao-ensaio-no-01 29/51
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CASTELLS, Manuel (2003), “A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a Internet, os
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LEITE, MARCELO. “O Atraso e a Necessidade: Jornalismo Científico no Brasil”. Disponível em:http://www.museudavida.fiocruz.br/publique/media/Marcelo_Leite_SBPC2005.pdf LEVY, P. O que é virtual. São Paulo: Editora 34, 1996. Tradução de Paulo Neves.
RUBLESCKI, A. Jornalismo Científico: Problemas recorrentes e novasperspectivas. Ponto de Acesso, América do Norte, 3, dez. 2009. Disponível em:http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistaici/article/view/3357/2755 . Acesso em:
25 Set. 2011.SILVA, F. F. Moblogs e microblogs: jornalismo e mobilidade. In: AMARAL, Adriana;
RECUERO, Raquel; MONTARDO, Sandra. (Org.). Blogs.com: estudos sobre blogs ecomunicação. São Paulo: Momento Editorial, 2009.ZAGO, G. S. Dos Blogs aos Microblogs: aspectos históricos, formatos ecaracterísticas. In: VI Congresso Nacional de História da Mídia (CD-ROM), Niterói,RJ, 2008.
ANÁLISE DO BLOG “FURO” NA COBERTURA CIENTIFICA E
AMBIENTAL
Aliccia Ferreira16
Flávia Coelho17
Lilian Guedes18
RESUMO: O presente artigo faz uma análise do blog “FURO” sob a perspectiva do
jornalismo cientifico a partir das reflexões de Wilson da Costa Bueno Fabíola de
Oliveira e Rubleski. O blog realiza uma cobertura jornalística ambiental onde está
inserido a cobertura cientifica e também ressalta a problemática que envolve a Região
Amazônica.
Palavras-Chave: Jornalismo Científico e Ambiental, Amazônia
16
Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). 17 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA).
18 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA).
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INTRODUÇÃO
A realidade atual do jornalismo possibilita a difusão de conhecimento e de
informações numa escala antes inimaginável. Hoje as possibilidades de publicações
jornalísticas variam a cada ciclo e a cada meio de comunicação. Há décadas o
jornalismo não se limita somente a acontecimentos factuais, e sim a buscar variados
assuntos que remetem ao interesse público, e também a educação de forma mais ampla.
Nesse sentido, buscaram-se ampliar o jornalismo para área científica, ambiental,
tecnológica e até mesmo em outras áreas onde a ciência está inserida.
Ao centro o debate de conteúdos complexos, dados laboratoriais e toda a
decodificação de estudos que influenciam a sociedade. Para Wilson Bueno a produção
de ciência e tecnologia deixou, a muito, de ser preocupação exclusiva dos cientistas e
que a sua divulgação deve estar respaldada em pressupostos e atributos que extrapolam
a comunicação científica, e em particular o jornalismo científico. Então, toda produção
científica está diretamente ligada a uma rede de interesses e compromissos, que lógico
permeia o desejo de cada um. No caso do jornalismo, segundo Bueno, hoje é exigido
uma nova postura do jornalismo cientifico, agora, mais do que nunca, comprometido
com uma perspectiva crítica do processo de produção e divulgação. Em outras palavras
(Rublescki, 2009, p 408) diz que:
O Jornalismo Científico atua como um dos elementos de ligação entre acomunidade cientifica ou tecnológica e a sociedade em geral, fazendo dedomínio público, em seu sentido mais amplo, os avanços desses campos. Aoprofissional que nele atua cabe conciliar o papel informativo/disseminador deInformação Científica e Tecnológica com as regras, princípios e rotinasprodutivas da imprensa.
Porém alguns aspectos dessa ligação entre ciência, tecnologia e mídia afligem oscientistas, pesquisadores e intelectuais, uma delas é a postura do jornalista enquanto
produtor de notícia científica. O discurso reflete a partir da cobertura que em alguns
momentos são distorcidas e mal produzidas, ocasionando debates que instigam a
formação do jornalista.
Sobre isso Wilson questiona “que algumas justificativas para esta displicência,
equívocas ou omissão podem ser apontadas, como a falta de capacitação do profissionalque cobre ciência e a tecnologia, a relação desequilibrada entre o repórter e a fonte e a
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aceleração do processo de produção jornalística, que atropela a coleta e a “checagem”
das informações”.
Nesse aspecto, hoje se faz necessário à especialização, ou seja, o jornalista que
for trabalhar com áreas mais complexas como; ambiental e científica é indescritível a
qualificação no que diz respeito a publicações de dados e também conhecimento acerca
do assunto proposto. Embora, em alguns momentos como foi citado por Bueno o
jornalista escreverá para um público leigo. Caracterizado como obstáculo a ser vencido.
Sobre esse aspecto Rublesck (2009, pag. 413-414) aborda o melhoramento na
ampliação de cursos de aperfeiçoamento profissional:
Especificamente no Jornalismo Científico, uma nova conquista quanto aopreparo dos profissionais da imprensa é o crescimento dos cursosespecializados na área, que se multiplicam por todo o País, em nível deespecialização, mestrados ou doutorados. A especialização no JornalismoCientífico poderá delinear um quadro diferente nas redações dos jornaisdiários, com profissionais mais conscientes das particularidades da área em queatuam e mais preparados para lidar com a vasta abrangência temática que hojeo caracteriza.
Sobre a posição do jornalista que em muitas situações se encontra perdido por
falta dessa especialização. Rublesck (2009, pag. 413) alerta que com um não
especialista, ele se vê sempre ás voltas com temas e teorias que lhes são estranhos,
escritos em uma linguagem especializada, permeada de termos técnicos, algunsincompreensíveis. Sua tarefa de intermediário entre o cientista e o público em geral
torna-se árdua, especialmente em casos em que as fontes de informação – documentos
ou entrevistados – mostram-se inacessíveis.
Mas independentemente de especialização na cobertura, não importando o que
será produzido, o jornalista sempre tem que estar de olhos e ouvidos bem abertos, justo
para não cometer deslizes, ainda mais, quando se trata de fontes comprometidas. Sobrea questão Wilson da Costa Bueno adverte que “É preciso, enxergar sempre além da
notícia e da fonte, buscando fugir da armadilha de tornar-se refém de um especialista,
que tem outros compromissos além da ciência e da tecnologia. Embora possa não ser
fácil identificar os vínculos das fontes, há que se imaginar que eles existem e que é
socialmente, politicamente relevante manter a vigília”.
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O fato é que para reduzir as dificuldades enfrentadas é necessário o interesse de
ambas as partes, tanto do jornalista quanto do cientista. Não se podem fechar os olhos e
imaginar o jornalista como simples intermediário no processo de divulgação da ciência.
O importante é observar de forma mais crítica e vê que por trás dessas funções existe o
interesse econômico e profissional.
Portanto, para se construir um canal de comunicação que possa abrandar as
controversas dentro da cobertura jornalística, se faz necessário um pacto entre ambos os
profissionais como é enfatizado por Wilson Bueno:
Temos a convicção de que esse papel não deve e não será desempenhadoapenas pelos jornalistas científicos, mas por todos aqueles, especialmente oscientistas, que se preocupam com o sigilo e o controle da informação e dosresultados de pesquisa
Um aspecto muito recorrente nas matérias de jornalismo científico e tecnológico
e até mesmo ambiental, no Brasil é abordagem e divulgação de pesquisas internacionais,
principalmente de países desenvolvidos. Para os leitores desse campo a impressão que
se tem é de que as descobertas científicas só são realizadas nas super potências em
especial os Estados Unidos. Mas isso se deve a falta de interesse da comunidade
científica Brasileira, e até mesmo de países latino americanos, que produzem tecnologia
e desenvolvem pesquisas, em comunicação e divulgação das pesquisas realizadas.
“... São várias as razões do distanciamento entre produção científica e sua
divulgação em jornais, revistas, televisão, rádio e internet. A falta de interesse dos
pesquisadores que se destacam no meio acadêmico em popularizar o seu saber é uma
delas.” (FALCÃO, 2005, p. 102).
JORNALISMO CIENTÍFICO POR FABÍOLA DE OLIVEIRA
O livro Jornalismo Científico da autora Fabíola de Oliveira trata de um assunto
super interessante, que é o “novo” jornalista. A autora tem como objetivo estabelecer e
tratar pré-conceitos e fazer a diferenciação do jornalista para os pesquisadores
científicos, fazendo um panorama de como funciona o jornalismo cientifico no Brasil.
Um questionamento importante abordado logo no inicio do texto, é: “porque o jornalismo científico e por que divulgar a ciência?” Ora, com o avanço tecnológico e o
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desenvolvimento do país a ciência se torna um assunto imprescindível para o nosso dia-
a-dia.
Mas se de um lado temos o senso comum, usado pela maioria da população, que
pensa a partir de conhecimento cultivado de experiências vividas, por outro temos o
saber cientifico, este tem valor exato e comprovado cientificamente, com experiências
laboratoriais, ou seja, resposta concreta e objetiva.
Vamos ao principio e mostrar como o jornalismo e/ou jornalista cientifico surgiu
aqui no Brasil. A discussão sobre ciência há bastante tempo deixou de ser uma
preocupação apenas por pesquisadores, e não se restringe apenas ao espaço
laboratorial. Segundo estudos e pesquisas feitas por Fabíola, indícios mostram que a
divulgação da ciência teve seu inicio no século XV, quando a imprensa de tipos móveis
deslanchou.
Os relatos de livros sobre a história da ciência mostram que a difusão da
impressão na Europa acelerou a criação de comunidades de cientistas, e que a partir daí
se tornou disponível para a maioria das pessoas, o que causou influências e mudanças
no campo da religião, filosofia e no pensamento social, moral e político. Uma vez que
as descobertas feitas por cientistas sobre novas ideias e descobertas eram expandidas em
intensa circulação. A revolução científica como assim foi chamada essa expansão e
divulgação de descobertas, teve seu apogeu na Inglaterra.
Se na Inglaterra a literatura cientifica é farta e sua expansão na Europa é
constante, as duas Guerras Mundiais contribuíram para o avanço do jornalismo
cientifico para o mundo, que além de informação reuniu conhecimentos para interpretar
as tecnologias bélicas da época.
Então todo esse conhecimento científico e tecnológico foi fundamental para a
expansão territorial e fortalecimento da economia da parte norte do mundo. Neste
momento, o jornalismo científico encontra seu campo fértil. Já em terras brasileiras, o jornalismo cientifico chegou no período em que o país sofria com a censura à imprensa.
Com isso, as leituras eram privilégios da elite da corte portuguesa. Apenas em meados
dos anos 40 que a ciência brasileira conseguiu entrar na agenda do governo e da
sociedade já com a criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
De um ponto de vista jornalístico é visível a diferença de linguagem entre
jornalista e cientista. Enquanto o cientista produz trabalhos para um grupo especifico eespecializado, o jornalista tem como objetivo atingir a maioria do público. Com uma
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linguagem mais padronizada o texto científico é desprovido de atrativos, ao contrário do
jornalismo que deve apresentar uma estrutura atraente, coloquial objetivo e simples.
Dificilmente encontramos jornais com espaços para a publicação de um trabalho
cientifico. Aí então que surge a ligação entre jornalismo e ciência.
UMA PEQUENA APRECIAÇÃO DA COBERTURA JORNALÍSTICA DO BLOG
FURO
A Região Amazônica é palco para muitos discursos no que diz respeito
acontecimentos de interesse político, econômico e social. O jornalismo perpetua os
grandes processos de produção, informação e conhecimento referente ao assunto
proposto. Que muitas das vezes perpassam pesquisas relevantes, dados e conceitos quecaracterizam a realidade e o futuro do país.
Para condensar o estudo, observou-se o desempenho da cobertura jornalística
feita a partir do Blog “FURO” (http://rogerioalmeidafuro.blogspot.com/ ). A iniciativa é
do jornalista, professor, escritor e mestre Rogério Almeida, que busca através da
internet informar sobre as notícias, eventos, congressos e debates que interessam para a
sociedade paraense e para as pessoas influentes na área.
O blog foi desenvolvido no ano de 2008, com o desejo de torna-se um canal de
comunicação entre as quebras da Amazônia e o resto do mundo, ou seja, de emancipar
todos os fatos que envolvem a região Amazônica para país beneficiários da região.
Observou-se que o blog consegue assumir sua responsabilidade e todos os dias são
feitas atualizações e publicações de novos conteúdos. Apresenta também um leque de
trabalhos desenvolvidos pelo autor e por convidados, como livros, revistas e artigos
relacionados ao jornalismo científico e principalmente ambiental.
Entende-se que as questões ambientais são mais pautadas em Belém do Pará, e
consequentemente no blog, devido à região Norte ser campo de maiores debates sobre
desmatamentos, questões agrárias, hidrelétricas, fauna, flora, biodiversidade e
sustentabilidade que posteriormente será discutida em outras vertentes influenciadas
pelo problema.
Nesse contexto, não se pode desqualificar o jornalismo científico, pois está
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inserido diretamente nas pesquisas ambientais feitas na Região Amazônica, quando
institutos, pesquisadores e indivíduos assumem o papel social do cientista, como é o
caso do Imazon19, que é um instituto de pesquisa que promove o desenvolvimento
sustentável na Amazônia por meio de pesquisas e projetos. Vale salientar que o Imazon
desenvolve seus projetos sem fins lucrativos e também fornece dados relevantes para a
imprensa local e nacional no que diz respeito à Amazônia, em particular sobre
desmatamento.
Ainda questionando sobre cobertura jornalística Bueno explica que fontes
científicas, sentindo-se lesadas por uma matéria inadequada, chegam a fechar,
definitivamente, as portas à imprensa, o que pode significar um entrave à circulação de
informações especializadas, visto que, para alguns assuntos, as fontes no Brasil não são
tão pródigas.
Assim sendo, a experiência do blog é importante para desmistificar os
paradigmas que refletem as atividades de jornalismo ambiental e científico, embora
ainda existam barreiras sobre a cobertura jornalística, nota-se todo o desempenho do
jornalista e do pesquisador em tornar a notícia cada vez mais lúcida e concisa para que
todos os níveis de leitores consigam entender o que foi proposto.
A COBERTURA JORNALÍSTICA DO BLOG FURO
Por ser um meio midiático de onde as informações são muito efêmeras e de
demandas gigantescas, a internet exige atualização frequente. Os blogs são canais onde
os jornalistas podem contextualizar as matérias, porém não podem esquecer a dinâmica
da periodicidade da internet.
Em termos de postagem o blog apresenta frequente atualização, durante o
período de análise, as postagens foram diárias. Ficam dispostos no corpo do blog osleads das matérias que quando linkadas levam a outros portais de notícias. O blog
funciona como um filtro das noticias sobre meio ambiente e a Amazônia.
Além do agrupamento das noticias divulgadas em portais e em outros meios
19 O Instituto foi fundado em 1990, e sua sede fica em Belém, Pará. Em 20 anos de existência, o Imazon publicoumais de 370 trabalhos técnicos, dos quais 160 foram veiculados como artigos em revistas científicas internacionais ou
como capítulos de livros. Além disso, o Instituto publicou 87 artigos técnicos, 48 livros , 18 livretos , 20 números daSérie Amazônia e 17 números da série O Estado da Amazônia. Fonte: http://www.imazon.org.br/institucional
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midiáticos, o blog também apresenta projetos e oficinas que norteiam o tema do meio
ambiente na Amazônia. Apresenta livros e artigos, indica outros endereços para o
aprofundamento nas áreas de interesse, como o link do Ministério Publica, da ONG
Amazônia, do Jornal Pessoal do jornalista Lucio Flávio Pinto de onde saem alguns
conteúdos de noticias do blog, Portal Eco debate, e do Portal Belo Monte.
A REVISTA ENSAIO
A revista Ensaio, por exemplo, é um espaço para a publicação de artigos sobre
jornalismo cientifico tecnológico e ambiental. Os textos são produzidos por alunos do
curso de Comunicação Social da universidade da Amazônia e tem como propósito
dividir com o público tema discutido na academia, e assim ampliar o conhecimento da
população sobre o desenvolvimento da Amazônia.
Como alunos de Comunicação Social podem buscar o aprofundamento com
pesquisadores e especialistas, o conteúdo apresentado tende a ser mais consistente o que
foge da chamada monofonia da fonte citado por Rubleski no artigo Jornalismo
científico: Problemas recorrentes e novas perspectivas, publicado em 2009.
A multiplicidade das fontes embasa e garante ao leitor mais de uma ideia sobre o
mesmo assunto, teoricamente essa busca deve ser feita em todos os setores do
jornalismo, e mais ainda nos jornalismo científico e tecnológico. Na revista o autor do
blog também divulga pesquisas e trabalhos acadêmicos, produzidos por ele, com uma
visão e linguagem jornalística.
Os canais que se propões especializados em jornalismo cientifico, tecnológico e
ambiental, apresentam uma tendência ao aprofundamento na pesquisa e no agrupamento
de conteúdo voltado para o tema proposto essa lógica se dá principalmente, para aocorrência de rupturas com o jornalismo diário, que muitas vezes por falta de tempo não
consegue aprofundar sobre as pesquisas, descoberta científicas tecnológicas e nas
ocorrências ambientais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo acadêmico analisou de forma jornalística, como a ciência e os
pesquisadores foram conquistando o espaço e levando para a sociedade ademocratização dos conhecimentos, o que mudou um pouco a forma de pensar da
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sociedade, que antes era privada deste.
REFERÊNCIAS
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02 de outubro de 2011.
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de 2011BUENO, Wilson. Jornalismo Científico, ciência e cidadania. Acessado 04 de outubrode 2011
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RUBLESCKI, A. Jornalismo Científico: Problemas recorrentes e novas
prerrogativas. 2009.
OLIVEIRA, Fabíola. Jornalismo Científico. 2007
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JORNALISMO E CIÊNCIA: UM OLHAR SOBRE A AGÊNCIA ENVOLVERDE
Maria Carolina Silva Martins Pereira20 Thaís Luciana Corrêa Braga21
RESUMO Jornalismo não é ciência, embora a especialização jornalismo científico
sirva como ponte entre as duas formas de conhecimento. A diferença entre ambas vão
desde a linguagem aos objetivos. O presente artigo propõe-se a analisar os principais
problemas e tendências da cobertura jornalística acerca de ciência e tecnologia (C&T),
com base no site da Agência Envolverde. Serão exploradas questões como compromisso
com a fonte, procedência da informação e lobby. Pretende-se, com isso, contribuir para
a discussão sobre o jornalismo científico no Brasil.
Palavras-chave: Jornalismo Científico, Webjornalismo, Ciência e Tecnologia.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Jornalismo científico é definido por Rublescki (2009, p. 408) como a divulgação
de informações, de caráter jornalístico, sobre Ciência e Tecnologia (C&T). Descobertas
científicas, novas tecnologias, pesquisas teóricas e aplicadas em áreas comobiomedicina, ciências humanas e exatas, bem como meio ambiente, fazem parte dessa
especialização. Segundo a autora, o jornalista representa o elo entre a comunidade
científica ou tecnológica e a sociedade em geral. “Ao profissional que nele atua cabe
conciliar o papel informativo/disseminador de informação científica e tecnológica com
as regras, princípios e rotinas produtivas da imprensa” (RUBLESCKI, 2009, p. 408).
As origens do jornalismo científico estão relacionadas à própria história do
jornalismo no Brasil. Marques de Melo (2002, p. 124) afirma que Hipólito José daCosta iniciou o registro sistemático de acontecimentos relacionados ao mundo da
tecnologia logo na primeira edição do Correio Braziliense, em 1808 – primeiro
periódico brasileiro, porém editado em Londres, na Inglaterra. De acordo com o autor, o
objetivo de Hipólito era divulgar inovações científicas europeias para que as elites
brasileiras assimilassem as informações.
Do século XIX até os dias de hoje, o jornalismo científico fortaleceu-se como
20 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). 21 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). Emeiobragathais@globo.com
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Figura 1: Página da internet da Agência Envolverde.
atividade regular na imprensa e também como tema constante na agenda pedagógica das
principais escolas de jornalismo do país, a exemplo das universidades paulistas USP,
UMESP e UNICAMP. Marques de Melo (2002, p. 125) aponta que a década de 1960 foi
o período em que o país criou uma consciência pública em torno da divulgação
científica. “Determinado, em grande parte, por acontecimentos científicos de grande
repercussão como a corrida espacial EUA-URSS e os transplantes de coração realizados
simultaneamente na África do Sul (...) e no Brasil (...)” (MARQUES DE MELO, 2002,
p. 125).
Não se deve, porém, confundir jornalismo científico com ciência. “É, antes de
tudo, jornalismo, estando, portanto, sujeito às mesmas rotinas produtivas, práticas
profissionais e normas empresariais de qualquer outro jornalismo, geral ou
especializado” (RUBLESCKI, 2009, p. 408). A autora atenta, ainda, que a credibilidade
é o capital essencial da mediação jornalística entre os diversos campos do conhecimento
e o leitor.
Por isso, os desafios e perspectivas da cobertura em jornalismo especializado
serão discutidos a seguir. Será analisado o enfoque adotado pela Agência Envolverde –
Jornalismo & Sustentabilidade.
ENVOLVERDE, QUEM É?
Uma editora que produz conteúdos
exclusivos sobre sustentabilidade. Assim se
define a Agência Envolverde
(www.envolverde.com.br ), que já ganhou o
6º Prêmio Ethos22 de Jornalismo na
categoria mídia digital, em 2006; o Prêmio
Ethos de Jornalismo, em 2008; e o Prêmio
Pontos de Mídia Livre do Ministério da
Cultura, em 2009.
O site entrou no ar em janeiro de
2008 com matérias sobre sustentabilidade,
22O Instituo Ethos agrupa grandes corporações do mercado nacional em torno do tema
sustentabilidade.
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relacionada a questões de ambiente, economia, educação, sociedade e saúde. Além da
produção própria, Agência Envolverde distribui diariamente serviços de reportagens e
colunistas da Agência Internacional Inter Press Service (IPS), publica semanalmente
uma página do Terramérica – importante veículo de informação ambiental da América
Latina. A assinatura do clipping diário é gratuita e enviada diretamente para o e-mail de
usuário cadastrado.
SOBRE O JORNALISMO CIENTÍFICO DA AGÊNCIA ENVOLVERDE
A Agência Evolverde destaca-se por produzir conteúdo sobre ciência com
técnicas jornalísticas de produção textual, a exemplo do lead e da pirâmide invertida. A
diferença entre os dois discursos, conforme Oliveira (2002, p. 43 apud RUBLESCKI,
2009, p. 410), é que o trabalho científico segue normas rígidas de padronização e
normatização universais, por isso é uma linguagem prolixa, árida e desprovida de
atrativos; enquanto que o texto jornalístico é simples, objetivo enxuto, sintético e
aproxima-se do coloquial.
Rublescki (2009, p. 411) alerta que o perigo da fusão entre os dois discursos é o
tratamento superficial dos resultados científicos em função do curto espaço para a
veiculação da informação. O site da Envolverde, por estar inserido numa plataforma
digital, poderia evitar a superficialidade dos assuntos tratados por meio de hipertextos –
também chamados de “pirâmide deitada”, em referência à pirâmide invertida. Segundo
Canavilhas (2001, p. 3) trata-se de “um conjunto de pequenos textos hiperligados entre
si. Um primeiro texto introduz o essencial da notícia estando os restantes blocos de
informação disponíveis por hiperligação”.
Contudo, nota-se que as matérias veiculadas não exploram todo o potencial do
webjornalismo. O site não só carece de infográficos – na definição de Rublescki (2009,p. 423), a utilização de imagens para guiar o leitor pelos labirintos da ciência –, como
também pouco explora os recursos destacados por Canavilhas (2001) para uma boa
cobertura do jornalismo praticado na internet, a exemplo de vídeo, áudio, flash e 3D e
personalização. Embora o site indique, no canto superior direito da página, sua presença
nas principais redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut, Youtube e blog), não implica
dizer que a Agência Envolverde utiliza as ferramentas da web com eficiência.
O ponto a favor da Agência Envolverde é a interdisciplinaridade das matériasveiculadas. Sustentabilidade é a garantia de satisfação das necessidades, sem
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comprometimento do capital natural e sem lesar o direito das gerações futuras de verem
atendidas também as suas necessidades e de poderem herdar um planeta sadio com seus
ecossistemas preservados.23 O conceito tem a ver com melhoria da qualidade de vida
humana e o respeito à capacidade de assimilação dos ecossistemas.
Ao relacionar a sustentabilidade não só com questões ambientais, mas também
com economia, educação, sociedade e saúde, o jornalismo científico praticado pela
Agência Envolverde busca “potencializar a aproximação com o leitor e manter o quesito
‘interesse’ em alta” (RUBLESCKI, 2009, p. 417), não apenas ao público que se
interessa por questões eminentemente ambientais.
Informações sobre a Amazônia, todavia, ainda são minoria na Agência
Envolverde. O fato atesta as considerações da pesquisadora Ruth Rendeiro.
Não são só os cientistas e pesquisadores de outras regiões e de outros paísesque falam com tanta desenvoltura sobre temas que parecem tão familiares aopovo da região (...). Os jornalistas (de outras regiões do país e estrangeiros)também deixam claro o quanto sabem sobre nós, sobre o que acontece dentrode nossa casa.24
O site peca, da mesma forma, pela monofonia das fontes, principalmente os
definidores primários – o termo designa os especialistas que são sempre chamados para
dar entrevistas. “Jornalistas entrevistam expoentes de cada especialidade, uma vez que éem torno do seu renome que a notícia ganha ‘peso’ e credibilidade” (RUBLESCKI,
2009, p. 421). A autora enfatiza que, apesar desses profissionais estarem acostumados à
rotina de entrevistas e, por isso, passarem com segurança a informação, às vezes não
tem a paciência necessária para explicar determinados dados ao jornalista, ajudando-o a
traçar um panorama mais geral para o leitor. A monofonia das fontes:
permeia a grande imprensa de modo geral, apesar dos famosos manuais deredação, nos quais “ouvir os dois ou mais lados” é o mínimo que se esperaantes de redigir uma matéria. Ponto e contraponto, estratégia que ajuda osveículos na construção da credibilidade e é requisito saudável para práticasmediadoras (RUBLESCKI, 2009, p. 421).
Bueno (2005, p. 1) enfatiza que o jornalista também deve combater a suposta
neutralidade da fonte. O fato de o pesquisador estar vinculado a um instituto de pesquisa
não implica que suas falas e intenções devem manter-se isentas. A C&T, no mundo
23 Definição apresentada em http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/ . Acesso em 02/10/2011.24 Disponível em: http://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail.cfm?id=18524 . Acesso em02/10/1986.
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moderno, “constituem-se em mercadorias, produzidas e apropriadas pelos grandes
interesses, e as fontes, sejam elas pesquisadores, cientistas ou técnicos, podem estar
absolutamente contaminadas por vínculos de toda ordem” (BUENO, 2005, p. 2).
O autor recomenda que o jornalista se mantenha em vigília para não se tornar
refém dos especialistas, bem como para não mesclar a cobertura jornalística com
mensagens publicitárias. À primeira vista, não identificamos “‘o abastardamento do
jornalismo’ pelo ‘concubinato de conveniência entre marketing e jornalismo’,
configurado no ‘uso do já racionado espaço editorial – aquele destinado a notícias e
reportagens, não a anúncios – para a promoção dessas iniciativas estranhas (...) às
redações”.25 Entretanto, não se deve descuidar do fato.
A Agência Envolverde mistura a veiculação de notícias nacionais e estrangeiras
à produção própria e reprodução de conteúdos de entidades parceiras. Rublescki (2009,
p. 418) critica a internacionalização do conteúdo, pois a leitura das notícias fica
condicionada a uma leitura prévia de realidade. “Algo é retirado de um determinado
contexto, moldado e transferido para um outro, no qual ganha novos sentidos e
relevâncias que lhe são amputados desde uma teia imperceptível de interesses”
(COSTA, 2002, p. 2 apud RUBLESCKI, 2009, p. 419). A responsabilidade, nesse caso,
pode ser dividida com os centros de pesquisa brasileiros e latino-americanos, que não
têm o hábito de divulgar o resultado de suas pesquisas, aponta a autora. A parceria da
Agência Envolverde com o portal Terramérica é um ponto positivo a ser destacado na
cobertura do site.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É patente que o jornalismo científico precisa priorizar envolvimento do leitor
com questões públicas, em detrimento de interesses comerciais. Para isso, o profissionaldeve se valer da ética e, às vezes, sacrificar o jornalismo leve e fragmente por um mais
militante, nas palavras do pesquisador Wilson Bueno. Iniciativas como a da Agência
Envolverde devem ser comtempladas, porém sempre com o olhar desconfiado que
caracteriza a práxis jornalística. Problemas como a internacionalização das notícias, a
associação com o marketing e a aparente neutralidade das fontes devem ser combatidos
por essa especialização jornalista que só tende a crescer.
25 Citação de Wilson da Costa Bueno no texto “Jornalismo Científico, lobby e poder”. Disponível em:http://www.metodista.br/poscom/cientifico/publicacoes/docentes/artigos/artigo-0048 . Acesso 02/10/2011.
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A credibilidade do site e dos profissionais que nele trabalham mantém-se não
pelos prêmios que conquistou ao longo do tempo, mas sim pelo conteúdo jornalístico
veiculado. As falhas detectadas podem e devem ser reparadas a fim de aprimorar o fluxo
de informações sobre ciência e tecnologia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo cienífico, lobby e poder. Disponível emhttp://www.metodista.br/poscom/cientifico/publicacoes/docentes/artigos/artigo-0048 .Acesso em 02/10/10986.
______. O jornalismo científico e o compromisso das fontes. Disponível emhttp://www2.metodista.br/unesco/GCSB/reproducoes_jorn_cient.pdf . Acesso em
02/10/2011.
CANAVILHAS, João Messias. Webjornalismo: considerações gerais sobre jornalismona web. In: Comunicação apresentada no I Congresso Ibérico de Comunicação, Málaga,2001.
DICIONÁRIO ambiental. Disponível em:http://www.ecolnews.com.br/dicionarioambiental/ . Acesso em 02/10/2011.
MARQUES DE MELO, José. Trajetória acadêmica do jornalismo científico noBrasil: iniciativas paradigmáticas do século XX. In: Anuário internacional decomunicação lusófona 2003.
RENDEIRO, Ruth. Os jornalistas e a pesquisa na Amazônia. Disponível emhttp://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail.cfm?id=18524 . Acesso em02/10/2011.
RUBLESCKI, Anelise. Jornalismo científico: problemas recorrentes e novasperspectivas. In: ______. PontodeAcesso, Salvador, v. 3, n 3, p. 407-427, dez. 2009.Disponível em: <www.pontodeacesso.ici.ufba.br>.
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CORO CÊNICO DA UNAMA: RELATO DE UM PROJETO DEEXTENSÃO E PESQUISA NA AMAZÔNIA
Bruna Merry Jesus Valle 26
Marcela Teixeira27
RESUMO: O presente artigo é divido em duas seções. A primeira faz uma revisão
sobre Jornalismo Científico, já a segunda faz um relato do Coro Cênico da Universidade
da Amazônia (UNAMA), uma experiência no campo da cultura de extensão e pesquisa.
O projeto privilegia temas nacionais e regionais no campo da cultura, em particular da
música. Realiza espetáculos, incentiva a pesquisa sobre temáticas, produção de artigos e já chegou a lançar registros em áudio.
Palavras chave: Jornalismo, Ciência, Cultura e Amazônia
Anelise Rublescki e Wilson Bueno possuem pontos convergentes quando
analisam as especificidades e limites do processo de produção do jornalismo a partir daeditoria de ciência. Os autores comungam sobre as características que marcam cada
campo do conhecimento: linguagem, tempo para produção, público, elementos de
reconhecimento público, os constrangimentos econômicos que o mercado realiza para a
visibilidade de parte do interesse do capital, em detrimento do interesse público.
Em uma sociedade que caminha cada vez mais de mãos dadas com as
tecnologias e descobertas científicas, fica um tanto difícil filtrar o que é ou não
relevante no dia-a-dia. O fato é que devemos, sempre, selecionar o que têm boaprocedência. Afinal será que todas as notícias de ciência e tecnologia relacionadas com
os mais diversos âmbitos da vida social têm o intuito de prestar um serviço público?
Será que os jornalistas que atuam nesta área seguem os princípios básicos do
jornalismo? De atuar como um disseminador de informações de acordo com os
princípios produtivos inerentes a imprensa e ao jornalismo de qualquer segmento? Bom
alguns estudiosos já tomaram suas posições sobre o assunto.
26 Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). emeio:
bruna_merry@hotmail.com 27
Estudante de Comunicação Social- Jornalismo na Universidade da Amazônia (UNAMA). emeio:
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Para Anelise Rublescki um dos fatores que permeia este processo é a própria
produção de cada discurso, quer dizer, o texto jornalístico obedece a regras que a
produção científica ignora, ou não se interessa. Isso acontece principalmente, mas, não
unicamente, através da linguagem. O texto jornalístico deve ser objetivo, acessível,
prático, simples e atraente. Já a escrita no âmbito científico deve seguir normas mais
rígidas de padronização da linguagem.
Os textos científicos são direcionados para um público especializado\ iniciado;
já as narrativas do jornalismo possuem um público heterogêneo em classes sociais e
níveis de formação variados. Por isso tem que se adequar a infinidade de atores sociais
que podem vir a ler os textos.
Os valores da notícia devem orientar a definição das pautas nos meios de
comunicação, mas, às vezes pela busca de audiência\leitores as empresas de
comunicação recorrem ao sensacionalismo. Rubleski (2009) ao analisar algumas
coberturas sinaliza para este fato. A necessidade de ganhar da concorrência e atrair a
atenção do leitor acaba deixando em segundo plano a essência da informação e um
aprofundamento na contextualização dos fatos.
Contudo, essa relação conturbada entre jornalismo e ciência, se dá, também, em
função de um despreparo dos profissionais em abordar assuntos relacionados à temática
científica. Ainda conforme a autora a academia não prepara o futuro jornalista para lidar
com esse universo distinto. A ausência de tempo e recurso do profissional da
comunicação também colabora para a má qualidade da produção do jornalismo
científico.
O avanço das tecnologias e das ciências nas derradeiras décadas acabou
impulsionando um crescimento considerável na produção jornalística em ciência. O
assunto deixou de aparecer, apenas, em pequenos espaços nos jornais e ganhou mais
relevância em revistas especializadas e na editoria dedicada ao tema nos próprios jornaise no ciberespaço.
É preciso levar em consideração também a mudança de abordagem desses
assuntos na grande mídia. É recorrente na produção de notícias de todos os segmentos,
inclusive o de ciência, a aproximação dos temas com a vida dos leitores. Ou seja, adapta
ao interesse do público as descobertas, inovações, e pesquisas científicas.
Na interpretação de Rubleski (2009) existem pontos de estrangulamento a seremsuperados, tais como a procedência das matérias e a monofonia das fontes utilizadas. A
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autora chama a atenção para repetição intensa de traduções de fontes internacionais e o
vínculo com grandes empresas que possuem staff especializado para a produção de
releases.
O problema disso é justamente a questão da contextualização do ambiente em
que foram feitas as pesquisas e o público que as consome. Nem sempre as temáticas
internacionais estão adequadas às preocupações locais, onde são traduzidas e
difundidas. E ainda, essas fontes, devido a sua procedência distante, acabam se
isentando de possíveis erros nas informações. Mas o mais grave disso tudo é que não se
sabe se o leitor se interessa em saber de onde vêm essas notícias.
E mesmo, as vezes, estando erradas, as pessoas, o senso comum tem a ciência
como algo irrefutável. Sem deixar de citar que, esses mesmo cientistas, fontes de
informação, têm sua ideologia e seu compromisso com o capital. Por isso é preciso
levar em consideração a questão da monofonia das fontes.
Mas de que se trata isso...Bom, sendo o relacionamento entre cientistas e
jornalistas um tanto conturbado, até mesmo pelo tratamento superficial que a mídia dá
aos assuntos científicos, obviamente não são muitos os candidatos a explicar e repassar
informações especializadas. Por isso, os jornalistas, geralmente recorrem às mesmas
fontes que carregam consigo seu próprio ponto de vista e interesses.
O que resulta em matérias que retratam apenas uma perspectiva. Não dando
espaço a outros aspectos, a outras vozes, que deveria ser uma das missões do jornalista.
Dando uma visão parcial, e possivelmente interessada que não pode e nem será isenta
ou neutra.
É exatamente o que destaca Wilson Bueno em seu texto “Jornalismo Científico,
lobby e poder”, onde sublinha vários exemplos de iniciativas empresariais que ficaram a
frente de alguns discursos científicos de seus próprios interesses. Ou seja, não só os
cientistas utilizam os meios para a promoção de seus interesses extra-científicos, mas ospróprios jornalistas na produção de notícias.
Para Wilson isso é totalmente prejudicial para o serviço que o jornalismo deveria
prestar que é, sobretudo, seu caráter pedagógico-crítico. Para evitar que seu trabalho
esteja a serviço de interesses que contrariem a ampliação da cidadania e da informação
democrática. Para ele, o papel do jornalista de multiplicador de opinião é essencial na
cobertura de assuntos científicos.
O fato é que o jornalista precisa estar atento a interesses e informações dúbias esuspeitas, para não servir de porta-voz de empresas e iniciativas políticas. Para o
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jornalista, é preciso que se faça um maior desenvolvimento teórico e tomada de
consciência para sua responsabilidade como tal. E claro, o de fomentador de discussões
a cerca dos mais diversos temas ligados a questões de interesse público, mais do que a
simples satisfação do leitor.
CORO CÊNICO DA UNAMA - PROJETO INCENTIVA A RECUPERAÇÃO DA
CULTURA PARAENSE
O Coro Cênico da Unama integra o Núcleo Cultural da universidade. E tem
como missão fomentar a prática do canto coral na instituição para promover o
conhecimento, a preservação, a divulgação e a valorização da música brasileira, com
ênfase na produção na Amazônia. Além de ter como objetivo o desenvolvimento global
do aluno através desta atividade alicerçada na pesquisa, ensino e extensão.
No decorrer de quinze anos de trabalho e pesquisa, o Coro Cênico já realizou
inúmeras apresentações de performances, shows, recitais, espetáculos que valorizam a
cultura paraense. Entre os resultados podemos sublinhar: oito textos de pastoris e mais
de duzentas partituras resgatadas através do projeto Revitalização das Pastorinhas.
A jornada de aprendizado se materializou com a confecção de quatro CDs. Um
da série Trilhas D’Água. O projeto conta ainda com a publicação de seu repertório
inédito através do livro de partituras Songbook Trilhas D’Água. Esses produtos são
distribuídos gratuitamente às universidades, bibliotecas e centros culturais, e ajuda na
disseminação e divulgação do que de melhor figura no cenário musical amazônico e
nacional.
Como transformar em realidade todos esses processos de busca e revitalização
da cultura? Todos os anos, no início dos semestres letivos é feita uma seleção de alunos
da instituição. Além de discentes o projeto abriga grupos de voluntários da sociedadeem geral. Ou seja, o grupo é aberto a alunos, funcionários e comunidade externa.
E é claro, como todo projeto, precisa de um plano de trabalho, um roteiro de
atividades a serem desenvolvidas pelo grupo já selecionado. O Coro Cênico atua em
parceria com outros eventos e projetos da universidade. É claro, para que possa
participar dessas iniciativas secundárias de forma satisfatória, precisa de um
cronograma de ensaios e dinâmicas relacionadas às atividades a serem desenvolvidas.
Dentre essas atividades estão:●Preparação e capacitação, visto que o projeto é constituído de oficinas para a
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preparação técnica de novos integrantes do Coro Cênico. Os alunos participam de
oficinas temporárias de técnica vocal, expressão corporal, oficina de prática vocal em
conjunto, prática da encenação e outras oficinas que asseguram um melhor
desenvolvimento dos integrantes e garante a qualidade do grupo;
● Ensaios para a montagem de repertório musical eclético;
● Participação em apresentações;
● Leitura, estudo e fichamento de assuntos referentes ao projeto como biografias de
compositores como Caetano Veloso, Tom Zé, Gilberto Gil, Os Mutantes;
● Estudo e seleção de material bibliográfico e audiovisual de assuntos sobre música,
teatro, moda, antropologia, folclore e afins relacionado ao projeto;
● Elaboração, criação e exposição do trabalho realizado pelo grupo;
● Conhecimento de todo produto publicado pelo Núcleo Cultural e colaboração no
envio deste a outros centros culturais;
● Participação nas oficinas acima citadas;
● Atualização do blog do setor de Artes Cênicas e Musicais, quanto às informações
relacionadas ao grupo;
● Audição de obras de compositores nacionais enfatizando o período que está entre final
da década de 60 até meados da década de 70 – a época da Tropicália.
● Escrita de relatório mensal e relatório final conforme orientações da Extensão;
● Organização de memorial do grupo através de documentos, jornais, programas,
cartazes, fotos etc.
● Demais atividades que serão integradas conforme necessidades do projeto.
Todas essas atividades, que foram retiradas diretamente do plano de trabalho do
projeto, são as rotinas de produção de conhecimento que os estudantes, pré-
selecionados, devem se inserir ao participar da iniciativa. Assim como as atividades e aspráticas que vão prepará-los para responder as expectativas do projeto de extensão.
Essas atividades estão dividas nesse cronograma semestral nos respectivos dias
em que cada evento deve ser cumprido:
MODELO DE CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Atividades Mês Dia da Semana
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Oficina Vocal Abril SegundaExpressão Corporal Maio Quarta
Prática Vocal em Conjunto Maio Segundas e Quartas
Prática de montagem de repertório pararecitais, shows e performances litero-musicais e outras apresentações.
Março, AbrilMaio, Junho
Segunda; Quarta eQuinta.
Leituras, fichamentos, entrevistas eoutras atividades.
Março,Abril,Maio, Junho
TerçasSextas
Maio/ Junho
Terças e Sextas
Exercícios Práticos de encenação de
acordo com a temática proposta
Março, Abril Segunda
Audição de CDs, Depoimentos em vídeoe DVD
Abril Terça
Oficina de Musicalização Junho Segunda
A avaliação dos alunos participantes é feita em equivalência com a
participação e envolvimento em todas as etapas do projeto. É preciso destacar também
que, dentre as regras de participação no projeto, os alunos devem obedecer
rigorosamente aos horários e compromissos de capacitação, apresentações e entrega dematerial solicitado pela coordenadora do projeto.
Tendo em vista que um dos objetivos principais da inciativa é fazer uma
recuperação da cultura local, a coordenação do projeto de extensão programa as etapas
para produção de cada novo trabalho sobre qualquer manifestação cultural. Dentre elas
estão a leitura sobre biografia do compositor, para melhor entender como reproduzir, no
sentido cênico, um pouco da personalidade do artista retratado.
Os alunos devem também promover a audição de obras do compositor,obviamente para promover a familiarização com o que se deseja reproduzir em cada
iniciativa. Deve ter ciência e participar, mesmo que indiretamente, com a seleção do
repertório a ser reproduzido pelo grupo através de arranjos vocais próprios, criados
especialmente para o projeto.
Ele não deverá faltar aos ensaios vocais, afinal isso pode comprometer a
excelência do trabalho produzido por todo o grupo. Além de não perder de vista os
ensaios instrumentais, os participantes irão se familiarizar com a questão rítmica eestética de cada composição. O que resulta em ensaios da parte vocal casada com a
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parte instrumental, e a preparação para possíveis demonstrações e divulgações dos
conteúdos produzidos nos canais de comunicação, como Rádio, TV e impresso.
Principalmente os que fazem a comunicação na instituição.
Com a carga horária de 20 horas semanais que poderão ser creditadas para
fins acadêmicos de atividade complementar, o projeto exige ainda a produção de
relatório mensal de atuação no projeto e avaliação de participação. Bem como relatório
semestral de tudo que foi produzido e realizado pelo grupo em eventos e outras
atividades.
CONSIDERAÇÕES DERRADEIRAS SOBRE O JORNALISMO CIENTÍFICO
Mesmo com o crescimento e ampliação de cobertura do jornalismo a essa área, a
cientifica e tecnológica, é preciso recordar alguns preceitos básicos de conduta na
produção jornalística. Como já citado anteriormente, o discurso deve ser mais
democrático e abrir espaço para outros enfoques e opiniões diferentes das que já estão
sendo enunciadas.
Sem perder de vista a tão essencial especialização e aprofundamento na área de
atuação, ainda mais se tratando de assuntos tão densos quanto os que falam sobre C&T.
Esse aprimoramento de conhecimento é importante para melhor trabalhar em prol de um
serviço de interesse público. É preciso fomentar discussões acerca dessa temática e não
endeusar os próprios cientistas que só estão fazendo seus devidos papéis dentro da
sociedade.
E é claro, isso só começará a ser feito quando os jornalistas começarem a ser
mais curiosos e céticos em relação a certas pesquisas e notícias alardeadas pelos
institutos de pesquisa. E até mesmo por empresas que muito se interessam pela
divulgação de notícias e pontos de vista relacionados à suas marcas e ou produtos.
Bibliografia
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BUENO,W. Jornalismo Científico, lobby e poder. In DUARTE, J & BARROS, T.
(ORG) COMUNICAÇÃO PARA CIÊNCIA, CIÊNCIA PARA COMUNICAÇÃO.Embrapa, Brasília-DF, 2003.
Relatórios do Coro Cênico da Unama
RUBLESCKI, Anelise. Jornalismo científico: Problemas recorrentes e novas
perspectivas. Ponto de Acesso, Salvador, 2009.