Post on 18-Oct-2020
CSNU (2017) - Guerra civil na síria
1. APRESENTAÇÃO DAS DIRETORAS
Olá, senhores delegados! Sejam muito bem-vindos ao Conselho de
Segurança das Nações Unidas! Eu sou diretora assistente do comitê CSNU
2017 – Guerra Civil na Síria e estou cursando o segundo ano do ensino
médio no curso técnico integrado em mecânica no Instituto Federal do
Espirito Santo. Meu primeiro contado com a Simulação foi em 2015, onde
eu fui delegada pela primeira vez em um comitê econômico, embora eu
prefira simular no CSNU. Em 2016 eu recebi minha primeira menção
honrosa no comitê da guerra do Vietnã 1970 e nesse ano fui convidada
para compor essa mesa diretora sobre um tema que eu considero de
extrema importância. Nesse sentido, a guerra na Síria é um conflito
extremamente complexo de origens históricas e que exige muito empenho e
dedicação para ser discutido com qualidade. Tenho certeza que vocês
estarão à altura do desafio! Espero que vocês estejam tão ansiosos quanto
eu! Até agosto! Stephanie Monteiro, Diretora Assistente do Conselho de
Segurança das Nações Unidas Olá, senhores delegados! Me chamo Larissa
e sou a diretora assistente do Conselho de Segurança das Nações Unidas –
Guerra Civil na Síria. Tenho 18 anos e estou no terceiro ano do curso
técnico em mecânica no Ifes - Campus Aracruz. Sou apaixonada por
idiomas, escrever, diferentes culturas e, como consequência disso, amo
livros, filmes e séries! Sou muito animada e vocês sempre vão me ver com
um sorriso no rosto. Entrei no projeto SiGI no meu primeiro ano e tive a
oportunidade de participar do Minionu em 2015 e 2016, na PUC Minas de
Belo Horizonte. Depois dessas experiências não teve jeito: me apaixonei
por esse ambiente diplomático, pelas questões discutidas e tudo o que elas
representam. Nesse comitê iremos discutir um assunto que acredito ser
muito importante e urgente. Dia após dia, cidades e pessoas estão sendo
sucumbidas aos horrores dessa guerra impiedosa. Por essa razão, é um
assunto que vem sendo tratado pela comunidade internacional há anos,
mas por ser tão complexo, nenhuma ação foi suficiente para dar fim, de
uma vez por todas, a essa calamidade. Espero vocês dispostos a mudar
esse histórico! Bons estudos e até logo! Larissa Prates, Diretora Assistente
do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Saudações. Meu nome é
Ana Karolina de Alvarenga Valim, tenho 18 anos e serei a diretora geral do
Conselho de Segurança 2017 – Guerra Civil na Síria. Eu participo do projeto
de Simulação desde 2014, quando entrei no Ifes – Campus Aracruz e,
desde então, sou apaixonada por relações internacionais e, principalmente,
por resolução de conflitos, sendo eles de qualquer natureza. Já participei de
muitos comitês, alguns debates do Conselho de Segurança, mas em
especial a Assembleia Geral das Nações Unidas – 2016, sobre a
Reestruturação do Conselho de Segurança, onde fui agraciada com
menção honrosa, da IV SiGI, em 2016. Gosto muito de estudar e conhecer
outras culturas e, com certeza, tenho planos de muitas viagens. Considero-
me uma pessoa que vive muito em si mesma, mas sempre disposta a
ajudar quem precisar. Bom, apresentações feitas, a mesa diretora do
Conselho de Segurança das Nações Unidas deseja aos senhores, nossos
queridos representantes mundiais, bons estudos e muita animação.
Esperamos a todos com o coração aberto e dispostas a ajudar no que for
preciso. Até o grande dia! Ana Karolina de Alvarenga, Diretora Geral do
Conselho de Segurança das Nações Unidas
2. INTRODUÇÃO
No Guia de Estudos, apresentaremos a Guerra Civil na Síria e questões
relacionadas a serem tratadas durante o andamento do comitê. Lembrem-
se que até mesmo as discussões mais simples podem mudar sua maneira
de pensar e de agir e, por isso, esperamos que os senhores se dediquem a
esse assunto e que venham afiados e prontos para as discussões!
3. APRESENTAÇÃO DO ÓRGÃO SIMULADO
O Conselho de Segurança foi criado em 1946 e tem suas funções e
atribuições firmadas no capítulo V da Carta das Nações Unidas, sendo
algumas delas:
Manter a paz e a segurança internacionais de acordo com os propósitos e
princípios das Nações Unidas;
Examinar qualquer controvérsia ou situação suscetível de provocar atritos
internacionais;
Recomendar métodos para o acerto de tais controvérsias ou as condições
para sua solução. De acordo com o Art. 25 da Carta, todos os membros das
Nações Unidas concordam em aceitar e cumprir as decisões do Conselho,
sendo assim, é o único órgão que admite um caráter mandatório. O
Conselho é constituído por 15 membros: cinco permanentes - Estados
Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China - e dez membros rotativos,
eleitos pela Assembleia Geral, sendo metade deles por um período de 2
anos e a outra metade com mandatos de 1 ano apenas (UNIC, 2011). De
maneira geral, para a aprovação de quaisquer resoluções em plenário, é
necessário que nove dos 15 membros assinalem afirmativamente, onde
exige-se que, dentre esses nove, 5 sejam permanentes. No entanto, a Carta
distingue as circunstâncias para que esse procedimento de votação seja
seguido à risca e é isso que veremos a seguir. Para entender a votação do
CSNU, deve-se diferenciar questões substanciais de questões
procedimentais. Os Art. 26
4. CONTEXTO HISTÓRICO
4.1. Histórico do Oriente Médio O Oriente Médio foi um dos berços da
chamada revolução agrícola e, como consequência, cenário de importantes
sociedades, que se formaram a partir de 3000 a.C. Dessas sociedades que
se estabeleceram na área denominada de Crescente Fértil – faixa territorial
que se estende do norte da África até o golfo Pérsico, uma área árida com
extensões desérticas, porém irrigada pelos rios Nilo, Jordão, Tigre e
Eufrates – destacaram-se as do Egito, banhada pelo rio Nilo, e as da
Mesopotâmia, banhada pelos rios Tigre e Eufrates (VAINFAS, 2010). Mapa
I – Crescente Fértil Fonte: Infoescola Podemos observar que as culturas
árabes têm longa e orgulhosa história, com impérios importantes que
governaram de Bagdá, Damasco, Cairo e Córdoba, mas nos últimos 500
anos viveram sob controle de estrangeiros: otomanos, britânicos, franceses
e italianos. O domínio colonial começou a ruir na década de 1920 e
terminou após a Segunda Guerra Mundial. Os países que surgiram das
antigas colônias variam entre nações com sólida identidade própria (Egito,
Marrocos) a construções frágeis traçadas pelas antigas metrópoles para
atender a seus aliados políticos (Jordânia, Líbano, Iraque). Os novos
governos foram de caráter autoritário e oscilaram entre três grandes
correntes (SANTORO, 2011). Elas são expostas a seguir:
As monarquias, estão presentes no Marrocos, na Jordânia e nos Estados
do Golfo Pérsico (Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait). Aliadas das antigas
metrópoles coloniais da Europa e dos Estados Unidos, apresentam-se
como opções moderadas politicamente; As ditaduras militares surgiram
como rejeição a monarquias, dependentes dos aliados ocidentais, no Egito
e Líbia, ou como a consequência da disputa de poder que se seguiu à
independência na Tunísia e na Argélia. Veem a si mesmas como
instrumento de modernização e da realização de reformas sociais, críticas
das elites de seus países e de forte teor nacionalista pan-árabe;
Os regimes autoritários do Partido Baath – Renascença, em árabe – foram
estabelecidos na Síria e no Iraque na década de 1960, em substituição às
ditaduras militares que governavam aqueles países (no caso iraquiano,
após os generais deporem e assassinarem o rei). Esposam “socialismo
árabe” parecido com o das ditaduras militares, mas o controle do sistema
está com a elite política civil, ligada por fortes vínculos étnicos e religiosos,
como os al-Tikrit no Iraque de Saddam Hussein ou a seita alauíta na Síria
da família Assad. Foram os aliados mais constantes da União Soviética na
região (SANTORO, 2011). O Líbano e os territórios palestinos foram
exceções, porque o alto grau de fragmentação religiosa do primeiro
(cristãos, muçulmanos xiitas e sunitas), e de divisões políticas dos
segundos (mais de uma dúzia de movimentos da Organização para a
Libertação Palestina e o Hamas), e da presença de exércitos estrangeiros
(Israel, Síria) entre ambos impediram a criação de uma coalizão estável
para impor um governo autoritário. O que existe neles são alianças
cambiantes, que com frequência se transformam em choques armados ou
mesmo em guerras civis. O cenário regional conflituoso foi influência forte
para a preservação de ditaduras nos países árabes. No pós-Guerra Fria, a
principal bandeira de regimes autoritários em busca de legitimidade é o
nacionalismo, o qual pode ser entendido como a defesa da integridade
territorial e de identidades culturais em contraposição a processos de
modernização e pressões econômicas globais. Tais fatores estão presentes
de modo intenso no Norte da África e no Oriente Médio, devido a
persistência do conflito árabe-israelense, ao estabelecimento de bases
militares dos Estados Unidos e ao desafio representado pelos movimentos
fundamentalistas islâmicos. Com isso, ditadores árabes afirmavam as suas
8 populações ser impossível democratizar os governos, pois uma “mão
forte” é necessária para derrotar os inimigos do Estado – Israel, os EUA, a
Al-Qaeda e outras seitas religiosas (SANTORO, 2011). As revoltas árabes
foram mais intensas nos regimes militares (Tunísia, Egito, Líbia, Iêmen) e
naquelas nações onde o governo é exercido por uma minoria religiosa (Síria
e Bahrein) (SANTORO, 2011).
4.1.1. A Síria Mapa II – Território da Síria Fonte: The World Factbook Antes
do começo da guerra, a Síria era um lugar calmo. As chamadas do muezim
para orar e o som dos sinos da igreja ressoavam sobre os telhados de
Damasco, a capital habitada mais antiga do mundo, onde os sírios
gostavam de se vangloriar que cristãos e muçulmanos, além de pessoas de
outras religiões, viviam lado a lado em paz. As pessoas agitavam os
mercados com sua energia e suas conversas altas. As mulheres podiam
estar na rua após meia noite e ainda assim se sentirem seguras. Os
homens jogavam gamão na rua com seus vizinhos. O sotaque sírio era
propagado pelas regiões através das novelas do país, transmitindo
hospitalidade e simplicidade aos árabes (THE ECONOMIST, 2013, tradução
independente). A história da Síria está intimamente ligada aos processos de
expansão de grandes civilizações antigas e das potências modernas.
Devido a sua localização no mediterrâneo oriental e em função da presença
de grandes rios com terras agricultáveis, a posição geográfica da Síria foi
um ponto importante para a 9 conexão entre as potências ocidentais e seus
domínios na Ásia (ZAHREDDINE, 2013). Com uma área aproximada de
185.180 km², há uma estimativa de quase 18 milhões de habitantes na
Síria, sendo sua capital, a cidade de Damasco. Sua população é composta
por árabes, sírios, curdos, circassianos, armênios e turcos. O idioma oficial
é o árabe, porém tem-se como segunda língua o francês, e predominam
três religiões, a saber, islamismo, cristianismo e ateísmo (UNITAS, 2016).
Apesar de ser habitada há milênios antes de cristo, a Síria como nação
independente é recente, visto que sua independência ocorreu depois da
segunda guerra mundial, no ano de 1946. Até então, os sírios eram
dominados por franceses e britânicos: “Durante a Primeira Guerra Mundial,
os sírios e outros árabes revoltaram-se e ajudaram o Reino Unido a lutar
contra o Império Otomano, em troca de apoio à independência. Com o fim
da guerra, no entanto, a Liga das Nações dividiu a Grande Síria em quatro
regiões: Síria, Líbano, Palestina e Transjordânia. Por mandato, a França
passou a dirigir a Síria. O país tornou-se independente em 1946. [...] No ano
seguinte, porém, a ONU partilhou a Palestina: um Estado judeu (Israel) e
um Estado árabe. Os sírios e outros povos árabes imediatamente invadiram
Israel, mas a ONU impôs o cessarfogo. Em 1949, oficiais do Exército
depuseram o governo, que o culparam por não tentar impedir a divisão da
Palestina. Em uma tentativa de estabelecer a unidade árabe, a Síria juntou-
se ao Egito, em 1958, na chamada República Árabe Unida (RAU), que teve
fim após um golpe militar na Síria, em 1961. Em meados da década de
1960, o Partido Socialista Árabe (Baath) chegou ao poder. O governo
encampou a maioria das indústrias e todo o comércio exterior do país. Em
1971, Hafez al-Assad, líder do partido, tornouse presidente da Síria.
Governou autoritariamente, sendo sucessivamente reeleito (1971, 1978,
1985, 1991) em disputas sem oposição organizada. ” (UNITAS, 2016). Os
motivos por trás da guerra civil estão enraizados de forma muito profunda
em sua história, desde a antiguidade. O Império Romano utilizou dos Oásis
de Palmira (Tadmur) para conectar suas rotas de comércio entre o
Crescente Fértil e a Ásia Central. A batalha por Damasco, na Revolta Árabe
de 1916 foi crucial para desarticular o já combalido Império Turco Otomano
no Oriente Médio. A presença francesa pós Primeira Grande Guerra,
garantiu a 10 manutenção de minorias cristãs na região, que favoreceu
enormemente os interesses da potência mandatária (ZAHREDDINE, 2013).
Na formação do Estado, a disputa étnica e religiosa pelo poder esteve
sempre em evidência, como consequência da política colonial francesa de
enfraquecer a unidade árabe, instaurando pequenas divisões no país,
governadas por um grupo que representava a minoria da população, os
alauítas, em detrimento da maioria sunita (80% da população) (Direito
Internacional).
4.1.2. A Síria com a família Assad Em 1963, o partido Baath toma o poder
através de um golpe militar. Hafez al-Assad assume em 1971 e permanece
até 10 de junho de 2000, ao contrário dos seus antecessores, Hafez deixou
o cargo para seu filho Bashar al-Assad, que assumiu logo após a morte do
pai, a família Assad está no poder a 44 anos. Bashar al-Assad possuía
apenas 34 anos de idade na ocasião. Desta forma, a constituição síria teve
de ser alterada para diminuir a idade mínima aceita para a ocupação de tal
cargo. O novo presidente manteve suas alianças locais seguindo o modelo
de seu pai, valendo-se principalmente da força das alianças com as
minorias (NEIVAL, 2015). Em um primeiro momento, parecia que o novo
presidente poderia trazer mudanças reais para o regime Sírio, em função de
sua formação europeia (oftalmologista formado na Inglaterra) e por sua
jovialidade. Algumas pequenas transformações foram percebidas nos
primeiros anos, como maior acesso à informação (por meio da internet) e
tentativas do presidente em retirar a Síria de seu forte isolamento político.
Porém, observou-se que as forças políticas que sustentavam seu governo
não permitiram uma mudança mais profunda do Modus operandi do regime,
mantendo os mesmos instrumentos de ação do período anterior
(ZAHREDDINE, 2013). Sabendo disso, mais adiante iremos tratar da revolta
popular que foi o princípio para a existência deste comitê.
4.2. A Primavera Árabe A Primavera Árabe, iniciada em 2010, é um dos
movimentos político sociais mais surpreendentes que surgiram na região
compreendida entre o Oriente Médio e o Norte da África, porquanto abrange
vários países e tem gerado 11 grandes consequências políticas,
econômicas e, principalmente, sociais (GALERANI, 2016). A autoimolação
de um vendedor tunisiano, em 2010, desencadeou uma onda de protestos
em diversos países e atingiu com mais força Egito, Iêmen, Líbia, Síria e
Bahrein, mas também repercutiu na Argélia, Jordânia, Marrocos e Arábia
Saudita. Essa onda foi motivada por diversas causas, algumas
identificáveis, tais como o autoritarismo, a extrema pobreza e a
desigualdade social, e outras que somente serão identificáveis após certo
distanciamento histórico-temporal. Segundo o diplomata Bruno Rezende:
“De modo geral, os manifestantes abstiveram-se de atribuir a origem de
suas frustrações a atores externos. Os movimentos populares no Oriente
Médio e no norte da África caracterizaram-se por serem espontâneos e
locais. Mais da metade da população dos países envolvidos nos protestos
tinha menos de 25 anos, e a situação de desemprego, inflação e falta de
perspectivas para os jovens, combinada à insatisfação política com regimes
autoritários (as únicas exceções não autoritárias na região eram Líbano e
Palestina), com corru 12 muro de uma escola e acabaram presos. Frente a
estas manifestações, o governo respondeu com força, abrindo fogo e
prendendo alguns dos envolvidos (BBC, 2015). A partir disso, as
manifestações só se intensificaram. Inicialmente, a população síria
demandava uma maior abertura democrática e clamava pelo fim do estado
de emergência em voga há 48 anos. É importante ressaltar que, antes do
início das manifestações contra o governo de Assad, os sírios já se
queixavam de um alto nível de desemprego, exacerbada corrupção, falta de
liberdade política e grande repressão governamental a qualquer ato que
considerasse ser contra a conjuntura do país. Houve manifestações em
escala nacional pedindo a renúncia do presidente, o fim das execuções
extrajudiciais e a libertação dos presos políticos. Bashar al-Assad, por sua
vez, tentou agir de modo conciliatório; Ele se recusou a renunciar, porém,
fez concessões: encerrando o estado de emergência, aprovou uma nova
Constituição e realizou eleições multipartidárias. Entretanto, a oposição
continuou combatendo e exigindo sua queda (CONFLITOS
INTERNACIONAIS, 2014). A tentativa de solução do impasse durou pouco,
chegando a ser até duvidosa, pois nada saiu do papel, nenhum cronograma
para a efetivação das mudanças foi estabelecido, o que levou a sociedade a
duvidar da atitude de Assad em relação às concessões. Todavia, a esta
altura, os civis estavam cada vez mais adeptos às revoltas contra o governo
e este continuava a responder com violência, tentando acabar com a
dissidência utilizando a força do exército e alegando estar combatendo
terroristas. À priori, membros da oposição passaram a pegar em armas com
o objetivo de se defender das investidas do governo. Entretanto, após certa
organização, passaram a usá-las para expulsar o exército de Assad de suas
regiões. Estourando em uma guerra civil, com brigadas rebeldes lutando
contra tropas governamentais pelo controle de cidades, povoados e zonas
rurais. A violência chegou à capital Damasco e a Aleppo, a segunda
metrópole mais importante do país, em 2012 (BBC, 2015). Em meio aos
confrontos entre as forças do governo e dos rebeldes, estes primeiros, o
exército da Síria, foram acusados pela oposição de usar armas químicas no
final de agosto de 2013 na região ao leste de Chouta, próximo a capital
Damasco e na província de Rif Dimashq, que são zonas controladas por
simpatizantes da oposição ou que ainda estavam em disputa. Nesse ataque
foram totalizadas mais de 1.700 mortes, dentre eles muitas crianças,
inclusive 13 recém-nascidos, segundo algumas fontes. Esse ataque,
presumivelmente com recurso a gás sarin, acontece numa altura em que
peritos das Nações Unidas se encontravam no terreno precisamente para
investigar as denúncias da utilização de armas químicas por parte do
regime sírio. Em pronunciamento, o regime de Bashar al-Assad negou ser
autor destes ataques com armas químicas e acusou os rebeldes de o terem
feito para divulgar notícias falsas ao seu respeito e desviar a atenção das
suas derrotas (CSNU, 2014). Os Estados Unidos, apoiados pela França e
Reino Unidos, em resposta aos ataques químicos por parte do governo
sírio, ameaçaram atacar com forças militares o regime de Bashar al-Assad.
Em contraposição e aliados a Bashar, China e Irã repudiaram a
possibilidade de ataque à Síria. O Conselho de Segurança das Nações
Unidas, então, se reuniu em 21 de agosto de 2013, a pedido de vários
países, para discutir a questão da utilização de armas químicas pela Síria.
Estados Unidos, França, Reino Unido, Luxemburgo e Coreia do Sul, cinco
dos 15 países que integravam o Conselho de Segurança, demandaram a
reunião imediata do órgão. A ONU também foi pressionada pela
manifestação da Arábia Saudita, em tomar providências para o fim da
tragédia na Síria (CSNU, 2014).
4.3. CONFERÊNCIA DE GENEBRA I E II
4.3.1. Conferência de Genebra I Em junho de 2012, reunidos numa
conferência em Genebra, denominada Conferência de Genebra I sobre a
Síria, membros da comunidade internacional tentaram fechar um acordo
para pôr fim à violência e levar a paz à Síria. Participaram da reunião, os
cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, Turquia, Iraque,
Kuwait, Catar, Rússia e China, além do enviado da ONU para a Síria, Kofi
Annan, que foi quem convocou essa conferência. As grandes potências
regionais Irã e Arábia Saudita não foram convidadas a estarem presentes
nas discussões (IG, 2012). Na conferência internacional, as delegações
presentes concordaram que seria formado um governo de transição para o
país, embora tenham deixado em aberto se o presidente Bashar al-Assad
poderia fazer parte do governo de transição. Segundo Annan, a nova
administração deveria ter "poderes executivos totais" e ter integrantes da
oposição e do atual governo, mas não está claro se Assad a integraria. Ele
também defendeu um cessar-fogo imediato, a 14 implementação do plano
de paz da ONU1 e que agências humanitárias tenham acesso imediato aos
necessitados. Já os EUA insistiram que Assad não deveria ter permissão de
continuar no poder no topo de um governo de transição e há pouca chance
de que a fragmentada oposição síria apoie qualquer plano que não explicite
a necessidade de o presidente sírio renunciar. Rússia e China que têm
seguido as diretrizes russas no conflito, vetaram por duas vezes sanções
que puniriam o regime de Assad (IG, 2012).
4.3.2. Conferência de Genebra II A Conferência, que aconteceu em janeiro
de 2014, em Montreux, no interior da Suíça, foi convocada pela ONU, EUA,
Rússia e Liga Árabe, envolvendo pela primeira vez, frente a frente desde o
começo da guerra, os aliados de Assad e sua oposição, representada pela
Coalizão Nacional Síria, além de contar com a participação de cerca de 40
países. Para essa reunião, o Irã não foi convidado, pois se recusou a apoiar
um governo de transição como prevê a "Declaração de Genebra". A
solicitação da Conferência foi impulsionada após os ataques químicos em
Damasco, capital da Síria, que resultou em milhares de mortes, incluindo
grandes números de crianças, em agosto de 2013 e tem como objetivo
encontrar um governo de transição para o país após quase três anos de
uma guerra. O ponto de partida das negociações foi a Declaração Final da
Primeira Conferência pela Paz na Síria, realizada em Genebra em junho de
2012. Nela ficou definida a formação de um governo interino e a renúncia
do presidente Bashar al-Assad não foi explicitamente exigida. No entanto,
delegações como a oposição síria e os EUA defenderam na primeira
sessão da segunda reunião que “Não é possível que um homem que optou
por uma resposta brutal contra seu próprio povo possa reencontrar
legitimidade para governar”, enquanto o ministro sírio da Informação,
Omrane al-Zohbi, afirmou que “Bashar al-Assad não deixará o governo”
(RFI, 2014). O governo e a oposição síria não marcaram nenhum ponto em
Genebra, mas acreditam ter alcançado uma pequena vitória, ao manter
suas posições. O regime resistiu à pressão de seus aliados, que o
convidaram a falar de um governo provisório, e a oposição garantiu o apoio
de importantes forças rebeldes em terra podendo obter de seus aliados
estrangeiros mais armas (G1, 2014). 1 Plano de paz da ONU: previa um
cessar-fogo, um recuo de rebeldes e de tropas do governo. Foi aceito por
Assad, mas nunca cumprido.
5. APRESENTAÇÃO DO TEMA
Como previsto pela Carta das Nações Unidas, qualquer ação de
intervenção militar só pode ser tomada com aprovação do Conselho de
Segurança das Nações Unidas (CSNU). O conceito de Reponsabilidade em
Proteger – bastante usado nas relações internacionais – remete à
necessidade de proteger a população civil das atrocidades da guerra. Desta
forma, onde haja evidências de que o Estado não consiga ou não queria
combatê-las, a sociedade internacional poderá buscar formas pacíficas de
interromper o conflito em prol da proteção da população. Se as tentativas
pacíficas falharem, poderá ocorrer uma ofensiva militar, desde que ela seja
aprovada pelo Conselho de Segurança. Contudo, em relação ao conflito na
Síria, o Conselho ainda não alcançou um consenso, o que inviabiliza
qualquer intervenção (FERREIRA, 2013). A situação da Síria apela para a
possibilidade de intervenção, mesmo que não seja o mais viável, tendo em
vista que o caos interno instalado pela luta entre rebeldes e o governo já
alcança nível de crise internacional, reforçando o clima de instabilidade no
Oriente Médio. Milhões de sírios estão fugindo do país, recorrendo
principalmente aos países mais próximos. Os cidadãos restantes sofrem
diariamente com bombardeios e com a violência da guerra, sendo que o
conflito fica gradativamente mais intrincado com suas várias frentes e, com
o avanço do Estado Islâmico, a situação tende a agravar-se (FERREIRA,
2013). Considerando tudo o que já foi posto aos senhores, agora
passaremos a orientá-los sobre o nosso tema em questão.
5.1. O Curdistão Sírio
Os curdos representam um grupo étnico composto por aproximadamente 30
milhões de pessoas, que são a maioria em uma região que abarca uma
área de aproximadamente 450.000 km² - o Curdistão. Esse território se
encontra hoje ultrapassando regiões de quatro países: Turquia, Síria, Iraque
e Irã (além de uma pequena continuação deste território na Armênia)
(TABORDA; ADAM, 2016). Rojava, ou Curdistão Sírio, é, em teoria, uma
região autônoma situada na porção norte-nordeste da Síria. Possui
organizações políticas, tais como, o Conselho Supremo Curdo e o Partido
de União Democrático (PYD), como também possui sua força militar, as
Unidades de Proteção Popular (YPG). 16 Mapa III - Rojava Fonte:
Wikipédia As organizações curdas se uniram à revolta em seus primeiros
momentos, com protestos em Kobane, Amuda, Qamishli e outras
localidades da Síria setentrional. Uma estimativa mostra que 300.000
curdos-sírios estavam privados do direito à cidadania, o que era um
obstáculo para qualquer gestão pública e toda organização que
reivindicasse os direitos dos curdos era reprimida com dureza (El País,
2016). Comparados aos grupos rebeldes de oposição ao governo, os
curdos sírios tiveram uma participação mais discreta nas manifestações
anti-Assad e nos conflitos que se seguiram em 2011, apesar de ser um
antigo alvo de discriminação de Damasco. Com a radicalização do conflito,
a maior parte das milícias curdas se juntou aos demais rebeldes contra as
forças de Assad, passando a combater grupos fundamentalistas na medida
em que as diferenças entre estes e os rebeldes moderados se acirraram
(FUJII, 2015). Existia ainda uma grande dificuldade para a luta curda no
país, pois o Conselho Nacional Sírio não estava disposto a fazer alianças,
por temer em assumir as suas reinvindicações. Além disso, quando o PYD
tentou deixar de combater ao lado da oposição, foi considerado suspeito de
colaborar com o regime de Assad. Após uma investida da oposição síria à
capital Damasco, em meados de 2012, Bashar al-Assad decidiu retirar suas
tropas da região norte do país. Essa tática acabou por ceder o controle do
território para o PYD, que aproveitou a situação para estabelecer o
Curdistão sírio como essa região autônoma e organizar uma democracia de
assembleia. Em novembro de 2013, foi declarada autonomia pelos cantões
de Afrin, Kobani e Jazira, com a declaração da constituição de Rojava, cujo
preâmbulo diz ser uma “confederação de curdos, árabes, assírios, caldeus,
arameus, turcomanos, armênios e chechenos” (TABORDA; ADAM, 2016) e
proclamando, inclusive, uma carta de moldes 17 constitucionais,
enfatizando o secularismo e a igualdade de gênero, a qual foi aprovada pela
população local em janeiro de 2014 (NASSER; ROBERTO, 2016). Desta
maneira, o enfraquecimento do governo Assad significou ganhos efetivos
para os curdos do país, que adquiriram um grau de autonomia que jamais
tiveram, ainda que à custa de pesadas perdas e de uma das maiores crises
humanitárias da atualidade (FUJII, 2015). Segundo Idris Nassan, hoje vice-
ministro do Exterior do cantão do Kobane: “Nós, que apostamos na
democracia e no laicismo, não lutamos por substituir um regime dominado
pelos alauítas por outro dominado pelos sunitas, mas por mudar a
mentalidade dominante. E a comunidade internacional depende de nós na
batalha contra o extremismo religioso e para levar a democracia para a
região”. (El País, 2016) Ademais, conforme as Forças Armadas sírias foram
deixando o território de Rojava para combater os rebeldes em outras áreas
do país, o foco dos curdos sírios foi transferido para os extremistas
salafistas, como a Frente Al-Nusra, e depois para o Estado Islâmico à
medida que este dominou a maior parte do território próximo às áreas
curdas. No dia 17 de março de 2016, sua administração de fato proclamou
a fundação de um sistema federalista de governo, a Federação do Norte da
Síria – Rojava (FNS) que, mesmo possuindo certas relações diplomáticas
com alguns países, não é reconhecido oficialmente como província
autônoma por nenhum membro da comunidade internacional. Não se pode
esquecer o entrave político em relação à Turquia, que julga o PYD e o YPG
como uma ameaça a seu próprio território, por conta das relações
amistosas com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, PKK, que atua
em território turco e é considerado uma organização terrorista pelos turcos.
Contudo, os curdos são extremamente relevantes no combate ao terrorismo
e ao alastramento do EI e da Al-Nusra no território sírio. O que
verdadeiramente transformou os curdos em um ator de caráter internacional
da Síria foi a ameaça do Estado Islâmico (ISIS ou EI), especialmente devido
à histórica resistência dos curdos na invasão de Kobane (setembro 2014-
janeiro 2015), na qual homens e mulheres, combatendo lado a lado,
conseguiram 18 expulsar as hostes jihadistas. Os EUA se fixou neles como
uma força capaz de derrotar o EI e até a Rússia começou a cortejar o PYD
(El País, 2016). O PYD, até o presente momento, não manifestou o
interesse de independência da Síria, mesmo que já estejam preparados
para isto. Apenas querem o seu reconhecimento como província autônoma
dentro da Síria.
5.2. O recente ataque de armas químicas na Síria A Organização para
Proibição de Armas Químicas (OPAQ), como cumprimento de seus termos,
ficou responsável em averiguar a destruição das armas químicas na Síria.
Após o governo de Moscou ter negociado em Genebra II sobre a destruição
do estoque de Bashar al-Assad e negociado também com o presidente, o
governo sírio abriu mão de seu estoque de armas desse tipo, transferindo-o
para países europeus neutros como Dinamarca e Noruega (FUJII, 2015),
tudo supervisionado por equipes da OPAQ. A organização havia vistoriado
em torno de 97% do território, porém, os acometimentos não pararam,
sendo noticiada outras vezes a suspeita do uso de gases tóxicos dentro do
país, todas estas investigadas pela OPAQ, sempre entregando um relatório
de suas inspeções para a ONU. Entretanto, nem todas atribuídas com
convicção ao governo. O Daesh (EI) é apontado como autor de alguns
ataques, pela Síria e Rússia, e segundo a porta-voz do Ministério das
Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, “O Daesh está
transferindo da cidade síria de Raqqa para os bairros controlados da
província de Deir ez-Zor suas usinas e equipamentos para produção de
munições, incluindo aqueles que são equipados com armas químicas
tóxicas”. Os diferentes grupos da oposição também já foram acusados de
ofensivas do tipo. Membros do governo sírio, por vezes, já acusaram a
coalização de estarem atacando as regiões controladas por rebeldes com a
finalidade de incriminarem Assad. Em relação ao incidente relatado na
província de Idlib, dominada pela oposição ao norte da Síria, Khan
Shaykhoun, no dia 4 de abril, pelo menos 58 pessoas, incluindo crianças,
foram mortas e dezenas ficaram feridas no que teria sido um ataque
químico e, segundo algumas fontes, esse número pode ter sido bem maior.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, um grupo de monitoramento do
conflito, afirmou que ataques aéreos do governo sírio ou de 19 aviões
russos liberaram gases tóxicos, os quais asfixiaram muitas pessoas (BBC,
2017). A província de Idlib, onde vivem 900 mil pessoas, é frequentemente
alvejada pelo governo e pela Rússia, sua aliada, assim como pela coalizão
contra o EI, liderada pelos Estados Unidos. É uma região em que há uma
aliança de um grupo rebelde com o grupo jihadista Hayat Tahir Al-Sham,
ligado à alQaeda. Uma fonte militar síria negou que o governo tenha usado
armas químicas. O Ministério de Defesa da Rússia também afirmou não ter
realizado nenhum ataque aéreo na região. Em comunicado, a Casa Branca
disse "ter certeza" de que o governo de Bashar al-Assad está por trás do
ataque. Reino Unido e França também condenaram a ação e pediram uma
reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU (BBC, 2017). O
atual enviado de paz da ONU, Staffan de Mistura, disse que o ataque foi
"horrível" e que deve haver uma "identificação clara de responsabilidades e
prestação de contas" pelo ataque na cidade (BBC, 2017). Dois dias após o
ocorrido, Donaldo Trump – atual presidente dos Estados Unidos – ordena
um bombardeio contra a base de Shayrat, em Homs, uma das principais da
força aérea de Bashar al-Assad, no primeiro ataque de Washington que
teve como alvo a liderança do regime sírio. Dessa forma, a ofensiva se deu
em represália ao ataque químico, tratando-se de um novo e importante
agravamento da guerra civil na Síria que, em seis anos, deixou centenas de
milhares de mortos e 5 milhões de refugiados (LIMA, 2017).
5.3. A questão do Estado Islâmico Sem ligações nem com o regime Assad,
nem com a oposição, o Estado Islâmico (EI) surgiu como uma terceira
grande força no conflito e avançou tanto sobre as Forças Armadas Sírias
quanto os grupos rebeldes, chegando a ocupar 35% território sírio e a
controlar 60% do petróleo do país em julho de 2014. Organização
fundamentalista, tem como base religiosa e ideológica o salafismo,
movimento ultraconservador que defende uma interpretação literal do
Alcorão e o retorno dos muçulmanos às práticas do Islã do século VII.
Diferentemente dos demais grupos que se opõem ao governo sírio, o EI não
tem como objetivo primordial a derrubada de Assad, tendendo a priorizar a
conquista 20 territorial e, nessa perspectiva, todos os demais beligerantes
são considerados inimigos, até mesmo outros grupos fundamentalistas
salafistas, caso não lhe jurem lealdade (FUJII, 2015). Segundo William Fujii,
para o regime Assad, o advento do EI teve dois impactos de grande
importância, um negativo, outro, positivo. Naturalmente, o fato de o grupo
fundamentalista lutar contra o governo representou um revés para Bashar
al-Assad, sobretudo quando se leva em conta que esse grupo tomou
extensas áreas do Estado sírio. Apesar disso, surpreendentemente, o
resultado do avanço do Estado Islâmico beneficiou, em um primeiro
momento, o regime Assad mais do que o prejudicou. À medida que o grupo
jihadista tornavase uma força que não poderia mais ser ignorada –
ameaçando virtualmente todas as partes envolvidas na guerra de forma
indistinta – haja vista que o EI representa uma ameaça às duas partes do
conflito, o bloco de oposição ao governo sírio passou a reconhecê-lo como
mais urgente em ser combatido. Aos poucos o governo estadunidense viu
sua prioridade na guerra mudar, em parte sobrepujando os riscos que
Assad representa para os interesses da maioria dos atores, internacionais e
nacionais, que participa da guerra civil (FUJII, 2015). Em face da expansão
avassaladora do EI Síria e posteriormente no Iraque, o próprio governo
norte-americano havia mudado o foco de sua retórica com relação a Assad,
pondo o combate ao terrorismo como um ponto mais importante do que a
saída do presidente, como vinha fazendo desde o início do conflito. Em
janeiro de 2015, o atual Secretário de Estado John Kerry apresentou um
discurso diferente, dizendo: “É hora de o Presidente Assad, o regime Assad,
colocar seu povo em primeiro lugar e pensar sobre as consequências de
suas ações, que estão atraindo mais terroristas para a Síria” (FUJII, 2015).
No campo da ação, a política dos Estados Unidos para a Síria também se
alterou de maneira considerável, uma vez que o país se lançou em uma
intervenção militar direta contra alvos ligados ao ISIS por meio de
bombardeios aéreos, liderando a coalizão internacional contra o grupo
fundamentalista e ao mesmo tempo garantindo a Assad que não atacaria
áreas controladas pelo governo (FUJII, 2015). Porém, esse “acordo” não
durou muito, pois após o ataque químico à província de Idlib, o atual
presidente dos Estados Unidos, Mestrando em História pela Universidade
de Brasília e bacharel em Ciência Política pela Universidade de Greenwich.
Donald Trump, acusou o governo de Bashar al-Assad de ser o responsável
e bombardeou a base aérea de Al Shayrat, perto de Homs. Essa atitude por
parte do governo americano é uma mudança significativa de sua atuação
em território sírio, foi a primeira vez que os Estados Unidos atacaram
diretamente a Síria, em seis anos de guerra. Trump também voltou a cobrar
com mais veemência que Assad saia do poder, além de deixar claro que
ataques químicos não serão mais tolerados por parte de seu governo. Ao
mesmo tempo, a despeito dos ganhos relativos que o avanço do EI
proporcionou ao governo, é certo que o fato de ele ter se estabelecido
firmemente em mais de um terço do território do país, além da incapacidade
do Exército Sírio de contê-lo, tornou-se fator de preocupação para
Damasco. A isso se deve somar questões religiosas, que possuem
importância fundamental para os jihadistas. Afinal, Assad, além de
comandar um regime laico, pertence à seita alauíta, cujos adeptos são
vistos como hereges pelos fundamentalistas sunitas (FUJII, 2015). Portanto,
afora questões de geopolítica, resistir ao EI representa uma questão de
sobrevivência religiosa e física para membros do regime Assad e o próprio
presidente, receio este reforçado pelos numerosos relatos e imagens das
atrocidades cometidas pelos militantes fundamentalistas contra soldados
sírios. Como agravante, há ainda o histórico de repressão do governo
contra as comunidades sunitas, que serve simultaneamente para aumentar
a apreensão de Assad e o ímpeto jihadista dos membros do Estado
Islâmico, todos sunitas por definição (FUJII, 2015). Nos últimos meses, o
Estado Islâmico vem ocupando violentamente cada vez mais cidades em
territórios sírios, cometendo atrocidades a aqueles que não apoiam o grupo,
como por exemplo, os xiitas e os curdos, causando milhares de mortos e
milhões de refugiados. Essa grande expansão do grupo extremista, fez com
que a comunidade internacional tivesse uma negativa reação ao grupo, que
é declarado inimigo dos Estados Unidos e que, nos últimos meses, vem
cometendo uma série de violações aos direitos humanos, decapitando
estrangeiros principalmente de nacionalidade estadunidense, inglesa e
francesa, divulgando essas atrocidades em tempo real nas redes sociais,
causando grande terror e espanto ao redor do mundo. Em contrapartida, os
Estados Unidos prometeram combater o Estado Islâmico, e desde agosto
de 2013 vem realizando, juntamente com o Reino Unido, ataques aéreos
contra alvos do Estado Islâmico na Síria, causando a morte não só dos
rebeldes militantes do grupo, mas também de militares e de civis inocentes
(ACNUR, 2015).
5.3.1. Coalizão do Oriente Médio
Formada em setembro de 2014 com liderança dos Estados Unidos da
América, a Coalizão tem como objetivo central o combate à Organização do
Estado Islâmico (EI). Obama, ao anunciar o início das atividades da
coalizão, evidenciou o fato de que o combate ao terrorismo, dessa vez,
seria diferente de como foi no Afeganistão em 2001 e no Iraque em 2003,
isto porque, a opção agora não era a de enviar tropas estadunidenses ao
território sírio e iraquiano (países onde a Organização do Estado Islâmico
se encontrava), mas sim de realizar ataques aéreos e contar com o apoio
de forças aliadas em solo. Desse modo, a atuação desta Coalizão não seria
caracterizada tipicamente como de guerra, mas sim representaria um
conjunto de medidas e iniciativas adotadas para combater de vez a
organização terrorista (AGNU, 2016). Dessa maneira, a atuação da
coalizão, basicamente, foi planejada para pautar-se em quatro pilares
centrais:
1) dar apoio militar ao novo governo iraquiano para o combate ao Estado
Islâmico, sem envio de tropas de solo;
2) Aumentar o apoio aos rebeldes de oposição ao governo da Síria;
3) Angariar apoio e recursos da comunidade internacional;
4) oferecer ajuda humanitária aos muçulmanos sunitas e xiitas das regiões
de controle do grupo que estão refugiados, além de cristãos e outras
minorias religiosas.” (AGNU, 2016). Os países participantes da Coalizão
são, dentre outros, Austrália, Bélgica, Canadá, França, Reino Unido e vários
países árabes como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Jordânia, Marrocos,
Catar, Bahrein e Egito. Fazer parte desta coalizão significa, então, contribuir
com os pilares centrais supracitados da mesma, e, portanto, o que estes
países já realizaram, por exemplo, foram: ataques aéreos e o fornecimento
de treinamento a forças do exército iraquiano e a milícias curdas que
buscam combater o Estado Islâmico. Além disso, alguns deles ajudaram de
maneira indireta, como a República Tcheca, disponibilizando armamentos à
coalizão e, portanto, fomentando-a. Outro exemplo é a Turquia, que cedeu
bases militares aos Estados Unidos com a intenção de utilizá-las para
lançamento de ataques aéreos à Síria (AGNU, 2016). Até fevereiro de 2015
contabiliza-se, segundo dados do governo estadunidense, que haviam sido
realizados 1250 ataques a alvos da Organização o que gerou um saldo, até
aquela época de 6000 mortos. Já no mês de julho, a coalizão realizou em
menos de 24 horas, 29 ataques aéreos a uma província do Iraque, e visava
atingir 67 alvos do Estado Islâmico. Neste mesmo mês derrubaram-se
pontes que ligavam uma cidade síria ao Iraque, com a intenção estratégica
de fazer com que a movimentação do grupo terrorista se dificultasse. Todo
este cenário gerou a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra
Mundial (AGNU, 2016). Neste contexto, a Rússia passou a agir
unilateralmente, uma vez que apoia o governo sírio de Bashar al-Assad,
enviando, por exemplo, armas ao exército sírio. Todavia, Moscou também
tem o interesse de acabar com o terrorismo e a crise da Síria, mas enxerga
que para alcançar isto, ao contrário dos Estados Unidos, é necessário que o
governo de Assad se fortifique. Isso se justifica, também, pelo histórico de
intensas relações diplomáticas entre Rússia e Síria. Além disso, o país
americano critica a maneira que a Rússia tem atuado, porque, segundo ele,
ela tem atingido a população civil, o que só pioraria a situação do país. Por
outro lado, a Rússia também critica a atuação estadunidense, alegando
impropriedade e desrespeito aos civis, isto porque os países têm visões
diferentes sobre o governo sírio vigente (AGNU, 2016). Por fim, em 2016,
Estados Unidos e Rússia, anunciaram uma nova tentativa de solucionar os
problemas da região, declararam um acordo de cessar-fogo, ou seja, parar
com os ataques e desenvolver uma agenda que proponha a paz. Feito isso,
os países estabeleceriam um grupo conjunto para combater a Organização
do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Entretanto, o acordo falhou, foi
violado mais de 69 vezes e não se permitiu que a ajuda humanitária
chegasse. O acordo supostamente foi violado por ambas as partes, Estados
Unidos e Rússia, no entanto, as acusações ocorrem recorrentemente entre
estes dois países. Contudo, sabe-se com certa certeza que houve violação
por parte dos próprios rebeldes sírios (AGNU, 2016).
6. POSICIONAMENTO DOS PRINCIPAIS ATORES
6.1. Estados Unidos da América, França, Reino Unido e Alemanha; Apesar
de todas as intervenções, os países ocidentais estavam mais receosos no
início da guerra, pois buscaram evitar o envolvimento em uma nova crise no
Médio Oriente. Porém, a partir de 2012, os Estados Unidos, o Reino Unido
e a França passaram a prover à oposição de enormes quantidades de 24
armamentos não letais, incluindo equipamentos de comunicação e
suprimentos médicos. A Inglaterra também começou a apoiar com
inteligência, a partir de sua base no Chipre, em cooperação com militares
turcos e com rebeldes anti-Assad. A Alemanha tem monitorado ações do
exército da Síria e, segundo o jornal Bild, os alemães possuem informantes
oficiais dentro do governo de Bashar al-Assad.
6.2. Rússia e China; A Rússia é a principal aliada do governo Assad e
participa diretamente da Guerra Civil na Síria. A China, por sua vez, declara
apoio a Assad e à Rússia, mas não se envolveu ativamente no conflito.
Membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas
(CSNU), os países se opõe a quaisquer intervenções de cunho militar da
ONU em território sírio e condena a postura de alguns países do ocidente
em intervir em questões internas do país. Desde o início do conflito, o
governo russo já vetou resoluções que propunham a intervenção ocidental
na guerra, debatidas no CSNU. O governo russo alega que além de
ilegítimas, as intervenções ferem a soberania do Estado sírio, chamando
tais práticas de terrorismo e igualando ao Estado Islâmico, o que contribui
para o agravamento do quadro de feridos e refugiados e favorece
abertamente um lado do conflito, tomando como exemplo, a situação
ocorrida na Líbia (ACNUR, 2015). A China concordou com a Rússia,
declarando que uma ação militar teria impacto negativo sobre a economia
mundial.
A Rússia afirmou, inclusive, que os grupos armados na Síria também
assumem grande responsabilidade sobre a situação humanitária no país,
pois dificultam a entrada de reforços humanitários nas regiões as quais
estão sobre o controle dos rebeldes. De maneira geral, a nação russa, por
ser um dos poucos países que ainda conseguem exercer influência sobre o
governo sírio, direcionando seus esforços para uma possível resolução do
conflito, o que traria maior estabilidade política para a Síria, influenciando
assim o quadro de refugiados e feridos da Guerra (ACNUR, 2015).
6.3. Irã e Arábia Saudita; Arábia Saudita e Irã, antagonistas conhecidos de
muitos anos, reforçam suas oposições ao apoiarem abertamente os lados
envolvidos no impasse sírio. A Arábia Saudita, com a população
majoritariamente sunita, apoia a oposição síria. Esse apoio se dá por meio
de envio de armamentos para os rebeldes. Já o Irã, majoritariamente xiita,
apoia o governo de Bashar al-Assad, de família alauíta, seita próxima do
xiismo. Nesse sentido, o Irã age diretamente em favor do governo sírio, com
o intuito de proteger seu aliado Assad e reforçar seu papel no mundo árabe.
Assim sendo, ajuda no efetivo militar e bélico (EERRI, 2012).
6.4. Turquia; A Turquia atua em favor da retirada do governo Sírio e
representa o poder da OTAN na fronteira norte desse país, aliada ao
Ocidente, apoiando, portanto, a oposição síria. Porém, devido a sua forte
contrariedade ao povo curdo, tem suas ressalvas no que tange o apoio
militar dado pelo EUA a eles. Em relação ao seu apoio ao Exército Livre da
Síria, estariam abrigando e treinando membros das guerrilhas anti-Assad e,
junto com a Arábia Saudita, vem fornecendo aos rebeldes armamentos
pesados e outros equipamentos militares. Isso levou a grandes tensões
entre os governos sírio e turco (EERRI, 2012).
6.5. Países fronteiriços com a Síria; Países que fazem fronteira com a Síria,
como Jordânia, Líbano, Iraque e Turquia, têm arcado com problemas
originados pelo conflito, em foco, a quantidade de refugiados de guerra.
Esses países não dispõem de infraestrutura suficiente para receber os
refugiados e vivenciam um dilema em relação a essas pessoas. Alguns
desses países vivem ainda seus próprios conflitos, como é o caso do
Iraque, o que torna ainda mais difícil a prestação de assistência a essas
pessoas (FERREIRA, 2013).
7. CRONOLOGIA DA GUERRA
2000: morre Hafez al-Assad, sendo sucedido pelo seu filho, Bashar al-
Assad em julho. Outubro de 2001: Síria consegue assento no Conselho de
Segurança das Nações Unidas, apoiada por países asiáticos e africanos. 8
de março de
2004: Comitê de Defesa das Liberdades Democráticas e Direitos Humanos
na Síria organiza protesto em favor da libertação de prisioneiros políticos no
país.
Maio de 2004: Estados Unidos impõe sanções econômicas contra a Síria
alegando apoio ao terrorismo.
26 Maio de 2007: Bashar al-Assad é reeleito, com aproximadamente 97%
dos votos, para o cargo de presidente por mais sete anos.
Março de 2011: adolescentes pintam slogans revolucionários nas paredes
de escolas em Deera, sendo presos e torturados. Tal situação leva a
protestos pró-democracia, que são reprimidos violentamente, deixando
quatro mortos. Durante o funeral das vítimas, as forças de Assad matam
mais um civil. A partir desse fato, desencadeia - se uma revolta no país que
pede a deposição de Bashar al-Assad.
20 de março: sede do Partido Baath, de Bashar al-Assad, é incendiada pela
população.
25 de abril: tropas do Exército e tanques entram em Deera, matando 20
civis.
9 de maio: tanques ocupam a cidade de Homs.
23 de maio: União Europeia impõe sanções a Bashar al-Assad.
27 de maio: todos os países do G8 discursam contrários às atitudes do
governo sírio. Apesar disso, as repressões violentas contra a população
continuam.
2 de junho: oposição exilada pede a renúncia de Assad, sugerindo que o
país deveria passar a ser governado pelo vice-presidente até que se
pudesse reunir um conselho em prol da democracia.
10 de junho: o governo turco afirma que 2.400 refugiados sírios já pediram
refúgio a Turquia.
19 de dezembro: aproximadamente 70 soldados que abandonaram seus
postos foram mortos em Jabal al-Zawiya.
Fevereiro de 2012: Homs se mantém como foco dos rebeldes, levando o
governo a bombardear a cidade, deixando 700 mortos.
Maio de 2012: bombardeios ocorrem na capital Damasco, deixando 55
mortos. Governo alega bombardeio a terroristas. - Ataque à cidade de
Houla deixa 108 mortos, sendo 49 deles crianças. Situação choca a
comunidade internacional.
30 de junho: acontece na Suíça a Conferência de Genebra I sobre a Síria.
19 de julho: China e Rússia vetam pela terceira vez a imposição de sanções
e a intervenção na Síria durante reunião do Conselho de Segurança das
Nações Unidas. - Os Estados Unidos afirmam que o Conselho de
Segurança fracassou totalmente na Síria.
23 de julho: Síria admite possuir armas químicas e biológicas e afirma que
as utilizará em caso de intervenção.
21 de agosto: Qadri Jamil, vice-presidente da Síria, afirmou que intervenção
no país é inviável, mas que o governo está disposto a discutir com a
oposição até mesmo a resignação de Assad.
20 de agosto: jornalista japonesa é morta durante cobertura na província de
Aleppo.
27 de agosto: rebeldes abatem helicóptero militar do governo na capital
Damasco. Rebeldes afirmam que o ato é uma retaliação aos massacres em
Daraya. - Mais 9 mil refugiados chegam à Turquia.
29 de agosto: Bashar al-Assad afirma que a Turquia é responsável direto
pela situação na Síria.
30 de agosto: Irã e Egito iniciam propostas de cessar-fogo na Síria durante
Conferência do Movimento de países não alinhados. - Ban-Ki Moon,
secretário-geral das Nações Unidas, afirma o importante papel do Irã na
resolução do conflito na Síria.
2 de setembro: ONU afirma que as tropas do governo teriam matado 1,6 mil
habitantes apenas na semana anterior.
3 de setembro: mediador das Nações Unidas e da Liga Árabe afirma que é
quase impossível que os esforços diplomáticos tenham resultado para
encerrar o conflito na Síria. - Presidente da Cruz Vermelha, Peter Dauer, vai
a Damasco para conversar com Bashar al-Assad. O tema discutido foi a
situação humanitária no país. - Bombardeio aéreo deixa 18 mortos na
província de Aleppo.
5 de maio de 2013: ataque israelense em território sírio mata pelo menos 42
soldados.
27 de maio: jornalistas franceses afirmam que as tropas de Assad estariam
usando armas químicas contra os rebeldes. - União Europeia suspende
embargo de armas à oposição, acrescentando que irão manter as sanções
contra o governo sírio.
28 de maio: Rússia anuncia que mandará novos mísseis para auxiliar o
governo de Assad.
30 de maio: Assad diz que acordo de resolução para o conflito deveria ser
submetido a referendo. Oposição anuncia boicote à Conferência Genebra II
devido ao anúncio do recebimento de mísseis russos pelo governo sírio,
bem como por volta do envolvimento do Irã e do Hezbollah.
31 de maio: ACNUR anuncia que o número de refugiados sírios já passa de
1,6 milhões.
5 de junho: após uma ofensiva de três semanas, exército de Assad retoma
o controle da cidade de Qusair, reduto da oposição que possui localização
estratégica na fronteira com o Líbano.
13 de junho: Estados Unidos anunciam que intensificarão assistência aos
rebeldes sírios.
27 de junho: Observatório Sírio de Direitos Humanos anuncia que mortos no
conflito já passam de 100 mil. (UNB,2013)
18 de agosto: inspetores da ONU chegaram à Síria para investigar três
locais onde armas químicas foram supostamente usadas, incluindo a cidade
de Khan al-Assal, no norte do país, onde cerca de 26 pessoas foram mortas
em março.
21 de agosto: na tentativa de expulsar forças rebeldes de uma área próxima
ao leste da capital Damasco, as forças do governo iniciaram um intenso
bombardeio. Durante esse ataque, foguetes com agentes tóxicos foram
lançados em áreas civis na região de Ghouta. (BBC, 2013). Nesse ataque
foram totalizadas mais de 1.700 mortes, dentre eles muitas crianças,
inclusive recém-nascidos. O Conselho de Segurança da ONU realizou uma
reunião de emergência a pedido de vários países, para discutir a questão
da utilização de armas químicas pela Síria.
14 de setembro: encontro diplomático entre Rússia e EUA para discorrer
sobre a situação das armas químicas na Síria ocorre na Suíça.
15 de setembro: aviões de guerra sírios bombardearam redutos rebeldes da
capital um dia depois que os Estados Unidos concordaram em cancelar
ações militares em um acordo com a Rússia para remover as armas
químicas do presidente Bashar al Assad.
16 de setembro: inspetores da ONU confirmam em uma reunião do CSNU o
uso de gás sarin no ataque químico de 21 de agosto na Síria. - É exigido
que a Síria destruísse seu arsenal de armas químicas até a metade de
2014.
18 de setembro: o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei
Ryabkov, se reúne com o presidente da Síria, Bashar al Assad, em
Damasco, para averiguar as informações sobre seu arsenal químico, tal
como prevê o plano russo-americano para a eliminação dessas armas do
país. Para pressionar Damasco, EUA diz que vai manter suas forças e
navios militares estrategicamente posicionados no Mediterrâneo. Assad
afirma que a destruição de armas químicas vai demorar um ano.
21 de setembro: Síria entrega o inventário de suas armas químicas à Opaq.
24 de setembro: combatentes curdos tomam o controle da vila síria de Yafa,
na fronteira com a Turquia, após enfrentamentos com grupos jihadistas
ligados à Al Qaeda.
27 de setembro: Conselho de Segurança aprova unanimemente uma
resolução que prevê a destruição das armas químicas da Síria.
01 de novembro: Exército Sírio toma controle de cidade estratégica em
Aleppo após duas semanas de combate com rebeldes.
29 de novembro: bomba cai no centro de Damasco deixando 4 mortos e 26
feridos.
22 de janeiro de 2014: acontece em Montreux, Suíça, a Conferência de
Genebra II sobre a Síria.
23 de janeiro: segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, os
combates entre os rebeldes, em sua maioria islamitas, e os jihadistas do
EIIL (Estado Islâmico do Iraque e Levante), vinculado à Al Qaeda, deixaram
em 20 dias quase 1.400 mortos na Síria.
24 de janeiro: regime sírio e oposição aceitam negociar pela primeira vez.
05 de fevereiro: governo sírio lança barris com explosivos sobre Aleppo e
mata dezenas de crianças. - Número de refugiados sírios passa de 3
milhões, segundo ONU.
10 de fevereiro: começa 2ª rodada de negociação de paz e mediador se
reunirá separadamente com delegações sírias.
05 de março: ONU acusa Assad de causar crise de fome, desnutrição e
mortes em massa.
15 de março: guerra na Síria completa 3 anos.
29 de abril: atentados na cidade síria de Homs deixa ao menos 42 mortos.
13 de maio: governo sírio é acusado ter praticado ataques químicos com
cloro em três cidades. - Lakhdar Brahimi renuncia ao cargo de mediador da
ONU na Síria.
22 de maio: Rússia e China vetam em uma reunião do CSNU a resolução
contra Síria que pedia a investigação da Corte Penal Internacional.
30 de maio: bombardeios deixam quase 2 mil civis mortos em Aleppo.
01 de junho: Síria tem eleições presidenciais com mais de um candidato em
décadas. - Otan anuncia que não reconhecerá o resultado dessa eleição.
03 de junho: Bashar al-Assad é reeleito presidente da Síria por mais sete
anos.
14 de julho: Conselho de Segurança da ONU aprova envio forçado de ajuda
humanitária à Síria.
24 de agosto: militantes do Estado Islâmico tomam partes de base aérea
síria.
Setembro de 2014: é formada a Coalizão Internacional liderada pelos EUA
que tem como objetivo o combate ao Estado Islâmico.
15 de março de 2015: guerra na Síria completa 4 anos.
09 de dezembro: secretário de Estado norte-americano vai a Moscou para
conversar com Putin sobre Síria. -Premiê turco acusa Rússia de “limpeza
étnica” na Síria.
11 de dezembro: Putin confirma que Rússia dá apoio às tropas de Assad na
Síria.
18 de dezembro: Conselho de Segurança aprova unanimemente plano de
paz para a Síria.
23 de dezembro: ataques russos deixam 200 civis mortos na Síria.
01 de janeiro de 2016: uma missão de investigadores da agência global
contra armas químicas encontrou indicações de que algumas pessoas na
Síria foram expostas ao mortal gás sarin, ou a um composto parecido com
ele, de acordo com um relatório que a Organização das Nações Unidas.
29 de janeiro: começa negociações de paz em Genebra disse que discutirá
questões humanitárias, incluindo o fim dos bombardeios dos governos
russo e sírio.
30 de janeiro: grupo da principal oposição na Síria viaja a Genebra com
início de negociações de paz. 0
3 de fevereiro: enviado da Organização das Nações Unidas suspende as
tentativas de lançar um diálogo de paz para a Síria depois que o Exército,
apoiado por ataques aéreos russos, fez um grande avanço contra forças
rebeldes ao norte de Aleppo, fechando rotas de suprimento da oposição
vindas da Turquia para a cidade. 0
8 de fevereiro: Angela Merkel critica ataques russos à Síria.
12 de fevereiro: em reunião na Alemanha, as autoridades internacionais
concordaram em acelerar o envio de ajuda humanitária às cidades sitiadas
e 'cessar as hostilidades no país em uma semana.
15 de fevereiro: hospital do MSF é alvo de ataques.
22 de fevereiro: EUA e Rússia anunciam acordo para cessar-fogo na Síria.
27 de fevereiro: cessar-fogo para que cidades sitiadas recebam ajuda
humanitária na Síria.
15 de março: guerra na Síria completa 5 anos.
16 de março: Rússia retira quase metade de sua força aérea da Síria.
04 de maio: Síria bloqueia ajuda a centenas de milhares e arrisca novo
cerco a Aleppo, segundo ONU.
07 de setembro: ativistas na Síria acusam o governo do presidente Bashar
al-Assad de ter usado bombas de gás cloro em um ataque à cidade de
Aleppo, no início da semana.
09 de setembro: EUA e Rússia anunciam acordo de cessar-fogo na Síria.
12 de setembro: cessar-fogo que deve durar uma semana entra em vigor
após o pôr-do-sol.
22 de setembro: governo sírio anuncia ofensiva em Aleppo.
14 de dezembro: trégua prevista em Aleppo não ocorre. Começa a
evacuação de civis de uma área de Aleppo dominada por rebeldes.
18 de dezembro: os presidentes da Rússia e da Turquia conversam por
telefone sobre intensificar os esforços para permitir a chegada de ajuda
humanitária e para se chegar a uma solução política na Síria. Turquia diz
que 12 mil pessoas já foram retiradas de Aleppo.
19 de dezembro: o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou,
por unanimidade, a resolução para o envio de observadores da organização
a Aleppo. O objetivo é o monitoramento da saída de civis da cidade em
segurança.
21 de dezembro: ônibus cheios de civis sírios começam a deixar o último
enclave controlado por rebeldes no Leste de Aleppo novamente, após
pausa de um dia.
22 de dezembro: exército sírio anuncia retomada total de Aleppo.
06 de fevereiro de 2017: especialistas de Rússia, Turquia, Irã e da ONU
realizaram uma reunião técnica em Astana, capital do Cazaquistão para
discutir a implementação do acordo de cessar-fogo na Síria.
26 de fevereiro: exército sírio avança contra EI perto de Aleppo. - Ativistas
sírios pedem conversas sobre transição política e monitoramento de cessar-
fogo.
28 de fevereiro: a Rússia dá seu sétimo veto para proteger o governo sírio
de ações do Conselho de Segurança da ONU, bloqueando uma tentativa de
potências ocidentais de imporem sanções por conta de acusações de
ataques com armas químicas durante o conflito de seis anos no país. A
China apoiou a Rússia e deu o seu sexto veto sobre a Síria.
02 de março: exército sírio anuncia a retomada de Palmira, Patrimônio
Histórico da Humanidade.
15 de março: guerra na Síria completa 6 anos.
04 de abril: pelo menos 80 pessoas foram mortas e centenas ficaram
feridas no que teria sido um ataque químico em uma cidade no noroeste da
Síria, dominada por rebeldes. Momentos depois, aviões dispararam
foguetes contra clínicas locais que cuidavam dos sobreviventes. Opaq
manifesta grave preocupação com suposto ataque químico a cidade síria.
França solicita reunião emergencial no Conselho de Segurança para tratar
de ataque químico. Investigadores de crimes de guerra da ONU vão
averiguar suposto ataque com armas químicas na Síria.
05 de abril: Moscou, com poder de veto, impediu a aprovação de uma
resolução preparada por EUA, França e Reino Unido para condenar o
governo da Síria. Rússia defende Síria e acusa rebeldes por ataque
químico. Trump declara que seu posicionamento com relação a Assad
mudou.
06 de abril: EUA ordena lançamento de 59 mísseis contra uma base aérea
militar Síria deixando 9 mortos, sendo 4 crianças. Ministro turco declara que
autópsias confirmam o uso de armas químicas no ataque do dia 04.
07 de abril: Trump declara que os mísseis foram em resposta ao uso de
armas químicas na Síria. - Israel e UE mostram apoio à decisão de Trump.
Putin convoca uma reunião do CSNU após ataque dos EUA. A Rússia
suspendeu seu acordo de segurança aérea com os EUA na Síria após os
bombardeios. Síria promete aumentar ofensiva na guerra civil após ataque
americano.
11 de abril: G7 decide não impor sanções a Rússia por apoiar Assad.
27 de abril: ocorre a Reunião Emergencial do Conselho de Segurança sobre
a Guerra Civil na Síria.
8. QUESTÕES RELEVANTES
Após as várias tentativas de reuniões para uma negociação de paz que não
surtiram efeito, o comitê traz a Genebra uma conferência emergencial,
auferindo examinar o que já foi feito até a data atual e o que pode ser feito
diante das situações atuais para que um cessar fogo possa realmente
acontecer por ambas às partes, estabilizando o número de mortos e
refugiados que só vem crescendo, averiguando medidas para combate ao
Estado Islâmico, que instaurou uma guerra sob guerra dentro do conflito
Sírio, e o que fazer com as consequências mundiais do conflito que assola
a sociedade internacional desde 2011. Para isso, organizamos algumas
perguntas para auxiliar o posicionamento dos senhores nos debates:
Tendo em vista o histórico de negociações, qual é a melhor condição para
que se realizem novas conferências e evitem novas quebras de acordos de
cessar fogo?
Uma reforma política no governo de Bashar Al-Assad dentro da Síria é
necessária para que ocorra a paz. Dentro dessa afirmação, tratados entre o
governo e a oposição podem existir? Se sim, como conciliar as
reivindicações das partes?
A transição política é substancial para o início das negociações entre
governo e os rebeldes? Se sim, a transição deve começar a ocorrer agora
ou deve-se ter mais negociações entre o governo e o grupo da oposição?
O Conselho de Segurança, como principal órgão zelador da paz e
segurança internacional, deve tomar medidas para a busca da paz na Síria?
Qual papel assume o Conselho de Segurança na intermediação do
conflito?
Como o Conselho de Segurança deve agir em relação ao avanço do
Estado Islâmico sobre a Síria em meio ao conflito?
O que fazer para que as armas enviadas até o momento para os grupos
da oposição e para os curdos não caiam nas mãos do Estado Islâmico?
Quais os avanços contra o EI já foram conquistados até o momento?
Qual a melhor maneira de combate a este grupo? Os bombardeios têm
sido efetivos? A comunicação entre os países participantes das coalizações
tem sido buscada pelas partes envolvidas?
O que foi cumprido desde a primeira conferência de Genebra?
Como evitar que o conflito alcance proporções maiores do que já possui?
O que fazer com o número exacerbado de refugiados? Como fazer a
ajuda humanitária chegar nos mais afetado pela guerra?
O que fazer em relação à reincidência de ataques químicos? Quais
medidas serão tomadas em relação a isso?
9. Referências
UNIC (Rio). ABC das Nações Unidas. UNIC Rio de Janeiro. 2011.
Disponível em: http://unicrio.org.br/img/2011/09/ABC_maio_2011.pdf.
Acesso em: 12 de nov. de 2016.
CSNU. O funcionamento do Conselho de Segurança. Minionu. 2014.
Disponível em: . Acesso em: 12 de nov. de 2016.
BARBOSA, M. O Conselho de Segurança da ONU – O que você precisa
saber. Simulação Geopolítica do IFES. 2017. Acessado em 26 de mai.
2017.
VAINFAS, R.; CASTRO, S.; et al. História: Das sociedades sem Estado às
monarquias absolutistas. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
SANTORO, M. As revoltas árabes e a democratização do Magreb e do
Oriente Médio. Revista Ética e Filosofia Política. Universidade Federal de
Juiz de Fora, v. 2, nº 13, p. 110-124. Jun. 2011.
GALERANI, K. A. A crise na Síria e o Direito Internacional. Direito
Internacional. nº 3, p. 9-19. Set. 2016.
NEIVAL, M. As causas históricas do conflito na Síria. 2015. 53 f. Trabalho
de conclusão de curso (Especialista em Ciências Militares) - Escola de
comando e estado-maior do exército, Rio de Janeiro, 2015
ZAHREDDINE, Danny. A CRISE NA SÍRIA (2011-2013): UMA ANÁLISE
MULTIFATORIAL. Conjuntura Austral, Rio Grande do Sul, v. 4, n. 20, p.6-
23, nov. 2013. Bimestral. Disponível em: . Acesso em: 14 nov. 2016.
(EERRI) Encontro Estudantil Regional de Relações Internacionais, 1. 2012,
Sant’Ana do Livramento. Anuário EERRI 2012.
Universidade Federal do Pampa, 2012. 1 v, 346 f. Série Conflitos
Internacionais. A guerra civil Síria, o Oriente Médio e o sistema
internacional. Observatório de Conflitos Internacionais da Faculdade de
Filosofia e Ciências (FFC) da Universidade Estadual Paulista Julio de
Mesquita Filho (UNESP) - Campus de Marília – SP, v. 1, n. 6, p. 1 - 6. Dez.
2014. Disponível em: www.marilia.unesp.br/#oci. Acessado em: 25 de mai.
2017.
BBC. Oito capítulos para entender a crise na Síria, que dura mais de 4
anos. BBC. 2015. Disponível em:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151012_crise_siria_entend
a_r b#orb-banner. Acessado em 25 de jan. 2017.
UNITAS. A guerra civil Síria e a condição dos refugiados no Brasil. v. 1, n. 1
2016. Acessado em 03 de jun. 2017. ISSN 2525-4243 ECONOMIST. The
country formerly known as Syria. 2013. Disponível em:
http://www.economist.com/news/briefing/21572198-sectarian-divisions-
deepenwar-changing-country-beyond-recognition-country. Acessado em: 17
de jul. 2017.
IG SÃO PAULO. Acordo de conferência para paz na Síria deixa em aberto
permanência de Assad. Último Segundo. 2012. Disponível em: . Acessado
em 18 de jul. 2017.
FERREIRA, M. A. Síria: o que fazer? Conjuntura Internacional. 2013.
Disponível em: . Acessado em 14 de abr. 2017. Taborda, E; Adam, G. Uma
batalha em todas as frentes: o significado da vitória no cerco de Kobani
para o processo de legitimação dos cantões de Rojava. 5º Seminário de
Iniciação Científica da ESPM, 2016, São Paulo. ISSN: 2358-2138.
Disponível em: . Acessado em 17 de jul. 2017.
ANDRES MOURENZA. A guerra que os curdos vencem. El País. 2016.
Disponível em: . Acessado em 17 de jul. 2017.
WILLIAM FUJII. O Estado Islâmico e o xadrez geopolítico dos conflitos na
Síria e no Iraque. III Semana de Ciência Política. Universidade Federal de
São Carlos. 2015. Disponível em: . Acessado em 17 de jul. 2017.
Nasser, R; Roberto, W. M. A Política Externa Turca no Pós-2011: das
revoltas arabes à ascensão do Estado Islâmico. Rev. Carta Inter., Belo
Horizonte, v. 11, n. 2, 2016, p. 5-27. Acessado em 17 de jul. 2017.
CSNU. Conselho de Segurança das Nações Unidas – Conferência de Paz
de Genebra II. Minionu. 2014. BBC. 'Ataque químico' mata dezenas na
Síria: o que se sabe até agora. BBC Brasil. 2017. Disponível em: .
Acessado em 19 de jul. 2017.
LIMA, J. A. Trump ordena ataque dos EUA à Síria. O que vem pela frente?
Carta Capital. 2017. Disponível em: <
https://www.cartacapital.com.br/internacional/trump-ordena-ataque-dos-eua-
asiria-o-que-vem-pela-frente>. Acessado em 19 de jul. 2017.
RAMINA, L. Conferência Genebra II: alguma esperança de paz na Síria?
Carta Maior. 2014. Disponível em: <
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Conferencia-Genebra-
IIalguma-esperanca-de-paz-na-Siria-/6/30132 >. Acesso em: 19 de jul. de
2017. RFI.
Troca de acusações marca primeiro dia de Genebra 2, pela paz Síria. RFI:
As vozes do mundo – Português do Brasil. 2014. Disponível em: <
http://br.rfi.fr/geral/20140122-diplomata-sirio-ataca-oposicao-no-primeiro-
dia-daconferencia-pela-paz-no-pais >. Acesso em: 19 de jul. de 2017.
RFI. Em Genebra 2, EUA descartam participação de Bashar al-Assad no
governo de transição sírio. RFI: As vozes do mundo – Português do Brasil.
2014. Disponível em: . Acesso em: 19 de jul. de 2017.
KNIPP, K. et al. Entenda a Conferência pela Paz na Síria. Carta Capital.
2014. Disponível em: . Acesso em: 19 de jul. de 2017. BBC. Conferência
sobre Síria começa com troca de farpas e sem expectativas. BBC Brasil.
2014. Disponível em: 38 . Acesso em: 19 de jul. de 2017. G1. Fracasso de
Genebra II vai agravar guerra civil na Síria, dizem analistas. Globo: G1.
2014. Disponível em: . Acesso em: 19 de jul. de 2017.
ACNUR. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. SiGI.
2015. Disponível em: https://acnur2015sigi.wordpress.com/2017/03/10/guia-
deestudos-acnur-2015/. Acessado em 19 de jul. 2017.
AGNU. A coalizão internacional liderada pelos EUA. MINIONU. 2016.
Disponível em:
https://17minionuagnu2017.wordpress.com/2016/09/29/acoalizao-
internacional-liderada-pelos-eua/. Acesso em: 19 de jul. de 2017.
10. Tabela de demandas País Demanda Afeganistão Alemanha Arábia
Saudita Bolívia (2018) Cazaquistão (2018) China Coligação Nacional Síria
da Oposição Egito (2017)
Representações pontual
Afeganistão Alemanha Arábia Saudita Bolívia (2018) Cazaquistão (2018)
China Coligação Nacional Síria da Oposição Egito (2017) Representações
pontualmente demandadas a tomar parte nas discussões. Representações
medianamente demandadas a tomar parte nas discussões. Representações
frequentemente demandadas a tomar parte nas discussões. Estados
Unidos da América Etiópia (2018) França Irã Iraque Itália (2018) Japão
(2017) Jordânia Líbano Liga Árabe O Diplomata Organização para a
Proibição de Armas Químicas - OPAQ Reino Unido Rojava - Curdistão Sírio
Rússia Senegal (2017) Síria Suécia (2018) Turquia Ucrânia (2017) União
Europeia Uruguai (2017)