Post on 30-Nov-2015
Curso de Microfones – Parte 1: os lapelas
Vou iniciar com o lapela uma série de artigos citando as
características, vantagens e desvantagens de cada tipo de
microfone para ser utilizado nas nossas igrejas. Vamos dividir os
"tipos" pelos formatos propriamente ditos – lapela, mics de mão,
headsets, earsets, goosenecks, etc. Para tanto, vamos usar
exemplos reais de microfones disponíves no mercado.
A LeSon fabrica o microfone de lapela mais
comum de ser encontrado em qualquer
loja. É o LeSon ML-70, bom, bonito e barato.
O microfone de lapela é muito utilizado por
pregadores, no altar e/ou púlpito.
É um microfone condensador (cápsula
pequena, precisa de energia – pilha), com
padrão de captação ominidirecional (capta todos os sons em
360º na horizontal e 360º na vertical). Tem sensibilidade alta, -
38dB, ampla resposta de frequência, bastante linear, mas com
um pouco de reforço nos graves. É acessível, custa em média
R$ 50,00, e facílimo de ser encontrado em qualquer eletrônica.
Possui garantia de 6 meses.
Apesar de mais raros, existem microfones de lapela padrão
cardióide. São mais comuns de serem encontrados em
microfones sem fio.
Vantagens
Por possuir uma cápsula pequena e leve, a grande vantagem do
lapela é a discrição. É preso nas roupas, mas é tão pequeno que
em nada atrapalha a movimentação do pregador e a visão do
público em direção a ele. Também é bem leve, possibilitando o
uso por horas sem cansar. Se for sem fio, a liberdade é
excelente.
No caso do ML-70, ele é alimentado por uma pilha do tipo AA
1,5V, que costuma durar meses. Em geral, ela vai acabando aos
poucos, e praticamente só se nota isso quando é necessário
compensar muito o volume no canal da mesa de som.
Por ter alta sensibilidade, permite ser utilizado a vários
centímetros da fonte sonora, dando ampla liberdade de
movimentação ao pregador.
Forma de utilização
Apesar de sua alta sensibilidade, o
lapela deve ser utilizado preso na
gravata, logo abaixo do “nó”. Nessa
posição, o microfone estará de 10 a
15cm da boca da pessoa, e não será
preciso aumentar muito o volume,
diminuindo a chance de microfonia.
Apesar do próprio nome do microfone indicar que é para ser
usado na lapela do paletó, o uso neste local pode trazer alguns
problemas. Um deles é o fato de que, quando a pessoa vira o
rosto para o lado oposto, a captação do microfone é muito
pequena, perdendo principalmente os agudos. O segundo erro é
de uso: algumas pessoas erram e colocam o microfone ou muito
alto ou muito baixo na lapela. Muito alto, o microfone perde a
captação de agudos. Muito baixo, temos que aumentar o volume
e corre-se o risco de microfonia. Assim, a melhor posição para
esse microfone é logo abaixo do nó da gravata, onde se resolve
os dois problemas. Os operadores precisam ensinar aos usuários
a utilizar os microfones dessa forma.
Ah, é por cima da gravata. Tem usuários que os colocam por
baixo, só para ficar mais discreto ainda, mas é uma situação
impossível de se conseguir uma regulagem razoável. Se o
pregador da sua igreja usa assim, é necessário conversar com
ele.
O cabo entre o compartimento da pilha e o microfone é
pequeno, então o melhor a fazer é prender o compartimento
logo abaixo do tampo superior do púlpito. Nas igrejas que visito,
tenho visto diversas formas de fazer isso, mas é necessário
deixar a possibilidade de se efetuar a troca da pilha quando
necessário. Alguns usuários colocam o compartimento no bolso.
Desvantagens
A mais séria desvantagem deste modelo de lapela é o fato do
mesmo ser ominidirecional. A sua ampla captação (em todas as
direções) e sua alta sensibilidade (capta som de longe) o torna
um "prato feito" para microfonias em situações de sonorização
ao vivo. Mesmo que as caixas de som estejam “de costas” para
o pregador, ainda assim dá muita microfonia, se o volume
estiver alto. Usar um retorno para o pregador? Nem pensar. Nos
modelos sem fio que são cardióides, o problema é muito
minimizado, mas ainda podem acontecer se o pregador andar
muito e for para próximo de uma caixa de som.
O microfone da Le Son tem uma captação reforçada nos graves,
(+3dB em relação à médios e agudos), e isso aliado com a
mesas de som com equalização deficiente (um exemplo:
Ciclotron MXS, que também tem um reforço nos graves), acaba
causando a necessidade de se tirar quase todo o grave na mesa
de som, e mesmo assim o som ainda fica com muito “peso”. E é
nos graves que acontecem a maioria das microfonias com este
microfone. E quanto pior for a acústica da igreja, mais difícil será
de conseguir uma boa regulagem, tanto em volume quanto em
equalização. Ele é difícil mesmo de trabalhar, mesmo com uma
mesa melhor e com equalizador.
Se por um lado a cápsula condensadora permite ao microfone
ser pequeno e leve, por outro torna-os frágeis. O fio entre o
compartimento da pilha e a cápsula é muito fino, e pode se
romper se alguém der um puxão forte no mesmo (e não é raro
alguém “esquecer” que está com o lapela e sair do púlpito
carregando ele). Mesmo com todo o cuidado, as cápsulas
condensadoras são frágeis e quebram. Na minha igreja, por
exemplo, quando usávamos lapela, todo ano tinha que trocar de
microfone de lapela, por esse motivo.
A presilha da cápsula merece cuidado também. Se quebrar, não
existe substituição. Ninguém vende, então não jogue fora seus
microfones de lapela quebrados. Guarde-os, para aproveitar a
presilha, o windscreen, etc. em caso de necessidade.
A pilha, se por um lado dura muito, coincidentemente costuma
acabar nos cultos importantes, como casamentos, ceias, vigílias.
Então não se esqueça de trocá-las antes.
Outras informações
Em caso de quebra da cápsula, existe a reposição da mesma em
algumas eletrônicas. Vem completa, com a cápsula, a presilha e
o fio, devendo ser soldado diretamente no compartimento da
pilha, já que a solda na cápsula é muito difícil. A peça custa
caro, 50% do valor de um microfone novo.
É comum vermos esses microfones em estúdios de TV, em
programas de entrevista. Não quer dizer que é ótimo só porque
a Rede Globo utiliza. Nas entrevistas, trata-se de uma conversa
entre algumas pessoas em um estúdio com tratamento
acústico, e os microfones estão alí apenas para gravação da
voz. Nesses casos, não há retorno de som, não há caixas de som
por perto, não há microfonias e não há problemas: parece então
ser o microfone perfeito. Na igreja, com acústica deficiente, com
instrumentistas tocando alto, com retorno de voz para o pastor,
ele não é tão perfeito assim não….
Já vi este microfone ser utilizado em gravações do coral de
igrejas. Não é difícil: simplesmente coloque alguns voltados para
o grupo, bem alto, usando pedestais. Abra bem o volume do
canal e você ouvirá uma captação bem ampla de todo o grupo.
Mas esse som não poderá ir para as caixas, apenas para a
gravação, sob pena de mcrofonia.
Por ser um microfone barato, também tenho visto
muitos músicos utilizando-os. Principalmente com violinos e
flautas, pois o microfone é pequeno e pode ser adaptado
facilmente ao instrumento. O problema é a ocorrência
de vazamentos, que é quando um microfone capta sons
indesejados, além da sua fonte sonora. Por exemplo, capta um
violino mais uma voz ou outro instrumento que esteja situadas
por perto. O problema para o operador é regular um som que
sofre grande influência de outros sons, sendo muito difícil
conseguir uma boa equalização.
Recomendo utilizá-lo em igrejas com boa acústica e com mesas
de som de qualidade melhorpois tem qualidade melhor de
equalização e se consegue obter um resultado agradável. Os
sem fio cardióides são mais fáceis de trabalhar, mas ainda
podem ser complicados.
Curso de Microfones – Parte 2: os goosenecks
Apesar do nome estranho, se você já viu alguma foto ou mesmo
na TV de políticos na Assembléia Legislativa ou no Congresso
Nacional, você provavelmente já viu um microfone gooseneck. O
nome vem do inglês goose = ganso, neck = pescoço. Microfone
pescoço de ganso. Sua característica é possuir uma longa haste
flexível (o gooseneck), com a pequena cápsula de captação na
ponta. Essa haste pode ser manejada pela pessoa de forma a
posicioná-la da melhor maneira possível em direção à sua boca.
É um tipo de microfone específico para
serem colocados em cima de superfícies
(mesas, púlpitos), com alguns modelos
possuindo uma base e outros próprios para
serem fixados na própria madeira do púlpito. Não veremos esse
tipo de microfone sendo utilizado para em corais ou
instrumentos, por exemplo.
Se no lapela existe quase um monopólio do Le Son ML-70, no
caso dos goosenecks existem vários modelos e fabricantes. TSI,
Le Son, Yoga, SuperLux, todos eles tem pelo menos um na sua
linha, isso sem falar nos grandes nomes (e preços caros). O que
eu falo abaixo, só vale para os TSI MMF-102, 202 ou 302, e não
para os outros. São os que eu conheço, já testei e confio,
podendo recomendar.
São microfones condensadores (cápsula pequena, precisam de
energia – pilha), com padrão de captação cardióide (captam
todos os sons em 180º na horizontal e 180º na vertical).
Sensibilidade alta, -38dB, e boa resposta de frequência, também
com uma preponderância nos graves, como o lapela. O preço é
bem mais salgado: varia de 130,00 (modelo 102), 170,00
(modelo 202) a 220,00 (modelo 302). Possuem garantia de 6
meses.
Vantagens
A grande vantagem deste tipo de microfone, em relação ao
lapela, é o seu padrão de captação, que agora é cardióide. Ele
capta os sons vindos de uma única direção, e isso os torna
muito menos propensos a microfonias que os lapelas. Não que
eles sejam imunes a esse tipo de problema, mas é bem mais
fácil regular um gooseneck que um lapela.
Apesar de existir toda a haste e a cápsula ser maior que o
lapela, ainda assim possibilitam uma boa visão do pregador. Por
terem alta sensibilidade, permite ser utilizado a vários
centímetros da fonte sonora, dando ampla liberdade de
movimentação ao pregador. Aliás, com um único microfone
deste, situado bem no meio do púlpito, consegue-se captar o
som do pregador mesmo quando ele vira o rosto para as laterais
e se movimente um pouco. Atende bem um púlpito de 1 a 1,5
metro. Evidente que, se o pregador tem o costume de se
movimentar por todo o altar (ou palco), o gooseneck não é
indicado.
A construção desse tipo de microfone também é muito mais
robusta. A base é de um plástico resistente, com um peso de
chumbo por dentro, e a haste é metálica. Como o manuseio é
feito apenas pela haste, é difícil haver problemas. Pode ser
abaixado, para quando o usuário está de joelhos, sem problema
algum. Inclusive, a movimentação da haste não gera ruído
algum no microfone (o que usamos na minha igreja só começou
a dar barulho de movimentação após 3 anos de uso, e foi só
passar lubrificante – parafina – para resolver). A cápsula é bem
robusta. É microfone para anos.
O uso certo de qualquer microfone exige que o mesmo seja
apontado em direção à fonte sonora (boca). Mas é comum a
pessoa errar, não direcionando o microfone da forma correta, ou
deixando mais alto ou mais baixo. No caso de um lapela, isso faz
muita diferença. No caso do gooseneck, a diferença não é tão
grande. Pequenos erros de posicionamento são facilmente
acertados com ajuste no volume.
Forma de utilização
É colocar um no meio do púlpito, ensinar aos pregadores a
abaixar e levantar o microfone pela haste quando estiverem de
joelhos, a ligá-lo e desligá-lo e pronto. Quando de joelhos, as
pessoas devem orar de cabeça levantada, apontada para o
microfone (que deverá estará inclinado para baixo). Quando em
pé, as pessoas devem apontá-lo para a boca, acertando a
posição da cápsula para a altura correspondente de cada um. Se
o seu pastor for muito alto, o modelo 202 tem 5cm de haste a
mais que o 302. Se for muito alto mesmo, existe o modelo 303,
com uma haste de 60 cm, mais que suficiente.
Apesar de sua alta sensibilidade permitir captar o som a uma
distância relativamente grande (já testei em alguns casos a
até 80 centímetros da fonte, com boa captação) quanto mais
perto da fonte sonora (boca) melhor, pois teremos que usar
menos volume, com um risco menor de microfonias. De 10 a 20
centímetros é uma boa distância.
Na base, há o compartimento para duas pilhas AA, mas também
funciona com Phanton Power (há uma chave de seleção). Se a
pilha do lapela durava meses, no gooseneck costuma durar não
mais que um mês. É necessário estar atento para não esquecer
ele ligado de um dia para o outro.
Os TSI modelos 202 e 302 contam com uma luz vermelha junto
da cápsula que acende quando o microfone está ligado. No
começo se acha um pouco estranho e feio, mas alguns dias
depois ninguém se lembra que ela existe (e até sentem falta).
Na prática, essa luz serve para indicar tanto para o pregador
quanto ao operador de som que o microfone está ligado e
operando, e ajuda a evitar que se esqueça o microfone ligado
após o culto. O operador pode ver quando o pregador esqueceu
de ligar o microfone e pode tomar uma atitude.
Desvantagens
Quase nenhuma. Mais robusto (quebra menos), mais fácil de
regular (cardióide) e ainda permitir ampla liberdade do
pregador, esse microfone quase não tem defeitos. Basicamente,
o problema dele é o preço, mais caro que o lapela.
O microfone tem uma captação reforçada nos graves. Em igrejas
com acústica ruim (por exemplo, teto baixo), ele ainda será
complicado de trabalhar. Muito mais fácil que o lapela, mas
ainda assim trabalhoso para se conseguir uma boa equalização.
Outras informações
Não ache que este microfone é a salvação para os problemas de
microfonia. Ele é bem mais fácil de regular, dá menos
microfonia, mas precisa ser usado certo. Dá até para usar uma
caixa de som de retorno para o pregador, mas ela precisa estar
exatamente "nas costas" do microfone, à 180º em relação à
cápsula.
Soube de dois microfone destes com defeito. Em ambos, era na
junção haste/base, o fio rompeu logo alí. Nada que qualquer
pessoa com conhecimento de solda não consiga acertar.
Os 3 modelos da TSI (102, 202 e 302) usam a mesma cápsula,
mas tem preços muito diferentes. Os modelos 102/202 tem uma
chave liga/desligada de membrana, um pouco difícil de fazer
funcionar. O 302 tem uma chave muito mais fácil, mas é o mais
caro. Os modelos 202 e 302 tem a luz vermelha em volta da
cápsula.
Recomendo para as igrejas com boa acústica, que já se
cansaram do lapela, cujos pregadores fiquem fixos em um lugar,
não se movimentando muito. Funciona bem em qualquer mesa
de som. Aliás, quem já experimentou um gooseneck não volta
para o lapela jamais.
Outras marcas e modelos de gooseneck
Não são todos os modelos que prestam. O TSI MMS-100 é o
modelo mais barato (100,00), mas não resolve nada. Ele tem
cápsula condensadora, mas sua sensibilidade de -60dB é
baixíssima, menor que um microfone dinâmico bom (-53, -56dB,
em média). Isso quer dizer que o pregador terá que usar o
microfone muito perto da boca, e isso acaba com a liberdade
dele. Algumas igrejas que compraram esse modelo acabaram
tendo que usar 2, um de cada lado do púlpito, e mesmo assim o
resultado não é bom. O mesmo se aplica para os modelos TSI
PA-100 e PA-300, que usam cápsulas dinâmicas.
O gooseneck da Le Son também não é bom: tem sensibilidade
baixa também (-48dB). Só fica bom se houver 2, mas cada um
custa o mesmo que um único MMF-202. Os goosenecks da
SuperLux e Yoga não conheço, então não posso falar nada.
Repito para ninguém fazer errado: gosto e recomendo os TSI
das séries MMF-102, MMF-202 e MMF-302. Todos tem
sensibilidade altíssima, -38dB, e um único deles, no meio do
púlpito, consegue captar completamente o som do pregador.
Curso de Microfones – Parte 3: de mão (sorvetões)
Sorvetão?? Isso é microfone? Na verdade, sorvetão é o nome
dado ao tipo mais comum de microfones, os microfones de mão.
São aqueles formados por um cone metálico, onde em uma
ponta fica o conector XLR e na outra a cápsula de captação, e
esta é protegida por um globo. O formato imita perfeitamente
um sorvete, daí o nome. Se você acha o nome “sorvetão” ruim,
pode chamá-lo de microfone de mão.
É o tipo de microfone mais comum que existe, tanto com ou
sem fio. Encontrados em qualquer lugar: até lojas de
departamento e camelôs. Assim, fica difícil recomendar uma
marca e/ou modelo específico. Existem centenas de microfones,
desde os famosíssimos Shure até os desconhecidos Carol, JWL e
Aistar. Mas não quer dizer que por ser de marca desconhecida
seja ruim. Às vezes, há boas surpresas nessas marcas, com um
preço muito menor que os similares famosos.
Em algumas denominações, os pregadores os usam na mão
(como os cantores fazem), tanto para ter liberdade total de
movimentos (pregadores que andam muito no altar ou palco,
por exemplo) quanto para dar um efeito mais dramático. Se o
modelo for sem fio, a liberdade é total. Em algumas igrejas, esse
microfone é utilizado em cima de um pedestal de púlpito. Não é
aquele pedestal de microfone que vai até o chão não; é um
pequeno, com uma base de ferro (para servir de contrapeso) e
uma haste metálica flexível. Essa haste permite ajustar o
microfone, como a haste dos goosenecks.
Para cantores, é usado em geral na mão mesmo ou em
pedestais. Para instrumentos, sempre com pedestais de
microfones.
Em geral, são microfones dinâmicos, com cápsulas
relativamente grandes. Alguns raros são condensadores. As
cápsulas dinâmicas têm o mesmo princípio de construção de um
alto-falante, e não precisam de energia para funcionar. A
maioria absoluta tem padrão de captação cardióide (capta todos
os sons em 180º na horizontal e 180º na vertical) ou mesmo
supercardióide (captação em 130º na horizontal e 130º na
vertical).
A sensibilidade é muito mais baixa que as cápsulas
condensadoras: varia de –50dB (os melhores) a –80dB (os
piores). O preço varia conforme os modelos: pode-se comprar
bons microfones a partir de R$ 50,00 a até o caríssimo Shure
Beta58, por R$ 900,00. Cada fábrica tem uma garantia
diferente, em geral de 1 ano, mas alguns chegam a ter 5 anos.
Pelas características desse microfone, vamos inverter a ordem:
primeiro apresentar as desvantagens e depois as vantagens:
Desvantagens
A baixa sensibilidade desses microfones obriga a pessoa a
utilizá-lo bem próximo à boca. Quanto mais afastado da fonte
sonora, menor a captação. Os melhores (próximo a -50dB)
podem ser usados até 10cm da fonte sonora, no máximo 15cm,
mas os piores (qualquer coisa acima de –65dB) praticamente
obrigam ao usuário “grudar” a boca no microfone. Para o
pregador, com o microfone em pedestal, isso é péssimo, pois
tira toda a liberdade do pregador. Ele vira “refém” do microfone,
não podendo se distanciar muito dele, sob pena da captação
diminuir muito. A não ser, claro, que o utilize na mão.
Esse microfone é o que mais sofre com o chamado “efeito de
proximidade”. Quanto maior a distância entre a boca e o
microfone, menos graves o microfone conseguirá captar. Por
outro lado, quanto mais próximo, mais graves haverá. Todos os
microfones direcionais (cardióides, supercardióides) sofrem com
isso, mas nos dinâmicos de mão é onde o problema é mais
aparente.
O efeito de proximidade é ruim para o operador de áudio, que
precisa estar bem atento. Momentos em que o pregador lê a
Bíblia ou faz alguma oração, abaixa a cabeça e se aproxima do
microfone, fazem o grave ficar mais forte, o que precisa ser
compensado na mesa de som. Não é muita coisa a se
compensar, mas exige atenção.
Para cantores, principalmente as vozes masculinas, se o
microfone estiver muito afastado, a voz perderá o grave
característico. Mas alguns cantores masculinos usam o efeito de
proximidade como um aliado. Aproximam o microfone nas
partes mais suaves da música, para dar "peso", e o afastam nas
partes mais fortes, para compensar o aumento no volume de
voz.
Para uso em púlpito, esse microfone é muito grande e pesado
quando comparado com os outros tipos. E como a haste do
pedestal também é bastante larga, acaba atrapalhando a visão
do pregador. É como você conversar com alguém que está
chupando sorvete: a boca e queixo desaparecem atrás do
mesmo. Isso sem contar o fato de que às vezes acontecem
acidentes: o microfone “escorrega” do cachimbo (peça que
prende o microfone à haste do pedestal) e vai parar no púlpito
ou mesmo no chão. Isso não é raro de acontecer.
Muitas cantoras também não gostam de ficar segurando o
microfone. Realmente, alguns modelos são pesados, como o
Samson Q7, com quase meio quilo. "Arrebenta" o braço do
usuário se ele tiver que ficar segurando o microfone por muito
tempo. Existem modelos leves mas com qualidade. De qualquer
forma, o uso de pedestais resolve o problema.
Se usado com pedestal, é um microfone trabalhoso na hora de
ajoelhar. É necessário tirar o microfone do pedestal, utilizá-lo e
depois colocar novamente no púlpito. O movimento gera
vibrações que costumam ser captadas pelo microfone e o
sonoplasta precisa estar sempre atento. Se usado na mão, não
há problema algum.
Vantagens
Se por um lado a baixa sensibilidade “prende” o pregador,
cantor e músico junto ao microfone, ela também dificulta a
ocorrência de microfonias. Como o microfone não consegue
captar sons a distâncias grandes, a chance de captar o som de
uma caixa de som ou de uma reflexão na parede é mínima. Não
quer dizer que não aconteça, mas dá muito menos microfonia
que qualquer lapela e menos que qualquer gooseneck. Se a
acústica do lugar é muito ruim, este é o tipo de microfone a ser
utilizado.
Permite a utilização de caixa de retorno. A caixa deve estar
sempre “nas costas” do microfone, nunca apontada para ele,
claro. Por isso, é o microfone ideal para ser usado com cantores
que exigem volume de retorno muito alto.
A durabilidade deste tipo de microfone é enorme. Os
“sorvetões” são extremamente robustos, principalmente os de
boa marca, durando anos, décadas. Aguentam até quedas, mas
não é por isso que vamos descuidar deles.
Por último, não usa pilhas. Pelo menos não tem problema da
pilha acabar logo na vigília ou casamento.
Escolha do microfone
É importante escolher o microfone certo para ser utilizado no
púlpito. Sempre tenha o cuidado de escolher um modelo com
grande sensibilidade. Tem que ser entre –60 e –50dB.
Obrigatoriamente. Quanto mais baixo o número, melhor.
O ideal, como já vimos, é usar um microfone dinâmico para um
único usuário. Para cantores, um mic bem sensível permite o
uso de até 3 vozes femininas (ideal 2) por microfone, e até 2
vozes masculinas (ideal 1) para vozes masculinas. A cada vez
que "acrescentamos" um usuário, afastamos um pouco o
microfone das fontes, e com isso perdemos graves (efeito de
proximidade).
Cuidado com a escolha do padrão de captação (cardióide ou
supercardióide). Deve-se levar em conta o tipo de retorno que
será utilizado.
Para o púlpito, recomendo para as igrejas com acústica muito
ruim. Na verdade, é o microfone menos indicado para o púlpito,
mas às vezes é a única solução para evitar microfonias onde a
acústica é ruim. Já para cantores e instrumentos, é praticamente
a primeira opção de escolha.
Outras informações
Os sorvetões são o “Bombril” dos microfones. 1001 utilidades.
Podem ser utilizados em qualquer lugar (acústica boa ou ruim),
com qualquer instrumento (através do pedestal adequado), com
qualquer voz. São chamados de microfones de uso geral,
funcionam bem em qualquer lugar. Pode não ser o melhor
microfone para uma certa aplicação, mas com certeza
funcionará bem, com a vantagem de ser muito robusto e
durável, e de ter excelentes preços.
Em caso de defeito da cápsula, pode-se substituí-la facilmente.
Nas eletrônicas existem as cápsulas originais Le Son (cabem em
qualquer microfone), mas são muito caras, custando às vezes
mais que um microfone inteiro de outra marca (dólar baixo faz
isso).
Não se esqueça: quanto mais próximo da fonte sonora, melhor!
Ensine aos usuários a manterem o microfone próximo à boca, ao
instrumento. O microfone precisa estar bem posicionado, o
globo do microfone deve sempre apontar diretamente para a
fonte sonora. Ensine sempre, pois é muito comum os usuários
utilizarem o microfone "de lado", como um sorvete, posição esta
que perde muito em captação.
Curso de Microfones – Parte 4: os headsets
Microfones headsets (head = cabeça) são condensadores
(cápsula pequena, precisa de energia – pilha) com uma haste
que é presa na cabeça do usuário, nas duas orelhas. O Le Son
HD-75 é um bom exemplo com fio, mas é muito mais comum
encontrar esse tipo de microfone em sistemas sem fio.
Como o microfone é preso pela cabeça, ele
acompanha a movimentação da pessoa. Dá
bastante liberdade ao usuário. A cápsula do
microfone está sempre posição diretamente
à frente da boca da pessoa.
No modelo da Le Son, a pilha fica em um
compartimento igual aos lapelas ML-70, e
tem uma boa durabilidade (meses). Em microfones sem fio, a
mesma pilha que alimenta o transmissor também alimenta a
cápsula.
A sensibilidade pode ser baixa, pois a distância até a fonte
sonora é pequena e não varia. No caso do HD-75, a
sensibilidade é de –46dB, um valor intermediário entre os lapela
e gooseneck (-38dB) e os dinâmicos de mão (-52dB). Essa
sensibilidade aliada à posição fixa bem próxima da boca permite
um alto volume de captação. Existem modelos com padrão de
captação ominidirecional ou cardióide (captação em 360º ou em
180º), sendo este última mais comum e é utilizado neste modelo
da Le Son . O preço do Le Son HD-75 é aproximadamente
150,00. Garantia de 6 meses.
Vantagens
A grande vantagem deste tipo de microfone é a posição fixa e
constante, junto à boca da pessoa. Por estar próximo da fonte
sonora, precisamos abrir pouco o volume, e por consequência
teremos menos risco de microfonia. A maioria ainda é direcional
(cardióide, supercadióide), e dá para ter retorno de som
tranquilamente.
A liberdade de movimentação do usuário é total. Para onde ele
se virar, o microfone estará sempre com ele. Este tipo de
microfone, em sistemas sem fio, é o preferido por palestrantes e
professores, que precisam se movimentar muito e ter as mãos
livres.
Podemos ver esse microfone na televisão, em programas de
auditório ao vivo, onde o usuário muito se movimenta. São
locais com muitas caixas de som, e nesse caso headsets são
insuperáveis, pois são os menos sujeitos à microfonias.
A construção desse tipo de microfone varia muito de qualidade.
O Le Son até é bem robusto, e vários modelos de boas marcas
também o são. Mas existem os que são tão frágeis quanto os
lapelas. Já cheguei a ter nas mãos um modelo todo de plástico
de R$ 30,00, de aparência fragilíssima De qualquer forma, toda
cápsula condensadora precisa de mais cuidados que uma
dinâmica.
Desvantagens
É pouco usado como microfone de púlpito, apesar das
vantagens. O motivo é que é um “trambolho”. Ainda que seja de
cápsula relativamente pequena e não atrapalhe a visão da
platéia para o pregador, o sistema de fixação na cabeça é
complicado. É necessário encaixar o suporte nas orelhas e
depois acertar a posição da haste do microfone em direção à
boca. É trabalhoso e toma tempo, e por isso muitos não querem
utilizar um microfone desses. Também é incômodo para quem
usa óculos. Chega a doer a orelha após algumas horas de uso.
No caso do modelo da Le Son, ainda tem um "trambolhinho",
que é o compartimento da pilha.
É um excelente microfone, que não merece os olhares
desconfiados dos usuários. Parece que as pessoas tem
verdadeira vergonha de colocar o headset, já que é trabalhoso
mesmo. Mas, uma vez acertado, é simplesmente excepcional. A
maioria é bem leve.
Outras informações
É um tipo de microfone útil para quem precisa deixar as mãos
livres. É muito utilizado por músicos, como os flautistas, ou
ainda aqueles que querem cantar e tocar ao mesmo tempo,
como tecladistas.
Recomendado: sempre, é muito bom mesmo. Pouquíssimo
problema de microfonia (sem exagerar no volume, claro). Mas
convencer os usuários é outra história. Quando a acústica do
lugar for péssima, será a melhor opção.
Curso de Microfones – Parte 5: os earsets
Microfones earsets (ear = orelha) são uma evolução dos
headsets. Se os headsets são “trambolhos”, os earset são
extremamente pequenos e discretos. Na verdade, são quase
invisíveis. São condensadores (cápsula pequeniníssima, precisa
de energia – pilha), cuja haste é presa em apenas uma orelha do
usuário. É o microfone muito utilizado por apresentadores de
televisão em programas de estúdio, sendo que algumas vezes
só o notamos se prestarmos bastante atenção.
Os earsets são caros, caríssimos.
São tão caros que praticamente só
existem modelos para uso em
sistemas sem fio. O preço dos sem
fio começam em 1.500,00 reais,
mas há modelos até 5.000,00 reais.
A maioria é ominidirecional, de sensibilidade baixa. A
sensibilidade pode ser baixa porque a distância até a fonte
sonora é pequena e não varia, tal qual o headset.
Vantagens
Como os headsets, a grande vantagem deste tipo de microfone
é a posição fixa e constante, próximo à boca da pessoa. Mesmo
sendo ominidirecional, a baixa sensibilidade faz com que
somente o som bem próximo à boca seja captado. Dá até para
utilizar retorno para o pregador sem problemas, mas em volume
menor que nos headsets.
A liberdade de movimentação do pregador é total. Para onde ele
se virar, o microfone estará sempre com ele. Este tipo de
microfone, em sistemas sem fio, é o preferido por pregadores de
quaisquer igrejas, tanto pela discrição quanto pela qualidade. E
é bom também para os operadores, pois é difícil de dar
microfonia.
Desvantagens
Extremamente frágil. Todos
precisam de muito cuidado.
As soldas são mínimas, e
quebram facilmente. Os fios
são finíssimos, e muito
suscetíveis a problemas. A
cápsula é mínima, de tão
pequena. É um microfone que requer muita atenção e cuidado
antes, durante e depois do culto. A figura ao lado destaca os
pontos mais frágeis, exatamente os pontos de solda.
Ele é bem menor que os headset, mas seu sistema de prender é
mais complicado. Se no headset você tem que encaixar o
suporte por cima das orelhas, neste é necessário encaixar o
suporte em volta de uma orelha. A diferença parece ser
pequena, mas não é. Muita gente se complica totalmente ao
colocar esse microfone. E nem todo mundo acerta: alguns
acabam colocando errado o microfone e apontando a cápsula
muito para baixo ou para cima, forçando uma intervenção do
operador de som (ir no lugar e acertar).
Atente para isso: esse microfone precisa de treino para ser
colocado corretamente. O sonoplasta deve aproveitar um
momento antes ou após o culto e, com cada usuário, treinar a
colocação e retirada do microfone.
Outras informações
Aproveite para comprar o modelo com a maior garantia possível.
Em caso de defeito e o microfone estiver fora da garantia, o
conserto será estremamente difícil e caro. Alguns fabricantes
vendem somente o microfone, sem ter que comprar o sistema
sem fio completo.
Recomendo sempre, é excelente. Mas precisa de treino de uso
por parte dos usuários e muito cuidado por parte de todos.
Curso de Microfones – Parte 6: para coral (A)
Microfones para coral são pequenos, alguns modelos
até lembram o lapela, só que sem o suporte para prender no
terno. São representantes dessa categoria os AKG CK31, o AKG
CK32, o Shure EZO e o Samson CM12C. São microfones que
permitem a captação de muitas fontes sonoras ao mesmo
tempo, por isso são indicados para captação de coral e
orquestras (instrumentos acústicos).
O AKG CK31 e o CK32 são idênticos, mas o CK31 é
cardióide e o CK 32 é ominidirecional. Ambos são
microfones condensadores, precisam de Phantom
Power, bem pequenos (um pouco maior que o
lapela), altíssima sensibilidade (-34dB) e caríssimos.
Custam aproximadamente R$ 800,00.
Já o Shure EZO é um condensador cardióide que
também precisa de Phantom Power, sensibilidade de
–45dB. Também é bem pequeno. O custo é menor,
por volta de R$ 600,00.
A Samson também tem um modelo, o CM12C. Condensador
cardióide, tem sensibilidade de -42dB. O custo é
aproximadamente R$ 350,00.
Vantagens
Todos são muito pequenos e fáceis de carregar.
Como têm alta sensibilidade, permitem a
captação de várias pessoas de uma só vez. O
CK32, ominirecional, tem uma área útil de captação de até 7m
de distância entre a fonte sonora e a cápsula, em cada direção
(um círculo de 7 metros de diâmetro em volta do microfone). O
CK31, cardióide, tem captação até 7 metros de distância em
forma de meio-círculo. O Samson CM12C e o
Shure EZO abrangem uma menor área, captando sons a uma
distância bem menor que os outros (e por isso talvez será
necessária uma quantidade maior deles).
Também podem ser utilizados para captação de um naipe (um
conjunto de instrumentos idênticos) na orquestra. Um único
microfone desses pode captar 12 ou mais cordas, por exemplo.
Como são microfones que captam várias vozes/instrumentos ao
mesmo tempo, uma vantagem interessante é poder utilizar uma
pequena quantidade de microfones e mesa de som pequena. A
economia em quantidade de microfones, cabos e mesa de som
pode até compensar o maior custo desse tipo de microfone.
Forma de uso
São microfones específicos para a captação
de corais, (de um naipe de vozes até todo o
coral) ou de uma orquestra (naipe de
instrumentos ou toda a orquestra). Capta-se
as vozes ou instrumentos, a interação entre
eles e até mesmo a ambiência do local.
Essa interação entre as vozes e instrumentos é muito
importante. A sonoridade obtida, com várias vozes/instrumentos
aparecendo em uníssono (soando como se fosse uma única
fonte sonora) é totalmente diferente de se fazer uma captação
individual, voz por voz (instrumento por instrumento), e depois
misturar tudo.
Desvantagens
Se ser pequeno e fácil de carregar é uma vantagem por um
lado, por outro lado facilita a perda, o “esquecimento” e o furto
do microfone. Olho neles e muita atenção! São muito caros.
Se a alta sensibilidade ajuda na captação de um naipe, de outro
lado complica a vida do operador de som. Pode acontecer muito
problema de vazamento (captação de outros sons indesejados)
e realimentação (microfonia). O uso de caixas de som de retorno
é bastante limitado (somente se o microfone for cardióide, e a
caixa deve estar exatamente atrás) ou até mesmo não
recomendado (se os microfones forem ominidirecionais, caso do
AKG CK-32, que é mais voltado para gravação, não para
sonorização ao vivo).
A sensibilidade altíssima de alguns modelos os tornam
até difíceis de trabalhar. Qualquer barulho na área de captação
vai direto para o microfone, inclusive o folhear de uma
coletânea, o zíper de uma Bíblia, a marcação com o pé de um
ritmo, o andar de alguém. Solução? Muito treino e ensaio, muita
explicação para os usuários do que pode fazer e não fazer. Por
outro lado, não se perde nem um detalhe, nenhuma nuance
musical.
Como são microfones para serem usados em suportes (alguns
são presos diretamente ao teto) ou pedestais, o grupo precisa
cantar todos os hinos na posição em que o microfone foi
regulado. O grupo não pode trocar de posição (em pé/sentado),
porque muda tudo e não dá para reajustar o microfone.
Além disso, recomenda-se utilizados em locais de acústica
ótima. Com acústica ruim, o microfone capta o som e a reflexão,
e microfona muito fácil. O cardióide sofre menos, mas a alta
sensibilidade ainda assim torna o risco muito grande.
Outras informações
Esse tipo de microfone é comum em estúdios, onde temos
ambientes acusticamente controlados e tempo, muito tempo
para encontrar o melhor posicionamento. Em igrejas e em
Anfiteatros, até é possível arriscar um microfone desses, desde
que com boa acústica e condições de se testar várias posições
para os cantores e músicos. Já em eventos em colégios,
quadras, etc, não são recomendados, pois nunca se sabe qual a
acústica do local.
Curso de Microfones – Parte 7: para coral (B) – os overs
Over (= por cima) designa um tipo de microfone em formato de
tubo, com cápsulas condensadoras, cardióides e todos
precisando de energia (na maioria, Phantom Power). Nos
Estados Unidos, chamam esse microfone de "pencil type", ou
seja, "tipo caneta". Existem vários exemplos:
- Le Son MP-68PH, sensibilidade –
48dB. Funciona com uma pilha
AA. Preço médio: R$ 250,00
- TSI C-3, sensibilidade –
45dB. Funciona com pilha AA ou
Phantom Power. Preço por volta
de R$ 250,00 (mais caro que o
Le-Son, mas vem com case de
proteção em alumínio).
- Samson C02, sensibilidade –
40dB. Preço médio de R$ 350,00
o par (só é vendido aos pares)
- Behringer C2, sensibilidade –41dB. Preço médio do par: R$
280,00
É muito comum ver esses microfones captando os pratos e a
ambiência de baterias acústicas. Mas nada impede que sejam
utilizados para outros fins.
Os microfones tem características parecidas com os microfones
para corais. Eles também servem para captação de muitas
vozes ou instrumentos ao mesmo tempo, dada sua alta
sensiblidade. E apresentam, dentre suas inúmeras vantagens,
um preço bem mais acessível.
Vantagens
Mais robustos que os microfones para coral, com quase as
mesmas características, apesar da sensibilidade ser um menor,
na média. Ainda assim, são pequenos e fáceis de carregar.
Como são microfones que captam várias fontes sonoras ao
mesmo tempo, pode-se usar um pequeno número de microfones
e mesa de som de poucos canais. A economia com cabos e
canais de mesa de som compensa facilmente o seu custo.
A sensiblidade mais baixa e o fato de serem todos cardióides
ajuda a diminuir a ocorrência de microfonias e vazamentos. Em
compensação, serão utilizados mais microfones que os modelos
para coral.
Forma de uso
Como tem a sensibilidade um pouco mais baixa e são
cardióides, um microfone desses vai captar um menor número
de vozes ou instrumentos, em relação aos outros tipos de
microfone para coral vistos no artigo anterior. Por exemplo, em
testes que já realizamos, um Le Son MP-68 chega a captar até 8
vozes, enquanto um Samson C02 chega a captar 10 a 20 vozes.
Evidente que isso varia de caso a caso. Até mesmo a disposição
dos cantores e/ou músicos em relação ao microfone altera essa
conta.
Em locais com boa acústica, podem ser usados em pedestais,
por cima do coral ou dos músicos, de forma a captar uma boa
quantidade deles. Em locais com acústica ruim, devem estar
ainda em pedestais, mas na altura da fonte sonora, captando
uma quantidade menor de fontes. Exigem um certo espaço para
a montagem do pedestal e adequação da posição.
Para quem for usá-los para captação de corais, o ideal é colocar
as pessoas que cantam com menos volume de voz mais
próximas do microfone, e as que cantam com volume mais
forte devem estar mais afastadas, compensando assim as
diferenças de volume com a varaição da distância. Quanto ao
posicionamento, o ideal seria colocar todos os cantores em
formação de meia-lua ao redor do microfone.
Desvantagens
Como são microfones para coral, é necessário evitar abrir zíper
de Bíblia, folhear coletâneas e hinários, conversar, etc. Tudo isso
será captado pelo microfone. Os usuários precisam
ser instruídos quanto a isso.
Um detalhe pequeno mas importante: são microfones para
serem usados em pedestais. Acertar microfones com os
cantores sentados é uma coisa, em pé é outra completamente
diferente. Uma vez acertada a posição, o grupo de cantores
deverá sempre cantar na mesma posição. Isso é menos crítico
para músicos, que sempre tocam na mesma posição.
Outras informações
Alguns desses microfones, por serem projetados principalmente
para captação de pratos de bateria, tem resposta de graves
atenuada, com ênfase nos médios e agudos, o que os torna
melhores para vozes femininas que masculinas. O Behringer C2
(em menor grau) e o Le Son MP-68 (em maior grau) são
exemplos disso.
Em comparação com os microfones de coral do artigo
anterior, já dá para usar esses microfones em eventos, emlocais
com acústica não tão boa.
O Edu Silva, que organiza o www.audiolist.org, o maior fórum de
sonorização profissional do Brasil, deu uma verdadeira aula
sobre microfonação de corais. Ele ensina como microfonar 40
vozes com apenas 4 microfones, em um ginásio (!!!), e dá
outros macetes e detalhes. Confira em:
http://audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=95
Curso de Microfones – Parte 8: de estúdio
Apesar de não ser comum, algumas igrejas ou mesmo um
cantor ou músico investe em um microfone de estúdio. Não que
os outros tipos de microfone não possam ser utilizados em
estúdio, mas este é um tipo especificadamente construído para
gravações.
Quando falamos em
gravações, estamos
querendo dizer:
- qualidade sonora
extremamente
agradável. – chave de
atenuação e filtros de
graves selecionáveis no
próprio microfone
- condensadores que
precisa de Phantom
Power (mesas de
estúdio sempre têm
Phantom)
- preço alto
- sensível a variações de umidade
- microfones delicados (pouco robusto).
As características técnicas (padrão de captação, sensibilidade,
resposta de frequência) podem variar de um modelo para outro,
mas isso não importa muito para esse artigo.
A pouca robustez desse tipo de microfone (uma queda pode
causar sérios danos) não é um defeito, mas sim uma
característica do ambiente em que o mesmo será usado. Um
estúdio é um ambiente controlado: ar-condicionado
(temperatura e umidade estáveis), lugar para guardar tudo,
pedestais firmes presos no chão e no teto. E só o pessoal do
estúdio que mexe nos equipamentos. Quem está lá para gravar
só pede, os funcionários que fazem.
Um exemplo é o Behringer B-1(mas assim como ele existem
centenas de modelos específicos para estúdio, de dezenas de
fabricantes). Ele vem em uma maleta própria, toda rígida e
forrada de espuma, e ainda com a proteção anti-choque. O
microfone é preso firmemente no anti-choque e este é preso no
pedestal. O anti-choque (mais conhecido como aranha) tem
várias funções, a saber: isola o microfone das vibrações do
pedestal, do chão, etc. e proteje o microfone das mãos do
usuário. Você movimenta o pedestal, não o microfone, para
acertar o posicionamento.
Essa “delicadeza” faz com que o microfone seja muito frágil, e
deve ser utilizado com muito cuidado. Não é um microfone
indicado para sonorização ao vivo, porque nesses lugares não
temos como controlar todo o necessário. Sempre pode
acontecer um acidente: alguém que passa e derruba o pedestal
com microfone junto.
Por serem condensadores de alta sensibilidade, também podem
ser utilizados para corais ou naipes de instrumentos. Entretanto,
por terem os diafragmas largos, microfonam muito fácil nas
frequências graves. Dos tipos que já estudamos (mics de coral
propriamente dito e mics do tipo “over”), seria os menos
indicados.
Curso de Microfones – Parte 9: comprando microfones
Na Revista “Áudio Música e Tecnologia” de Agosto/2004 achei
muito interessante uma pergunta feita a Sólon do Valle, sobre
microfones, que ilustra bem os passos para se comprar um
microfone. Definido o tipo de microfone (lapela, sorvetão, de
coral, gooseneck, etc), escolher entre tantos modelos e tipos é
algo complicado. Este artigo visa facilitar o processo de escolha.
Nota: os microfones citados na revista são de estúdio, muito
caros. O importante não é o tipo do microfone, mas o conceito
por trás da idéia que o engenheiro e professor quis passar.
“Olá,
onde está a diferença (na prática) entre um microfone que tem
resposta de frequência de 10Hz a 18kHz (como o CAD E-100) e
outro que tem resposta de frequência de 20Hz a 20kHz (como o
C1 da Studio Projects)? Alan
Caro Alan,
Na prática, só a resposta não define muita coisa – e você já deve
ter desconfiado disso. Na música e no áudio em geral não existe
nada usável abaixo de 20Hz (infrasom) e muito pouco entre
18kHz e 20kHz. Mas devemos lembrar que, provavelmente, um
microfone que responde a partir de 10Hz responde com maior
facilidade, maior solidez, abaixo de 50Hz do que outro que
responde “só” a partir de 20Hz. O mesmo vale para o limite
superior: o microfone que responde até 20KHz provavelmente é
mais transparente acima de 16KHz do que outro que “só”
responde até 18KHz. E isso também vale para outros
componentes da cadeia do áudio, como mesas, amplificadores e
alto-falantes.
Analisando os gráficos de curva de resposta dos microfones que
você citou, note que há diferença: a 50Hz, o C1 responde 2dB a
menos, portanto o E-100 é mais “gordo” (tem mais “peso”, mais
graves). Além disso, o C1 é muito mais “brilhante” (mais
agudos) , realçando cerca de 5dB em 12,5KHz. Ou seja, para
instrumentos e vozes graves, a escolha seria pelo E-100 (mais
“gordo”), enquanto para instrumentos e vozes agudas o favorito
certamente seria o C1.
As variações da resposta entre 40 e 16KHz são as que definem
de fato o timbre de um microfone. Microfones são instrumento
musicais, e não frios conversores de eneriga. Têm colorações,
modificam o som de maneira muitas vezes agradável. Em
muitos casos, um microfone com resposta “pior” é o que soa
melhor.
Não use só a resposta especificada como parâmetro de escolha.
Experimente, pergunte a outras pessoas. Não se prenda a
números apenas”. Sólon do Valle.
Observe só:
- o Sóllon provavelmente não tinha os microfones em mãos.
- ele pesquisou e verificou as características técnicas dos
aparelhos, seus manuais. Um bom microfone sempre apresenta
nos seus manuais as características técnicas.
- ele analisou os aparelhos não só pela resposta de frequência,
como também esta em relação à curva de resposta.
Pela curva de resposta, podemos “prever” o comportamento do
microfone. Repare nos 2 gráficos de resposta de frequência dos
exemplos acima. É claramente perceptível que a resposta de um
dos microfones é plana entre 100Hz e 2kHz, enquanto no
outro a resposta só é plana entre 300Hz e 2kHz. Podemos
esperar que o microfone com resposta mais plana na região das
baixas frequências tenha graves melhores que o outro (o que já
pudemos constatar na prática).
Aqui, fica o primeiro alerta. Ao escolher microfones, sempre
confira antes os seus manuais, suas especificações técnicas.
Analise a resposta de frequência, sempre em conjunto com a
curva de resposta. Verifique o tipo de tecnologia da cápsula:
condensadora ou dinâmica. Condensadoras costumam captar
mais detalhes e ter melhores agudos, mas em compensação são
mais frágeis. Dinâmicos são mais resistentes e não precisam de
Phantom Power.
Verifique a sensibilidade. Entre dois microfones semelhantes,
sempre escolha o que tiver a sensibilidade mais alta. Também
não deixe de olhar o máximo volume de pressão sonora (SPL)
que o microfone aguenta. Bons microfones aguentam altos
níveis de volume, enquanto outros “racham”, distorcem quando
submetidos a uma pessoa de voz poderosa ou instrumento
musical mais forte (metais, por exemplo). Quanto maior o dB
SPL suportado, melhor.
Fuja dos microfones que não apresentam essas características
nos seus manuais, ou que nem apresentem manuais. Se o
fabricante não teve o cuidado sequer de escrever o
comportamento esperado pelo microfone, imagine o “cuidado”
que ele deve ter tido na construção do mesmo.
Números e especificações ajudam, mas não bastam para decidir
um investimento. Para isso é necessário testar, testar e testar.
Comparar, ouvir, saber o que se está procurando e o que se
espera. Usar para isso um dos mais fantásticos “equipamentos”
que Deus nos proporcionou: os nossos ouvidos.
Cuidado com marcas! Mesmo alguns fabricantes de primeira
linha (Shure, AKG, Audio-Technica, etc) tem microfones que às
vezes nos surpreendem… negativamente. Parei em uma loja
para examinar um microfone AKG D40S, de R$ 50,00, resposta
de frequência de 80Hz a 20kHz. Pedi para testar, e quando o
vendedor o tirou da caixa, tive uma surpresa total: o AKG D40 é
de plástico, com cabo fixo, parecendo microfone de karaokê*.
Qualidade sonora de “taquara rachada”. Eca!!! Já um outro
microfone de marca desconhecida, Groovin GM-580, chinês de
baixo custo, apresentou um som muito mais encorpado, bons
graves e agudos, em relação ao D40S. E o preço do Groovin era
até menor, cerca de R$ 45,00. Como disse o engenheiro, não dá
para viver só de números.
* nota: pesquisando no site, descobri que o D40S é
realmente voltado para uso doméstico, karaokê mesmo. Se
pareceu “taquara rachada” em uma caixa de PA, em um alto-
falante de televisão vai funcionar perfeitamente bem.
Vai comprar um microfone para as vozes do coral da igreja?
Então leve cantores junto com você. Uma voz feminina e uma
voz masculina. Coloque-os para testar o microfone, sempre
repetindo o mesmo trecho de música. Mantenha o mesmo
equipamento: a mesma mesa, o mesmo cabo, a mesma caixa
de som. Mantenha toda a equalização em flat! Vá trocando
apenas os microfones.
Enquanto uma pessoa canta, outra avaliará qual é o melhor
resultado sonoro. Não dá para uma pessoa cantar e avaliar
(muita gente erra nisso, faz seus próprios “testes” de
microfone). É absolutamente normal descobrir que o microfone
X funciona melhor para vozes masculinas, enquanto o microfone
Y funciona melhor para vozes femininas.
Da mesma forma, se for um microfone para um instrumento
musical, leve o músico e o seu instrumento para a loja. Não se
importe em “pagar mico”. Importe-se em fazer a melhor escolha
possível.Faça isso com muito tempo, sem pressa. Teste todos os
microfones que couberem no seu orçamento. Os resultados
serão surpreendentes, e com certeza você terá condições de
fazer a melhor escolha.
Não dá para usar para pregadores em um púlpito. Esse tipo de
microfone é muito grande (com a aranha, fica maior ainda),
atrapalhando a visão do pregador. Mas em um estúdio, em uma
rádio, não tem coisa melhor.
Por último, cuidado com vendedores. Se você chegar em uma
loja e pedir o melhor microfone da loja, provavelmente vão te
apresentar um desses. E você testará, e soará muito melhor que
os outros, inclusive melhor que Shure SM-58. E, se dinheiro não
for problema, você o comprará. Só que o vendedor não vai lhe
dizer que é um microfone frágil. Aí você leva para a igreja ou
para o evento e descobre esses problemas da pior forma:
perdendo o microfone.
Não recomendo para uma igreja comprar. Muita gente vai mexer
e poucos vão cuidar. Só compre se for para seu uso pessoal, e
só se você for tomar conta muito bem dele.