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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
A IMPORTÂNCIA DA CRONOBIOLOGIA NO PROCESSO ENSINO
APRENDIZAGEM
Autora: Angela Maria Guandalini Bossa1
Orientador:Prof. Dr. Rafael Bruno Neto2
Resumo
Este artigo tem como finalidade apresentar os resultados da aplicação do Projeto de Intervenção Pedagógica: A IMPORTÂNCIA DA CRONOBIOLOGIA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM. O objetivo é disponibilizar os conceitos referentes à Cronobiologia, mais especificamente, os ritmos e os fenômenos físicos e bioquímicos, cíclicos e periódicos que ocorrem nos seres vivos. O trabalho foi desenvolvido com todos os professores da escola e os alunos envolvidos no Projeto, com o intuito de oferecer um instrumento alternativo que auxilie a organização das atividades escolares e de trabalho, em horários em que possam ter o melhor desempenho com menor desgaste físico e mental. Esse trabalho se fez necessário pra tentar explicar as diferentes situações as quais os profissionais da educação vêm passando ao longo dos anos em seus locais de trabalho, tais como, alunos indisciplinados, sonolentos ou altamente excitados e impulsivos, ocasionando, muitas vezes, falta de respeito. Os motivos para esse comportamento podem estar relacionados a horários escolares que não condizem com o seu relógio biológico, interferindo no processo de ensino aprendizagem e no desempenho escolar. Como encaminhamentos metodológicos foram proferidas palestras, orientações teóricas e aplicação de testes e questionários, os quais permitiram identificar o cronotipo dos alunos e professores da escola. Analisando os dados finais, após a aplicação dos testes, consideramos que a maioria dos alunos classificados como intermediários, se adaptam bem ao horário matutino, enquanto que os moderadamente ou definitivamente vespertinos tiveram algumas dificuldades de aprendizagem, principalmente no início da manhã, começando a ter um melhor desempenho no final da manhã. Portanto, uma das soluções seria oferecer turmas nos dois períodos do dia, (matutino e vespertino), com o objetivo de haver uma melhor adequação entre o cronotipo do aluno e o seu horário escolar.
Palavras-chave: cronobiologia; educação; aprendizagem.
1 Professora de Ciências do Ensino Fundamental do Colégio Estadual do Jardim Panorama de
Sarandi – Pr. Professor PDE 2009. e-mail: angelamgbossa@gmail.com2
Professor Adjunto de Neurociências e Neurofisiologia da UEM – e-mail: rbneto@uem.br , rafabrunoneto@gmail.com .
1 Introdução
“Desde os primórdios até hoje em dia, o homem já faz o que o macaco
fazia...”. Como diz a música Homem Primata da banda Titãs, a espécie humana
desde os tempos antigos vem utilizando a organização do nosso sistema solar
(interações que envolvem forças de atração entre os diferentes planetas e corpos
celestes), aliadas à inclinação natural de seu eixo, resultando no dia e na noite, além
das estações do ano, fases da Lua e oscilações das marés como formas de divisão
básica para sua organização diária. De dia, se estuda, trabalha e a noite serve para
dormir, repousar. Acontece que nem todos os organismos se organizam da mesma
forma orgânica: mesmo horário de dormir, de levantar e ainda por cima se dar bem
em sua vida social. Se levarmos essas considerações para o plano ensino-
aprendizagem vemos que grande parte dos problemas enfrentados por alunos e
professores em sala de aula (falta de interesse do aluno, indisciplina, desmotivação
do professor em preparar uma aula mais agradável, alunos sonolentos, muita falta de
professores, etc) podem se dever a horários mal escolhidos pelos pais no ato da
matrícula, devido a seus próprios interesses pessoais e diários. Aí entra a
Cronobiologia, que esclarece as variações diárias que ocorrem nos organismos vivos.
Atualmente a cronobiologia está inserida nos vários ramos das ciências
biológicas e na saúde, tendo vários termos cronobiológicos que já fazem parte do
vocabulário dos médicos, como por exemplo: ritmos circadianos, ciclo sono-vigília,
síndrome do atraso de fase de sono, etc.
A estrutura que tem o controle desses relógios biológicos é constituída por
dois pequenos aglomerados de neurônios que se localizam na base do terceiro
ventrículo, sobre o quiasma óptico, na parte anterior do hipotálamo, que é o núcleo
supraquiasmático (NSQ). Esses núcleos recebem informações provenientes da retina,
logo, recebem informações diretamente da luz. Aí se dá a fotorrecepção, através de
células especializadas, os cones e os bastonetes. Os núcleos supraquiasmáticos
atuam por duas vias: a via neural que se processa através do sistema nervoso
autônomo, sendo a comunicação feita de forma rápida e direta e a via humoral, que
vai atuar na epífise, controlando a síntese de melatonina, sendo feita de forma mais
difusa e integradora.
Na espécie humana, a melatonina prepara o organismo para o sono noturno
desencadeando mudanças como a queda da temperatura mudanças como a queda
da temperatura observada à noite. Até mesmo a temperatura corporal reflete a
existência de relógios internos controlando nossas funções. Para isso basta medir a
temperatura a cada duas ou três horas ao final da tarde e valores mínimos no meio da
noite.
Essa regulação também pode ser feita pela pele, através dos fotorreceptores
encontrados ali. A sincronização desse relógio é feita primariamente por via endógena
ou por substâncias como a melatonina e o cortisol, ou por via exógena, por meio de
sincronizadores secundários como a luz solar, ou por aspectos sociais e culturais,
pela alimentação, variação de ruído e temperatura entra outros. O papel dos
sincronizadores é de transmitir informação ao relógio biológico para ajustar o meio
interno ao meio externo. O sincronizador exógeno mais importante é a luz solar. A
presença dela durante o dia e sua ausência a noite determina a existência de um ciclo
de sono-vigília que regula o quotidiano e todas as funções do cérebro e dos
organismos dos seres vivos em geral. Como o sono atua no funcionamento do
sistema nervoso e de outros sistemas funcionais do corpo, a sua falta pode provocar
mau funcionamento dos processos mentais, comportamentos anormais, alterar a
qualidade do trabalho e aprendizagem, portanto, horas de sono adequadas podem
recuperar os níveis normais da atividade cerebral.
A cronobiologia é importante tanto pela constatação de que a matéria viva
está temporalmente organizada como pela simples demonstração de que as
diferentes espécies exibem ritmos biológicos. Além disso, permite a compreensão de
que o organismo é fisiologicamente diferente a cada momento do dia e, em
conseqüência, tem em cada momento a capacidade diferente de reagir aos estímulos
ambientais, sejam eles físicos, químicos, biológicos ou sociais.
2 Desenvolvimento
Nos seres vivos, tem-se que se considerar a relevância do tempo, como
fenômeno físico que rege os átomos que formam a matéria viva. Então, o tempo libera
as reações químicas que constituem o metabolismo que mantém a existência dos
seres vivos. Além disso, a nossa evolução foi influenciada pelos ciclos astronômicos e
atmosféricos que existiam na era primitiva. O ciclo dia/noite está impresso no
funcionamento dos seres vivos e aí aparece a cronobiologia para tentar explicá-la.
A Cronobiologia é um ramo contemporâneo das ciências biológicas que se
refere ao estudo sistemático das características temporais da matéria viva em todos
seus níveis de organização. Isso inclui o estudo dos ritmos biológicos, que são um
conjunto de fatores que se repetem ciclicamente como ciclo sono-vigília, atividades
motoras, percepção sensorial, temperatura corporal, ciclos reprodutores, entre outros.
Esses ciclos estão presentes em todos os níveis de organização dos seres vivos:
desde funções celulares até o comportamento social.
A cronobiologia é importante tanto pela constatação de que a matéria viva
está temporalmente organizada como pela simples demonstração de que as
diferentes espécies exibem ritmos biológicos. Além disso, permite a compreensão de
que o organismo é fisiologicamente diferente a cada momento do dia e, em
conseqüência, tem em cada momento a capacidade diferente de reagir aos estímulos
ambientais, sejam eles físicos, químicos, biológicos ou sociais.
Para Horne & Ostberg (1976), a população humana pode ser dividida em três
tipos básicos: aqueles indivíduos chamados matutinos, que naturalmente tem seu
despertar bem cedo no dia, estando já neste momento, perfeitamente aptos para o
trabalho, e num nível de alerta muito bom; no outro momento estão os indivíduos que,
naturalmente, tendem a acordar muito tarde, principalmente quando em férias ou em
fins de semana; por último, há aqueles indivíduos para os quais é indiferente levantar-
se mais ou menos cedo, constituindo o tipo indiferente. Sabes-se que esses tipos
reagem de formas diferentes às manipulações de sono, como a privação, por
exemplo. Então, todos têm preferência por determinados horários para a realização
de tarefas, para dormir, alimentar-se, estudar, praticar esporte e toda uma infinidade
de outras atividades. Cada indivíduo tem o seu tempo e através da aplicação de um
questionário cronobiológico, define-se o cronotipo do trabalhador ou do estudante,
estabelecendo assim um melhor horário para o seu desempenho.
A cronobiologia tem importantes implicações em todas as áreas da vida do
homem em sociedade. Pode-se observar a cronobiologia sendo aplicada na
organização de atividades sociais, repensando-se horários das aulas de acordo com
as diferentes idades e verificando a vespertinidade verificada nos adolescentes, nas
indústrias, nos escritórios e até nos ambientes médicos, ela vem dando sua
contribuição colocando as implicações da troca do turno do dia pela noite, analisando
a duração das jornadas e observando as interferências na saúde e até no rendimento
dos profissionais. A cronobiologia é uma área nascida da contemporaneidade e, para
Marques e Menna-Barreto (2003), é comprometida com a multidisciplinaridade , e
continuam “portanto interessa a quem busca interações entre áreas do conhecimento”
(MARQUES E MENNA-BARRETO 2003, p.51).
Em relação às atividades escolares, verificam-se períodos de menor
desempenho intelectual das 8h00min e logo após o almoço ou início da tarde. Por
outro lado, o desempenho intelectual aumenta em torno das 11h30min e alcança um
pico entre 15h00min e 17h00min. (CIPOLLA-NETO et. al. 1988).
Percebe-se com essa classificação, que o ser humano é preferencialmente
diurno. O fato da espécie, ser diurna não significa que exista somente um único
padrão que insira todas as pessoas, podendo existir variações diversas de
classificações.
Para Louzada e Menna-Barreto (2007, p. 47):
O horário preferido de início do episódio de sono noturno varia entre as pessoas. Algumas preferem iniciá-la mais cedo, são matutinas. Outras pessoas preferem dormir mais tarde e acordar mais tarde, são as chamadas de vespertinas. As pessoas com preferências intermediárias são chamadas de indiferentes.
Cipolla-Neto et. al. (1988) entende que do ponto de vista cronobiológico, não
se pode desconsiderar as características individuais. Já Horne e Ostberg (1976),
demonstraram que a população se divide em três grandes grupos, sendo um grupo
matutino, composto por indivíduos que acordam naturalmente entre cinco e sete
horas da manhã e em contra partida dormem também muito cedo, em torno de 23
horas, representando cerca de 10 a 12 % da população geral; o segundo grupo
pertence os indivíduos vespertinos aqueles que acordam naturalmente entre 12 e 14
horas e dormem por volta de duas a três da manhã, constituindo esse grupo em torno
de 8 a 10% da população de indivíduos. Esse grupo tem sua curva de ritmos
endógenos atrasada no ponto de vista dos matutinos. No último grupo, temos grande
parte da população, são chamados de intermediários e podem ter seus horários
adiantados (comportando assim como matutino) ou mesmo atrasados (comportando
assim como um vespertino).
Sobre o ponto de vista cronobiológico, existem dois tipos de indivíduos quanto
ao sono, sendo o primeiro pequeno dormidor, onde precisam cerca de 5h30min a
6h30min de sono enquanto o segundo grupo, grande dormidor possui a necessidade
de dormirem 8h30min a 9h30min (CIPPOLA-NETO et. al., 1988). Miranda Neto (1997)
mostra outra variação para o tempo de sono em um indivíduo adulto, sendo esse
dividido em três grupos: os pequenos dormidores, que tem a necessidade de sono de
cinco a seis horas; os médios dormidores onde esse tempo de sono é de sete a nove
horas e os grandes dormidores que precisam dormir de 10 a 12 horas diárias. Com
isso, o autor afirma que não se pode dizer que um determinado indivíduo está em
privação de sono olhando apenas para a média da população e sim o que é o normal
nessa pessoa, olhando, por exemplo, quando ela dorme normalmente.
Devido ao cronotipo, a imposição de um horário de trabalho ou escolar único
afeta de maneira distinta as pessoas. Para algumas, o horário “em cheio” as
preferências individuais e tende a ser bem assimilado. Para outras pessoas, o ajuste
exige um enorme esforço do organismo, sendo que, muitas vezes, a adaptação não é
possível. Não precisamos ir longe para constatar que nossa organização social
privilegia os indivíduos matutinos, que, conseqüentemente, são considerados mais
trabalhadores e menos preguiçosos. Isso obviamente não passa de um preconceito
(LOUZADA; MENNA-BARRETO, 2007).
A sonolência é a conseqüência mais direta da privação do sono.
Para Perrenoud (2000) as pessoas podem a qualquer momento interessar-se
pelo jogo como uma forma de aprendizado, que pode ser oferecida e de alguma
forma estimular a aprendizagem através de métodos mais estimulantes e
interessantes. Entende-se, que esta forma de cognição deve ser realizada e
entendida como algo que traga um prazer ao aprendizado de forma lúdica, aprender
rindo, brincando, tendo prazer. Assim o processo de interação e aprendizado em sua
maioria das vezes não consegue atingir seus objetivos, pois nem sempre é possível
que todos interajam ou que todos entendam o real sentido do aprendizado proposto
pelo professor para o aluno, salvo por alguns alunos, aprender exige tempo, esforço,
emoções dolorosas: angústia do fracasso, frustração por não conseguir aprender,
sentimento de chegar aos limites, medo do julgamento de terceiros.
A falta de uma regularidade no ciclo sono-vigília ou a ausência total de sono
pode levar a várias situações: como a falta de concentração no desenvolvimento das
atividades escolares, decaimento do estado de atenção, irritabilidade e ansiedade,
alta sonolência e principalmente aumento do número de horas dormidas no fim de
semana.
Para Brandão e Cardoso (2000) dormir é essencial para a saúde dos seres
humanos, tão importante quanto o ato de se alimentar. O sono é reparador de
energias, influencia o metabolismo, fortalece o sistema imunológico, aumenta a
capacidade de atenção, diminui o estresse. A alteração na quantidade e qualidade do
sono pode resultar em comprometimento das atividades diárias que envolvam
memória, aprendizagem, raciocínio lógico, além de prejudicar o relacionamento com
familiares, amigos, colegas de trabalho, gerar falhas e erros durante as atividades
profissionais e escolares.
Na criança e no adolescente, manifesta-se na dificuldade em levantar no
horário para a escola e no sono durante as aulas (LOUZADA; MENNA-BARRETO,
2007,p.83).
Sensação de fadiga é outro sintoma da privação do sono e inclui mudanças de motivação, principalmente para o início das atividades com objetivos abstratos ou de longo prazo. Além disso, provoca a diminuição da persistência para atividades em andamento (LOUZADA, MENNA-BARRETO, 2007, p. 84).
A privação de sono pode ter um efeito negativo sobre o humor e o
comportamento, o que leva dificuldades comportamentais que desencadeiam novos
problemas de sono. Relacionam esta espiral à evasão escolar e a problemas
psiquiátricos. Diante de uma situação frustrante, um adolescente privado de sono
torna-se mais facilmente bravo ou agressivo. As primeiras mudanças emocionais
sugerem uma redução nas habilidades de controlar, inibir ou modificar respostas
emocionais que as tornem mais adequadas aos objetivos estabelecidos, às regras
sociais ou a princípios aprendidos.
A adoção de horários de início das aulas mais flexíveis, com turmas que
começam e terminam mais cedo e outras com início e término das aulas mais tardio,
parece ser a melhor solução. Em tempos de revolução nas relações de trabalho,
como a adoção de jornadas flexíveis em setores de produção e serviços, a escola
também deve enfrentar esse desafio. Novos espaços têm sido criados, ampliando o
conceito de sala de aula e dando novo sentido ao aprendizado. Essas novas
concepções também exigem a adoção de um novo tempo, que seja mais flexível, que
respeite as características temporais de casa aluno ou que no mínimo, evite privações
de sono para a maioria.
Vários argumentos sustentam essa proposta da flexibilização dos horários
escolares, desde aqueles mais evidentes, ligados ao processo de aprendizagem e
memória, até os mais sutis como o papel da escola como espaço despido de
preconceitos para reconhecimento das necessidades do corpo. Por outro lado, a
resistência às propostas de mudanças de horários articula-se a partir de
conveniências individuais de pais e professores.
Um momento que merece atenção é o das transições, principalmente a da 4ª
para a 5ª serie e a da 8ª série do Ensino Fundamental à 1ª série do Ensino Médio.
Além dos desafios de enfrentar novas disciplinas e professores, muitas vezes
acompanhadas de aumento das exigências acadêmicas, há o desafio temporal.
Enquanto a puberdade atrasa a expressão da ritmicidade biológica, nessas
situações os alunos têm de adiantar os ritmos, como se estivessem andando na
contra mão, contrariando a tendência característica dessa etapa do desenvolvimento.
No caso de entrada para a 5ª série, em muitas escolas essa transição é ainda
mais brusca. Significa a passagem do turno vespertino, na 4ª serie, para o matutino,
na 5ª serie (LOUZADA; MENNO-BARRETO, 2007).
Essa irregularidade dos horários de sono é um dos fatores que aumenta a
sonolência diurna observada nesses alunos. Escola e família devem avaliar o custo
beneficio da “troca” que está sendo feita, entre o sono e as outras atividades. Não há
dúvida que no caso de alunos vespertinos e grandes dormidores, aulas no turno
vespertino seriam mais produtivas, mesmo que causassem a sensação de que o dia
ficou mais curto.
Estudo realizado com alunos da escola de aplicação da Universidade de São
Paulo mostrou que há uma perda de aproximadamente uma hora de sono nesses
alunos após a transição do horário da tarde para o horário da manhã. Como a
redução da duração média de sono não é uma tendência ontogenética, isso significa
que esses alunos estarão privados de sono. Alguns conseguem ajustar seus ritmos
após algumas semanas adiantando seus horários de dormir e acordar. Outros, com
maiores tendências a vespertinidade, poderão sofrer os efeitos durante meses, pois
nessa idade o desenvolvimento puberal exacerba o atraso de fase, (LOUZADA
MENNA-BARRETO, 2007).
Um dos grandes problemas da vespertinidade é que o sujeito vai deitar-se
muito tarde, pois o hormônio que dispara o gatilho para dormir sofre uma defasagem
no momento de sua produção. Por outro lado, estes sujeitos geralmente são alunos
das últimas séries do ensino fundamental ou do médio que, na maioria das escolas,
só oferece turno diurno no período da manhã.
O resultado já é bem conhecido: uma verdadeira batalha doméstica para
retirar o adolescente vespertino da cama e outra batalha na escola para mantê-lo
acordado.
Na verdade, estes alunos vão para a escola quando ainda deveriam estar
dormindo, pois, se a sua noite de sono se iniciou às 2 horas da manha, às 6 horas ele
está começando a segunda metade que deveria estender-se até as 10, 11 horas.
Nesta fase, iria ocorrer a intensificação do sono REM (rapid eyes
movements), que significa - movimentos rápidos dos olhos e os processos de
consolidação da memória, além da importante testagem das vivências através do
processamento onírico (sonho). No entanto, o aluno tem seu sono interrompido para ir
à escola, pois existe uma crença generalista de que pela manhã a aprendizagem se
processa com maior facilidade.
Esta crença não chega a ser errada. O que está incorreto é o conceito de
manhã. É preciso diferenciar a manhã ambiental marcada pelo surgimento do sol, da
manhã hipotética, de cunho biológico, que ocorre no organismo de cada indivíduo.
Para os sujeitos matutinos a manhã biológica coincide com a ambiental
enquanto que, para os vespertinos isso não ocorre, pois a manhã ambiental acontece
enquanto eles ainda se encontram na segunda metade da noite de sono (MIRANDA-
NETO, 2001).
A aprendizagem não depende apenas dos recursos de ensino, nem apenas
do professor, mas também de muitas outras variáveis, sem falar nas condições dos
educandos (ZAGURY, 2006, p. 49).
Alunos desmotivados e ou indisciplinados acabam resultando num só
problema que deve ter outras causas. Não se pode atribuir apenas ao professor a
tarefa de superá-lo. Mais ainda quando eles próprios admitem que não estão dando
conta da situação.
Isso não pode ser ignorado. É um recado e um pedido de ajuda (ZAGURY,
2006, p. 85).
Miranda-Neto & Iwanko (1997) argumentam que, na organização dos horários
das atividades da escola, não é levado em conta que os alunos e professores podem
possuir características cronobiológicas distintas. Ao contrário, a escola é programada
para uma sociedade matutina e homeostática, onde supostamente todos os horários
do dia são ideais para o aprendizado, dependendo apenas da competência e
motivação dos docentes e discentes. Alerta sobre a importância de os responsáveis
pela educação compreenderem as diferenças cronobiológicas que afetam o
desempenho humano. Pois, elas podem somar positivamente quando corretamente
tratadas, ou tornar mais extensa a lista de causas de fracasso escolar, quando
ignoradas.
Devemos identificar os ladrões de sono de crianças e adolescentes em idade
escolar.
Com base em Louzada; Menna-Barreto, (2004) que na população em idade
escolar, os ladrões de sono afetam mais diretamente os adolescentes. Como
sabemos, a entrada na puberdade desencadeia inúmeras mudanças no organismo e
no comportamento dos adolescentes. Uma das mudanças observadas é o atraso nos
horários de dormir e acordar. Entretanto, os horários escolares não acompanham
esse atraso. Muito pelo contrário, em várias escolas, quando o aluno atinge a 5ª série
do ensino fundamental ou a 1ª série do ensino médio, ele passa a ingressar mais
cedo na escola. Os horários escolares caminham na contramão das modificações
orgânicas do adolescente. Poderíamos, portanto, falar em dois principais ladrões de
sono dos adolescentes: o atraso de fase e os horários escolares matutinos.
Talvez muitos problemas de adaptação à escola e algumas dificuldades de
aprendizado possam ser evitadas, se a programação das atividades escolares
levarem em consideração alguns pressupostos cronobiológicos.
Diante do que foi exposto até o presente trabalho, uma das formas de difusão
da cronobiologia atualmente, dentro do Programa de Desenvolvimento Educacional -
PDE estão em andamento projetos de pesquisa visando à adequação dos horários de
aulas dos alunos em função de seus perfis cronobiológicos. Assim, este projeto
também visa fazer um estudo cronobiológico da população discente do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual do Jardim Panorama, na cidade de Sarandi, estado
do Paraná.
3 MATERIAL E MÉTODO
Para que a execução do projeto fosse possível se fez necessário a
apresentação do projeto ao Diretor do Colégio, aos alunos da turma em que o
trabalho seria apresentado, palestra aos professores do colégio na reunião
pedagógica, além das orientações sobre os testes que os alunos iriam fazer.
Para realizar o trabalho foram avaliados 34 alunos no questionário
cronobiológico, 32 alunos realizaram o teste do cancelamento e 19 alunos fizeram o
teste de atenção visuo-motora. Essa diferença se deve devido ao fato de que o teste
teve de ser realizado nos dois períodos diurnos: matutino e vespertino e muitos deles
não tiveram a disponibilidade de comparecer no período vespertino (turno contrário ao
de matrícula). Os alunos envolvidos no processo foram de ambos os sexos, com
idades variando entre 13 e 15 anos, matriculados na Sétima Série A do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual do Jardim Panorama da rede estadual de ensino de
Sarandi – PR.
Para que os alunos pudessem participar do projeto, foi inicialmente solicitada,
através de documento próprio, a autorização à direção da escola. Em seguida, foi
encaminhada uma carta de informação explicando os experimentos e um termo de
ciência e consentimento aos pais dos alunos para assinatura e devolução. Os alunos,
para participarem dos experimentos, primeiro, deveriam estar regularmente
matriculados e freqüentando a sétima série A do ensino fundamental; segundo,
deveriam retornar o termo de ciência e consentimento para a participação,
devidamente assinado pelo pai ou responsável.
Os testes quantitativos (Atenção viso-motora e Cancelamento) foram
aplicados em dois momentos: um teste entre 8 e 10 h e outro teste entre 16 e 18h.
Foram aplicados um questionário e dois testes (vide anexos), sendo:
1) Questionário cronobiológico proposto por Horne & Ostberg (1976) e
adaptado por Cardinalli et al (1992).
2) Teste de avaliação do “Tempo de reação visuo-motora” desenvolvido por
Bruno-Neto (2006), que permite determinar as diferenças no nível de atenção do
indivíduo em diferentes horários ao longo do dia;
3) Teste de cancelamento com lápis e papel, desenvolvido por Weintraub e
Mesulam (1985) e a versão modificada por Bruno-Neto (2006).
O questionário cronobiológico (Anexo 1) é um instrumento altamente subjetivo
que foi desenvolvido há mais de 30 anos por HORNE & OSTBERG em 1976 e
posteriormente adaptado por CARDINALLI et al. (1992). Originalmente ele foi
denominado de “questionário de matutinidade” (morningness questionary).
A aplicação do questionário deve ser precedida de orientações expressas
bem claras. Ao responder as nove questões, o indivíduo deve levar em consideração,
ao fazer sua opção, unicamente a sua preferência, independentemente da
disponibilidade de horário, ou seja, que horário (período do dia) eu PREFIRO para
realizar essa atividade e não em que horário eu posso realizá-lo. Dessa forma ele tem
por objetivo avaliar o quanto disposto, alerta ou atento está o indivíduo ao acordar no
dia seguinte após uma noite de sono e como ele se sente ao final de um dia de
atividades. Através dele o professor pode ter uma idéia dos horários em que o aluno
apresenta maior predisposição para desempenhar diferentes atividades de diferentes
modalidades.
O Teste de avaliação do “Tempo de reação visuo-motora” (Anexo 2) avalia
um poderoso mobilizador da atenção: a expectativa. Esse experimento envolve,
basicamente, a atenção vísuo-espacial e motora, além da expectativa, um potente
ativador da atenção, uma vez que o indivíduo não sabe o momento em que a régua
será solta.
Uma maneira bem simples de se avaliar diferentes aspectos da atenção pode
ser demonstrada através de uma adaptação de uma brincadeira. A criança pede
dinheiro ao tio; então ele segura uma cédula de dinheiro em uma das extremidades e
pede para a criança ficar com os dedos, indicador e polegar, em posição de preensão
(pinça), com a cédula entre os dedos, mas sem tocá-la (pronta para pegar a “nota”).
Então o tio diz: eu vou soltar a “nota”, você tem de fechar a mão e pegá-la.
A adaptação consiste em substituir a cédula de dinheiro por uma régua
escolar com 50 cm de extensão, numerada de centímetro em centímetro.
O Teste de cancelamento com lápis e papel (Anexo 3), é um teste que visa
exatamente avaliar a capacidade de focar a atenção em um determinado alvo e de
sustentar a atenção nesse alvo. Para isso ele é constituído de uma folha de papel
contendo um conjunto de elementos (que podem ser símbolos, desenhos ou letras)
denominados de alvos, objetivos a serem assinalados com um lápis e de distratores,
os outros elementos no meio dos quais os alvos estão distribuídos - elementos que
não devem ser assinalados, daí o termo cancelamento.
Quanto maior a semelhança entre o alvo e os distratores, maior a dificuldade
do teste; quanto maior a diferença entre o alvo e os distratores, menor a dificuldade
do teste.
O teste aqui proposto, foi desenvolvido por WEINTRAUB e MESULAM (1985),
e foi aplicado em duas versões: a original dos autores e uma versão modificada por
Bruno-Neto (2007).
A avaliação do desempenho nesse teste também depende da comparação do
rendimento em dois ou mais horários diferentes. Entretanto o rendimento no teste
quando da reaplicação da mesma folha de teste ao mesmo indivíduo, mesmo que
com mais de quatro horas de intervalo, pode ser influenciada pelo efeito treinamento
dependendo da capacidade de memorização da pessoa.
Por isso, para evitar o efeito treinamento, foi desenvolvido por Bruno-Neto
(2007) uma variação da tabela de teste em que as letras alvo são redistribuídas na
folha de teste e é mantida a distribuição semi-randômica (segunda folha de teste de
cancelamento). Dessa forma, deve se aplicar um teste de cancelamento no período
da manhã e a segunda avaliação, independentemente do horário, deve ser feita com
a outra versão do teste.
4 RESULTADOS
Em um primeiro momento 36 alunos de ambos os sexos da 7ª Série A, do
Ensino Fundamental do Colégio Estadual do Jardim Panorama, matriculados no
período matutino da Rede Estadual de Ensino da cidade de Sarandi-PR, com idade
variando entre 13 e 15 anos participaram do preenchimento do questionário
cronobiológico.
Em um segundo momento foi aplicado o Teste do Cancelamento e o Teste de
Reação Visuo-Motora. Esse teste foi aplicado primeiramente no período da manhã e
em seguida no período da tarde, participaram 32 alunos.
Com relação ao Teste de Reação Visuo-Motora só foi possível realizar com
19 deles visto que alguns saíram do colégio, outros trabalham e outros não quiseram
vir no contra-turno.
Dessa forma, foram computados, para fins de análise dos experimentos,
apenas os 19 alunos que participaram dos três testes.
A tabela abaixo (tabela 1) mostra um resumo dos três experimentos.
Tabela 1: Distribuição em ordem classificatória pela média geral do desempenho escolar. Resumo dos três testes realizados com 19 alunos
Aluno Manhã Tarde TESTE "t" Tempo-M Tempo-T E.O-M E.O-T Perfil Crono MED.GERAL OBS.
1 21,45 17,92 0,0814004 103 88 0 1 MM 83,6 A
6 20,08 21,83 0,0960983 75 82 1 1 MV 80,2 A
15 17,10 15,33 0,0830477 91 80 2 3 I 77,6 A
7 28,08 25,05 *0,0005668 64 64 4 4 I 72,6 A
19 23,45 15,10 *0,0000248 89 73 16 5 I 72,2 A
5 22,58 19,60 *0,0000521 67 73 1 0 I 71,6 A
10 22,18 22,25 0,4899179 72 81 0 0 I 70,8 A
17 22,30 15,10 *0,0001281 49 40 5 6 I 67,2 A
9 20,70 19,35 0,1518224 93 91 5 0 DM 66,0 A
18 23,35 20,48 *0,0417197 59 61 0 0 I 65,6 A
12 20,43 23,90 0,0128224 75 § 61 1 0 I 64,8 ACC
16 20,78 17,45 *0,0019359 82 89 0 0 MV 64,4 A
11 20,00 18,65 0,2298080 75 §65 6 10 MV 63,8 A
14 19,53 22,75 0,0885413 95 §81 0 8 DV 63,8 A
2 19,53 16,00 *0,0006190 74 84 2 0 I 63,2 A
4 20,95 18,35 *0,0487926 61 81 3 5 MV 63,2 A
13 23,73 22,18 0,1438381 112 §81 0 2 I 61,4 A
8 19,00 17,08 *0,0454772 83 101 4 1 MV 60,8 ACC
3 26,55 22,08 *0,0406595 96 76 9 9 I 60,0 ACC
Manhã: Média de 20 retestes do tempo de reação viso-motora dado em segundos medidos de manhã; Tarde: Média de 20 retestes do tempo de reação viso-motora dado em segundos medidos à tarde; Tempo-M: tempo de execução do teste de cancelamento, dado em segundos, medidos no período da manhã; Tempo-T: tempo de execução do teste de cancelamento, dado em segundos, medidos no período da tarde; EO-M: Erros de omissão do teste de cancelamento medidos de manhã; EO-T: erros de omissão do teste de cancelamento medidos à tarde; DM: definidamente matutino; MM: moderadamente matutino; I:intermediário; MV: moderadamente vespertino; DV: definidamente vespertino; A: aprovado; ACC: aprovado por conselho de
classe; TESTE t: (*) significante para p < 0,05.
A tabela acima (tabela 1) tem uma distribuição classificatória (em ordem
decrescente) dos alunos, ou seja: os alunos com melhor desempenho no seu início,
conforme mostra a coluna MED.GERAL (média geral). O campo em destaque
sombreado, abrange os últimos 10 alunos, do total de 19, com as menores médias.
Desses, seis deles (*) apresentaram melhor desempenho (p < 0,05) no teste
de tempo de reação no período da tarde, horário diferente de aulas; e quatro outros
(§) apresentaram melhor desempenho no teste de cancelamento também no período
vespertino. Além disso, o resultado do questionário cronobiológico apresenta quatro
desses alunos sendo classificados como moderadamente vespertinos (MV), um como
definidamente vespertino (DV) e outros cinco como intermediários (I).
Já, na parte superior da tabela (nove alunos), onde se encontram os alunos
com as melhores médias, há notório predomínio de intermediários (seis), um
moderadamente matutino, um definidamente matutino e um moderadamente
vespertino.
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O objetivo dessa coletânea de testes é analisar a relação que existe entre o
horário de aula com os cronotipos dos alunos da 7ª série A do Ensino Fundamental
do período matutino. Para o desenvolvimento dessa proposta foram feitos os
seguintes procedimentos: aplicação do questionário cronobiológico para a
determinação do cronotipo de cada aluno; tempo de reação através do teste de
reação visuo-motora; teste do cancelamento e finalmente o resultado obtido pelo
aluno nas disciplinas bases durante o ano de 2010, assim como o resultado final.
A distribuição encontrada para o perfil cronobiológico está em consenso com
a literatura pertinente (MIRANDA-NETO e IWANKO, 1997; BURIN e STABILE, 2002;
SIBIN, 2005). A grande maioria dos alunos (52,77%) foi classificada como
intermediária, enquanto que 22,22% foram classificados como moderamente
vespertinos, 16,66% como definitivamente vespertinos, 5,55% como moderadamente
matutino e apenas 2,77%, o que correspondeu a um aluno, classificado como
definitivamente matutino. Esse último dado é interessante, visto que a turma é no
período matutino.
A tabela 1 mostra claramente que as maiores divergências de desempenho
nos testes em relação ao horário de aula, ocorrem com os alunos com as menores
médias gerais. Dessa forma, pode-se sugerir que, possivelmente, se esses alunos
estivessem estudando no período em que apresentaram melhor rendimento nos
testes, ele poderiam, também, apresentar melhor desempenho escolar.
6 CONCLUSÃO
Avaliando-se os resultados dos testes como um todo, percebe-se que para a
maioria dos alunos que foram testados houve uma relação significativa entre o perfil
cronobiológico e os resultados dos mesmos e estes, uma relação inversa com o
desempenho escolar.
Eles servem para nos mostrar que se alguns alunos sofrem enormemente as
dificuldades de estar matriculado em um horário que não condiz com o seu cronotipo,
por outro há os alunos que parecem não sofrer nenhum desconforto com essa
situação. Cabe então nos preocuparmos com os que não tem respeitado a sua
condição cronobiológica pois estão entre as estatísticas de maior fracasso escolar.
A partir do momento que os estabelecimentos de ensino passarem a oferecer
as séries nos dois períodos do dia (matutino e vespertino), teremos menos casos de
reprovação, pois os alunos se adequarão mais os momentos de estudo com o seu
cronotipo. Com isso, menos casos de indisciplina, falta de vontade e sonolência
tendem a aparecer em salas de aula.
Ao ter conhecimento de seu perfil cronobiológico, o próprio aluno vai buscar
alternativas para ter um sucesso maior em sua vida escolar. Mas para que isso
aconteça em todos os ambientes escolares, se faz necessário que os
estabelecimentos realizem com o aluno a ser matriculado o teste do perfil
cronobiológico, antes de efetivar a matrícula, simplesmente de acordo com a vontade
dos pais ou da disposição de turmas da escola. Será isso uma utopia? Nos países
desenvolvidos, em algumas escolas, esse processo já acontece rotineiramente e os
resultados são positivos.
Referências
BRUNO-NETO, R. Aspectos neurológicos dos processos de aprendizagem -apostila, Maringá, 2006
_______________ Roteiro de práticas adaptadas- apostila, maringá, 2007
CARDINALI, D. P.; GOLOMBEK, D. A.; REY, R. A. B. Relojes y calendarios biológicos: la sincronía del hombre con el medio ambiente. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica de Argentina, 1992. p. 59-78.
CIPOLLA-NETO, J.; MARQUES,N.; MENNA-BARRETO,L.S. Introdução ao Estudo da Cronobiologia. São Paulo: Ícone, 1988.
HORNE JA, ÖSTBERG O (1976) A self-assessment questionnaire to determine morningness-eveningness in human circadian rhythms. Int J Chronobiol 4: 97-110.
LOUZADA, F. M.; MENNA-BARRETO, L. S. Relógios biológicos e aprendizagem. São Paulo: Editora do Instituto Esplan, 2004.
________, F. M.; MENNA-BARRETO, L.S. O sono na sala de aula: tempo escolar e tempo biológico. Rio de Janeiro :Vieira e Lent, 2007.
MIRANDA NETO, M. H. Reflexões sobre a importância do sono e dos sonhos para a aprendizagem, Arq. Apadec, 5(2): 7-11, 2001.
MIRANDA-NETO, M. H.; IWANKO, N. S. Reflexões sobre a aplicação da cronobiologia nos ambientes de trabalho e escolar. Arq. Apadec, Maringá, 1(1): 36-38, jul./dez., 1997.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: ArtesMédicas Sul, 2000.
ZAGURY, T., 1949- O Professor refém: para pais e professores entenderem por que fracassa a educação no Brasil/ Tania Zagury. – Rio de Janeiro: Record, 2006.
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO DE CRONOBIOLOGIA
Proposto por HORNE & OSTBERG (1976), adaptado por CARDINALI et al. (1992).
Observações:. Não existe uma resposta considerada mais correta do que a outra, por isso
você deve responder às questões com toda a honestidade.
Responda a todas as questões com toda liberdade sem nenhuma restrição.
01- Se você pudesse eleger com toda a liberdade e sem nenhuma restrição relacionada ao
trabalho ou outro tipo de restrição, a que horas gostaria de se levantar?
R. A ( ) 05:00 às 06:00; B ( ) 06:00 às 07:30; C ( ) 07:30 às 10:00; D ( ) 10:00 às 11:00; E
( ) 11:00 às 12:00.
02- Suponhamos que tenha se apresentado a um novo trabalho e que tenha que realizar uma
prova psicofísica que dura algumas horas e que é mentalmente desgastante. A que horas
gostaria de fazê-la?
R. A ( ) 08:00 às 10:00; B ( ) 11:00 às 13:00; C ( ) 15:00 às 17:00; D ( ) 19:00 às 21:00.
03- Se você pudesse planejar sua noite com toda liberdade e sem nenhuma restrição
relacionada com trabalho ou outro tipo de restrição, a que horas gostaria de dormir?
R. A ( ) 20:00 às 21:00; B ( ) 21:00 às 22:15; C ( ) 22:15 às 00:30; D ( ) 00:30 às 1:45; E (
) 01:45 às 03:00.
04- Suponhamos que você tenha decidido fazer exercícios físicos (ou uma atividade física
como caminhada, por exemplo) e um amigo lhe sugira fazê-lo entre as 07:00 e as 08:00 da
manhã. Com base na sua predisposição natural, com que disposição você aceitaria o
convite?
R. A ( ) Estaria em muito boa forma; B ( ) Estaria em forma; C ( ) Seria difícil; D ( ) Seria
muito difícil.
05- Se tivesse que realizar duas horas de exercício físico pesado, quais destes horários
escolheria?
R. A ( ) 08:00 às 10:00; B ( ) 11:00 às 13:00; C ( ) 15:00 às 17:00; D ( ) 19:00 às 21:00.
06- Se você fosse dormir às 23:00 horas, com que nível de cansaço se sentiria?
R. A ( ) Nada cansado; B ( ) Um pouco cansado; C ( ) Bastante cansado; D ( ) Muito
cansado.
07- Você se sente cansado durante a primeira meia hora logo após levantar-se?
R. A ( ) Muito cansado; B ( ) Mais ou menos Cansado: C ( ) Sem cansaço porém não em
plena forma; D ( ) Em plena forma.
08- A que horas do dia se sente melhor?
R. A ( ) 08:00 às 10:00; B ( ) 11:00 às 13:00; C ( ) 15:00 às 17:00; D ( ) 19:00 às 21:00.
09- Suponhamos que um amigo lhe sugira fazer jogging (caminhada) entre as 22:00 e 23:00
horas, três vezes por semana. Se não tivesse outro compromisso e com base em sua
predisposição natural, como você se sentiria caso aceitasse a sugestão?
R. A ( ) Estaria em boa forma; B ( ) Estaria bastante em forma; C ( ) Seria difícil; D ( )
Seria muito difícil.
Some os pontos obtidos de acordo com a seguinte pontuação
Número
da
questão
Alternativas
A B C D E
1 1 2 3 4 5
2 1 2 3 4
3 1 2 3 4 5
4 1 2 3 4
5 1 2 3 4
6 4 3 2 1
7 4 3 2 1
8 1 2 3 4
9 4 3 2 1
Classificação
09 – 15: Definidamente matutino;
16 – 20: Moderadamente matutino;
21 – 26: Intermediário;
27 – 31: Moderadamente vespertino;
32 – 38: Definidamente vespertino.
ANEXO 2
ATENÇÃO VÍSUO-MOTORA
Esse teste envolve, basicamente, as atenções visuo-espacial e motora, além da expectativa,
um potente ativador da atenção, uma vez que o indivíduo não sabe o momento em que a
régua será solta.
Para esse experimento serão utilizados:
1 – Uma régua de 30 ou 50 cm;
2 – Uma calculadora que execute operação de extração da raiz quadrada;
3 – Material para anotação de dados.
A pessoa a ser submetida ao teste deve ficar com o braço apoiado em uma carteira e com a
mão livre, à frente e para fora da superfície da carteira, pra que não faça movimentos para
baixo tentando “perseguir” a régua, o que invalidaria o experimento.
O experimentador deve segurar a régua pela extremidade numerada com o valor maior (30 ou
50) e posicionar a outra extremidade com o “zero” da régua exatamente abaixo da linha
inferior do dedo (do sujeito que está sendo testado) à frente da numeração da régua.
Em seguida, sem aviso prévio, o experimentador solta a régua e o indivíduo testado, ao ver
que ela foi solta, deve fechar os dedos tentando segurá-la o mais rapidamente possível e
mantê-la presa entre os dedos.
O experimentador deve anotar, o mais precisamente possível, em uma tabela, o valor em
metros localizado imediatamente abaixo da linha inferior do dedo posicionado à frente da
numeração da régua (p. ex: 20,3 cm = 0,203m).
Transformar a distância de deslocamento da régua em tempo de queda.
Para transformar a distância de deslocamento (extensão medida na régua) em tempo aplica-
se a fórmula matemática para cálculo de queda livre.
= 2
t = tempo expresso em segundos;
d = distância expressa em metros;
g = aceleração da gravidade (9,8m/s2)
O experimento pode ser repetido (número de tentativas) 20 vezes para cada participante.
Toma-se como critério para validação de cada reteste a distância mínima de 8 cm, ou seja,
toda tentativa onde o sujeito experimental conseguir segurar a régua antes de que ela
percorre em queda livre a distância de 8 cm o teste será invalidado e considerado “queima de
largada” (comportamento antecipatório). Isso é importante ser considerado porque se
aplicarmos a fórmula de queda livre para essa distância têm-se um tempo de reação de
0,127775 segundos (127ms). Dados da literatura (Cordo & Flanders, 1989; Teixeira, 1998, só
para citar alguns) mostram resultados indicando um período de latência mínimo de
aproximadamente 135ms. Portanto, o critério aqui adotado representa um período bem mais
permissivo. Quando se tratar de crianças com menos de 10 anos, a distância mínima de
descarte deve ser de 10 cm.
Desenho esquemático da aplicação do teste do tempo de reação viso-motora (BRUNO-NETO,
2008)
ANEXO 3TESTE DE CANCELAMENTO COM LÁPIS E PAPEL
Como aplicar: o aluno dever receber a folha com o teste e um lápis (caneta) e a seguinte
instrução: você deve assinalar todas as letras "A" da folha o mais rapidamente que conseguir.
Quando terminar diga "terminei" e guarde o lápis.Nesse teste são avaliados, o tempo de
execução, devidamente cronometrado pele avaliador e o número de erros de omissão (alvos
- letras "A" não assinaladas) e erros de comissão (distratores assinalados - outras letras que
não o "A"). A grande vantagem desses testes práticos está no baixo custo, simplicidade
tecnológica e na facilidade de execução. Isso permite que eles sejam aplicados em qualquer
contexto sócio-econômico-educacional, tanto do avaliador quanto dos alunos e/ou pacientes
envolvidos.
N X E A P W B V A Q H R Y A K O G M A Z L O
A F Z R U A T I L S C X E P W B A Q V D G A
Q I O G A V K Y D U A A B Z T F J A L R M C
B A L P K R A J E I O Z H V X A Q F W S A U
T J S A F M Z V A K L E U A R I H P A O B X
F N R E W C A H P Y Q M J S D A Z V K I G L
U A I Z X A O B L F T G P Y C W A E R H A N
L V A J P S R K I A B N A F X U M Q D A C V
O K Q D C M H W G E V R S B I L Z T Y F U J
Y Z A U T I G F S A J O A D P H N R M A E V
E A W H R A L T B M D V I G O S A K U X A P
R T P Y N K A S W L U C Q E H A F B J O Z I
H B K A G O C E A P R I W A U Q L D A T S Y
D A J S I L A N F R E P C H V A O G T B A K
C Q T B A E W O R J A A L I M D S A H G K F
A L G I D A S M K B F H R U E J A O P C N A
S E H A B W F P A G Z T K A Q Y R C A U I M
Tarefa de cancelamento com lápis e papel (WEINTRAUB e MESULAM, 1985).
C Q T B A E W O R J A A L I M D S A H G K F
D A J S I L A N F R E P C H V A O G T B A K
S E H A B W F P A G Z T K A Q Y R C A U I M
A L G I D A S M K B F H R U E J A O P C N A
E A W H R A L T B M D V I G O S A K U X A P
R T P Y N K A S W L U C Q E H A F B J O Z I
H B K A G O C E A P R I W A U Q L D A T S Y
Y Z A U T I G F S A J O A D P H N R M A E V
O K Q D C M H W G E V R S B I L Z T Y F U J
L V A J P S R K I A B N A F X U M Q D A C V
T J S A F M Z V A K L E U A R I H P A O B X
F N R E W C A H P Y Q M J S D A Z V K I G L
U A I Z X A O B L F T G P Y C W A E R H A N
A F Z R U A T I L S C X E P W B A Q V D G A
N X E A P W B V A Q H R Y A K O G M A Z L O
B A L P K R A J E I O Z H V X A Q F W S A U
Q I O G A V K Y D U A A B Z T F J A L R M C
Tarefa de cancelamento com lápis e papel (WEINTRAUB e MESULAM, 1985). (modificado por Bruno-Neto, R)