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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
ATLETISMO NAS SÉRIES INICIAIS
Mauricio Bennemann¹Luiz Carlos de Almeida Lemos ²
RESUMO
O PDE é um programa de formação continuada de docentes da SEED-PR no engajamento de Instituições Públicas de Ensino Superior, nas diversas áreas do conhecimento do Currículo Escolar. Este artigo tem o objetivo mostrar os resultados da aplicação de uma proposta do Ensino de Educação Física, destacando a modalidade desportiva atletismo como enriquecimento do olhar na educação, buscando orientar as crianças na introdução e no universo de movimentos próprios do atletismo, desmistificando as dificuldades de ensino. Dessa maneira, a possibilidade de trabalhar o atletismo de uma forma diferenciada. O trabalho teve como eixo estruturador os fundamentos teórico-metodológico da educação física escolar, partindo dos pressupostos do Atletismo em Classes Iniciais, aplicado na de 5ª série do Ensino Fundamental Regular, vespertino do Colégio Estadual Tancredo Neves-Ensino Fundamental e Médio, no município de São João-PR, este surgiu da necessidade da construção de uma nova perspectiva sobre a pratica da Educação Física, a fim de ampliar as possibilidades do pleno exercício da cidadania por meio do esporte. Introduzimos o atletismo com a obra cinematográfica "Carruagens de Fogo" e a partir das atividades recreativas enfocando os movimentos básicos do atletismo: correr, saltar, lançar e arremessar propõe ao estudante a construção de materiais alternativos, úteis ao atletismo. Acreditamos que o resultado dessa proposta diferenciada de trabalho tenha sido positivo, uma vez que se percebeu um interesse maior por parte do educando pelo atletismo.
Palavras-chave: atletismo; lúdico; aprendizagem; avaliação.
1- INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta alguns resultados obtidos na execução da proposta
elaborada no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, em 2009 e 2010.
O PDE se constituiu de quatro períodos distribuídos em dois anos, com três grandes
eixos de atividades, nos quais foram trabalhados o Plano de Trabalho, que
compreende o Projeto de Intervenção Pedagógica, realizado no 1º período do
Programa, a Produção Didático-Pedagógica elaborada no 2º Período tendo sido
estudado e discutido com docentes da rede pública estadual por meio do GTR e a
¹ Graduado em Educação Física, Pós graduado em Educação Física Escolar. Professor da Rede Estadual de Educação no Colégio Estadual Tancredo Neves –Ensino Fundamental e Médio.² Mestrando de Bioengenharia. Graduado em Educação Física - Diretor do Departamento de Educação Física – DEDUF e Professor da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO.
Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola que fora aplicado
pelo professor PDE no 3º período. Por fim a produção do Artigo Científico, atividade
aqui apresentada, realizada no 4º período e que consiste na etapa conclusiva da
atividade de aprofundamento teórico-prático, em articulação com as atividades
anteriores.
A Educação Física Escolar é uma disciplina que introduz e integra o aluno na
cultura corporal, formando o cidadão, através da produção de movimentos,
contribuindo para o crescimento de todas as dimensões humanas, porém, nos dias
atuais um dos maiores problemas da Educação Física Escolar, é escolher a
metodologia adequada para ser trabalhada no processo ensino aprendizagem de
cada nível de ensino.
De acordo com Gadotti (2003, p.21) “ser professor hoje é viver intensamente
o seu tempo, com consciência crítica, mas também formam pessoas”. Para o
mesmo autor, “o professor deve transformar o obrigatório em prazeroso e selecionar
criticamente o que devemos aprender”.
Acreditamos que a educação física, mostrou-se determinante, talvez pela sua
atuação sobre e por meio do corpo. O fato é que por considerar o corpo somente
como entidade biológica, a Educação Física Escolar atua homogeneamente,
tentando a universalização de seus procedimentos metodológicos.
Vivemos um momento em que os avanços tecnológicos invadem o imaginário
infantil com propostas virtuais que roubam da criança o verdadeiro prazer de viver
livre, sem impedimentos e a alegria de manusear brinquedos reais e brincadeiras
divertidas.
O esporte é capaz de forjar o hábito, a necessidade e a vontade de viver
sadiamente, sendo a forma mais rica e adaptada de nosso tempo, mas que a
finalidade própria do esporte não é a educação. Apesar de alguns objetivos serem
remetidos ao esporte, tais como a saúde, a moral e o valor educativo, ele não o
será, a menos que o professor faça dele um objeto e um meio de educação.
Atualmente, o esporte é o veiculo mais utilizado como forma de difusão do
movimento corporal na escola. Mais do que isto, somente algumas modalidades
esportivas tais como o futebol, basquetebol e voleibol fazem parte do conteúdo das
aulas de Educação Física, talvez por isso torna-se tão difícil a relação teoria e
prática nas aulas.
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O papel do professor de educação física está aproximado ao papel de
treinador, porém, no contexto educacional faz-se necessário, levar em consideração
a difícil tarefa de aderir à teoria em sala é o desinteresse e indisciplina do aluno.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN a escola entende
que a Educação Física deve dar oportunidade a todos os alunos para desenvolver
as suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, assinalando que os
alunos portadores de deficiência física não poderão ser privados das mesmas.
Assim, independente do conteúdo, as aulas devem atender a todas as
características dos alunos, respeitando sua cultura e movimentos, visando ampliar a
aquisição de seu acervo motor.
O professor de Educação Física tem a difícil tarefa de despertar o interesse
nos alunos pelas aulas teóricas e só através de novos conhecimentos, troca de
experiências e criatividade esta prática será desenvolvida. Mostrar ao aluno a
importância da teoria, aliada às novas tecnologias ajudará a atingir este objetivo com
sucesso.
Este estudo teve a finalidade de apresentar sugestões para viabilizar o
Atletismo nas aulas de Educação Física, destacando a possibilidade de trabalhar o
atletismo de uma forma lúdica, quebrando tabus de métodos tradicionais.
Apesar de ser considerado como um dos conteúdos clássicos da Educação
Física, o Atletismo é ainda muito pouco difundido nas escolas brasileiras, este deve
ser visto no espaço escolar como movimentos naturais que o ser humano executa,
independentemente de técnicas e treinamentos, porém, é possível pensar na
adaptação e interpretação recreativa, mesmo não negando a tendência ao
rendimento e competição que o atletismo provoca na sua essência.
O projeto foi executado com alunos da 5ª série do Colégio Estadual Tancredo
Neves – EFM, do município de São João – NRE – Pato Branco. A pesquisa procurou
mostrar a viabilidade de trabalhar o atletismo informal e mais humano.
O projeto Atletismo em Classes Iniciais é um meio de trazer para ao aluno
que está adentrando na quinta série uma nova forma de conhecimento, e dar as
aulas de Educação Física uma visão de que se podem ministrar, aulas utilizando-se
usando como ferramenta modalidades e gestos esportivos que não tenham na bola
como seu principal atrativo. Modalidade esta, como estrutura transformadora,
visando tirar crianças e adolescentes da ociosidade, resgatar o ato de brincar e
transformando em saúde, ter uma alimentação adequada, tirar crianças e
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adolescentes das ruas através do esporte, adotar o esporte como ferramenta,
alienando-a a cidadania e contribuir para o desenvolvimento motor e habilidades
fundamentais necessárias.
Esta Intervenção veio ao encontro com os processos de ensino e de
aprendizagem que as diretrizes curriculares estaduais pedem. Onde a Educação
física tem o objetivo de ensinar novas técnicas esportivas e a apreensão de novas
estruturas motoras e as corridas, saltos, arremessos e lançamentos são gestos
técnicos e devem ser ensinados dentro das aulas.
Desta forma buscou-se utilizar metodologia diferenciada, no trabalho de forma
lúdica, visto que, o atletismo pode ser considerado um dos esportes mais praticados
do mundo, começando por uma simples corrida.
De acordo com Garcia (1992) atletismo na aula de Educação física, entre
outros aspectos, terá que ser uma união entre os movimentos desorganizados que a
criança realiza naturalmente na hora do recreio com a união de algumas técnicas
básicas. Podemos então concluir que o ensino do atletismo nas classes iniciais é
uma confluência da atividade natural da criança, associada a técnica.
Procuramos investigar se o atletismo escolar pode ser um meio de ampliar o
conhecimento, ajudando os alunos a usarem essa aprendizagem como opção em
diversas situações problemas que a vida e o ambiente nos proporcionam, além de
despertar para uma modalidade que pode trazer benefícios em sua qualidade de
vida futura, assim, o processo de ensino aprendizagem do atletismo apresenta-se
vinculado a aspectos lúdicos, onde o brincar permita o desenvolvimento das
capacidades motoras básicas, possibilitando a aprendizagem do atletismo e a
vivencia de diferentes situações permitidas pelo brincar, favorecendo
desenvolvimento integral da criança.
Os gestos naturais do ser humano, quando trabalhados na educação física
escolar, através de um desporto base como o atletismo, são peças fundamentais no
desenvolvimento das habilidades motoras e físicas básicas dos alunos, além de
favorecer aspectos psicosociais, o que lhes possibilitará uma melhor desenvoltura
nas futuras atividades cotidianas e práticas esportivas, como o próprio atletismo ou
outras modalidades, sejam elas individuais ou coletivas.
Neste contexto, por meio de atividades recreativas que mesclam um
conhecimento geral sobre as habilidades motoras e um conhecimento específico
sobre provas particulares dessa modalidade esportiva, o resultado do projeto
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procuramos delinear orientações didáticas que contribua para a aproximação das
crianças desse conhecimento, vivenciando-o por meio do próprio corpo ressaltando
os fundamentos teórico-metodológicos da educação física escolar.
Diante desse desafio, a socialização do saber foi acompanhada, de forma
crítica sobre as próprias origens do conhecimento, assim, o atletismo, sendo um
desses conteúdos, deve estar presente nas propostas curriculares das escolas.
Avaliou-se no decorrer das aulas se houve uma melhora significativa no
desempenho motor e nas qualidades físicas de modo geral dos escolares, além
disso, perceber se trabalhando o atletismo dessa forma, os escolares apresentará
interesse e motivação pela modalidade.
Este projeto vem auxiliar no desenvolvimento das necessidades das crianças,
oportunizando a participação, conhecendo suas potencialidades e suas limitações.
Nas atividades propostas pelo presente projeto os alunos vão interagir com os
colegas e dessa forma podem desenvolver o respeito mútuo, buscando participar de
forma leal e respeitando as diferenças sociais.
Na conclusão do projeto propõe-se que haja no aluno aquisição de valores e
princípios essenciais para a formação do ser humano, como, a cooperação,
solidariedade, o autocontrole emocional, o entendimento da filosofia que geralmente
acompanha sua prática e, acima de tudo, o respeito pelo outro, pois sem ele a
atividade não se realizará, bem como as múltiplas experiências e o desenvolvimento
de uma atitude crítica perante esse conteúdo escolar.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
2.1 Contextualizando o Atletismo
O Atletismo, palavra de origem grega (Aethlos = esforço) é uma atividade que
se desenvolveu tendo por base o desenvolvimento e aproveitamento de certas
capacidades específicas do Homem, o que unido ao espírito desportivo, se
constituiu num conjunto de atividades lúdicas, praticadas desde épocas muito
antigas nos momentos de ócio e por um grande número de culturas que
interpretavam perfeitamente este tipo de práticas segundo a sua própria
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cosmovisão, onde os relatos mais antigos deste tipo de práticas encontram-se no
“Livro de Leinster” (1961).
O ser humano já praticava algumas das modalidades do atletismo como
forma de sobrevivência na pré-história. A caminhada, por exemplo, era utilizada para
se locomover de um lugar para o outro. A corrida e os saltos, para escapar das
presas dos animais carnívoros. O arremesso era usado para se defender e matar
animais que serviam de alimento. Desta forma, os homens e as mulheres foram
adquirindo habilidades que, mais tarde, foram aprimoradas e adaptadas para as
competições de atletismo. (www.joaquimcruz.com)
Esses são praticados em estádios, com exceção de algumas corridas de
longa distância, praticadas em vias públicas ou no campo, como a maratona. Em
razão da sua característica de representar os movimentos naturais, o atletismo é
chamado de “esporte-base”.
O atletismo é composto por várias modalidades e provas que surgiram a partir
dos movimentos naturais do ser humano, porém, para fins didáticos, na escola,
enquanto conteúdo, normalmente é desenvolvido dividido em quatro modalidades
que são marcha, corrida, salto e arremesso (OLIVEIRA, 2006).
Thomas (1983), afirma em seus escritos que não existem motivos próprios
para cada situação concreta, eles seriam disposições de valores para "situações
básicas" individuais, ou seja, agir de uma maneira ou de outra depende do indivíduo,
da tarefa e do meio ambiente.
2.2 Educação e Atletismo
O atletismo é um esporte educativo, induzindo o aluno à aprendizagem e
aquisição de novos conhecimentos, através de trocas de experiências coletivas e
individuais e respeito à cultura que o aluno traz consigo, visto que há alunos que
apresentam problemas de indisciplina escolar, dificuldades de aprendizagem,
desinteresse, apatia e agressividade sendo estes aspectos próprios que revelam a
realidade escolar.
Souza (2005, p.5), no pensar em possibilidades concretas do ensino do
atletismo nas escolas, aponta alguns princípios que precisam ser discutidos e
respeitados em nossa ação pedagógica.
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Machado (1994) afirma, o esporte valoriza socialmente o homem, proporciona
uma melhoria na sua auto-imagem; e a aprendizagem de uma modalidade esportiva
constitui "uma das mais significativas experiências que o ser humano pode viver com
seu próprio corpo... a experiência vivida assume particularidades que determinam
seu êxito resultante na medida em que vencidas as dificuldades”, sendo essas
criadas pelo próprio corpo e também "pelas exigências do projeto assumido pelo
indivíduo". Ainda segundo o mesmo autor, precisamos, sobretudo, pela sua
inexpressiva difusão no âmbito escolar, oportunizar as crianças e adolescentes,
recuperarem a alegria de jogar e brincar com as corridas, saltos e lançamentos.
Com desenvolvimento destas qualidades naturais, codificadas, proporcionará à
criança o interesse pelo interagir com a riqueza de uma multiplicidade cinética
significativa e fundamental ao seu desenvolvimento.
O atletismo apresenta qualidades fundamentais no desenvolvimento da
criança. Suas possibilidades pedagógicas na escola são de uma intensidade
indescritível. Porém, para que desperte o interesse infantil pode-se desenvolvê-lo
sob forma de jogo, Souza (2005), frisa que, estas atividades são possibilidades
concretas da criança experimentar e vivenciar o domínio do corpo em movimento.
Na atividade lúdica, a criança adquire liberdade de ação e de expressão,
principalmente pela construção de movimentos imaginativos e criativos. E nesse
processo de relação com o mundo via brincadeira, ela vai ampliando sua
consciência a respeito de si mesma e do mundo.
Ainda, segundo Souza (2005), a ação motora da criança no seu movimentar,
resulta de uma combinação de diversos fatores, antropológicos, biológicos, culturais
e psicológicos.
O seu desenvolvimento motor sofre uma forte influência da sensação, da
percepção, da cognição, da emoção e da memória. Deve-se considerar a
preparação orgânica como um todo e não a parte muscular para que não haja
interferência no crescimento e desenvolvimento da criança.
É importante, também, que exista uma preparação generalizada e uma
grande variação nos tipos de jogos e exercícios, para evitar a especialização
precoce e um enfoque de preparação em um ponto específico do corpo. Sendo
assim devemos ser criativos quanto a elaboração das atividades lúdicas e a
produção destes implementos.
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“O atletismo é a modalidade mais acessível a uma iniciação esportiva para todas as crianças e jovens brasileiros. Primeiro, porque oferece a qualquer um a chance de descobrir, pelo menos, um tipo de aptidão esportiva em que poderá garantir seu desenvolvimento futuro, como esportista praticante. Segundo, porque as destrezas atléticas são apenas movimentos naturais aperfeiçoados, portanto, relativamente fáceis de aprender. Terceiro porque a prática do atletismo não fica impedida pela carência geral de infra-estrutura esportiva, devido à sua multiplicidade de formas e à sua versatilidade de implementação por instalações e equipamentos adaptados”. (KITSCH, KOCH e ORO, 1984, p. 6).
Para Bragada (2000), grande parte das escolas, em especial de rede
pública, não possui sequer espaço para a prática de esportes como o atletismo.
Deste modo as dificuldades dos professores em trabalhar o atletismo na
escola não estão vinculadas ao fato das escolas não disporem de espaço físico e
materiais adequados, pois cabe aos mesmos serem capazes e conscientes da
necessidade de desenvolver as mais variadas formas de expressões corporais a fim
de adaptar os espaços e materiais ao planejamento escolar.
Em função deste aspecto, o atletismo não pode estar ausente na escola e nas
aulas de Educação Física, uma vez que, este, desenvolve o domínio corporal,
instrumento conhecido como fundamental para o desenvolvimento sensorial, motor e
intelectual da criança, e que também tem seus reflexos na aprendizagem das
demais disciplinas curriculares.
Portanto, ao pensar no atletismo na escola, além de refletir sobre suas
possibilidades de afloramento de habilidades motoras básicas, tem-se que
compreendê-lo enquanto ferramenta educativa. Desta forma, o professor pode
induzir os alunos a relatarem suas próprias experiências no campo da Educação
Física, dos esportes, das brincadeiras e das recreações cotidianos da comunidade,
principalmente sob o ângulo do relacionamento sócio cultural (BARBANTE, 1986)
Com efeito, o atletismo é um esporte que solicita a presença do aluno no seu
todo, no cognitivo, no físico, no social, no simbólico, no motor, de ações, de
entendimento e que permita resoluções de problemas. A autonomia nasce da
compreensão que o aluno possa ter sobre sua prática.
De acordo com Kunz (1994) indica-se, nesta categoria, apenas uma
possibilidade, que, caso fosse desenvolvida, estaria contribuindo para melhorar a
competência de autonomia, na qual os alunos poderiam sentir-se responsáveis pela
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aprendizagem e pelos acontecimentos da aula. Essa possibilidade resume-se na
problematização de situações com diferentes obstáculos.
Para Bragada (2000), a disciplina de Atletismo, no contexto escolar, pode ser
fundamental, devido a suas capacidades e habilidades servirem de base para outras
modalidades desportivas. Representa a passagem destas atividades básicas do
estágio de padrões gerais para os de forma grossa para os respectivos padrões no
atletismo.
Conforme Kunz (2004), ao se estudar o atletismo dentro das escolas, deve-se
preocupar em não descaracterizar o esporte individual que é o atletismo, mas
possibilitar que ele seja estudado em pequenos grupos, promovendo a socialização
e estimulando a comunicação com a valorização dos saberes que os alunos já
possuem.
A escola deve selecionar os conteúdos clássicos universais e também
trabalhar com o repertório cultural local partindo de experiências vividas particulares
necessários à formação do cidadão autônomo, crítico e criativo, para que este possa
participar, intervir e comprometer-se com a construção de uma sociedade mais justa,
plural e democrática.
A repercussão pedagógica da iniciação ao atletismo dimensiona-se pela
qualidade futura da ação, aqui entendida como cultivo consciente e voluntário,
qualquer que seja o objetivo: não é possível negar a vocação ao rendimento,
implícita na prática do atletismo convencional; porém, é impossível negar seu
potencial e sua adaptabilidade à interpretação recreativa, tão ou até mais ampla que
a tradicional, reconhecendo o fato de que a maioria dos iniciados não atinge o nível
de atleta.
Na escola não é necessário trabalhar o atletismo apenas como um esporte de
rendimento. As atividades de atletismo não devem ser elaboradas diferentes da
realidade social e valores dos alunos (LIMÃO et al 2004). E para Costa (1992) o
atletismo a ser utilizado na escola deve ser considerado como o "pré-atletismo",
onde, numa primeira fase, faz-se através dos gestos motores básicos como: correr,
saltar e lançar; e numa segunda fase, mantêm-se os da primeira, avançando-se para
as tarefas que exigem uma maior codificação dos gestos motores básicos,
aproximando progressivamente a criança do Atletismo.
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Compreende-se, assim, a citação que exemplifica uma metodologia
relacionada às experiências, que pode ser aplicada ao contexto dos conteúdos da
Educação Física escolar para melhorar a qualidade e concretizar seus objetivos:
Pois, o processo de aprendizagem, baseado nas experiências autênticas, não necessita de nenhuma forma de instrução, mas sim a configuração de situações que devem propiciar experiências de movimentar-se em relação à intenção educativa. Isso parece um ato revolucionário, pois estamos acostumados a levar aos alunos os movimentos “corretos”, jogos definidos. Nós afirmamos que esses métodos valem somente para a formação da identidade do professor, nada mais. Pois, “o método” conforme relato de Christian, fica no próprio ser humano. (HILDEBRANDT, 2003, p. 150).
Sabendo que a criança desenvolve seus movimentos básicos através do meio
em que ela vive das experiências que realiza e da aprendizagem conquistada
durante a sua vida, pode-se perceber que o atletismo é de fundamental importância
para o seu desenvolvimento.
A Educação Física escolar deve dar oportunidade a todos os alunos para que
desenvolvam suas potencialidades de forma democrática e não seletiva, visando o
aprimoramento como ser humano, é necessário salientar isto, porque, muitas
escolas ainda se baseiam nas palavras de Kunz que aborda, “Fato de que o ensino
da Educação Física escolar se concentra única e exclusivamente sobre os
elementos técnicos das destrezas esportivas, possibilitando, assim, apenas a
compreensão da realidade esportiva de competição”. (KUNZ, 1991, p. 45), o
professor precisa de sugestões de atividades práticas, de uma metodologia que
realmente possa ser sistematizada, que incorpore e tenha características mais
participativas, que ocorram ações problemas envolvendo os alunos e que os faça
refletir sobre a realidade.
Para Darido (2005), o esporte como forma de educação, no nosso caso o
Atletismo, democratiza e gera cultura pelo movimento de expressão do individuo em
ação como manifestação social e de exercício crítico da cidadania evitando, assim, a
exclusão e o excesso de competitividade. Ao abarcar o Atletismo, como conteúdo
podemos levar os alunos a refletirem de forma crítica sobre os problemas da
sociedade, o uso de drogas ilícitas para melhoria de rendimento a corrupção e a
violência (ética). Como também a geração de empregos (trabalho e consumo),
desenvolvimento de pesquisas científicas, como na área médica (saúde).
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Nesse processo, é importante criar estratégias para que nossos alunos se
integrem socialmente, sabemos que o esporte praticado dentro da escola se
consolidou como sendo um importante mecanismo de se conseguir essa integração,
fazendo com que as crianças em fase de desenvolvimento adquiram o hábito de
adotar essa prática e principalmente conhecerem os mecanismos para esse
desenvolvimento. Esse é o papel do professor enquanto educador.
O atletismo, de acordo com Schmolinsky (1982), auxilia e dão oportunidade
para jovem em idade escolar de desenvolver qualidades como coragem, decisão,
força de vontade, perseverança, autodisciplina, lealdade e prontidão.
A Educação Física deve ser trabalhada sob o viés de interlocução com
disciplinas variadas, que permitam entender o corpo em sua complexidade; ou seja,
sob uma abordagem biológica, antropológica, sociológica, psicológica, filosófica e
política, justamente por sua contextura interdisciplinar (DCES, 206, p.19).
O modelo de Educação Física contido nos PCNs (Brasil, 1998a) propõe como
princípio básico a necessidade das aulas serem dirigidas a todos os alunos. Nas
palavras dos PCNs:
A sistematização dos objetivos, conteúdos, processos de ensino e aprendizagem e avaliação têm como meta a inclusão do aluno na cultura corporal de movimentos, por meio da participação e reflexão concretas e efetivas. Busca-se reverter o quadro histórico de seleção entre indivíduos aptos e inaptos para as práticas corporais, resultante da valorização exacerbada do desempenho e da eficiência. (p.19).
Durante as aulas de Educação física devemos trabalhar de forma diferente o
esporte, incluindo todos os alunos sem distinção, com uma visão de ludicidade e não
competitiva pra que não se transforme nossas aulas em torneios ou competições.
Propiciar aos alunos o direito e o acesse a pratica esportiva e adaptar o esporte a
realidade escolar devem ser ações cotidianas dos professores de Educação Física,
para que o educando não venha ser prejudicado por não terem realizado na prática
os fundamentos e conteúdos da provas do atletismo.
“Quem pratica a corrida alimenta a alma, prazer e disposição ao corpo e a
mente” (FERNANDES, 2003 p. 143). O ser humano vive longe da prática desportiva
devido à correria do dia a dia deve, enquanto profissionais, incentivar nossos alunos
para que pratiquem a corrida e outras provas que envolvem o atletismo, para que no
futuro tenhamos pessoas conscientes da importância da pratica para o bem estar.
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Os alunos não devem acreditar que a aula de educação física é apenas uma
hora de lazer ou recreação, mas que é uma aula como a outra repleta de
conhecimentos que poderão trazer muitos benefícios se inseridos no cotidiano. Mas,
para que estes benefícios sejam notados é essencial manter uma regularidade e
continuidade nas atividades. (FERNANDES, 2003 p. 146).
Seguindo-se este procedimento, para o processo ensino-aprendizagem na
escola utilizar algumas técnicas como o uso de educativos e meios recreativos nas
aulas, para que assim o aluno possa estar cada vez mais envolvido com a
modalidade do Atletismo, despertando assim um maior interesse e prazer à
participação das aulas, desenvolvendo as capacidades dos alunos dentro de cada
modalidade.
O atletismo, trabalhado de forma lúdica nas séries iniciais, enquanto prática
de atividade física, com certeza colabora no processo de ensino aprendizagem, é
excelente instrumento de mediação entre o prazer e a aprendizagem, já que o lúdico
é eminentemente cultural. (FERNANDES, 2003 p. 150).
Enfatiza Gonçalves (2007) que “O Atletismo é estritamente ligado aos
movimentos naturais do ser humano de correr, marchar, lançar, arremessar e saltar,
e, por isso, é chamado de esporte base”. (GONÇALVES, 2007, p. 01).
3. ANÁLISE
3.1 Metodologia de aplicação
Nesta seção são discutidos os resultados da análise da implementação dessa
pesquisa, realizada em um colégio da rede pública do Paraná em uma turma de
alunos do Ensino Fundamental.
Este estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa - ação de abordagem
dialética com THIOLLENT (2007, p.81),
“Com a orientação metodológica da pesquisa-ação, os pesquisadores em educação estariam em condição de produzir informações e conhecimentos de uso mais efetivo, inclusive ao nível pedagógico. Tal orientação contribuiria para o esclarecimento das micro situações escolares e para a definição de objetivos de ação pedagógica e de transformações mais abrangentes”.
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Sendo assim, vislumbra-se uma possibilidade de realmente intervir dentro do
espaço escolar para a melhoria das relações de ensino-aprendizagem e sua
metodologia através da aplicação de oficinas sobre pequenos jogos, brincar de
Atletismo dentro das aulas de Educação Física para, que o aluno possa usar essa
aprendizagem nos demais segmentos do seu desenvolvimento, que faça parte da
sua cultura corporal e que consiga perceber a relação dos movimentos do atletismo
em outras modalidades. (THIOLLENT, 2007, p.85).
O método adotado para o desenvolvimento desta pesquisa inclui as
estratégias de ação utilizadas para o desenvolvimento desse projeto como descrito a
seguir. A elaboração e produção do material didático, sua aplicação em sala de
aula.
3.2 Desenvolvimento
No estudo realizou-se um conhecimento e reconhecimento do atletismo pelos
alunos participantes, através de explanações sobre o atletismo, delineou-se qual o
conhecimento que os escolares apresentavam sobre esta modalidade esportiva.
Percebeu-se que o conhecimento destes estava vinculado ao esporte atletismo
institucionalizado, com regras e normas dirigidas pelas competições, sem nenhuma
flexibilidade.
Diante dessa realidade propôs-se um desafio a turma: aprender o atletismo de
uma maneira diferenciada, onde todos independentes de suas qualidades físicas
poderiam participar e aprender.
A prática inicialmente proposta partiu de um princípio de desconstrução de
imagens, ou seja, aquelas imagens que o aluno internalizou através dos contatos
que teve com atletismo, seja assistindo competições na televisão, seja participando
e onde só poderia obter êxito aquele que apresentava uma excelente condição
natural de força, velocidade e resistência orgânica ou a partir de um enorme
investimento na melhoria dessas capacidades físicas e só poderia ser realizado
dentro de um espaço físico oficial.
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Efetuou-se a aplicação de um questionário utilizando a escala Likert com
cinco níveis de concordância. A amostra foi constituída por 55 (cinquenta e cinco)
alunos de quinta série, sendo 28(vinte e oito) do sexo masculino e 27 (vinte e sete)
feminino, sendo estes na faixa etária de 10 a 12 anos.
Isto demonstra certa homogeneidade da turma com relação à idade/série, o
que, em termos pedagógicos, facilita muito a atuação. O questionário fora entregue
aos participantes e recolhidos na data definida.
Das questões permitiu-se detectar aspectos como o atletismo é um conteúdo
importante a ser ensinado na educação física, onde 87% responderam que
concordavam plenamente e 13% parcialmente.
Em relação à história do atletismo tem semelhanças com a história do
desenvolvimento do homem, 42% responderam que concordavam plenamente, 47
% parcialmente; e 11% discordam parcialmente.
No que se refere à escola em que estuda se possui todo material e espaço
físico adequado para a prática do atletismo, 20% responderam que concordavam
plenamente, 31% parcialmente, 49% discorda.
Quanto ao que, se na escola em que estuda aprende-se atletismo através de
brincadeiras, 2% concordavam plenamente, 15% parcialmente, 65% discorda, 13%
discorda totalmente, 5% discorda parcialmente.
Sobre o fato de que, se a pratica do atletismo auxilia o desenvolvimento
cultural, 71% responderam que concordavam plenamente, 25% parcialmente, e 4%
discorda parcialmente.
No questionamento se as aulas de educação física ajudam na melhoria de
qualidade de vida, 94% concordavam plenamente, 6% parcialmente.
E finalmente, se quem pratica esportes tem uma vida mais saudável, 98%
concordavam plenamente, 2% parcialmente.
Tais considerações pautaram-se na verificação do conhecimento, habilidades
e interesse em relação ao desenvolvimento do atletismo nas aulas de educação
física. Percebeu-se através destes resultados que, se faz necessário despertar no
aluno o gosto pelos movimentos desta modalidade esportiva, nós educadores
devemos fazer com que as aulas sejam tão motivadoras que levem o aluno a gostar
de praticar uma determinada atividade física e que mantivesse essa prática, mesmo
ao deixar de ser aluno da escola.
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O processo de produção do material didático considerou primeiramente a
teoria estudada e descrita brevemente neste trabalho. Desta forma, primeiramente,
efetuamos uma pré-testagem com questionário para os alunos visando sondagem
sobre o conhecimento que possuem sobre o atletismo nas aulas de Educação física.
Os alunos responderão de maneira clara e sincera o questionário
enriquecendo as possibilidades de desenvolvimento do seu próprio olhar sobre a
pratica esportiva - atletismo. Procurou-se levar aos alunos o conhecimento do
atletismo, de todas as suas provas, ainda que sofrendo algumas adaptações,
sobretudo em relação aos materiais possíveis a ser utilizado, desta forma,
favorecendo-lhe o entendimento da importância do atletismo nas aulas de educação
física.
Desta forma, na pratica apresentamos textos, vídeos que abordam este
assunto como uma forma de revisão de conteúdos. Levando os alunos compreender
que o atletismo é um conjunto de esportes constituído por três modalidades: corrida,
lançamentos e saltos. Sendo considerado o “esporte base” por testar todas as
características básicas do homem, não se limita somente à resistência física, mas
integra na prática das outras modalidades esportivas.
Desta forma, o movimento saltar tornou-se objetivo direcionador das práticas
realizadas nas aulas. Os alunos foram convidados a relatar e propor diferentes
situações de dia-a-dia onde se usavam de saltos. Surgiram diferentes situações que
foram encenadas pelo grande grupo e também em pequenos grupos que as
apresentava a todos, na seqüência. Brincadeiras envolvendo saltos em distancia e
altura e diferentes desafios foram criadas e vivenciadas pelos alunos.
Assistiu-se ao Filme “Carruagens de Fogo”, visando sensibilizar a classe
sobre a importância do esporte na vida do Ser humano. Efetuou-se uma discussão
sobre o tema Atletismo destacada na obra cinematográfica. Chamou-se a atenção
para os valores e princípios essenciais para a formação do ser humano, destacados
a obra, como a cooperação, solidariedade, o autocontrole emocional, o
entendimento da filosofia que acompanha a prática e, acima de tudo, o respeito,
bem como, as múltiplas experiências e o desenvolvimento de uma atitude crítica
perante o conteúdo escolar.
Efetuou-se oficina para construção de objetos para a prática do atletismo,
tais como: dardos, discos, bastões, pesos, utilizando materiais alternativos, tais
como: jornal, cola caseiro e meias de seda.
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Para cada tipo de atividade construíram-se materiais alternativos a partir de
objetos do cotidiano e da natureza: para o lançamento de dardo, utilizou-se cabo de
vassoura, bambu revestido com jornal.
O lançar e arremessar trabalhou-se com a utilização da pelota. Para a
confecção do peso para arremesso, utilizou-se meias, areia e fitas adesivas. Os
próprios alunos construíram, percebendo dessa maneira que materiais alternativos
poderiam oferecer possibilidades de movimentos quando se pensava que era
necessário ter aqueles materiais convencionais utilizados na prática do atletismo.
Corridas em equipe, com a passagem do bastão ao colega. Observou-se a
velocidade, agilidade, força, coordenação e espírito de grupo.
Como o peso, o disco para arremesso, fez-se com areia e papelão, e o
martelo, sendo que, a construção destes utilizou-se, meias de seda ou elástico, para
a confecção do cabo, anéis de papelão (de fita crepe), para a confecção da
empunhadura e uma bolinha de meia para a confecção da cabeça do martelo,
colocando-se, se necessário, areia em seu interior, a fim de não comprometer a
dinâmica do lançamento. Na corrida com obstáculos, utilizou-se pneus, caixas ou
cones feitos com papelão. No salto em distância utilizou-se trampolim feito de
câmara de ar.
Percebeu-se a facilidade em se trabalhar com o conteúdo, pois este se tornou
interessante na medida em que se progride no assunto e os resultados começam a
tomar forma, especialmente quando o aluno perceber que é capaz de realizar as
atividades propostas, conseqüentemente, a grande maioria dos alunos colaborou
quando houve a necessidade de trazer material para confecção dos objetos.
Partindo para a prática lúdica, realizou-se diversas atividades procurando
desenvolver a velocidade (corridas); corridas em equipe, com a passagem do bastão
ao colega. Observou-se a velocidade, agilidade, força, coordenação e espírito de
grupo. As corridas com barreiras o educando, procurava passar sobre as barreiras
dispostas no percurso. Correspondente a atividade que estava sendo desenvolvida,
verificou-se suas potencialidades, força, velocidade, espaço e agilidade.
Nas corridas explorou-se os jogos de pegador, as estafetas, os trabalhos em
grupo; nos saltos, utilização de atividades recreativas capazes de projetar o corpo
ora horizontal, ora verticalmente; nos arremessos/lançamentos, é possível se
desenvolver jogos pré-desportivos que envolvam materiais com texturas e formatos
diferenciados.
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Neste trabalho procurou-se proporcionar aos participantes atividades
passíveis de serem ensinadas no campo das corridas, saltos, arremessos e
lançamentos. Aos poucos, fora possível identificar as características emocionais de
cada um, aqueles que faziam todas as atividades propostas; aqueles que logo
desistiam das atividades; aqueles que brigavam; aqueles que queriam colaborar
com o professor.
Assim, por meio de atividades recreativas que mesclam um conhecimento
geral sobre as habilidades motoras e um conhecimento específico sobre provas
particulares dessa modalidade esportiva, o resultado do projeto procurou delinear
orientações didáticas que contribui para a aproximação dos alunos desse
conhecimento, vivenciando-o por meio do próprio corpo.
Parece, portanto, oportuno destacar, os conteúdos a serem desenvolvidas em
atletismo como a velocidade, resistência, limites, impulsão, força, criatividade e
socialização. Assim, com base na criação de materiais adaptados para o ensino do
atletismo o participante pode vivenciar atividades a partir da sua própria realidade.
Com as mais diversas atividades desenvolveu-se a força, com lançamentos de
pesos, dardos, discos, em duplas a uma distância pré defenida, um aluno lança um
objeto para o outro. (aumentando sempre à distância).
Observou-se a velocidade, agilidade, força, coordenação, esforço, noção de
espaço. E atividades visando o desenvolvimento da impulsão (saltos longitudinal),
com posse de uma vara. Como o salto é individual, o aluno segura a vara com as
duas mãos, faz uma pequena corrida, apoiando a vara em local pré determinado,
dando impulsão, lançando-se para frente para cair em local demarcado, cada aluno
terá três tentativas, somando-se as distâncias alcançadas e ao final de todo grupo.
Saltar com os dois pés ao mesmo tempo. Saltos horizontais com leve flexão
de joelhos e pés levemente afastados. Cada aluno saltará 06(seis) vezes, sendo que
a cada 02(dois) saltos poderá fazer uma pausa, ao final somam-se as distâncias,
depois de todo grupo.
A densificação do processo vem de encontro com o desenvolvimento
esportivo no o circuito interativo com diversas provas de atletismo. O aluno após a
participação das atividades de atletismo revelou mudança de atitudes, um melhor
desenvolvimento, interesse na prática de atividades físicas relacionadas, observou-
se os benefícios sociais, culturais e educativos com está pratica educativa.
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A partir da construção do conhecimento sobre o atletismo, o aluno respondeu
ao questionário de pós – testagem,. Utilizando a escala Likert com cinco escalas de
concordância. A amostra foi constituída por 55 (cinquenta e cinco) alunos de quinta
série.
Das questões permitiu-se detectar aspectos como o atletismo é um conteúdo
importante a ser ensinado na educação física, onde 98% responderam que
concordavam plenamente e 2 % parcialmente.
Em relação à história do atletismo tem semelhanças com a história do
desenvolvimento do homem, 80% responderam que concordavam plenamente, 15
% parcialmente; e 5 % discordam parcialmente.
No que se refere à escola em que estuda possui todo material e espaço físico
adequado para a prática do atletismo, 80% responderam que concordavam
plenamente, 15 % parcialmente, 5% discorda.
Quanto ao que, se na escola em que estuda aprende-se atletismo através de
brincadeiras, 85% concordavam plenamente, 5% parcialmente, 5% discorda, 2%
discorda totalmente, 3% discorda parcialmente.
Sobre o fato de que, se a pratica do atletismo auxilia o desenvolvimento
cultural, 90% responderam que concordavam plenamente, 5% parcialmente, e 5%
discorda parcialmente.
No questionamento se as aulas de educação física ajudam na melhoria de
qualidade de vida, 98% concordavam plenamente, 2% parcialmente.
E finalmente, se quem pratica esportes tem uma vida mais saudável, 100%
concordavam plenamente.
As questões permitiram detectar aspectos positivos e relevantes em relação
ao trabalho realizado com atividades recreativas com atletismo, e na confecção dos
objetos, percebeu-se o empenho, dinamismo e participação. Todos participaram
com êxito e satisfação. Ao final, em momento de conversa e reflexão sobre a aula,
fez-se compreender que foi praticado atletismo, uma vez que correr era um dos
movimentos básicos enfocados nesse esporte.
Diante deste resultado, evidencia-se que a modalidade de Atletismo precisa
ter seu merecido espaço na prática das aulas de Educação física, e sempre
procurando aproximar a realidade escolar com a vivencia do educando.
O emprego da ludicidade na prática pedagógica, é um caminho que além de
causar o conforto e o grande interesse por parte de nossos alunos, favorece o
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desenvolvimento da prática que se propõe. Ao se criar possibilidades para que o
aluno se envolva com a modalidade do atletismo é de fundamental importância que
haja a troca desses interesses; a proposta do professor em conduzir um trabalho
respaldado em pesquisa que favorecem o aprendizado e o interesse do aluno pelo
trabalho.
Tendo em vista a importância do atletismo dentro do contexto escolar,
evidencia-se a valorização da saúde física, bem como a pratica de provas que estão
inseridas dentro da modalidade, o conjunto de diferentes habilidades motoras e os
fundamentos essências da prática é que se alimenta a necessidade do
desenvolvimento desse projeto. O atletismo prevê um trabalho nas séries iniciais
da educação básica, a falta de iniciativa dos professores de Educação Física faz
com que muitas crianças sejam menos exigidas nas aulas dentro dos aspectos
motores básicos, que formam a plataforma para o seu desenvolvimento geral.
4. CONCLUSÃO
A conclusão do projeto propõe a introdução dos alunos no universo de
movimentos próprios do atletismo, desmistificando as dificuldades de ensino que,
aparentemente, lhe parecem inerentes, sendo um meio de ampliação de
conhecimento, ajudando-os alunos a usar essa aprendizagem como opção em
diversas situações problemas que a vida e o ambiente os proporcionam, além de
despertá-los para uma modalidade que pode trazer benefícios em sua vida.
Neste contexto, o professor e a escola devem estar empenhados em oferecer
uma grande variedade de movimentos e ações para seus alunos para que a
Educação Física realmente seja uma prática de cultura corporal e para ser de
grande importância na formação pessoal física e até psicológica de seus praticantes.
Considerando os aspectos formativos, esportivos e sociais, entendemos a
importância do desenvolvimento de pequenos movimentos que o Atletismo assume
na formação da criança/ adolescente, sem exigir materiais complexos, formados por
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regras fáceis e de aprendizagem rápida, utilizado pelo princípio do prazer lúdico,
livre de obrigações. Visando melhoria na qualidade de vida.
Ao concluir as atividades, os próprios escolares demonstraram que foram
capazes de aprender e praticar aulas de atletismo de maneira satisfatória, uma vez
que o aspecto lúdico presente em todas as aulas permitiu grande participação e
interesse por parte destes.
Neste sentido, “a atividade física apresenta-se como um componente
fundamental para uma vida saudável, mas, infelizmente, seus níveis de prática têm
sofrido reduções” (Seidell, 2002; p. 30).
A análise de dados mostrou que o educando é muito participativo quando se
sente desafiado e o assunto é de seu interesse. Pode-se observar que os fatores
mais importantes para a consecução do ensino, é a motivação, o jogo, que é o
mundo da criança e a atitude do professor.
A ideia de jogo não é mais que introduzir um componente aceitável aos olhos
da criança. O Atletismo em geral não tem grande conteúdo recreativo, carecendo
quase sempre do atrativo de outras modalidades desportivas, particularmente os
jogos, que exercem uma motivação enorme para a criança. Neste ponto , surge à
necessidade do professor ser capaz de criar formas agradáveis de trabalho, com o
triplo objetivo de desenvolver as capacidades do aluno, dotá-lo de noções básicas e
motivá-los para a atividade.
Concorda-se com Hildebrandt (2003), que a renovação da prática pedagógica
nas aulas remete a uma concepção de Educação Física com diversos significados
que leva em conta o objetivo com o qual o conteúdo é apresentado, bem como o
método utilizado para sua apresentação.
A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais
advindas das mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa
variada combinação de influências esta presente na vida cotidiana.
Este estudo visa auxiliar no desenvolvimento das necessidades das crianças,
oportunizando a participação, conhecendo suas potencialidades e suas limitações.
Nas atividades propostas pelo presente projeto o aluno passa a interagir com os
colegas e dessa forma desenvolve o respeito mútuo, buscando participar de forma
leal e respeitando as diferenças sociais.
Assim sendo, o processo de ensino aprendizagem de Educação Física, não
se restringe ao simples exercício de algumas habilidades e destrezas, faz com que o
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aluno reflita sobre suas possibilidades corporais voltadas ao exercício da cidadania.
O estudo demonstra que há, no campo do atletismo, um conhecimento
riquíssimo a ser veiculado. É necessário não cair no extremismo da obrigatoriedade,
mas também, não deixar o aluno executar a atividade somente por executar. O
importante é não fazer da atividade uma coisa sem sentido. O significado do ensino
do atletismo para a criança começa, exatamente, no empenho do professor.
Ao concluir as atividades, os próprios alunos demonstraram que foram
capazes de aprender e praticar aulas de atletismo de maneira satisfatória, uma vez
que o aspecto lúdico presente em todas as aulas permitiu grande participação e
interesse por parte destes.
A junção de possibilidade desenvolvida pode-se inferir que todos os
elementos articuladores das diretrizes para a educação física podem e devem ser
explorados dentro do conteúdo atletismo, pois os mesmos constituem um elo
conectando e posicionando-o como conteúdo de maior motivação e o mais praticado
na escola. Percebeu-se que de modo geral os alunos melhoraram significativamente
seu desempenho motor e qualidades físicas sendo que também mudaram sua
imagem e concepção de atletismo, não abandonando aquela maneira tradicional de
vê-lo, mas percebendo que existem outras possibilidades de aprendê-lo e vivenciá-
lo.
Ter a oportunidade de participar da capacitação inovadora do Estado do
Paraná, nos permitiu uma oportunidade única, um tempo específico para leituras,
um reencontro com as IES, dando um sentido mais real aquilo que chamamos de
atualização. Portanto consideramos que vindo de encontro para nos tornarmos
professores em busca de meios para elaborar um material didático coerente com a
prática pedagógica e que, ao mesmo tempo atenda às necessidades essenciais do
aluno.
O PDE além de proporcionar maiores conhecimentos, deu condições e
estimulou-me a participar dos cursos de formação continuada na disciplina, para que
tenha direito a promoções na Carreira, certamente ter participado desse Programa
acrescentou a minha prática muito mais subsídio teórico metodológicos para o
desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas.
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5. REFERÊNCIAS
BARBANTE, V. J. Teoria e Prática do Treinamento Desportivo. São Paulo: Planimpress,1986.
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KIRSCH, A., KOCK, K. Séries metodológicas de ejercicios en atletismo. Buenos Aires, Kapeluszm, 1973.
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http://www.phorte.com/phorteonline/teor.php?pid=15&pa=2&pn=3: Acessado em 15/03/2011
http://vamos_fazer_educacao_fisica.blogs.sapo.pt/10238.html acessado em 15/03/2011
www.joaquimcruz.com - acessado em 15/03/2011
ANEXO
QUESTIONÁRIO ESCALA LIKERT COM CINCO ESCALAS DE CONCORDÂNCIA = AO ALUNO NA PÓS E PRÉ-TESTAGEM
Nº Pergunta
Con
cord
oto
talm
en
te
Con
cord
o p
arc
ialm
ente
Não
con
cord
o
Dis
cord
o t
ota
lmen
te
Dis
cord
o p
arc
ialm
en
te
01 O atletismo é um conteúdo importante para ser ensinado nas aulas de Educação Física?
02 A história do atletismo parece com a do desenvolvimento do homem?
03 A escola em que você estuda possui todo material e espaço físico adequado para a prática do atletismo?
04 Em sua escola se aprende o atletismo através de brincadeiras?
05 A pratica do atletismo auxilia o desenvolvimento cultural?
06 As aulas de educação física ajudam na melhoria da qualidade de vida?
07 Quem pratica esportes tem uma vida mais saudável?
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