Post on 13-Dec-2018
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
ARTIGO PDE 2011: Avaliação na Educação Física Escolar: um relato de experiência com a ressignificação do processo avaliativo em conjunto com professores e alunos de um colégio estadual do município de São José dos Pinhais-PR.
Autor: Ronaldo Pazinatto1
Orientador: Sergio Roberto Chaves Junior2
RESUMO
A elaboração deste artigo tem como objetivo a reflexão e análise das práticas avaliativas na disciplina de Educação Física no âmbito escolar. Observamos a constante preocupação das ações dos Professores que carecem no dia-a-dia de novas discussões e encaminhamentos buscando diferentes olhares de uma pedagogia que promova a inclusão e que os processos e instrumentos discriminatórios sejam descartados, buscando dessa forma não utilizar critérios como o desempenho físico decorrente de um modelo baseado no esporte de alto rendimento no qual somente o exemplo seguido é do melhor desempenho. A avaliação do ensino é um processo de coletar e analisar dados a fim de determinar o grau em que as metas preestabelecidas foram atingidas e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes. Logo, não tem um fim em si mesma, e se constitui como um meio de auxiliar o processo de aprendizagem para averiguar ou mesmo detectar os avanços ou falhas, tanto dos alunos como também dos professores, de modo a corrigi-los. Em muitas escolas e, por conseqüência, nas aulas de Educação Física Escolar, verifica-se que, a avaliação é tida tanto para os alunos como para os professores, um ato de se cumprir a lei, atender as normas da escola e selecionar alunos para as competições esportivas. Palavras-Chave: Práticas avaliativas; Instrumentos discriminatórios; Desempenho; Processo de aprendizagem; Aulas de Educação Física.
ABSTRACT
The preparation of this article aims to reflection and analysis of assessment practices in physical education in schools. We observed the constant concern of the actions of teachers who lack the day-to-day discussions of new referrals and seeking different perspectives of a pedagogy that promotes inclusion and that the discriminatory 1 Professor licenciado em Educação Física pela UFPR. pós-graduado em educação infantil-IBPX. Diretor do Colégio Estadual Costa Viana - São José dos Pinhais PR. 2 Mestre em Educação (UFPR). Professor Assistente do Departamento de Teoria e Prática de Ensino (UFPR)
2
processes and tools to be discarded, thereby seeking not use criteria such as performance due to a physical model based on high performance sport in which only followed the example is in the best performance. The evaluation of teaching is a process of collecting and analyzing data to determine the degree to which the preset goals were met and, hence, guide decision making in relation to the following educational activities. Therefore, not an end in itself and is constituted as a means of assisting the process of learning to see or even detect the progress or failures of both the students and also teachers in order to correct them. In many schools, and consequently, the lessons of physical education, it appears that the assessment is taken both for students and for teachers, an act to enforce the law, attend school rules and selecting students for sporting competitions. Key Words: evaluative practices; Instruments discriminatory; Performance; Learning process; physical education classes
1- INTRODUÇÃO
A avaliação do ensino-aprendizagem é um tema muito polêmico em todas as
áreas da educação. Na educação física, isso se torna ainda mais crítico pelo fato
dessa disciplina ainda buscar por um entendimento mais profundo e por se tratar de
uma área de conhecimento na qual teoria e prática estão ligadas diretamente com
seu desenvolvimento e sua aplicação. A avaliação é o processo pelo qual se atribui o valor ou o grau de importância
de determinado objeto, atributo ou atitude. De fato, muitos investigadores da área
pedagógica da educação física têm constatado que a avaliação da disciplina na
escola apresenta sérios comprometimentos negativos, seja de cunho ideológico ou
prático. Por ser uma exigência institucional, ela vem sendo praticada
constantemente, na maioria das vezes, por profissionais que não entendem a sua
necessidade, o seu significado e suas implicações (COSTA, 1992; SOARES et al,
1992).
Segundo as Diretrizes Curriculares de Educação Física do Estado do Paraná
(2008, p. 76), “a avaliação em Educação Física à luz dos paradigmas tradicionais,
como o da esportivização, desenvolvimento motor, psicomotricidade e da aptidão
física, é insuficiente para a compreensão do fenômeno educativo em uma
perspectiva mais abrangente”.
3
Diante dessa realidade, buscamos um entendimento da prática avaliativa sob
a luz de uma teoria, na qual a formação do indivíduo seja concebida enquanto um
processo histórico e social. Como diz Duarte (2001, p. 64), ”quando o indivíduo
utiliza conhecimentos históricos para buscar compreender sua situação como
membro de uma classe social, está se relacionando conscientemente com sua
condição de classe.
Para Costa (op.cit, p.28),
"para que a avaliação em educação física tenha maior valor educativo, é necessário que os professores adquiram conhecimentos que possam ampliar sua visão de mundo de forma a ajudar os alunos a desenvolver habilidades, hábitos, convicções relevantes e necessárias para sua vivência e sucesso como indivíduo, como cidadão e como profissional."
A educação física precisa assumir efetivamente o seu papel e se
comprometer com a construção de uma escola voltada para a formação de cidadãos
críticos, capazes de tomar decisões conscientes a respeito de seu estilo de vida
individual e social.
Com base na visão citada, pode-se entender que o papel fundamental da
educação física é o desenvolvimento integral do ser humano. Assim amplia-se ainda
mais em responsabilidade social na medida em que as grandes transformações
sócio-econômicas se aceleram cada vez mais.
Nos dias atuais valoriza-se excessivamente a competição e a excelência, pois
os avanços científicos e tecnológicos definem exigências cada vez maiores para
todos. As incertezas da sociedade globalizada têm levado os jovens, cada vez mais
cedo, a tentar ingressar no mundo do trabalho e, ao mesmo tempo, manter-se na
escola, ampliando a demanda pelos cursos noturnos. Essa demanda impõe uma
revisão dos currículos, que orientam, ou que deveriam orientar o trabalho realizado
pelos professores de todas as áreas, especialmente os de educação física, pois o
perfil desse jovem é muito diferente do perfil de outros tempos.
Nesse contexto, a avaliação em educação física se configura como um dos
mais importantes instrumentos didático-pedagógicos para o alcance dos objetivos
amplos, imediatos, gerais e específicos. Assim teremos um entendimento mais claro
com o aprofundamento dos estudos e levantamento de dados que serão úteis para
4
um melhor entendimento e desenvolvimento da disciplina. Para que isto ocorra é de
suma importância sabermos como vem sendo usada esta avaliação, quais seus
objetivos, quem são os sujeitos que podem contribuir para esta construção do saber.
1.1 AVALIAÇÕES NA ESCOLA.
A avaliação é praticada com a atribuição de qualidade aos resultados da
aprendizagem, ao avaliar o professor procura identificar as mais variadas
manifestações dos alunos. Esta qualidade configura na aprendizagem do aluno que
pode ser verificada e analisada através da coleta de dados a partir de um padrão
preestabelecido pela proposta pedagógica da disciplina de educação física.
A necessidade de buscar formas diferenciadas de ensino e avaliação, que
superem os modelos que, exerce papel e funções problemáticos para a educação
democrática que almejamos.
A partir dessa qualificação, é fundamental tomar uma decisão sobre as
condutas docentes e discentes a serem seguidas, tendo em vista o resgate imediato
da aprendizagem, ou mesmo o encaminhamento dos alunos para as etapas
subseqüentes.
Já nos casos onde a avaliação constatar que a aprendizagem foi atingida,
serão propostas novas metas dentro dos conteúdos programados. Muitas vezes as
notas são questionadas, pois a aprovação ou a reprovação dos alunos deveria dar-
se pela aprendizagem efetiva dos conhecimentos. Neste sentido, as Diretrizes
Curriculares de Educação Física do Estado do Paraná (2008), sugerem que, na
tomada das ações pedagógicas, haja uma aproximação da concepção materialista
histórica e dialética, buscando avaliações que estejam em consonância com as
pedagogias críticas da educação. Tais concepções devem estabelecer um papel
relevante na luta pela transformação das relações de dominação entre as classes
sociais.
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008)
avaliação deve estar vinculada ao projeto político-pedagógico da escola,
considerando o comprometimento e envolvimento dos alunos no processo
pedagógico:
5
Seguindo as orientações da mantenedora, as instituições de ensino devem
realizar a avaliação em consonância com o projeto político pedagógico da escola, ou
seja, o aluno deve ser avaliado de acordo com a proposta curricular aprovada,
bimestralmente, trimestralmente ou semestralmente, através de instrumento que
resulte em uma nota. Cada professor tem autonomia para avaliar dentro deste
critério, podendo utilizar provas escritas, práticas, trabalhos, apresentações e
participação nas aulas. Em alguns casos os professores utilizavam a freqüência
como um item na avaliação
Resumidamente, é desta maneira que o atual sistema funciona, sendo
também obrigatória a recuperação paralela de conteúdos, não a deixando para um
único momento isolado, tradicionalmente alocado ao final do bimestre, semestre ou
ano letivo.
Comprometimento e envolvimento – se os alunos entregaram as atividades propostas pelo professor; se houve assimilação dos conteúdos propostos, por meio da recriação de jogos e regras; se o aluno consegue resolver, de maneira criativa situações problemas sem desconsiderar a opinião do outro, respeitando o posicionamento do grupo e propondo soluções para as divergências; se o aluno se mostra envolvido nas atividades, seja através da participação nas atividades práticas ou realizando relatórios. (DCE, 2008, p 77)
A avaliação da aprendizagem deve estar relacionada a uma concepção de
formação do homem reflexivo, crítico e com postura cidadã, para uma análise
reflexiva levando-o à compreensão e à superação da discrepância entre a teoria e a
prática no contexto escolar visando uma perspectiva de avaliação da aprendizagem
“[...] a serviço de uma pedagogia que entenda e esteja preocupada com a educação
como mecanismo de transformação social”. (LUCKESI, 2002, p.28), contribuindo
para o aperfeiçoamento e a tomada de consciência do professor como agente
histórico social.
Segundo Perrenoud (1999), a avaliação que antecede a elaboração de um
projeto pedagógico, de um plano de curso, ou de qualquer outra atividade é a
avaliação diagnóstica, sendo necessária ao longo de todo desenvolvimento de um
projeto e não só na fase inicial de um trabalho.
6
A avaliação formativa indica os avanços e as dificuldades que se vão
manifestando ao longo do processo, possibilitando assim uma avaliação contínua e
uma ênfase maior na avaliação do processo.
A avaliação que acontece ao final dá-se a denominação de somativa. A
avaliação contribui, portanto, para ajudar a alcançar os objetivos do pedagógico, e
não apenas para verificar se eles foram ou não alcançado.
Quando avaliamos isto nos faz compreender os aspectos que devem ser
revistos, ajustados ou reconhecidos. Se não foram os ideais, poderemos fazer as
adequações necessárias individualmente ou para todo o grupo.
Para o aluno é o momento de tomada de consciência de suas conquistas,
dificuldades e possibilidades. Possibilitam para a escola identificar as prioridades e
focar as ações educacionais que necessitam de acompanhamento constante pela
velocidade que ocorrendo.
A escola nos dias de hoje, está em constante mudança quer seja no campo
das ciências, da política, da tecnologia quanto no da educação. Neste quadro a
escola sofre muitos questionamentos: Que pessoa formar? Apenas um ser
preocupado com si mesmo e com sua sobrevivência inserido em uma sociedade de
consumo, sem questionamentos sem saber qual é seu real papel, sem saber o por
quê? Ou procuramos pessoas participativas que se sentem responsáveis por uma
sociedade mais justa e melhor?
Assim o objetivo é transformar o espaço da escola e da sala de aula em
ambientes nos quais professores e alunos possam interagir num processo dinâmico
em uma troca de experiências diárias; o educador deve conhecer seus alunos, saber
sua trajetória, aceitar suas diferenças, entender como ele aprende e assim
diversificar a maneira de ensinar e, conseqüentemente, avaliar, para que a
aprendizagem ocorra de uma forma mais significativa tanto para alunos como para
professores.
Segundo Silva “desenvolver uma nova postura avaliativa requer desconstruir
e reconstruir a concepção e a prática da avaliação e romper com a cultura da
memorização, classificação, seleção e exclusão tão presentes no sistema de ensino“
(2003, p.16).
Diante desta realidade, o entendimento que buscamos da prática avaliativa é
embasada em uma teoria na qual a formação do indivíduo seja concebida enquanto
um processo histórico e social. Segundo Duarte “quando o indivíduo utiliza
7
conhecimentos históricos para buscar compreender sua situação como membro de
uma classe social, está se relacionando conscientemente com sua condição de
classe” (2001, p.64 citado por PARANÁ, 2008)
2- CONTEXTUALIZANDO A AVALIAÇÃO NA ESCOLA: UM RELATO IDENTIFICANDO SUJEITOS E REALIDADE.
Com objetivo de obter o envolvimento de todos os professores de educação
física, pedagogos, direção e alunos do 1º ano do curso de formação de docente, do
turno da tarde, de um colégio estadual localizada no município de São José dos
Pinhais, da área metropolitana sul, foi apresentada a proposta de trabalho a ser
desenvolvida na escola. O trabalho proposto foi da aplicação de uma Unidade
Didática; sendo salientado por todos que o tema avaliação na educação física
escolar seria de grande importância para o melhor entendimento e desenvolvimento
dos mecanismos utilizados por todos.
Tendo em vista que a turma de formação de docentes vivência em sua
formação muita estudo com o tema proposto, a aplicação deste trabalho estaria
contribuindo positivamente, ampliando assim mais seus conhecimentos.
Após a apresentação do tema trabalhado, resultou não somente o repensar
da avaliação em Educação Física, mas também de que maneira vem ocorrendo à
avaliação nas demais disciplinas que muitas vezes se deparam com a mesma
dificuldade.
Com o objetivo provocar uma maior discussão foi abordado trechos do livro
avaliação na educação onde se verificou os pontos a serem aprofundados para um
melhor entendimento do processo pedagógico. Utilizando como meio de estimular
ainda mais a reflexão sobre o tema tramado foi apresentado um vídeo enfocando a
avaliação “Premiação ou Punição” destacando o entendimento percebido pelos
sujeitos submetidos ao processo.
Após realizar as leituras indicadas e assistir ao vídeo, iniciou-se as
discussões, debates e reflexões, utilizando alguns instrumentos para coletar os
dados discutidos.
8
Foi disponibilizado um questionário aos professores de disciplina de
educação física, direção e pedagogos e alunos.
Os materiais disponibilizados e trabalhados com os alunos os levaram a
elencar vários pontos. Foram levantados situações que vem ocorrendo com a
avaliação de uma maneira geral dentro da escola e não somente com a disciplina de
estudo. Muitos dos pontos elencados são vistos como positivos pois segundo o
relato dos alunos o professor está preocupado com o desenvolvimento do aluno
como um todo e o aluno não é visto como apenas um número, mas sim com alguém
em formação e constante mudanças.
Por outro lado também surgiram alguns fatos negativos indicados pela
existência de uma “soberania” do professor, onde a avaliação é feita sobre técnica
correta do movimento.
A avaliação que ocorre dentro da escola muitas vezes é discriminatória,
sendo usada como meio de controle dos alunos; mas também boas práticas são
realizadas que buscam o crescimento e o desenvolvimento dos alunos, já que a
sociedade cobra muito e espera que os alunos estejam preparados para o mercado
de trabalho.
Segundo Betti e Zuliani (2002), a avaliação em Educação Física tem Características e dificuldades comuns aos demais componentes curriculares, mas também apresenta peculiaridades. Esses autores ainda afirmam que “a avaliação deve servir para problematizar a ação pedagógica, e não apenas para atribuir um conceito ao aluno” (p. 77).
Segundo a visão dos alunos a avaliação que vem sendo aplicada poderia ser
revista em alguns pontos, pois como o referencial é uma nota ao final do período
teríamos muitas opções de obter um resultado mais próximo da realidade do aluno.
Durante o desenvolvimento dos trabalhos os alunos afirmam não terem
medo de serem avaliados , pois entendem que estão preparados e o resultado do
seu aprendizado é uma nota que determina seu desempenho no decorrer do
processo de aprendizagem.
Afirmam ainda que muito colega não tem o hábito de estudar em casa todos
os dias, mas apenas na véspera das avaliações; o mesmo faz com as demais
solicitações de tarefas e trabalhos.
9
2.1 DESAFIO NA ESCOLA: AVALIAR É PRECISO?! A avaliação é um momento muito especial, pois da maneira que é aplicada
pode levar de heróis a bandidos, valorizando muito ou não dando o menor valor ao
desenvolvimento do ser humano. Ao avaliar, muitos aspectos devem ser levados
em conta; avaliar é verificar se aquilo que foi ensinado foi aprendido, o saber fazer
que defina uma aprendizagem não é o conhecimento que se tem, mas o domínio ao
transferi-lo para a prática.
Segundo Darido (2005), para avaliar as habilidades motoras e as capacidades físicas é importante comparar o progresso dos alunos, não em relação os demais, mas sempre consigo próprio, não só as habilidades e capacidades físicas podem ser avaliadas, mas também a capacidade de coletar notícias, produzir textos, debater sobre reportagens, com temas de interesse de toda comunidade, articulando conceitos da área que foram trabalhados anteriormente.
Avaliar os alunos e valorizar as suas atitudes durante processo de ensino
aprendizagem deve ser condizente com que professor exige, a metodologia de
trabalho de uma prática avaliativa muita preparação, com atenção, cuidado e, acima
de tudo, muito conhecimento da matéria, pois é nas situações de jogo, esporte,
lazer, lutas que os alunos são expostos a desafios, ali se manifestam sentimentos,
valores e atitudes.
Apesar dos avanços teóricos, trabalhos como o de Hoffman (2001), na
educação em geral e na educação física, tem mostrado a insatisfação dos
professores quanto à prática avaliativa no processo ensino-aprendizagem o que traz
à tona a necessidade de refletirmos acerca do que está sendo produzido no
cotidiano escolar, principalmente nas aulas de educação física, isto evidencia uma
lacuna no conhecimento sobre o que está sendo praticado no interior da escola.
A avaliação está muito centrada em conhecimento e trabalhada durante um
determinado período, deve-se observar se o conhecimento não foi apenas decorado
ou se o movimento está certo ou errado, mas se ocorreu aprendizagem que poderá
ser utilizada em outro momento da vida, outra situação onde vai refletir se tudo
aquilo que foi aprendido está sendo utilizado.
10
O Professor tem uma função muito importante não somente na instrução da
educação física mais também na formação do ser humano e sendo o aluno um ser
em formação, essa ação é de grande valia e fundamental para que ele tenha uma
vida melhor dento de suas limitações ou facilidades.
A avaliação da aprendizagem deve ser entendida como um dos aspectos do
ensino pelo qual o professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem e de seu
próprio trabalho. Portanto, um instrumento de acompanhamento e aperfeiçoamento
do processo de aprendizagem do aluno que visa diagnosticar os resultados e
atribuir-lhe o valor.
A realidade educacional clama por emancipação e pela busca constante de
inovação nas práticas pedagógicas. A avaliação, tal como concebida e vivenciada na
maioria das escolas brasileiras tem se constituído no principal mecanismo de
sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto, legitimador do
fracasso escolar, ocupando o papel central nas relações que estabelecem entre si
os profissionais da educação.
Assim, não há como ignorar a questão da avaliação no processo educativo,
porque esta é considerada parte integrante de tal processo, imprescindível em
qualquer proposta de educação. Teoricamente a avaliação está ligada ao processo
ensino e aprendizagem, porém, a prática pedagógica mostra que a avaliação
continua ficando desvinculada neste processo, a avaliação no contexto escolar,
muitas vezes se resume na ação de dar notas.
Isto também se reflete nas demais áreas, diante das discussões que vem
ocorrendo, a avaliação vêm sendo utilizado como ferramenta para crescimento e até
mesmo o confronto com aqueles que relutam em uma nova postura, em mudar a
sua maneira não somente de avaliar, mas também de como desenvolver suas aulas.
A avaliação não pode ser tomada com punitiva ou como meio de controle,
deve ser encarada como mecanismo que busca verificar o desenvolvimento do ser
humano em todos os aspectos não somente na disciplina de educação física mais
em todas, pois nosso aluno não é dividido em teoria e prática ele é corpo presente
em todos os momentos e lugares.
Para que possamos ter a avaliação como aliada, primeiramente o professor
deve ter isto muito claro para si mesmo, pois não deve usar os mesmos critérios com
todas as pessoas por estarmos trabalhando com seres diferentes, com vontades,
desejos e ambições distintas.
11
Tanto o aluno como o professor deve entender que a avaliação não se faz em
um único momento, mas sim em todas as ações e atos que os envolvam desde um
simples gesto de cumprimentar as pessoas até mesmo no cumprimento das regras,
isto é desenvolvimento e não apenas a aferição em um momento isolado que não
reflete a realidade de sua conduta.
Para que nosso desempenho melhore temos que também nos avaliar, pode
ser que nosso método esteja muito falho ou mesmo fora da realidade, assim quando
avaliamos também somos avaliados pelos alunos e pelo sistema.
3- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS COLETADOS: A HORA DA VERDADE?!
Os dados foram coletados com professores e alunos do curso de formação de
docente, no segundo semestre de 2010. O instrumento de pesquisa utilizado foi
questionário, com perguntas abertas e fechadas. Após análise dos questionários
foram selecionadas algumas das respostas que serão transcritas, analisadas e
comentadas a seguir. Como cuidado metodológico, os nomes de alunos e
professores são omitidos, a fim de preservar a identidade dos sujeitos envolvidos na
pesquisa.
3.1 AS VOZES DOS SUJEITOS: OS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS DOS
ALUNOS.
Apresentaremos a seguir os relatos retirados dos questionários respondidos
por 35 alunos do curso de formação de docente. Cabe destacar que os trechos
apresentados foram, na perspectiva do autor deste artigo, os mais significativos e
que nos apresentam alguns elementos importantes para a análise e reflexão da
temática.
12
a) Os professores costumam usar a avaliação para impor sua autoridade ou
disciplina?
“Depende muito do Professor, se for um professor que só esteja ali por estar, talvez queira impuser (sic!) autoridade através de provas. A grande maioria utiliza a avaliação para verificar o conhecimento e o desenvolvimento que foi adquirido pelos alunos ou até mesmo para poder planejar o nível de suas aulas. Muitas vezes alguns professores se indispõem com a turma e acaba usando a avaliação de uma forma errada punindo todos.” (Aluna M. 1º A)
A avaliação deve ser utilizada como aliada ao processo de ensino
aprendizagem, os procedimentos devem ser aplicados de acordo com a proposta
pedagógica da instituição de ensino, deve ser resultado de um processo
democrático e justo, tendo como foco central o bem estar do aluno dentro de
princípios éticos aceitáveis. (baseado em que? Tentar, na medida do possível,
trazes referenciais que te fortaleçam nos argumentos...)
b) O que acontece quando um aluno fracassa ou falta em uma avaliação?
Depende do professor (a), alguns dão recuperação e outro não, você mesmo tem que pedir, quando o aluno o falta só faz prova de segunda chamada se trouxer justificativa. Se não foi bem normalmente tem uma segunda chance; alguns professores não dão muita bola se o aluno esta indo bem ou não, se tem condição de fazer as provas ou mesmo se ocorreu alguma coisa que afetou o aluno no dia da avaliação. Já temos outros professores que além de ser nossos professores são nossos amigos, estão sempre ligados mesmo tendo tantas turmas conseguem entender cada aluno (Aluno J.P. 1ª B)
A relação entre os alunos e os professores tem sido efetivada com a percepção de
problemas e de intervenção no sentido de solucioná-los geralmente, procuram ser
amistosos, compreensivos, solidários, respeitosos, profissionais. Muitas atitudes são
constantemente tomadas com a devida preocupação para a vida das demais
pessoas e da sociedade que a escola esta inserida. A relação de amizade surge
durante o processo de aprendizagem principalmente pela postura que o professor
13
demonstra durante suas aulas o estarem mais próximo transforma ao convívio em
amizade e respeito.
Não há sentido em processos avaliativos que apenas constatam o que o
aluno aprendeu ou não aprendeu e o fazem refém dessas constatações, tomadas como sentenças definitivas. Se a proposição curricular visa à formação de sujeitos que se apropriam do conhecimento para compreender as relações humanas em suas contradições e conflitos, então a ação pedagógica que se realiza em sala de aula precisa contribuir para essa formação. (DCEs, 2008, p.31)
A falha ou mesmo o fracasso é um sinal de alerta que deve ser identificado
pelo profissional que está à frente dos alunos, pois isto aponta para uma provável
dificuldade na aprendizagem que deverá ser sanado através do trabalho pedagógico
desenvolvido pelo professor.
c) Como ocorre a recuperação paralela e a recuperação em sua classe?
Normalmente o professor passa um trabalho para ajudar e dar uma segunda chance aos alunos, ou aplica outra prova teórica; mas já fomos orientados pela equipe pedagógica de que a recuperação deve ser paralela, assim conseguimos lembrar com facilidade da matéria que foi trabalhada pelo professor, pois ainda está “fresca” em nossa cabeça, e não ficamos com ansiedade para fazer nova prova, é bem melhor desta maneira. (Aluna K - 1ª A)
O acompanhamento diário que professor o realiza é de suma importância
para diagnosticar e rever os pontos que não foram atingidos assim podendo auxiliar
os alunos de maneira imediata a sanar as duvidas. Com o acompanhamento
paralelo e contínuo muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos são sanadas
sem a perda de tempo, desta maneira não existe um distanciamento em relação aos
demais alunos da turma.
14
d) Como você acha que deveria ser avaliado?
Todos os professores de educação físicas que eu tive, avaliam de uma maneira boa, mesmo não tendo provas escritas. A grande maioria do professores utiliza as avaliações para poder conhecer melhor os alunos, assim pode entender melhor e também mudar sua maneira de trabalhar com as turmas, pois cada turma é diferente. Alguns alunos conseguem aprender com mais facilidade do que outras assim, as dificuldades são sanadas rapidamente sem muitos problemas. (Aluna C. - 1ª B)
A avaliação possui características sociais, históricas e pessoais, que lhe
conferem poder de influenciar a vida das pessoas e as situações em que vivem.
Assim refletindo a forma como o professor pensa, sua concepção de mundo, sua
ética, sua forma de ver o aluno e seus conhecimentos sobre o processo ensino-
aprendizagem, sobre a escola e sobre sua função.
Freitas (2003b, p. 28) afirma que “o aluno é cada vez mais conformado a ver a aprendizagem como algo que só tem valor a partir da nota que lhe é externa e a troca pela nota assume o lugar de importância do próprio conhecimento como construção pessoal e poder de interferência mundo”
e) Como é tratado o aluno que tem um bom desempenho e o que não tem?
O professor verifica que o aluno que não apresentou um bom desempenho, possa ter algum problema de aprendizagem, ele nunca é tratado diferente, aqueles alunos que apresentam bom desempenho não recebem nenhum privilégio nas aulas. O professor elogia todos, mas nunca exclui aquele que não foi bem, os meus professores usam os “melhores” para ajudar, mas não criticam os que têm dificuldades. Todos são tratados iguais, o professor sempre está incentivando a todos. (aluno L, 1ª A)
A observação deve ser muito criteriosa e não discriminatória, normalmente a
diferença aparece rapidamente podendo criar uma barreira entre a relação
aluno/aluno ou até mesmo aluno professor. Para acompanhar as diferenças e a
evolução apresentadas devem-se utilizar freqüentemente as observações
15
pedagógicas como anedotários, fichas de observação coletiva e individual, listas de
verificação tendo como parâmetros os critérios negociados com os próprios alunos;
Villas Boas (2004, p. 29) ao se reportar sobre os objetivos da avaliação declara que “a avaliação existe para que se conheça o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não aprendeu, para que se providenciem os meios para que ele aprenda o necessário para dar continuidade aos estudos.”
f) Este espaço foi reservado para que você levante outros pontos que não tenham
sido abordados e que você considere de suma importância.
Os professores não deveriam se preocupar tanto com a nota do aluno e sim conversar com ele e tentar descobrir porque do baixo desempenho, como eu me sinto às vezes excluída porque tenho dificuldades e outras matérias e posso até mesmo reprovar. (Aluna E. - 1ª B) Eu acho, em minha opinião que não deveria ter educação física, mas como tem não deveria ser obrigado, o professor deveria passar uma tarefa escrita para aqueles que não querem fazer a prática. (Aluno E. -1ª A)
Quanto os alunos são perguntados: qual é a melhor disciplina na escola, a
grande maioria afirma que é a educação física. Isto pode ser confirmado quase em
todas as escolas, provavelmente deve-se ao fato de ser uma disciplina com muitas
aulas práticas, realizada ao ar livre e que oferece um prazer imediato procurando
integrar todos os participantes.
Já que nas Diretrizes Curriculares da rede pública de educação básica do estado do Paraná – Educação Física (2006, p. 46), consta que a avaliação em Educação Física tem gerado muitas dificuldades, devido, principalmente, às imitações apresentadas nas explicações teóricas por se buscar entendimentos à luz de paradigmas tradicionais, insuficientes para a compreensão deste fenômeno educativo. E mesmo com a literatura existente, a avaliação em Educação Física mostra claramente os aspectos quantitativos de mensuração do rendimento do aluno, em gestos técnico destrezas motoras e qualidades físicas, visando principalmente à seleção a classificação. Além de que, muitas vezes, o único critério para aprovação ou reprovação na disciplina.
16
3.2 AS VOZES DOS SUJEITOS: OS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS DOS
PROFESSORES
Apresentaremos a seguir os relatos retirados dos questionários respondidos
por 6 professores do curso de formação de docente e ensino fundamenta. Cabe
destacar que os trechos apresentados foram, na perspectiva do autor deste artigo,
os mais significativos e que nos apresentam alguns elementos importantes para a
análise e reflexão da temática.
a) Qual sua atitude quando os alunos não entendem os conteúdos?
Quando percebo que são casos isolados, trabalho individualmente com os alunos, se o trabalho é em grupos e surjam muitas dúvidas, proponho uma dinâmica de perguntas e respostas entre todos. (Profª. M.) Realizo um levantamento baseado em questionamentos feito diretamente aos alunos, caso não tenha atingido a maior parte dos alunos, retorno aos pontos fracos para uma nova explicação. (Prof. R.) Após a aplicação da avaliação, (teórica e prática), analiso os resultados e já iniciamos a recuperação paralela (Prof.ª C.)
O acompanhamento feito por todos os professores é de suma importância
para que os alunos não se sintam sós, quando o professor detecta alguma
dificuldade na aprendizagem pode rapidamente propor soluções que serviram de
incentivo para todos.
Freire (2006) evidencia a importância da experiência e da vivência que a
criança traz para a escola,seja do brincar na rua ou da mídia, ou seja, deve-se
“valorizar experiências dos alunos e a sua cultura”
b) Está satisfeito com o Processo de avaliação que vem conduzido?
17
Acredito que tudo que fazemos pode ser melhorado, então sempre tenho coisas novas não estou satisfeita. (Prof. R.) Até o presente momento estou satisfeito com a proposta que venho aplicando com os alunos. Porém estou sempre me atualizando com leitura referente ao tema avaliação, assim com certeza estarei avaliando cada vez melhor, desta maneira contribuindo para que se tenha uma melhor visão dos pontos que estão sendo verificados. . (Profª. M.N) Realmente temos que evoluir muito, nossos alunos apresentam respostas muito diferentes ao mesmo instrumento de avaliação, provocando distorções não mostrando o seu real desenvolvimento. (Prof.ª C.) É muito complicado avaliar outras pessoas principalmente os alunos que estão em desenvolvimento, devemos ter muito cuidado para não cometer injustiças, pois os mecanismos de avaliação são falhos. (Prof. R.)
Quando se fala do processo de avaliação temos que entender que não
podemos pensar em algo acabado e pronto, as mudanças que estão ocorrendo na
vida das pessoas dever servir para amadurecer e desta maneira teremos resultados
mais próximos da realidade individual dos alunos.
Os novos objetivos da educação física escolar exigem um método mais amplo de avaliação, que tenta sobrepor as questões políticas e autoritárias e ressaltar a real função da avaliação, "diagnosticar qual a posição do aluno em determinado momento em relação aos objetivos fixados e por que tem ou não dificuldades de progredir" (SOUSA, 1993, p.148).
c) Que acha do sistema de avaliação proposto pela Secretaria de estado da
Educação?
Com a finalidade de diagnosticar e não punir o educando, servindo de referência ao educador para ir sempre à busca de novas formas de verificação de aprendizagem. (Prof. R.) Eu concordo que a avaliação primeiramente tem um papel de diagnosticar e de investigação da prática docente. Ela não deve ser utilizada somente para avaliar o desempenho do aluno, mas para ser repensado o trabalho do professor. (Prof.ª C.) O sistema Proposto pode até não ser o ideal, pois ainda está preso a uma avaliação que é traduzida em números muitas vezes é usada apenas como mero cumprimento de tarefas sem que possamos ver a real realidade do aluno. . (Profª. M. N.)
18
Sei que não é o ideal, pois as avaliações representam apenas um momento, não podemos ter certeza se reflete o aprendizado dos alunos, no meu entender deveria levar em conta outros fatores, como freqüência as aulas, participação, cooperação, trabalho em grupo, estes são apenas alguns fatores que são considerados também no momento de obtermos a nota. (Prof. R.)
A questão proposta deve promover diálogo e participação de todos os
envolvidos nesse processo, podem e devem contribuir para uma pratica pedagógica
mais consciente e objetiva. - Ofertar um sistema de avaliação da que promova a
satisfação dos alunos com as praticas, o sistema deve apontar opiniões e sugestões
que serão discutidas em aula, observando o desenvolvimento das ações, por parte
dos alunos em cooperação com os professores, que promovam a ampliação das
informações e práticas relacionadas à atividade física e a cultura corporal.
Para Darido e Rangel (2005) a Educação Física não pode se restringir a
avaliação do domínio motor e esquecer as relações cognitivas, afetivas e sociais dos
alunos. Deve considerar a conduta humana em todas as dimensões.
d) Qual sua opinião sobre a auto-avaliação?
Na aplicação de alguns conteúdos ou práticas, considero interessante, pela forma de instigar a responsabilidade e a própria percepção do aluno quanto a seu desempenho. (Prof. R.) Já fiz auto-avaliação quando aluna, mas nunca utilizei esta ferramenta com meus alunos, lembro que na época todos meus colegas se deram notas máximas, mesmo sabendo de suas falhas, então não acredito muito. . (Profª. M. N.) Considero um passo muito grande em relação a nossos alunos, tendo como exemplo nós mesmos professores que temos que passar também por avaliações, não sabemos ainda nos auto-avaliar, agora imagina só os alunos, com certeza ainda não temos e nem eles esta maturidade. (Prof.ª C.) Pode ser um método muito bom desde que os valores morais sejam trabalhados, pois vivemos em um mundo onde alguns querem sempre levar vantagem. Se conseguirmos trabalhar para que nosso aluno tenha esta maturidade então já estamos realizados, pois assim estamos criando uma pessoa melhor. (Prof. J. C.)
19
A utilização de fichas de auto-avaliação reflexiva são muito úteis para
estimular os alunos a justificar seus comportamentos e apontar caminhos de
superação de suas limitações; o objetivo primordial é estabelecer objetivos e metas
que possam ser atingidos por todos os alunos e que isto contribua efetivamente para
a melhoria da qualidade de vida dos alunos dentro e fora do ambiente escolar.
e) Este espaço foi reservado para que você levante outros pontos que não tenha
sido abordado e que você considere de suma importância, no que se refere à
avaliação.
A minha frustração e de muitos colegas, acontece após o conselho de classe , quando são aprovados alunos que não demonstraram o menor interesse e empenho em aprender , o que acaba por estimular um maior número de alunos a seguir o mesmo caminho, assim todo trabalho preparado pelo educador se torna sem sentido ao final de mais um ano letivo. (Prof.ª C.) A avaliação sempre é uma polêmica e deve ser pensada e repensada, ela deve funcionar como um feedback para o professor do seu trabalho. O que fico muito incomodada é que mesmo com os nossos esforços muitas vezes após um conselho de classe tudo cai por terra e alunos que apresentam dificuldades visíveis acabam sendo empurrados para os anos seguintes levando consigo as dificuldades que não foram ultrapassadas. . (Profª. M. N.) Considero que ainda temos muita caminhar pela nossa frente, temos que chegar ao ponto que a avaliação formal (como é colocada hoje), deixe de existir que possamos ter outros caminhos, que possam levar a uma aprendizagem mais responsável onde os sujeitos envolvidos tenham certeza de sua condição e que possam buscar cada vez mais conhecimento e que sua formação possa levar a alcançar seus verdadeiros objetivos. (Prof. J.C.) Não é fácil falar em avaliação ou mesmo propor alguma mudança sem levar em conta o sistema e os indivíduos que estão inseridos, o mais correto é que a avaliação, a aprendizagem fosse encarada por todos com algo bem natural que somente quer fazer com que as pessoas posam buscar dias melhores. . (Prof. M.N.)
É neste sentido que a escola deve procurar romper com a estrutura escolar e
implantar formas inovadoras e democráticas de construção do saber e dos
elementos que a constituem. Atuando, apesar de apresentar tanto êxitos como
fracassos.
20
A avaliação jamais cabe a uma única pessoa. Quando há vários professores especializados, cada um deles avalia na disciplina que lhe concerne. A avaliação global do aluno é feita da justaposição ou da síntese de avaliações especificas. Somente o professor regente ou o conselho de classe têm uma visão global dos desempenhos de cada aluno, no conjunto das matérias principais secundárias (PERRENOUD, 1999, p. 59).
4-CONSIDERAÇÕES FINAIS A necessidade de buscar formas diferenciadas de ensino e avaliação, que
superem os modelos que, exerce papel e funções problemáticos para a educação
democrática que almejamos. Há a necessidade de se ampliar o espaço e o
conhecimento da Educação Física escolar e de aprimorarmos as atuações e
formações do corpo docente da área. Diante do processo de ensino e aprendizagem a finalidade da avaliação é
contribuir na formação do ser humano íntegro. O processo avaliativo deve favorecer
e evidenciar a expressão do aluno, para que ele possa transformar e alterar o meio
que vive. Para tanto, a figura do professor deve favorecer a autonomia e a reflexão
do aluno para que ele se torne um ser crítico, não agindo apenas como um
simplesmente um mero coadjuvante na construção da sociedade na qual faz parte.
Outro aspecto a ser considerado é a relação professor-aluno. As mediações
devem ser claras e as relações sócio-culturais não devem evidenciar a diferença
entre professor e alunos. Isso inibe o aluno em expressar opiniões diante do
professor e, conseqüentemente, promover uma aproximação e uma comunicação
mais ampla. Essas são variáveis muito importantes no processo de ensino-
aprendizagem que visam à mudança comportamental própria do processo
educativo.
O desafio é transformar o espaço da escola e da sala de aula em ambientes
nos quais professores e alunos possam contribuir em um processo dinâmico em
uma troca de experiências diárias; devemos conhecer os alunos, saber sua
trajetória, aceitar suas diferenças, entender como ele aprende e reage aos
estímulos. Assim poderemos diversificar a maneira de ensinar e, conseqüentemente,
avaliar melhor, para que a aprendizagem ocorra de uma forma mais significativa
tanto para alunos bem como para professores.
21
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BETTI, M; ZULIANI, L. R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, Barueri, v. 1 n. 1,
p. 73-81, jan./jun. 2002.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. São
Paulo: Cortez, 1992.
COSTA. M. G (1992). Avaliando a educação física no I e II graus. Revista dois
pontos. V.I, n.12, p.28-32.
DARIDO, S.; RANGEL, A.C.I. Educação Física na Escola. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigostki. 3ªed. Campinas, Autores Associados, 2001.
GADOTTI, M. Educação e Poder - Introdução à Pedagogia do Conflito. 8ª Ed. São
Paulo: Cortez, 1988.
FREITAS, L.C. Questões de avaliação educacional. Campinas: Komedi, 2003 a.
HOFFMAN, J. Avaliação: mito e desafio. Uma perspectiva construtivista. Porto
Alegre: Educação e Realidade, Revista e Livros, 1994.
LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. 14ª ed. São Paulo: Cortez,
2002.
___________ Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo,
tecnologia educacional; Rio de Janeiro, 13(61): 6-15, 1984.
22
________. Educação física na adolescência: construindo o movimento na escola.
São Paulo: Phorte, 2002.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens:
entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
SANTOS, W. dos. Currículo e avaliação na Educação Física: do mergulho à
intervenção. Vitória: Proteoria, 2005.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ Superintendência da
Educação. Diretrizes curriculares de educação física para a educação básica.
Curitiba: SEED, 2008.
SILVA, J. da; HOFFMANN J.; ESTEBAN M. T. Práticas avaliativas e aprendizagem significativas em diferentes áreas do currículo. Porto Alegre:
Mediação, 2003.