Post on 16-Apr-2018
Desenhos e formas Urbanas no séc. XIX:
A cidade pós-liberal
Teoria e História do Urbanismo II
Prof. Me. Roberto D’Alessandro [adap. de Fritsch, Noemi Yolan N.]
Panorama Histórico
A industrialização e o crescimento urbano deram novas
características ao movimento republicano, e a crise
econômica de 1846 precipitou a Revolução de fevereiro de
1848, que o derrotou. O rei se viu obrigado a abdicar em
favor de seu neto Luis Filipe,conde de Paris, e refugiou-se na
Inglaterra. Os revolucionários, porém, negaram-se a
reconhecer o sucessor e, no mesmo ano, proclamaram a
Segunda República Francesa (1848-1852). Depois disso,
houve eleições presidenciais, e a Constituição passou a
estabelecer novos direitos.
Conservadorismo monárquico x ideais republicanos, liberais e socialistas
Napoleão III (1852-1870)
Em 1852 Napoleão III apoiado pela burguesia
institui o Império.
•Congresso de Viena – monarquias contra disseminação dos ideais revolucionários
•Economia estagnada e a “primavera dos Povos”
•Membros do operariado e campesinato exigiram melhores condições de vida e trabalho
•1848 – manifesto Comunista de Karl Marx
•Potencial de mobilização das classes trabalhadoras
Consequencias urbanas
•Ruptura da dimensão formal
•Utilização das idéias dos pré urbanistas utópicos
•Abandono da tese da não intervenção do estado
Cidade pós Liberal:
reorganiza e influencia o planejamento das cidades
Consequencias urbanas
•Inovações : jardins e parques; alamedas, passeios públicos, avenidas e boulevards.
• A quadrícula, a geometria, o traçado regular e a perspectiva barroca são
abundantemente utilizados.
•Evolução das estratégias militares : muralhas pouco úteis.
1ª etapa: a cidade invade o campo. Razões: área para industrialização e aumento
demográfico.
2ª etapa: destruição das muralhas e aproveitamento da área desocupada para a
construção de anéis viários. A especulação fundiária sem desenho urbano.
•Cidade industrial : desequilíbrio entre oferta e procura.
•Especulação imobiliária : incompatível com o desenho urbano.
•Cidade se desenvolve por extensão de loteamentos e de construções e não pela
organização do espaço urbano.
Panorama Histórico
• Administração pública e propriedade
imobiliária entram em acordo,
estabelecendo os limites de cada um,
fixados com exatidão.
• Proprietários: aumento de valor
produzido pelo desenvolvimento da
cidade.
• Implantação dos edifícios (formação do
desenho da cidade): construídos no
alinhamento, na chamada rua-corredor.
Isolados no lote.
• Periferia, subúrbio
Frente das ruas: limite do espaço urbano
PÚBLICO X PRIVADO
O DESENHO DA CIDADE
Desenho urbano
A utilização dos terrenos urbanizados depende dos proprietários individuais
(privados ou públicos). A administração influi apenas com regulamentos as
Medidas dos edifícios em relação às medidas dos espaços públicos
Desenho Urbano
Defeitos: •Densidade excessiva no centro, falta de moradias baratas e
congestionamento.
• Acentua-se distinção entre técnicos e artistas.
• Sobreposição da cidade à cidade antiga. Demolições e
reconstruções. Respeito aos monumentos.
• A densidade excessiva no centro é atenuada por alguns
corretivos: as “casas populares” e os parques públicos”.
Plano – o urbanismo progressista racionalista
Barão Georges Eugène Haussmann
c. 1860 – prefeito do departamento do Sena
advogado, funcionário público, político e administrador
Prefeito nomeado por Napoleão III em 1853
Maior modernizador urbano até o presente
Implantou a metrópole Iluminista
Plano – o urbanismo progressista racionalista
• O primeiro deles era evitar que no futuro um levante revolucionáriotivesse sucesso - entre 1827 e 1849, por oito vezes foram levantadas
barricadas na cidade -, situação que ele tivera que enfrentar em dezembro de
1851, quando houve reação armada da esquerda e dos operários da cidade
contra o desejo dele de continuar à cabeça do poder executivo francês;
• O outro fator foi à erupção de uma segunda epidemia de cólera em
1848, que redundou em 19 mil vítimas.
Barricadas em Paris - 1871
Fatores principais que levaram Napoleão III a
executar os planos dereforma de Paris
Plano – o urbanismo progressista racionalista
O centro superpovoado da velha
Paris:
Ameaça á integridade de seus
habitantes, local malcheiroso
onde se expandiam as pragas e
serviam de abrigo ao tifo e
tétano.
O centro superpovoado da velha Paris:
A topografia da Paris da época, especialmente o miolo da cidade com casas amontoadas, ruas
estreitas e vielas lúgubres, sistema de esgotos a céu aberto, higiene clamorosamente falha, ar
puro inexistente e luz do sol insuficiente
Plano – o urbanismo progressista racionalista
A partir de Napoleão III e Haussmann, já se pode realmente falar em política urbana. Contrariamente
aos projetos anteriores, a cidade passou a ser considerada de forma global. Circunstâncias
favoráveis:
• Lei de desapropriação urbana de 1840;
• Lei sanitária de 1850.
• Haussmann gastou cerca de dois bilhões e meio de francos, entre 1853 e 1869, sendo a maior
parte, algo próximo a um bilhão e meio de francos, gasto em obras de demolições e abertura de ruas
que por deveriam passar por meio de bairros.
O Plano de Paris
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Paris anterior aos trabalhos de Haussmann.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Haussmann projeta um esquemaque abre espaço dentro do tecido medieval de Paris
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Toda a Paris aos poucos foi se tornando uma obra de
arte, uma autentica cidade-luz, sendo que o ápice foi a construção da nova Ópera
por Charles Garnier, inaugurada em 1875.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Principais Intervenções
1. Construção de novas avenidas e alargamento das vias existentes.
Criação de boulevares ajardinados
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Boulevard :•efeitos cenográficos;
•escoamento da produção industrial;
•infra-estrutura sanitária;
•objetivo militar.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Avenue des Champs-Élysées tem 71 m de largura e 1,9 km.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
A Avenue des Champs-Élysées forma o Eixo Histórico de Paris, iniciando na Place de La Concorde, junto
ao Obelisco de Luxor, Museu do Louvre e Jardins das Tulherias.
O primeiro projeto foi feito pelo arquiteto Le Nôtre , em 1667, durante o reinado de Luis XIV.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Praça de l’Etoille – atual Charles de Gaulle
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
A Praça Charles de Gaulle é o ponto de encontro de doze avenidas,local onde foi
construída uma das primeiras rotatórias, a fim de distribuir melhor as vias.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
2. Construção de Edifícios Públicos e Normatização das Construções
•Os cortes realizados através da cidade pelas avenidas descartam completamente o antigo
modelo urbano ( os cortiços decadentes e as densidades demográficas excessivas dos
bairros interiores) e estabeleceram novos eixos mais retilíneos e largos a partir de uma
estação, de uma praça ou de um monumento importante.
•Serviços secundários foram criados, como as escolas, os hospitais, os colégios, os
quarteis, as prisões.
•Paris passou a respirar melhor, mas os parisienses mais humildes foram forçados a se
mudar para a periferia. As expropriações de pardieiros deram lugar aos imóveis construídos
sob orientação de Haussmann.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Orientações de Haussmann
Padronização
Orientação para um marco através da linearidade constante nas avenidas
Separação dos andares:
Térreo – comércio
1º e 2º andares – burguesia
Sótão – hóspedes, empregados ou área de serviços
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Melhorou também o sistema de distribuição de água e criou a grande rede de
esgotos, quando em 1861 iniciou a instalação dos esgotos entre La Villette e Les
Halles, supervisionada pelo engenheiro Belgrand.
3. Reforma Sanitária
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Instalação de serviços primários: água ,esgoto, sistema de transporte subterraneo
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
4. Criação de 20 distritos (arrondisssement)
Plano – o urbanismo progressista racionalista
Barcelona
Ildefons Cerdá (1815-76)
Foi um engenheiro urbanista e político catalão
responsável pelo plano de extensão e reforma
(Plan de Ensanche) da cidade de Barcelona.
Formou-se engenheiro de caminhos em
Madrid no ano de 1841.
Um dos fundadores do urbanismo moderno.
Durante a década 1850, Cerdà começa seus estudos
sobre a cidade de Barcelona e seu ensanche
(extensão).
A cidade estava então limitada pelas muralhas antigas,
que uma vez a protegeram mas que agora impediam
seu crescimento.
Em 1854, o governo decide oficialmente derrubar as
muralhas, o que abre caminho para realização de um
novo plano para a cidade.
Plano – o urbanismo progressista racionalistaO Plano de Paris
Traçado urbanístico básico: radial e quadrícula, a cidade medieval é preservada
Plano – o urbanismo progressista racionalista
Um dos primeiros tratadistas de arquitetura e urbanismo
Salubridade
Moradia: suporte da qualidade de vida
Habitações planejadas:
•a privacidade do indivíduo no lar, com condições dignas de vida, o higienismo
(sol, vento, ar, luz natural), que deveriam estar presentes nas habitações e o
custo, adaptação do empreendimento para a classe operária.
Cria a espacialização em forma de “ilha tipo” com 113m e 20m de chanfro
Barcelona e Cerdá
Plano – o urbanismo progressista racionalistaBarcelona e Cerdá
O corte diagonal nas arestas da quadra transforma o simples cruzamento de vias em lugar, gera também
desta forma maior amplitude visual dos edifícios de esquina.
As grandes avenidas possibilitam a conexão metropolitana e a integração à viabilidade universal.
A tipologia é ortogonal, homogênea e igualitária
Plano – o urbanismo progressista racionalista
Barcelona e Cerdá
O plano previa quadra com
ocupação perimetral em dois ou no
máximo três lados.
Os edifícios não ultrapassariam
mais do que dois terços da
superfície do quarteirão.
Os espaços internos resultantes se
abririam para a cidade oferecendo
equipamentos públicos e generosas
áreas arborizadas. Enfase na quadra
que passa de uma condição residual
para se tornar suporte de uma
composição urbana que a tem como
espaço da cidade.
O perímetro da quadra deixa de ser
o limite do espaço público.
Cidades-jardim
Raymond Unwin and Barry Parker
Urbanismo Culturalista-progressista
Ebenezer, Parker e Unwin - 1903
Setorização e valorização dos
conjuntos habitacionais dos operários
Encarregados de desenvolver os planos
para o centro urbano de Lecthworth Garden City
Ruas curvas e de mão única
Espaços abertos, amplos com jardim
Concentração de área verde
Passeio para pedestres
Subúrbios-jardim
Raymond Unwin and Barry Parker
LETCHWORTH
“Sir” Raymond Unwin :
Adere ao socialismo como alternativa
as desigualdades capitalistas
1863 – Yorkshire – UK
1940 – Connecticut -EUA
www.ebad/info
Cidades-jardim
Raymond Unwin and Barry Parker
Raymond Unwin e a Liga Socialista
http://criticalplace.org.uk/2015/09/23/the-radical-roots-of-garden-cities/
“Garden Cities”emergiram de um movimento socialista e anarquistas para a
melhoria das condições de habitação, que estava comprometida
com os valores cooperativos cujo conselho ainda inspira a muitos atualmente
Garden City association foi fundada em 1899
Cidades-jardim
Howard, Parker and Unwin
http://criticalplace.org.uk/2015/09/23/the-radical-roots-of-garden-cities/
O projeto da “Garden City com seus princípios de
espaço, luz e natureza foram herdados pelos milhões
que se beneficiaram com a construção em massa do
conselho de habitação desde 1920 até 1940. Este
conselho em sua melhor fase proveu habitações
acessíveis e de qualidade que melhorou a vida de
gerações. Deu um impulso coletivo e sentido de
aspiração e esperança para 1/3 da população até a
década de 1980. A Garden Cities,foi a idéia democrática
e acessível sonhada inicialmente por Howard e Unwin.