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Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa Catarina SA - EPAGRI Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico Universidade Federal de Santa Catarina Programa de ps-graduao em Design e Expresso Grfica Ncleo de Gesto de Design Autores Eugenio Merino Giselle Merino Luiz Fernando G. Figueiredo Capa, projeto editorial e editorao Eugenio Merino Equipe de projeto e Colaboradores Danilo Pereira, Andr Sens, Carina Scandolara, Augusto Fornari, Diogo Ropelato, Giselle Merino, Luiz Fernando Gonalves Figueiredo, Eliete Auxiliadora Ourives, Marcelo Schmidt, Eduardo e Eugenio Merino.
Merino, E.; Merino, G., Figueiredo, L. F.G. Design Valorizando produtos da agricultura familiar Hermes de R. Florianpolis: EPAGRI, 2007. 109p.
ISBN 97-88585-01-4582 Design Agricultura Familiar Santa Catarina
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Estado de Santa Catarina Governador do Estado de Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira Vice Governador Leonel Arcngelo Pavan Secretario de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural Antonio Ceron Presidente da EPAGRI Murilo Xavier Flores Diretores da EPAGRI Ditmar Alfonso Zimath, Joo Carlos Biasibetti, Elisabete Silva de Oliveira, Edson Silva Gerencia de informaes Danilo Pereira Gerencia de marketing e comunicao Angelo Mendes Massignam
Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Lucio Botelho
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Agradecimentos
A famlia de R que acreditou e confiou seu produto equipe.
Aos parceiros e apoiadores, sem eles seria impossvel alcanar os
resultados (Secretaria da Agricultura de SC, EPAGRI (ICEPA), Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico e Universidade
Federal de Santa Catarina).
A toda a equipe, sem ela como materializar idias e sonhos. Neste
sentido agradecemos a todos os que de forma direta ou indireta
auxiliaram a tornar esta idia realidade.
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Executores
Ncleo de Gesto de Design da Universidade Federal de Santa
Catarina no nome de Andr Sens, Carina Scandolara, Augusto Fornari,
Diogo Ropelato, Eugenio Merino, Giselle Merino, Luiz Fernando
Gonalves Figueiredo, Eliete Auxiliadora Ourives e todos que de forma
direta e indireta participaram algum momento do projeto, das
discusses, das viagens.
Colaboradores e Apoiadores
A Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa
Catarina (EPAGRI/ICEPA) e Secretaria de Estado da Agricultura e
Desenvolvimento Rural, Barbara Pettres (Imprensa ICEPA/EPAGRI),
Maria Helena Dotto, Domingos Rogrio Donadel, Paulo Roberto
Carneiro Maia e Joo Carlos Biasibetti (CETRESMO/EPAGRI), Marcelo
Schmidt (Schimpack embalagens), Renato Broetto ex-secretrio
adjunto da secretaria de Estado da Agricultura.
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Prefcio
Comentar sobre o lanamento deste terceiro volume do Projeto de
Valorizao de Produtos da Agricultura Familiar atravs do DESIGN to
importante quanto ver a dimenso que o projeto obteve. Tenho
acompanhado distncia, matrias falando sobre o projeto em revistas na
Italia, Uruguai, Portugal, Espanha, Turquia, alm de eventos tcnicos no
Brasil.
Projetos como este que juntam o saber e conhecimento dos
pesquisadores e alunos de uma Universidade juntamente com instituies
pblicas como Secretaria de Estado da Agricultura e Epagri, e Instituies
no governamentais como Associaes, cooperativas e agricultores,
mostram o quanto so necessrios projetos de parceria que alm de
resultarem em economia de investimentos, resultam tambm em projetos
melhores, mais inovadores, articulados e com o enfoque voltado ao social.
A importncia de pensarmos em solues para melhorar a agregao de
valor e conseqentemente a comercializao dos produtos da agricultura
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familiar, j est se concretizando por iniciativas como a deste projeto, os
novos programas da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar
MDA/SAF como os programas Agricultura Familiar e Mercado e
Produtos e Mercados Diferenciados, alm de projetos do Sebrae e
tantas outras instituies.
O assunto Design j aparece em capas de revistas com VEJA, Pequenas
Empresas Grandes Negcios, HSM Management, Consumidor Moderno e
com isto cresce a cada dia o nmero de pessoas e instituies
preocupadas e ao mesmo tempo dispostas a empreender a aplicao do
Design nas mais diferentes reas como a que foi proposta na primeira
verso do Projeto de Design em 2002.
Sei que o caminho este, pois so projetos como o do Ncleo de Gesto
do Design da UFSC, Sabores do Paran, Vitrine Rural no Rio Grande do Sul
e tantos outros que esto em desenvolvimento que faro com que a
Agricultura Familiar seja melhor reconhecida e remunerada.
Danilo Pereira Gerente de informaes da EPAGRI
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Sumrio
Apresentao 11 Agricultura Familiar & Design 15 Agricultura Familiar 16 A contribuio do design na agricultura 21
Projeto 27 Definio do projeto 31 Procedimentos 33 Diagnstico 39
Desenvolvimento 41 Definio do projeto 42 Levantamento, anlise e discusso 52 Cachaa 53 Produo de cachaa 58 Pesquisa no ponto de venda 60 Lomba 63 Pesquisa da localidade 65 Definies de parmetros de projeto 70
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Processo Criativo 73 Primeiras idias 76 Validao e refinamento 86
Sntese 102
Consideraes Finais 104
Referncias 109
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Apresentao
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Apresentao
O design vem participando de forma ativa no desenvolvimento social e
econmico atravs das suas diversas manifestaes. Uma delas refere-
se melhoria da qualidade aparente dos produtos exemplificada neste
trabalho atravs do desenvolvimento de embalagens e rtulos para um
produtor familiar da localidade de Palma Sola, extremo oeste do
Estado de Santa Catarina Hermes de R.
Uma das aplicaes consideradas recentes no design o Agro design,
ou design aplicado agricultura, que tem por finalidade a aproximao
do design, nas suas diversas formas de atuao a esta rea. No caso
especfico deste trabalho, seu foco central na agricultura familiar
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importante mencionar que o design, em todas suas manifestaes
ainda se encontra distante de uma srie de setores produtivos, dentre
eles a Agricultura. As razes so vrias dentre elas pode se citar o
desconhecimento por parte dos produtores dos benefcios que o
design pode lhes trazer, e de igual forma para os designers certo
desconhecimento do que a agricultura pode oferecer.
No poderia se negligenciar neste sentido a importncia da
sustentabilidade em todas as dimenses da sociedade atual. Esta
tendncia, que ganha sistematicamente novos adeptos em todos os
setores produtivos, sem dvida um diferencial que deve ser
incorporado. Considerando os aspectos sociais, econmicos e
ambientais, o design pode contribuir no desenvolvimento de projetos
que incorporem na sua essncia estes valores.
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Neste sentido, objetiva-se apresentar, na prtica, como o design pode
contribuir na melhoria deste tipo de produtos, utilizando-se de
procedimentos sistematizados, numa viso participativa de todos os
envolvidos.
Como sntese o projeto pretende, desenvolver uma identidade visual
que represente a agroindstria, atentando a questo de identificao
de origem, especificamente neste caso ao produtor e aspectos
geogrficos marcantes. Evidenciar e resgatar tambm valores oriundos
da agricultura familiar e atentar para os aspectos de legislao
vigentes.
Buscar na sua identificao elementos que auxiliem a competitividade
e entrada em novos mercados, buscando a sua diferenciao e
incorporando a sustentabilidade.
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Agricultura Familiar & Design
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Agricultura Familiar & Design
Agricultura Familiar
A agricultura uma atividade que acompanha o ser humano desde
seus primrdios, ajudando num primeiro momento na subsistncia do
mesmo e transformando-se gradativamente, com as mudanas sociais,
polticas e econmicas, numa atividade comercial muito importante
para os pases.
Em muitos casos esta atividade a fora principal de um pas e
responde por um nmero significativo de pessoas envolvidas, neste
sentido a agricultura familiar, segundo dados do Ministrio do
Desenvolvimento Agrrio (MDA, 2005), foi responsvel por 10,1% do
Produto Interno Bruto Nacional - (PIB) do ano de 2003.
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A agricultura familiar uma forma de produo onde predomina a interao entre gesto e trabalho; so os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo, dando nfase na diversificao e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado. (www.mda.gov.br/saf, 2007).
Tendo como base os critrios de classificao do Programa Nacional da
Agricultura Familiar - Pronaf, estima-se que a agricultura familiar em
Santa Catarina representa um universo de 180 mil famlias, ou seja,
mais de 90% da populao rural. Estas famlias de agricultores, apesar
de ocuparem apenas 41% da rea dos estabelecimentos agrcolas, so
responsveis por mais de 70% do valor da produo agrcola e
pesqueira do estado, destacando-se na produo de 67% do feijo,
70% do milho, 80% dos sunos e aves, 83% do leite e 91% da cebola
(CEPA, 2007). Caracterizando-se por uma produo realizada por
grupos familiares de pequeno porte, que vem se organizando atravs
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de associaes e cooperativas, com o objetivo de melhorar sua
performance comercial.
A agricultura familiar responsvel por quatro em cada dez alimentos que chegam mesa dos brasileiros. (www.radiobras.gov.br, 2007).
Existem aproximadamente cinco milhes de estabelecimentos
agropecurios em todo o Brasil. Desse total, mais de 4,1 milhes (84%)
so de agricultores familiares. O setor fundamental para a produo
agrcola. Um estudo feito pela FIPE (Fundao Instituto de Pesquisas
Econmicas, 2006), mostra que, somente em 2003, o setor foi
responsvel por 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional,
movimentando R$ 156,6 bilhes. A agricultura familiar tambm
responde por mais de dois teros dos postos de trabalho no campo.
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A agricultura familiar no Brasil praticada por 14 milhes de pessoas, o que equivale a 60% do total da agricultura brasileira. Os estabelecimentos agropecurios de origem familiar representam 85% de todos existentes no Pas. E, ainda, mais da metade dos produtos da cesta bsica so produzidos por unidades de agricultura familiar, como feijo, arroz e milho. No entanto um segmento que tem apresentado grande necessidade de apoio pela sua dificuldade em responder s novas exigncias de quantidade e qualidade do produto agrcola no mercado. (www.sebraego.com.br, 2007).
A relao que vem sendo estabelecida entre o governo e instituies
em favor do desenvolvimento da agroindstria de pequeno porte vm
sendo objeto de investimentos e como forma de melhor entender esta
relao se faz necessrio definir alguns conceitos, dentre eles a
agroindstria de pequeno porte.
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Agroindstria de pequeno porte entendida como uma unidade
industrial de transformao e/ou beneficiamento de produtos
agropecurios, localizada no meio rural, gerenciada pelos prprios
agricultores, em escala no industrial tradicional (de grande
agroindstria) (Prezotto, 1997).
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A contribuio do Design na Agricultura
Segundo o documento referencial do Ministrio do Desenvolvimento
Agrrio (2007), os produtos oriundos da agricultura, neste caso,
especificamente da agricultura familiar se apresentam com bons nveis
de qualidade, quanto sua produo que se caracteriza por quantidades
consideradas pequenas. Neste sentido existe a possibilidade de um
controle maior, tendo em vista que em muitos casos uma produo
quase artesanal. O volume de produtos alcanado atravs da juno
das produes individuais na forma de associaes e ou cooperativas,
com a finalidade de atender a demanda e reduzir custos de
comercializao.
Observa-se, no entanto, que um dos problemas enfrentados refere-se
forma de apresentar os produtos nos pontos de venda, sendo que
este problema se multiplica no momento em que os produtos passam
a ser comercializados em ambientes maiores, onde a concorrncia
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direta se manifesta, como por exemplo, supermercados. Isto pode ser
corroborado pelas tendncias para ano de 2006, que indicam um
crescimento nas possibilidades de consumo, principalmente em
produtos de valor agregado, prevendo um cenrio expansivo (Haberli,
2005).
Desta forma, associando as necessidades de consumo crescentes,
consumidores cada vez mais exigentes e preocupados, os aspectos
informacionais dos produtos e em especial os alimentos ganham uma
grande importncia. Somado a isto os aspectos esttico-formais,
referentes ao ponto de contato entre consumidores e produtos
tambm se torna importante.
...nos negcios, o design entendido, cada vez mais como uma atividade essencial que confere vantagem competitiva de duas maneiras: ao trazer a tona o significado emocional que produtos e servios tm para o consumidor e ao captar o alto valor dessas ligaes emocionais. (Lojacono e Zaccai, 2004:98).
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Sendo assim, ao conciliar um produto de boa qualidade, com uma
apresentao que estabelea o vinculo com seu consumidor, estar-se-
atentando para os dois envolvidos, o consumidor e o produtor,
intermediados pelo design, estabelecendo uma interao bem
sucedida.
Ainda h outro ponto importante onde o design pode contribuir de
forma indireta a agricultura familiar, no caso da permanncia no
campo. Tem-se observado nos ltimos 50 anos um aumento gradativo
do xodo rural (Altmann et al, 2003) sendo objeto de grande
preocupao. Os grandes centros chamam a ateno, principalmente
das novas geraes, que no encontram oportunidades de crescimento
e desenvolvimento no eixo rural.
O esforo por minimizar esta situao tem levado a procurar
alternativas de propiciar oportunidades de crescimento e
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desenvolvimento no meio rural. Neste ponto, o design,
especificamente o agro design se apresenta como uma alternativa no
sentido de poder contribuir e em alguns casos minimizar esta situao,
valorizando os produtos na sua qualidade aparente, permitindo que os
mesmos possam integrar a cadeia econmica com vantagens
competitivas (Merino e Pereira, 2005).
importante esclarecer que o design no se restringe unicamente a
qualidade aparente, retratada neste trabalho nos seus rtulos e
embalagens, mas tambm a grande aplicabilidade do design, que vai
desde produtos at mdias digitais, passando por uma grande gama de
alternativas.
O design corretamente gerenciado se constitui numa fonte de vantagens competitivas, uma eficaz metodologia para a inovao de produtos e processos e um fator de rentabilidade econmica em qualquer setor (DDI, 2005:01).
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Desta forma a competitividade um fator fundamental quando se
trata da comercializao de produtos. Segundo pesquisa realizada pela
Confederao Nacional da Indstria CNI (2005), cerca de 50% das
empresas investiu em design, sendo que esse esforo foi maior nos
estabelecimentos de maior porte: 56,7% das mdias e grandes
empresas investiram nessa atividade, contra 43,2% das micro e
pequenas. Nos setores de vesturio e acessrios e de mveis, em
especial, a atividade de design foi estratgica para a consolidao das
empresas no mercado. Os setores farmacuticos (78,6%) e de
alimentos (75%) destacaram-se entre aqueles que evidenciaram
impactos positivos do investimento em design sobre as vendas.
Estes dados oriundos do setor industrial servem de referncia para a
agricultura, especificamente para os empreendimentos de pequeno
porte, objeto deste trabalho, e conseqentemente inferir que
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possvel incorporar o design e obter melhorias na competitividade dos
produtos.
As contribuies so de fato bastante importantes e numerosas. Neste
sentido este texto no pretende esgot-las e sim apresentar um
panorama com alguns dos fatores que podem ser integrados entre
estas duas reas. Neste sentido o papel do design para preservar a
identidade e qualidades regionais fundamental.
As que es perfectamente lgico que los productos de
diseo fortalezcan la imagen de la regin y, con ella, sus
cualidades y su identidad (Valcke, 2004:34).
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Projeto
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Projeto
Partindo do princpio que o design e a gesto so suscetveis de
aplicao a qualquer empresa (Predica, 2006:6), so necessrios que
sejam definidos os procedimentos a serem seguidos para o
desenvolvimento do projeto.
Neste caso, a proposta tem por princpios a integrao e a inovao
(Merino, 2002), se utilizando de estratgias que possibilitem o
envolvimento direto do cliente, tanto no levantamento de
informaes, quanto na definio dos parmetros de projeto e
certamente na configurao final do produto. Isso tudo sem esquecer o
consumidor e mercado como um todo, foco primordial para os
aspectos de competitividade.
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Las nuevas exigencias del mercado hacen que los
productos deban tener una identidad propia y personal
para un cliente que es cada vez mas exigente (Predica, 2006:08).
Com relao integrao e inovao, fundamental que existam
equipes multidisciplinares atuando em sintonia. No caso dos produtos
oriundos da agricultura familiar os profissionais de marketing,
alimentos, nutrio, engenharia, legislao, design, informao, dentre
outros precisam buscar uma convergncia de pensamentos e aes
visando um objeto maior e comum que deve ser definido
estrategicamente.
Acompanhando esta forma de trabalho, a inovao se apresenta como
ferramenta atual e inegavelmente um dos elementos que fazem do
design ganhar fora e importncia no mundo globalizado e
competitivo.
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Finalmente a sustentabilidade junto aos seus princpios deve estar
presentes em todos os projetos desenvolvidos pelo design, respeitando
e considerando a realidade local tanto dos produtores, quanto dos
consumidores, visando minimizar os impactos advindos de todas as
etapas do processo.
Na agricultura, a sustentabilidade ganha uma fora importante ao ser
responsvel por significativas parcelas do desenvolvimento econmico
e social do estado de Santa Catarina. Desta forma o design melhorando
a qualidade aparente dos produtos (embalagem/rotulagem), pode
tambm auxiliar na reduo de impactos, como por exemplo, o
empobrecimento das famlias que vivem da agricultura familiar.
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Definio do Projeto
Definir uma estratgia: especialmente importante quando tm sido detectados dficits estruturais ou quando se parte da ausncia completa de antecedentes de design. (Predica, 2006:16).
Conforme citao anterior, o cliente desconhecia totalmente o design,
mas reconhecendo, aps, a apresentao da idia global do projeto
que ele no possua uma forma adequada para se inserir no mercado,
objetivo maior do empreendimento familiar.
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Com o objetivo de desenvolver a embalagem e rotulagem da cachaa
produzida pelo produtor Sr. Hermes de R, considerando a realidade
local, a produo, o mercado direto e atual, o mercado indireto e
futuro, dentre outros fatores importantes para potencializar sua
comercializao e principalmente reconhecimento, que foi feita a
definio do projeto, bem como os procedimentos que seriam
adotados para seu desenvolvimento.
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Procedimentos Os procedimentos utilizados neste projeto apiam-se nos aspectos
estratgicos da Gesto de Design, neste sentido foram seguidos os
seguintes passos: diagnstico, definio, determinao e integrao.
(Merino, 2002).
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No diagnostico realizada uma anlise da situao, frente
problemtica que originou a demanda, utilizando-se de ferramentas e
tcnicas de levantamento de informaes. Este primeiro momento, de
fato, fundamental para (re) conhecer as variveis, os atores diretos e
indiretos, suas capacidades e limitaes, suas expectativas e projees,
dentre outros fatores.
Na definio, so formalizados os caminhos a serem percorridos para o
alcance dos objetivos gerados na etapa anterior. A determinao
refere-se aos pontos fortes e fracos evidenciados na etapa anterior,
que permitiram definir critrios que auxiliaram o processo de gerao
de alternativas. Finalmente a integrao, que na prtica permeia todas
as etapas propostas, incentiva inter-relao das diversas reas
envolvidas, com a finalidade de tornar o projeto mais eficaz e eficiente,
gerando solues adequadas e viveis.
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Na parte operacional, o processo tem como base a gesto participativa
de todos os atores envolvidos, neste sentido as visitas ao local de
produo so fundamentais, ao igual que os levantamentos realizados
nos pontos de venda para estudo do comportamento dos produtos.
O processo de design se apoiou nas informaes coletadas e nos
parmetros de projeto definidos pelo produtor bem como as limitaes
impostas. Aps a gerao de alternativas por parte da equipe de
projeto, foram apresentados ao produtor e famlia. Os mesmos
discutiram junto equipe de projeto a (s) melhor (es) alternativa (s), e
juntos escolheram. Para cada alternativa foram elaborados prottipos
com os rtulos desenvolvidos que somados as imagens bidimensionais
e registro fotogrfico serviram como base para a tomada de deciso.
importante mencionar que o nmero de alternativas a serem geradas
pela equipe durante o processo de desenvolvimento no tem limites, a
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no ser o tempo disponvel para esta etapa. Aps a anlise e definio
da viabilidade (tcnica, financeira, etc), recomenda-se escolher a
proposta que melhor responda aos critrios definidos. No entanto
deve-se considerar o cliente e sua viso do design que o leva a
imaginar que ter mais de uma alternativa para escolher, neste
sentido a equipe dever optar por uma estratgia, que pode ser a
apresentao de uma proposta ou de um nmero maior.
A resposta do nmero ideal no existe, cada situao apresenta
particularidades que a equipe dever considerar e determinar a melhor
estratgia. No caso do NGD, se prima pela definio do conceito
somado a aplicao em duas alternativas, podendo em casos especiais
e extremos chegar a trs, mas tecnicamente os projetos so
encaminhados sobre o(s) conceito(s) que tecnicamente respondem de
melhor forma aos parmetros de projeto.
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Os procedimentos prticos seguidos no processo de design apoiaram-
se tambm nas propostas de Vidales (1995), que apresenta as etapas:
analtica, criativa e executiva, juntamente com a proposta de Mestriner
(2002), onde so consideradas questes relativas ao processo,
consumo, inter-relao com outras reas, dentre outras questes.
Em sntese, os procedimentos adotados pelo Ncleo de Gesto de
Design, no desenvolvimento deste projeto, se resumem a:
Definio do projeto e levantamentos preliminares;
Levantamento, anlise e discusso das pesquisas;
Definio de parmetros de projeto;
Processo criativo;
Validao e refinamento;
Aprovao e especificaes;
Produo.
Com base nestas informaes a seguir apresentado o projeto, de
forma resumida, evidenciando os momentos mais marcantes do
processo como forma de retratar e servir de exemplo para futuras
experincias.
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Diagnstico da situao atual, Perspectivas e aspectos Legais
O objeto do projeto (cachaa) vinha sendo produzido num alambique
artesanal, com uma produo limitada devido disponibilidade de
matria prima (cana e acar) e ao de tempo do prprio produtor que
o divide na produo de outros produtos tais como frutas, milho,
criao de gado, etc., todos em pequena escala, praticamente para a
subsistncia da famlia.
Especificamente quanto ao produto cachaa. Esta j possua um nome
que o identificava nas localidades prximas, sendo que toda a
produo era consumida e reconhecida com sendo uma boa cachaa
pelos consumidores. Destaca-se que o produto reconhecido como
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cachaa da lomba, em razo da propriedade estar localizada numa
lomba. O produto embalado em garrafas PETs (reaproveitadas) ou
garrafes de 5 litros.
Foi realizada uma pesquisa junto ao Instituto Nacional da Propriedade
Industrial e no foram encontrados registros dos nomes inicialmente
cogitados: cachaa da Lomba, o nome do produtor (Hermes de R),
dentre outras buscas iniciais.
Desta forma, a proposta de desenvolver um projeto junto a este
produtor se apresenta com uma perspectiva bastante promissria e
como um grande desafio.
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Desenvolvimento
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Definio do Projeto e Levantamentos Preliminares
Esta etapa se caracteriza pelo levantamento prvio de informaes e
definies do projeto a ser desenvolvido. Neste caso especifico o
Instituto CEPA (atualmente incorporado a EPAGRI), atravs dos seus
estudos, pesquisas e conhecimentos in loco da realidade da agricultura
em todo o Estado de Santa Catarina, observando as potencialidades
definiu como provvel projeto o caso do produtor Hermes de R.
Como forma de corroborar a escolha, foram realizados contatos com
os responsveis do Centro Experimental da EPAGRI de So Miguel do
Oeste (CETRESMO), os quais apoiaram a iniciativa. Uma das razes foi
que este produtor estava recebendo todo o apoio tcnico para
produzir sua cachaa dentro de padres de excelncia e orientado pela
EPAGRI local, com a qual estaria fazendo cursos sobre o tema.
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Centro de Treinamento da EPAGRI So Miguel do Oeste/SC.
Outro fator decisivo para a escolha foi o interesse do prprio produtor,
que em reunies anteriores junto a representantes da Secretaria da
Agricultura demonstrou grande vontade em poder participar do
projeto. Considerando que ele estaria construindo um alambique, e
que o resultado final do projeto estaria muito prximo da data de
concluso das obras e conseqentemente poderia dispor de
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embalagem, rtulos e principalmente uma identidade visual (marca),
para iniciar suas atividades de produo e comerciais.
Aps ter a definio do potencial do projeto, e sabendo-se o tipo de
produto que poderia vir a ser desenvolvido, foram realizadas novas
pesquisas, buscando informaes sobre o produto (cachaa), sobre a
localidade (aspectos geogrficos, sociais, econmicos), sobre o tipo de
produo, dentre outros itens, com a finalidade de se terem
informaes para iniciar o processo.
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Mapa do Estado de Santa Catarina (www.guianet.com.br/sc/mapasc.htm).
Com base nestas e outras informaes foi realizada uma visita a
propriedade do Sr. Hermes de R, localizada em Palma Sola, extremo
Oeste do Estado de Santa Catarina, distante a 623 km de Florianpolis,
prximo ao municpio de Jos dos Cedros.
Palma Sola
NGD/UFSC
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Estrada localidade de Palma Sola/SC.
A propriedade se localiza numa regio montanhosa, conhecida como
lomba, neste sentido foi evidenciada pelo produtor que a cachaa
produzida por ele era conhecida como cachaa da lomba.
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Durante uma das visitas foi realizada uma apresentao do projeto,
mostrando os resultados anteriormente alcanados em outros projetos
aplicados a agricultura familiar, a proposta de operacionalizao, bem
como detalhes julgados importantes do processo. Nesta visita alm de
membros do NGD, estavam presentes representantes da ICEPA/EPAGRI
e da Secretaria da Agricultura.
Apresentao famlia de R do projeto (Palma Sola/SC).
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Ao final da mesma, foi proposto oficialmente desenvolver um projeto
prprio para ele, para o qual houve grande receptividade e alegria por
parte de todos os presentes. Aps esta apresentao a equipe visitou a
propriedade e fez o primeiro levantamento com o produtor e famlia,
conhecendo as atuais instalaes de produo, dentre elas o
alambique.
Alambique e vista geral da propriedade do Sr. Hermes de R (Palma Sola/SC).
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Foi possvel conhecer tambm s instalaes (em construo) do novo
alambique e principalmente as idias e sonhos do produtor e de sua
famlia. Com estas novas instalaes a produo instalada seria de
30.000 litros/ano.
Vista geral do alambique em construo.
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De posse das informaes coletadas durante a visita a equipe retornou
para Florianpolis para continuar com as atividades do projeto. Esta
primeira visita foi muito importante, por que permitiu conhecer o
cliente, bem como definir os caminhos a serem seguidos. Dentro dos
procedimentos que fazem parte do processo de desenvolvimento de
projetos, utilizados pelo NGD, esta o registro escrito de todas as
reunies, visitas, pesquisas, etc., que tenham relao com o projeto.
Estes tipos de aes vem auxiliando de forma significativa o
andamento dos projetos, no sentido de sempre se ter informaes
atualizadas e mais confiveis.
Assim sendo antes, durante e aps a visita os membros da equipe
registraram atravs de imagens, filmagens e escritos tudo o que
aconteceu. A seguir apresentado um resumo das informaes
coletadas, como forma de exemplificar.
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HERMES DE R Produtor de Cachaa Artesanal de Palma Sola
Pauta Apresentao do NGD/UFSC e dos projetos desenvolvidos + papel do Design.
Presentes Sr. Hermes de R e famlia, Cetresmo/SC, ICEPA/EPAGRI-Florianpolis, Secretaria da Agricultura de SC e equipe do NGD/UFSC.
Observaes e comentrios
Produo de cachaa de app. 30.000 l/ano, com Alambique em construo; Produz vinho e cria gado; A propriedade se localiza numa lomba: Cachaa da Lomba; Produo e engarrafamento artesanal; No possui registro (j solicitado); A populao local se caracteriza por um baixo poder aquisitivo; Palma Sola possui aproximadamente 34 comunidades com uma diferenciao social acentuada, comercio em bares e direto nas propriedades; Produo com pretenso e previso de crescimento; Dificuldade de matria prima (cana), por isto da cadncia da produo; Capacidade do alambique de 500 litros, com possibilidade de fazer at 4 alambicadas por dia.
Comercializao CETRESMO: garrafa de 2 litros (PET) R$ 3,50 / garrafo de 4,8 litros R$ 8,00; Produtores da regio: garrafo de 4,8 litros R$ 5,00 a 6,00; Vinda de So Paulo: garrafo de 4,8 litros R$ 2,80, re-embalada para 1 litro comercializada a R$ 1,20.
Consideraes importantes
Proposta experimental; pensar no regional; definido um nico produto de boaqualidade; Embalagens para comercializao local: plstico e fora da regio em vidro (a ser analisada pela equipe tcnica), mantendo uma nica marca (identificao); Associar o produto ao nome do produtor.
Futuras aes Iniciar pesquisa e elaborar um cronograma de atividades e aes. Encaminhar documento com estas especificaes a todos os envolvidos, solicitando anuncia formal (proposta de trabalho); retorno em app. 45 dias.
Resumo do registro da primeira visita realizada a propriedade do Sr. Hermes de R.
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Levantamento, Anlise e Discusso
Nesta etapa a equipe de projeto iniciou uma srie de pesquisas para
aumentar e aprofundar o conhecimento sobre o assunto. Dentre as
pesquisas realizadas podem-se destacar: pesquisas de ponto de venda,
pesquisas sobre o histrico e processo de produo da cachaa,
fornecedores de embalagens, processos e disponibilidade de impresso
de rtulos, pesquisas dos aspectos regionais, geogrficos, culturais e
sociais da localidade e dos potenciais pblicos alvos, dentre outros
assuntos de interesse.
De forma a ilustrar estas pesquisas sero apresentados alguns resumos
destes levantamentos.
Hermes de R
53
Cachaa
O que cachaa? aguardente de cana de acar, e aguardente
bebida de elevado teor alcolica, obtida por destilao de frutas,
cereais, sementes.
O que destilao? Destilao fazer com que uma substncia em
estado lquido evapore, tornando-se gasosa. O vapor obtido passa por
um processo de condensao e se transforma em gotas pinga
retornando ao seu estado lquido.
Hermes de R
54
Em outros pases produtos prximos so obtidos de diferentes
matrias primas e mundialmente conhecidos. A figura a seguir
apresenta alguns exemplos.
pais matria prima produto RSSIA centeio vodca
ITLIA mosto do bagao da uva grappa
ALEMANHA cereja kirsh
JAPO arroz saqu
ESCCIA cevada maltada usque
PORTUGAL uva bagaceira
CHILE uva pisco
BRASIL cana de acar cachaa
Alguns produtos representativos do processo.
A origem do nome, segundo Cmara Cascudo (1979), no seu dicionrio
do Folclore Brasileiro, afirma que provm do Castelhano cachaza,
vinho de borras.
A cachaa artesanal feita com cana de acar tratada a po-de-l
(cana cultivada sem agrotxico e colhida sem fogo). Na fermentao os
Hermes de R
55
nutrientes so exclusivamente naturais (caldo de cana moda, fub,
farinha de arroz sem inseticidas), um processo trabalhoso e lento que
pode durar at 38 horas. O fermento natural carrega uma flora
microbiana mista que produz lcool e outros componentes que
realam o sabor e o aroma da cachaa, o bouquet em portugus
buqu.
A cachaa industrializada geralmente feita com mistura de melao
mais aguardente. O processo de fermentao da cachaa industrial
acelerado por aditivos qumicos, demora no mximo 5 horas. Sua
destilao realizada em aparelhos chamados de colunas ou troncos
de destilao, destiladores aquecidos a vapor, podendo atingir uma
produo de milhares de litros por dia.
Hermes de R
56
Segundo a Associao dos Produtores de Cachaa artesanal do Paran a
historia da cachaa foi seguinte:
Foi primeira bebida destilada na Amrica Latina, descoberta por acaso
entre os anos de 1530 e 1550 durante a produo do acar;
Inicialmente era servida como suplemento aos animais e escravos, logo
deixou as senzalas e chegou s mesas da corte, transformando-se no
sculo XIX em smbolo de brasilidade e resistncia contra o colonialismo
de Portugal;
Bebida que acompanhou todas as mudanas ocorridas em cinco sculos
de Brasil, participou da Revoluo Pernambucana e da Inconfidncia
Mineira;
A cachaa foi bebida escolhida para brindar a Independncia do Brasil
por D. Pedro I e, pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, nas
comemoraes dos 500 anos de descobrimento ao brindar com o
Presidente de Portugal, como um smbolo de nossa brasilidade e de nossa
relao amistosa com outros povos.
Hermes de R
57
Complementando estas informaes, segundo o site do Museu da
cachaa, os primeiros relatos sobre a fermentao vem dos egpcios
antigos, no qual utilizavam para a cura de vrias molstias, inalando o
vapor de lquidos aromatizados e fermentados absorvido diretamente do
bico de uma chaleira, num ambiente fechado.
Em seguida os gregos registram o processo de obteno de cqua ardens.
A gua que pega fogo - gua ardente.
Hermes de R
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Produo da Cachaa
A aguardente de cana de acar a segunda bebida alcolica
consumida no Brasil. So aproximadamente 70.000.000 de doses
consumidas diariamente entre as 18 e 21 horas. Estima-se que um em
cada dois brasileiros toma sua dose diria.
A produo em Santa Catarina se situa na faixa de 6.000.000 de litros
anuais, com um consumo na ordem de 35.000.000 de litros. Santa
Catarina possui 14.664 ha de cana-de-acar plantados, localizados
predominantemente nas regies mais quentes do estado, no Litoral,
Vale do Itaja e Oeste, estes nmeros tendem a aumentar ano a ano,
permitindo estas informaes prever a dimenso da importncia deste
produto.
Hermes de R
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Segundo dados da Fenaca - Federao Nacional das Associaes dos
Produtores de Cachaa de Alambique, da produo anual estimada em
1,3 bilhes de litros (dos quais 60% industrializados e 40% artesanais
de alambique) consumida mais de 1 bilho de litros por ano apenas
no mercado interno. No externo, a bebida oficial do Brasil conquista o
mercado de luxo e apresenta qualidade em condies de concorrer
com os principais destilados do mundo.
Hermes de R
60
Pesquisa de Ponto de Venda
Esta pesquisa teve como finalidade o levantamento de informaes
relativas ao produto Aguardente/Cachaa, fazendo parte da fase
analtica da metodologia utilizada neste projeto.
Hermes de R
61
Os procedimentos utilizados foram observao e anlise visual de
produtos similares nas prateleiras, atentando para aspectos formais de
rtulos, especificaes cromticas, embalagens, capacidades,
acessrios, etc.
Foram levantadas informaes sobre preos dos produtos, bem como
origem dos mesmos. Neste item foram observadas e analisadas
questes histricas e formas de produo sob a tica de identificao
de origem, bem como outras informaes existentes tais como receitas
e dicas de uso dos produtos.
Outras informaes referentes a promoes, prmios, embalagens e
rtulos especiais foram observadas quando existentes.
Hermes de R
62
Como exemplo, apresentado uma das pesquisas realizadas.
Nome Procedncia Cont. ml R$ Selo [*] Obs. Veio de Minas So Gonalo do
Rio Abaixo 750 Sim Caixa ilustrada
Minha Deusa Betim 1000 Sim
Pira Pora PiraPora 750 Sim Selo Brasil export + Vidro cachaa de Minas [idem]
Cachaa Mineira Ouro 100 limite
Careau 700 sim
Cachaa Artesanal de Minas Benvinda
Patus de Minas 700 No Vidro cachaa do Brasil
Monte Abrao Itatianu 960 sim
Freguesia do Carmo Prata 700 no Vidro cachaa do Brasil
Samba e Cana Lagoa Santa 700 Sim [**]
Vidro cachaa do Brasil + folheto
Magia de Minas Guape 750 sim Vidro cachaa de Minas [idem] + rtulo
Aguardente da Boa Vista
Barroso 980 sim
Vale Verde 1000 sim
Germana 1000 Embalagem em palha
[*] AMPAQ Associao Mineira dos Produtores de Cachaa de Qualidade.
[**] Selo de Cachaa Artesanal (THEE SINGLE BRAZILIA SPIRIT)
Hermes de R
63
Lomba
A regio onde est localiza a propriedade montanhosa e localiza-se
exatamente numa Lomba. Sendo assim, foram realizadas pesquisas
sobre este assunto, como forma de buscar subsdios para potencializar
a identificao de origem, apoiada nos aspectos geogrficos.
Hermes de R
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Propriedade do Sr. Hermes de R, na lomba (Palma Sola/SC).
Segundo o dicionrio, Lomba = Planura sobre a serra ou qualquer
altura. Lomba = preguia.
No Dicionrio de Sinnimos encontra-se que, Lomba = chapado,
crista, cume, indolncia, preguia, medo, moleza, vrtice, lombeira,
lazeira, encosta, duna, escarpa.
Hermes de R
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Segundo HOUAISS (2001), Lomba = 1. Dorso ou crista arredondada de
colina; serra; monte; montanha. 2. a parte mais alta do telhado;
cumeeira. 3. Pequeno monte de areia ou terra que se forma pela ao
do vento. 4. Ladeira, declive. 4.1 RS declinidade de pequenos morros e
de coxilhas baixas; lombada. 5. (Reg.) pouca disposio para o
trabalho; preguia, lombeira.
Pesquisa da Localidade
A partir de informaes coletadas no site da prefeitura de Palma Sola
(http://www.palmasola.sc.gov.br), afirma-se que, os primeiros colonizadores chegaram a Palma Sola, pela regio do Paran, pois era
mais favorvel, sendo que era mais fcil o deslocamento pelos campos
Hermes de R
66
do Er, Palmas, do que vir por terras dobradas que se encontram em
ao lado sul e oeste do municpio.
O nome de Palma Sola, segundo tradio popular, derivado de Palma
Suela, que significava na expresso castelhana, palmeira solitria, que
ficava localizada na atual praa central do municpio. Essa palmeira na
parte superior do tronco dividia-se em trs partes e servia como
referncia para quem chegava e para forasteiros que por ali passavam.
Por volta de 1920, j havia algumas famlias de caboclos que moravam
no municpio, isolados de outras civilizaes, alguns chegavam a se
identificar como ndios, pois viviam de forma simples, plantavam
somente para subsistncia, a forma de comrcio era a troca, e o
principal produto era o sal, tecidos, produtos que no eram produzidos
Hermes de R
67
na propriedade. As famlias se denominavam os Lara, Cabral, Mello,
Oliveira, Rocha, Piruchim, algumas oriundas da Argentina.
Em 1945 comearam a chegar colonos gachos, descendentes de
italianos, germnicos e poloneses. Em 1951, chega famlia Crestani e
juntamente trouxeram os Pauletti, Gritti, Zabot, no total em 23
pessoas, passando por Clevelandia, Marmeleiro e Flor da Serra.
Como na maioria dos municpios da regio os imigrantes obtinham a
compra de terras atravs de empresas colonizadoras. Deste modo, a
famlia Crestani com a inteno de desenvolver as atividades
econmicas, construiu uma serraria e formou-se um ncleo de
povoao.
O sonho dos pioneiros tornou-se realidade em 18 de dezembro de
1961, quando o ento Governador Celso Ramos Sancionou a Lei n.
787/61, passando Palma Sola a categoria de municpio. A 30 de
dezembro do mesmo ano o municpio era oficialmente instalado.
Hermes de R
68
Palma sola (http://www.palmasola.sc.gov.br)
As caractersticas fsicas da regio, que possui uma rea Total -
313,8km2. Com um clima Mesotrmico mido, com vero quente e
invernos rigorosos. A temperatura mdia de 17,4C, e uma altitude de
870m acima do nvel do mar.
Hermes de R
69
A cobertura vegetal original da cidade compreende dois tipos de
formao: florestas e campos. Na rea do Municpio aproximadamente
60 % so terrenos forte ondulados e 40% so suave ondulado.
O municpio delimitado por vrios rios que formam a bacia do Rio das
Antas, Capetinga, Lageado Grande, Rio Tracutinga e Lageado
Conceio. O clima tipicamente subtropical, onde as temperaturas
no inverno so baixas, chegando a ndices abaixo de zero e no vero,
elevando-se as mximas de 35 a 38. As mdias das precipitaes
pluviomtricas por ano variam entre 1900 e 2500 mm.
Hermes de R
70
Definio de Parmetros de Projeto
Com base nas informaes coletadas e analisadas foi possvel definir os
parmetros bsicos, os quais deveriam estar representados no projeto.
importante mencionar que todo projeto de design objetiva em
primeiro lugar atender a demanda inicial, ou seja, o cliente direto que
contrata os servios do design. Juntamente com o pblico alvo que se
pretende atingir, neste sentido importante criar mecanismos durante
o processo, para que este item no seja negligenciado.
Hermes de R
71
Os parmetros bsicos do projeto deveriam considerar os seguintes
itens:
Buscar a caracterstica regional, atentando para as questes
geogrficas da localidade (lomba);
Definir um nico produto de excelente qualidade;
Definir as embalagens para comercializao local no material PET
(plstico) e fora da regio em vidro (este fator dever ser
cuidadosamente analisado, principalmente pela questo custo);
Desenvolver uma identidade nica para o produto cachaa que
possa ser aplicada a outros produtos j produzidos, ou que venham
a ser produzidos;
Associar o nome do produtor a identidade;
Considerar os aspectos logsticos, tanto de comercializao, quanto
de fornecedores (grfica, garrafas, embalagens, etc);
Destacar o tipo de produo: artesanal e com cuidados ecolgicos /
colonial;
Destacar o tipo de propriedade: agricultura familiar.
Hermes de R
72
Tendo como base estas consideraes, obtidas junto ao produtor e
pelas pesquisas e anlises realizadas pela equipe, procede-se ao
desenvolvimento de propostas.
Hermes de R
73
Processo Criativo
Hermes de R
74
Processo Criativo
O processo criativo se caracteriza, no caso do design e especificamente
o design grfico pela representao grfica de idias,
preferencialmente na forma bidimensional e manualmente. Neste
sentido importante reforar a importncia do desenho manual como
tcnica bsica para apresentar os primeiros conceitos, em soma
representao grfica de idias se torna uma etapa imprescindvel em
qualquer projeto de design.
Hermes de R
75
Assim sendo, como forma de reconhecer padres e elementos grficos
que fazem parte do projeto, foram estudadas as cores, formas,
materiais, da matria prima utilizada. A partir das quais, foi possvel
desenvolver elementos formais que representassem de forma clara e
inequvoca que o produto vem da cana de acar.
Imagens ilustrativas da matria prima.
Hermes de R
76
Primeiras Idias
Aps as pesquisas realizadas, foram gerados os desenhos que
representavam graficamente as primeiras idias. Todos estes
desenhos, num primeiro momento no possuem restries de
nenhuma ordem, apenas a considerao das informaes levantadas
inicialmente.
Esta etapa considerada dentro da sistemtica adotada pelo NGD
como primordial. Nela os membros da equipe podem representar
graficamente suas idias, facilitando a expresso, a discusso e
principalmente a troca.
Hermes de R
77
Resultante da etapa de criao, as propostas so cuidadosamente
analisadas, levando em considerao diversos aspectos, dentre eles:
tcnicos, financeiros, materiais, bem como avaliando a resposta das
propostas aos conceitos e parmetros de projeto. Para isto podem ser
utilizadas matrizes de anlise, recomendando-se que no fique restrita
a equipe de projeto, incorporando sempre que possvel, outros atores,
dente eles o principal que o potencial consumidor/usurio.
Definidas as propostas, so desenvolvidos prottipos virtuais, como
forma de fazer uma nova anlise e avaliao. Neste caso, a embalagem
foi modelada em 3D, possibilitando uma aproximao bastante real da
textura da embalagem (vidro), bem como detalhes, tais como tampa.
Hermes de R
78
Modelagem em 3D da embalagem.
Aps esta modelagem so aplicados ao produto os rtulos
desenvolvidos e feitas as anlises de validao, ajustes de
posicionamento, e outros itens que se faam necessrios.
Hermes de R
79
No caso deste projeto, foram definidas pela equipe depois de
realizadas as anlises e avaliaes, trs alternativas que responderiam
de forma satisfatria aos critrios e parmetros.
As diferenas entre elas foram consideradas moderadas, tendo em
vista a anlise tcnica realizada. Observam-se nas trs propostas o
nome do produtor na posio central e de maior destaque, e as formas
de rtulo inferior, com elementos de identificao geogrfica de
origem (lomba), bem como da matria prima (cana de acar).
Hermes de R
80
Propostas em 3D.
Simultaneamente foi pensada uma embalagem secundria para
transporte. Foi escolhido derivado da celulose como material base e
um processo de impresso num nmero reduzido de cores para
minimizar custos de produo. Neste sentido, foi aproveitado como
fundo a cor natural do papelo e feitas aplicaes em apenas uma cor,
Hermes de R
81
com diferenciao atravs do uso de retcula. O prottipo virtual
permite visualizar a proposta, bem como proceder a oramentos de
produo e verificao de viabilidade.
Embalagem secundria em 3D.
Hermes de R
82
A planificaao da embalagem permite ter uma viso completa do
produto, e possibilita conferir se de fato est acompanhando as
diretrizes do projeto.
Planificao da embalagem secundria.
Hermes de R
83
Os resultados a nvel virtual alm do fator esttico, permitem elaborar
com maior confiabilidade os prottipos materiais.
Os prottipos materiais foram elaborados pela equipe, tendo como
base a garrafa de vidro de 700 ml, com a escrita em relevo Cachaa do
Brasil e Cachaa of Brazil.
Os rtulos foram impressos em processo digital e papel adesivado. Foi
includo no prottipo o selo do IPI (imposto sobre o produto
industrializado), item obrigatrio a este tipo de produto, possibilitando
uma maior aproximao a realidade do produto quando produzido em
escala.
Hermes de R
84
Prottipo real das propostas (1).
A primeira proposta buscou formalmente representar atravs do rtulo
inferior a regio montanhosa onde se encontra localizada a
propriedade, somada ao uso de elementos que representam a cana de
aucar.
Hermes de R
85
As duas propostas seguintes, seguiram o mesmo princpio, se
diferenciando pelo formato do rtulo, que retrata a forma da lomba,
que geograficamente e socialmente um forte elemento de
reconhecimento do produtor. Foram feitas duas possibilidades, uma
delas com um rtulo frontal limitado e outra com uma curva mais
suave, envolvendo toda a embalagem.
Prottipos reais das propostas (2 e 3).
Hermes de R
86
Validao e Refinamento
Hermes de R
87
Validao e Refinamento
Aps a etapa do processo criativo, e analisado as alternativas que
apresentavam melhor desempenho diante das exigncias do projeto,
foi realizada uma nova visita ao produtor onde foram apresentadas as
propostas.
Visita para validao junto ao cliente (Palma Sola/SC).
Hermes de R
88
Num primeiro momento, foram discutidos com o produtor os
procedimentos adotados para o desenvolvimento das propostas que
seriam apresentadas, e que no existiria obrigatoriedade de aceit-las.
Eles (produtor e famlia) poderiam fazer os comentrios que
entendessem necessrios. Aps o entendimento e concordncia
procede-se a apresentao, que contava com a presena do produtor e
famlia, juntamente com representantes do EPAGRI/ICEPA, Secretaria
do Estado da Agricultura e equipe do NGD.
Apresentao para validao junto ao cliente (Palma Sola/SC).
Hermes de R
89
Durante a apresentao foi mostrado de forma resumida o processo de
desenvolvimento, bem como as pesquisas que foram realizadas.
Somados a isto, as anlises e parmetros que nortearam a gerao das
alternativas. Neste ltimo, foram apresentados os desenhos que
geraram os prottipos virtuais e logo os prottipos materiais.
Foi possvel evidenciar que ao ver e pegar os prottipos materiais o
cliente pode ter de fato uma percepo clara e direta de como ficaria
seu produto.
A resposta foi muito positiva, e pode ser sintetizada numa das falas do
prprio produtor:
.......no precisava ser a minha idia....... ...referenciando-se a utilizao da lomba no rtulo.
Hermes de R
90
Isto em razo de ter identificado vrios dos parmetros utilizados como
sendo informaes apresentadas por ele mesmo.
Foi apresentada a embalagem secundria individual, no modelo virtual.
Esta embalagem deveria ter um custo reduzido e teria como finalidade
ser uma opo a mais para os clientes, sendo que o produto seria
comercializado apenas com a garrafa.
O material escolhido foi o papelo micro ondulado, por apresentar
uma resistncia suficiente e um custo dentro das especificaes. Sendo
assim foram feitos prottipos e solicitados oramentos a empresa
Schimpack (www.schimpack.com.br), empresa que vem apoiando as
aes do NGD nos ltimos anos, participando tanto dos projetos,
quanto de atividades acadmicas, possibilitando uma aproximao
efetiva entre o mercado e as instituies de ensino e pesquisa.
Hermes de R
91
O mesmo se apresentou vivel e foi solicitado um lote inicial de 300
embalagens, as quais seriam produzidas e entregues juntamente com o
lote piloto de rtulos, tampas e garrafas de vidro, previstas no
oramento do projeto.
Como forma de fazer uma diferenciao para o lanamento foi
desenvolvida uma quantidade menor (50 caixas), na cor preta e as
demais na cor natural.
Esta embalagem atingiu o objetivo proposto, com uma apresentao
diferenciada, que certamente o distinguiria dos concorrentes ao serem
expostos nos pontos de venda.
Hermes de R
92
Embalagem secundria de lanamento.
A embalagem secundria foi aceita pelo cliente, que concordou com a
proposta e passou a utiliz-la imediatamente. Seguido a isto, o
produtor e famlia foram orientados na aplicao dos rtulos, para o
qual demosntrou bastante destreza e agilidade.
Hermes de R
93
Produto final e embalagem secundria de lanamento.
importante mencionar, que tendo em vista as limitaes de produo
e custos, no possvel se pensar neste primeiro momento, num
processo automatizado de etiquetagem. Neste sentido a aplicao
manual seria uma opo vivel e de acordo com a realidade.
Hermes de R
94
Um outro apecto que vai ao encontro destas limitaes, refere-se ao
fechamento (tampa), pensada inicialmente para ser de metal, foi
substituda por uma de material plstico, que apresenta uma fcil
aplicao e fechamento hermtico.
........o problema produzir uma cachaa com
qualidade para colocar a....... (Sr. Hermes).
Estes aspectos so muito importantes no desenvolvimento de um
projeto desta natureza. Recomenda-se sempre que possvel
desenvolver aes conjuntas com o cliente, observando e
considerando atentamente a realidade na qual est inserida, para que
os impactos advindos do projeto no sejam fonte de problemas
futuros.
Hermes de R
95
Montagem dos produtos pelo produtor e famlia.
Juntamente com o lote de embalagens secundrias na cor preta para
lanamento, foi produzida a embalagem secundria padro. O
resultado do ponto de vista tcnico se apresentou satisfatrio, sendo
que os rtulos de identificao foram adesivados nas mesmas.
Hermes de R
96
.......que bonito ....vai saber agora....... (Sra. Elena, esposa).
Embalagem secundria padro.
A viso do conjuto de embalagens se mostrou satisfatria, mantendo o
padro proposto no projeto, com equilbrio e harmonia. A manuteno
da cor natural da matria prima da embalagem transfere uma maior
Hermes de R
97
leveza ao produto. importante mencionar que ajustes so realizados
a todo momento no projeto, buscando uma melhor equao entre o
ideal e o possvel, neste sentido, a modo de exemplo citado o uso de
rtulos adesivos na embalagem, em razo do custo.
Conjunto do produto final.
Hermes de R
98
Os resultados finais do projeto foram materializados e concretizados
com a entrega de um lote piloto de produo que contava com
garrafas de vidro, segundo a especificao, tampas, rtulos e
embalagens secundrias. Juntamente com este material foi entregue
ao produtor os arquivos em CD-room necessrios a produo de novos
materiais.
Detalhe do rtulo.
Hermes de R
99
A percepo aps a verso finalizada do projeto, por parte dos
envolvidos foi muito positiva. Refletindo, na opinio deles de forma
bastante clara o seu produtor, a qualidade do produto, a identificao
e principalmente uma aparncia que em nada deixaria a desejar com
futuros concorrentes.
Vista superior do produto.
Hermes de R
100
Os comentrios obtidos por pessoas no diretamente relacionadas ao
projeto (potenciais clientes), tambm refletem o resultado alcanado.
Pode-se citar as apresentaes realizadas em eventos, congressos,
entrevistas, etc, nas quais as manifestaes sempre foram no sentido
de identificar o produto como competitivo e diferenciado.
Detalhe do rtulo.
Hermes de R
101
....... agora posso levar os produtos para fora daqui de Palma Sola. ............ assim fica muito mais
fcil....... (Sr. Hermes de R).
Hermes de R
102
Sntese
A identidade visual desenvolvida respondeu as necessidades do
produtor e do mercado. Na mesma foi utilizado o nome do produtor
como identidade e no caso da identificao geogrfica de origem,
utilizou no prprio rtulo um formato curvo que simboliza a lomba,
remetendo a localidade e reconhecimento do produtor
(Hermes/cachaa da lomba).
Identidade Visual Hermes de R.
Hermes de R
103
O nome (identidade) foi criado especialmente para ele, com formas
que lembrem a matria prima (cana de acar).
O suporte especificado foi a garrafa de vidro de 700 ml, especfica para
o produto Cachaa do Brasil, com tampa plstica na cor prata e
rtulo adesivado bipartido.
Rtulos.
Hermes de R
104
Consideraes Finais
importante mencionar, que o produtor no possua rtulo, nem
embalagem apropriados para uma comercializao em pontos de
venda.
A produo que ele vinha tendo era embalada em garrafas plsticas de
refrigerante (PET) e a marca conhecida do produto era cachaa da
lomba, como referncia a localizao geogrfica da propriedade que
fica no alto de uma lomba.
Aps o projeto o mesmo recebeu uma nova identidade visual, rtulos e
embalagem prpria para seu produto, com um grande diferencial,
sendo reconhecida no concurso de Design Catarina, promovido pelo
Centro de Design Catarina, SEBRAE no ano de 2005.
O Sr. Hermes de R vem produzindo cachaa h bastante tempo,
comercializando a mesma, nas proximidades da sua propriedade,
tendo bastante sucesso por parte dos consumidores que o reconhecem
Hermes de R
105
como um excelente produtor. Este fato incentivou o mesmo a procurar
junto a EPAGRI/SC cursos para aprimorar a produo, buscando neste
tipo de produo uma melhoria da renda e por conseqncia da
qualidade de vida, isto demonstra um esprito empreendedor e postura
proativa.
Faltava ainda um item importante, a qualidade aparente, que atravs
do NGD/UFSC e ICEPA/EPAGRI descobriu que o design poderia auxili-
lo, podendo melhorar ainda mais, aumentando suas expectativas e
sem dvida as chances de sucesso.
Para a equipe, chegar a locais distantes, pessoas simples, produtos de
excelente qualidade e ajud-los a torn-los mais competitivos algo
difcil de explicar em palavras.
.....a emoo e alegria estampada no rosto do senhor e famlia um sentimento muito gratificante !!!
Hermes de R
106
Do ponto de vista do design, a identificao do produto e diferenci-lo
dos demais, informando sobre seu contedo e benefcios que o mesmo
possa proporcionar, so elementos chaves. Associado a isto num
processo sistematizado e consciente, congregando conhecimentos e
informaes de diferentes reas, junto aos prprios clientes diretos
(produtores), possvel alcanar resultados significativos, tendo como
base os princpios de inovao e integrao, alicerces da Gesto de
Design, elementos bases na proposta deste projeto.
Finalmente, deve ser destacada como elemento fundamental deste
tipo de projeto, a contribuio que o design pode ter como elemento
de diferenciao e competitividade. Isto aplicado a um pequeno
produtor que dificilmente teria acesso ao design em razo da distncia,
recursos financeiros disponveis, dentre outros e que atravs de
parcerias entre o governo e instituies de ensino e pesquisa possibilita
Hermes de R
107
uma melhoria na qualidade de vida e principalmente um aumento na
expectativa de crescimento e desenvolvimento. Neste sentido a
Sustentabilidade, no apenas ambiental, mas principalmente
econmica e social se manifestam como um fator chave no sucesso.
...sem dvida, nosso muito obrigado a todos!!!!!!
Hermes de R
108
....me falaram pelo telefone que ficou muito bonito.....a gente vai se animar mais um pouquinho......os rapazes esto
trabalhando com vontade mesmo para nos darmos continuidade
ao trabalho.....muito Bom!!!!..... (Sr. Hermes).
Hermes de R
109
Referncias
Aguardente Bordalesa. http://www.aguardentebordalesa.com/Aguardente.htm. Acesso em 05082007. ALTMANN, R., et al. Perspectivas para a agricultura familiar: horizonte 2010. Florianpolis: Instituto CEPA/SC, 2003. BRDE: Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. Redes de Agroindstria de pequeno porte: experincias de santa Catarina. Florianpolis: BRDE, 2004. CASCUDO, Lus da Cmara. Dicionrio do folclore brasileiro. 5 ed. So Paulo: Edies Melhoramentos, 1979. CEPA. http://cepa.epagri.sc.gov.br/aspectos/menu_sc.htm. Acessado em 11 de agosto de 2007. Confederao Nacional da Indstria. Indicadores de Competitividade na indstria brasileira / CNI. 2. ed. rev. e atual. Braslia: CNI, 2005. CUNHA, Antnio Geraldo da. Dicionrio nova fronteira etimolgico. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Frontera, 1997. DDI. Estudio del impacto econmico del diseo en Espaa. Sociedad Estatal para el desarrollo del diseo y la innovacin. Espaa, 2005. Dicionrio houaiss da lngua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetivo, 2001. Dicionrio de Sinnimos. Portugal: Editora Porto. Federao Nacional dos Produtores de Cachaa de Alambique. http://www.fenaca.org.br/ acessado em 03/05/2007. MDA: Ministrio de Desenvolvimento Agrrio. Acessado em 10 de maro de 2006. www.mda.gov.br
Hermes de R
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Este livro foi produzido no inverno de 2007,
na cidade de Florianpolis.
As fontes utilizadas foram Calibri e Zurich LtCn BT.
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