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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM EECCOONNOOMMIIAA
DETERMINANTES DO CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO ENTRE 2003 E
2009
IIZZIISS JJAANNOOTTEE FFEERRRREEIIRRAA
ORIENTADOR: PROF. MARCELO DE ALBUQUERQUE MELLO
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2012.
DETERMINANTES DO CRESCIMENTO ECONOMICO BRASILEIRO ENTRE 2003 E 2009
IZIS JANOTE FERREIRA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia Empresarial
ORIENTADOR: MARCELO DE ALBUQUERQUE MELLO
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2012.
DETERMINANTES DO CRESCIMENTO ECONOMICO BRASILEIRO ENTRE 2003 E 2009
IZIS JANOTE FERREIRA
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia Empresarial
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor Marcelo de Albuquerque Mello (Orientador) Instituição: IBMEC - RJ
_____________________________________________________
Professor Christiano Arrigoni Coelho Instituição: IBMEC - RJ _____________________________________________________ Professor Arilton Teixeira Instituição: FUCAPE - ES
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2012.
Prezado aluno (a), Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail biblioteca.rj@ibmecrj.br, colocando no assunto: FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO. Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas). 1) Nome completo; 2) Título e subtítulo (se houver e separados); 3) Ano da defesa; 4) Área de concentração: 5) Assunto principal (contextualizado); 6) Assuntos secundários; 7) Palavras-chave, e 8) Resumo (se possível) 9) Curso (Mestrado profissionalizante em ...) Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.
vi
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe, e à Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo,
empresa onde trabalho, que confiou em mim ao conceder-
me a possibilidade de realização deste curso.
vii
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu pai, meu irmão e meu noivo, por compartilharem comigo os momentos de
ansiedade e angústia vividos durante esta etapa da minha vida. Agradeço muito a minha mãe,
que apesar de estar no plano espiritual, sempre foi uma grande companheira, amiga, e
conselheira. Meu “muito obrigada” especial à Confederação Nacional do Comercio de Bens,
Serviços e Turismo, empresa na qual trabalho, que me proporcionou a oportunidade de realizar
este curso. Obrigada ao professor Marcelo Mello, meu orientador, pela paciência diante de
tantos questionamentos. A todos aqueles que me apoiaram direta ou indiretamente, aos colegas
Sabrina e Luiz Fernando, meus sinceros agradecimentos.
viii
RESUMO
O objetivo desta dissertação é verificar os determinantes do crescimento econômico brasileiro
entre os anos de 2003 e 2009. Para tanto, construímos um modelo com dados organizados em
painel, para uma amostra de 41 países selecionados, considerando dados de 1970 a 2009.
Utilizamos a taxa de crescimento da renda per capita como variável dependente e como
variáveis de controle: renda inicial, grau de abertura da economia, taxa de câmbio efetiva real,
escolaridade da população com 15 ou mais anos, crédito/PIB, consumo do governo/PIB, taxa
de inflação, e investimento/PIB. Consideramos ainda uma subamostra de países selecionados
da amostra total, denominados países em desenvolvimento de acordo com a classificação do
FMI. Os resultados indicam que entre 2003 e 2009 a renda inicial, a escolaridade da população
acima de 15 anos, e a razão investimento/PIB possuem o maior impacto no crescimento do PIB
brasileiro.
Palavras Chave: Crescimento Econômico, Produto Interno Bruto, Renda Per Capita
ix
ABSTRACT
The aim of this study is to verify the determinants of economic growth in Brazil to 2003 till
2009. We built a panel data model for a sample of forty one countries, considering values from
1970 to 2009. We use the income per capita growth as the dependent variable and as
explanatory variables: initial income, economic degree of openness, real effective exchange
rate, average years of schooling for population with fifteen years or more, credit/GDP,
government expenditure/GDP, inflation rate, and investment/GDP. We consider yet another
country sample selected of the total sample, that was named by developing countries as
International Monetary Fund classification. The results indicate that between 2003 and 2009
the initial income, the years of schooling and the investment/GDP have the greatest impact on
brazilian GDP growth.
Key Words: Economic Growth, Gross Domestic Growth, Per Capita Income
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –Estatisticas Descritivas – amostra integral .............................................................. 16
Tabela 2 –Estimativas Econométricas 1996 - 2002.................................................................. 18
Tabela 3 –Estimativas Econométricas 2003 - 2009.................................................................. 20
Tabela 4 –Estimativas Econométricas Países em Desenvolvimento 1996 - 2002 ................... 24
Tabela 5 –Estimativas Econométricas Países em Desenvolvimento 2003 - 2009 ................... 26
xii
LISTA DE ABREVIATURAS FMI Fundo Monetário Internacional
PWT Penn World Table
MQO Mínimos Quadrados Ordinários
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...…….1
2 REVISÃO DA LITERATURA……………………………………………………..….4
2.1 EASTERLY, LOYAZA E MONTIEL (1997)…………………………………………………...………5
2.2 VELOSO, VILELLA E GIAMBIAGI (2008)………………………………………………...…………7
3 METODOLOGIA……………………………………………………………...………11
4 DESCRIÇÃO DOS DADOS……………………………………………………...….12
4.1 VARIÁVEIS DE CONTROLE: Zi,t…………………………………………………….....................…13
5 RESULTADOS....................................................................................................17
5.1 ESTIMATIVAS PARA O TOTAL DA AMOSTRA............…………………................................…..17
5.2 ESTIMATIVAS PARA O SUBGRUPO DE PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO......…....…..…..24
6 CONCLUSÃO.....................................................................................................29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………….………32
APÊNDICE A……………………………………………………………………………….33
APÊNDICE B………………………………………………………………………....…….33
1
1 INTRODUÇÃO
Durante os sete anos compreendidos entre 2003 e 2009, pode-se observar que a
média do crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro foi amplamente superior ao
auferido no período anterior, entre 1996 e 2002. Enquanto a taxa média de crescimento do
PIB no primeiro período foi de 4,01%, entre 1996 e 2002 a média foi 2,31%.
A presente dissertação tem como objetivo identificar os determinantes do
crescimento econômico brasileiro entre os anos 2003 e 2009. Pretende-se, através do
trabalho empírico, identificar o impacto das variáveis listadas no modelo para o crescimento
da renda per capita brasileira no intervalo de tempo descrito.
Distintos fatores contribuíram para a melhora do desempenho do crescimento
econômico a partir de 2003. A manutenção e o aprofundamento das politicas econômicas
praticadas desde a instituição do Plano Real foram significativas para a estabilidade
macroeconômica alcançada no Brasil, a partir da segunda metade da década de noventa.
Nesse sentido, destacaram-se as ações de desregulamentação e de privatização
implementadas desde então.
2
Tal estabilidade dificilmente seria possível em caso de descontinuidade do tripé
macroeconômico: regime de metas de inflação, superávit primário e regime de taxas de
câmbio flutuante.
Segundo Easterly et alli (1997), os programas de estabilização econômica e as
reformas estruturais praticadas na América Latina no fim dos anos oitenta e princípio dos
anos noventa foram os principais responsáveis pela retomada da histórica taxa de
crescimento da renda per capita da região, em torno de 2%, entre 1991 e 1993. De acordo
com os autores, os países da América Latina que efetuaram reformas macroeconômicas
passaram a crescer mais rapidamente do que as economias não reformistas.
Veloso et alli (2008) estimam que as mudanças nas políticas econômicas
brasileiras, assim como o ambiente externo favorável, e os efeitos desasados das reformas do
Plano de Ação Econômica do Governo Castello Branco (PAEG), entre 1964 e 1967,
impactaram positivamente o crescimento brasileiro no período do Milagre Econômico, entre
1968 e 1973.
O efeito defasado das reformas institucionais (como reforma fiscal, tributária, do
sistema financeiro, entre outras) do PAEG foram os principais aceleradores do crescimento,
e as variáveis relacionadas ao ambiente externo, e a politica econômica explicam uma
parcela relativamente pequena da aceleração do crescimento econômico entre 1968 e 1973.
Nesta dissertação efetuamos regressões com dados organizados em painel, entre
1970 e 2009, para duas amostras de países: a primeira considerando 41 países selecionados,
3
e a segunda contendo um subgrupo de países da amostra integral denominados países em
desenvolvimento, assim classificados pelo FMI.
Os resultados das estimativas indicam que para a amostra integral, entre 2003 e
2009, a renda inicial, a escolaridade da população acima de 15 anos, bem como a razão
investimento/PIB, possuem o maior impacto no crescimento do PIB brasileiro. Para o
intervalo 1996 e 2002, a inflação e a taxa de investimento tiveram o maior impacto no
crescimento. Ao reunirmos países que possuem características semelhantes às da economia
brasileira, verificamos que os resultados são pouco conclusivos.
É importante destacar que a análise efetuada nesta dissertação considera um
período relativamente curto de tempo. No entanto, seguindo a metodologia empregada na
literatura relacionada, utilizamos o modelo neoclássico que considera o crescimento da
renda per capita no longo prazo. Ressaltamos, então, que estamos tratando o crescimento
econômico no curto prazo utilizando um modelo essencialmente de longo prazo, sem
prejuízo de eficiência do modelo descrito nesse trabalho.
Esta dissertação está organizada em seis seções, além desta introdução. Na seção 2
é apresentada a revisão da literatura relacionada. Na seção 3 efetuamos a descrição da
metodologia utilizada. A seção 4 contempla a descrição dos dados. Na seção 5 discutimos os
resultados obtidos, e na seção 6 reunimos as principais conclusões.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
A avaliação dos determinantes do crescimento econômico dos países motivou
distintos trabalhos que tiveram como base estimações econométricas baseadas no modelo
neoclássico de crescimento da renda per capita.
5
2.1 EASTERLY, LOYAZA E MONTIEL (1997)
Easterly et alli (1997) analisam que os programas de estabilização macroeconômica
e as reformas estruturais, instituídos nas países da América Latina no fim da década de 1980
e inicio na década de 1990, foram os principais responsáveis pela aceleração do crescimento.
Identificam, quantitativamente, como mudanças das politicas econômicas alteram as taxas
de crescimento dos países da região.
Os autores verificam que, de forma geral, os países que praticaram reformas
econômicas passaram a crescer mais rapidamente do que antes das referidas reformas, como
também mais rápido dos que as economias não reformistas.
Mostram ainda que as mudanças nas políticas econômicas fizeram com que os
países da América Latina alcançassem novamente a taxa de crescimento média histórica de
2%, entre o período de 1991-1993. Nesse período o crescimento do PIB das 16 economias
da região superou a média de crescimento dos demais países do mundo.
Eles estimam a equação básica do modelo neoclássico de crescimento econômico,
em painéis de cinco anos, para uma amostra que considera 70 países para o período de 1960
a 1993. Adicionam à equação variáveis de controle relacionadas às politicas
macroeconômicas, como a taxa de inflação e o consumo do governo em relação do PIB.
Para capturar os choques externos, utilizam a razão entre o volume de comércio exterior e o
PIB. Para medir a participação do sistema financeiro na economia usa a relação M2/PIB.
Como outras variáveis de controle, utilizam a escolaridade da população dos países, os
termos de troca, o logaritmo da renda per capita, e a razão investimento/PIB.
6
Os autores fazem uso do método MQO, com e sem a presença de efeitos fixos de
tempo e de países. O controle para o efeito fixo relacionado aos países é feito através do
método de primeiras diferenças da equação de crescimento, em que a variável dependente, a
taxa de crescimento da renda per capita, está em diferenciação de primeira ordem.
Além disso, eles estimam o modelo utilizando também o estimador em painel
dinâmico, Método dos Momentos Generalizados segundo Chaberlain (1984), Rosen et alli
(1988) e Arellano e Bond (1991).
Após estimar o modelo para os 70 países, os autores separam estes países em
grupos, dentre os quais estão as 16 economias latino-americanas, os tigres asiáticos, e
demais economias. De acordo com as taxas de crescimentos auferidas no modelo, eles
identificam que a partir de 1990 a taxa de crescimento média dos países da América Latina,
no intervalo dos cinco anos de cada período de estimação, passou a superar a média do
crescimento dos demais países do mundo, ficando atrás apenas do crescimento do produto
nos países tigres asiáticos.
Os autores concluem que os efeitos das reformas no crescimento têm impacto
positivo na média da taxa de crescimento dos países. Independente das experiências
individuais de cada país quanto às reformas (grau de alcance, período de tempo, etc) essa
média é maior do que a esperada para os países da região. Portanto, a estabilidade
econômica promovida efetivamente refletiu no incremento da renda per capita, e tal aumento
não foi insignificante.
7
2.2 VELOSO, VILLELA e GIAMBIAGI (2008)
Veloso et alli (2008) investigam os determinantes do crescimento da economia
brasileira no período do “Milagre Econômico”, ocorrido entre 1968 e 1973. Quantificam,
também por meio de regressões com dados em painel, as possíveis variáveis determinantes
do “Milagre”. Nesse intervalo a taxa de crescimento do PIB alcançou 11, 1% ao ano
acompanhada de queda da inflação e saldos positivos no balanço de pagamentos do país,
enquanto que entre 1964-1967, o crescimento foi de 4,2%.
Os autores mencionam que de acordo com o trabalho de Gomes et alli (2003) e
Bacha e Bonelli (2004), o “Milagre Brasileiro” foi, na verdade, um milagre de
produtividade. Gomes et alli (2003) mostram que o crescimento econômico entre 1967 e
1976 esteve calçado no aumento da produtividade total dos fatores, com a queda da relação
capital-produto. Por outro lado, Bacha e Bonelli (2004) evidenciam que houve queda na
relação entre produto e uma medida do estoque de capital, entre 1946 e 2002, mas que entre
1968 e 1973, ocorreu um aumento da relação produto-capital, condizente com a constatação
de Gomes et alli (2003).
Ainda assim, para verificar os determinantes da aceleração do produto no período
do “Milagre”, Veloso et alli (2008) utilizam regressões de crescimento da renda per capita.
Eles elencam três interpretações sobre os determinantes do “Milagre Econômico”
encontradas na literatura, as quais auxiliaram na definição das variáveis do modelo. A
8
primeira delas, diz respeito à importância da politica monetária expansionista, com
ampliação do credito, e o incentivo às exportações.
Na segunda linha de interpretação, relacionados ao ambiente externo favorável,
estão, a melhora dos termos de troca no período, o crescimento da economia internacional,
além da liquidez internacional traduzida em crédito externo farto e barato.
A terceira vertente é relativa aos efeitos defasados das reformas institucionais
(fiscais, tributarias e financeiras) introduzidas com o Plano de Ação Econômica do Governo
Castello Branco (PAEG), entre 1964 e 1967, na aceleração do crescimento no período
seguinte, do Milagre Brasileiro.
Indicam que de acordo com trabalho de Simonsen e Campos (1974) entre 1964 e
1967, o modelo de desenvolvimento econômico no Brasil foi alterado, com abertura da
economia ao exterior, e instituído um “esforço de restauração” em função da escalada
inflacionária, dos elevados déficits no balanço de pagamentos, e da redução dos
investimentos. As novas orientações de política macroeconômica, assim como as reformas
do PAEG refletiram em maiores taxas de crescimento do produto.
Os autores estimam regressões com dados organizados em painéis de 6 e 10 anos
para uma amostra de 62 países, durante o período entre 1962 e 1997, tendo como base o
modelo neoclássico de crescimento da renda per capita. Quantificam o crescimento
econômico previsto pelo modelo para o período entre 1968 – 1973 e avaliam em que medida
o modelo explica a aceleração do crescimento neste período, em comparação ao anterior,
1962-1967. Posteriormente, os autores utilizam os coeficientes estimados e os valores das
9
variáveis entre 68 e 73 para prever o crescimento econômico, e comparam com o valor
observado da taxa de crescimento do produto.
O modelo considera a taxa de crescimento da renda per capita como variável
dependente, e variáveis de política econômica (taxa de inflação, consumo do governo/PIB,
M2/PIB), variáveis relacionadas ao ambiente externo (volume de comércio/PIB, variável de
Sachs1), e outras variáveis de controle (escolaridade da população acima de 15 anos, taxa de
crescimento dos termos de troca, e log da renda per capita e a razão investimento/PIB).
A metodologia de quantificação das variáveis que influenciam o crescimento
econômico foi inspirada na mesma metodologia usada por Easterly el all (1997).
Veloso et alli (2008) verificam que para painéis de 6 anos, as variáveis de política
econômica e aquelas relativas ao setor externo explicam parcela pequena do crescimento
econômico. Além disso, o modelo estimado no intervalo de seis anos subestima o
crescimento econômico no período e superestima o crescimento no período anterior ao
“Milagre”, entre 62 e 67.
Para os painéis de 10 anos, dentre os quais está o intervalo 1964-1973, a taxa de
crescimento da renda prevista pelo modelo aproxima-se daquela observada. Associados, os
dois resultados indicam que de fato a aceleração do crescimento entre 68 e 73 esteve
baseada principalmente nos efeitos defasados das reformas do PAEG. Isso por que entre 64
e 67, foram ajustados os desequilíbrios macroeconômicos e efetuadas reformas institucionais
que demonstraram seus efeitos apenas nos anos seguintes, no período do “Milagre”.
1 Para análise mais detalhada, ver Sachs e Warner (1995).
10
Os autores concluem que com a evidência de que as reformas estão associadas a
defasagens importantes no crescimento, principalmente quando a economia passa por crise
econômica, pode predominar o desincentivo quanto à adoção das mudanças estruturais na
economia, como reforma do sistema tributário, por exemplo. Como os efeitos positivos das
medidas são verificados apenas parcialmente na gestão responsável pela adoção das
mesmas, forma-se um dilema na economia política.
11
3 METODOLOGIA:
O trabalho empírico concentra-se em estimar equações baseadas no modelo
neoclássico de crescimento da renda per capita. Utilizamos nas regressões dados
organizados em painel, para uma amostra de 41 países selecionados.
O painel foi estimado para o período 1970 – 2009, utilizando os estimadores
Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), Efeitos Fixos, e Método dos Momentos
Generalizados (GMM), com base em Arellano e Bond (1991). No entanto, o objetivo do
trabalho é determinar a contribuição de cada uma das variáveis de controle para o
crescimento do produto, para os sete anos compreendidos entre 2003 e 2009. Os resultados
das estimativas foram comparados com aqueles obtidos no período imediatamente anterior,
1996 – 2002.
Estimamos também o modelo com as mesmas especificações, para o subgrupo de
26 países em desenvolvimento, selecionados da amostra total. A definição dos países em
desenvolvimento foi tomada com base na classificação quanto ao nível de desenvolvimento
econômico do FMI.
Portanto, estimamos o modelo para a amostra completa dos 41 países, e para a
amostra do subgrupo dos países em desenvolvimento, conforme a equação representada a
seguir. Posteriormente comparamos os resultados obtidos pelas estimações efetuadas nos
dois intervalos de tempo.
gi,t = β0 + β1 log yi,t-5+ β2 Zi,t + µi + ηt + i,t (1)
12
Onde gi,t é a taxa de crescimento da renda per capita do país i, no período t, e o log
yi,t-5 é o valor logarítmico da renda per capita inicial do país i com defasagem de cinco anos.
O grupo Zi,t representa o conjunto de variáveis de controle dentre as quais, em pelo mesmo
uma das especificações, está a variável investimento/PIB.
O termo i,t representa o erro da regressão, enquanto que ηt representa a variável
dummy a qual captura os efeitos fixos de tempo, que são não observáveis, comuns a todas as
economias e associados a cada período. O termo µi captura os efeitos fixos específicos de
cada país, os quais estão presentes na regressão, mas não variam no longo do tempo.
Em todas as especificações utilizamos a Matriz Covariância de White para a
correção da heterocedasticidade (erro padrão).
13
4 DESCRIÇÃO DOS DADOS:
A base de dados utilizada nesta dissertação é constituída de dados anuais, para um
grupo de 41 países selecionados, no período entre 1970 e 2009. Também selecionamos um
subgrupo de 26 países da amostra, composto por países em desenvolvimento, classificados
dessa forma pelo FMI de acordo com o nível de desenvolvimento. As amostras tanto do
grupo, quanto do subgrupo de países estão descritas nos apêndices A e B, respectivamente.
No modelo estimado, a taxa de crescimento da renda per capita é a variável
dependente. O logaritmo da renda per capita defasado em cinco períodos representa a renda
per capita inicial dos países, e é uma variável de controle, em virtude da predominância da
hipótese de convergência condicional2. Utilizamos o logaritmo da renda com mais
defasagens em função do log defasado em apenas um período (t-1) ser potencialmente
endógeno ao crescimento da renda no período imediatamente posterior (t).
Adicionalmente, seguindo a literatura padrão, definimos as variáveis de controle no
grupo Zi,t, que compõem o conjunto de variáveis independentes, também explicativas do
crescimento da renda per capita.
As informações da taxa de crescimento da renda per capita anual dos países foram
calculadas a partir dos valores do PIB per capita, disponíveis na Penn World Table, versão
7.0. Também através dos valores do PIB per capita obtivemos o log da renda per capita dos
países.
2 Como descrito no modelo neoclássico, quanto mais distante estiver a economia de seu estado estacionário, mais rápido será seu crescimento. O denominado efeito de convergência refere-se à distância da economia de seu estado estacionário.
14
4.1 VARIÁVEIS DE CONTROLES: Zi,t
A taxa de inflação, medida pela variação anual no Índice de Preços ao Consumidor
(IPC) no fim do período, foi adicionada ao modelo para capturar os efeitos relacionados à
estabilidade econômica, especialmente a partir da década de noventa, através de reformas
nas políticas econômicas. É uma medida de distorção da política monetária. Os dados de
inflação foram obtidos no World Economic Outlook (WEO), do FMI, edição de abril de
2010. Espera-se que a relação entre inflação e crescimento econômico seja negativa.
Utilizamos também uma variável de política fiscal, a razão entre o consumo do
governo em relação ao PIB. Essa variável, gastos do governo, representa o grau de
intervenção/participação do governo na economia, e foi obtida na PWT, versão 7.0. O
consumo do governo em relação ao PIB pode representar um bom indicador de credibilidade
e estabilidade quanto à permanência dos ajustes fiscais. Por outro lado, o aumento dos
gastos do governo pode impactar no aumento das expectativas de inflação, e contribuiria,
assim, negativamente para o crescimento do produto. Por isso, o efeito dos gastos
governamentais no crescimento da renda pode ter sentido dúbio.
Para mensurar a participação do sistema financeiro na economia, utilizamos da
razão entre crédito e o PIB. O crédito é representado pelo crédito total do sistema financeiro
ao setor privado e ao setor publico. A variável foi obtida do website do Bank of International
Settlements (BIS). Esperamos uma relação positiva entre o crescimento do crédito e o
crescimento do produto.
15
Com vistas a denotar o grau de abertura da economia adicionamos a medida da
razão entre o volume de comércio exterior (ou corrente de comércio, que é a soma das
exportações com as importações) e o PIB. Essa é uma das variáveis representativas do setor
externo, que captura choques externos. Os dados foram verificados na PWT, versão 7.0;
Outra variável inserida no modelo, através da qual é possível controlar para
choques externos, é o índice da taxa de cambio efetiva real. Ela é utilizada também como
proxy dos termos de troca (razão entre os preços dos bens e serviços exportados e
importados). Os dados do câmbio efetivo também foram levantados no website do Bank of
International Seetlements (BIS). Esperamos que quanto maior a taxa de cambio efetiva, ou
seja, quanto mais desvalorizado o cambio, maior o crescimento da renda, via incremento da
receita com exportações.
Para controlar o impacto do capital humano no crescimento econômico inserimos a
variável de escolaridade, obtida em Barro-Lee (2011). Ela indica a média de anos de estudo
da população do país com idade igual ou superior a 15 anos. Esperamos que o crescimento
econômico seja tanto maior quanto mais anos de escolaridade tiver a população.
Em pelo menos uma especificação do modelo, utilizamos a variável taxa de
investimento em relação ao PIB, obtida na PWT versão 7.0, em função dela representar o
impacto das variáveis sobre o crescimento econômico através da elevação da taxa de
crescimento da Produtividade Total dos Fatores (PTF)3.
3 A PTF pode ser definida como a quantidade de produto obtido a partir de um conjunto de unidades ponderadas dos fatores de produção capital e trabalho. Ver Pessôa et alli (2003).
16
Essas variáveis foram usadas no modelo basicamente em razão de serem
amplamente utilizadas na literatura relacionada, como em Veloso et alli (2008). Além disso,
como o objetivo deste trabalho é verificar os determinantes do crescimento brasileiro, elas
capturam aspectos importantes da política econômica praticada no Brasil, a partir da adoção
do Plano Real em 1994, e da estabilização econômica progressivamente consolidada nos
anos posteriores a adoção do Plano.
Na tabela 1 são apresentadas as estatísticas descritivas das variáveis do modelo,
considerando a amostra integral de países.
Média Mediana Máximo Mínimo Desvio Padrão ObservaçõesCRESCIMENTO PIB % 2,369 2,363 18,444 -14,521 4,022 493LOG PIB 4,519 4,429 5,820 2,378 0,826 493INVESTIMENTO/PIB 24,001 22,540 51,930 8,810 7,263 493TAXA DE INFLAÇÃO 27,953 3,226 8999,000 -4,999 407,291 493CONSUMO GOVERNO/PIB 8,192 8,120 16,600 2,859 3,112 493ESCOLARIDADE 8,918 8,725 13,211 3,582 2,100 493CRÉDITO/PIB 93,638 83,781 328,408 -12,623 65,116 493VOLUME COMÉRCIO/PIB 69,791 52,790 443,180 16,220 75,822 493CÂMBIO EFETIVO 103,078 100,001 230,066 58,872 19,536 493
Tabela 1. Estatísticas Descritivas - amostra integral
Dentre as variáveis listadas no modelo, a inflação tem o maior desvio padrão. A
corrente de comércio e o câmbio efetivo real, variáveis que absorvem choques externos,
assim como a relação crédito/PIB, também possuem desvio padrão elevado para o período
da amostra. A diferença entre os valores máximos e mínimos destas variáveis é significativa.
No caso da inflação, podemos associar o elevado desvio padrão, à instabilidade
macroeconômica vivenciada na maior parte dos países da amostra, especialmente no início
da década de 90, e à inércia inerente à instituição de mecanismos monetários de controle
17
inflacionário instituídos por meio dos planos de estabilização. Já no fim dos anos noventa e
nos primeiros anos do século XXI, diversos países passaram a adotar o Regime de Metas
para controlar a inflação.
Para o volume de comércio, uma provável explicação diz respeito ao fato de a
maior parte das economias listadas na amostra instituírem programas de liberalização
comercial também no início dos anos 90, como componente de programas de reforma
econômica. Algumas economias emergentes, por exemplo, passaram por crises de dívida
externa e ajustes em seus balanços de pagamentos, o que em parte pode ser capturado por
esta variável. Por sua vez, a taxa de câmbio, variável que possui alta volatilidade, também
pode capturar os efeitos desses ajustes.
5 RESULTADOS
5.1 ESTIMATIVAS PARA O TOTAL DA AMOSTRA
Na tabela 2 estão descritas as estimativas econométricas obtidas para o período
1996 – 2002.
18
De acordo com a tabela, em quase todas as estimativas e especificações a inflação
possui o sinal negativo, como esperado e é estatisticamente significativa, ao nível de 5%.
Nas especificações que consideram a razão entre investimento e o PIB, predomina a
correlação positiva entre essa variável e o crescimento do produto e ela continua com
significância estatística.
O grau de abertura medido pela corrente de comércio possui correlação negativa
com o crescimento, confrontando a teoria, em que quanto maior o volume de comércio
externo, quanto maior o grau de abertura do país, maior será o crescimento econômico.
Apenas no estimador GMM a correlação é positiva, e o coeficiente é significativo. Da
mesma forma, quanto mais desvalorizado o câmbio, maior o impacto no crescimento, dado
que estimula as exportações. Portanto, o sinal negativo é contrário ao esperado.
1 2 3 4 5 60,092 0,147 4,826* 4,292* -0,663* -0,631*(0,447) (0,376) (5,382) (5,165) (0,057) (0,035)
-0,039* -0,044* -0,065* -0,074* -0,000* -0,000*(0,013) (0,015) (0,017) (0,014) (0,000) (0,000)
0,000 -0,011* -0,009 0,020 0,000* 0,002**(0,002) (0,003) (0,055) (0,051) (0,000) (0,001)
-0,006 -0,009* -0,056* -0,057* -0,001** -0,000*(0,003) (0,004) (0,021) (0,023) (0,805) (0,000)
-0,046 0,021 -0,923 -1,315 0,003 0,015**(0,122) (0,004) (1,136) (1,159) (0,011) (0,010)
0,079 -0,010 -0,149 0,224 -0,050* -0.018*(0,084) (0,063) (0,755) (0,644) (0,007) (0,006)
-0,051* -0,033* -0,066* -0,062* -0,000* -0,001*(0,019) (0,014) (0,026) (0,025) (0,806) (0,000)
- 0,195* - 0,224** - 0,009*- (0,048) - (0,122) - (0,001)
R2 0,082 0,172 0,600 0,608 - -R2 ajustado 0,050 0,139 0,497 0,506 - -Observações 212 212 212 212 210 210* Estatísticamente significativo ao nível de 5%;
** Estatísticamente significativo ao nível de 10%;
OBS: Em parenteses estão representados os valores dos erros padrões;
Tabela 2. Estimativas econométricas - 1996 - 2002Variável dependente: taxa de crescimento (%) PIB per capita
GMM
Investimento/PIB
MQO agrupado Efeito fixo
Log do PIB per capita (renda inicial)
Câmbio Efetivo
Volume de Comércio/PIB
Crédito/PIB
Escolaridade
Consumo do Governo/PIB
Taxa de Inflação
19
O impacto da escolaridade da população só é estatisticamente significante no
estimador GMM com o investimento/PIB, ao nível de 10%. Nas demais equações, a
escolaridade não é estatisticamente significativa. Uma possível explicação, neste caso, é que
o período de sete anos seja relativamente curto para que o efeito da educação no crescimento
seja capturado.
A relação entre o crédito e o PIB apresentou correlação negativa com o crescimento
da renda, também diferentemente do esperado, em todas as estimativas. O consumo do
governo, igualmente com sinal negativo em praticamente todas as estimativas, pode indicar
que neste caso, o aumento dos gastos tem impacto na expectativa de inflação, o que reduz o
crescimento no período.
A tabela 3 contém as estimativas para o intervalo entre 2003 e 2009, também para
amostra integral de países.
20
A renda per capita inicial apresentou sinal negativo, corroborando a existência da
convergência condicional, em que quanto mais distante do estado estacionário estiver o país,
ou quanto menor a renda inicial maior será a taxa de crescimento da renda, do produto.
Assim, para esse período confirma-se a hipótese de convergência condicional. Além disso, a
variável defasada da renda per capita é altamente significativa, e no estimador dinâmico
GMM, o erro padrão diminuiu significativamente.
A taxa de câmbio efetiva também é estatisticamente significativa, mas apenas
quando consideramos MQO sem efeito fixo e o estimador GMM. O sinal positivo indica a
correlação positiva com o crescimento, diferentemente do verificado nas estimativas para o
período anterior, em que os sinais negativos dos valores estimados indicam correlação
1 2 3 4 5 6-1,821* -2,091* -2,019* -2,285* -0,608* -0,677*(0,914) (0,6668) (0,487) (0,642) (0,042) (0,043)
0,049** 0,057** 0,0295 0,039 0,000** 0,000*(0,027) (0,031) (0,020) (0,027) (0,000) (0,000)
0,008* 0,006* 0,009* 0,007* -0,001 -0,001(0,002) (0,002) (0,003) (0,002) (0,000) (0,000)
-0,006 -0,006 -0,005** -0,004 0,001* -0,000*(0,005) (0,005) (0,005) (0,005) (0,000) (0,000)
0,080 0,222 0,152 0,308** 0,005* 0,013**(0,217) (0,179) (0,224) (0,180) (0,005) (0,007)
0,072 -0,005 0,107 0,022 -0,049* -0,046*(0,161) (0,127) (0,675) (0,124) (0,007) (0,007)
0,000* 0,000* 0,000 -0,095 -2,310* -1,430*(0,960) (0,849) (0,744) (0,077) (3,691) (4,420)
- 0,138* - 0,147* - 0,004*- 0,052 - (0,051) - (0,000)
R2 0,192 0,237 0,527 0,575 - -R2 ajustado 0,165 0,207 0,497 0,546 - -Observações 215 215 215 215 215 215* Estatísticamente significativo ao nível de 5%;
** Estatísticamente significativo ao nível de 10%;
OBS: Em parenteses estão representados os valores dos erros padrões;
GMMVariável dependente: taxa de crescimento (%) PIB per capita
Tabela 3. Estimativas econométricas - 2003 - 2009
Investimento/PIB
MQO agrupado Efeito fixo
Log do PIB per capita (renda inicial)
Câmbio Efetivo
Volume de Comércio/PIB
Crédito/PIB
Escolaridade
Consumo do Governo/PIB
Taxa de Inflação
21
negativa entre o câmbio efetivo e o crescimento do PIB. A maior taxa de câmbio, ou seja, a
desvalorização da moeda nacional estimula as vendas ao exterior, já que aumenta a receita
de exportações, aumentando o crescimento da renda. Verificamos que sem efeitos fixos, a
estimativa para a taxa de câmbio efetiva real é maior do que com a presença desses efeitos.
O grau de abertura ao mercado externo também se mostra altamente significante,
nas estimativas de MQO com e sem efeito fixo. Além disso, a correlação positiva com o
crescimento revela-se como esperado. Porém, quando consideramos o estimador GMM,
além da variável perder significância, a correlação torna-se negativa.
A estimativa da participação do sistema financeiro na economia apresentou
correlação negativa com o crescimento da renda, já que o valor estimado da participação
dessa variável no crescimento tem sinal negativo. Também não possui significância
estatística, à exceção de quando estimamos por GMM. Já no período anterior, as estimativas
para o crédito/PIB mostraram estatisticamente significativas em todas as especificações.
A escolaridade da população é significativa apenas quando controlamos para efeito
fixo e investimento/PIB, e também no estimador GMM. Porém, neste caso, o coeficiente
reduz razoavelmente. No entanto, se considerarmos os dois primeiros estimadores, os
valores estimados para a escolaridade da população indicam que esta variável tem
participação maior no incremento da renda. Quando controlamos para efeitos fixos e para a
taxa de investimentos, cada anos a mais de escolaridade da população representa aumento de
aproximadamente 0,31 no crescimento da renda per capita.
O consumo do governo nesse período de estimação apresenta correlação positiva
com a renda em quase todas as especificações, à exceção de quando estimamos por GMM,
22
em que as estimativas do impacto dos gastos do governo no crescimento do produto
aumentam, e passam a correlacionar-se negativamente com tal aumento. Também apenas em
GMM são estatisticamente significativas, e nesse caso, o erro padrão reduz-se
significativamente.
O impacto negativo do aumento dos gastos no crescimento do produto pode ser
parcialmente dedicado ao fato de que a política fiscal expansionista pode acelerar a inflação,
por meio do incremento da demanda agregada, o que pode ser observado, na prática. O
ambiente inflacionário reduz a perspectiva de crescimento do produto.
Diferentemente das estimativas para o intervalo anterior, em que a taxa de inflação
é significativa em todas as estimativas e especificações, a inflação mostrou-se significativa
em MQO, mas com sinal diferente do esperado. Quando controlamos para efeitos fixo e para
a taxa de investimento, predomina a correlação negativa com o crescimento, além do
coeficiente aumentar, mas a variável perde a significância estatística. Apenas quando
consideramos GMM o coeficiente é maior, com significância estatística ao nível de 5% e
com a correlação negativa com o crescimento da renda per capita.
Além disso, também entre 1996 e 2002, os coeficientes da taxa de inflação são
maiores do que os coeficientes estimados para o período 2003-2009, indicando que o
impacto da inflação no crescimento é maior no período anterior.
Finalmente, a taxa de inversões como proporção do PIB também possui correlação
positiva com o crescimento, além de ser altamente significativa. Os coeficientes estimados
indicam que o impacto do aumento na taxa de investimento sobre o crescimento da renda é
de aproximadamente 0,14, um pouco menor do que o estimado no período anterior.
23
Conforme se observa e de acordo com Veloso et alli (2008), quando a variável de
investimento é inserida nas regressões, a magnitude do impacto das variáveis de política
econômica (consumo do governo, inflação e crédito) no crescimento, em geral, é menor e
menos significativa. Tal fato ocorre por que parte do efeito dessas variáveis no crescimento
pode se dá via elevação da taxa de investimento.
Adicionalmente verificamos que através do estimador GMM os coeficientes
também são reduzidos, porém no geral, a correlação com a variável dependente mostra-se de
acordo com a teoria, além das variáveis ganharem significância estatística.
Ainda que não represente uma medida de eficiência do modelo, o R2 ajustado
referente ao período 2003-2009 é próximo ao verificado entre 1996-2002, em especial
quando a estimativa considera efeitos fixos. Na especificação mais ampla, com a variável de
investimento, o indicador é 0,55 em 2003-2009 e 0,51 em 1996-2002.
24
5.2 ESTIMATIVAS PARA OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
Efetuamos as mesmas regressões da amostra total para o subgrupo dos 26 países em
desenvolvimento. A seguir, a tabela 4 contém os resultados dos coeficientes estimados das
variáveis listadas no modelo, para o intervalo 1996-2002.
Identificamos que a renda per capita inicial tem sinal negativo confirmando a
hipótese da convergência condicional apenas no estimador GMM, entretanto possui
significância estatística somente quando controlamos para efeitos fixos.
1 2 3 4 5 60,511 -0,329 56,522* 52,497* -0,794 -0,121
(0,845) (0,961) (8,468) (7,225) (1,083) (0,884)-0,037* -0,059* -0,064* -0,068* -0,002 -0,004(0,017) (0,023) (0,022) (0,023) (0,007) (0,006)-0,015 -0,002 -0,264* -0,245* 0,029 0,007(0,026) (0,015) (0,108) (0,101) (0,127) (0,057)-0,005 -0,023 -0,005 -0,006 0,004 0,005(0,011) (0,019) (0,040) (0,041) (0,011) (0,010)-0,038 0,401** 1,768 1,557 -1,582 -0,135(0,151) (0,264) (1,500) (1,471) (1,566) (4,205)0,202* -0,008 0,573 0,618 -0,292 -0,081(0,093) (0,146) (1,258) (1,282) (1,646) (0,461)-0,048* -0,024 -0,082* -0,072* -0,002 -0,003(0,023) (0,019) (0,030) (0,031) (0,002) (0,081)
- 0,312* - 0,198 - 0,035- (0,111) - (0,207) - (0,081)
R2 0,103 0,221 0,684 0,689 - -R2 ajustado 0,040 0,158 0,572 0,574 - -Observações 108 108 108 108 107 107* Estatísticamente significativo ao nível de 5%;
** Estatísticamente significativo ao nível de 10%;
OBS: Em parenteses estão representados os valores dos erros padrões;
Investimento/PIB
Câmbio Efetivo
Volume de Comércio/PIB
Crédito/PIB
Escolaridade
Consumo do Governo/PIB
Taxa de Inflação
Log do PIB per capita (renda inicial)
Tabela 4. Estimativas econométricas - 1996 - 2002 - Países em DesenvolvimentoVariável dependente: taxa de crescimento (%) PIB per capita
MQO agrupado Efeito fixo GMM
25
No caso da taxa de câmbio, a correlação negativa com o crescimento é diferente do
esperado, mesmo quando estimamos GMM. Apesar disso, o coeficiente do câmbio é
estatisticamente significativo tanto em MQO, quando controlamos para efeitos fixos.
O grau de abertura da economia também possui correlação negativa com o
crescimento da renda nos dois primeiros estimadores, o que não ocorre quando estimamos
por GMM. Neste caso, o coeficiente estimado perde a significância estatística.
O mesmo ocorre com o crédito/PIB: a correlação negativa com o crescimento é
diferente do que esperamos, porém quando estimamos por GMM, além do erro padrão ser
menor, a correlação torna-se positiva.
Nesse intervalo, assim como para observado para o total da amostra, o impacto da
escolaridade da população não é estatisticamente significante, apesar do coeficiente elevado.
Também como ocorreu com a amostra integral no período em questão, o crédito
possui correlação negativa com o crescimento nos estimadores MQO e efeito fixo, mas essa
correlação é positiva em GMM. Quando consideramos o grupo de países com características
semelhantes, os coeficientes dessa variável não possuem significância estatística, assim
como ocorre com consumo do governo, que apresenta correlação positiva com o
crescimento quando controlamos para efeitos fixos, e negativa em GMM.
A inflação é negativamente correlacionada com o crescimento, entretanto possui
significância estatística quando consideramos efeitos fixos. Neste caso, a taxa de
investimento apesar do coeficiente relativamente elevado, não possui significância
estatística.
26
Na tabela 5 estão descritos os resultados das regressões dos países em
desenvolvimento para o período entre 2003 e 2009.
No período entre 2003 e 2009, considerando os estimadores MQO e GMM, o
coeficiente negativo da renda inicial indica que há convergência condicional da renda,
igualmente como ocorreu com as estimativas que consideram a amostra total dos países.
Além disso, a variável é significativa com efeitos fixos, e GMM controlando para a taxa de
investimento.
1 2 3 4 5 6-0,475 -1,323 23,442* 24,170* -0,627 -0,729**(0,909) (0,000) (9,506) (7,491) (0,456) (0,415)0,048 0,060** -0,041** -0,041** -0,005 -0,007
(0,033) (0,036) (0,025) (0,027) (0,005) (0,006)0,11 -0,013 -0,174 -0,215** -0,014 -0,018
(0,024) (0,024) (0,140) (0,138) (0.019) (0,014)0,003 0,000 0,005 0,036 -0,004 -0,004
(0,009) (0,009) (0,038) (0,040) (0,006) (0,007)-0,035 0,178 4,495* 5,211* 0,099 0,072(0,274) (0,314) (1,804) (1,813) (0,301) (0,323)0,204 0,043) -0,291 0,176 0,027 0,022
(0,149) (0,167) (0,886) (0,907) (0,095) (0,110)0,000 0,000 8,000 -2,640 -0,000 -0,000
(0,000) (0,000) (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)- 0,152** - 0,358* - 0,014- (0,094) - (0,162) - (0,022)
R2 0,062 0,103 0,676 0,719 - -R2 ajustado 0,012 0,003 0,565 0,619 - -Observações 111 111 111 111 111 111* Estatísticamente significativo ao nível de 5%;
** Estatísticamente significativo ao nível de 10%;
OBS: Em parenteses estão representados os valores dos erros padrões;
Investimento/PIB
Câmbio Efetivo
Volume de Comércio/PIB
Crédito/PIB
Escolaridade
Consumo do Governo/PIB
Taxa de Inflação
Log do PIB per capita (renda inicial)
Tabela 5. Estimativas econométricas - 2003 2009 - Países em DesenvolvimentoVariável dependente: taxa de crescimento (%) PIB per capita
MQO agrupado Efeito fixo GMM
27
Assim como o coeficiente estimado no período anterior, neste intervalo, o câmbio
efetivo real também se correlaciona negativamente com o crescimento da renda em efeito
fixo e GMM, diferentemente do esperado.
O câmbio efetivo real pode, inclusive, influenciar o grau de abertura da economia,
que para este grupo de países também apresentou correlação negativa com o crescimento,
apesar do coeficiente elevado, mas sem significância estatística.
A relação crédito/PIB, como medida da participação do sistema financeiro na
economia mostrou-se com impacto positivo no crescimento nos dois primeiros estimadores,
diferentemente do observado no período anterior. Os coeficientes também não possuem
significância estatística.
A escolaridade da população é altamente significativa e com coeficiente elevado,
especialmente quando controlamos para efeitos fixos. O coeficiente da escolaridade da
população dos países emergentes aumentou nesse intervalo, comparativamente com o
anterior. Podemos dizer que nesse período, os anos de estudo tiveram maior contribuição
para o crescimento. No entanto, a variável é estatisticamente significativa apenas quando
controlamos para efeitos fixos.
A intervenção do governo na economia tem sinal positivo, mas não possui
significância estatística, como a taxa de inflação. Esta somente correlaciona-se
negativamente com o crescimento quando estimamos por GMM.
A taxa de investimento/PIB é significativa ao nível de 5% quando controlamos para
efeitos fixos, e ao nível de 10% quando estimamos MQO agrupado. Quando usamos o
28
estimador GMM, o coeficiente não é significativo, mas correlaciona-se positivamente com o
crescimento. Considerando o estimador de efeitos fixos, podemos dizer que o aumento de
um ponto percentual na taxa de investimento, impactou no incremento de 0,35 ponto
percentual na renda per capita entre 2003 e 2009, para o grupo de países em
desenvolvimento.
Apesar do R2 ajustado de aproximadamente 0,62 no período 2003 e 2009, e 0,57
entre 1996 e 2002, indicar que as variáveis incluídas no modelo respondem por cerca de
60% do comportamento da renda desse grupo de países, em termos de correlação entre as
variáveis e significância estatística, o resultado é pouco conclusivo.
Como em Veloso et alli (2008), salientamos que embora o objetivo seja mensurar a
contribuição individual de cada variável para o crescimento, é recomendável tanto do ponto
de vista econômico quanto do de significância estatística considerar a contribuição conjunta
das variáveis de politica econômica (inflação, consumo do governo e crédito). O consumo
do governo, por exemplo, pode ter coeficiente maior do que o estimado, na medida em que
pode afetar o crescimento indiretamente por meio da inflação. O mesmo acontece para as
variáveis do setor externo, que são diretamente correlacionadas.
29
6 CONCLUSÃO
Esta dissertação tem como objetivo identificar os determinantes do crescimento
econômico brasileiro entre 2003 e 2009. Para verificá-los, estimamos equações baseadas no
modelo neoclássico de crescimento da renda per capita com dados organizados em painel,
para uma amostra de 41 países, entre o período de 1970 a 2009. Consideramos a taxa de
crescimento da renda per capita como variável dependente e variáveis de controle como taxa
de inflação, relação crédito/PIB, razão consumo do governo/PIB, taxa de câmbio efetiva
real, volume de comércio, escolaridade e investimento/PIB.
Além disso, em virtude de distintos níveis de desenvolvimento dos países, também
estimamos o modelo para um subgrupo de economias denominadas países em
desenvolvimento, de acordo com a classificação do FMI.
O modelo constitui-se de três estimadores, MQO, efeitos fixos, e Método dos
Momentos Generalizados (GMM).
Comparamos as estimativas obtidas no intervalo 2003 – 2009, com aquelas
auferidas entre 1996 e 2002.
Os resultados para a amostra integral demonstram que os principais determinantes
do crescimento da renda per capita entre 2003 e 2009 foram a renda inicial, a escolaridade
da população com idade igual ou superior a 15 anos, e a taxa de investimento em relação ao
PIB. Essas variáveis apresentaram-se significativas estatisticamente, além da correlação
positiva com o crescimento da renda, como esperado.
30
Destacamos que apesar de no geral as variáveis relacionadas ao setor externo, bem
como as associadas à politica econômica explicarem parcela relativamente pequena do
crescimento econômico brasileiro no período, quando consideramos o estimador mais
abrangente, a taxa de câmbio efetiva real mostra significância estatística, assim como a taxa
de inflação e o consumo do governo.
A maior importância relativa do controle inflacionário para o crescimento
econômico entre 2003 e 2009 pode estar relacionada ao êxito do Plano Real, quanto à
promoção da estabilidade macroeconômica. Apesar de instituído na segunda metade da
década de noventa, o modelo estimado indica que provavelmente o impacto da inflação,
como variável de política econômica, no crescimento do produto foi defasado. Essa
conclusão segue o resultado encontrado por Veloso et alli (2008), em relação aos efeitos
defasados das reformas do PAEG no crescimento da economia brasileira entre 1968 e 1973.
Essa é uma evidência de que o efeito de reformas no crescimento econômico pode
estar associado a defasagens significativas, em especial quando essas reformas são
implementadas em períodos de crise econômica, como frequentemente ocorre e a literatura
registra.
Diferentemente do esperado, dado o aumento dos fluxos do comércio internacional,
o maior peso de economias emergentes no comércio, e o ganho de importância de outras
moedas fora do eixo Dólar-Euro, as variáveis do setor externo impactaram pouco no
crescimento econômico. Esperávamos que essas variáveis obtivessem uma participação
maior no crescimento do PIB brasileiro nesse período.
31
Entre 1996 e 2002, a inflação e a taxa de investimento tiveram o maior impacto no
crescimento, e o modelo indica que as variáveis explicam aproximadamente 58% do
comportamento do crescimento da economia brasileira.
Quando avaliamos o modelo que considera apenas os países em desenvolvimento,
os resultados também são pouco conclusivos, em ambos os intervalos de estimação, em
termos de significância estatística e correlação entre as variáveis.
32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Milagre Econômico Brasilero (1968-1973): Uma Análise Empírica” In: Revista Brasileira
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American’s Post-reform growth been disappointing?” In: Journal of International
Economics. Washington, v. 43, p. 287-311, janeiro 1997.
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America: All Pain, No Gain?” In: IMF Staff Papers, v. 48, n. 3, 2001.
HAUSSMAN, Ricardo; PRITCHETT, Lant; RODRICK, Dani (2004). “Growth
Accelerations” In: National Bureau of Economic Research. Massachusetts, junho de 2004
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CESARIO, Bianca (2011). “O Efeito do Setor Financeiro sobre o Crescimento Econômico”
Dissertação de Mestrado. IBMEC/RJ. Rio de Janeiro, Brasil.
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Crescimento Econômico” Dissertação de Mestrado. IBMEC/RJ. Rio de Janeiro, Brasil.
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2011.
WOLD BANK; “World Bank Database”, acesso em setembro de 2011.
PENN WORLD TABLE 7.0, acesso em setembro de 2011.
BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS; “Statistics”, acesso em outubro de
2011.
33
APÊNDICE A:
Países da amostra integral: África do Sul, Angola, Alemanha, Arábia Saudita, Argélia,
Argentina, Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Catar, Cingapura, Chile, China, Colômbia,
Coréia do Sul, Emirados Árabes, Espanha, Estados Unidos, Equador, França, Hong Kong,
Índia, Itália, Irã, Iraque, Japão, Kuait, Líbia, México, Nigéria, Nova Zelândia, Paraguai,
Peru, Portugal, Reino Unido, Rússia, Taiwan, Turquia, Uruguai, e Venezuela.
APÊNDICE B:
Subgrupo da amostra - Países em Desenvolvimento: Argélia, Argentina, África do Sul,
Angola, Arábia Saudita, Bolívia, Brasil, Catar, China, Chile, Colômbia, Emirados Árabes,
Equador, Índia, Irã, Iraque, Kuait, Líbia, México, Nigéria, Paraguai, Peru, Rússia, Turquia,
Uruguai e Venezuela.