Post on 10-Jan-2017
B O A S P R ÁT I C A S N O E N S I N O S U P E R I O RA v e i r o , 2 0 d e M a i o 2 0 1 6
INCLUSÃOGRUPO DE TRABALHO PARA O APOIO A ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR
V SEMINÁRIO GTAEDESV seminário GTAEDES
Inclusão no Ensino Superior: perspetivas dos estudantes com Necessidades Educativas Especiais sobre o Gabinete de apoio
Departamento de Educação e PsicologiaPrograma Doutoral em Educação – Psicologia da Educação
Evelyn Santos, Manuela Gonçalves e Isabel Ramos
“Os esforços para a construção de uma educação inclusiva têm-se centrado na maioria dos países na educação básica. No entanto, o fato do acesso ao Ensino Superior estar cada vez mais possível para mais jovens, o fato da formação universitária ser cada vez mais essencial para obter uma formação profissional e emprego e ainda ao fato das instituições de ensino superior integrarem o ensino público, implica que atualmente se equacione o caráter inclusivo da universidade sobretudo para jovens com condições de deficiência” (Rodrigues, 2004, p. 1).
Pouco tem se documentado sobre a inclusão no ensino superior, fato esse indicado pela insuficiência de reflexões, estudos e estatísticas, dificultando assim a formulação de políticas públicas que contemplem ações para uma educação inclusiva também no ensino superior (Duarte et. al., 2013, p. 290).
“Para que possamos compreender como eles se veem e como pensam a educação que recebem, seja para compreendermos o universo em que estão inseridos, seja para denunciarem a sua condição e as possibilidades (necessidades) de uma educação inclusiva que, para eles, seja realmente significativa” (Nogueira, 2002, p. 4).
POLÍTICAS
NECESSIDADE
INVESTIGAÇÃOAM
PLIAÇÃOVIVÊN
CIASDAR VO
Z
♥ JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO PELA PROBLEMÁTICA
♥ BREVE APORTE TEÓRICO
Estigma da Deficiência
Integração
Inclusão
A inclusão no Ensino superior
Um dos fatores de maior preocupação referente à temática da inclusão no Ensino Superior, é a realidade de uma elevada parte de jovens com Necessidades Educativas Especiais (NEE) que acabam por desistir quando atingem este nível de escolarização. Esse fator deve-se muitas vezes aos ambientes académicos pouco estimuladores ou excessivamente exigentes e excludentes, dentre outros. Algumas iniciativas são percebidas, porém são isoladas e insuficientes no sentido de proporcionar apoio (Pacheco & Costas, 2005).
Portes e Carvalho (referidos por Ferreira, 2007, p. 45) salientam que a atenção à trajetória escolar dos estudantes é parte fundamental no processo e esse compõe-se do acesso, ingresso, permanência e saída, tendo em conta o caminho percorrido por cada um desses atores sociais bem como o significado que esses atribuem ao longo do seu percurso
♥ BREVE APORTE TEÓRICO
Fatores essenciais referentes às necessidades
percebidas no processo de inclusão no Ensino Superior
na opinião dos autores:
1- Políticas Educacionais: a necessidade do suporte e
do resguarde;
2- Informação;
3- Suporte para o Ingresso ao Ensino Superior;
4- Órgão de apoio na Universidade;
5- Acessibilidade: barreiras estruturais e
culturais/atitudinais;
6- Capacitação de docentes e funcionários.
Apesar da distinção, todos eles fundem-se, sendo
perceptível a necessidade do suporte das políticas
educacionais do começo ao fim.
“Ninguém que aposte seriamente na integração das pessoas com deficiência porá em causa a importância das possibilidades de acesso destas ao ensino superior. Por conseguinte, a acessibilidade das pessoas com deficiência ao ensino superior não é um “luxo” mas um dever da sociedade respeitando a igualdade de direitos para todos os cidadãos” (Myriam Van, referida por Abreu, 2013, p. V).
♥ BREVE APORTE TEÓRICO
Por que estes estudantes com NEE estão aqui e tantos outros não?
Conhecer quais são os fatores percebidos como ‘impeditivos’ ou
promotores para o ingresso e permanência de estudantes com
NEE no ensino superior?
Aferir quais os motivos que os levaram a ingressar no Ensino
Superior e na UA, bem como dar continuidade a esse percurso;
♥ PERGUNTA DE PARTIDA
♥ OBJETIVOS
11 estudantes com NEE
Ambos os géneros
Idades entre 21 a 40 anos
Universidade de Aveiro
Licenciatura, mestrado e
doutoramento
Diferentes ciclos e cursos
♥ PARTICIPANTES Critérios para a composição
do grupo de participantes:
♥ diversidade de ciclos e
anos letivos do percurso
acadêmico;
♥ diversificação de
departamentos e de
cursos;
♥ diferentes Necessidades
Educativas Especiais;
♥ número equilibrado de
estudantes com o
mesmo gênero;
♥ RECOLHA E ANÁLISE DOS DADOS
Recolha de dados: Foi feita através de uma entrevista semiestruturada subdividida em quatro dimensões: i.
caracterização pessoal e sociodemográfica, ii. percurso pré-
universitário, iii. acesso à universidade, iv. permanência.
As entrevistas foram gravadas e tiveram duração média de 1 hora.
Análise dos dados: Foi realizada a partir da teoria de análise de conteúdo de Bardin (2006), suportada pelo software de apoio à análise qualitativa WebQDA.
Natureza Qualitativa
Paradigma Interpretativo
Não havendo legislação ao nível nacional no âmbito do apoio aos estudantes com NEE, a UA foi construindo procedimentos caso a caso.
-identificação no ato da matrícula (sinalizados);
-comprovativo com relatório médico;
-explicitam os recursos que entendem como necessários;
-comunicação com os docentes;
Estruturas de apoio aos estudantes: Gabinete Pedagógico
♥ Intercâmbio com o Ensino Secundário;♥ Ingresso – acolhimento;♥ Organização para a Acessibilidade no campus;♥ Ações de voluntariado;♥ Adaptação nas avaliações;♥ Projetos Sociais;
♥ APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Candidatura: concurso nacional ao ensino superior - DGES
♥ Contingente Especial (Candidatos portadores de deficiência física
ou sensorial) *
♥ Garantia de 2% das vagas (em geral)♥ Classificação mínima e número de vagas são determinadas pela instituição (podendo haver pré-requisitos);
Motivos do número (ainda) reduzido de estudantes com NEE no ensino superior: Receio dos estudantes (13), falta de informação (10), questões financeiras (9), falta de apoio da família (8) foram os mais referidos.“é o receio da rejeição, do medo de não conseguir, de achar que é demasiado difícil, difícil em termos de se adaptar, de acharem que se calhar não conseguem, que é complicado, que é… Acho que é mais isso, o desconhecimento, o medo e o receio” (AA).
Maior incentivo para o ingresso no Ensino superior: Família (9) e própria vontade (7).
Escolha da Universidade: Ser inclusiva (8), excelência acadêmica (8) dentre os motivos relatados pelos estudantes.
No ano letivo de 2012/2013 37.415
estudantes ingressaram no
Ensino Superior em Portugal.
547 concorreram com o contingente especial, somente
127 foram colocados.
♥ APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS - Acesso
Apoios específicos na UA: Gabinete pedagógico (21 unidades de texto), voluntários, psicóloga, LUA, biblioteca.“a Dra G. ela é responsável pelo gabinete pedagógico aqui da Universidade, funciona ali na reitoria, e tem, para mim pessoalmente, tem me ajudado muito a todos os níveis, a todos os níveis mesmo, ela tem sido extraordinária...” (AM)
Principais apoios para a permanência na UA: Família (9), gabinete pedagógico (8) e professores (8).
Acessibilidade cultural/atitudinal: Professores (57 referências), Colegas (52) e funcionários (18), “eu sou um exemplo vivo que grande parte dos meus professores foram sensíveis, são sensíveis e se eu precisar de alguma coisa, eles ajudam-me...” (AS).
♥ APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS - Permanência
Acessibilidade física/estrutural (34) . Os estudantes afirmam que a Universidade de Aveiro apresenta Acessibilidade física/estrutural satisfatória, conforme relatam IG, “a nível de acessos físicos, acho que está muito bem, está bem organizada. Não há assim nenhum local inacessível. Há sempre acesso à todos os departamentos, tem sempre uma rampa, depois tem elevadores acessíveis...”.
Sendo referenciada como importante na vida social académica, a praxe foi citada 7 vezes como importante apoio durante o percurso universitário. RP descreve: “Na praxe foi brutal, gostei um bocado, nesse momento faço parte da comissão de praxe” e MM relembra “Mesmo a nível das praxes, sempre tiveram muito respeito”. Ainda relacionado à prática importante da praxe, os estudantes referem a praxe como inclusiva, além de integrativa.
As avaliações dos estudantes são adaptadas conforme as necessidades apresentadas pelos estudantes. Foram relatadas 10 unidades de texto referindo que são feitas as adaptações, e essas podem ser percebidas nas práticas de maior tempo para a realização (6) auxílio na transcrição das avaliações (2) e a permissão do uso do computador (2) “eu vou utilizar o meu computador, a Dra fica ao pé de mim, vê o que eu escrevo, o que eu faço no computador, depois imprimimos e mandamos pros professores e os professores também concordaram” relata AS.
♥ APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS - Permanência
Significado de ser um estudante universitário: Maior autonomia (14), Estudos como prioridade (14), sonhar em ter uma vida diferente (6) e realização de um sonho (5).“tenho uma outra mentalidade e agora olham pra mim com o direito de ser pessoa, que não acontecia no secundário e era muito chato e também de, sei lá, daquela autonomia de estar fora de casa, de tratar das minhas coisinhas...” (MM)
A UA pode ser considerada uma universidade inclusiva? Com 15 referências positivas e nenhuma negativa, os estudantes a consideram uma universidade inclusiva.“apesar de todos os problemas que existem, são muito menores que a parte boa que a universidade tem. E pra além de ser uma cidade bastante inclusiva e as pessoas são muito afáveis, essa universidade também atende muito bem os alunos…” (AA).
♥ APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS – Significados
O ensino superior é de certa forma feito para os estudantes e portanto, também por eles. Assim sendo, torna-se fundamental que esses, a partir de suas vivências, possam convidar a comunidade acadêmica a refletir sobre a inclusão.
Através deste trabalho percebemos que a universidade tem dedicado sua atenção cada vez mais a essa problemática e tem criado individualmente (em suma pelo gabinete pedagógico), as suas próprias ‘estratégias’, já que não é amparada por qualquer suporte político quer seja local ou nacional.
Conclui-se portanto que o intuito dessas reflexões apresentadas não é propriamente o de apontar o que está bem ou os aspectos que necessitam de mudanças e tão somente, mas dar a conhecer as condições que a universidade apresenta para que os estudantes possam apropriar-se do que lhes é oferecido.Apresentando também a realidade da inclusão no ensino superior como algo acessível a todos, a fim de que se perceba os grandes desafios, mas que sim, existe inclusão.
♥ CONSIDERAÇÕES FINAIS
“São os passos que fazem o caminho”
Mário Quintana
Tuna e Grupo de dança inclusivo da UA. Fonte: Site da UA
“...pela capacidade não só de pensar o futuro no presente, mas também de organizar o presente de maneira que permita atuar sobre esse futuro” (Furter, 1970, p. 7).
Obrigada! evelynsantos@ua.pt
Referências Bibliográficas
Santos, E. M. F. (2014). Ingresso e permanência de estudantes com NEE no ensino superior: um estudo qualitativo. Dissertação de mestrado não publicada. Universidade de Aveiro, Aveiro.
Rodrigues, D. (2004). A Inclusão na Universidade: limites e possibilidades da construção de uma universidade Inclusiva. Revista do Centro de Educação. (23).
Tavares, J. et al. (2008). Docência e Aprendizagem no Ensino Superior. In: Investigar em Educação. Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. (3),15-55.