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VOLUME14
DICIONÁRIOBIOGRÁFICO
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%enciclopédia
abril
Abel (Niels Henrik)Matemático norueguês (ilha de Finnoy, 1802 — FrÒland, 1829). Em 1821, ingressou na Universidade de Oslo, graças à ajuda financeira de professores. Após dois anos publicou seus primeiros trabalhos. Em contato com matemáticos dinamarqueses, conseguiu demonstrar a impossibilidade de resolver equações acima do quarto grau por processos elementares de álgebra. Entre 1825 e 1826 recebeu uma bolsa do governo e foi para Paris e Berlim, onde travou conhecimento com a nova orientação matemática de Gauss e Gauchy. Sob essa influência, escreveu um trabalho sobre as séries binomiais que se tornou um clássico da teoria das funções, no qual aparece o teorema que recebeu seu nome. Em 1828 foi designado “instrutor” na Universidade de Oslo e na Escola de Engenharia da mesma cidade. Recebeu postumamente (1830) o Grand Prix da Academia Francesa. Sua obra completa só viria a ser publicada em 1882.
Abelardo (Pedro)V. Abelardo, Enciclopédia Abril (vol. I).
Abreu (Casimiro José Marques de)
Poeta brasileiro (Freguesia da Sacra Família da Barra de São João, atual Vila Ca- pivari. RJ, 1839 — Indaiaçu RJ, 1860). Era filho natural de um comerciante português e de uma fazendeira. Recebeu suas primeiras letras em Cabo Frio, continuando os estudos em Friburgo. Em 1852, contudo, seu pai tirou-o do colégio (antes de concluído o curso) e levou o para trabalhar em sua casa comercial. No ano seguinte, enviado a Portugal, Casimiro começou sua atividade literária: em 1854 publicava “Canções do Exílio” . Tinna dezesseis anos quando viu suas pri
meiras colaborações impressas na “Ilustração Luso-Bra- sileira”, ao lado das de Alexandre Herculano, Latino Coelho e outros. Em 1856, Lisboa assistiu a seu drama “Camões e o Jau”; publicou, na mesma' época, em periódicos portugueses, “Ca- rolina” (romance) e “Camila” (memórias). Voltou ao Brasil em. 1857, somando ao trabalho no armazém paterno a vida boêmia. Dois anos após, foi putílicado seu livro “As Primaveras”, quase todo escrito em Portugal. Quando soube que estava tuberculoso, retirou-se para uma fazenda, em Indaiaçu, tentando em vão recuperar- se. Espontâneo e ingênuo, teve por temas centrais a casa paterna, a saudade da pátria e o amor. É o patrono da cadeira número 6 da Academia Brasileira de Letras.
Abreu (João Capistrano Honório de)
Historiador brasileiro (Ma- ranguape, CE, 1853 — Rio de Janeiro, GB, 1927). Realizou seus primeiros estudos na cidade natal, em Fortaleza e no Recife. Mas não concluiu nenhum curso: preferiu estudar sozinho a submeter-se à disciplina escolar. Aos 22 anos transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde, depois de trabalhar em lojas, escolas e jornais, empregou-se ria Biblioteca Nacional. Em 1883, sua tese “O Descobrimento do Brasil e seu Desenvolvimento no Século XVI” valeu-lhe a cátedra de corografia e história do Brasil no Colégio Dom Pedro II. Em 1907 publicou “Capítulos da História Colonial”, obra que o tornou uma autoridade em historiografia do Brasil. Responsável por edições críticas de trabalhos de Varnha- gen e Frei Vicente do Salvador, é considerado o patrono do ensino de História do Brasil . Escreveu também “Ensaios e Estudos” (publicado em 1875) e “Caminhos. Antigos e o Povoamento do Brasil”, publicado no “Jornal .do Comércio” em 1899.
Abreu (Manuel Dias de)
Médico brasileiro (São Paulo, SP, 1894 — Rio de Janeiro, GB, 1962). Com a tese “Influência do Clima na Civilização”, doutorou-se, em 1914, pela Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. Foi, a seguir, estudar em Paris, onde tornou-se diretor de uma clínica de radiologia. Publicou várias obras técnicas, uma das quais (“Radiodiagnóstico na Tuberculose Ple’uropulmonar”, 1921) é tida como a primeira interpretação radiológica das lesões pulmonares. Descobriu e formulou métodos de exame e diversos aparelhos de grande valor para a medicina, como o meroscópio, a homografia vibratória, a to- mografia subcutânea, a qui- miografia e princípios e métodos de radiogeometria. Sua maior contribuição à saúde pública, contudo, foi a fotografia do “écran” fluoroscó- pio (que se tornou conhecida como abreugrafia), um dos mais eficientes meios de detecção da tuberculose. Manuel de Abreu escreveu também várias obras poéticas, destacando-se “Meditações”, “Poemas sem Realidade” e “A Luta Contra o Universo”.
Adams (John)
Estadista americano (Quincy, Massachusetts, 1735 — id., 1826). Seu pai, um rico fazendeiro, desejava que o filho seguisse carreira religiosa. Mas John acabou se tornando um advogado rebelde (formou-se em H arvard): protestou contra as leis fiscais que o govêrno inglês pretendia impor às colônias (1765). Representante de seu Estado no Congresso Continental (1774), foi um dos signatários da Declaração de Independência (1776). Após uma viagem a Amsterdam (que visava a interessar capitalistas holandeses na causa das colônias americanas), tornou-se embaixador em Londres. Vice- presidente dos Estados Unidos por duas vezes consecutivas (eleito em 1789 e reeleito em 1792), foi o segundo presidente do país (1797/1801, em sucessão a Washington). Por meio de uma política de conciliação, evitou uma guerra contra a França. Dissidências internas em seu partido,' impediram sua reeleição. Foi substituído pelo republicano Thomas Jefferson.
Adams (John Couch)
Astrônomo inglês (Laneast, Cornualha, 1819 — Londres, 1892). Ainda estudante (do St. John’s College, em Cambridge), propôs a teoria que o notabilizou: as irregulari-
dades observadas no movimento de Urano seriam provocadas pela existência de outro planèta, até então desconhecido. Mais tarde, conseguiu provar sua hipótese e, conseqüentemente, a existência dêsse “novo” planêta (Netuno). Nessa descoberta, porém, Adams foi precedido por seu colega francês Le- verrier. Adams exerceu vários cargos importantes, como os de presidente da Sociedade Astronômica Real e diretor do Observatório de Cambridge. Realizou também significativos estudos sobre magnetismo terrestre. Escreveu “Explicação das Irregularidades Observadas nos Movimentos de Urano” e “Sôbre a Variação Secular do Movimento da Lua” (1853).
Addison (Joseph)
Ensaísta, poeta e jornalista inglês (Milston, Wiltshire, 1672 — Kensington, 1719). Estudou no Queen’s College, de Oxford. Sua primeira obra a encontrar repercussão foi “The Campaign” (“A Campanha”), poema publicado em 1704 em homenagem ao duque de Marlborough (cuja vitória na batalha de Blenheim fôra decisiva na guerra de sucessão espanhola). Protegido pelo partido liberal (“whig”), Addison obteve uma pensão para “aperfeiçoar-se no serviço do rei”, e viajou durante quatro anos por diversos países da Europa. Ao regressar, tornou- se subsecretário de Estado, deputado e secretário do vice-rei da Irlanda. Com a queda do Ministério “whig”, em 1710, êle afastou-se da política e passou a trabalhar na editoria do “The Tatler” (“O Tagarela”). Publicou logo após (1711/14) outro jornal, “The Spectator” (“O Espectador”), precioso documento sôbre a vida inglêsa da época. Addison obteve também grande sucesso no teatro, com sua tragédia “Catão” (1713). Seus ataques contra a paz de Utrecht fizeram com que reconquistasse a proteção dos “whigs”. Ocupou em 1717 o cargo de secretário de Estado.
Adenauer (Konrad)
Político alemão (Colônia,1876 — Rhõndorf, 1967). Formou-se em direito e economia política. Foi o presidente da Câmara de Colônia, de 1917 a 1933, quando os nazistas o destituíram.
Em 1945, a convite dos norte-americanos, reassumiu o pôsto, sendo porém dispensado pelos inglêses, sob a alegação de ineficiência. Dedicou-se a seguir à fundação do partido democrata- cristão, tornando-se seu presidente, em 1946, na área britânica. A partir de 1949, já eleito presidente do conjunto do partido, ocupou-se com a integração da Alemanha na Europa ocidental. Após a proclamação da República Federal (1949), foi eleito chanceler. Apoiou o plano Schumann, que criava a comunidade européia do Carvão e do Aço (1951). No ano seguinte, assinou tratados que suprimiam os estatutos de ocupação e previam a entrada da Alemanha no sistema militar europeu. Foi um dos mais ativos sustentáculos da Comunidade Econômica Européia, da OTAN e da aliança da Alemanha Federal com a França. Em 1961 foi reeleito para a chancelaria, mas por oposi- ções do partido, demitiu-se.
Adler (Alfred)
Psiquiatra austríaco (Viena, 1870 — Aberdeen, 1937). Filho de judeus húngaros. Formou-se em medicina, psicologia e filosofia pela Universidade de Viena (1895). Praticou clínica geral antes de dedicar-se à psicanálise. Publicou em 1898 sua primeira obra, na qual expôs o princípio de que os sêres humanos não podem ser considerados isoladamente, mas sim em relação a seu meio ambiente global. Quatro anos depois, analisou, num ensaio, o livro de Sigmund Freud sôbre a interpretação dos sonhos. Freud convidou-o, então, a trabalhar com êle. Adler aceitou, mas exigiu que nenhum dêles impusesse seu ponto de vista. (Essa discordância prevista por Adler terminaria realmente por fazer com que o trabalho conjunto durasse pouco.)
Logo após regressar do serviço militar prestado durante a Primeira Guerra Mundial, Adler passou a preocupar-se com a orientação da criança como método preventivo na psicologia médica. Com o apoio do govêrno austríaco, abriu centros de orientação infantil em escolas de Viena, Berlim e Munique. Entrevistas públicas de orientação familiar, seguidas de discussões, disseminaram seus métodos e suas teorias, sobretudo entre., educadores. Realizou inúmeras conferências na Europa e nos Estados Unidos, para onde viajou em 1926. Foi professor visitante na Universidade de Colúm- bia. A série de conferências (“Para Conhecer a Natureza Humana”) realizada nessa época e recolhida por um de seus alunos é considerada sua obra fundamental. Ao pansexualismo freudiano, opôs sua teoria da vontade individual de ser e de poder. Em 1932, leciohou no Long Island College of Medicine. Desde 1930, vinha-se esforçando por divulgar sua doutrina de “interêsse social” diante do totalitarismo europeu, e em 1934 viu todos os centros de orientação que fundara na Áustria e na Alemanha fechados pelo nazismo. Quando morreu, ministrava um curso de psicopa- tologia na Escócia. Deixou também “Prática e Teoria da Psicologia Individual” (1920) e “Problemas da Neurose” (1929).
Adorno (Antonio Dias)
Bandeirante brasileiro, neto de Caramuru (Bahia, ? — id., 1583). Em 1574 o governador geral Luís de Brito encarregou-o de comandar uma expedição pelo sertão baiano, em busca da lendária serra de Sabarabuçu e das minas de esmeralda que teriam sido encontradas por Sebastião Fernandes Touri- nho. Levando consigo 150 portuguêses, quatrocentos índios e escravos e dois jesuítas, embrenhou-se até o Sertão das Esmeraldas, em território mineiro, onde descobriu turmalinas. - Sua bandeira regressou dividida em duas partes: a comandada por Antônio Dias Adorno seguiu pelo interior até a Bahia, e a outra alcançou o rriar pelo rio Belmonte descendo pelo vale do Jequeti- nhonha. Adorno trouxe índios, amostras de pedras preciosas e notícias d a . existência de ouro.
Abel, Niels Henrik Adorno, Antônio Dias
Adorno (Theodor Wiessengrund)
Filósofo e músico alemão (Frankfurt, 1903 — Suíça, 1969). Graduou-se em filosofia em Frankfurt, onde conheceu Walter Benjamin, Max Horkheimer, Herbert Marcuse e Siegfried Kra- cauer, com os quais passou a integrar a chamada “Escola de Frankfurt”, agrupada em torno do Instituto de Pesquisas Sociais e da publicação “Arquivo para a História do Socialismo e do Movimento Operário”. Em Viena, estudou composição com Alban Berg. Habilitou- se ao magistério com uma tese sobre Kierkegaard. Em 1933, quando da ascensão do nazismo, exilou-se na Inglaterra, lecionando em Oxford até 1937. Transferiu-se então para os Estados Unidos, onde participou da Radio Research Project, em Princeton, e de uma pesquisa, hoje clássica, sobre autoritarismo. Voltou em 1950 à Alemanha, onde, com Horkheimer, reconstituiu o Instituto de Frankfurt, importante centro de estudos filosóficos e sociológicos. Adorno é tido como um dos intelectuais marxistas mais importantes de seu tempo. Suas obras sobre estética, sociologia da arte e análise da , sociedade de consumo influíram no movimento cultural e estudantil da Europa do fim da década de 1960.
Adriano ou Hadriano (Publius Aelius Hadrianus)
Imperador romano (Itálica, Bética, 76 — Baias, 138). Filho adotivo e sucessor de Trajano, durante seu governo teve de enfrentar o problema dos bárbaros nas fronteiras. Decidiu-se então por uma política de paz, abandonando o projeto de con
quista além do Eufrates. Construiu o “muro de Adriano” para defender o império de invasões bárbaras. Consolidou o poder central e procurou solucionar a crise econômica. Consciente dos perigos representados pela instabilidade da sucessão imperial, designou ele mesmo seu sucessor: Antônio. Seu reinado foi perturbado por diversas revoltas locais, principalmente a dos judeus, ocorrida após a fundação da colônia Aelia Ca- pitolano, construída por volta de 130 sobre as ruínas de Jerusalém (que fora arrasada em 70). Pensador, poeta e artista, Adriano mandou construir obras arquitetônicas como o Templo de Zeus, em Atenas, e o mausoléu Imperial, em Roma (atual Castelo de Santo Ângelo).
Adriano IPapa (Roma, 721 — id., 795). Filho de nobres romanos, tornou-se papa em 772 e reagiu contra os escândalos do papado anterior. Cortou relações com Desidério, rei dos lombardos, e pediu ajuda a Carlos Magno, que em 774 expulsou Desidério e assumiu ele próprio a Coroa lom- barda. Adriano conseguiu ainda de Carlos Magno as concessões territoriais que deram ao Estado papal seus contornos finais. Em 787 o concílio de Nice decretou a restauração do culto das imagens, que foi confirmado pór Adriano mas repudiado pela Igreja franca. O incidente levou a uma longa correspondência teológica entre Adriano e Carlos Magno, não conseguindo o papa fazer com que o imperador aceitasse a condenação dos iconoclastas (destruidores de imagens).
Adriano VI (Adriano Boeyens)
Papa (Utrecht, 1459 — Roma, 1523). Teólogo de renome, duas vezes reitor da Universidade de Louvain, suas qualidades indicaram-no para tutor do futuro rei da Espanha, Carlos V. Adriano procurou dar ao jovem príncipe a formação espiritual indicada pelo movimento “Devoção Moderna”, cuja principal característica era a busca da simplicidade interior. Posteriormente foi ministro de Carlos V, que lhe assegurou a sucessão na diocese de Tortosa e, em 1516, nomeou-o inquisidor geral de Aragão. Como regente, reprimiu as revoltas dos “co- muneros” contra Carlos V (1520/21). Ordenado cardeal em 1517, em 1522 foi eleito papa. Sob seu papado agravou-se o conflito com a Reforma. Vendo-se às voltas com as primeiras manifestações do protestantismo na Alemanha, não conseguiu, de imediato, avaliar toda a gravidade da situação. Na dieta de Níiremberg (1522), seu ponto de vista foi de que toda a desordem da Igreja provinha da própria cúria, onde, portanto, deveria ser iniciada a reforma. Exigiu que Lutero fosse excomungado por heresia.
Aécio
General romano (Durosto- rum, 390 — Roma, 454). Um dos últimos sustentáculos do Império Romano contra os bárbaros, sob o reinado de Valentiniano III, conteve invasões de francos, visigodos e burgúndios. Em 451, Átila, acompanhado de 70 000 guerreiros, invadiu a Germâ- nia e a Gália, trucidando populações e esmagando os que se lhe opunham. Aécio tentou uma última resistência; tendo vivido entre os hunos, conhecia sua forma de combate. Obteve o auxílio de Teodorico, rei dos visigodos, e conseguiu a aliança dos burgúndios, francos, saxões e armoricanos. Na batalha dos Campos Ca- talúnicos, entre Troyes e Cahâlons, Átila sofreu sua primeira derrota e, em 453, com sua morte, o império huno entrou em decomposição. Aécio poderia ter levado adiante a tarefa de reorganização do Império Romano do Ocidente, mas Valentiniano III, invejoso de sua popularidade, matou-o com as próprias mãos. Sua morte, junto a outras implicações, marca o início da decadência de Roma.
Afonso Henriques de Borgonha
Primeiro rei de Portugal (Guimarães, 1106 ou 1110 — Coimbra, 1185). Filho do conde Dom Henrique e de Dona Teresa. Com a morte de Dom Henrique, o governo do Condado Portucalense (um feudo de Castela) passou para Dona Teresa. Esta envolveu-se em lutas com a irmã, Dona Urraca, e sofreu a oposição dos fidalgc^ portugueses por sua ligação com Fernando Perez, um nobre da Galícia. Instigado por esses opositores, Dom Afonso rebelou-se contra a mãe, derrotando-a na batalha de São Mamede (1128). Após ter conseguido que Portugal se libertasse de Castela, lançou-se contra os mouros, que expulsou em 1139 (batalha de Ourique). Depois disso, proclamou-se rei de Portugal. Como Afonso VII de Castela não lhe reconhecesse o título, prosseguiu a guerra. Tomou Lisboa e Santarém em 1147 e, a seguir, a Estremadura, a Galícia e Eivas. Em sua última batalha, em Badajoz, foi aprisionado por Fernando II, que o obrigou a devolver as terras conquistadas da Galícia (1169). Regressando a Lisboa, Afonso passou a organizar a administração de Portugal. Após o reconhecimento de seu título pelo Papa Alexandre III as cortes libertaram Portugal da suserania de Castela. Com Afonso Henriques começa a dinastia de Borgonha, conhecida por Afonsina, que durou 244 anos.
Afonso II, o Gordo
Terceiro rei de Portugal (Coimbra, 1185 — id., 1223), neto de Afonso I. Procurou fortalecer o poder real, enfraquecido pelos privilégios concedidos aos grandes senhores. Conseguiu assegurar alguns de seus direi
tos, como o de nomeação dos alcaides dos castelos e a propriedade real das terras sem rendimento. Quando tentou reduzir os poderes do clero, através do conirôle do governo sobre doações à Igreja, enfrentou a oposição da Santa Sé (sendo finalmente excomungado pelo papa). No início do governo de Dom Afonso reuniram-se em Portugal as primeiras cortes de que se têm notícias certas (1211). Nelas estavam representados apenas o clero e a nobreza; a representação popular direta somente aparecerá mais tarde, no tempo de Dom Afonso III. Dom Afonso II conseguiu manter a paz na península, combatendo os mouros; durante seu reinado foi tomada aos mouros a cidade de Alcácer do Sal.
Afonso III, o Bolonhês
Quinto rei de Portugal (Coimbra, 1210 — Lisboa, 1279).- Filho de Afonso II, sucedeu seu irmão SanchoII, deposto por intervenção do papa e dos senhores feudais. rEm seu reinado resta- beleçeram-se as fronteiras definitivas de Portugal, pelo reconhecimento, por Castela, da reconquista do Algarve. Preocupou-se com a organização interna do reino e solidificou o poder real, diminuindo os privilégios dos senhores civis e eclesiásticos, a quem hostilizou, chegando a despertar a inimizade do papa, que o excomungou. Convocou as cortes de Leiria (1254), onde pela primeira vez estiveram os representantes do povo. Foi responsável por importantes medidas adotadas no campo da economia; protegeu a agricultura, desenvolveu a industria e o comércio. Exerceu ação diplomática em relação a Castela, evitando dificuldades com o reino vizinho. Afonso III foi o consolidador da independência do antigo Condado Portucalense (1249).
Afonso IV, o Bravo
Sétimo rei de Portugal (Lisboa, 1290 — id., 1357). Distinguiu-se pela contribuição dada por Portugal à libertação da península Ibérica, novamente invadida pelos mouros. Em Castela, a nobreza encontrava-se dividida por causa da sucessão; uma das facções pediu ajuda a Portugal e Aragão. As lutas entre os príncipes cristãos permitiram que o chefe de Magrib atacasse Tarifa e preparasse o que seria a última tentativa muçulmana de invasão da península Ibérica. Os mouros destruíram a frota castelhana; uma frota portuguesa foi enviada para lutar contra eles e Afonso IV juntou-se às forças de Castela em Sevilha. Em 1340, as forças de Castela e Portugal ericontraram- se com o exército de Magrib e Granada, conseguindo estrondosa vitória (Batalha do Salado). Durante o reinado de Dom Afonso IV deu- se o episódio do assassinato de Inês de Castro. Devido a intrigas da corte, Dom Afonso achou que a ligação de seu filho Dom Pedro com Inês de Castro poderia vir a ser prejudicial ao futuro do reino, por tornar possível um reforço da influência castelhana. Autorizou então o assassinato de Inês de Castro. Morto seu pai, Dom Pedro vingou-se dos assassinos de sua amante, proclamou ter sido dáísado com ela e deu-lhe pomposo funeral.
Afonso V, o Africano
Décimo segundo rei de Portugal (Sintra, 1432 — id., 1481). Filho de Dom D uarte, sucedeu-o com apenas seis anos de idade. Embora o testamento real determinasse que a regência seria en-
Adorno, Theodor Wiessengrund — Afonso Y, o Africano
tregue à viúva Dona Leonor, as cortes determinaram que o regente seria Dom Pedro, cunhado de Dona Leonor. Esta retiTou-se para a Espanha, onde continuou a proclamar .seus direitos à regência. Provocou, assim, uma guerra civil. Na regência de Dom Pedro, exploradores portugueses realizaram avan: ços ao longo da costa africana. Em 1438, Dom Afonso V subiu ao poder: Pouco depois, promulgou as “Ordenações Afonsinas”, legislação composta de cinco livros. Desentendeu-se com Dom Pedro, dando origem à batalha da Alfarrobeira (1449), na qual estè faleceu. Em 1455 casou-se com a filha de Henrique IV* rei de Castela. Em 1471 conquistou Tânger. No governo de Dom Afonso houve grandes avanços nas conquistas portuguesas, em decorrência de vários descobrimentos: Açores, Guiné, Sãp Tomé, Ano Bom, Fernando Pó e Ilha de Príncipe.
Agamênon
Herói homérico, rei de Ar- gos e Micenas (teria vivido no século X ll a .C ). Quando o usurpador Egisto matou Atreu (pai de Agamênon) e apoderou-se de Micenas, ele e seu irmão Menelau refugiaram-se em Esparta, junto ao tirano Tíndaro, cujas filhas, Clitemnestra e Helena, desposaram. De seu casamento com Clitemnestra, Agamênon teve três filhas (Ifigênia, Electra e Crisóstemis) e um filho (Orestes). Algum tempo depois os irmãos reconquistaram Micenas, de cujo reinado encarregou-se Agamênon, enquanto Menelau e Helena herdavam a tirania de Esparta. Quando Páris, filho do Rei Príamo de Tróia, raptou Helena, Agamênon e Menelau estimularam vários outros príncipes a desenca
dear uma expedição punitiva contra a cidade do raptor. Quando seguia para Tróia, o navio de Agamênon ficou retido pela calmaria — ele havia ofendido a deusa Ar- temis, que agora se viAgava. Mas Agamênon apaziguou-a sacrificando sua filha Ifigênia. Sua disputa com o herói Aquiles (de quem havia tomado a escrava Briseida) constitui um dos aspectos importantes da “Ilíada” de Homero. De regresso a sua casa, Agamênon levou como escrava uma sacerdotisa de Apoio, Cassandra. Mas Clitemnestra matou-a e combinou com Egisto (de quem se tornara amante durante a ausência de Agamênon) o assassínio do rei. Êsse crime foi depois vingado por Orestes, que matou sua mãe e Egisto.
Agassiz (Jean Louis Rodolphe)
Naturalista americano de origem suíça (Motiers, 1807— Cambridge, Massachu- setts, 1873). Doutorou-se em filosofia (1829) e medicina (1830), estudando em Zurique, Heidelberg e Munique. Dedicou-se ao estudo dos peixes, tornando-se a maior autoridade em ictio- lofeia, sendo por isso convidado pelo botânico Von Martius para colaborar na classificação das espécies colhidas numa expedição feita ao Brasil. Agassiz encarregou-se da parte ictiológica, e em 1827, quando Von M artius faleceu, substituiu-o. Depois de formado, em Paris manteve contatos com os naturalistas Humboldt e Cuvier. Em 1831 foi professor em Neuchâtel e logo depois ganhou um prêmio da Sociedade Geológica de Londres, pela publicação de “Pesquisas sobre os Peixes Fósseis” (cinco volumes, publicados entre 1833 e 1844). Em 1839 escreveu “História dos Peixes de Água Doce da Europa Central” e, no ano seguinte, interessou-se pelo estudo das geleiras dos Alpes, publicando “Sistema Glacial”; Foi para a América (1846), fixando-se nos Estados Unidos, expondo teorias sobre o “Plano da Criação” ; com isso obteve grande evidência e em 1848 foi apontado para a cadeira de zoologia e geologia da Universidade de Harvard. Fundou um museu de zoologia comparada e realizou expedições de natureza científica em vários pontos dos EUA (la
go Superior, costas leste e oeste — 1871/72). Fez também uma expedição ao Brasil (1865/6), tornando-se sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Incessante trabalho, distinção após distinção marcam a vida deste homem, que faleceu deixando ainda incompleta a compilação de “Contribuições à História Natural dos Estados Unidos”.
Agostinho (Santo)
V. Patrística, Enciclopédia Abril (vol. IX).
Agricola, Georgius (Georg Bauer, dito)
Cientista alemão (Glauchau, 1494 — Chemitz, 1555). Estudou filosofia e teologia em Leipzig, e medicina em diversas universidades alemãs e italianas. Dedicou os dois anos que passou em Veneza à química. Estabeleceu-se em 1526 na cidade mineira de Joachimsthal. Embora tenha contribuído para a medicina, matemática, teologia e história, seus estudos mais importantes são sobre mineralogia e mineração. Vivendo na então principal zona de mineração da Europa, tornou-se o primeiro escritor nesse campo a basear-se diretamente na observação e não em especulações. Exerceu influência direta sobre seus contemporâneos e sucessores no desenvolvimento da ciência geológica. O mais conhecido de seus livros sobre geologia é “De Re Me- tallica”, publicado postumamente, em 1556. Nele, Georgius Agricola trata de técnicas de mineração e fusão. Em seu “De Natura Fossi- lium” (1546), apresentou uma nova classificação de minerais, baseada em suas propriedades físicas, e descreveu muitos minerais novos, principalmente minérios metálicos. É considerado “o pai da mineralogia”.
Alain-Fournier (Henri Alban Fournier, dito)
Romancista francês (La Chapelle-d’Angillon, 1886 — Bois de St. Remy, 1914). Estudou no Liceu Lakanal, onde ficou amigo de Jacques Rivière, de quem viria a ser cunhada. Após ter tentado, sem sucesso, carreira no magistério, colaborou em diver-
sos jornais. Em 1913 publicou sua obra-prima: “Le Grand Meaulnes” (“O Grande Meaulnes”). Mobilizado durante a guerra, morreu numa emboscada, durante a primeira batalha do Marne. Não chegou a conhecer o sucesso de seu romance. Neste, a intriga bastante complicada tem um sentido fantástico e simbólico: há um ponto de felicidade que, uma vez atingido, não se repetirá jamais. São numerosas as obras da literatura francesa contemporânea que se utilizaram da atmosfera de sonho e evocação de “Le Grand Meaulnes”. Em 1922 foram publicados fragmentos de um segundo romance de Alain-Fournier, “Colombe Blanchet” ; em 1924, “Miracles” (“Milagres”), e, em 1944, “La Femme Empoisonnée” (“A Mulher Envenenada”). A atmosfera poética de seus livros está presente na correspondência com Jacques Rivière, que foi publicada postumamente em dois volumes.
Alarcon y Ariza (Pedro Antonio de)
Romancista espanhol (Gua- dix, 1833 — Valdemoro, 1891). Estudou leis e teologia no Seminário de Gua- dix, mas não completou os cursos. Foi viver em Madri, onde dirigiu o jornal “El Latigo”, anticlerical e anti- monarquista. A princípio de idéias liberais, Alarcon y Ariza tornou-se em pouco tempo um conservador entusiasta. Foi nessa posição que participou da guerra da África (1859/60), onde escreveu “Diario de um Testi- go de la Guerra de Africa”(1860). Uma viagem pela Itália inspirou-lhe o livro “De Madri a Nápoles”. Em 1874 passou de representante junto às cortes a conselheiro de Estado. Nessa época, defendia a restauração de Dom
Afonso XI. Abandonando depois a vida política, dedi- cou-se exclusivamente à literatura. De seu “El Sombrero de Tres Picos” (“O Tricórnio”), De Falia adaptou o argumento de um bailado. Dentre suas mais conhecidas novelas destacam-se “El Final de Norm a” (1855), “El Escândalo” (1875) e “El Nino de la Bola” (1880).
Alarico I
Rei visigodo (Peuce, delta do Danúbio, 370 — Cosenza 410). Era um dos chefes godos auxiliares do imperador romano Teodósio. Com a morte deste (em 395), aproveitou-se da fraqueza do império para- arrasar a Tíácia, Macedônia, Tessália e Ilíria. Impôs um resgate a Atenas e pilhou o Peloponeso, mas foi repelido por Estilicão. O Imperador Arcádio, procurando apaziguá-lo, n o m eou-o governador da Ilíria. Alarico voltou-se então para o Império do Ocidente, e invadiu o norte da Itália (402). Derrotado por Estilicão em Palência e Verona, retirou- se para a Ilíria e concluiu um tratado com Honório, que lhe prometeu 4 000 libras de ouro. Como a promessa não foi cumprida, Alarico invadiu novamente a Itália, tomando Roma (410): durante seis dias, deixou a capital do império livre ao saque, mas proibiu seus soldados de violentarem as mulheres e destruírem os edifícios religiosos. Antes de morrer, ainda tentou conquistar a Sicília.
Alarico II
Oitavo rei dos visigodos (?- Vouillé, perto de Poitiers, 507). Filho e sucessor de Eurico, reinou sobre grande parte da Espanha e toda a Gália, ao sul do rio Loire, até o Reno. Apesar de pertencer à seita dos arianos, autorizou os católicos a realizarem em 506 o concílio de Agde. Grande administrador, deixou para seus súditos romanos o “Breviarium Alari- cianum”, ou “Breviário de Alarico” (506), extraído em grande parte de leis e decretos imperiais romanos. Embora seu pai houvesse feito um tratado de paz com Clóvis, este, sob o pretexto de combater o arianismo, realizou uma guerra contra Alarico II. Na batalha de Vouillé, os visigodos foram
derrotados e seu rei morto pelo próprio Clóvis. Essa vitória estendeu a dominação franca até os Pireneus.
Albéniz (Isaac Manuel Francisco)
Compositor espanhol (Cam- prodón, 1860 — Cambo-les- Bains, 1909). Realizou seus primeiros estudos com uma irmã. Aos quatro anos exibiu-se num recital de piano, como menino-prodígio, no Teatro Romea de Barcelona. Dois anos depois foi estudar sob a orientação de Mar- montel, em Paris, mas não conseguiu matricular-se no Conservatório devido à idade. Em 1873 fugiu da casa dos pais e viajou por vários países da Europa, dirigindo- se depois à América do Sul e Estados Unidos (1875/76). E em toda parte encantou o público com seu extraordinário virtuosismo. De volta à Europa, estudou durante algum tempo no Conservatório de Bruxelas e, em Budapeste, com Franz Liszt. Suas primeiras composições significativas foram a ópera “Pepita Jiménez” (1896) e a rapsódia sinfônica “Catalo- nia” (1899). Antes disso, porém, havia escrito pequenas peças para piano (cerca de 250, entre 1880/92), algumas das quais, e destacadamente o “Tango em Ré” , ganharam vasta popularidade. Viveu durante dois anos em Londres (1892/93), indo, a seguir, para Paris, onde se fixaria até falecer. De 1906 a 1909, compôs a série para piano intitulada “Iberia”, onde, por intermédio de doze “cenas” (reunidas em quatro volumes), representa diferentes regiões da Espanha, em especial a Andaluzia. Foi o fundador do nacionalismo musical espanhol.
Agamênon — Albéniz, Isaac Manuel Francisco
Alberti (Leon Battista)
Arquiteto, esteta e literato romano (Gênova, 1404 — Roma, 1472). Estudou humanidades em Pádua, e direito em Veneza e Bolonha. Transferiu-se depois para Roma, onde trabalhou para os papas Eugênio IV, Nicolau V e Pio II, em atividades artísticas ligadas à arquitetura. Formulou em vários escritos (em italiano e latim) novos conceitos sobre a arte, exaltando o papel do artis.ta. Escreveu também, na época, uma gramática completa da língua italiana (talvez a primeira). Em seu “Tratado da Pintura” (1436), divulgou os princípios da perspectiva linear de Brunelleschi (que determinariam a técnica renascentista). Sua obra “Delia Famiglia”, em quatro volu^ mes, é tida como sua principal produção literária. “De Re Aedificatoria” (1452) aborda problemas específicos da construção civil, apresentando a arquitetura como um organismo vivo, cuja beleza provém do perfeito adaptar- se a sua função. Para atingir a proporção harmônica entre as partes de um edifício, Alberti utilizava também técnicas matemáticas. O Palácio de Rucellai e a Igreja de Santa Maria Novella, em Florença, e a fachada de São Francisco, em Rimini, são algumas de suas obras. Alberti pode ser considerado um representante do “homem universal” da Renascença.
Alberto Magno (Santo)
Filósofo alemão (Suábia, 1193/1206 — Colônia. 1280). Pertenceu à ordem dos dominicanos, e estudou em Pá
dua e Bolonha. Leciorçou teologia em vários conventos da Alemanha (1228/40). Em 1240 tornou-se bacharel da Universidade de Paris, onde também lecionou como doutor de teologia, de 1245 a 1248 (nessa época, Tomás de Aquino foi seu discípulo e assistente). Em 1248 foi mandado a Colônia para organizar um novo curso de estudos para sua ordem. Consagrado bispo de Ratisbona (1260), administrou a diocese por dois anos, após o que voltou a escrever e lecionar, Suas principais obras, escritas em latim, são: “Manual sobre as Criaturas” (1240/ 43); “Comentário sobre os Quatro Livros de Sentenças de Lombardo” ; “Manual de Teologia” (1245/54); e vários comentários da Bíblia.
Albinoni (Tommaso)
Compositor italiano (Veneza, 1671 — id., 1750). Filho de um comerciante abastado, não precisou trabalhar para viver. Aluno de Legrenzi, foi contemporâneo de músicos da escola veneziana como Vivaldi e Corelli. Albinoni foi um dos mais'im portantes renovadores da música instrumental do século XVIII. Sua obra serviu de fonte de estudos para Johann Sébastian Bach, que utilizou temas da sua autoria para o desenvolvimento de duas fugas. Compôs inúmeras “Sinfonias” , “Concerti a 5” (datados de 1707), concertos para um e dois oboés, para violino, etc. Escreveu também pequenas peças vocais e quase cinqüenta óperas, hoje apenas conhecidas por uns poucos fragmentos.
Albuquerque (Antônio Francisco de Paula e
Holanda Cavalcanti de, visconde de)
Político brasileiro (Pernambuco. 1797 — Rio de Janeiro, 1863). Entrou p^ra a escola militar aos dez anos e, em 1827, foi promovido a tenente-coronel. Serviu em Moçambique e em Macau, onde foi ajudante de ordens do governador. De volta ao Brasil, ligou-se em Pernambuco às tropas governamentais que combatiam os rebeldes da Confederação do Equador. Mais tarde foi partidário da secessão e chegou
a pedir o apoio da França para a empresa de separar a região norte do Brasil, a partir da Bahia. Elegeu-se deputado por Pernambuco nas legislaturas de 1826 a 1838. Desse ano até 1863 esteve no Senado. Foi três vezes ministro da Fazenda (1830,1832 e 1846), ministro da Guerra, do Império e da Marinha, e conselheiro de Estado (1850). Candidato a regente durante a minorida- de de Dom Pedro II, perdeu para Feijó (1835) e para Araújo Lima (1838). Escreveu “Princípios de Desenho Linear” (compêndio didático, 1829) e lutou pela causa da liberdade de imprensa.
Albuquerque (Matias de)
■m
Militar e administrador brasileiro (Olinda, PE, 1590 — Lisboa, 1647). A partir de 1620, governou Pernambuco em lugar de seu irmão D uarte de Albuquerque Coelho, quarto (e último) donatário da capitania. Coube a M atias, também, enfrentar os holandeses que invadiram a Bahia (1624) e seqüestraram seu, governador, Diogo Furtado de Mendonça, a quem ele substituíra. Em 1625, como ainda não conseguisse expulsar os invasores, foi buscar reforços em Portugal. Voltou comandando três caravelas, e, assim, venceu os holandeses em Pernambuco (1630). Retomou Porto Calvo e fez com que enforcassem o traidor Calabar. Em 1635, intrigas na corte lusa acabaram por levá-lo ao cárcere. Libertado cinco anos depois, foi nomeado comandante-de-armas do Alentejo. Em 1645 recebeu o título de marquês de Alegrete, por ter vencido em combate ao barão de Mol- lingen. Em 1646, foi derro- t?.do em Telena e abandonou o serviço do rei.
Alcântara Machado d’01iveira (Antônio
Castilho de)Escritor brasileiro (São Paulo, SP, 1901 — Rio de Janeiro, GB, 1935). Iniciou-se na atividade literária como jornalista, crítico de teatro e posteriormente diretor interino da sucursal paulista do “Jornal do Comércio1’ e efetivo do “Diário da Noite” carioca. Exerceu papel de destaque no movimento modernista, dirigindo a “Revista de Antropofagia” e outras ligadas a essa corrente. Cronista e contista, dedicou-se também à pesquisa histórica em “Anchieta na Capitania de São Vicente” (1929). Seus livros “Brás, Bexiga e Barra Funda”(1927) e “Laranja da China”(1928) representam um marco no romance urbano brasileiro. Retratou a nova sociedade surgida em São Paulo com a imigração italiana, situando as mudanças de costumes, as reações psicológicas e as modificações na maneira de falar. Escreveu ainda “Pathé-Baby” (crônicas de viagem, 1926); “ Mana Maria” (romance inacabado, 1936); e “Cavaquinho e Saxofone” (1940).
Alcebíades
Militar e político ateniense (Atenas, 450 a.C. — Melissa, Frigia, 404 a.C.). Órfão, foi educado por Péricles, seu padrinho. Cresceu entre os dirigentes da democracia ateniense e pertenceu ao círculo de Sócrates, tornando-se personagem de alguns dos “Diálogos” de Platão. Entrou para a vida política após haver se distinguido na campanha de Potidéa (432 a.C.). Em 415 a C. instigou e comandou uma desastrosa expedição à Sicília. Derrotado, desertou, refugiando-se em Esparta. Obrigado a deixar essa cidade, ofereceu seus
serviços a Tisafernes, sátra- pa persa. Tendo derrotado a frota espartana em Abidos (411) e Cisicus (410), além de ter ̂ recobrado Chalcedon e Bizâncio (408), conseguiu o apoio do partido democrático e reiornou a Atenas, onde foi nomeado comandante das unidades terrestres e marítimas de guerra (estratego). Restabeleceu a partir de então (407), através de uma série de conquistas, a supremacia ateniense no mar Egeu. Destituído do cargo em 406 a.C. (devido a uma derrota de seu lugar- tenente Antíoco), exilou-se primeiro na Trácia e depois na Frigia (Ásia central), onde o sátrapa Farnabases mandou assassiná-lo.
Alceu
Poeta grego (Mitileno de Lesbos, c. 630 a.C.). Envolvido em lutas políticas, utilizou seu talento de escritor polêmico a favor do partido aristocrático, contra os tiranos gregos Melancro, Mirsi- la e Pítaco. Seus poemas políticos formam a parte mais importante de sua obra. Exilado por causa de seus versos satíricos, lutou contra o ditador Pítaco, de Mitileno, e viajou pela Trácia e Egito; foi depois anistiado, podendo então voltar a Lesbos, onde faleceu idoso, tendo sido rival (e talvez amante) de Safo. Autor de hinos, canções de beber e de amor, foi um dos iniciadores do lirismo grego. Admirado pela qualidade de seus versos, téve seu estilo freqüentemente imitado pelo poeta Horá- cio. Alceu foi o inventor do verso alcaico, encontrado depois nas línguas modernas, em Tennyson e na poesia lírica erudita da Alemanha.
Alcoforado, Sóror Mariana
Religiosa portuguesa (Beja, Alentejo, 1640 — id., 1723). Tendo ingressado na vida religiosa aos vinte anos de idade, iria tornar-se conhecida como autora de cipco cartas de amor, publicadas no início de 1669 pela livraria Barbier, em tradução para o francês. Conhecidas como “Cartas Portuguesas” elas alcançaram grande sucesso, atestado pelas rápidas reedições. Tais cartas de amor teriam sido escritas pela religiosa ao Capitão Noél Bou- ton, depois marquês de Cha- miily, oficial francês que comandava um regimento próximo a Beja <1663/67).
Existem algumas contradições entre o texto das cartas, que é de excepcional qualidade, e aquilo que se sabe de sua autora. Daí supor-se que, a partir das verdadeiras cartas recebidas por Chamilly, o tradutor, conde de Guilleranges, tenha inventado e composto o texto primitivo, cujos originais desapareceram.
Alcott (Louisa May)
Escritora e educadora norte-americana (Germantown, perto de Filadélfia, 1832 — Boston, Massachusetts, 1888). Filha de intelectuais pobres, foi obrigada a trabalhar desde jovem, mas encontrava tempo para a literatura, es- drevendo poemas, peças e contos. Cresceu na companhia de Emerson e Thoreau. Em 1860 seus trabalhos começam a ser publicados pela revista “Atlantic Monthly”. Visitou a Europa em 1865; de volta aos Estados Unidos, tornou-se editora da revista infantil “Merry’s Museum”(1867). Sua novela “Little Women” (1869), baseada na vida de sua família, trouxe- lhe grande sucesso como autora de livros infantis. Escreveu também “Hospital Sketches” (1863); “An Old Fashioned Girl” (1870); “Jo’s Boy” (1886); e outros.
Alcuino
Monge erudito inglês (York, 732/735? — Tours, 804). Em latim seu nome era Al- binus Flaccus, e, em anglo- saxão, Ealwhine. Estudou na escola da abadia de York, onde passou a lecionar em 766, tornando-se chefe-de-es- cola em 778. Encarregado pelo arcebispo de York de uma missão junto ao papa, foi apresentado em Parma a Carlos Magno (781). No ano seguinte, começou a ensinar latim, boas maneiras e poli-
Alberti, Leon Battista — Alcuino
tica na corte imperial. Logo, assumiu, entre outros cargos, o de chefe-de-escola do palácio imperial de Aachen (Aix-la-Chapelle), sede da corte de Carlos Magno. Contando entre seus alunos grandes prelados, conselheiros, além do próprio imperador, seu filho e parentes, foi um dos responsáveis pela renascença carolíngia. Con- comitantemente com o ensino da gramática e das artes liberais, Alcuíno exerceu importante papel religioso, intervindo para que cessassem as violências contra os sa- xões e lutando contra as heresias de Félix d ’Urgel. “De Animae Ratione” salienta-se entre sua vasta obra. Por volta de 796, retirou-se para a abadia de Saint-Martin de Tours, onde se dedicou a reunir uma importante biblioteca.
Alder (Kurt)Químico alemão (Konigs- hütte, 1902 — Colônia, 1958). Estudou química em Berlim e Kiel, formando-se em 1926. Professor em Kiel, trabalhou em laboratórios de pesquisa industrial em Leverkusen. Em 1940 tornou-se professor e diretor do Instituto de Química da Universidade de Colônia. Recebeu, juntamente com Otto Diels, o prêmio Nobel de química (1950) pela síntese do alcadieno. Diels e Alder publicaram seu primeiro trabalho sobre a reação de al- cadienos com quinonas em 1928. Edições similares já haviam sido registradas, mas os dois cientistas apresentaram a primeira prova experimental da natureza da reação e demonstraram sua grande variedade de compostos cíclicos.
Aleijadinho
V. Aleijadinho, Enciclopédia Abril (vol. I).
Alemán (Mateo)
Escritor espanhol (Sevilha, 1547 — México, c. 1614 ou 1617), formou-se em artes e medicina pela Universidade de Sevilha, tendo estudado ainda em Salamanca* e Alcalá. Trabalhou na Corte de Contas de Madrid. Em 1599 publicou a primeira parte da novela picaresca “Guzmán de Alfarache”, que seria sua obra-prima, traduzida para o francês, inglês e latim. Após o sucesso, um certo Mateo Luján de Saavedra publicou uma continuação dessa obra. Ale
mán replicou com a “Segunda Parte da Vida de Guzmán de Alfarache, Observador da Vida Humana” . Em 1608 emigrou com sua família para a capital do México, onde supõe-se que tenha adquirido uma impressora. Publicou então uma “Ortografia Castelhana” (1609), com sugestões para uma reforma ortográfica. Escreveu ainda “Acontecimentos da Vida do Irmão Garcia Guerra, Arcebispo do México”.
Alencar (José Martíniano de)
Romancista, teatrólogo, c rítico e político brasileiro (Mecejana, CE, 1829 — Rio de Janeiro, GB, 1877). Filho do político liberal e ex- padre José Martiniano de Alencar e de sua prima Ana Josefina de Alencar, transfe- riu-se para a corte, com a família, aos nove anos. No Rio, freqüentou o Colégio de Instrução Elementar e, em1843, mudou-se para São Paulo, onde. aos dezessete anos, ingressou na Faculdade de Direito. Colega de Álvares de Azevedo e de Bernardo Guimarães, publicou a revista “Ensaios Literários”. Bacharel em 1851, regressou ao Rio, onde passou a advogar e a exercer atividades jornalísticas . (“Ao Correr da Pena”, crônicas para o “Correio Mercantil”). Em 1855, começou a publicar os folhetins “Cinco Minutos” e “A Viuvinha” no “Diário do Rio de Janeiro”, do qual era redator-chefe e gerente. Em 1857 escreveu “O Guarani”, seu primeiro grande sucesso literário. Mais tarde abandonaria o jornalismo para chefiar a Secretaria do Ministério da Justiça (1868/70), sendo nomeado conselheiro da Consultoria. Ensinou, nessa ocasião, direito mercantil, e lançou-se à política. Já eleito deputado, publicou, sob pseudônimo, “As Cartas Po
líticas a Erasmo” (1865/67). Na política, era partidário de um governo forte e da abolição “gradativa” da escravatura. Em 1868 foi nomeado ministro da Justiça. Após o êxito de “O Guarani”, surgiram outras obras que o consagraram: “Lu- cíola” (1862); “As Minas de Prata” (1862); “Diva” (1864); e “Iracema” (1865). No teatro deixou, entre outras peças, “Verso e Reverso” ; “Demônio Familiar” ; “As Asas de um Anjo” ; “A Flor Agreste” ; “Expiação” ; “O Jesuíta” ; e “Mãe”. Nos últimos anos de sua vida, desiludido com a política, dedicou-se exclusivamente à literatura, publicando uma série de romances com o pseudônimo de Sênio: “A Pata da Gazela” (1870); “O Gaúcho’5 (1870); “O Tronco do Ipê” (1871); “Sonhos de Ouro” (1872); “Alfarrábios” (1872); “Til” (1872); “A Guerra dos Mascates” (1873); “Ubirajara” (1874); “Senhora” (1875); e “O Sertanejo” (1875). Atacado de tuberculose, foi tratar-se na Europa, mas já não havia cura. Voltou ao Brasil, onde m orreu aos 48 anos. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras, como patrono da cadeira número 23.
Alexandre I Pavlovitch
Imperador da Rússia (São Petersburgo. 1777 — Taganrog, 1825). Inclinado à ideologia liberal, realizou algumas reformas nesse sentido. Derrotado por Napoleão, assinou o tratado de Tilsitt, pelo qual reconhecia a Europa napoleônica. A adesão ao bloqueio continental tornou-se prejudicial à Rússia, que tinha na Inglaterra sua principal importadora de trigo e matéria-prima. Por isso, Alexandre I reatou relações comerciais com a Inglaterra, passando a apoiá-
la. Após a derrota de Na- poleão, tentou um restabelecimento do antigo equilíbrio europeu. No fim da vida, imbuiu-se de idéias místicas, tornando-se mais autoritário. Estava disposto a abdicar, mas morreu antes.
Alexandre II Nikholaievitch
Imperador da Rússia (Moscou, 1818 — São Petersbur- go, 1881). Filho e sucessor de Nicolau I, herdou também a posição crítica em que a Rússia se encontrava, face à Guerra da Criméia. Derrotado, compreendeu que o desastre militar se devia em parte às arcaicas estruturas de seu país. Empreendeu então reformas audaciosas: emancipou os servos, reformou o sistema judiciário (abolindo os tribunais de casta), incentivou o ensino e construiu numerosas ferrovias. A insurreição polonesa (1863-64) e a tentativa de assassinato do czar (1866) puseram fim à orientação liberal do governo: a censura foi restabelecida, o ensino foi submetido a controle rigoroso, círculos intelectuais foram dispersados. A partir de 1865, Alexandre II promoveu a expansão territorial do império russo na Ásia central, ocupando sucessivamente Tashkent, Samarkan- da, Khiva e Bukhara. Derrotou a Turquia em 1877/78, obtendo o tratado de Santo Estêvão. Após haver escapado de vários atentados, morreu atingido por uma bomba.
Alexandre III Alexandrovitch
Imperador da Rússia (São Petersburgo, 1845 — Liva- dia, 1894). Filho de Alexandre II, procurou a restauração da autocracia: mandou executar os assassinos de
seu pai e cercou-se de pessoas de tendências absolutistas como Pobiedonostsev e D. Tolstoi. Instituiu a censura prévia, desencorajou o ensino superior e submeteu as escolas primárias ao controle da Igreja Ortodoxa. Na Finlândia, na Polônia e no Cáucaso, desenvolveu uma política de russificação sistemática. Essas medidas não impediram que surgissem na política russa o movimento revolucionário e o marxismo. Economicamente, a Rússia entrou na fase do capitalismo industrial, sob seu governo.
Alexandre III (Orlando Bandinelli)
Papa (Siena,? — Civita Cas- tellana, 1181). Professor de direito canônico em Bolonha, cardeal em 1150 e chanceler da Igreja, foi muito influente durante o pontificado de seu antecessor, Adriano IV. Eleito papa, teve de enfrentar a oposição do imperador alemão Frederico 1 Barbarroxa, que nomeou três antipapas: VítorIV, Pascoal III e CalistoIII. Mas, após a derrota de Barbarroxa em Legnano (1176), Alexandre III impôs a paz de Veneza (1179). Para assegurar a liberdade da Igreja, o papa reuniu em Roma o III Concílio de La- trão, que reformou o processo de eleição papal. Enfrentou também Henrique da Inglaterra. Protetor da cultura, fundou universidades. Deu seu nome à cidade piemontesa de Alexandria.
Alexandre VI (Rodrigo Lanzol y Borgia)
Papa (Jativa, perto de Valência, 1431 — Roma, 1503). Calisto I'II, seu tio e pai adotivo, nomeou-o cardeal aos 24 anos. Nessa época, Rodrigo amasiou-se com Va- nozza de Catanei, que lhe deu quatro filhos: César, João, Lucrécia e Godofredo. Foi chanceler da Igreja du
rante os pontificados de PioII, Paulo II e Sisto IV. Eleito papa, tomou o título de Alexandre VI e praticou um nepotismo declarado: seu filho César foi nomeado bispo de Valência aos dezessete anos e cardeal no ano seguinte; João recebeu o ducado de Benevento, propriedade papal. (Lucrécia, instrumento das manobras políticas do pai, casou-se com Giovanni Sforza e depois com Afonso D ’Este). Durante seu pontificado — que foi sobretudo político —, Alexandre VI combateu Carlos V III da França, escreveu a bula que determinou as fronteiras de Tordesilhas e excomungou Girolamo Savonarola.
Alexandre VII (Fabio Chigi)
Papa (Siena, 1599 — Roma, 1667). Inquisidor em Malta e núncio em Colônia, adquiriu fama de habilidade diplomática. Participou como núncio papal das negociações do tratado de Vestfália, que punha fim à Guerra dos Trinta Anos. Cardeal em 1652, foi eleito papa após a morte de Inocêncio X, combatendo sistematicamente o jansenismo. No plano político, teve um sério conflito com Luís XIV, da França, após um insulto da guarda corsa ao embaixador francês em Roma. Luís XIV ocupou o Condado Venezia- no, Avinhão, ameaçando invadir os Estados pontifícios Alexandre VII terminou por assinar com ele o humilhante tratado de Pisa (1664). Protetor das artes, mandou construir a colunata da Praça São Pedro.
Alexandre III, o Grande
Rei da Macedonia (Pella, Macedonia, 356 a.C. — Babilônia, 323 a.C.). Filho de Filipe da Macedonia, teve Aristóteles como preceptor. Desde cedo seu pai ligou-o às responsabilidades do go-
Alder, Kurt — Alexandre III, o Grande
vêrncK. aos dezesseis anos, Alexandre governou o país enquanto Filipe lutava contra a cidade de Bizâncio, na Trácia. Em 336 a.C. subiu ao trono, tendo logo de sufocar uma rebelião na Grécia. Outra revolta grega levou-o a arrasar Tebas (Atenas só foi poupada por ter se submetido). Pacificada a Grécia, Alexandre voltou-se à conquista da Ásia. Derrotou os persas em 334 a.C., abalando profundamente o mundo egeu: enquanto as cidades gregas da Ásia Menor abriam-lhe suas portas, Alexandre vencia a resistência de Mileto e de Halicarnasso, ocupando toda a costa da Ásia Mènor. No Egito conquistado, fundou a cidade de Alexandria. Após a vitória de Gaugamela (331), e com a fuga de Dario III, o império persa enfraqueceu-se, e Alexandre aproveitou a situação para tomar Babilônia, Susa e Ecbátana, e incendiar Persépolis. Prosseguindo, atravessou a cordilheira do Indo-Kush (327 a.C.) e desceu pelo vale do rio Indo, onde combateu os reis locais. Suas conquistas só cessaram porque seu exército recusou-se a prosseguir. Morreu aos 33 anos, de febre, quando preparava uma expedição à Arábia.
Alexandre (Marco Aurélio Severo)
Imperador romano (Fenícia, c. 208 — Maurence, 235). Foi adotado e nomeado césar por seu primo Helioga- balo, a quem sucedeu aos treze anos de idade. Ainda que pagão, demonstrou simpatia pela moral dos judeus e dos cristãos. Após os golpes militares que sucederam à morte de Sétimo Severo, os conselheiros do jovem imperador tentaram estabelecer um regime civil estável, entregando ao Senado a direção dos assuntos do império. Lutou então contra a Pérsia, onde acabava de se estabelecer a dinastia independente dos Sassânidas. Após difícil campanha, conseguiu derrotar Ardachir I, em 232. Em 234, o imperador teve de ir ao Reno, onde os germanos ameaçavam as fronteiras. Procurou negociar a paz com o inimigo, mas não teve sucesso, pois as legiões indignadas revolta-
%ram-se. Severo Alexandre e sua mãe foram massacrados em sua tenda e Júlio Máximo foi proclamado imperador pelos revoltosos.
Alfieri (Vittorio, conde de)
Poeta e dramaturgo italiano (Asti, 1749 — Florença, 1803). Filho de uma família aristocrata piemontesa, abandonou os estudos aos dezessete anos para viajar pela Europa. Em 1776 foi à Tos- cana para familiarizar-se com os hábitos e a língua da região. Desejando romper com os Vínculos que o ligavam ao Piemonte, doou todos seus bens à irma (1778). Retornou a seu país convencido da necessidade de transformar a Itália numa verdadeira nação. Escreveu então dezessete tragédias {“Saul”, “Antígona”, “M aria Stuart”, etc.), apelos à liberdade, à ação contra os tiranos e ao patriotismo. Amante da condessa de Al- bany, viveu com ela em Paris na época da Revolução Francesa. Durante o terrorismo jacobino, fugiu para Florença. Apesar de ser contrário ao absolutismo, desiludiu-se com os excessos da Revolução Francesa, escrevendo em 1798 a sátira “II Misogallo” (“O Anti-francês”), violento panfleto contra o jacobinismo. Após sua morte, em Florença, a condessa mandou o escultor Ca- nova construir um magnífico sepulcro na Igreja de Santa Croce. Alfieri escreveu ainda “Delia Tirannide” (1777) e “Vita” (1790/1803).
Alfonso X, o Sábio
Rei de Castela e de Leão (Toledo, 1221 — Sevilha, 1284). Herdou o trono de seus pais, Fernando III e Dona Beatriz de Suábia. Foi grande incentivador das atividades culturais, principalmente literárias. Escreveu 430 poemas em galego, dedicados a relatar milagres de Nossa Senhora (“Las Cantigas de Santa M aria”). Autor também de obras jurídicas como “Las Partidas”, código editado provavelmente em Sevilha, no qual procurou
uma sistematização do direito. Seu valor jurídico é grande: trata-se da única obra no gênero então existente na Europa. Seu “Los Libros dei Saber de Astronomia” é mais importante pelo valor literário do que científico; as “Tablas Alfonsíes”, referem-se aos eclipses e suas datas. A obra fundamental de Alfonso X é a inacabada “Crônica Geral”, iniciada em 1272 e admirada tanto por sua concepção histórica quanto por seu valor literário!
Almagro (Diego de)
Conquistador espanhol (Almagro?, província de Toledo, c. 1475 — Cuzco, 1538). Depois de participar de várias campanhas, inclusive nas índias Ocidentais, empreendeu com Pizarro, a partir de 1522, a conquista do Peru. Responsável pelo assassinato do chefe inca Atahualpa, foi nomeado, mais tarde, governador do Peru meridional. Partiu para a conquista do Chile, chegando até a região de Aconcágua. De volta, entrou em disputa com Pizarro. Derrotado na batalha de Salinas, foi feito prisioneiro e executado. Seu filho, também chamado Diego, vingou-lhe a morte matando Pizarro.
Almeida (Belmiro Barbosa de)
Pintor, caricaturista, escultor e professor brasileiro (Serro, MG, 1858 — Paris, 1935). Estudou no Liceu Imperial de Artes e Ofícios (onde mais tarde lecionaria desenho) e, a partir de 1877, na Academia Imperial das Belas-Artes. Em 1888 seguiu para a Europa, a fim de completar sua formação artística. Em Paris estudou com Jules Lefèb- vre. Voltando ao Brasil, lecionou na Escola Nacional de Belas-Artes. Em 1877 publicou sua primeira caricatura, seguindo-se uma série de colaborações em revistas como “O Rataplan”, “O M alho”, “Fon-Fon”, etc. Vivendo em Paris, sofreu influência de várias correntes de pintura que lhe foram contemporâneas, como o Pontilhismo e o Futurismo; característica dessa fase é a tela “Dampierre”, feita à maneira do pintor pontilhista Seurat. Como escultor, reproduziu a estátua do Me- neken-Piss, de Bruxelas, que, colocada na praia de Botafogo. no Rio de Janeiro, ficou conhecida por “Manequi- nho”. Entre suas melhores telas inclui-se “Arrufos”.
Almeida (Guilherme de Andrade e)
Poeta, ensaísta, tradutor e crítico brasileiro (Campinas, SP, 1890 — São Paulo, SP, 3969). Realizou seus primeiros estudos em São Carlos (SP), transferindo-se depois para o Colégio São Bento, na Capital, onde bacharelou- se em 1912 pela Faculdade de Direito de São Paulo. Ainda estudante, colaborou em diversos jornais e revistas. Embora seja mais conhecido por seus versos de inspiração romântica, foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna de 1922. Soldado do movimento revolucionário de 1932, foi preso e depois exilado. Passou um ano na Europa, tendo integrado a Academia de Ciências de Lisboa. Suas obras poéticas principais incluem “Nós” (1917); “A Dança das Horas” (1919); “Mes- sidor” (1919); “Era uma V e z . . . ” (1922); “A Frauta que Eu Perdi” (1924); “Simplicidade” (1929); “Cartas a Minha Noiva” (1931); “Você” (1931); “Acaso” (1939); “Tempo” (1944); “Poesia Vária” (1947); “O Anjo de Sol” (1951); “Pequeno Cancioneiro (1957); e “Rua” (1962). Deixou também um •ensaio, escrito em 1916 em colaboração com Oswald de Andrade, sobre o “Théâtre Brésilien”. Realizou ainda importante trabalho como tradutor: “Eu e Você” (de “Toi et Moi”, de Paul Gé- raldy), “Flores das Flores do Mal” (de “Les Fleurs du M al”, de Charles Baudelai- re), “Entre Quatro Paredes” (de “Huis Cios”, de Jean- Paul Sartre) e “O Jardineiro” (do poeta hindu Rabindra- nath Tagore). Foi diretor da “Folha da M anhã”, onde criou o serviço “Folhas Informações”. Membro da Academia Paulista de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Academia Brasileira de
Letras (cadeira 15), foi eleito em 1959 “príncipe dos poetas brasileiros” (título que até 1958 pertencera a Olegá- rio Mariano) em concurso promovido pelo “Correio da M anhã”. Foi também presidente da Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo e da Associação Pãu- lista de Imprensa. Fundou o “Jornal de São Paulo”.
Almeida (Júlia Valentina da Silveira Lopes de)
Ficcionista brasileira (Rio de Janeiro, GB, 1862 — id., 1934). Desde cedo mostrou inclinação para as letras. Iniciou-se na literatura contribuindo para o jornal “Gazeta de Campinas” (1881). Depois disso escreveu para a revista “A Semana”, publicada no Rio de Janeiro e dirigida por Valentim Magalhães e Filinto de Almeida, jovem poeta português naturalizado brasileiro. Nessa época Júlia e Filinto iniciaram uma longa correspondência, e acabaram se casando. Em 1886 ela publicou em Lisboa seu primeiro livro, “Traços e Iluminuras”. Autora de vasta obra, que inclui mais de quarenta volumes, abrangendo romances, contos, narrativas, literatura infantil e crônicas, seus livros sempre conseguiram grande êxito junto à crítica e ao público. Seu estilo simples e livre de artifícios lite- terários mistura certa dose de romantismo à observação.
Almeida (Manuel Antônio de)
Romancista e jornalista brasileiro (Rio de Janeiro, GB, 1831 — Macaé, RJ, 1861). Iniciou sua colaboração no “Correio Mercantil” quando estudante da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nesse jornal ele publicou, entre 1852 e 1853, em folhetins, o romance “Memórias de um Sargento de Milícias” , publicado a seguir (1854/55),
em dois volumes. A obra passou quase despercebida, por ser muito avançada para a época: antecipava o Realismo e o romance urbano. Almeida formou-se em 1856, mas não chegou a clinicar. Secretariou a Sociedade Propagadora de Belas-Artes e, em 1857, foi nomeado diretor da Academia Imperial de Ópera e Música Nacional. Trabalhou também como administrador da Tipografia Nacional e na Secretaria dos Negócios da Fazenda. Além de crônicas, reportagens e críticas literárias para a imprensa, deixou poesias e a peça “Dois Amores”(1861). É patrono -da cadeira n.° 28 da Academia Brasileira de Letras.
Almeida (Matias Cardoso de)
Bandeirante brasileiro (São Paulo, ? — Bahia, c. 1706). Capitão-mor de Fernão Dias Pais, acompanhou-o às Minas Gerais, onde permaneceu até 1680, quando retornou a São Paulo. Nomeado tenen- ie-geral para o descobrimento de prata em Saba- rabuçu, retirou-se após conflitos com indígenas próximos. Em 1684, recebeu o cargo de governador e administrador de todas as aldeias indígenas que subjugasse entre Porto Seguro e a foz do rio São Francisco. Quatro anos depois seguiu para São Paulo, a fim de organizar a expedição contra os cariris do Ceará e do Rio Grande do Norte. Em 1696 sofreu um ataque às margens do Jaguaribe, onde lhe mataram um filho natural. Em 1701 dedicou-se à mineração na zona de Sabará, estabelecendo-se depois em Ouro Preto. Devido a desentendimentos com o fisco, retornou à Bahia, onde morreu.
Almeida (Miguel Osório de)
Fisiologista brasileiro (Rio de Janeiro, GB, 1890 — id., 1953). A princípio, freqüentou um curso especial, tendo em mente matricular-se na Politécnica do Rio. Mas, a conselho de seu irmão, o médico e biólogo Álvaro Osório de Almeida, resolveu entrar na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se doutorou em 1911 com a tese “São os Reflexos Tendinosos de Origem Cé- rebro-Espinhal?”. Foi catedrático de fisiologia da Escola de Agricultura e Medicina Veterirtária, diretor do
Alexandre, Marcos Aurélio Severo — Almeida, Miguel Osório de
laboratório do Instituto Osvaldo Cruz e professor e reitor da Universidade do Rio de Janeiro. Sua dedicação à pesquisa pura e experimental e a disciplina de trabalho que se impunha tornaram-no, juntamente com seu irmão Álvaro, um dos criadores da tradição científica da medicina brasileira. Ministrou também cursos em Paris, dos quais saíram alguns nomes notáveis da fisiologia e da biologia francesas. Recebeu um prêmio da Academia de Medicina de Paris. Miguel Osório de Almeida destacou- se também no estudo da fisiologia do sistema nervoso.
Almeida Garret (João Batista da Silva Leitão)
Escritor português (Porto, 1799 — Lisboa, 1854). Educado na ilha Terceira, em 1816 foi para Lisboa, onde estudou direito e empolgou- se pelas idéias liberais. Envolvido na política, em 1823 foi obrigado a exilar-se na Inglaterra. Pouco depois foi para a França, onde trabalhou na Casa Laffitte como correspondente. Nesse período de exílio escreveu os poemas que costumam ser considerados os iniciadores do Romantismo português: “Camões” (1825) e “Dona Branca” (1826). Neste ano voltou a Portugal, mas em1828 viu-se obrigado a fugir novamente às perseguições políticas. Fez publicar, no ano seguinte, sua mais famosa coletânea de poesias, “Poesias Líricas de João Mínimo”. Em 1832 — ano em que participou da expedição de Dom Pedro que retomou o trono para Dona Maria II — foi nomeado cônsul do Reino de Portugal na Bélgica. De volta à pátria, foi empossado, em 1837, como inspetor geral dos teatros, com a incumbência de fundar e organizar o
Teatro Nacional Português. Usando essa autoridade e escrevendo peças do porte de “Um Auto de Gil Vicente” (1838), “O Alfageme de Santarém” (1841) e “Frei Luís de Sousa” (1844), Gar- rett renovou o palco de seu país. Ao lado da de Goethe, muito o influenciou a obra de Sir Walter Scott, sob cuja inspiração escreveu o romance histórico “O Arco de Santana” (1845/50), onde evoca o Porto feudal.
Almeida Pereira de Andrade (Fortunato de)
Historiador português (?, 1869 — Vilar Seco, 1933). Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Coimbra, dedicando toda a sua existência ao magistério e à historiografia. Destacam-se entre suas obras “História da Igreja em Portugal” (1910/22), trabalho considerado único no gênero; “Avaliação do Domínio Direto nos Prédios Urbanos” ; “A Questão Social” ; “Curso de História Universal” ; “Curso de História de Portugal” ; “Curso de Geografia Física e Política” ; “Princípios de Geografia”, e outras mais de igual importância.
Alvarenga (Manuel Inácio da Silva)
Poeta e escritor brasileiro (Ouro Preto ou São João del-Rei, MG, 1749 — Rio de Janeiro, GB, 1814). Após os estudos preparatórios, feitos com dificuldades financeiras no Rio de Janeiro, conseguiu seguir para Coimbra, onde se formou em direito em 1776. Ainda estudante, publicou o poema “O Desertor das Letras” (1774) e participou de certames literários com seus amigos Alvarenga Peixoto e Basílio da Gama. De volta ao Rio, passou a exercer a advocacia, escrevendo concomitan- temente peças de teatro, críticas e poesias. Algum tempo depois o vice-rei nomeou-o professor de retórica e poética. Foi um dos fundadores da Sociedade Literária do Rio de Janeiro, fechada pelo governo (que a considerou um clube jacobino). Seus integrantes foram submetidos a processo e ficaram presos de 1794 a 1797. Solto, Alvarenga ocupou-se de novo com o ensino de retórica e com a advocacia. Sua obra principal é “Glaura, Poemas Eróticos” publicada em 1799.
Álvares de Azevedo (Manuel Antônio)
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Poeta brasileiro (São Paulo, SP, 1831 — id., 1852). Em1833 sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. De 1837 a 1845, estudou em colégios de Niterói e do Rio de Janeiro. Em 1847 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo (curso que não concluiu). Foi colega de Bernardo Guimarães, Aureliano Lessa, José de Alencar e outros. Nesse ambiente literário compôs a maior parte de sua obra: poesias, contos, teatro e ensaios sobre George Sand e Musset, além de críticas e traduções de Byron. A originalidade de seus trabalhos (uma das maiores manifestações do Romantismo brasileiro) ajudou a abrir um novo caminho para a poesia pátria, até então excessivamente influenciada pela portuguesa. Morto aos 21 anos, de tuberculose, suas poesias foram publicadas postumamente às expensas do pai. Em 1873 surgiu outra edição, denominada “Obras de Álvares de Azevedo”, que incluía “Lira dos Vinte Anos”, “Poesias Diversas” e “O Poema do Frade”.
Alvarez Quintero (Serafim e Joaquim)
Dramaturgos espanhóis nascidos em Utrera (província de Sevilha) e mortos em Madri (Serafim, 1871-1938; Joaquim, 1873-1944). Desde jovens começaram a escrever para teatro. Em 1888 estrearam em Sevilha sua primeira peça: “Esgrima y Amor”, com a qual alcançaram grande sucesso. Escreveram sempre comédias de costumes sobre a sociedade andaluza e madrilena; além do emprego da cor local, possuíam estilo repleto de hábeis invenções cênicas. Outras obras: “Los Galeo- tes”, “Las Flores” e “La Boda de Quinita Flores”.
Alves de Sousa (Ataulfo)
Compositor, letrista e cantor popular brasileiro (Mirai, MG, 1909 — Rio de Janeiro, GB, 1969). Filho do “capitão” Severino, violeiro e re- pentista. Em 1927 foi para o Rio de Janeiro, onde Almirante gravou “Sexta-feira”, sua primeira composição a ser editada em disco. Conheceu, nessa época, a cantora Cármen Miranda, que em 1934 gravou seu samba “Tempo Perdido”. Seu primeiro sucesso veio com “Saudades do Meu Barracão” . Em 1942 teve sua consagração definitiva como compositor e cantor com “Ai que Saudades da Amélia”, composto de parceria com Mário Lago. Alcançou grande sucesso com o show “O Samba Nasce no Coração” (1954), na boate Casablanca, do Rio de Janeiro, atuando com suas “pastoras” .
Alves (Francisco de Morais)
Cantor e compositor popular brasileiro (Rio de Janeiro, GB, 1898 — Pindamonhan- gaba, SP, 1952). Trabalhou como engraxate e operário, antes de iniciar a carreira de cantor, por volta de 1918. Em 1919 realizou sua primeira gravação, feita em Disco Popular, contendo a
marcha “O Pé de Anjo”, de Jose Barbosa da Silva (“Si- nhô”). Com o pseudônimo de Chico Viola, integrou o conjunto Oito Batutas e gravou inúmeros discos na m arca Parlophon, entre os quais seu primeiro grande sucesso, “A Voz do Violão” (1928). Em 1931 formou com o cantor Mário Reis uma dupla de grande popularidade, provocando o aparecimento de inúmeros imitadores. Participou de vários filmes nacionais, entre eles “Alô, Alô, Brasil”. O rádio e as gravações (mais de trezentas, realizadas nas marcas Popular, Parlophon, Odeon, Colum- bia e RCA Victor) fizeram déle o cantor de maior prestígio em todas as épocas, no Brasil. Era conhecido como “o rei da voz”, tendo deixado também muitas composições. Morreu em acidente automobilístico quando viajava para o Rio de Janeiro.
Alves Branco (Manuel)
Jurisconsulto e estadista brasileiro (Salvador, BA, 1797— Niterói, RJ, 1855). Estudou direito em Coimbra. De volta ao Brasil, iniciou carreira como magistrado, tendo sido juiz no Rio de Janeiro. Membro do Partido Liberal, foi deputado em 1830 e senador em 1837. Como contador do Tesouro Nacional (1837), tomou importantes medidas financeiras, tendo sido o primeiro a idealizar um fundo de resgate para a valorização do meio circulante. Após reduzir o déficit orçamentário, lançou as bases de um novo sistema monetário para manter o papel-moeda a par do ouro. Convidado por Feijó para assumir a regência, não aceitou. Na qualidade de ministro do Império, organizou o Gabinete, ao qual presidiu, gerindo as pastas do Império e da Fazenda, e em 1844 decretou a chamada “tarifa Alves Branco”, que elevou as taxas sobre produtos estrangeiros importados. Em retribuição aos serviços prestados, recebeu de Dom Pedro II o título de visconde de Caravelas.
Alvim (Álvaro)
Médico brasileiro (Vassouras, RJ, 1863 — Rio de Janeiro, GB, 1928). Foi aluno da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 1896 seguiu para a França onde estudou física médica, e, com Pierre Curie, o emprego te
rapêutico do rádio. De volta ao Brasil, introduziu recentes conquistas da ciência no campo da medicina, como o tratamento hidrelétrico, foto- terapia, massagens elétricas, etc. Foi o pioneiro da ele- troterapia, da radiologia e da radioterapia no Brasil.
Alvim (José Cesário de Faria)
Político brasileiro (Arraial de Pinheiro, MG, 1839 — Rio de Janeiro, GB, 1903). Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo. Durante o Império, foi deputado geral em várias legislações. Chefe do Partido Liberal em Minas Gerais, tornou-se republicano quando da constituição do último Gabinete imperial, presidido pelo visconde de Ouro Preto. Com a proclamação da República, foi governador de Minas Gerais e ministro do Interior. Eleito pelo Congresso Constituinte Estadual para o governo de Minas Gerais, renunciou ao mandato de senador, assumindo a primeira presidência constitucional de seu Estado (1891), à qual renunciou em 1892, após a derrubada dos governadores causada pela ascensão de Floriano Peixoto. Exerceu a prefeitura do então Distrito Federal, foi presidente da Companhia Oeste de Minas e diretor do Lóide Brasileiro. Poeta, jornalista e economista, deixou, entre outras, as obras “O Empréstimo Externo” e “Discursos Parlamentares”.
Amado de Faria (Gilberto de Lima Azevedo
Souza Ferreira)Escritor, diplomata e jurisconsulto brasileiro (Estância, SE, 1887 — Rio de Janeiro, GB, 1969). Depois de formado pela Faculdade de Direito do Recife (1909), transferiu- se para o Rio de Janeiro, onde se dedicou primeira-
Almeida Garret, João Batista da Silva Leitão— Amado de Faria, Gilberto de Lima Azevedo Sousa Ferreira
mente ao jornalismo. Eleito deputado em 1915, levou suas atividades políticas até a senatoria, encerrando-as quando da revolução de 1930. Iniciou-se então na diplomacia, como consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores. Entre os muitos cargos diplomáticos de que se desincumbiu, foi embaixador em Santiago, Helsinki, Roma e Berna, e integrou ou presidiu diversas reuniões da Comissão de Direito Internacional da ONU. Seus ensaios, memórias, romances e poesias indicaram- no em 1963 para a Academia Brasileira de Letras. Deixou, entre outras, as obras: “A Chave de Salomão” (1914); “Suave Ascensão” (1917) ; “Aparências e Realidades” (1920); “Espírito do Nosso Tempo” (1932); “Os Interesses da Companhia” (1942); “Minha Formação no Recife” (1955); e “Mocidade do Rio e Primeira Viagem à Europa” (1956).
Amaral Gurgel (Manuel Joaquim do)
Sacerdote e político brasileiro (São Paulo, SP, 1797— id., 1864). Estudou no Curso de Filosofia dos Fran- ciscanos, patrocinado pelo Frei Francisco Montalverne; foi ordenado em 1816. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo; aluno brilhante, foi lente substituto enquanto estudante e, posteriormente, diretor interino (1848) e diretor efetivo (1857) dessa faculdade. Membro do Partido Liberal, foi deputado geral e provincial, e vice-presidente da província em mais de uma legislação. Exerceu importante papel no movimento pela
independência do Brasil. Co- I mo sacerdote, travou uma grande polêmica com o Padre Feijó e o bispo da Bahia, por ser contrário ao celibato clerical, sendo forçado a abandonar suas funções clericais. Participou da elaboração do Código Comercial Brasileiro.
Amaral Leite Penteado (Amadeu Ataliba Arruda)
Poeta, jornalista, escritor e conferencista brasileiro (Ca- pivari, SP, 1875 — São Paulo, SP, 1929). Membro da Academia Brasileira de Letras, ocupou a cadeira n.°15, que depois de sua morte passou a Guilherme de Almeida. Como poeta, foi enquadrado sob diversos ângulos — parnasiano retardatário, neoparnasiano acadêmico e simbolista —, sendo de particular importância “Espumas”, datada de 1917. Atualmente, embora com reservas, prefere-se incluí-lo entre os pré-modernistas. Seus principais trabalhos poéticos envolvem “Urzes” (1899), “Névoa” (1910) e “Lâmpada Antiga” (1928), títulos que integram as “Poesias”, publicadas em 1931. Sua grande contribuição, entretanto, foi no campo dos estudos folclóricos. De sua preocupação com o linguajar caipira, nasceu “O Dialeto Caipira” (1920), onde se estuda, pela primeira vez com orientação científica, o falar característico do caipira paulista da área do rio Paraíba. “Memorial de um Passageiro de Bonde” inclui-se entre suas melhores obras. Seu filho Amadeu Amaral Júnior (São Paulo, SP, 1910 — id., 1944), destacou-se também como folclorista e recolheu, em viagens por todo o Brasil, vasto material de pesquisa.
Amati (família)
Fabricantes de instrumentos musicais de Cremona, Itália. Andrea (c. 1520 — c. 1578) foi um dos criadores do violino em sua forma atual. Teria sido aluno de Martinengo e fabricava também violas. Girolamo (c. 1551 — c. 1635) e seu irmão Antônio (c. 1550 — c. 1638), filhos de Andrea, fabricaram violinos e violoncelos, introduzindo mudanças no estilo Amati. Niccolò (1596 — 1684), filho de Girolamo, não foi somente um excelente artesão, mas também o dono do estúdio em que Andrea Guarnieri e Antonio Stradivarius iniciaram-se no
fabrico de violinos. Girolamo II (1649 — 1740), filho de Niccolò, foi o último dos Amati representativos. A família começava a ser eclipsada por Stradivarius. O violino dos Amati é de dimensões reduzidas. Apesar de não possuir som muito volumoso, tem timbre bonito.
Amenófis (ou Amenotep) IV
Faraó da XVIII dinastia egípcia (século XIV a.C.). Seu reinado (que compartilhou com Nefertiti, de quem teve seis filhas) foi marcado por importante revolução religiosa. Num ataque à influência política dos sacerdotes do deus Ámon e outros, substituíu-os por Áton, representado pelo disco solar, que passou a ser objeto de um culto de essência mono- teísta. Após tentar inutilmente a conciliação com os sacerdotes de Tebas, transferiu a capital para uma nova sede, no Médio Egito, que denominou Aktáton (ou Akhet- Áton: “sítio da glória real de Áton”, nome depois modificado para Amarna e, mais modernamente, para Tell-al- Amarna). O faraó mudou também seu próprio nome, de Amenotep (que significa “Ámon está satisfeito com esta pessoa”) para Aknáton ou Akh-en-Áton (“o que é obediente a Áton” ou “o que está bem com Áton”). O período de Aknáton caracterizou-se por mudanças profundas na Constituição do Estado, nos costumes e até nas artes (estáticas há milênios), e é denominado pelos egiptólogos de “a época da revolução de Amarna”. O faraó contudo, envolvido em questões religiosas e tendendo ao misticismo, deixou de lado a política externa, facilitando a invasão hitita em áreas de influência egípcia. A oposição do clero tebano— tanta que no reinado seguinte o culto a Ámon foi restaurado — enfraqueceu a já decadente dinastia.
Américo de Figueiredo e Melo (Pedro)
Pintor e professor brasileiro (Areia, PB, 1843 — Florença, 1905). Aos nove anos iniciou sua formação artística, acompanhando como desenhista a missão do naturalista francês Louis-Jacques Brunet. Transferiu-se depois para o Rio de Janeiro (1854), e estudou no Colégio Dom Pedro II e na Academia Imperial de Belas-Artes (1855). Uma pensão do imperador permitiu-lhe viajar para a França (1859), onde foi aluno de Ingres, Cogniet e Ver- net; estudou também literatura, filosofia e física. Ainda na França, escreveu o ensaio “Refutação à ‘Vida de Jesus’ de Renan” . Retornando ao Brasil em 1864, ganhou, por concurso, a cátedra de desenho da Academia Imperial de Belas-Artes (com o quadro “Sócrates Afastando Al- cebíades dos Braços do Vício”). Sua carreira na escola foi interrompida por freqüentes viagens ao exterior e por dificuldades financeiras. Em 1870 iniciou a série de quadros históricos como “A Batalha do Avaí”, a “Proclamação da República” e o “Grito do Ipiranga”.
Amici (Giovanni Battista)
Microscopista italiano (Mó- dena, 1786 — Florença, 1863). Construtor de instrumentos científicos, destacou- se pela invenção da lente da chamada objetiva de imersão. Teve a idéia de mergulhar a lente da objetiva num líquido que tivesse aproximadamente o mesmo índice de refração do vidro que protege o objeto a ser observado. Obteve assim o máximo aumento possível com o microscópio óptico: distinguir pontos separados pela distância de 15 mícrons (mi
lésimos de milímetro). Essa descoberta fez desaparecerem todas as dúvidas sobre as possibilidades da pesquisa com o microscópio: usando-o,^ Amici demonstrou a existência da fecundação nas plantas. Dedicou-se também a observações astronômicas.
Amílcar Barca
General e estadista cartaginês (?, c. 290 a.C. — Elche, 229 ou 228 a.C.). Pai de Aníbal. Durante a primeira guerra púnica, comandou as forças cartaginesas em luta contra os romanos estabelecidos na Sicília. Apoderou-se de grande parte da ilha, chegando quase até a costa sul italiana. Após o tratado de paz de 241 a.C., regressou com suas forças para a África. De volta a Cartago, sufocou a revolta dos mercenários em 237 a.C. Assumindo o governo cartaginês, empreendeu com sucesso uma expedição de conquista da Espanha (237/229), a fim de compensar as perdas da Sicília e da Sardenha. Conseguiu dominar um vasto território que lhe serviria de base em novas ofensivas contra os romanos. Mas morreu sem consolidar esse plano.
Amoedo (Rodolfo)
Pintor, desenhista e professor brasileiro (Rio de Janeiro, GB, 1857 — id., 1941). Após estudos no Colégio Dom Pedro II, iniciou sua formação artística no Liceu Imperial de Artes e Ofícios, onde foi aluno de Vítor Meireles. Ingressou pouco depois na Academia Imperial de Belas- Artes. Em 1878 ganhou um concurso de viagem à Europa com o quadro “O Sacrifício de Abel”. Completou seus estudos na Escola N acional de Belas-Artes de Paris, orientado sobretudo por Alexandre Cabanel e Puvis de Chavannes. De volta ao Rio, lecionou na Academia, substituindo Vítor Meireles na cadeira de pintura histórica. Exerceu o magistério até o fim da vida, tendo sido o responsável pela formação de várias gerações de pintores brasileiros. Realizou trabalhos em edifícios públicos no Rio de Janeiro, como a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal. Obras de maior relevo: ‘‘M arabá” (1882), “Partida de Jacó” (1883) e “O Último Tamoio” (1883).
Amorim (Francisco Gomes de)
Poeta, romancista e dramaturgo português (?, 1827 — ?, 1891). Discípulo fiel de Almeida Garrett. Ficou conhecido ao publicar o romance “Os Selvagens”. Para o teatro deixou “ódio e Raça” e “Aleijões Sociais”, peças que tratam da imigração, problema que conheceu pessoalmente, após viver alguns anos no Brasil (Amazonas). Deve-se a ele, ainda, o importante estudo “Memórias Biográficas de Garrett” (três volumes, 1881/84) e “Cantos Matutinos” (1858) e “Efêmeros” (1866), livros de poesia cuja nota dominante é o exotismo.
Ampère (André Marie)
Físico e matemático francês (Lyon, 1775 — Marselha, 1836). Sempre demonstrou talento para a ciência, que estudou como autodidata. Aos dezoito anos de idade leu a recém-editada “Mecânica Analítica”, de Lagrange, refazendo, sem qualquer orientação, todos os cálculos constantes do texto. A partir de 1796 deu aulas de matemática, química e línguas em Lyon. Transferiu-se, em 1801, para Bourg, onde lecionou física e publicou sua primeira obra matemática: “Ensaio sobre a Teoria M atemática do Jogo”. Baseado em experiências de Oersted (1820), estabeleceu a teoria do eletromagnetismo. Descobriu que as correntes elétricas agem reciprocamente, independente da ação dos magnetos. Em 1822 utilizou a pilha para a transmissão de despachos, descobrindo o principio da telegrafia elétrica. Deixou inúmeras obras, destacando-se: “Sobre a Expressão Matemática da A tração e da Repulsão Elétricas” (1823) e “Teoria Matemática dos Fenômenos Eletrodinâmi- cos, Deduzida Unicamente da Experiência” (1827).
Amaral Gurgel, Manuel Joaquim do — Ampère, André Marie
Anacreonte
Poeta lírico grego (Teos, 563 a.C. — id., 478 a.C.). Após a invasão persa de 545 a.C., quando Ciro anexou a costa grega da Ásia, foi para a corte de Polícrates, tirano de Samos, de quem tornou- se conselheiro. Com a m orte do tirano (522 a.C.), transferiu-se para Atenas, sendo então recebido por Hiparco. Assassinado este protetor (514 a C.), retornou a Teos, onde morreu. Das poesias de Anacreonte só restam fragmentos; coligidas pelos alexandrinos, em 1554 foram publicadas na França as “Odes de Anacreonte”, edição considerada apócrifa. Seus cânticos às musas, a Baco e ao amor foram muito populares entre os gregos. Anacreonte foi dos mais imitados poetas gregos.
Anaxágoras
Filósofo grego do período pré-socrático (Clazômenas, c. 500 a.C. — Lâmpsaco, 428 a.C.). Por seu intermédio, a filosofia em desenvolvimento nas colônias gregas da Ásia Menor instalou-se em Atenas. Processado por impiedade, fugiu para a Ásia, onde veio a morrer. Afirmava que o Universo se constituiu pela ação do Espírito (“Nous”) sobre uma mistura inicial formada de “germes” de todas as coisas. Essa noção de uma causa inteligente, que estabelece uma finalidade na evolução universal, repercutirá em filósofos posteriores como Platão e Aristóteles. Foi professor de Pé- ricles, Eurípedes e talvez de Sócrates, sendo considerado o fundador do teísmo filosófico. A descoberta de que os peixes respiram pelas guelras lhe é atribuída. São de sua autoria as primeiras observações científicas conhecidas sobre os eclipses. Anaxágoras é considerado também o introdutor, na filosofia e na ciência, da noção de infinitesimal.
Anaximandro
Filósofo grego do período pré-socrático (Mileto, c. 610 a.C. — ?, c. 546 a.C.). Sucessor de Tales na escola de Mileto, escreveu um livro posteriormente denominado “Sobre a Natureza”. Considerava todas as coisas como provenientes de um princípio qualitativamente indetermi
nado e, segundo alguns intérpretes, quantitativamente infinito: o “apeiron”. O Universo, constituído a partir da separação inicial do Quente e do Frio, estaria governado, em sua evolução, por uma lei de justiça que compensava os excessos e desequilíbrios entre os seres. Mundos inúmeros surgiriam do “apeiron” e nele se dissolveriam, ciclicamente. Também lhe são devidas as descobertas do movimento circular dos astros em torno da estrela Polar e da obliqüidade da eclíptica. Foi o introdutor, na Grécia, do quadrante solar.
Anaxímenes
Filósofo grego do período pré-socrático (Mileto, ? — ?, c. 528 a.C.). Último representante da escola de Mileto, sucessor de Anaximandro. Para ele o princípio originário de todas as coisas seria o ar infinito, que teria sobre o princípio da água, de Tales, a vantagem de ser dotado de difusão ilimitada. Além disso, considerava o Universo um ser vivo. As múltiplas coisas seriam produzidas através de um processo mecânico, de condensação e rarefaçâo do ar. Atribui-se também a Anaxímenes o aperfeiçoamento do relógio solar e a doutrina da existência de mundos inumeráveis, gerados e destruídos pelo processo de rarefaçâo e condensação.
Anchieta (Padre Joseph d’, dito José de)
Jesuíta e poeta espanhol (Laguna, Tenerife, ilhas Canárias, 1534 — Reritiba, atual Anchieta, ES, 1597). Aprendeu as primeiras letras em casa de seu pai (um nobre basco) e, a seguir, na escola dos dominicanos. Aos catorze anos foi enviado para Coimbra, onde se matriculou
no Real Colégio de Artes, estudando humanidades e filosofia. A facilidade com que versejava em latim valeu-lhe, então, o apelido de “Canário de Coimbra”. Em 1551 foi recebido como noviço no colégio da Companhia de Jesus (era parente afastado de seu fundador, Santo Inácio de Loyola). Em 1553 integrou a terceira leva de jesuítas enviados para o Brasil, seguindo na escolta do segundo governaaor-geral, Dom Duarte da Costa. Enviado a São Vicente para exercer seu apostolado, em 1554 chegou (por uma trilha aberta pelos índios) ao planalto onde, por decisão do padre Manuel da Nób.rega, fundou o colégio que se transformou em pouco tempo na Vila de São Paulo. Dedicando-se a intenso trabalho de catequese, aprendeu tão bem a língua tupi que pôde escrever uma “Gramática da Língua mais Falada na Costa do Brasil” (publicada em Coimbra em 1595), que passou a ser usada em todas as missões jesuíticas do país. Quando da revolta dos tamoios, desempenhou destacado papel na pacificação, permanecendo sete meses em Iperoig (SP), como refém dos índios, enquanto Nóbrega negociava um armistício com os portugueses. Foi nessa praia que Anchieta escreveu, em latim, o poema “De Beata Virgine Dei M atre M aria” (“Da Virgem Santa Maria Mãe de Deus”). Diz a lenda que o padre escreveu os 4 172 versos na areia, com seu bastão, e que o mar não os apagou enquanto não foram transcritos para o papel. Em 1567 colaborou na expulsão dos franceses do Rio de Janeiro. Três anos depois, com a morte de Nóbrega, Anchieta assume o cargo de reitor do colégio dos jesuítas do Rio. Nos anos seguintes, visitou São Lourenço, atual Niterói, Bahia, Vitória e retornou a São Vicente. Em 1577 foi nomeado provincial do Brasil, o mais alto cargo da Companhia de Jesus na colônia. Nessa condição visitou as casas jesuíticas do Brasil, mas renunciou ao cargo em 1584. Em 1597 foi de novo a Reritiba, onde morreu. Deixou também várias cartàs, com informações sobre os índios e a história natural do Brasil, e alguns “mistérios”. Um destes chegou completo à atualidade: o auto “Na Festa de São Lourenço”, em tom de comédia e com texto trilíngüe (castelhano, português e tupi). Sua gramática, seu poema e seus “martí-
rios” são considerados um certificado de nascimento da lingüística brasileira. Por sua significativa ajuda à formação da nacionalidade do país, recebeu o cognome de “Apóstolo do Brasil”. As Igrejas Católicas do Brasil e de Portugal pediram ao Vaticano a sua beatificação.
Andersen (Hans Christian)
Escritor e poeta dinamarquês (Odense, 1805 — Copenhague, 1875). Filho de um sapateiro, exerceu essa profissão na juventude, encontrando sérias dificuldades em sua educação. Transferiu-se para Copenhague, onde fracassou como ator mas, protegido pelo diretor do Teatro Real, conseguiu terminar seus estudos. Em 1826 publicou seu poema “Criança Moribunda” e, continuando a escrever, conseguiu em 1828 um lugar no Instituto de Copenhague. Protegido pela casa real dinamarquesa, viajou pela Europa e pelo Oriente. Escreveu contos, romances, peças teatrais, canções patrióticas e versos para crianças. Sua principal obra são os contos infantis, cuja primeira coleção surgiu em 1835. Deixou também “O Improvisador” (1835), “O.T.” (1836), “Apenas um Violinista” (1837), “Livro de Imagens sem Imagens” (1838) e “Contos de Fadas” (1835/72), entre eles “O Patinho Feio” e “Sapa- tinhos Vermelhos”.
Anderson (Sherwood)
Novelista e contista norte- americano (Camden, 1876 — Colón, Panamá, 1941). Teve uma juventude aventureira: trabalhou como redator de publicidade em Chicago, lutou em Cuba durante a guerra hispano-americana e dirigiu uma fábrica de pinturas em Ohio. Aos quarenta anos publicou suas primeiras novelas. Em Chicago, entrou
em contato com escritores como Theodore Dreiser, Hecht e Floyd Dell. Suas primeiras obras, que retratavam a vida provinciana do meio-oeste americano, alcançaram um grande sucesso; entre elas encontra-se “Wi- nesburg, Ohio” (1919). Suas personagens são sêres angustiados diante de um mundo materialista e conformado, no qual não conseguem interferir através de um ato de vontade ou de coragem. É um dos iniciadores da moderna novela americana e um dos primeiros a bater-se contra o preconceito racial imperante no meio-oeste americano. Entre suas principais obras contam-se ainda: “Poor W hite” (“Pobre Branco”,1920), “The Triumph of the Egg” (“O Triunfo do Ovo”,1921), “Dark Laughter” (“Riso Sombrio”, 1925).
Andócides
Orador ateniense (Atenas, c. 440 a. C. — ? c. 391 a. C.). Membro de antiga família aristocrática, foi implicado na profanação das estátuas do deus Hermes e dos mistérios de Elêusis. Banido, retirou-se para Chipre. Beneficiado pela anistia de 402 a.C., pôde retornar a Atenas, mas foi perseguido pelos Trinta Tiranos. Nessa ocasião defendeu-se com um célebre discurso. Seu “Discurso sobre os Mistérios”, proferido no ano de 400 a C. (em resposta aos inimigos que retomavam contra ele as antigas acusações de impiedade), é o mais importante dele. Foi um dos embaixadores de Atenas em Esparta.
Andrada (Martim Francisco Ribeiro de)
Político brasileiro (Santos, SP, 1775 — id., 1844). Irmão de José Bonifácio e de Antônio Carlos. Estudou na Universidade de Coimbra
(1798). Como secretário do Governo Provisório (1821), foi um dos que se manifestaram ao príncipe-regente, pedindo sua permanência no Brasil. Integrou o primeiro Ministério brasileiro após a independência, ocupando a pasta da Fazenda (1822). Nesse cargo, tomou várias medidas de saneamento das finanças; executou um programa de proteção aos produtos nacionais; e evitou empréstimos externos. Eleito representante de São Paulo para a Assembléia Constituinte (1823), foi exilado para a França após sua dissolução. Regressou em 1828, retomando sua carreira política como deputado por Minas Gerais. Foi ministro da Fazenda quando da “maioridade” de Dom Pedro II. Deixou trabalhos sobre mineralogia e agricultura.
Andrada Machado e Silva (Antônio Carlos Ribeiro de)
Político brasileiro (Santos, SP, 1773 — Rio de Janeiro, 1845). Irmão de José Bonifácio e Martim Francisco. Formou-se em matemática, filosofia e direito pela Universidade de Coimbra. De volta ao Brasil, nomeado ouvidor e corregedor da comarca de Olinda, envolveu-se no movimento republicano que eclodiu em Pernambuco (1817), sendo por isso preso e levado para a Bahia. Depois de solto, foi um dos deputados brasileiros nas cortes (1821). Eleito para a Assembléia Constituinte (1823), liderou o grupo radical; deportado com seus dois irmãos, permaneceu na França por cinco anos. De volta ao Brasil, em 1828, esteve comprometido com o movimento que pretendia o regresso de Dom Pedro I, após sua abdicação. Fòi um dos chefes da campanha parlamentar pela maioridade de Dom Pedro II e, após sua realização, foi ministro do Império em 1840.
Andrada e Silva (Antônio Carlos Ribeiro de)
Político brasileiro (Barbace- na, MG, 1870 — Rio de Janeiro, 1946). Iniciou sua carreira jurídica como promotor em Ubá. Eleito vereador, foi também prefeito de Belo Horizonte e senador estadual. Em 1911 passou para a esfera da política federal como membro da Câmara dos Deputados. Líder da maioria no governo de Ven-
Anacreonte — Andrada e Silva, Antônio Carlos Ribeiro de
ceslau Brás, foi ainda ministro da Fazenda e presidente de Minas Gerais (1926). Com o problema sucessório de 1929, foi o inspirador, junto a Getúlio Vargas e João Pessoa, da Aliança Liberal. Presidente da Constituinte (1933), assumiu a presidência da República quando Getúlio Vargas viajou para o Uruguai e Argentina. Apóso golpe de 1937, que dissolveu o Parlamento, afastou-se da política.
Andrada e Silva (José Bonifácio de)
Estadista e escritor brasileiro (Santos, SP, 1763 — Niterói, RJ, 1838). Estudou direito, filosofia e matemática na Universidade de Coimbra. Depois de várias viagens pela Europa, retornou a Portugal (1800), recebendo o título de doutor em filosofia e o posto de professor em Coimbra. De volta ao Brasil, iniciou sua cárreira política como vice- presidente da junta governativa de São Paulo. Quando Dom Pedro I se viu pressionado pelas cortes portuguesas para que retornasse a Portugal, José Bonifácio chefiou uma comissão pedindo sua permanência no Brasil. “Patriarca da Independência”, influiu junto a Dom PedroI em todo o processo que culminaria com o “grito do Ipiranga”, em 1822. Deputado à Assembléia Constituinte, foi deportado para a França com o fechamento dessa em 1823. Estabeleceu-se em Bordéus, onde retomou suas atividades científicas e literárias. Por seus trabalhos sobre geologia desenvolvidos nessa época, é chamado o “pai” dessa ciência no Brasil. Estudou e classificou uma variedade de granada ferrí- fera que, em sua homenagem, é denominada “andra-
dita”. De volta ao Brasil, reaproximou-se do imperador, tendo sido o tutor de seu filho, o futuro Dom Pedro II. Vítima de perseguições, foi destituído da tutela e retirou-se da vida pública.
Andrade (José Oswald de Sousa)
V. Andrade, Oswald de, Enciclopédia Abril (vol. I).
Andrade (Mário de)
V. Andrade, Mário de, Enciclopédia Abril (vol. 1).
Andrea dei Castagno (Andrea di Bartolo di
Bargilla, dito)
Pintor italiano (Corella, c. 1423 — Florença, 1457). Trabalhou com Filippo Lippi e Masaccio, em Florença. Após pintar no Palácio Podestá um mural em que apareciam enforcados os adversários de Cosme de Médici, foi obrigado a afastar-se da cidade. Indo para Veneza, realizou afrescos na abadia de São Zacarias. De volta à Toscana, pintou no castelo de Trebbio um São João Batista e um São Jerônimo. Entre 1445 e 1450 realizou algumas de suas obras mais importantes: uma “Ceia” e três “Cenas da Paixão”, pintadas no refeitório do mosteiro de Santa Apolônia. A partir dessa época, começou a pintar retratos e renovar a decoração profana; é dessa fase o mural “Homens e Mulheres Ilustres” , em que, para maior efeito plástico, pintou as figuras em tamanho distorcido. Realizou ainda: “Lázaro, Marta e Madalena” na capela de Otaviano de Médici; uma pintura eqüestre de Nic- colò da Tolentino, na Igreja de Santa Maria dei Fiore; e “Crucificação”, hoje em Santa Apolônia.
Andreiev (Leonid Nikholaievitch)
Contista, romancista e dramaturgo russo (Orei, 1871 — Kuokkala, Finlândia, 1919). Em 1891 foi estudar na Universidade de São Petersbur- go, mas uma decepção amorosa levou-o à tentativa de suicídio e conseqüente interrupção do curso. Depois de dramático período em que buscou refazer-se, ingressou
na Faculdade de Direito de Moscou. Em 1898 publicou algumas novelas num jornal de Moscou e chamou a atenção de Máximo Górki, que passou a dar-lhe apoio e orientação. Suas primeiras novelas — entre elas, “Era uma V e z . . . ” — trouxeram- lhe grande sucesso. Embora não participasse de sua atividade política, esteve ligado ao grupo de Górki até 1905. A partir dessa época, dedicou-se ao teatro, escrevendo, entre outras, a peça “Uma Vida de Homem”.
Angélica (Sóror Joana)
Abadessa brasileira (Salvador, BA, 1762 — id., 1822). Em 1783 foi ordenada no Convento Nossa Senhora da Conceição da Lapa. Em 1814 foi eleita abadessa do convento por três anos, voltando ao cargo em 1820. Em fevereiro de 1822 havia lutas em Salvador entre Madeira de Melo, partidário dos portugueses, e os brasileiros que lutavam pela independência, chefiados pelo Brigadeiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães. Quando se tentava a formação de uma junta militar para o governo da província, surgiram escaramuças próximo à residência de Manuel Pedro. Os portugueses prenderam o chefe brasileiro, passando a fazer arruaças pela cidade. Dirigiram-se ao convento da Lapa e arrombaram suas portas: quando invadiram a clausura, Joana Angélica tentou impedi-los, mas foi abatida por um golpe de baioneta, morrendo duas horas depois em sua cela. Foi sepultada no próprio convento.
Angélico (Fra)
V. Angélico, Fra, Enciclopédia Abril (vol. I).
Aníbal
Chefe militar cartaginês (?, c. 247 a.C. — Bitínia, 183 a.C.). Retomou as hostilidades contra Roma iniciadas poi seu pai, Amílcar Barca. Tomou Sagunto, aliada dos romanos, iniciando a segunda guerra púnica. Depois de uma expedição vitoriosa por terra, atravessou os Alpes, invadindo a Itália (às forças cartaginesas juntaram-se os gauleses cisalpinos revoltados). Seguindo rumo ao sul, obteve em Canas uma de suas maiores vitórias (216 a.C.). Mas, esgotado por suas campanhas, retirou-se para Cápua, esperando reforços que o Senado cartaginês recusava-se a enviar. Essa demora permitiu que os romanos reconquistassem muitas terras — foi inútil o ataque de Aníbal contra Roma, em211 a.C. Além disso, quando os reforços afinal chegaram, foram derrotados. Os romanos atacaram então a própria Cartago (204 a.C.), obrigando Aníbal a regressar à África para defender sua terra. Vencido na batalha de Zama (202 a.C.) por Cipião, o Africano, Aníbal aceitou a paz imposta pelos romanos. Mas, percebendo que a derrota devera-se em parte ao sistema governamental de Cartago, dedicou-se à reforma do Estado cartaginês. Denunciadas essas manobras, refugiou-se na corte de An- tíoco III, o Grande, rei da Síria. Instigou-o a atacar Roma, esperando conseguir na Itália um exército de revoltosos gauleses e latinos. A derrota de Antíoco (189 a C.) obrigou-o a se refugiar na Bitínia, onde se envenenou ao ser ameaçado de prisão pelos romanos.
Anjos (Augusto de Carvalho Rodrigues dos)
Poeta brasileiro (Engenho do Pau d’Arco, vila do município de Espírito Santo, PB, 1884 — Leopoldina, MG, 1914). Realizou seus primeiros estudos no Liceu Paraibano. Já em 1901 publicava trabalhos em jornais municipais. Em 1907 bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Recife, mas não chegou a advogar. Lecionou literatura no Liceu Paraibano até 1910. Transferindo-se então para o Rio de Janeiro, ensinou geografia na Escola Normal e no Ginásio Nacional (hoje Colégio Dom Pedro II). Em 1912 publicou “Eu”, seu único livro de poesias. Tratava-se de obra poética extremamente sofrida, de um pessimismo filosófico que explorava também temas e termos científicos. Versos íntimos e muito originais, têm sido considerados pela crítica um tipo particular de Simbolismo, precursor do Modernismo. Augusto dos Anjos já sofria de tuberculose quando foi nomeado promotor público, professor e diretor da Instrução Municipal de Leopoldina (MG), mas foi uma pneumonia que o matou.
Anselmo (Santo)
Bispo e teólogo inglês (Aosta, 1033 — Canterbury, 1109). Filho de um nobre lombardo, estudou no mosteiro de Saint-Marie du Bec- Hellowin (na Normandia), do qual veio a ser prior. De sua permanência nesse mosteiro resultaram suas mais importantes obras: “Monolo- gio”, “De Veritate”, “De Libero Arbitrio” e “Proslo- gium”. Após a conquista da Inglaterra pelos normandos, foi nomeado arcebispo de Canterbury por Guilherme Barbarroxa (1093). Anselmo relutou em aceitar a indicação, e seu desentendimento com o imperador atingiu o clímax quando ele quis ir a Roma para ser consagrado pelo Papa Urbano II (que Barbarroxa ainda não reconhecera). Recusado seu projeto, Anselmo preferiu abandonar a Inglaterra (1097). Três anos depois, com a morte de Guilherme, foi chamado de volta. Mas o novo rei, Henrique I, exigiu-lhe a consagração de bispos investidos pelo poder civil — Anselmo exilou-se de novo, e só retornou após acordos entre o Papa Pascoal II e Henrique I (1106). Sua obra é uma das melhores expressões da
chamada “teologia monástica” da Idade Média. Seguindo a tradição de Santo Agostinho, afirmou a primazia da fé sobre a inteligência, propondo porém uma junção das duas na identidade entre o amor e o conhecimento.
Antíoco III, o Grande
Rei da Síria (?, 242 a. C. — Elimais, 187 a.C). Ao suceder seu irmão Seleucos III, encontrou o Império Selêuci- da em grave situação: Atta- lus I de Pérgamo dominava a Ásia Menor e o Egito possuía a hegemonia marítima. Sua primeira tarefa foi reprimir os sátrapas, que nas províncias orientais declaravam- se independentes do império. Na Ásia Menor enfrentou a rebelião de Acaicos, sustentada pelo Egito; atacou-o, na tentativa de recuperar a Síria meridional, mas foi derrotado em Ráfia, perto de Gaza (217 a.C.). Voltando-se para. a Ásia ocidental, anexou a Armênia, a Pártia e a Bactriana. Após haver conquistado um vasto império continental, dominou o Egito e a Palestina e assegurou a supremacia marítima no Oriente, ocupando Éfeso e os rios dt> Helesponto. Vencido nas Termópilas e em Magnésia, quando invadiu a Grécia (dominada pelos romanos), teve de renunciar a suas conquistas anteriores. Essa derrota determinou a hegemonia romana no Mediterrâneo oriental.
Antístenes
Filósofo grego (Atenas, c. 444 a.C. —- id., c. 365 a.C.). Foi o fundador da escola cínica e mestre de Diógenes. Filho de um ateniense e de uma escrava trácia, não tinha o título nem os direitos de ci-
Andrada e Silva, José Bonifácio de — Antístenes
dadão de Atenas. Discípulo do sofista Górgias, estudou depois com Sócrates e foi adversário de Platão. Ensinou em um ginásio próximo às portas de Atenas, denominado Cinosárgio, de onde se originou a denominação de “cínica” dada a sua escola. Professava a doutrina do esforço associado à virtude, que ele colocava acima dos bens exteriores. Em sua escola comentavam-se principalmente as obras homéricas e os mitos helénicos, considerando-se Hércules o protótipo do sábio. De suas obras só restam fragmentos.
Antoine (André)
Ator, diretor e crítico teatral francês (Limoges, 1858— Le Pouliguen, 1943). Estudou no Conservatório de Paris e foi o responsável pela revolução verista, que determinou novos rumos para o teatro francês. Em 1887 fundou o Teatro Livre, para representações de câmara, com admissão reduzida a um número escolhido de espectadores. Exerceu considerável influência sobre a produção dramática de sua época. Em 1896, foi nomeado diretor do Teatro Odeon; em 1897 fundou o Teatro Antoine, que ajudou a tornar conhecidos do público autores como Ibsen, Strindberg, Hauptmann e outros. Nos últimos anos de sua vida dedicou-se à crítica teatral. Realizou a versão cinematográfica de “L ’Arlésienne”, de Alphonse Daudet.
Antonello da Messina
Pintor italiano (Messina, 1430— id., 1479). Suas obras da juventude mostram estreita relação com a pintura flamenga. Posteriormente .desenvolveu essa técnica de pintura a óleo dentro de um espírito tipicamente italiano. Estudou em Nápoles com o pintor Colantonio, cujo estilo representava a união dos elementos flamengo, provençal, espanhol e francês na pintura. Transferindo-se para a Toscana, assimilou os princípios formais da arte local e levou para Veneza o resultado de seu contato com essa escola, exercendo influência sobre toda uma geração de artistas venezianos. Antonello apresenta as duas principais tendências do “Quattrocento” : a precisão do detalhe, orginária da escola flamenga, e o sentido heróico da escola renascentista. Suas obras principais
são: “São Sebastião” (Pinacoteca de Dresden); “A Virgem da Anunciação” (Museu Nacional, Palermo); e “C rucificação” (Antuérpia).
Antonil (Giovanni Antonio Andreoni, dito André
João)Jesuíta italiano (Lucca, 1650— Bahia, 1716). Entrou para a Companhia de Jesus aos dezessete anos, viajando, por volta de 1667, para o Brasil, onde foi mestre de noviços, reitor do colégio de Salvador e provincial da Companhia. É conhecido por sua obra “Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas” (Lisboa, 1711). Nela descreve com minúcia e exatidão o plantio da cana e do tabaco, o fabrico de açúcar, a mineração e o gado, além de dar conselhos aos senhores de engenho sobre suas famílias, escravos, hóspedes, etc. Esse livro, embora autorizado pelas autoridades inferiores, teve sua edição recolhida por ordem do rei, por divulgar detalhadamente assuntos considerados de interesse direto da Coroa portuguesa.
AntQnino Pio (Titus Aurelius Fulvius)
Imperador romano (Lanu- vium, 86 — Lorium, perto de Roma, 161). Proveniente de uma família aristocrata de Nimes. herdou grande fortuna. Adotado por Adriano em 138, subiu ao trono logo depois, com pouco mais de cinqüenta anos de idade. Seu reinado assinalou o apogeu da “pax romana” ; embora tenha lutado contra os bárbaros, conseguiu assegurar a paz e a tranqüilidade no império. Na Inglaterra, protegeu as possessões romanas, construindo o “muro de Antoni- no”, entre Forth e Clyde. Internamente, foi o responsável por um renascimento religio
so. Estabilizou as finanças legando ao Estado sua enorme fortuna. Teve quatro filhos, mas foi seu genro, M arco Aurélio, quem o sucedeu.
Antônio de Pádua (Santo)
Missionário português (Lisboa, 1195 — Pádua, 1231). Realizou estudos religiosos em Coimbra até os 25 anos, quando entrou para a ordem dos franciscanos, sendo destacado para trabalhar entre os muçulmanos do Marrocos. Por problemas de saúde, teve de retornar à Europa. Tornou-se orador famoso, percorrendo durante nove anos a França e a Itália em pregação, e foi nomeado leitor de teologia em Bolonha. Em seus sermões, atacava o clero secular e a cupidez, o luxo e a tirania da sociedade. Em 1231, pressentindo sua morte, pediu para ser levado de volta ao Convento de Santa Maria, em Pádua, onde veio a falecer. Foi canonizado em 1232 pelo Papa Gregório IX.
Apeles
Pintor grego (Jônia, século IV a.C.). Foi um dos mais célebres artistas da Antiguidade, mas suas obras perderam-se. Filho de Pítias, foi discípulo de Pânfilo e Sicião. Indo para a Macedônia, tornou-se o pintor favorito e amigo de Alexandre, o Grande, acompanhando-o em sua expedição à Ásia. Morou também no Egito, na corte de Ptolomeu, regressando depois à Grécia. Era famoso por seus retratos e por suas alegorias, gênero em moda na época. Suas obras mais célebres foram: “Vênus Ana- diomena” e “Alexandre Empunhando um Raio”.
Apollinaire (Guillaume)
Poeta francês de origem italiana (Roma, 1880 — Paris, 1918). Foi batizado com o nome de Wilhelm Apollinaris Kostrowitzki. Era filho de uma aristocrata polonesa emigrada e, presume-se, do italiano Francesco Flugi d’As- permont. Em 1901 esteve na Alemanha, onde se apaixonou por Annie Playden, jovem inglesa, que lhe inspirou a famosa obra “Chanson du Mal-Aimé”. De volta a Paris, no ano seguinte, iniciou sua carreira literária colaborando em diversas revistas. Amigo de Picasso, foi um dos primeiros autores a escrever sobre este e outros pintores contemporâneos. Em 1908 conheceu Marie Laurencin, por quem também se apaixonou, tida como inspiradora de muitas de suas obras. Publicou seu primeiro livro em 1909: “L’Enchanteur Pouris- sant”, com uma tiragem de apenas 110 exemplares. Logo depois dirigiu a publicação de uma série de livros intitulada “Mestres do Amor”, para a qual escreveu um prefácio sobre o Marquês de Sade (que alcançou grande repercussão). Gravemente ferido na Primeira Guerra Mundial, foi salvo por uma trepanação (1916). Um dos precursores do Surrealismo, Apollinaire escreveu ainda: “Ombre de mon Amour” ; “Alcools”; “La Femme Assise” ; “Les Mamelles de Tirésias”. Casou-se com Jacqueline Kolb, colaborou em diversos jornais e morreu vítima da gripe espanhola.
Apolônio de Perga
Matemático grego da escola alexandrina (Perga, c. 261 a.C. — ?). Viveu em Alexan-
<fria, Éf.eso e Pérgamo. Sua obra principal foi o tratado n" s. SeÇções Cônicas”, composto de oito livros e incluindo títulos como “A Sec-c*o dn pRdaçâ,?” “A Secção do Espaço”, “A SecçãoDeterminada” “As Inclina-e “k Lu^ares Planos” f i V s Contatos”. Seu “Okv- tokw n determinou um sistema de numeração mais prá- tjco que o de Arquimedes. Escreveu também um trabalho sobre o parafuso ou a ™ S^ndrica. Sua variada produção tornou-se conhecida por comentários feitos por Pappus, Gemino e Ma- rinus de Neápolis. Do “Tra- Aad° Universal”, no qual Apolomo (chamado “O Grande Geômetra”) exami-m p n IC?mente 08 funda- mentos das matemáticas,existem fragmentos.
Appleton (Sir Edward Victor)
Físico inglês (Bradford, 1892— Edimburgo, 1965). Estudou na Universidade de Cambridge e, após servir na Primeira Guerra Mundial, retornou a universidade como membro do laboratório C avendish. Em 1924 foi desig- nado? para lecionar física no
S l eg •’ em Lon<ires. Ficou conhecido então por suas pesquisas sobre a pro- Pagaçao de ondas eletromag- neticas e sobre as características da ionosfera. Conseguiu medir sua altitude e descobriu nela uma segunda camada, conhecida a partir
j0nt a° pe^° n°m e de “camada Appleton” . Essa descoberta foi muito importante Para a transmissão das ondas de radio e para o desenvolvimento do radar. Em 1936 retornou a Cambridge como professor de filosofia natural, aceitando posteriormente o cargo de secretário do governo no Departamento de Pesquisa Científica e Industrial. Em 1947 recebeu o premio No bei de física. Em 1949 foi nomeado vice-chan-
da Universidade de Edimburgo, cargo que ocupou ate morrer.
Apuleio
Escritor latino (Madaura, atual Argélia, c. 125 — Car- tago c. 180). Estudou em Çartago e viveu em Roma e Atenas. Casado com uma viuva rica, foi acusado pelos parentes dessa de se haver utilizado de magia para con- quista-la. Defendeu-se através de uma célebre “Apoio-
gia”, que se conservou até hoje. Sua obra mais famosa é “Metamorphoseon Libri XI” (“Onze Livros de Metamorfoses”), mais conhecida como “O Asno de Ouro”, narrativas das aventuras burlescas e fantásticas de um homem que se vê transformado em asno. Posteriormente, autores como Boccaccio, Cervantes e Fielding fizeram adaptações livres desse trabalho. A primeira edição de suas obras foi feita em Roma no ano de 1469. Escreveu ainda: “Floridas” (fragmentos de discursos) e “De Deo Socratis”.
Antoine, André — Aquiles
Aquiles
Herói mitológico grego (teria vivido no século XII a.C.). É uma das figuras centrais da “Ilíada”, de Homero (seu nome é o primeiro a ser invocado, na abertura da epopéia). Filho do Rei Peleu, sua mãe, a nereida Tétis, banhou-o na lagoa Estígida, tornando-o assim invulnerável (exceto no calcanhar, por onde ela o segurava). Tendo o oráculo previsto sua morte na Guerra de Tróia, Tétis retirou-o da tutela do centauro Chiron, e ocultou-o (vestido de mulher) entre as filhas do Rei Licônides, de Squio. Para induzi-lo a lutar, Odisseus (Ulisses) disfarçou- se de comerciante e, oferecendo prendas femininas às jovens, colocou uma espada e ym escudo ao alcance de Aquiles. Ao notar as armas, o jovem reagiu e Ulisses colocou-o ante o dilema de “viver uma vida breve com glória ou uma vida longa sem brilho”. Aquiles escolheu a guerra e, acompanhado de seu amigo Pátroclos, seguiu para Tróia à frente de seus bravos. Mas retirou-se do combate quando Agamêmnon, seu aliado, roubou-lhe a escrava Briseida. Voltou, contudo, para vingar a morte de Pátroclos: liquidou Hei-
tor, o troiano que havia matado seu amigo, e arrastou- lhe o cadáver em redor de Tróia. No décimo ano da guerra, foi morto por Páris— ou Apoio com as feições de Páris — , com uma fle- chada no calcanhar.
Aragão (Fernando de)
Rei de Aragão, Sicília, N ápoles e Castela (Sos, Aragão, 1452 — Madrigalejo, Estremadura, 1516). Casou-se com a Infanta Isabel de Castela, casamento este que, fundindo dois reinos, possibilitou a unidade espanhola. Em 1474, Isabel tornou-se rainha de Castela, e Fernando, em 1479, rei de Aragão, embora os dois conservassem seus direitos pessoais sobre cada um dos reinos. Fernando tomou uma série de medidas para diminuir o poder da nobreza, fortalecendo a Coroa. Estendeu sua autoridade ao clero, obtendo o direito de apresentar candidatos para os altos postos eclesiásticos. Unindo as forças de Aragão às de Castela, realizou finalmente a “reconquista”, tomando Granada aos mouros em 1492, após o que o casal recebeu o título de “reis católicos” .
Arago (Dominique François Jean)
Físico, astrônomo e político francês (Estagel, Roussillon, 1786 — Paris, 1853). Membro da Academia de Ciências aos 23 anos. Tornou-se em 1830 diretor do Observatório Nacional. Em 1848 participou do governo provisório como ministro da Guerra e da Marinha, assinando o ato de abolição da escravatura nas colônias francesas. Após o golpe de 1851, recusando-se a seguir Napo- leão III, retirou-se da política. Prestou grandes serviços à física e à astronomia: adotou a teoria de ondulação da luz; descobriu a polarização colorida; completou os trabalhos de Oersted e Ampère sobre as relações entre magnetismo e eletricidade; e descobriu, em 1824, o magnetismo por rotação. Criou cursos de divulgação científica.
Aranha (Osvaldo)
Político brasileiro (Alegrete, RS, 1894 — Rio de Janeiro, GB, 1960). Bacharel pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, transferiu-se para Uruguaiana (RS), onde abriu um escritório de advocacia. Filiado ao Partido Republicano rio-grandense, comandou as forças governamentais na repressão da Revolução Federalista de 1923. Em 1928 foi convidado pelo então governador Getúlio Vargas para exercer o cargo de secretário do Interior e da Justiça do Rio Grande do Sul. Participou ativamente da conspiração que resultaria na revolução de 1930. Instalado o governo provisório da revolução, assumiu as pastas da Fazenda, do Interior e da Justiça. Em 1934 foi embaixador em Washington. Chefiou a delegação brasileira à
primeira sessão especial da Assembléia Geral da ONU (Nova York, 1947), tendo presidido esta na ocasião. Em 1944 deixou o governo, voltando em 1953 como ministro da Fazenda, cargo que ocupou até 1954.
Araribóia
Herói brasileiro (século XVI). Era chefe dos índios temi- minós (em cuja língua seu nome significa “Cobra Feroz”) quando da invasão francesa ao Rio de Janeiro. Aliando-se a Mem e Estácio de Sá, comandou seus guerreiros na luta contra o invasor e seus aliados tamoios. Por seu heroísmo, o rei português agraciou-o com o título de capitão-mor de sua aldeia (que se instalou na atual Niterói). Convertido ao catolicismo, Cobra Feroz foi batizado com o nome de Martim Afonso Araribóia, e recebeu o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo.
Araripe Júnior (Tristão de Alencar)
Romancista, ensaísta, político e jurista brasileiro (Fortaleza, CE, 1848 — Rio de Janeiro, 1911). Bacharelou-se em ciências sociais e jurídicas pela Faculdade de Direito do Recife. Antes de fixar- se no Rio, foi secretário da província de Santa Catarina, juiz municipal de Maran- guape e deputado provincial pelo Ceará. Paralelamente, colaborava em diversos jornais. Em 1881, já no Rio de Janeiro, fundou (com Sílvio Romero) e redigiu a revista “Lucros e Perdas”, além de trabalhar como oficial da Secretaria de Estado dos Negócios do Império. Em 1903, foi nomeado consultor geral da República. Sua numerosa produção — na qual salienta-se o romance — inclui contos, ensaios, monografias jurídicas e trabalhos de história. A qualidade de sua crítica é considerada inferior à do resto de sua obra. Deixou “Contos Brasileiros”(1868), “O Ninho do Beija- Flor” (1874), “O Reino Encantado” (1878), “Gregório de Matos” (1894), “Ibsen e o Espírito da Tragédia” (1911), “Pareceres do Consultor Geral” (1911), eiç. Membro da Academia Brasileira de Letras, como sócio fundador (cadeira n.° 16), integrou também o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Arcádio
Primeiro imperador romano do Oriente (Espanha, 377 — ?, 408). Filho mais velho do Imperador Teodósio. Com a divisão do Império Romano, coube a Arcádio o governo da parte oriental, que incluía Dácia, Macedonia, Trácia e Egito, e a seu irmão Honório o Império Romano do Ocidente. Imperador fraco, Arcádio deixou-se facilmente dominar por seu ministro Rufino. Depois da morte deste, passou a ser influenciado por Eutrópio. Após as dificuldades que tiveram de ser superadas para pôr fim às invasões bárbaras, Eutrópio foi afastado e condenado à morte. O poder passou então a ser exercido por Eudóxia, mulher de Arcádio, que procurou recuperar a autoridade imperial. Arcádio foi sucedido pelo filho, Teodósio II.
Arcos (Marcos de Noronha e Brito, oitavo conde dos)
Administrador português (Lisboa, 1771 — id., 1828). Foi enviado ao Brasil para ocupar o cargo de governador e capitão-geral do Estado do Grão-Pará e Rio Negro. Chamado ao Rio de Janeiro, substituiu o conde de Resende no cargo de vice-rei (1806/08). Com a chegada da família real ao Brasil, foi transferido para a Bahia como governador. Estabeleceu na província a primeira tipografia (e imprimiu o jornal “Idade de Ouro do Brasil”), criou a biblioteca pública e concluiu o cais da alfândega e o Teatro São João, além de instalar uma linha de correio para o M aranhão. Quando da revolução pernambucana de 1817, ajudou a submeter os rebeldes. Nomeado ministro da Marinha e Ultramar, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Com a volta de Dom João VI a Portugal, foi-lhe confiada a pasta do Reino e
dos Estrangeiros. Mas, logo após a independência, Dom Pedro demitiu-o e mandou-o para Portugal, por exigência da tropa, que não suportava o trato que ele lhe dispensava.
Aretino (Pietro)
Poeta, satírico e pornográfico italiano (Arezzo, 1492 — Veneza, 1556). Ainda rapaz, foi expulso de sua cidade natal por escrever um poema contra a política das indulgências. Retirou-se para Pe- rúsia, onde trabálhou como encadernador, e depois para Roma, a serviço do Papa Leão X e depois de Clemente VII. Escreveu em 1524 dezesseis “sonetti lussurio- si” (sonetos luxuriosos), compostos para os desenhos pornográficos de seu amigo Giulio Romano. O escândalo provocado pelos versos obrigou-o a deixar Roma e asi- lar-se em Veneza. Adquiriu então enorme popularidade com suas poesias satíricas e seus livros obscenos. Implacável em suas sátiras, era adulador quando lhe convinha, e muito vaidoso: presenteava com retratos seus e mandava gravar medalhas em sua honra. Escreveu ainda: “Pasquinate per il Conclave di Adriano V I”, “Ra- gionamenti”, poesias satíri- co-obscenas; “L’Ipocrito”, “II Filosofo”, “L’Orazia” , “II Marescalco” e “La Cor- tigiana”, peças de teatro. Deixou também biografias de santos, diálogos e paródias.
Arinos de Melo Franco (Afonso)
Escritor e jornalista brasileiro (Paracatu, MG, 1868 — Barcelona, 1916). Bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1889, retornou a Minas Gerais, fixando-se em Ouro Preto. Foi um dos fundadores da Faculdade de Direito dessa ci
dade, cabendo-lhe a cadeira de direito criminal. Colaborou várias vezes para a “Revista Brasileira” e para a “Revista do Brasil”. Em 1896 viajou para a Europa; de volta, foi convidado a assumir a direção do jornal “O Comércio de São Paulo”. Em 1898 publicou seu primeiro livro: “Pelo Sertão”, obra hoje considerada precursora de “Os Sertões” de Euclides da Cunha. Transferindo se para a Europa, fundou um escritório de informações sobre o Brasil, fazendo conferências, escrevendo na imprensa a respeito. Sua obra literária influenciou diretamente o nascente regionalismo brasileiro. Em dezembro de 1901 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Todos os seus livros foram publicados postumamente: “Lendas e Tradições Brasileiras”(1917), “Histórias e Paisagens” (1921) e “O C ontratador de Diamantes” (teatro, 1917).
Ariosto (Ludovico)
Poeta italiano (Reggio Emi- lia, 1474 — Ferrara, 1533). Filho de um membro do tribunal de Ferrara, fez o curso de direito, mas abandonou a carreira para dedicar- se à poesia. Estudou os poetas latinos e a composição de seus versos. Foi protegido do nobre Hipólito d’Este e, posteriormente, de Afonso cTEste. Em 1522 foi nomeado governador de uma província. Sua obra é abundante: “Poesias Líricas Latinas” (1493/1503), “Sátiras”, peças de teatro, etc. Seu trabalho mais conhecido é o poema “Orlando Furioso”, que seria a continuação de uma obra anterior de Boiar- do intitulada “Orlando Enamorado”. O poema, composto de 46 cantos, alcançou grande sucesso quando de sua publicação. Nele Ariosto ridiculariza a nobreza feudal em decadência, ao mesmo tempo que prenuncia o novo homem da Renascença. Além de seu aspecto social, a obra consegue unir um enredo fantástico a uma versificação harmoniosa. “Orlando Furioso” foi traduzido em quase todas as línguas e no próprio século XVI foram feitas mais de sessenta edições do poema. Escreveu ainda “O Necromante”, “Os Supostos” e “Rinaldo Ousado” (poema inacabado).
Aragão, Fernando de -— Ariosto, Ludovico
Aristarco
Astrônomo grego (Samos, c. 310 a.C. —?, 230 a.C.). Foio primeiro cientista a afirmar que a Terra gira em torno do Sol, tendo sido por isso acusado por Cleanto, o Estóico, de impiedade. “Sobre os Tamanhos e Distâncias entre o Sol e a Lua” (na qual calculou essas dimensões através da geometria) é sua única obra conhecida. Sua teoria heliocêntrica não aparece nesse trabalho; ela é conhecida através de uma referência de Arquimedes, no seu “Arenarius” .
AristipoFilósofo grego (Cirene, c. 435 a.C. —?, 356 a.C.). Amigo e discípulo de Sócrates, foi o fundador da escola hedonística cirenaica. Ganhava a vida lecionando e escrevendo na corte de Sira- cusa. Conhecem-se seus trabalhos originais (todos perdidos) através de comentários de outros autores sobre sua filosofia e suas hipóteses científicas. Como Sócrates, Aristipo interessou-se quase exclusivamente pela ética prática, cujo obietivo ele acreditava ser o gozo de todo prazer imediato. Defendia, porém, um controle racional sobre o prazer, para evitar a dependência.
Aristófanes
V. Aristófanes, Enciclopédia Abril (vol. I).
Aristóteles
V. Aristóteles, Enciclopédia Abril (vol. 1).
Armstrong (Louis Daniel)
Pistonista, chefe de orquestra e cantor norte-americano (Nova Orleans, 1900 — Nova York, 1971). Sua carreira musical, até 1930, se confunde com a própria história <ío jazz. Começou a tocar profissionalmente com a “jazz band” de Kid Ory(1918). Quatro anos mais tarde integraria a Creole Band de King Oliver, em Chicago, com ela gravando, em 1923, seus primeiros discos. Reconhecido nessa época como um dos maiores pistonistas de jazz em seu país, ganhou o apelido de “Satchmo” (abreviação de “Satchelmouth”, boca de sacola). Em 1924 tocou nos
conjuntos de Ollie Powers e Clarence Jones, entre outros, formando, em seguida, seu próprio grupo — o H ot Five, com o qual realizou gravações históricas, que m arcam a transição do jazz ortodoxo de Nova Orleans para outro, que acentuava mais os solos. Em 1932 excursionou pela primeira vez à Europa, impressionando com o estilo “scat singing” que havia introduzido em suas interpretações. Participou de inúmeros filmes, um dos quais, “O Grande Satchmo” (1957), de caráter semibiográfico. Deixou dezenas de gravações nas principais marcas americanas, sendo de destaque: “Heebie Jebies” (com a qual inaugurou o “scat singing”), “Squeeze Me”, “Shine”, “I Can’t Give You Anything But Love”, “Beale Street Blues” e “Yellow Dog Blues”.
Arnim (Ludwig Joachim, dito Achim von)
Poeta e novelista alemão (Berlim, 1781 — Wiepers- dorf, 1831). Nascido de uma família nobre de Branden- burgo, estudou matemática, física e química em Halle e Gõttingen. Entrou em contato com o grupo romântico de Heidelberg, onde conheceu Brentano, de quem se tornou amigo e depois cunhado. Com ele percorreu toda a Alemanha, recolhendo canções populares, tendo ele próprio composto algumas que reuniu depois sob o título de “Des Kna- ben W underhorn” (“A Cor- nucópia do Menino”, . . . 1806/08), obra que pode ser considerada um verdadeiro manifesto do Romantismo alemão. Autor de poesias, romances, dramas e novelas, sua única obra a ficar para a posteridade foi a antologia de poesia popular alemã compilada com o amigo
Brentano. Escreveu ainda: “Die Gräfin Dolores” (“A Condessa Dolores”, 1810), “Isabella von Aegypten”(“ Isabel do Egito”, 1812). “Die Kronenwächter” (“Os Guardiões da Coroa”, 1817) e outras. Suas “Obras Completas” foram publicadas postumamente, em 1844.
Arnold (Matthew)
Poeta, crítico literário, ensaísta e educador inglês (La- leham, 1822 — Liverpool, 1888). Estudou em Oxford, obtendo sólida formação clássica e humanista. Em 1851 aceitou o cargo de inspetor de escolas, que lhe permitiu inúmeras viagens pela Europa. Publicou sua primeira obra, “Strayed Reveller, and other Poems” (“Libertino Errante e outros Poemas”), seguida de “Empedocles upon Etna, and other Poems” (“Empédocles em Etna e outros Poemas”), em 1852. De suas obras em prosa (posteriores a 1860), as mais importantes são os “Essays in Criticism” (“Ensaios C ríticos”, 1865/88) e “Culture and Anarchy” (“Cultura e Anarquia”, 1869), nas quais espera da arte “alta seriedade” e “crítica da vida”, opondo ao moralismo vitoriano da época os valores estéticos.
Arp (Hans ou Jean)
Escultor, pintor e poeta alemão (Estrasburgo, Alsácia, 1887 — Locarno, 1966). A forma dupla de seu prenome (em alemão e francês) deve- se a ter nascido durante a época em que a região francesa da Alsácia esteve cedida à Alemanha (1871/1919). Com dezoito anos publicou seus primeiros poemas, ao mesmo tempo que iniciava sua carreira de pintor. Em 1914 expôs no primeiro salão de outono organizado em Berlim pela revista “Der Sturm”. Em Paris, pouco tempo depois, conheceu Max Jacob, Picasso, Modigliani e Delaunay. Transferiu-se depois para a Suíça, onde foi um dos criadores do movimento dadaísta (1916). Em 1926 uniu-se ao grupo do Surrealismo, e em 1931, aos abstracionistas: sempre esteve ligado aos movimentos de renovação da arte européia. Autor de diversas obras em edifícios públicos, deixou esculturas na Cidade Universitária de Caracas (1953), no Palácio da UNESCO em Pa-
ris (1957), na Escola Técnica de Brunswick (1960) e na Universidade de Bonn (1961).
Arquimedes
V. Arquimedes, Enciclopédia Abril (vol. 1).
Arquitas de Tarento
Sábio grego (Tarento, c. 440 a.C. — costa da Apúlia, 360 a.C.). Eleito estratego pelos tarentinos por sete vezes consecutivas, distinguiu-se por sua capacidade como administrador. Discípulo de Filo- lau, foi também um dos primeiros pitagóricos. Aplicou a matemática às coisas mecânicas, sendo considerado o fundador da mecânica científica. Foi o primeiro a utilizar o cubo em geometria. Amigo de Platão, é provável que tenha influenciado seu pensamento. Espírito universal, dedicou-se também à astronomia, música, moral e política. Arquitas de Tarento foi o primeiro a restringir as matemáticas exclusivamente às disciplinas técnicas como geometria, aritmética, astronomia e acústica. M orreu em um naufrágio.
Arrhenius (Svante August)
Químico e físico sueco (Wyjk, perto de Upsala, 1859— Estocolmo, 1927). Estudou na Universidade de Upsala, doutorando-se em 1884 com uma tese sobre condução galvânica em eletrólitos. Esse trabalho, pelo qual receberia o prêmio Nobel em 1903, quase lhe custou o doutoramento: recebeu por ele a nota mínima necessária para aprovação. A tese dividia-se em duas partes: uma tratava da determinação experimental da condutibilidade elétrica em soluções diluídas, e a segunda comentava a teoria da condutibilidade eletrolítica. Arrhenius conseguiu provar que existe relação entre a “força” de um ácido e sua condutibilida
de elétrica em solução; que a condutibilidade aumenta com a diluição; e ainda que as leis de condutibilidade das soluções diluídas são mais simples que as das soluções concentradas. Descobriu que certas substâncias, quando em solução, estão divididas não em moléculas, mas em átomos que se reagrupam tão logo a água se evapora da solução. Esse fenômeno tornou-se conhecido como “dissociação iônica”. Arrhenius deu também importante contribuição à fisiologia, com seus trabalhos sobre imuno- logia. Publicou numerosos escritos sobre ciência e vários livros de popularização de conhecimentos. Em 1895 foi nomeado professor e posteriormente reitor da Universidade de Estocolmo; em 1902 foi convidado para a cátedra de química da Academia de Berlim. Ocupou também a direção da Academia de Ciências da Suécia.
Artaud (Antonin)
Poeta e dramaturgo francês (Marselha, 1896 — lvry-so- bre-o-Sena, 1948). Desde os dezesseis anos de idade sofreu perturbações mentais, precisando viver temporadas recluso em casas de saúde. Durante a Primeira Guerra Mundial estêve em uma clínica da Suíça. Em 1920 estabeleceu-se em Paris, colaborando em várias revistas do movimento surrealista, tendo sido secretário de “De- main” e colaborador da “Ré- volution Surrealiste”, onde se tornou amigo de André Bre- ton. Em 1926 fundou o Teatro Alfred Jarry, no qual foram representadas obras de vanguarda. O fracasso desse empreendimento levou-o a transferir-se para o México, onde viveu durante vários meses entre os índios tarahu- maras. Retornando a Paris, novos ataques de loucura levaram-no a ser recolhido em diversos manicômios. Artaud propôs uma nova concepção
de teatro, segundo a qual o espetáculo dramático devia retomar seu verdadeiro sentido, que seria o de função sagrada e ritualística, visando a uma comunhão entre o palco e os espectadores. Suas obras incluem “Le Théâtre et son Double”, “Pour en Finir avec le Jugement de Dieu”, “Voyage au Pays des Tarahumaras”, “Van Gogh, le Suicidé de la Société” e “Lettres de Rodez”.
Artaxerxes I
Rei da Pérsia, da dinastia dos Arquemênidás. Filho de Xer- xes I, subiu ao trono em 465 a.C., reinando até 424 a.C. Após matar em duelo o comandante da guarda Arta- bano, assassino de seu pai, tomou o título de “rei dos reis” e foi fundador da nova dinastia real dos Sassâ- nidas. Estendeu seu império do Eufrates ao Afeganistão, do Cáucaso ao golfo Pérsico.
Artaxerxes IIRei da Pérsia, filho de DarioII. Em 401 a.C. venceu, em Unaxa, a revolta chefiada por seu irmão Ciro, que pretendia subir ao trono. Seu reinado foi perturbado por motins e tentativas de tomada do poder, mas Artaxerxes II conseguiu manter a unidade de seu império, conservando a Pérsia como primeira potência. Foi sucedido por seu filho Artaxerxes. III.
Artaxerxes IIIRei da Pérsia, filho de Artaxerxes II, a quem substituiu no trono. Conseguiu reconquistar o Egito (343 a.C.), depois de sangrentas batalhas. Durante seu reinado, a Pérsia manteve o lugar de primeira potência mundial. Entretanto, este rei criou muitos inimigos e passou à história como déspota cruel. Morreu assassinado por um escravo egípcio de nome Ba- goas.
Artigas (José Gervasio)
Militar e político uruguaio (Montevidéu, 1764 ou 1774— Assunção, 1850). Estudou no convento de São Francisco, sendo depois mandado pelo pai para o interior. Assim, passou a juventude entre gaúchos, tropeiros e índios. Dedicou-se ao comércio (couro e gado), percorrendo todo o Uruguai e tornando- se popular. Em 1797, ingres-
Aristarco — Artigas, José Gervasio
Isou no Regimento de Lancei- ros como tenente e, durante a guerra hispano-portuguesa, combateu os ingleses (aliados de Portugal) no Prata. Nessa época iniciou-se o movimento de libertação das colônias espanholas e Artigas juntou-se aos insurretos, sendo nomeado tenente-coronel pela junta de Buenos Aires. Em 1811 ele venceu os espanhóis em San José, forçando- os a retirar-se para Montevidéu. Logo em seguida derrotou outros soldados da metrópole em Las Piedras, sitiando a cidade. Mas divergências com o governo de Buenos Aires levaram-no a retirar-se, com suas tropas, da Argentina (proclamando, nessa ocasião, a independência do Uruguai). Enfrentou então os argentinos, forçando-os a reconhecer a autonomia de seu país. Contudo, o Congresso de Tucumán manifestou-se, posteriormente, pela anexação do Uruguai à Argentina; assim, Artigas viu-se de novo em guerra (tendo de enfrentar também o exército luso-brasileiro que invadira a Banda Oriental). Vencido em 1817 na batalha de Catalán, resistiu durante mais três anos, através da luta de guerrilhas. Quando percebeu que a derrota era inevitável, asilou-se definitivamente no Paraguai.
Asclepíades de Bitínia
Médico grego (Bitínia, 124 a.C. —?, 40 a.C.). Estudou em Alexandria, grande centro científico da época. Segundo sua teoria sobre o funcionamento do organismo, o corpo humano é sustentado por pequenas massas, as moléculas, formadas por um conjunto de partículas. Entre essas partículas existiriam os átomos, que se movimentariam por canais e poros. À movimentação correta dos átomos corresponderia o bem-estar: qualquer doença
seria causada por alterações nesse movimento. Rival de Hipocrates, criticou-o por sua atitude teorizante, ressaltando a importância da cura. Acreditava que a própria natureza encarregava-se de restabelecer a normalidade dos movimentos dos átomos.
Ascoli (Graziadio Isaia)
Lingüista italiano (Gorizia,1829 — Milão, 1907). Autodidata, dedicou-se desde jovem a estudos de lingüística oriental. Em 1861 recebeu em Milão a cátedra de lingüística e línguas orientais, criada especialmente para ele. Posteriormente limitou seus estudos às línguas indo- européias e neolatinas, sendo esse o período mais fecundo de sua produção científica; nessa época publicou “Fonologia Comparada do Sânscrito, do Grego e do Latim” (1870); “Cursos de Glotologia” (1870); e “Estudos Críticos” (1877). Em 1873 fundou a revista “A rquivo Glotológico Italiano”. Considerado um dos fundadores da lingüística como ciência moderna, enunciou a teoria segundo a qual uma língua imposta por um povo a outro sofrerá alterações que aparecerão na língua dominante.
Asdrúbal, o Belo
General cartaginês (?, c. 270 a.C. — ?, 221 a.C.). Em 229 a.C. foi designado para assumir o governo da Espanha e o comando do exército cartaginês nesse país. Fundou, então, Cartagena, ao mesmo tempo que procurava consolidar a conquista do território. Outras colônias, sentindo-se sem forças para resistir a Cartago, pediram o auxílio de Roma, que enviou um embaixador com a missão de propor um tratado a Asdrúbal. Assim, Cartago comprometeu-se a não ultrapassar o rio Ebro, bem como a respeitar a independência de outras cidades gregas.
Assis Brasil (Joaquim Francisco de)
Político e historiador brasileiro (São Gabriel, RS, 1857— Pinheiro Machado, SE, 1938). Iniciou sua carreira política como deputado provincial (1884/88). Ministro plenipotenciário em 1898, negociou as bases do tratado de limites com a Bolívia.
Candidato ao governo do Rio Grande do Sul contra Borges de Medeiros, o não reconhecimento de sua candidatura foi uma das causas do movimento revolucionário de 1923. Foi ministro da Agricultura em 1930 e duas vezes embaixador em Buenos Aires.
Assurbanípal
Rei da Assíria (século VII a.C.). Filho mais moço de Assardão, recebeu a Coroa assíria, enquanto a seu irmão mais velho coube o trono babilônio — o que gerou perigosa rivalidade entre os dois. Grande conquistador e chefe militar, retomou a conquista do Egito, dominando o Delta, Mênfis e Tebas. Após uma tentativa de sublevação no Egito, enviou novas tropas, obrigando o Faraó Tanutamon a refugiar- se na Etiópia; Tebas foi então retomada e destruída (663 a.C.). Devido à extensão do império assírio, Assurbanípal viu-se obrigado a lutar em várias fronteiras ao mesmo tempo e contra revoltas nos próprios domínios do império: a noroeste enfrentava os povos aliados à Lídia; ao norte combatia os persas; e ao sul, os caldeus. Em 648 teve de enfrentar a rebelião de seu irmão. O reinado de Assurbanípal marcou o apogeu da Assíria, no domínio militar, político e cultural (durante seu período foi criada a biblioteca de Nínive, com seus 20 000 tijolos recobertos de escrita cuneiforme). Mas era também um homem de requintada crueldade, que se comprazia em alardear as medidas drásticas com que torturava os inimigos e rebeldes. Nos últimos anos de seu reinado, o império já estava em decadência; o Egito foi perdido definitivamente, enquanto os medos, citas e caldeus redobravam seus ataques.
Aston (Francis William)
Físico inglês (Birmingham. 1877 — Cambridge, 1945) Estudou nas universidades de Birmingham e Cambridge onde foi docente até 1920. Assistente de J.J. Thompson colaborou com ele na determinação das massas dos íons positivos; em 1912 conseguiu a primeira separação parcial de isótopos de néon. Cinco anos depois construiu um novo tipo de aparelho de raios positivos, que denominou espectrógrafo de massas, conseguindo com eie importantes descobertas sobre o peso atômico dos isótopos. Expôs suas conclusões no livro “Isótopos”, publicado em 1922. Nesse mesmo ano recebeu o prêmio Nobel de química. Foi membro honorário da Academia de Ciências da União Soviética e da Accademia dei Lincei.
Astúrias (Miguel Ángel)
V. Astúrias, Miguel Ángel,Enciclopédia Abril (Vol. I).
Ataíde (Manuel da Costa)
Pintor brasileiro (Mariana, MG, 1762 — id., 1873). Fi- lho do Capitão Luís da Costa Ataíde, foi encaminhado para a carreira militar. Em 1797 foi promovido a cabo e em 1799 a alferes. Ao que tudo indica, começou a aprender pintura com o pai Seu primeiro trabalho foi um pequeno detalhe do Santuário de Bom Jesus de Ma- tozinhos, em Congonhas do Campo (1781). É quase certo que tenha conhecido Aleija- dinho, trabalhando juntos em várias obras. Em sua pintura utilizou temas religiosos, extraídos da Bíblia e de missais da época, embora adaptasse as figuras imprimindo- lhes um cunho brasileiro na caracterização dos tipos. Sua obra mais importante é a pintura do teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto: uma alegoria da Virgem dos Anjos ou da Assunção, na qual utilizou-se do ilusionismo decorativo que deu à pintüra uma aparência grandiosa. Faleceu em fevereiro de 1837 e está enterrado na Igreja de São Francisco, em Mariana.
Ataualpa
Último soberano inca (?, c. 1502 — ?,* 1533). Recebeu o reino de Quito que cabia a seu irmão Huascar, levando o país à guerra civil. Nessa
época chegavam à América os conquistadores espanhóis chefiados por Pizarro. Este pediu .uma entrevista com o soberano inca e, no dia 16 de novembro de 1532, Ataualpa entrava na praça de Cajamarca, acompanhado de cerca de 2 000 súditos desarmados. O padre Vicente de Valverde dirigiu-se então ao imperador e, após expor de maneira breve e dogmática os princípios da fé cristã, exigiu que ele se convertesse e aceitasse Carlos V como senhor. Diante da recusa do inca, soldados espanhóis exterminaram centenas de indígenas, aprisionando Ataualpa. Este concordou em pagar um resgate considerável por sua liberdade. Pizarro tomou o resgate e, após Ataualpa ter sido batizado, mandou que o enforcassem.
Átila
Rei dos hunos (? — ? 453). Vindos da Ásia central pelo sul da Rússia os hunos, chefiados por Átila, tinham o centro de seu território ao lado do Danúbio, na Panô- nia. Provocando em seus adversários um terror supersticioso, que lhe valeu o cognome de “flagelo de Deus”, Átila ameaçou o Império do Oriente, impondo um tributo a Teodósio II. Invadiu os Balcãs, arrasou a Ilíria, a Macedônia e a Trá- cia Voltando-se para o ocidente, transpôs o Reno, invadiu a Gália e sitiou Orleans. Levantou o cerco devido à ação de Aécio e Teodorico. Repelido da Gália, invadiu em 452 o norte da Itália, saqueando diversas cidades como: Aquiléia, Verona, Bergamum e outras. Acampados em Mântua, os hunos ameaçavam invadir o resto do país, quando Átila retirou-se (após conversações com o Papa Leão I). Retornou à Panônia, onde morreu subitamente, talvez devido a uma crise de apoplexia.
Auber (Daniel François Esprit)
Compositor francês (Caen, 1782 — Paris, 1871). Discípulo de Cherubini, começou compondo pequenas peças vocais e música instrumental. A partir de 1805 teve sua atenção voltada para a ópera, começando com “L’E rreur d’un Moment” (“O Erro de um Momento”), que não seria encenada. Mas em 1813 obteve grande sucesso com “Le Séjour Militaire” (“A Estada Militar”), iniciando com essa ópera um ciclo triunfal de ostras quarenta, que o tornariam um dos maiores autores franceses de seu tempo. Em 1828 compôs “La Muette de Portici” (“A Muda de Portici”), também conhecida por “Masa- niello”, na qual, pela primeira vez, em ópera, um dos papéis principais era confiado a uma bailarina. De sua vasta obra restaram, em nosso tempo, as ouvertures e algumas árias, sendo de destaque: “Fra Diavolo” (1830), “Le Cheval de Bronze” (1857), “Manon Lescaut” (1856) e “Rêve d’Amour”(1869). Indicado em 1842 para suceder Cherubini como diretor do Conservatório de Paris, manteve-se nesse posto até sua morte.
Aubigné (Théodore Agrippa d’)
Poeta e escritor francës (.sain^- Maury, 1552 — Genebra, 1630). Calvinista radical, dedicou toda sua vida às guerras pela religião. Integrou os exércitos de Condé, dos reis de Navarra e de HenriqueIV. Este nomeou-o governador de Maillezais. Em 1620 Aubigné publicou sua “História Universal de 1550 a 1661”, obra que o indispôs com o Parlamento, obrigando-o a refugiar-se em Genebra. Escreveu ainda “Les Tragiques” e “Les Aventures du Baron de Foeneste”. Em toda sua obra, defende princípios religiosos.
Asclepíades de Bitínia — Aubigné, Théodore Agrippa d’
Audiberti (Jacques)
Escritor francês (Antibes, 1900 — Paris, 1965). Dedicou-se desde jovem ao jornalismo, chamando a atenção da crítica com seus poemas publicados em revistas de vanguarda. Sua primeira obra a alcançar repercussão foi “Race des Hommes” (“Raça dos Homens”, 1933). Seguiram-se “Abraxas” (1938), “Carnage” (“Carnificina”,1942), “Le Retour du Divin” (“O Retorno do Divino”,1943), “La Bête Noire” (“A Besta Negra”, 1948), etc. Seu estilo, antes de apresentar força, narrativa, ou originalidade de expressão, caracteriza-se pela extravagância e riqueza do vocabulário.
Audubon (John James)
Ornitologista norte-americano (Haiti, 1785 — Nova York, 1851). Educado em Paris, onde estudou desenho com Da- vid, estabeleceu-se depois nos Estados Unidos, indo morar numa propriedade de seu pai, próxima a Filadélfia. Começou a interessar-se por pássaros, desde então, usando de seus próprios métodos de observação e desprezando os científicos. Seus desenhos “Pássaros da América” foram publicados em Londres (1827), despertando enorme curiosidade. Mais tarde, em Edimburgo, começou a escrever sua “Biografia Ornitológica”, na qual explicava a coleção de desenhos que tanto chamara a atenção. Fixando-se em Nova York, começou a preparar um novo trabalho: “Quadrúpedes Viví- paros da América do N orte”, em colaboração com o reverendo John Bachman. Faleceu, porém, antes de terminar essa obra. Seu filho publicaria, em 1853, os quadros em cores que ele havia desenhado para esse trabalho inacabado.
Auenbrugger (Leopold)
Médico austríaco (Graz, 1722— Viena, 1809). Estudou medicina em Viena, onde trabalhou posteriormente como encarregado do Hospital Militar Espanhol e do Hospital da Santíssima Trindade. Em 1761 publicou o trabalho “Nova Invenção para a Descoberta de Doenças Torácicas Obscuras A través de Percussão do Peito”. Esse seu novo método, a percussão, embora mostrasse
sér bastante eficiente, não foi adotado imediatamente, mas só após sua morte, introduzido pelo médico Piorry.
Augier (Guillaume Émile)
Dramaturgo francês (Valence, 1820 — Paris, 1889). Quando jovem, exerceu durante algum tempo a advocacia, dedicando-se depois inteiramente ao teatro. Em1844, teve seu primeiro sucesso com a apresentação da peça “La Cigue” 0 ‘A Cicuta”), comédia de costumes, em versos. Em 1854 escreveu “Le Gendre de * Monsieur Poirier” (“O Genro do Senhor Poirier”), peça em prosa que também obteve grande êxito, seguida, um ano- depois, por “Mariage d’Olympe” e por “Ceinture Dorée” (“Cintura Dourada”). Retomou o gênero da comédia de costumes, escrevendo entre outras “Maître Guérin” (“Mestre Guérin”, 1865), e comédias sociais, das quais as mais conhecidas são: “Les Effrontés” (“Os Imprudentes”, 1861) e “Le Fils de Giboyer” (“O Filho de Giboyer”, 1862). Membro da Academia Francesa (1857).
Augusto (Caio Júlio César Otaviano)
Imperador romano (Roma, 63 a.C. — Nola, 14 d.C.). Tinha dezenove anos quando morreu Caio Júlio César, seu tio-avô e pai adotivo. Combateu Antônio, que aspirava à sucessão, formando depois com ele e Lépido o Segundo Triunvirato (43 a.C.). Dividiram então o império, cabendo a Antônio o Oriente e a Augusto o Ocidente (Lépido, a quem inicialmente coube a Espanha e depois a Gália, teria que contentar-se, mais tarde, com o título de grande pontífice). Antônio, instalado no Egito, casou-se com Cleópatra e planejava instaurar sua monarquia em Roma. Em 31 a.C. defrontou-se com Augusto, e foi derrotado na batalha de Áccio. Assumindo todos os poderes, Augusto instituiu o principado: tornou-se o chefe único, recebendo os títulos de “impera- tor” e “augustus”, que passariam a seus sucessores, tornando-os, como a ele, sagrados. Externamente, conseguiu a pacificação da Espanha e dos Alpes e anexou a Galícia e a Judéia. Impôs a todo o mundo então conhecido a “pax romana”. Embelezou Roma e protegeu as artes e os artistas (como Virgílio, Ovídio, Lívio e Horá- cio). Não tendo um filho que o sucedesse, adotou Ti- bério, filho de sua segunda mulher, Lívia.
Aureliano
Imperador romano (Ilíria, c.212 — Trácia, 275). Aclamado imperador pelo Exército, em 270, procurou reconstituir o império, em anarquia desde a morte de Alexandre Severo. Lutou contra os povos bárbaros, restabeleceu a unidade imperial, submeteu algumas regiões que pretendiam a independência, especialmente na Bretanha, Gália, Espanha, Egito, Síria e Me- sopotâmia. Internamente, reformou a administração, e cuidou especialmente de Roma, cercando a cidade com a nova muralha. Realizou importante reforma religiosa,, estabelecendo o culto mono- teísta ao Sol, divindade suprema de quem o imperador seria uma emanação; foi o primeiro imperador ocidental a atribuir-se a qualificação de representante de um deus.
Austen (Jane)
Escritora inglesa (Hampshire, 1775 — Winchester, 1817).
Desde a infância, divertia a família com pequenas peças e escritos. Em 1800 transferiram-se para a cidade de Bath, onde seu pai faleceu cinco anos depois. Jane mudou-se então com a família para Southampton, e depois para Chawton, onde permaneceu até 1817 (nesse ano ela morreu na cidade de Winchester, para onde tinha sido levada para se tratar). Seu trabalho mais conhecido é a novela “Pride and Prejudice” (“Orgulho e Preconceito”), publicada em 1813 — dois anos após “Sense and Sensibility” (“Senso e Sensibilidade”). “Mansfield Park” (1814) e “Emma” (1816) são suas melhores obras. O talento de Jane demorou a ser reconhecido, mas hoje seu nome inclui-se entre os clássicos da literatura inglesa. Escreveu ainda “Persuasion” (“Persuasão”) e “iNorthanger Abbey” (“Abadia de Northanger”), ambos publicados em 1818.
Austin (John Langshaw)
Filósofo inglês (1911 — 1960). Estudou em Oxford, onde foi professor a partir de 1952. Durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou para o Serviço de Inteligência inglês. Especializou-se na filosofia de Leibniz e na filosofia grega (especialmente a de Aristóteles). Austin preocupou-se com a elucidação das formas e conceitos da linguagem corrente como o primeiro passo em qualquer investigação filosófica. Depois passou a considerar esse estudo suficientemente interessante e válido, de forma que acabou por limitar-se a ele. Austin achou que entre os vários modos possíveis de se dizer uma mesma coisa, o modo escolhido está relacionado com o sentido dessa coisa: a partir daí, designou o que é dito como coisas “consta- tativas” ou “performativas”, elaborando essa classificação em sua teoria da “força elo- cucionária”, após perceber que jamais uma coisa dita é exclusivamente indicativa. Escreveu: “Sense and Sensi- bilia” (“Senso e Sensibilidade”), “How To Do Things with W ords” (“Como Fazer Coisas com Palavras”),ambos publicados postumamente, em 1962.
Avenarius (Richard)
Filósofo alemão (Paris, 1843— Zurique, 1896). Formado
em Leipzig, foi indicado em1877 para lecionar filosofia em Zurique, onde permaneceu até sua morte. Avenarius foi o fundador do criticismo empírico, teoria segundo a qual a tarefa do filósofo é desenvolver um “conceito natural do mundo” baseado na “experiência pura”. Para conseguir isso, seria necessário restringir o pensamento aos dados fornecidos exclusivamente pela percepção, eliminando do ato de conhecimento qualquer fator metafísico. Para evitar essa deformação do real, seria necessário situar-se no terreno da experiência pura. Avenarius chegou à solução desse problema através de uma análise crítica da experiência e de um enfoque biológico do conhecimento humano. Segundo esse ponto de vista biológico, todo processo de conhecimento é uma função vital e somente assim pode ser entendido. Interessou-se pela relação de dependência entre os indivíduos e seu meio ambiente, descrevendo-a através de uma teoria original. Escreveu: “Filosofia com o Pensamento do Mundo de Acordo com o Princípio da Menor Quantidade de Energia” (1876); “Crítica da Experiência Pura” (1890).
Averróis
V. Árabe, Filosofia, Enciclopédia Abril (vol. 1).
Avicena
V. Árabe, Filosofia, Enciclopédia Abril (vol. I).
Ávila Camacho (Manuel)
Militar e político mexicano (Teziutlán, Puebla, 1897 — Cidade do México, 1955). Ainda jovem, entrou para o Exército; aos dezessete anos era suboficial de cavalaria. Em 1914 lutou na revolução mexicana, atingindo o posto de general, após distinguir-se na defesa de Morélia contra as forças sublevadas de Adolfo de la Huerta. Na década de 30 ocupou vários postos governamentais, tendo sido nomeado pelo Presidente Cárdenas secretário da Defesa Nacional. Apoiado por Cárdenas, elegeu-se presidente em 1940. Adotou uma política de pacificação, estreitou relações com os Estados Unidos, incentivou a industrialização e reformou a legislação social.
Avogadro (Amedeo)
Físico italiano (Turim, 1776— id., 1856). Foi nomeado professor do Colégio Real de Vercelli; de 1820 a 1822 regeu a cátedra de física matemática na Universidade de Turim. Avogadro foi o fundador da teoria atômica e molecular, cuja base até hoje é a mesma. A obra que expõe essa teoria foi publicada em 1811 sob o título de “Ensaio sobre um Modo de Determinar a Massa Relativa de Moléculas Elementares dos Corpos e a Proporção Segundo a qual Esses Entram nessas Combinações”. Nesse trabalho está o princípio de Avogadro segundo o qual “volumes iguais de gases diferentes, sob as mesmas condições de temperatura e pressão, contêm o mesmo número de moléculas”. Essa lei, quando formulada, não teve sua importância percebida — só foi reconhecida e difundida em 1860. Ocupou-se ainda do calor específico dos gases, de eletroquímica e de problemas da físico-química.
Ayala y Herrera (Adelardo Lopez de)
Escritor e político espanhol (Guadalcanal, 1828 — M adri, 1879). Era muito jovem qüando começou a escrever para o teatro. Sua peça de quatro atos, em verso, “Un Hombre de Estado”, foi aceita pelos diretores do Teatro Espanhol e estreada em 1851. No ano seguinte tornou-se conhecido com a peça “Castigo y Perdón”. Ém 1854 escreveu “Rioja”, um de seus melhores trabalhos. Adotando uma linha política liberal, teve sua peça seguinte, “El Conde de Castralla” , proibida pelo governo após sua terceira apresentação. Em 1857 foi eleito deputado por
Audiberti, Jacques — Ayala y Herrera, Adelardo Lopez de
Badajoz. Em 1871 retomou seus princípios conservadores e foi membro do Gabinete de Alfonso X II. Enquanto isso, sua reputação como dramaturgo aumentava, escrevendo “El Tanto por Ciento” e “El Tejado de Vidrio”. Sua última peça, “Consuelo”, estreou em 1878. Também lírico, seu melhor trabalho nesse campo é a “Epístola” a Emilio Arrieta.
Aymé (Mareei)
Escritor francês (Joigny, 1902— Paris, 1967). Terminado seu curso secundário, viajou pela Alemanha, iniciando depois a faculdade de Medicina. Mas, aventureiro e incon- formista, abandonou os estudos e trabalhou em diversos ramos: cinema, agência de seguros, comércio e jornalismo. Em 1926, estimulado por Gallimard, publicou seu livro “Brülebois”, que deu início à sua carreira literária. Após “La Table aux Crevés” (“A Mesa dos M ortos”), em 1929, pelo qual recebeu um prêmio, escreveu incessantemente, publicando entre outros: “La Rue sans Nom ” (“A Rua sem Nome”), 1930; “La Ju- ment Verte” (“A Égua Verde”), 1933; “Le Boeuf Clan- destin” (“O Boi Clandestino”), 1939; e “Le Passe-Mu- raille” (“O Atravessa-Pare- des”), 1943. Com sua obra dramática, escrita depois da Segunda Guerra Mundial, Aymé alcançou grande notoriedade: “Les Oiseaux de la Lune” (“Os Pássaros da Lua”), 1956; “En Arrière” (“Para Trás”), 1950; e “Le M inotaure” (“O M inotauro”).
Azevedo (Aluísio Tancredo Gonçalves de)
Escritor brasileiro (São Luís do Maranhão, 1857 — Buenos Aires, 1913). Filho natural do vice-cônsul português Davi Azevedo e de Dona Emília Branca, a ligação adulterina dos pais marcou tanto sua vida quanto a do irmão, Artur de Azevedo. Reali
zou seus primeiros estudos na cidade natal. Em 1870, começou a trabalhar como caixeiro em um armazém. Aos dezenove anos embarcou para o Rio de Janeiro, onde pretendia cursar a Academia Imperial de Belas-Artes, e conseguiu algum êxito como caricaturista em “O Figaro”. Em 1878 (ano da morte de seu pai), regressou ao M aranhão, passando a colaborar no jornal humorístico “A Flecha”, sob o pseudônimo de Pitibri. No ano seguinte publicou seu primeiro romance: “Uma Lágrima de M ulher”. Em 1880 foi um dos fundadores do jornal anticlerical “O Pensador” e do primeiro diário de São Luís, o “Pacotilha”. No ano seguinte aparece seu segundo romance, “O M ulato” , que provocou grande escândalo. Seguiu então para a corte, onde pretendia dedicar-se ao jornalismo. No Rio escreveu numerosos folhetins e peças de teatro, de parceria com seu irmão. Em 1890 lançou sua obra-prima, “O Cortiço”, romance pioneiro do Naturalismo no Brasil, e um de seus marcos. Em 1891 foi nomeado oficial-maior da Secretaria de Negócios do Governo do Estado do Rio, ao lado de Coelho Neto e Olavo Bilac. Em 1895 publicou o “Livro de uma Sogra”, em que analisa o aspecto sexual do casamento. Ingressou, ainda nesse ano, na carreira diplomática, encerrando então sua atividade literária. Em 1897 foi eleito para a cadeira 4 da Academia Brasileira de Letras. Em 1911 estabeleceu-se em Buenos Aires como adido comercial do Brasil junto à Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Também de sua autoria, firmando-o como um dos melhores do Naturalismo, são “Casa de Pensão” (1884), “O Homem” (1887), “A Mortalha de Alzira” (1894) e outros.
Azevedo (Artur Nabantino Gonçalves de)
Teatrólogo, poeta, contista e jornalista brasileiro (São Luís do Maranhão, 1855 — Rio de Janeiro, 1908). Em 1871, escreveu uma série de poemas satíricos sobre as pessoas de São Luís, perdendo o emprego de amanuense. Seguiu para o Rio (1873), onde foi tradutor de folhetins e revisor de “A Reforma”, tornan- do-se conhecido por seus versos humorísticos. Escrevendo para o teatro, alcançou enorme sucesso com as peças “Véspera de Reis” e “A Capital Federal”. Fundou a revista “Vida M oderna”, onde suas crônicas eram muito populares. Artur de Azevedo, prosseguindo a obra de Martins Pena, consolidou a comédia de costumes brasileira. Sua atividade jornalística foi intensa, devendo-se a ele a publicação de uma série de revistas especializadas, além da fundação de alguns jo rnais cariocas. Escreveu cerca de duzentas peças para teatro e tentou fazer surgir o teatro nacional, incentivando a encenação de obras brasileiras. Como diretor do Teatro João Caetano, no Rio, encenou quinze originais brasileiros em menos de três meses. Escreveu ainda: “Sonetos” (1876), “Contos Possíveis” (1908), “Rimas” (1909), e, para o teatro, “O Rio de Janeiro de 1877” (1878), “O Bilontra” (1885), ‘SA Almanjarra” (1888), “O Dote” (1888), “O Badejo” (1898), “Confidências” (1898), “O Jagunço” (1898) e *Co- meu!” (1902), entre outras.
Azuela (Mariano)
Escritor e jornalista mexicano (Lasco, Jalisco, 1873 *— Cidade do México, 1952). Estudou medicina em Guadala- jara, exercendo a profissão em sua cidade natal e depois na Cidade do México. Escreveu mais de vinte novelas, a maioria delas sobre as conseqüências sociais da revolução mexicana. A mais famosa é “Los de Abajo” (1916), minucioso relato sobre a revolução, da qual participou como médico das forças de Pancho Villa. Obrigado a refugiar-se no Texas, publicou a novela como folhetim em jornal. Despercebida então, foi descoberta em 1924, passando a exercer influência considerável na moderna literatura mexicana, recebendo em 1949 o prêmio Nacional de literatura. Escreveu ainda: “Los Caciques”, “Las Tribulaciones de una Fam ília Decente”, etc.