DIPUC[1]

Post on 24-Jun-2015

112 views 0 download

Transcript of DIPUC[1]

DiPUCDiagnostico Participativo

de Unidades de Conservacao

Projeto Doces Matas

IEF - IBAMA - Fundacao Biodiversitas - GTZ

Belo Horizonte, MG - Junho 2002

˜’

˜’

COPYRIGHT 2002 Projeto Doces Matas

Capa e diagramação: Ana Amorim - (31) 9951-0978Revisão de texto: Laura Lago e Jussara RamosEdição Eletrônica, Fotolito e Impressão: Segrac (31) 3411-7077Fotografias: Arquivo Projeto Doces Matas e Cyro Soares

Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca do Instituto Estadual de Florestas/MG

Projeto Doces MatasDiPUC. Diagnóstico Participativo de Unidades de

Conservação. Belo Horizonte, IEF/IBAMA. 2002.

46p. ilust.

1. Unidades de Conservação. 2. Diagnóstico

CDU: 911.9

Projeto Doces Matas - IEF - IBAMA - Fundação Biodiversitas - GTZ

SUMÁRIO

1. Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

2. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06

3. Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

4. Referência Histórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

5. Fundamentação Metodológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

6. Processo DiPUC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

7. Técnicas Aplicadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

8. Devolução das Informações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

9. Situações nas quais o DiPUC é aplicável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

10. Como o Dipuc pode trabalhar os diversos interesses dos envolvidos . 40

11. Como fortalecer parcerias através do DiPUC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

12. Recomendações Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

13. Monitoramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

14. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

15. Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Agradecimentos

Expressamos nossos sinceros agradecimentos aos gerentes e funcionários do Parque Estadual do Rio Doce e do Parque Nacional do Caparaó.

05

O manejo participativo de Unidades de Conservação - UCs é umadiretriz que já vem sendo utilizada por muitos países, onde existemalianças para o manejo dos recursos naturais. Muitos profissionais,envolvidos nesta empreitada, estão conscientes de suas potenciali-dades e limitações. Nas instituições brasileiras, entretanto, esta linhade trabalho ainda não constitui prática rotineira.

Neste contexto atua, desde 1995, o Projeto Apoio Técnico àConservação e Manejo de Unidades de Conservação da MataAtlântica do Estado de Minas Gerais, também denominado ProjetoDoces Matas. Na busca de métodos de trabalho para apoiar as práti-cas do manejo participativo, um dos grupos temáticos do projeto,com o apoio de uma consultoria especializada, desenvolveu oDiPUC – Diagnóstico Participativo de Unidades de Conservação.

O DiPUC buscou, nas ferramentas do Diagnóstico Rural Participativo– DRP, uma linguagem acessível a diferentes públicos. O desafio foiadequá-las ao contexto de UCs. O diagnóstico é um meio para esti-mular e apoiar os membros de um grupo a explorar as suas limitaçõese potencialidades.

A experiência tornou-se interessante e motivou o grupo a elaborareste ensaio metodológico, para registrar as informações e possibilitarsua aplicação em outras UCs.

1 - Apresentacao˜’

06

O Brasil está entre os países demaior diversidade biológica domundo. Para a proteção dessepatrimônio natural vêm sendoestabelecidas áreas protegidas,com regime de manejo espe-cial, conhecidas como Unida-des de Conservação - UCs. Estas áreas somam, aproximada-mente, 4% do território brasi-leiro e estão distribuídas emdiferentes biomas, sob a respon-sabilidade administrativa dosgovernos federal, estadual, muni-cipal e de particulares.

Para contribuir com a proteçãodo bioma Mata Atlântica, emMinas Gerais, foi criado oProjeto Doces Matas, com oobjetivo de promover o manejoadequado dos recursos natu-rais, visando assegurar de formaparticipativa a conservação dabiodiversidade e o desenvolvi-mento sustentável de algumasUCs.

Este Projeto faz parte da Coope-ração Técnica Bilateral entre os governos do Brasil e daAlemanha. As instituições exe-cutoras brasileiras são: oInstituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Natu-rais Renováveis – IBAMA/MG,o Instituto Estadual de Florestas – IEF e a Fundação Biodiver-sitas. A Agência Alemã deCooperação Técnica – GTZ executa o Projeto pelo ladoalemão.

As três Unidades de Conser-vação envolvidas no Projetosão o Parque Estadual do RioDoce, o Parque Nacional doCaparaó e a Reserva Particulardo Patrimônio Natural Mata doSossego.

2 - Introducao˜’

07

Parque Nacional do Caparaó,criado em 24 de maio de 1961,está localizado na divisa dos es-tados de Minas Gerais e EspíritoSanto, no maciço do Caparaó, cu-jo ponto mais alto é o Pico da

Bandeira. Possui como principaisatrativos cachoeiras, matas, tri-lhas, picos, com vistas privile-giadas do nascer e por do sol. Administrado pelo IBAMA, possuiuma área total 31.800 hectares.

Parque Nacional do Caparaó

Parque Estadual do Rio Doce,criado em 14 de julho de 1944.Administrado pelo IEF, é o maiorremanescente de Mata Atlânticacontínua de Minas Gerais.

O Parque Estadual, com uma áreade 35.973 hectares, possui cercade 40 lagoas naturais e infra--estrutura para visitação pública.

Parque Estadual do Rio Doce

08

O Projeto Doces Matas trabalha,nessas áreas, com o enfoqueparticipativo, mas a cultura dasinstituições públicas segue, ainda, padrões administrativoscentralizadores e com hierar-quia rígida, onde a participaçãoé um desafio e demanda tempopara que o conceito seja desen-volvido, assimilado e praticadopelos funcionários das mesmas.

Devido a estes fatores, o Proje-to trabalha fundamentado emdois importantes componentes:

1 – a articulação intra e interinsti-tucional;

2 – o fortalecimento da partici-pação comunitária.

Reserva Particular do Patri-mônio Natural Mata do Sossego,administrada pela FundaçãoBiodiversitas, possui uma áreade 180 hectares. A RPPN e suasáreas vizinhas formam o rema-nescente de Mata Atlânticamais extenso e melhor conser-

vado na região dos municípiosde Simonésia e Manhuaçu, tota-lizando 800 hectares contínuosde mata nativa. A reserva abrigavárias espécies da fauna amea-çada de extinção, entre elas omono-carvoeiro.

RPPN Mata do Sossego

09

Após longas discussões sobremétodos participativos, sua ca-pacidade de sensibilização emobilização de comunidades esua importância para a educaçãoambiental, um grupo de técni-cos do Projeto Doces Matas

aprofundou estudos sobre a utili-zação de diagnósticos participa-tivos. A metodologia foi desen-volvida com os funcionários doParque Nacional do Caparaó edo Parque Estadual do RioDoce.

Reunião do Grupo DiPUC

010

Numa época em que as institui-ções se preocupam cada vezmais com a qualidade dos servi-ços prestados, faz-se necessário autilização de métodos que pro-porcionem uma participaçãomais efetiva, contribuindo paraa melhoria na qualidade dosprodutos e serviços oferecidos.O uso de métodos participa-tivos, que apoiam os processosde discussão e negociação, aju-da a conciliar diversos interesses,de vários segmentos da socie-dade, com os princípios da con-servação ambiental.

Os diagnósticos participativoscontribuem para o conheci-mento e análise da realidadelocal, de acordo com a per-cepção de cada ator, sem pre-valecer somente a opinião dainstituição gestora. Por isso,estes diagnósticos podem ser uti-lizados como alternativas parapropiciar mudanças, pelo seupoder de mobilização e envol-vimento dos participantes comas questões apresentadas.

3 - Justificativa

Equipe do DiPUC e funcionários do P. E. Rio Doce

011

O enfoque participativo possibi-lita o entendimento entre pessoascom diferentes níveis sociais e de escolaridade. A aproxi-mação de status diferenciadosacontece durante a troca de experiências e informações dosparticipantes, quando os conhe-cimentos são socializados, ana-lisando o contexto a ser traba-lhado.

Esta troca de informações gerauma energia construtiva no

grupo, o que possibilita o forta-lecimento da auto-estima entreseus membros, além de capaci-tar os funcionários em serviço,preparando-os para parceriascom outras instituições.

Por tudo isto, os diagnósticosparticipativos são consideradosinstrumentos de apoio, na iden-tificação de alternativas deação mais representativas, esta-belecendo canais de comuni-cação entre os envolvidos.

Equipe do DiPUC e funcionários do ParNa Caparaó

012

A limitação de informações dosmétodos convencionais de diag-nósticos, somado à necessidadede objetividade e representati-vidade para “tomada de deci-sões”, contribuiu para o desen-volvimento de métodos alterna-tivos, visando a integração, ofortalecimento da auto-estima eo desenvolvimento cooperativo.

Estes métodos alternativos apre-sentam algumas diferenças, espe-cialmente, no grau de partici-pação popular e nas técnicas usa-das por cada um; entretanto, aparte histórica é comum a todoseles.

Na década de 40, os sociólogosapresentaram o enfoque ”apren-der fazendo”, através da “pes-quisa - ação”. Com ele, o pes-quisador compreende os proces-sos dos grupos em questão, aoparticipar ativamente do coti-diano dos mesmos, influencian-do-os conscientemente.

Nesta seqüência, a antropologiae sua observação participantetambém contribuiu para o desen-volvimento dos DiagnósticosParticipativos, destacando as dife-renças entre as visões endógenae exógena, ressaltando as taxio-nomias locais, as percepçõesculturais, as tradições e os conhe-cimentos populares.

Após a Revolução Verde, nosanos 60, surgiu o conceito deInvestigação de Sistemas Agrí-colas e a partir dele o Desenvol-vimento Participativo de Tecno-logias, que incorporou o saber epotencialidades dos trabalha-dores rurais dos países em desen-volvimento, na geração de inova-ções tecnológicas.

Fundamentado nas análises deInvestigação de Sistemas Agrí-colas, surge o DRP – DiagnósticoRural Participativo. Seus precur-sores, Conway e outros naTailândia, contribuiram decisi-vamente para a criação das suasferramentas: perfis, mapas infor-mais, diagramas, análises de inovações, etc.

4 - Referencia Historicaˆ ´

013

O DRP é uma forma de analisarquestões ambientais, sociais,econômicas, políticas e cultu-rais da comunidade rural, visan-do o desenvolvimento local.

Acentua o papel ativo da popu-lação na realização e análisedas pesquisas e na avaliação deseus resultados. Realça o pro-cesso de intercâmbio de apren-dizagem entre os agentes exter-nos e os membros da comu-nidade na qual se realiza.Valoriza, também, o conheci-mento comum sobre as con-dições locais, como ponto departida para um plano de açãoconjunto.

Diagnóstico Participativo deUnidade de Conservação

Em 1999, técnicos do IEF eIBAMA, no âmbito do Projeto

Doces Matas, sensibilizadoscom a metodologia do Diagnós-tico Rural Participativo, paralevantamento de informações eenvolvimento dos atores, resol-veram utilizar algumas ferra-mentas deste método, para rea-lizar diagnósticos participativosem UCs.

Desde então foi concebido oDiPUC – Diagnóstico Partici-pativo de Unidades de Conser-vação, a partir de adaptaçõesdo DRP, conciliadas com outrasreferências teórico-conceituais.Para tanto, o DiPUC utiliza ins-trumentos de comunicação evisualização, que facilitam aparticipação dos funcionáriosdas UCs e das populações deseus entornos, independente desua formação escolar.

Diagnóstico do Parque Estadual do Rio Doce

Diagnóstico do Parque Nacional do Caparaó

014

Toda esta reflexão metodológi-ca vem sendo cuidadosamenteadaptada às especificidades dasUCs, que são espaços físicoslimitados e protegidos, consi-derados patrimônio natural ecultural, sob regime administra-tivo especial, determinado pornormas e regulamentos.

Em muitos casos, as UCs estãosujeitas a conflitos com o entor-no, seja porque foram criadasem áreas de ocupação humanacom práticas rotineiras dequeimada, caça, agricultura,extrativismo, ou em locais ondea expansão urbana deu-se de

forma desordenada. Estes fato-res geram divergências de in-teresses no uso dos recursos naturais.

Com o objetivo de amenizarestes conflitos, decidiu-se utili-zar uma metodologia participa-tiva em UCs, visando contribuirpara:• capacitar os funcionários em

serviço;

• possibilitar o fortalecimentoda auto estima dos partici-pantes;

• socializar os conhecimentose as informações sobre a UC.

Informações sobre a UC

015

A adaptação da metodologiado Diagnóstico Rural Partici-pativo para a realidade dasUCs, se fundamenta em aspec-tos pouco observados e que dificultam o fluxo de comuni-cação entre os funcionários. Arotina de trabalho não estimulaa troca de informações. Cadafuncionário desenvolve suatarefa, reconhece a existênciade problemas, mas não procuraencontrar as soluções de formacompartilhada.

Quando se realiza um diagnós-tico participativo o fluxo de informações circula entre osparticipantes, de maneira espon-tânea e analítica. A diferençados métodos convencionaispara a metodologia participa-tiva reside, exatamente, nas des-cobertas que os participantesfazem sobre a UC, durante olevantamento de dados, reve-lando aspectos que resgatam ahistória ou refletem questõesadormecidas.

A experiência demonstra tam-bém que, quando o objeto traba-lhado é visualizado e concre-tizado através de símbolos, oconhecimento se materializa ea realidade se apresenta commais transparência. Por isso,utiliza-se objetos e materiaisdisponíveis no local (gravetos,folhas, pedras) para retratarsimbolicamente sua realidade.

Constatando que a maior partedos funcionários das UCs tempouco acesso a informações, oque favorece a manutenção deuma cultura de privilégios econseqüentemente de exclu-sões, procurou-se estruturar ummétodo que através da lingua-gem simbólica, propicia o le-vantamento de dados, demo-cratiza informações e contribuipara um processo de reflexão eação.

A ênfase no DRP se deu porqueé um enfoque inovador, compotencial para identificar obje-tivos. Essa opção impõe algunsdesafios, pois requer uma ati-tude diferenciada por parte dos

15

5 - Fundamentacao Metodologica˜’

016

agentes externos, que assumemum novo papel de catalisador enão mais o de promotor do desenvolvimento.

Os métodos e técnicas do DRPsão variáveis e susceptíveis àadaptação. Inicialmente, foi con-cebido para a zona rural, na fasede planejamento de projetos eno âmbito de estudos explo-ratórios. Atualmente, estão sendoutilizados, com êxito, em todas asfases do planejamento, onde as atitudes e o saber locais sãoessenciais.

As práticas do DPR têm demons-trado impactos positivos nosparticipantes, surpreendidos pelacriatividade e saber da popu-lação local.

Os processos de diagnósticosparticipativos criam esperançase expectativas. Se estas não sãosatisfeitas, implicam em frus-trações dirigidas automatica-mente ao Projeto. Por isso, os diagnósticos devem ser com-preendidos como um processode cooperação a longo prazocom grupos sociais. Isso é váli-

do, tanto para projetos de desen-volvimento, como de conser-vação ou combate à pobreza.

A prática tem demonstrado quea inclusão de várias instituiçõesrelacionadas com o contexto,desde o início do processo, con-tribui para o reconhecimento edivisão de responsabilidades detodos, esclarecendo as dife-rentes atitudes, mediante a apli-cação de ferramentas apropria-das. O êxito de um diagnósticoparticipativo depende da expe-riência pessoal e profissional dequem o aplica. Para tanto, umrequisito básico é uma capaci-tação esmerada e o apoio da ins-tituição coordenadora.

Os diagnósticos participativossão capazes de promover umdesenvolvimento autônomo gra-ças a seu instrumental sensível eorientado às atitudes, possibili-dades e conhecimentos da popu-lação local. Mas, também, podecontribuir para a debilidade detais potencialidades, caso nãohaja compromisso das institui-ções e demais envolvidos com acontinuidade do processo.

017

17

DIAGNOSTICO PARTICIPATIVO

VERTENTE TÉCNICA(conhecimento)

VERTENTE SÓCIO-POLÍTICA(motivação para tomada

de decisão)

PARTICIPAÇÃO EFETIVAsensibilização / motivação

envolvimento e responsabilidade

Œ

ETAPAS DE UM DIAGNOSTICO PARTICIPATIVO:

• formação da equipe interdisciplinar (técnicos, liderançastradicionais, etc.);

• levantamento de dados secundários com vista a comple-mentar os temas a serem trabalhados;

• apresentação do grupo de trabalho e dos objetivos doprocesso;

• sistematização e análise dos dados levantados;

• orientação para os envolvidos no processo sobre os funda-mentos, métodos e técnicas do diagnóstico participativo;

• aplicação das técnicas selecionadas;

• consolidação dos resultados da aplicação das técnicas;

• devolução dos resultados;

• monitoramento e avaliação dos avanços obtidos em funçãodo processo participativo.

´

+

018

DiPUC - DiagnósticoParticipativo de Unidadesde Conservação

O DiPUC é um método funda-mentado no enfoque participa-tivo, para analisar a realidadede UCs, por meio de umprocesso de aprendizagemcompartilhada.

É indicado para levantamentode dados e análises qualitati-vas, assim como para incenti-var o fortalecimento da partici-pação dos envolvidos com aUnidade.

Objetivos do DiPUC:

• viabilizar a participação dosdiversos envolvidos com aUC;

• levantar e analisar informa-ções para dar suporte aos pla-nejamentos setoriais na UC;

• subsidiar a elaboração e/ouatualização do Plano de Ma-nejo;

• preparar as equipes para agestão participativa da Uni-dade e para trabalhar com ascomunidades de entorno.

O DiPUC contribui para:

• nivelar conhecimentos entreos envolvidos;

• possibilitar relacionamentomais horizontal, entre os dife-rentes níveis funcionais;

• criar, entre os funcionáriosdas UCs, maior intimidadecom processos participativos;

• subsidiar práticas educativas(educação ambiental, ecotu-rismo, práticas ambientaissustentáveis);

• construir visão de futuro, apri-morando a reflexão sobre omanejo de UC e seu entorno.

019

19

O DiPUC é uma adaptação doDRP. O diferencial do DiPUCem relação ao DRP está no obje-to trabalhado e não nas ferra-mentas utilizadas.O Diagnóstico Participativo deUCs é uma forma mais flexível

de identificar problemas e poten-cialidades da Unidade. Durante as oficinas são utili-zadas ferramentas apropriadaspara levantamento de infor-mações, criando situações pro-vocativas.

DRP

Levantamento, reflexão e aná-lise de questões ambientais, so-ciais, econômicas, políticas eculturais da comunidade rural.

Subsidia o planejamento dodesenvolvimento local.

Levantamento participativo desituações e questões em umacomunidade rural.

Incentiva a mobilização de co-munidades rurais.

Aproxima e facilita a comuni-cação entre diferentes grupos hie-rárquicos na comunidade rural.

Possibilita a identificação depotencialidades dos moradoresdas comunidades.

DiPUC

Levantamento reflexão e análisedas questões ambientais, sociaiseconômicas, políticas e cultu-rais da realidade da UC e en-tornos, através de informaçõesdos seus funcionários.

Subsidia o planejamento da UCe de atividades relacionadas àconservação ambiental dos en-tornos.

Levantamento participativo desituações e questões sobre a vida da UC e do entorno.

Incentiva a mobilização de fun-cionários da UC e de morado-res do entorno.

Aproxima e facilita a comuni-cação entre diferentes níveishierárquicos da instituição edesta com a comunidade.

Possibilita a identificação depotencialidades dos funcio-nários das UCs e parceiros.

Diferencial DRP/DiPUC

“Me senti à vontade nomomento das discussões”Citação de um participante

durante a oficina.

020

Princípios básicos do DiPUC

HorizontalidadeDe modo geral, os funcionáriosda UC têm nível cultural e deescolaridade muito distintos. Écomum a presença de técnicoscom altos níveis de graduação,trabalhando junto a funcio-nários de pouca escolaridade.Os primeiros podem desco-nhecer a dinâmica de vida dolocal e os últimos não pos-suírem completo domínio e en-tendimento dessas dinâmicas.

O DiPUC busca meios que per-mitam uma comunicação maishorizontal, espontânea sem pri-vilegiar um ou outro.

PraticidadeTrata-se de uma representaçãoda realidade local, a partir daprática de vida dos partici-pantes, motivando-os atravésdo reconhecimento do saber decada um, não se restringindoportanto a conceitos teóricos.

AdaptabilidadeOs recursos e materiais utiliza-dos são os disponíveis na UC.Não são necessários equipa-mentos nem materiais especiais. A utilização do método requeruma equipe capacitada.

ParticipaçãoÉ fundamental a participaçãoefetiva dos funcionários da UC.As técnicas são todas voltadaspara grupos, sendo utilizadasentrevistas individuais apenasem momentos de checageme/ou complementações finais.

Pesquisas estruturadasOs levantamentos de dados sãorealizados de forma estrutura-da, por meio de técnicas previa-mente selecionadas e testadas.Constata-se a precisão das res-postas durante as discussões e,caso haja necessidade de verifi-cação das mesmas, recorre-se aoutras fontes.

Equipes catalisadoras A equipe, que deverá ser multi-disciplinar, tem função primor-dial de catalisadora de um desen-volvimento autônomo, devendo

“Muita coisa ficou clara paramim. Através da oficina descobri coisas do PERD

que ainda não sabia”. 021

portar-se como incentivadora enão influenciar no processo. Nãose faz o diagnóstico para os envol-vidos, mas com os envolvidos.

Aprendizagem contínuaA aprendizagem é contínua eflui entre os funcionários da UCe a equipe coordenadora. Cria-se uma dinâmica de crescimen-to, através do conhecimento so-bre a UC, considerando-a pontode partida para um plano deação conjunto.

FocalizaçãoAlém de coletar informações,tem a finalidade de estimular osparticipantes na busca da re-flexão e da ação.Os diagnósticos participativossão realizados com objetivosdefinidos. É importante que asequipes tenham cuidado, paraque o trabalho não se torne umamontoado de informações,desvinculadas do objetivo pro-posto.

É necessário que haja discerni-mento sobre o que se pode igno-rar e o grau de exatidão que sedeseja alcançar. Durante os le-vantamentos, a equipe deve evi-tar buscar um detalhamentodesnecessário. O alcance dapesquisa e da análise se limitaráao que for considerado sufi-ciente, para identificar as neces-sidades ou a atividade proposta.

FlexibilidadeOs levantamentos de dados sãorealizados de acordo com a necessidade de informações so-bre a UC. A partir daí, são esco-lhidas as ferramentas a seremutilizadas.

MonitoramentoO acompanhamento deixa deser uma atividade desenvolvidapela equipe coordenadora dodiagnóstico e passa a fazer parteda gestão compartilhada doprocesso. Aumenta a capaci-dade de analisar e registrar asmudanças ocorridas, com possi-bilidade de maior acerto na iden-tificação de ações corretivas.

HeterogeneidadeA composição do grupo deveconsiderar a multidisciplinari-dade e, também, o equilíbrioentre os participantes: número

022

de homens e mulheres, agenteslocais e externos. As fontes deinformação devem buscar dife-rentes pontos de vista (pessoas,lugares, acontecimentos e pro-cessos) e devem ser analisadascom diferentes técnicas, pormeio de cruzamento de dados.

Instrumentos apropriadosO DiPUC utiliza uma varie-dade de técnicas de investi-gação estruturadas, que secomplementam. São claras,compreensivas, adaptadas àscondições da UC e abertas àsmudanças que se fizeremnecessárias. Devem apoiar asintervenções, pois o êxito daação depende das propostasapresentadas. Esses instrumen-tos servem para favorecer aparticipação dos mais retraídos.

VisualizaçãoNa visualização compartilhada(mapas, maquetes ou diagramas)todos os presentes podem con-templar as figuras, apresentarpropostas de modificação, des-tacar os problemas, ordenar ereordenar os objetos e/ou esque-mas utilizados.

A equipe condensa os dadoslevantados, apresenta e dis-cute-os publicamente. Os re-sultados devem ser apresenta-dos de forma visualizada, pormeio de slides, fotografias, de-senhos ou tabelas.

DocumentaçãoTodas as informações, modelose mapas da UC, elaborados emconjunto, favorecem a reflexão.Devem ser condensados, regis-trados em relatórios, desenhosou fotografias e disponibiliza-dos para o grupo envolvido.

023

A participação de funcionáriosde níveis hierárquicos diferentesnas discussões, onde os superio-res ou chefes estejam presentes,ainda é uma etapa de construçãode novos paradigmas.

O método propõe etapas flexí-veis de construção de um pro-cesso de aprendizagem compar-tilhada, conhecimento da reali-dade em questão, envolvimentoe comprometimento gradativodos diversos envolvidos.

A instituição deve estar sempreatenta e preparada para a res-ponsabilidade com os impactosgerados.

Não existem regras fixas para serealizar um diagnóstico partici-pativo em uma UC. Existem re-comendações, que devem serlevadas em consideração, paraefetivação do processo:

• existência de um mínimo dedez participantes, que atuamem diferentes funções;

• garantir uma seqüência deatividades ou oficinas, até queo levantamento de dados pos-sa ser considerado suficiente,pela equipe;

• considerar o desejo e a dis-ponibilidade dos envolvidosem participar do processo.

6 - Processo DiPUC

Transcrição do mapa do Parque Estadual do Rio Doce (elaborado pelos funcionários)

024

Como o ambiente dasUCs engloba os seus entornos, o DiPUC prevê as seguintes etapas do processo:

I – Diagnóstico participativona UC Ł foco: Unidade deConservação

Levantamento de dados

O processo de levantamentode dados da UC deve ocorrernum clima de descontração,confiança e serenidade paraque todos os participantes pos-sam expor seus conhecimentose esclarecer suas dúvidas, demaneira reflexiva e consciente.Durante as oficinas as infor-mações circulam, proporcio-nando o nivelamento de con-hecimentos, o resgate da histó-ria e da memória local.

SistematizaçãoCompete à equipe de trabalhoanotar as informações, para sis-tematização após as oficinas.A sistematização dos dados de-verá ser realizada por mem-bros da equipe coordenadora,anteriormente definida.

Recomenda-se a devolução dasinformações levantadas, aosparticipantes, analisando osproblemas e potenciais da Uni-dade, levando em conta os am-bientes interno e externo.Cada instituição tem liberdadepara utilizar os dados de acor-do com sua necessidade.

II – Preparação de parceriascom instituições Ł foco:Unidade de Conservação &outras instituições

É um processo de curto, médioe longo prazo, que deverá seriniciado com instituições compotencial para parcerias. É fun-damental esclarecer objetivose interesses de cada insti-tuição, ressaltando os benefíciosde um trabalho cooperativo.

025

Etapa 1 Diagnóstico participativo na UC.

I - Preparação do diagnóstico.

II - Realização da coleta de informações: ferramentas DRP.

III - Devolução das informações com análise das mesmas, em

agrupamentos visualizados de: pontos positivos e negativos.

IV - Identificação de nós críticos.

V - Definição da visão de futuro da UC.

Etapa 2 Preparação de parcerias.

I - Identificação dos envolvidos na UC e no entorno.

II - Definição da estratégia de envolvimento dos interessados:

• informação;

• sensibilização;

• articulação.

026

Dinâmica de Grupo com os funcinários no Parque Nacional Caparaó

027

As técnicas aplicadas mos-traram-se adequadas a umasituação, na qual os partici-pantes possuem graus de ins-trução e funções diferenciados,proporcionando um ambientefavorável ao conhecimento daUC, sem provocar constrangi-mentos. As etapas foram desen-volvidas, observando uma se-qüência lógica, com instrumen-tos que possibilitaram umaleitura mais ampla do contexto,inclusive a caracterização doespaço físico, facilitando a par-ticipação dos funcionários,além de registrar a memória daexperiência.

Assim, recomenda-se comoetapa inicial, a construção domapa, que permite visualizar adistribuição espacial da UC esuas características principais.Avaliando as informações obti-das, identificam-se as necessi-dades de complementação dasmesmas.

Os resultados devem ser trans-portados do solo para o papelou fotografados. Durante a apli-cação é importantíssimo anotaros depoimentos e discussões.

Ao relacionar a aplicação dastécnicas aos produtos obtidos,constata-se que, além da ampli-tude de discussões que as mes-mas podem gerar, cada uma seotimiza para um determinadotema.

7 - Tecnicas Aplicadas

Participação de um funcionário da UC

028

Mapa

Conhecimento mais profundodo espaço físico da UC, seusproblemas e potenciais

O mapa é uma técnica queserve de base para as outrasetapas. A partir do nivelamentode informações sobre o espaçofísico da UC, os participantestêm uma referência mais funda-mentada para prosseguir na in-vestigação. O mapa é usadocomo trabalho inicial porque éabrangente e exploratório.

ProcedimentoSolicitar ao grupo que elaboreum desenho da UC no chão, us-ando materiais diversos parasimbolizar limites, cursosd’água, pontos geográficos, cons-truções e outros.A atividade se desenvolve numprocesso de investigação oral evisual, relacionando os mate-riais (símbolos) com sua respec-tiva significação para a UC.Exemplo: cordas – rios.

Durante a atividade atentar parapalavras ou expressões cujo sig-nificado demonstre situações deconflito, problemas ou infor-mações não compartilhadas.

Após cada atividade os compo-nentes do grupo devem trans-crever o trabalho para o papel.

ObservaçãoCaso o local não disponha demateriais para a confecção domapa, a equipe deve providen-ciar, com antecedência, cordas,pedras, galhos, etc. Após a rea-lização do mapa, as infor-mações obtidas devem seravaliadas para se proceder à se-leção da próxima ferramenta aser trabalhada.

Mapa do Parque Estadual do Rio Doce

“Trabalhamos dentro de uma UC e ao participar daapresentação do mapa aprendi muita coisa, pois ficamos

centrados quase que no escritório da administração”.

029

030

Calendário de atividades

Envolvimento e participaçãodos funcionários

O calendário anual ajuda aidentificar as atividades roti-neiras da UC, ressaltando asépocas de maior ocorrência dasmesmas.

ProcedimentoTraçar duas linhas perpendicu-lares no chão. No eixo vertical,registrar as atividades através desímbolos e no eixo horizontal,definido como linha do tempo,pontuar os meses do ano.Nos cruzamentos das linhas,os participantes representam o período de realização dasatividades e a intensidade dasmesmas.

PotenciaisIdentifica-se as ações realizadaspor épocas do ano, podendoauxiliar na distribuição de tare-fas. Demonstra-se, também, oacúmulo de atividades em de-terminadas épocas.

LimitaçõesO calendário anual não deveser considerado como padrão,porque a intensidade em que asatividades ocorrem pode variarde ano para ano. Por exemplo,em ano de seca prolongada, asatividades de prevenção aos incêndios florestais são intensi-ficadas.

Calendário de atividades do Parque Nacional do Caparaó

031

• Atividades rotineiras e meses de pouca ocorrência de atividade•• Meses de média ocorrência de atividades••• Meses de grande ocorrência de atividades

Jul Ago Set Out Nov Dez

• • • • • •••• • • • • ••• • • • • ••• • • • • ••

•• •• • • • •• • • • • ••• •• •• •• • ••• •• •• •• • •• • •• •• •• ••

Atividades Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Área Administrativa •• • • • • •Manutenção infra-estrutura •• •• •• •• •• ••Coleta de lixo •• •• •• •• •• ••Turismo •• ••• •• ••• • •Plano Integrado de Prevençãoaos Incêndios Florestais •• •• •• •• •• ••Fiscalização • • • • • •Atividades do Viveiro • • • • •• ••Educação Ambiental Palestras • • •• •• •• ••Capacitação • • • •• •• ••

Atividades

Área AdministrativaManutenção infra-estruturaColeta de lixoTurismoPlano Integrado de Prevençãoaos Incêndios FlorestaisFiscalizaçãoAtividades do Viveiro Educação Ambiental PalestrasCapacitação

Calendário de atividades

032

Diagrama de Relações ou de Envolvimento

Identificação dos problemasque dificultam a gestão

Essa técnica serve para identi-ficar os diversos atores envolvi-dos (pessoas, grupos e/ou insti-tuições) com a UC e as relaçõesentre eles, analisando o grau deenvolvimento e de importânciade cada um.

ProcedimentoRepresentar a UC no centro dodiagrama. Solicitar que os par-ticipantes da oficina levantemas principais instituições eatores envolvidos com a Uni-dade, discutindo o seu grau deenvolvimento e de importância.

A importância dos envolvidos érepresentada por círculos de pa-pel de três tamanhos diferentes(pequeno = pouco importante,médio = média importância egrande = muito importante). O grau de envolvimento édemonstrado pela distância doscírculos de papel no centro dodiagrama, que representa a UC.

PotenciaisIdentificação de parceiros, con-flitos potenciais e existentes.Possibilita verificar o grau deimportância e envolvimento dosparceiros, redirecionar as es-tratégias da UC com relação aosparceiros importantes que estãopouco envolvidos em suagestão.

“A oficina apresenta realmente oque os atores estão fazendo”.

033ParNa

CAPARAÓ

06PREFEI-TURAS

03PREFEI-TURAS

EMATER

FACI

IEF

POLÍCIAFLORESTAL /AMBIENTAL

GTZDOCESMATAS

STR-EF/Iúna/Iru

MEIOSCOMUNI-CAÇÃO COMUNI-

DADES

POSTOGASOLINA

HOTÉISASSOCIA-

ÇÕES

UNIVER-SIDADE

ONGs

COMÉR-CIO

ESCOLAS

TROPEIROS

IGREJAS

Diagrama de Relações - Parque Nacional do Caparaó

034

Diagrama de Relações - PERD

PERD

FUND.BIODIVER-

SITAS

ENTIDADE DEPESQUISA

FUNDAÇÃORELICTOS

CEL.FABRICIANO

PINGOD’ÁGUA

OUTRASPREFEI-TURAS

CORPO DEBOMBEIROS

ENTIDI-DADES CIVIS

EMPRESAACESITA

BOMJESUSDO

GALHO

FUNDAÇÃOACESITA

OUTRAS EMPRESAS

TIMÓTEO

MARILÉIA

USIMINASESCOLAS

CENIBRAPOLÍCIA

FLORESTAL

CAF

GTZ

DIONÍSIO

ONGs

IBAMA

EMATER

DER

IPATINGA

035

Diagrama de fluxo

Demostra um quadro geral dapercepção das pessoas sobreos processos que acontecemnas UCs, evidenciando e me-lhorando o entendimento sobreeles. Pode ser adaptado para o levan-tamento e análise de causas eefeitos de problemas exis-tentes.

ProcedimentoRepresentar a UC no centro dodiagrama. A partir de então, so-licitar ao grupo que identifiquee represente por meio de sím-bolos, o fluxo de entradas e saí-das de informações, materiais,produtos, pessoas etc.

PotenciaisIdentificação de causas e efeitosdos conflitos existentes.

U C

Turista entra

O que sai da Unidade

Pesquisador

Informação

Lixo

O que entra na Unidade

036

Linha histórica

Usada para resgatar a memóriade fatos e acontecimentos histó-ricos importantes.

ProcedimentoDesenhar uma linha no chão econvidar o grupo a relatar fatos/acontecimentos importantes,registrando-os simbolicamente,ao longo da linha.

PotenciaisA compreensão da realidadeatual é favorecida pela dis-cussão de acontecimentos dopassado. Estimula a união dogrupo, pois desperta o inte-resse dos participantes, que sesurpreendem com informaçõesaté então desconhecidas.

LimitaçõesNecessidade de pessoas quetenham conhecimentos de fatospassados.

Em todas as técnicas foram uti-lizados materiais disponíveisno local e aplicadas em espa-ços abertos. Constatou-se queo trabalho transcorreu demaneira descontraída, propor-cionando uma grande troca deexperiências.

“O DiPUC valoriza o passado, o presente e dá idéias eferramentas para a administração futura do parque. A

equipe participou com muito entusiasmo. Cada oficinatem sua particularidade e aprende-se muito”.

037

MotivaçãoPara manter a motivação, deve-se garantir a circulação das in-formações devolvendo os re-sultados para os participantes.Logo após a organização dosdados coletados durante a apli-cação das técnicas escolhidas,recomenda-se a checagem eanálise destes dados de formaparticipativa, para consolidar asetapas de levantamento. Essadevolução deve ser visualizadaatravés de painéis, de fotogra-fias, slides, datashow, banners eoutros, disponibilizada em rela-tórios.

ArticulaçãoÉ de fundamental importânciapara a sustentabilidade do pro-cesso que as formas e canaisadequados à participação este-jam bem articuladas.

Definição dos Nós CríticosLevantamento de pontos nega-tivos, considerados mais graves,que dificultam o gerenciamentoda UC.

8 - Devolucao das Informacoes˜’

˜’

038

1. No planejamento da UCconstitui instrumentalpara:

• Definir ações a serem reali-zadas considerando os multi-plos atores, sua análise e apli-cação;

• planejar as atividades anuais;

• identificar sobrecarga de fun-ções/atribuições;

• nivelar conhecimentos entre aequipe de trabalho;

• priorizar questões a seremtrabalhadas na gestão da UC.

2. Sensibilização paraquestões ambientais

• Facilita o raciocínio sobre asrelações, utilizando o conhe-cimento dos participantes;

• identifica questões que pre-cisam ser trabalhadas;

• identifica os hábitos, compor-tamentos, costumes e ações,que alteram o ambiente local;

• discute as conseqüências des-tas ações na vida de todos;

• identifica remanescentes flo-restais, que precisam ser con-servados;

• sensibiliza potenciais parcei-ros para atividades.

9 - Situacoes nas quais o DiPUC e aplicavel

˜’

’’

039

3. Quando há falhas na comunicação interna

• Cria espaço para diálogo;

• viabiliza a comunicação en-tre os envolvidos, criando es-paço para a discussão;

• torna mais horizontal a circu-lação de informações;

• destina um tempo das ofici-nas, para informes;

• utiliza as técnicas para com-partilhar e clarear as infor-mações sobre a UC.

4. Em situações de conflito

• Cria espaços neutros de apre-sentação dos diversos inte-resses;

• identifica e analisa conflitospotenciais existentes;

• propicia distanciamento pes-soal, para análise do conflito;

• simula a situação conflitante,de maneira mais imparcial,para clarear situações;

• estimula diversos envolvidosa se expressar e a ouvir;

• proporciona oportunidade decompreensão das diversaspercepções ou faces de umamesma situação;

• facilita o conhecimento deoutras situações para esclare-cer a questão.

040

• Resgatando fatos, através dasdiscussões e propondo nego-ciações.

• Estimulando abordagens ino-vadoras de melhorias e solu-ções.

• Esclarecendo e informandosobre os critérios e limites daUC.

• Discutindo com cada en-volvido, a história, as causase conseqüências de seus in-teresses.

10 - Como o DiPUC pode Trabalhar osDiversos Interesses dos Envolvidos?

Negociar interesses diferentes

Trabalhar interesses comuns

Identificar quais são os interesses, através de

reuniões, encontros etc.

Favorecer a proposta de alternativas compatíveis

041

• Divulgando o DiPUC, suafilosofia e criando espaçopara diálogo.

• Definindo claramente o pa-pel da(s) instituição(ões) coor-denadora(s).

• Identificando potenciais par-ceiros e interesses comuns.

• Estabelecendo objetivos claros,através de visão de futurocompartilhada.

• Apoiando iniciativas que sesomam para alcançar obje-tivos comuns.

• Definindo e dividindo as res-ponsabilidades.

• Fazendo um planejamento deatividades.

• Cumprindo com as respon-sabilidades estabelecidas.

11 - Como Fortalecer Parcerias Atraves do DiPUC

042

• Monitorar constantemente aexecução do DiPUC.

• Primar pela pontualidade noscompromissos.

• Analisar os diagramas, pre-ocupando-se não só em con-cluí-los, mas em obter o máxi-mo de informações neces-sárias.

• Prever atividades paralelascom as crianças, para que osjovens e adultos tenham tran-qüilidade para participar.

• Ser flexível para enfrentarsituações, que demandam mu-danças na estratégia propostainicialmente.

12 - Recomedacoes GeraisÇ,

Técnicas sendo aplicadas

043

Um plano se completa na açãoe o “saber” daqueles que o executam é, em muitos aspec-tos, insubstituível. A elaboraçãoe a gestão participativa tornamo plano uma expressão docompromisso coletivo.

O monitoramento participativoenvolve múltiplos atores e suasexpectativas. Deverá ser traba-lhado como um meio e não co-mo um fim em si próprio.

Encontros periódicos de acom-panhamento devem ser realiza-dos, com o intuito de manter amotivação dos envolvidos e acredibilidade do processo. Osresultados parciais alcançadose as discussões para vencer as

dificuldades criam um am-biente favorável à continuidadedos trabalhos.

Elementos básicos de qualquermonitoramento: objetivos cla-ros, indicadores precisos, méto-dos compatíveis com o proces-so do DiPUC.

O monitoramento deverá veri-ficar até que ponto as ativi-dades estão se desenvolvendoconforme o planejado e o graude sucesso na busca dos obje-tivos estabelecidos. Fazer umareflexão crítica a respeito dametodologia e da análise dedados durante o monitoramen-to, para investigar as tendênciase definir os próximos passos.

13 - Monitoramento

044

O DiPUC foi aplicado noParque Nacional do Caparaó eno Parque Estadual do Rio Doce.

Os impactos da aplicação doDiPUC foram positivos, viabi-lizando espaços de participaçãojunto aos funcionários destasUCs.

Os funcionários têm manifesta-do maior compreensão sobre arealidade da UC e consegueminformar melhor às comunida-des e aos turistas sobre a mesma.

Relato de Experiências

1 - No Parque Nacional do Ca-paraó e entorno, os dados levan-tados através do DiPUC subsi-diaram o planejamento das ati-vidades, a partir do ano 2000.

Segundo depoimentos dospróprios funcionários, as ativi-dades do diagnóstico melho-raram o entrosamento entre ossetores e o entendimento sobrea UC como um todo.

2 - No Parque Estadual do RioDoce, os levantamentos estãosubsidiando a elaboração doPlano de Manejo.

14 - Conclusao

“Vimos reforçar que todos aqui são importantes. Eu estava um pouco céptico, e agora acredito que

melhorou mais...”. Citação de um participante durante a avaliação da oficina.

˜

045

BORRINI-FEYERABEND, G.. Manejo participativo de áreas protegidas: adaptan-do el método al contexto. Quito: UICN, 1997. (Temas de política Social)

CHAMBERS, R.. Diagnóstico rápido e diagnóstico participativo de sistemas rurais. Trad. Joselita Wasnieswski, 4p.

------. Diagnósticos rurales participativos: passado, presente y futuro.Bosques, Árboles y Comunidades Rurales, FAO, v. 15/16. p.4-9, 1992.

CONWAY, G.R.; PRETTY, J.N.; MCCRACKEN, J.A.. An introduction toAgroecosystem analysis sustainable agriculture programme. Londres: 1987.

GEILFUS, Frans. Ochenta herramientas para el dessarolo participativo:diagnóstico, planificación, monitoreo, evaluación. ( GTZ/IICA ), 1997.

INSTITUTO ESTADUAL FLORESTAS – IEF ; PROJETO DOCES MATAS.Diagnóstico rural participativo: cartilha comunidade de Mundo Novo,Marliéria – Minas Gerais. Belo Horizonte, IEF, 1999. 23p.

JARA, Carlos Julio. A sustentabilidade do desenvolvimento local.( PCT/SEPLAN – PE/IICA )

OFICINA SOBRE GESTAO PARTICIPATIVA EM UNIDADES DE CONSER-VAÇAO. Anais... Belo Horizonte: Maria Auxiliadora Drumond (Ed. ),Fundaçao Biodiversitas, 1998. 174p.

PETERSEN, Paulo ; ROMANO, Jorge O. ( Org.). Abordagens participativas para o desenvolvimento local. Rio de Janeiro: AS-PTA / Actionaid-Brasil, 1999.

SCHONHUTH, Michael ; KIEVELITZ, Uwe. Diagnóstico rural rápido, diagnóstico rural participativo. Métodos participativos de diagnóstico yPlanificación en la cooperación al desarrolo: una introducción comentada. Eschborn: GTZ, 1994.

15 - Bibliografia

046

Idealizadores e adaptação da metodologia DRPIlma Pereira de Souza - IEFJailma das Graças Soares - IEF/Parque Estadual do Rio DocePedro Roberto Maia Ventura - IBAMA/Parque Nacional do CaparaóPaulo Rogério Peixoto - IBAMA/Parque Nacional do Caparaó

ColaboradoresCibele Maria de Sá Bavay - IBAMAInfaide Patrícia do E. Santo - IEFLêda Luz - Projeto Doces MatasElke Mannigel - Projeto Doces MatasArmin Deitenbach - Projeto Doces Matas

Coordenação EditorialJussara Ramos - GTZ

ConsultoraMaria Alice Salles Moura