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Jornal de Brasília Brasília, quinta-feira, 25 de junho de 2020 15ECONOMIA

A evolução da pandemia do co-ronavírus levou o Fundo Monetá-rio Internacional (FMI) a piorar aprojeção de queda do Produto In-terno Bruto (PIB) do Brasil em2020, de -5,3% em abril para -9,1%agora, de acordo com as atualiza-ções de previsões divulgadas pelodocumento Perspectiva Econômi-ca Mundial. Para 2021, o FMI elevoua estimativa de crescimento de2,9% para 3,6%.

A previsão é mais pessimista quea de boa parte dos analistas brasi-leiros. No relatório Focus, do BancoCentral, a projeção mais recenteaponta para queda do PIB de 6,5%.

Dois fatores relacionados direta-

mente com a doença foram deter-minantes para a deterioração daestimativa para o PIB deste ano: umdeles foi o abalo na economia do-méstica provocado pela enfermi-dade, que inclusive provocou efei-tos muito ruins na confiança deconsumidores e de empresários.Além disso, o ambiente externo fi-cou negativo com a crise interna-cional gerada pela covid-19.

"Na América Latina, onde muitospaíses continuam lutando paraconter infecções, as duas maioreseconomias, Brasil e México, têm es-timativa de contração de 9,1% e10,5%, respectivamente em 2020",apontou o Fundo.

O Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE) in-formou ontem que 19 mi-

lhões de brasileiros foram afasta-dos do trabalho em maio devido àpandemia do novo coronavírus e,dentre estes, 9,7 milhões ficaramsem remuneração.

Os dados foram coletados pelapesquisa Pnad Covid, que buscaidentificar os efeitos da pandemiano mercado de trabalho e na saúdedos brasileiros. O levantamento de-tectou também que houve reduçãona renda do trabalhador brasileiro.

Ao todo, o Brasil tinha no mêspassado 84,4 milhões de trabalha-dores ocupados, segundo o IBGE.Deste total, 22,5% estavam afasta-dos do trabalho na semana da pes-quisa — 18,6% foram afastados devi-do ao distanciamento social.

"Nós já sabíamos que havia umaparcela da população afastada dotrabalho e agora a gente sabe quemais da metade dela está sem ren-dimento", disse o diretor adjuntode pesquisas do IBGE, Cimar Azere-do. "Isso não é favorável e tem efei-tos na massa de rendimentos gera-da, que está estimada abaixo de R$200 bilhões."

Entre os afastados, 51,3% ficaramsem receber remuneração. O nú-mero de pessoas nessas condiçõesrepresenta 11,5% do total de ocupa-dos do país. Os maiores percen-tuais de trabalhadores sem remu-neração foram verificados nas re-giões Norte e Nordeste.

A maior taxa de afastamento sedeu entre trabalhadores infor-mais: domésticos sem carteira assi-nada (33,6%), empregados do setorpúblico sem carteira (29,8%) e em-pregados do setor privado sem car-teira (22,9%).

"Claramente os trabalhadoresdomésticos sem carteira foram osmais afetados pela pandemia. Par-cela expressiva deles tem renda

"NÓS JÁ SABÍAMOSQUE HAVIA UMAPARCELA DAPOPULAÇÃOAFASTADA DOTRABALHO EAGORA A GENTESABE QUE MAIS DAMETADE DELAESTÁ SEMRENDIMENTO"CIMAR AZEREDO, d i reto radjunto de pesquisas doIBGE

S A I BA MAIS» Entre aqueles que

permaneceram trabalhando,quase um terço trabalhoumenos do que o habitual. Onúmero médio de horas caiude 39,6 horas habituais porsemana para 27,4 horas defato trabalhadas. Paraoutros 2,4 milhões detrabalhadores ( 3,6% daspessoas ocupadas e nãoafastadas), porém, a médiade horas trabalhadasau m e nto u .

» O programa do governofederal para evitardemissões de trabalhadoresformais autorizou asuspensão de contratos e aredução de jornada e saláriodos trabalhadores.

TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL

Taxa de desemprego em maio foi de 10,7%, com cerca de 10,1 milhões de brasileiros procurando trabalho

Queda de 9,1% no PIB

9,7 milhões sem remuneraçãoEFEITOS DA PANDEMIA

Contingente está entre os 19 milhões de brasileiros que foram afastados do trabalho em maio

média abaixo de um salário míni-mo. Já os com carteira foram me-nos afetados porque têm mais esta-bilidade", explicou Azeredo.

Entre os setores, o maior percen-tual de pessoas afastadas foi verifi-cado em Outros serviços (37,8%),Serviço doméstico (28,9%) e Aloja-mento e alimentação (28,5%), esteúltimo um dos segmentos maisafetados pelo fechamento do co-mércio de rua.

Já as atividades de Agricultura,pecuária, produção florestal, pescae aquicultura registraram o menorpercentual de pessoas afastadas dotrabalho após o início da pande-mia: 6,8%.

De acordo com o IBGE, o rendi-mento efetivo dos trabalhadoresbrasileiros caiu 18,2% em maio, pa-ra R$ 1.899. As maiores quedas fo-ram verificadas nas regiões Nor-deste (19,7%) e Sudeste (19,3%).