Post on 27-Nov-2018
Temas
( programa da disciplina)
A categoria trabalho e sua historicidade.
O trabalho enquanto atividade especificamente
humana.
Taylorismo e Fordismo e sua relação com o sistema
educativo.
A função social da escola no capitalismo e a
educação do trabalhador.
Trabalho como princípio educativo.
Visões de trabalho na legislação educacional.
Textos
Braverman
cap. 1, 2 e 3
Saviani
O trabalho como princípio educativo
Kuenzer
Exclusão includente e inclusão excludente: a nova forma de dualidade estrutural que objetiva as novas relações entre educação e trabalho
Enguita
A face oculta da Escola
O processo de humanização da
natureza
A evolução do ser humano esteve condicionada por mudanças que só foram possíveis devido a sua capacidade de pensar e lutar pela superação de suas necessidades (alimentação, vestuário, moradia ...)
Nesse processo, adotar uma postura ereta e utilizar as mãos como ferramentas para pegar e selecionar objetos foi fundamental para este desenvolvimento. Com as mãos livres pôde fabricar outras ferramentas que o ajudaram a enfrentar o meio em que vivia.
Nasce assim o trabalho.
Trabalho:
transformação da natureza e constituição do
ser social
Rompe com o padrão natural das atividades biologicamente estabelecidas;
Exige a produção de instrumentos;
Passa a exigir habilidades e conhecimentos que se adquirem inicialmente por repetição e experimentação e que se transmitem mediante aprendizado;
O trabalho leva o ser humano a seguir o caminho da civilização: o homem transforma a natureza e se transforma.
Texto:
Trabalho e Força de Trabalho-
Braverman
Todas as formas de vida mantêm-se em seu meio ambiente natural; assim é que todos desempenham atividades com o propósito de apoderar-se de produtos naturais em seu próprio proveito.
Mas apoderar-se desses materiais da natureza em seu estado bruto não é trabalho, o trabalho é uma atividade que altera o estado natural desses materiais para melhorar sua utilidade.
Primitivismo
O modo de produção primitivo foi desenvolvido na pré-história, quando o homem ainda não produzia seu próprio alimento. Eram nômades que caçavam, pescavam, colhiam e dividiam os alimentos entre sua própria tribo (produção de subsistência). Desta forma só produziam aquilo que poderiam consumir.
Com o advento da agricultura, os homens começaram a ter noção de território, se tornando sedentários. Desta forma surgiu uma inicial divisão de trabalho: uns plantavam, outros trabalhavam nos moinhos, e alguns tinham a tarefa de defender as terras, formando os primeiros exércitos.
A nova estruturação de sociedade instituída sob bases privadas e a consequente divisão social do trabalho, instituiu as classes sociais, a exploração do homem pelo homem e as lutas entre as tribos.
Escravismo
O modo de produção escravista surgiu na Grécia Antiga, e posteriormente foi o modo de produção transposto e praticado por todo o Império Romano.
Com o surgimento da propriedade privada, houve um aumento das famílias nobres, tornando-se necessário mais terras e mais gente para trabalhar no cultivo.
Guerras de conquista: guerreava-se com os povos vizinhos e as terras conquistadas eram repartidas entre os nobres. O povo derrotado era escravizado e se tornava propriedade do Estado, que a concedia aos nobres.
O trabalho passou a ser uma exclusividade dos escravos (apesar de haver pequenos camponeses ).
O trabalho escravo se tornou a base da economia dessa época.
Feudalismo
Transformação na organização não-escravista, porém poucas mudanças na exploração econômica e nas opressões políticas. Os senhores de escravos se tornaram senhores feudais, e os que pertenciam à classe de escravos se tornaram servos – presos às terras doadas por seus senhores, prestando total obediência.
Os servos trabalham e produzem nesses pedaços de terra doados pelo senhor feudal, que expropria uma grande parte do que é produzido por seu servo. A sociedade feudal era composta por três grupos sociais com status fixo: o clero, a nobreza e os camponeses.
A mobilidade social entre esses grupos quase não existia.
O trabalho na sociedade feudal
A Igreja considerava o trabalho como resultado do pecado original, o trabalho era visto como uma tortura
(tripalium: instrumento de tortura).
O trabalho era considerado uma verdadeira maldição e deveria existir somente na quantidade necessária à sobrevivência, não tendo nem um valor em si.
Capitalismo
Influência Iluminismo:
• transformação da natureza pela ação dos
homens;
• através da ciência, da técnica e das artes
mecânicas se pode transformar a natureza;
O homem domina a natureza através de seu
trabalho.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
desagregação da sociedade feudal;
consolidação da sociedade capitalista;
mudanças na ordem tecnológica, econômica e social;
novo modo e novas relações de produção.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal;
provocou o deslocamento da população rural para as cidades;
a produção em larga escala e dividida em etapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção, mas sua produtividade ficava maior ;
homens, mulheres e crianças eram confinados em fábricas, minas e oficinas durante jornadas de trabalho de até 12 e 14 horas, em deploráveis condições sanitárias e de trabalho.
Trabalho na sociedade capitalista
O trabalho se torna mercadoria
Do ponto de vista do trabalho, o capitalismo aparece quando a força de trabalho se torna uma mercadoria que pode ser comprada e vendida;
Para que ele se transforme em mercadoria, é necessário que o trabalhador seja desvinculado de seus meios de produção, ficando apenas com a sua força de trabalho para vender.
Trabalho na sociedade capitalista Trabalho e Capital : uma relação de conflito
Mais-valia
diferença entre o valor incorporado a um bem e a
remuneração do trabalho que foi necessário para
sua produção.
Para Marx, a característica essencial do sistema
capitalista é a apropriação privada dessa mais-valia.
Uma parcela significativa do valor-trabalho
produzido pelos trabalhadores é apropriada pelos
capitalistas.
Esse processo denomina-se acumulação de capital
Trabalho na sociedade capitalista
Com a maquinofatura a produção passou a
organizar-se em linhas de montagem.
O aperfeiçoamento contínuo do sistema de
produção deu origem a uma divisão de
trabalho muito bem detalhada que resultou
na diminuição das horas de trabalho.
O capitalismo industrial começa quando um
significativo número de trabalhadores é
empregado por um único capitalista.
Trabalho e capital monopolista- Braverman
Origens da gerência(2)
Independente da atividade exercida tem-se a necessidade de elaborar uma gerência para sua organização e execução.
O capitalista assume esta função >proprietário do capital.
Gerência primitiva >rígida e despótica.
Necessidade de introduzir controle e regras nas condições de trabalho (horário, ritmo, etc.).
Capitalismo = “contrato livre de trabalho” cujo propósito é atender inteiramente os interesses e vontades dos capitalistas.
Melhor gerência = advinda sobre o interesse para si próprio no capitalismo e do contrato de trabalho evitando a prevalência de uns sobre os outros.
O controle é fundamental para os sistemas gerenciais.
Trabalho e capital monopolista- Braverman
Divisão trabalho( 3)
Divisão manufatureira do trabalho.
Divisão do trabalho: princípio fundamental da organização industrial.
Com o surgimento do capitalismo houve sistematicamente a divisão do trabalho em cada especialidade com operações limitadas.
Divisão estabelecida através de atividades designadas pelo sexo.
Capitalismo > produtos e trabalhadores equivalem a um mesmo capital.
Divisão social do trabalho = subdivide a sociedade / Divisão parcelada do trabalho(manufatureira) = subdivide o homem.
Fordismo-Taylorismo
Síntese
aumento de produtividade com o uso mais adequado possível de horas trabalhadas, através do controle das atividades dos trabalhadores;
divisão e parcelamento das tarefas;
mecanização de parte das atividades com a introdução da linha de montagem;
sistema de recompensas e punições conforme o comportamento no interior da fábrica.
O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA
Taylorismo
As tarefas dos operários deveriam ser simplificadas ao máximo, de modo que o seu grau de dificuldade fosse o mínimo possível.
O fluxo de produção deveria ser dividido e subdividido até que cada trabalhador só realizasse uma ínfima parte do processo como um todo
Os operários não deveriam perder tempo pensando sobre o que faziam.
Planejar, controlar e introduzir melhorias nos processos era responsabilidade de uma equipe de engenheiros.
Do Lar à Fabrica,
Passando Pela Sala de Aula:
A Gênese da Escola de Massas
Relaciona o processo de construção da escola e o
desenvolvimento das relações de produção no
capitalismo, enfatizando a conexão entre a pedagogia
utilizada e os interesses do sistema.
Há sempre uma relação entre o processo educativo e as
relações sociais de produção.
“Sempre existiu algum processo preparatório para a
integração nas relações sociais de produção, com
frequência alguma instituição, que não a própria
produção em que se efetuou este processo” (Enguita,
Mariano. A face oculta da escola. p.105)
Preparação dos jovens para o exercício de
suas funções nas relações de produção da
sociedade
“A transmissão e aquisição das necessárias destrezas
sociais e de trabalho, por conseguinte, bem podiam
ser levadas a efeito nas próprias famílias. Mas esta,
vinculada por laços afetivos, não era o lugar mais
adequado, provavelmente, para aprender os laços de
dependência nem a auto disciplina necessários. Para
isso era necessário haver uma relação mais distante
entre o mestre e o aprendiz, ou então entre o cavaleiro
e seu assistente, e isto só se podia obter ou, ao
menos, era a melhor forma de fazê-lo, colocando os
jovenzinhos a cargo de outra família que, assumindo o
papel de educadora, não se visse travada pelo
obstáculo do afeto.” (p.108)
Do doutrinamento à disciplina
“Mas a proliferação da indústria iria exigir um novo
tipo de trabalhador (…) se os meios para dobrar os
adultos iam ser a fome, o internamento ou a força, a
infância (os adultos das gerações seguintes)
oferecia a vantagem de poder ser modelada desde o
princípio de acordo com as necessidades da nova
ordem capitalista e industrial, com as novas relações
de produção e os novos processos de trabalho.”
(p.113) .
As escolas ...
As escolas seriam então, a formas de consolidar a
ideologia industrial e capitalista nas novas gerações,
através da doutrinação proveniente das relações
entre escola e aluno, que constituiriam a “face oculta”
das escolas. Assim, toda a disciplina e regra escolar
não teriam outra função que não preparar o jovem
para a sua vida como trabalhador, de forma que ele
assimilasse esta situação desde a infância, para que
ao chegar a vida adulta isto já estivesse
condicionado.
AS MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E A
EDUCAÇÃO: novos desafios pra a gestão
Acácia Kuenzer
Pedagogia orgânica ao taylorismo/fordismo:
tem por finalidade atender a uma divisão social e
técnica do trabalho marcada pela clara definição de
fronteiras entre as ações intelectuais e
instrumentais,
decorre de relações de classe bem definidas que
determinam as funções a serem exercidas por
dirigentes e trabalhadores no mundo da produção.
Influência no sistema educacional brasileiro
(atividade realizada em sala)
Fábrica a)Divisão trab. manual/intelectual
b)Hierarquia
c) Parcelarização Trabalho
d)Prescrição do Trabalho
e) Produção em Massa
Escola -Tendências pedagógicas conservadoras: centrada ora nos conteúdos,
ora nas atividades( nunca na relação)
-Métodos voltados à memorização,aulas expositivas
-Educação intelectual / Educação profissional
-Direção, Orientador, Supervisor,Professor
-Professor diferentes disciplinas, diferentes áreas do conhecimento que não se relacionam, conteúdos fragmentados e repetidos de forma linear
-Planos de aula, planos de ensino, objetivos instrucionais, livros didáticos, tarefas com finalidades por si
-Sistema rígido de avaliação, critérios aprovação/ retenção
-Caráter SELETIVO
Taylorismo e Fordismo na educação
Objetivos: Dominar / Disciplinar
Características:
Decoreba sem reflexão
Valorização das tarefas
Falta de criticidade
Submissão à autoridade
Busca de resultados
Cumprimento de regras
A crise do modelo taylorista/fordista
Novas alterações na estrutura do capital.
Novo modelo de produção que tem como objetivo solucionar os problemas que teriam levado o modelo anterior a uma crise estrutural.
Tem início, então, um processo de reorganização, que teve como principal resultado a emergência do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a falência do setor público estatal.
Posterior a isso ocorre um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, que daria origem ao modelo flexível de produção. Tudo isso no intuito de recuperar o ciclo reprodutivo do capital.
Acumulação Flexível
modelo de gestão produtiva que se diferencia do fordismo, no que se refere à organização do trabalho e da produção. Ao invés de centrar-se na produção em massa, fundamenta-se na idéia de flexibilidade.
Características:
trabalha com estoques reduzidos;
fabricação de pequenas quantidades;
suprir a demanda colocada no momento exato, bem como atender um mercado diferenciado, dotado de públicos cada vez mais específicos;
os produtos somente são fabricados ou entregues a tempo de serem comercializados ou montados. Isto permite que a indústria possa acompanhar as rápidas transformações dos padrões de consumo.
Toyotismo
É a forma de administração da produção industrial e de seus materiais, segundo a qual a matéria-prima e os estoques intermediários necessários ao processo produtivo são supridos no tempo certo e na quantidade exata.
Consiste na redução dos estoques de matéria-prima e de peças intermediárias, conseguida através da linearização do fluxo da produção e de sistemas visuais de informação (kanban). Através dela, busca-se chegar a um estoque zero.
JUST-IN-TIME (no exato tempo)
Toyotismo
Relações de trabalho- exigências
formação trabalhador
trabalhador mais qualificado, participativo e polivalente - apto a trabalhar em mais de uma função;
os trabalhadores passaram a trabalhar em grupos, orientados por um líder;
controle de qualidade total: todos os trabalhadores, em todas as etapas da produção são responsáveis pela qualidade do produto e a mercadoria só é liberada para o mercado após uma inspeção minuciosa de qualidade ;
aumento da concorrência entre os trabalhadores .
Modelo de acumulação flexível - atual
alta rotatividade da mão de obra,
baixo nível de sindicalização ,
enfraquecimento dos sindicatos na defesa dos direitos trabalhistas,
instabilidade para os trabalhadores,
desemprego crescente ,
tendência a elevar o numero de trabalhadores através da diminuição das horas de trabalho semanais:
trabalhar menos horas para que todos possam ter emprego e renda.
Capacidades intelectuais do trabalhador para adaptar-
se à produção flexível:
(texto Acácia)
comunicar-se adequadamente, por intermédio do domínio dos códigos e linguagens, incorporando, além da língua portuguesa, a língua estrangeira;
autonomia intelectual, para resolver problemas práticos utilizando os conhecimentos científicos
autonomia moral, por meio da capacidade de enfrentar novas situações que exigem posicionamento ético;
capacidade de comprometer-se com o trabalho, por meio da responsabilidade, da crítica, da criatividade.
Educação e Trabalho-
Acácia Kuenzer
“ Ao compreender o trabalho enquanto práxis humana, ou seja, como o conjunto de ações materiais e não materiais que são desenvolvidas pelo homem, enquanto indivíduo e coletivo, ao longo da história, para construir as condições de existência, estão postas as bases para compreendê-lo para além da práxis produtiva tal como ela tem sido dominante sob a égide do capital, que elegeu a forma assalariada como sua expressão mais moderna.”
KUENZER
A dualidade – trabalho intelectual e trabalho manual – que durante muito tempo justificou duas modalidades de Ensino Médio pode ser resolvida somente pela educação?
Não há a menor possibilidade de enfrentamento no sentido da superação da dualidade estrutural via escola.
Por quê?
Porque a dualidade estrutural é determinada fora da escola, exatamente pela relação que, no modo de divisão capitalista, se estabelece entre capital e trabalho. É evidentemente que é esta a origem. Esta contradição fundamental do capitalismo, que opõe a classe trabalhadora aos proprietários dos meios de produção, é que gera a necessidade de duas escolas diferentes. O interessante é que é o mesmo discurso do regime da acumulação flexível, que pretensamente mostra que toda a classe trabalhadora agora tem que ter muita formação, mais escolaridade, tem que aprender a trabalhar.
“A escola pode minimizar os efeitos perversos, buscando integrar o conhecimento para o mundo do trabalho com o conhecimento intelectual, o que, aliás, constitui uma unidade.” ( pode minimizar mas não pode superar)
A acumulação flexível e a globalização
“... a acumulação flexível se alimenta da contradição entre trabalho concreto e abstrato, ou seja, para que este possa gerar mais valor, é preciso que sejam mantidos um sem-número de trabalhos cada vez mais precarizados, tal como ocorre hoje na divisão internacionalizada do trabalho, que articula organicamente trabalho escravo, trabalho infantil, trabalho informal, trabalho domiciliar, trabalho terceirizado, às formas mais sofisticadas de trabalho automatizado, em alguns casos já próximas do “trabalho humano zero”.
Esta divisão ocorre tanto no âmbito nacional quanto nas relações entre os países, e é ela que alimenta a chamada “globalização”.
Em resumo, a tendência ao fim, ou à diminuição do emprego não significa o fim do trabalho como práxis humana (Frigotto, 1996), nem mesmo na sua forma de trabalho explorado; apenas, mudam-se as formas de exploração, sob a égide da acumulação flexível, regime dominante na passagem do século.
EXCLUSÃO INCLUDENTE E INCLUSÃO EXCLUDENTE:
A NOVA FORMA DE DUALIDADE ESTRUTURAL QUE OBJETIVA AS
NOVAS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E TRABALHO
A primeira lógica, a da “exclusão includente”, envolve os mecanismos que excluem o trabalhador do mercado formal e o incluem precariamente.
“São identificadas várias estratégias para excluir o trabalhador do
mercado formal, no qual ele tinha direitos assegurados e melhores condições de trabalho e, ao mesmo tempo, são colocadas estratégias de inclusão no mundo do trabalho, mas sob condições precárias. Assim é que trabalhadores são desempregados e reempregados com salários mais baixos, mesmo que com carteira assinada; ou reintegrados ao mundo do trabalho através de empresas terceirizadas prestando os mesmos serviços; ou prestando serviços na informalidade, de modo que o setor reestruturado se alimenta e mantém sua competitividade através do trabalho precarizado.” (Kuenzer, 2004, p.92)
A segunda lógica, a da “inclusão excludente” se refere
à educação por envolver mecanismos de inclusão na
educação escolar.
“As estratégias de inclusão nos diversos níveis e modalidades da
educação escolar aos quais não correspondam os necessários padrões de qualidade que permitam a formação de identidades autônomas intelectual e eticamente, capazes de responder e superar as demandas do capitalismo; ou, na linguagem toyotista, homens e mulheres flexíveis, capazes de resolver problemas novos com rapidez e eficiência, acompanhando as mudanças e educando-se permanentemente.” (Kuenzer, 2004, p. 92-93).
A autora chama a atenção para um conjunto de estratégias que apenas conferem “certificação vazia”, e por isto mesmo, constituem-se em modalidades aparentes de inclusão que fornecerão a justificativa, pela incompetência, para a exclusão do mundo do trabalho, dos direitos e das formas dignas de existência.
Ex.:formação superior aligeirada em instituições de qualidade questionável.
Orientação Profissional e a legislação
No plano das legislações, a inserção da atividade de Orientação Profissional/ Vocacional no contexto escolar é sugerida em 1931, na Reforma Francisco Campos, e consolidada nas Leis Orgânicas de Ensino, promulgadas entre 1942 e 1946.
As Leis de Diretrizes e Bases da Educação 4024/61 e a 5692/71 tornaram obrigatória a orientação educacional nas escolas, com ênfase no aconselhamento vocacional, ou seja, na escolha profissional (Brasil, 1961, 1971).
A Lei de Diretrizes e Bases de 1971 –
LDB 5692/71
institui o segundo grau como profissionalizante,
eliminando o dualismo entre escola de 2º grau e
escola técnica;
torna obrigatória a Orientação Educacional nas
escolas, “incluindo aconselhamento vocacional, em
cooperação com os professores,a família e a
comunidade” (Brasil, 1971, Art. 10);
o objetivo da lei era oferecer uma formação técnica
básica a todos os alunos do Ensino Médio e cabia
ao orientador educacional realizar a Orientação
Vocacional/ Profissional.
O sujeito passou a ser a técnica. Este deslocamento aconteceu em função de mudanças no contexto sócio-econômico e político.
O homem passou a ser pensado para o mercado como fator de produção. Assim, por meio da influência norte-americana, viabilizada na educação pelos acordos MEC-USAID, o homem passou a ser concebido como recurso humano.
Aliada à concepção taylorista de “trabalho,” a proposta tecnicista determinou mudanças radicais no sistema educacional que estava em processo de reconstrução.
Tecnicismo
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
LDB 9.394/96
Estabelece que “a educação, dever da família e do
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho”(Brasil, 1996, art. 2º).
O artigo primeiro da Lei 9.394/96, referente aos objetivos
da educação brasileira, estabelece que a educação
escolar deve estar “vinculada ao mundo do trabalho e
à prática social”.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
LDB 9.394/96
A nova organização curricular do Ensino
Médio deve ser realizada “a partir das
inter-relações existentes entre os eixos
constituintes do Ensino Médio, ou seja, o
trabalho, a ciência, a tecnologia e a
cultura, tendo o trabalho como princípio
educativo” (Brasil, 2009)
Então o trabalho...
O trabalho se constitui, nessa perspectiva, no princípio organizador do currículo no Ensino Médio. Não se limita ao ensino profissionalizante, “pois todos, independentemente de sua origem ou destino socioprofissional, devem ser educados na perspectiva do trabalho, umas das principais atividades humanas”, que envolve a preparação para as escolhas profissionais futuras, o exercício da cidadania e o processo de produção de bens, serviços e conhecimentos com as tarefas laborais que lhes são próprias (Brasil, 2000).
TRABALHO COMO PRINCÍPIO
EDUCATIVO (Saviani)
Trabalho:
1a. mediação entre homem-natureza-homem
A profissionalização, sob essa perspectiva, se
opõe à simples formação para o mercado de
trabalho, mas incorpora valores ético-políticos
e conteúdo histórico-científico que caracteriza
a práxis humana.
Politecnia- uma concepção
- A noção de politecnia se encaminha na direção da superação da
dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre
instrução profissional e instrução geral;
- Politecnia, literalmente, significa múltiplas técnicas,
multiciplicidade de técnicas
“respeito ao domínio dos fundamentos científicos das
diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho
produtivo moderno. Diz respeito aos fundamentos das
diferentes modalidades de trabalho” (Saviani);
Politecnia é .....
- Politecnia é uma escola cujos seus espaços de
aprendizagem estão voltados para o domínio científico
da multiciplicidade de técnicas;
-Tomar o trabalho como categoria central e princípio
educativo, já que este pode ser apanhado pela
consciência humana, ser planejado e (re)significado;
-
-Compreender o trabalho como “produção” e
“humanização” dos seres humanos, que transforma a
natureza e, principalmente, nós seres humanos.
Politecnia =
conteúdo, método e forma
Os termos de educação ou instrução politécnica
ou tecnológica são os dois mais abrangentes que
Marx utilizou buscando afirmar uma concepção
de educação que, no conteúdo, no método e na
forma de organizar-se, interessa à classe
trabalhadora e não separa educação geral e
específica e trabalho manual e intelectual (Frigotto,
verbete, 2012).
Direitos humanos
e Sustentabilidade ambiental
A pesquisa como
princípio pedagógico
O trabalho como
princípio educativo
Princípios que devem nortear o EM