Post on 08-Mar-2016
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Diretor: Filipe Resende | Diretores-Adjuntos: Afonso Sousa, Diogo Lopes, João Tavares e Raquel Trindade
Nº 3 - Edição de janeiro de 2013 – Jornal Mensal
Quando a independência
chega, o que fazemos
com ela? Culturismo
Conhece À espe-ra de Moby Dick de Nuno Amado e o filme Alice nesta terceira edição
Págs.9 e 10
Parte para rasgar
Passos Coelho na mensagem de natal e o fim do mundo nesta edição
Págs.15 e 16
Editorial Quatro ideias
para o futuro: os
projetos dos alu-
nos; as três edi-
ções d’O Acadé-
mico; a manuten-
ção do jornal e a
exigência no ensi-
no perante a crise
Pág. 2
NOVO ESPAÇO DE INFORMAÇÃO COM A FCH NEWS
Fica agora conhecer n’O Académico todas as notícias da FCH. Nesta edição conhece os projetos para o pró-ximo semestre da AEFCH e muito mais
Página 3
Correio FCH
Conhece o comu-nicado da dire-ção da AEFCH
Pág. 12
| Destaque Páginas 4 a 6
Question à Trois ao Professor
Rogério Santos
Páginas 12 e 13
2 | Editorial
Quatro ideias para o futuro Os projetos dos alunos interessam a todos
Nos últimos tempos temo-nos apercebido que
a importância dada às atividades dos alunos na
FCH é bastante elevada. A criação deste jornal foi
bem vista não apenas pelos alunos, mas também
pelos professores. Temos recebido inúmeros con-
vites de vários docentes para nos integrarmos em
diversos projetos, o que consideramos uma autên-
tica honra.
Achamos ser este o verdadeiro espírito de uma
Faculdade, onde existe uma cooperação académi-
ca entre alunos e professores. Sentimos que os
docentes em relação ao jornal são um pilar, assim
como os nossos colegas. Embora esta publicação
seja dos alunos, achamos que devemos apostar
numa pluralidade de públicos de forma a agradar
toda a comunidade académica.
Continuação do jornal para os próximos anos
Um dos aspetos que temos vindo a analisar é o
fato de não ter havido um jornal contínuo ao lon-
go dos anos. Ou seja como um médium de imen-
sas gerações diferentes. Esperamos que O Acadé-
mico seja esse primeiro jornal, com uma continua-
ção, de forma a um dia os atuais alunos da FCH
verem a continuação deste projeto.
Esperamos e acreditamos que O Académico terá
uma longa vida pela frente, e não deve acabar este
ano letivo. O jornal deve continuar pelas mãos de
futuras gerações, e com a colaboração de novos
investigadores e professores.
Em três anos nenhum membro da direção deste
jornal tinha visto um projeto com tanto sucesso
entre a comunidade académica. Sinceramente
também não estávamos à espera de um impacto
tão positivo. Por acreditarmos na simplicidade, na
mudança, na qualidade, esperamos um dia voltar a
esta Faculdade, já enquanto profissionais da
Comunicação, das Línguas, do Serviço Social e da
Psicologia e vermos O Académico da FCH, a
manter-se forte como sempre.
As duas anteriores edições em PDF
Jornal O Académico—Edição de janeiro
Três edições
Fazendo agora um balanço das duas anteriores
publicações temos tido uma evolução muito posi-
tiva. Temos sido um espaço de interação da
comunidade académica, e esse é para nós um
fator essencial na manutenção do jornal. Da pri-
meira para esta terceira edição, modificámos o
design, reduzimos a opinião, colocámos mais
“cultura” e nesta última edição apostámos na
linha da informação dentro da FCH.
Esperamos continuar a crescer e a informar o
nosso público leitor com os objetivos de sempre:
a qualidade jornalística e a abertura da opinião
aos alunos.
O ano 2013
2013 será um dos anos mais complicados para
os portugueses. Isto quer dizer que vamos ter que
trabalhar mais. A FCH não vai escapar a esta rea-
lidade e perante a crise económica os professores
vão exigir mais dos alunos, para os prepararem
melhor para o “cruel” mercado de trabalho.
Parece chato, mas nem tudo é mau. Com os cor-
tes no ensino superior público, e havendo maior
exigência dos docentes da FCH, haverá uma
melhor preparação alunos da FCH. Isto representa,
ao chegarmos a ocupar um futuro cargo profissio-
nal, vamos ter menos dificuldades em trabalhar e
nos adaptarmos a um futuro emprego. Neste caso
a nossa preparação em relação a outras faculdades
é maior, até com a crise a FCH se distingue pela
qualidade de ensino.
5ª Conferência Anual em Ciência
e Arte dos Videojogos
N os passados dias 13, 14 e
15 de dezembro teve lugar na
FCH a 5ª Conferência Anual em
Ciência e Arte dos Videojogos.
Uma iniciativa organizada pelo
CECC (Centro de Estudos de
Comunicação e Cultura), pela
FCH e pela Sociedade Portugue-
sa de Ciências dos Videojo-
gos (SPCV). A conferência con-
tou com a participação de inúme-
Futebol 7 Lugar Equipa Jogos V E D Pontos
1º Canto Escuro 3 3 0 0 9
2º Lourenço e mais sete 3 2 0 1 6
3º Buchas da morte 2 1 0 1 3
4º Equipa do Amor 3 1 0 2 3
5º Poderosos mas sem
nome
3 0 0 3 0
Filipe Resende
ros especialistas de videojogos.
Segundo o site do evento
“Nesta conferência contamos
com a participação de investiga-
dores e profissionais da área dos
videojogos para divulgação de
trabalhos e troca de experiências
entre a comunidade académica e
indústria de videojogos.” O
evento teve fim na Meo XL.
Party, na FIL.
Melhor marcador: Álvaro Jorge
Fonte: Grupo do Facebook de Futebol 7
Próximos
Eventos
Sara dos Santos
O início do ano começou, e
com ele também os exames finais des-
te semestre. Apesar de janeiro ser um
mês de grande agitação entre livros,
apontamentos e muitas horas de estu-
do, a Associação de Estudantes está
planear um conjunto de eventos a rea-
lizar no semestre de verão, que terá
início a 4 de fevereiro.
Entre estes eventos estão progra-
mados: “uma conferência sobre um
tema relacionado com o jornalismo,
vamos também repetir o torneio de
futebol. Possivelmente teremos uma
festa de carnaval” – diz José Diogo,
presidente da AEFCH - “avançaremos
também com outra campanha de soli-
dariedade. Estas são as prioridades
mas prometemos muitas outras ativi-
dades.”.
No entanto, todas as datas estão
ainda por definir durante o mês de
janeiro, segundo o presidente, que
deixou uma mensagem para os alunos
da Faculdade de Ciências Humanas:
“Quero desejar a todos os meus cole-
gas uma boa fase de frequências.
Estudem muito porque se fizermos
tudo à primeira temos quase um mês
de férias. Quero também garantir a
todos os alunos, que no 2º semestre, a
AE estará ainda mais forte com novos
planos!”.
FCH News |3
Jornal O Académico—Edição Nº3
Destaque | 3
Quando a independência chega, o
que fazemos com ela? O que seria ficar sem a papinha da mamã, o colinho do papá e partir na descoberta de um mundo
novo? Para Joana, Teresa e Afonso, mudar de casa significa muito mais do que ter loiça para lavar.
Reportagem
A cordar cedo,
lavar a cara e
os dentes,
tomar o peque-
no-almoço e ir para a
escola. Durante pelo
menos doze anos da nos-
sa vida, o nosso horário é
este. A vida de estudante
de ensino básico. As
escolhas que vamos ten-
do de fazer vão-se difi-
cultando, somos obriga-
dos a escolher o nosso
futuro cada vez mais
cedo, os materiais escola-
res vão ficando cada vez
mais caros, o ensino vai
ficando cada vez mais
pobre, mas estamos em
casa. Estamos no sítio
onde nascemos e cresce-
mos, com os pais, família
e amigos do nosso lado
que vão aligeirando a
crueza de tudo isto.
Mas a sombra do
ensino superior não tarda
4 | Destaque
Jornal O Académico—Edição de janeiro
as decisões, tudo isto vai, aos poucos
surgindo na nossa jovem existência e
chega a uma altura onde temos de nos
levantar por nós próprios. Enfrentar os
problemas que a crescente vida adulta
nos vai arremessando por nossa conta e
risco e dizer adeus a alguns hábitos de
antigamente. Coisas que temos de
aprender a fazer sozinhos. A emancipa-
ção. A vida de universitário. Para uns é
mais descomplicada mas, para muitos
outros, esta transição acarreta responsa-
bilidades ainda maiores.
Diogo Lopes
5
Jornal O Académico—Edição Nº3
Jovens de todos os cantos
do país têm nesta fase a sua
primeira grande prova de
resistência, a mudança para
uma cidade nova, o viver
sozinho.
Esta reportagem é exata-
mente sobre isso: jovens
que saíram das suas cida-
des natal em busca do
sonho que um curso supe-
rior pode ajudar a realizar.
Na realidade da nossa uni-
versidade, pegámos em
casos específicos de cole-
gas que se mudaram para a
capital e quisemos enten-
der melhor o que é dar este
passo. As responsabilida-
des, os medos, os amigos,
tudo isto em relação a esta
realidade bipartida entre a
faculdade e a cidade que
nos viu crescer.
“Vir para Lisboa foi um
desafio que significou um
balanço entre uma inde-
pendência diferente e um
conjunto de responsabili-
dades bastante maiores”. É esta a forma como Afon-
so Sousa, um farense orgu-
lhoso, relembra os primei-
ros tempos em Lisboa.
“Não é que houvesse
medo de alguma coisa,
mas como qualquer desa-
fio nem sempre sabemos
o que nos espera. Não me
lembro de ter passado
grandes dificuldades mas
ao fim de cada semana só
queria era voltar para
casa”. Também Teresa
Gago, a poucos meses de
terminar o curso que sem-
pre sonhou tirar, relembra
os primeiros dias de forma
algo diferente: “Lembro-
me perfeitamente do dia
em que cheguei a Lisboa
para ficar de vez, os meus
pais deixaram-me e, nos
minutos seguintes, deitei
umas lágrimas. No início
não foi fácil, tive que me
habituar a cuidar das
minhas coisas e a realizar
as tarefas domésticas que
antes eram feitas pela
mamã”. Tarefas essas que, por estes
dias, estão em suspenso.
Com o fim de mais um
semestre, são muitos os
que agora regressam aos
braços das respetivas famí-
lias. Como é voltar a casa?
“Tenho sempre saudades
de casa! Vir para casa
para junto da família é
das melhores sensações
do mundo, estar junto de
quem realmente vale a
pena ter saudades”. Quem o diz é Joana Portu-
gal, viseense de gema, que
vai disfrutando, como mui-
tos, de uns últimos
momentos junto da família
e amigos. Já para Teresa,
regressar envolve também
alguma nostalgia:
“Encontrar o meu canti-
nho como o deixei e sentir
o carinho daqueles que
que mais gostamos é sem
dúvida o melhor”.
Mas com uma cidade, casa,
tantos amigos e professores
novos, afinal o que
mudou? “Mudou muita
coisa. Por exemplo, o sig-
nificado que a família
tinha para mim e que
agora tem, é bastante
diferente. O que antes se
calhar tomava por garan-
tido, agora dou outro
valor. Não só no que toca
à família mas a muitas
outras coisas também.
Mas acho tudo isso faz
parte do processo de
amadurecimento pelo
qual sei que tenho passa-
do”. É esta a forma que
Afonso, a viver em Lisboa
há três anos, tem de expli-
car que aquela que consi-
dera uma das decisões mais
importantes que tomou:
“Sair de casa faz-nos
realmente crescer e dá-
nos horizontes completa-
mente diferentes. Acho
que toda a gente o devia
fazer logo aos dez anos. A
sério. Ficar na terra sig-
nifica muitas vezes estag-
nar. Nesse sentido, sair de
casa foi a melhor das
decisões que tomei”. Este
sentimento de mudança
parece ser consensual entre
todos, que já vêem Lisboa
como uma casa mas tam-
bém como um lugar de
revolução interior. Para
Vida universitária
6 | Destaque
Joana, foi uma espécie de
lição de vida: “Lisboa
ensinou-me que só vale a
pena lutar por nós pró-
prios e tanto quanto pos-
sível ignorar falsas vonta-
des alheias. Amadureci
no que respeita ao méto-
do de estudo e trabalho
claro, quanto ao resto
assumir responsabilida-
des é um prazer para
mim, assumir-me como
capaz de materializar as
minhas vontades”.
Quando perguntámos
aos três se imaginam a
regressar a casa para traba-
lhar e viver a resposta não
parece ser nada simples.
Joana não fecha portas a
nada, mas de uma coisa
não tem dúvida: “Se sur-
gisse uma oportunidade
muito boa seria bom para
uma fase da minha vida,
mas eu não quero estag-
nar, tenho medo de cris-
talizar, por isso, tenciono
ir à procura do que fazer
e onde fazer, não anulan-
do a hipótese de Viseu e
Lisboa serem o sítio ideal
em determinada altura
da vida.” Já para Teresa,
Lisboa “está contratada”:
“Desde o momento que
cheguei a Lisboa, e olhando
para o futuro, já não me
imagino a voltar a viver em
Faro. São cidades comple-
tamente diferentes e, de
certa forma, já me habituei
a Lisboa e a toda a azáfama
que a caracteriza. Adoro
Faro, mas para ir passar
férias e estar com a família,
viver e trabalhar imagino-
me numa cidade grande
como Lisboa”.
Afonso remata a questão
para outros lugares: “Como
tudo na vida, Lisboa tem
coisas boas e coisas más.
Assim numa visão um
bocado mais romântica, a
minha terra ficará assim
como o local onde passei
uma infância dourada e
onde guardo os meus
melhores amigos e também
memórias. Isto é tudo um
processo de evolução.
Depois de descobrires Lis-
boa, apetece-te descobrir
muito mais”.
É assim a vida de quem
quis vir em busca do que
queria. É assim que vemos
que “dar o salto” têm muito
que se lhe diga, mas no final,
tornamo-nos sem dúvida
numa pessoa mais rica.
Jornal O Académico—Edição de janeiro
Estamos no sítio
onde nascemos e
crescemos, com
os pais, família e
amigos do nosso
lado que vão ali-
geirando a crueza
de tudo isto.
Onde param os dias bons?
Onde param os dias bons?
A partilha, a amizade, a soli-
dariedade? Só se vêem autó-
matos. Dias e noites, manhãs e
tardes, tudo igual, todos o
mesmo. A vontade de ser dife-
rente tornou todos iguais.
Diferentes… mas iguais. Pes-
soas giram, entram e saem
num rodopiar constante como
que engolidas num turbilhão
de indiferença.
Mundos mudam, pessoas
morreram e nada. Nada trans-
parece por entre rostos de cera
que não derretem por nada.
Continuamos a caminhar, por
entre túneis de egoísmo que
nos limitam o mundo e que
nos prendem a uma ilusão bri-
lhante mas, no fundo, oca.
Continuamos a caminhar mas
não saímos do mesmo sítio.
Como poderíamos? Dá traba-
lho sentir. Obriga-nos a ver
quem realmente somos e isso
é muitas vezes uma garfada
difícil de engolir. No mundo
do ilusionismo o espetáculo
acaba quando conhecemos o
truque. E hoje temos medo do
cair da cortina. Saltamos de
pedra em pedra sem nunca
sentir a água que flui por entre
elas. Nascem ídolos e caem
messias num abrir e fechar de
olhos. A ilusão não é sólida,
não consegue ser base. Mas
tudo bem… continuamos lin-
dos e tecnológicos. Continua-
mos a banhar-nos em likes e
friends como se de sabedoria
se tratasse. Continuamos a
conversar sem dizer nada.
Continuamos a viver à base de
frases feitas em imagens trans-
formadas. Não se sabe o que
se diz. Não se sente o que se
deve. E definhamos.
Os poucos que ainda sobram
sem se deixar levar acabam
por ser domados pelos que há
muito já lá vão. Então mas
quem tinha um olho não era
rei? Talvez não se tenha consi-
derado a hipótese de se ter
dois. Mas o mundo gira. Tem-
pos mudam e épocas passam.
E a ordem divina que rege a
existência, longe de cruzes ou
de quartos crescentes, é justa.
Não se deixa levar pelo block-
buster ou pelo bestseller. E a
ordem mudará. Esse será o dia
do julgamento. Será aí que
todos
todos serão confrontados com
o que deixaram por abrir e
tiveram medo de explorar. Os
caminhos fáceis de ontem
serão o calvário de amanhã. E
não será nenhum juiz ou ilu-
minado que determinará os
justos e os pecadores. Será
quem trocou a partilha pelo
copo, o altruísmo pelo interes-
se. Seremos os nossos pró-
prios juízes e carrascos. E
lágrimas cairão. Realidades
estilhaçadas. E o peso da cul-
pa e da vergonha será a pele
de quem nunca quis ir além do
mais perto e do mais fácil.
Talvez aí cresçamos. Talvez aí
saiamos desta adolescência
autista e trituradora. A verda-
de libertar-nos-á e aí sim vere-
mos as cores reais daquilo que
nos rodeia. Aí sim saberemos
o que é ser feliz e sóbrio. Sen-
tiremos. Amaremos. Eu tenho
esperança que sim. Nada está
perdido, apenas não nos lem-
bramos onde o deixámos.
Diogo Lopes
Crónica | 7
Jornal O Académico—Edição Nº3
"A conquista do medo é o princípio
da sabedoria. "
Bertrand Russell
Fotografia Por:
Gonçalo Fonseca (500px.com/goncalofonseca)
Jornal O Académico—Edição de janeiro
8 | (Des)focado
À espera de Moby Dick de Nuno Amado
LITERATURA
E ste primeiro ro-
mance de Nuno
Amado desenrola-se
em forma epistolar.
São cartas que um narrador
lisboeta, autoexilado nos
Açores, envia e nos apresenta
no seu livro. Pouco sabemos
da história do narrador-
protagonista: alfacinha, croni-
sta de cinema num jornal e
que um desgosto de amor de-
spoleta nele um tal estado
anímico que os amigos temem
que se suicide. No livro, va-
mos vivendo com ele a adap-
tação às ilhas açorianas, os
conhecimentos que faz e a sua
busca utópica: ver baleias.
“Amanhã vou ver baleias.
Imagino que um monstro de
carne e espuma salta e abalroa
o barco. Imagino que me en-
gole e lá dentro encontro
Jonas e Gepetto.”
Enquanto almoça no
restaurante do senhor Joa-
quim, faz viagens de barco
com o alemão Hector – trafi-
cante de qualquer coisa a que
passará a chamar búzios – en-
quanto descobre o terrível
segredo dos Viana, constrói a
sua realidade e vai reconstru-
indo a sua vida olhando o
Atlântico, fazendo jogging
entre vacas e pastos verdes e
desconstrói “aquilo-que-
aconteceu” nas cartas ao
amigo.
Recém-chegado aos
Açores, opta por uma casa
sem televisão, telefone e inter-
net sempre circunscrito à pa-
lavra escrita, remetida por cor-
reio postal. E, para além das
que envia ao amigo de Lisboa,
remete também cartas ao Insti-
tuto Nacional de Estatística, a
um diretor de um canal de
Televisão ou ao editor dos
suplementos de livros de um
semanário, por exemplo.
Um homem em busca
de sim próprio que acaba por
perceber que “confundi um
mamífero de duas toneladas
com a redenção”.
“Querido amigo,
Vejo que estás mais interessado no que
aconteceu do que no que está a acontecer.
Talvez porque te pareça que esta minha vida
de quase-eremita, este meu exílio açoriano,
esta minha experiência epistolar, esta minha
busca de redenção seja apenas mais um erro,
mais um dos muitos que cometi desde que
aconteceu aquilo-que-aconteceu.”
Susana Gil Soares
À espera de Moby Dick, de Nuno
Amado, Oficina do Livro, 13,90 Euros
Nuno Amado
Culturismo | 9
Jornal O Académico—Edição Nº3
Alice (2005) de Marco Martins
CINEMA
um final um pouco ambíguo.
Uma criança passa por Mário e
olha-o atentamente. Genialmente, o
realizador
implanta-
nos a pró-
pria para-
noia do pai
de Alice: no
meio daque-
las multi-
dões, qual-
quer criança
pode ou não
ser a sua
filha.
U ma Lisboa cinzenta azulada
de multidões frias e apressadas; de
pessoas que ignoram o pedido de
ajuda de um pai desesperado. Alice é
o retrato de uma família que perde a
sua filha e da sua descida para o
desespero.
Começamos com a rotina de
Mário que diariamente faz o mesmo
percurso do dia em que perdeu a
filha: apanha o mesmo comboio,
passa pelo mesmo sem-abrigo, vai
ao infantário à mesma hora... Segue
exatamente os mesmos passos
daquele terrível dia em que tudo
mudou na esperança de encontrar a
filha. Espalhou câmaras por Lisboa e
troca frequentemente as cassetes
criando uma rede de vigilância. Tem
um acordo com um amigo do aero-
porto para ver as gravações das
câmaras de segurança de lá. Está
iludido que controla as ruas e as pes-
soas.
Depois temos acesso a um
flashback do dia em que Alice desa-
pareceu e da visita do casal à Judi-
ciária. O sofrimento da mãe vem
além do ecrã e partilhamos a dor de
Luísa naquela cena em que se entre-
ga ao desespero.
Mário procura Alice em todos
os carros, em todas as esquinas. Está
sozinho. Distribui panfletos exausti-
vamente. Vê todos os frames de
vídeo gravado meticulosamente.
Mário entra numa espiral de obses-
são e vê o casaco azul de Alice e os
seus caracóis em todo o lado. As
suas paredes transformam-se em
apontamentos e fotos que lhe pos-
sam levar à filha.
Contudo, o seu método começa
a falhar, os panfletos são ignorados,
uma das câmaras é partida, outra
retirada da janela... O seu desespero
é apaziguado pela menina de casaco
azul que passava todos os dias pelo
Rossio. Mário segue-a só para des-
cobrir que não passa de outra ilusão
da sua mente. Luísa é levada para o
hospital e Mário deixa-se apoderar
pela dor da inutilidade dos seus
esforços.
Estas cenas melancólicas são
brindadas com uma lenta e repetitiva
banda sonora que reflete a própria
rotina de Mário criando um ambien-
te de tristeza e ansiedade.
Neste filme de brilhantes pres-
tações, Marco Martins culmina com
Estrelas d’O Académico 8/10 Estrelas
10 | Culturismo
Jornal O Académico—Edição de janeiro
Inês Correia
A minha missa do Galo
N ão sei bem
classificar
o que sou
e, errada-
mente, confesso, nun-
ca o tentei sequer per-
ceber. Se ateu ou
agnóstico – crente não
sou de certeza – a ver-
dade é que tenho uma
opinião sobre a reli-
gião. E ter uma opi-
nião já é qualquer
coisa.
Para alunos da
Universidade Católica
Portuguesa, a quanti-
dade de conversas que
mantemos no bar
sobre assuntos rela-
cionados com a reli-
gião, a fé ou o estado
da Igreja, está ao mes-
mo nível das discus-
sões que temos sobre
gastronomia afegã.
Não acredito que os
nossos almoços
devam passar a ser
verdadeiras missas de
domingo, mas acredi-
to não faria mal
nenhum pensar um
bocadinho nisto. Foi
ainda há dias que o
Papa Bento XVI pro-
Nunca fui à cate-
quese, nem sequer me
lembro da última vez
que fui a uma missa,
mas dar mais crédito
ao Marcelo Rebelo de
Sousa do que a um
Papa, não parece ser a
ordem natural das
coisas. Há muitas coi-
sas importantes na
vida como a escola, o
futebol ou os festivais
de música. Não o
sabemos, mas a reli-
gião também é uma
delas.
Afonso Sousa
feriu a habitual mensa-
gem de Natal. Houve a
novamente a habitual
conversa de apelo ao fim
da violência, da intole-
rância e de umas quantas
outras coisas igualmente
habituais. Por mais que
vejamos a Igreja como
um lugar do habitual, do
ordinário, muitas vezes
conotada com o passado,
de algo que está presente
mas não sabemos bem
como, julgo que estare-
mos a ser – como muitas
vezes se critica nas
várias religiões – radi-
cais.
Opinião | 11
Jornal O Académico—Edição Nº3
Ao contrário da
maioria e daquilo que os
media fazem dele, acho
o Papa um tipo porreiro,
alguém que até diz umas
coisas engraçadas e que
espelham aquilo que a
Igreja é para mim: uma
linha de orientação para
a sociedade. Esta, mais
do que nos contar histó-
rias sobre santos ou
apóstolos, é um guia
para as relações huma-
nas, lembrando os valo-
res e as atitudes que, na
verdade, fazem um qual-
quer grande amigo nos-
so.
O seu nome é Santos, Rogério Santos
O seu nome é Santos, Rogério Santos.
Autêntica superestrela na constelação
académica da FCH, o professor, investi-
gador e historiador, é o nosso convidado
desta edição da rúbrica Question à trois.
Este jovem de 63 anos é um autêntico homem
dos sete ofícios: Para além do papel de professor
que todos nós já conhecemos bem, Rogério é ain-
da Historiador, já foi editor de uma revista (Media
XXI 2003-2005), pertenceu ainda a mais duas
(Media & Jornalismo e Observatório), é membro
fundador de duas associações (Centro de Investi-
gação Media e Jornalismo e Associação Portu-
guesa de Ciências da Comunicação), conta com
uma série de livros editados e ainda é um blogger
de renome. Como podemos ver, a comunicação é o
habitat natural deste nosso famoso docente.
12 | Question à trois
Jornal O Académico—Edição de janeiro
12 | Question à trois
Não é uma figura consensual na faculdade, uns
adoram-no e outros nem por isso, mas é inegável o
respeito que por ele devemos ter por ser um dos
mais proeminentes investigadores no nosso cam-
po, por ser um homem com provas dadas no mun-
do do jornalismo e ainda por ser um professor que,
na sua própria maneira, dá grande importância
àqueles que assistem às suas aulas. Nós.
Para muitos de vocês, o que tem sido dito até
agora pode não corresponder àquilo que têm como
certo, mas vos garantimos que depois de o conhe-
cerem um pouco melhor, como nós o conhecemos,
a vossa opinião mudará com certeza. Se isso não
acontecer… sempre ficam mais alguns tópicos
controversos por explorar pelos nossos criativos
colegas do FCHGag de quem o professor tanto
gosta.
Sem mais demoras, fiquem com o Professor
Doutor Rogério Santos:
Diogo Lopes
1 Muitos de nós (alunos) já
conhecemos bem o Rogério
Santos professor, mas pouco
sabemos do Rogério Santos
cidadão comum. Que diferenças é
que acha que existem entre os
dois? Entre a pessoa que é dentro
da faculdade e fora dela?
A vida fora da faculdade é sim-
ples. Estar em família, procurar via-
jar quando há disponibilidade finan-
ceira, assistir a espetáculos. Fora o
ler e o escrever, que constituem o
centro da minha vida profissional.
2 Porque decidiu adotar o
ensino como carreira? E no
meio disso, como surgiu o
cargo de editor da revista
Media XXI?
Comecei a lecionar em 1983, mas
13
Jornal O Académico—Edição Nº3
3 O que acha do já
famoso FCHGag?
Tem sido uma espécie de
crítica social da licencia-
tura a partir do olhar dos alunos,
uma espécie de programa “Contra-
Informação” adaptado à FCH. A
estrutura, dentro do Facebook, é
simples: um texto, algumas vezes
bastante corrosivo, acompanhado
por uma imagem cómica ou quase
absurda. O conjunto desperta um
sorriso no leitor. Nunca vi maldade
ou leviandade na conduta do(s) seu
(s) autor(s), mas sim o modo como
os jovens olham o seu objeto de tra-
balho (neste caso, as aulas). Um por-
menor: a estrutura do Facebook,
com os comentários e os “likes”,
permite interatividade, pelo que o
FCHGag funciona como um baró-
metro de popularidade de quem nele
escreve ou é comentado. Não me
senti melindrado com um comentá-
rio sobre Teorias da Comunicação.
A teoria de Charles Sanders Peirce
pode não ter ficado muito na memó-
ria dos alunos, mas o nome dele
nunca voltará a ser escrito de forma
errada, como aconteceu num teste e
foi a razão direta do comentário na
FCHGag.
como atividade complementar. Pas-
sei pelo ensino profissional e pelo
universitário no Porto e em Lisboa.
Só me dediquei em exclusivo ao
ensino depois de mais de 25 anos
ligados a uma atividade empresarial
no mundo das telecomunicações.
Durante esse tempo, fiz comunica-
ção empresarial (vulgo comunicação
interna e relação com os media). A
minha entrada na Universidade
Católica, em 2002, permitiu dedicar-
me a tempo inteiro a esta carreira.
No que toca ao cargo de editor
da revista Media XXI:
Um amigo, que era o proprietário
da publicação, pediu-me para a diri-
gir, convite que achei sedutor, ape-
sar de não remunerado. Foi uma
experiência nova, pois nunca tinha
praticado a atividade, apesar do meu
doutoramento ser precisamente na
especialização de jornalismo na Uni-
versidade Nova de Lisboa. Durante
quase três anos convivi com jovens
jornalistas, alguns que, entretanto,
seguiram carreiras académicas pro-
missoras, outros amadureceram car-
reiras na profissão, assisti a reuniões
muito produtivas, com o constante
questionamento das temáticas, dos
valores-notícia e das tendências jor-
nalísticas. Fui mais agregador de
ideias do que coordenador, o que
permitiu mais liberdade de atuação
de todos. Um pormenor, que acaba
por ser central, é a necessidade da
publicidade como suporte da vida
financeira de uma publicação.
Embora não diretamente, preocupei-
me sempre com o volume de publi-
cidade em carteira.
Um ano de boa música, no coração
O s Maias engana-
ram-se, é verda-
de. Já deviam
estar com um
pequeno resfriado quando
diagnosticaram um Apoca-
lipse agudo para dia 21 de
dezembro deste ano e mete-
ram o pé na argola. Ainda cá
estamos todos, vivinhos da
silva. O mundo não acabou
mas o ano sim, e como qual-
quer fim de ano é como um
mini fim-do-mundo, tam-
bém nos passa a vida inteira
pela frente quando as doze
badaladas se fazem ouvir.
Retrospeção daquilo que de
bom se passou. Limitando as
coisas apenas para este 2012
agridoce que agora acabou,
cabe-nos a honrosa missão
de destacar o que de bom e
de melhor se deu nestes 12
meses. E como a música é o
nosso mundo, ficaremos
apenas por aquilo que ela
nos mostrou.
Comecemos cá por casa:
Portugal está à rasca de
dinheiro, mas pelo menos a
música continua a dar crédi-
to à maluca. Assistimos a
um salto gigantesco no palco
musical do nosso país, um
momento de clímax que têm
vindo a fazer-se sentir de há
um ou dois anos para cá. E
isto nota-se em quase tudo o
que envolva guitarras ou
claves de sol: Em matéria de
festivais poucos nos batem.
Cimentam-se cada vez
mais os clássicos e lendá-
rios Paredes de Coura (um
tanto quanto molhadinho
este ano), Super Bock
Super Rock e o megalóma-
no Rock in Rio. Os Inicia-
dos Optimus Alive e Voda-
fone Mexefest continuam
na senda do sucesso e os
mais benjamins Primavera
Sounds e Milhões de Festa
explodiram que nem um
dedo de um lançador de
foguetes bêbado. Temos
bandas como os Dead
Combo, Salto ou os Maca-
cos do Chinês que nos
deram prendas bonitas ao
longo do ano, bem como
uma série de novos artistas
que certamente terão muito
que contar no final deste
Os The Walkmen
deram à luz um simples-
mente maravilhoso novo
álbum, Heaven, que confir-
ma de novo que estes ame-
ricanos não brincam em
serviço nem a produzirem
nem a interpretarem, pois
merece destaque também o
excelente concerto que
deram em novembro no
TMN Ao Vivo. Temos
Chrome Sparks, Beach
House, Fiona Apple, Griz-
zly Bear, XXYYXX, The
XX, Nicolas Jaar, Sensible
Soccers, Valter Lobo, John
Talabot, Burial, Tame Im-
pala, Noiserv… E a lista
segue, segue, segue, não
pára.
De facto podemos olhar
hoje para trás e ver que o
panorama musical de qua-
lidade tem o condão de ser
imune à quantidade de mal
que também vimos neste
ano que passou. Para toda a
fome, morte, crise e des-
graça que aconteceu temos
uma grande quota-parte de
felicidade, riqueza e subs-
trato que em parte nos é
oferecida por uns quantos
génios das pautas musicais
que felizmente não se can-
sam de surgir e de nos dar
boa música atrás de boa
música. A todos vós resta-
nos desejar um excelente
ano de 2013, com muita
festa, felicidade e, acima
de tudo música boa.
Jornal O Académico—Edição de janeiro
14 | Edição Limitada
ano que ainda agora che-
gou. Enfim… Se música
fosse moeda, nós eramos a
Alemanha.
De um ponto de vista
mais abrangente, temos
pérolas sem fim que se
fizeram ouvir este ano:
Flying Lotus mostrou-nos
de novo que é nome grande
da eletrónica contemporâ-
nea com o glorioso Until
the Quiet Comes; Django
Django também fez o salto
de banda sonora do FIFA
para as colunas oficiais do
paraíso assim como os não
menos meteóricos Alt-J
que chegaram de mansinho
mas que já estão por todo o
lado com portentosos
temas como Taro, Breeze
blocks ou Tessellate.
Diogo Lopes
Comunicado da AEFCH
Caros colegas,
Quando nos foi pro-
posto conduzir a
Associação de Estu-
dantes da Faculdade
de Ciências Huma-
nas para este ano
letivo, sentimos que
nos foi lançado um
desafio fora do nosso alcance. Em que consiste
uma associação de estudantes, quem a faz, quais
são os nossos objetivos e como podemos agradar a
centenas de alunos?
Desde cedo criámos uma lista, um grupo de
alunos em quem depositámos toda a confiança,
dentro dos objetivos traçados para que pudéssemos
desenvolver algo académico, lúdico e dirigido a
todos os alunos da FCH.
Passado um semestre de dedicação é incontor-
nável o carinho que desenvolvemos pela AEFCH.
Desenvolvemos uma forte ligação com os alunos
desta faculdade e criámos uma ligação sob uma
nova imagem – de amizade e abertura. O espaço da
AEFCH é de todos.
Ao longo deste semestre de Inverno, os vários
departamentos desenvolveram projetos tais como a
Agenda Cultural que aconselha programas para
cada mês, o Projeto de Solidariedade que conta já
com a participação de vários voluntários, o Torneio
Interno de Futebol que promoveu o exercício físico
e a competição saudável entre os alunos. A par
destas iniciativas, a AEFCH proporcionou momen-
tos lúdicos e de entretenimento como as várias fes-
tas, entre elas a festa de Tomada de Posse e a ines-
quecível Gala FCH Católica Into Skyfall. Ações
que tiveram em vista a união dos alunos da FCH e
a promoção de momentos de convívio através do
Fim-de-Semana do Caloiro em Portimão, a partici-
pação da AEFCH na Receção ao Caloiro ou até
mesmo do Magusto. Para um trabalho dirigido
especialmente aos alunos, a AEFCH criou o Jornal
O Académico e sobre ele detém grandes expectati-
vas.
É com muito orgulho que relembramos, os
momentos passados este semestre. Agradecemos
todo o trabalho feito pelos membros da Associa-
ção, mas, principalmente, agradecemos a todos os
alunos pela excelente e inovadora participação nos
eventos da AEFCH e por acreditarem em nós. Há
projetos e atividades aos quais queremos dar mais
atenção no próximo semestre, as conferências e
tertúlias, apoio aos Erasmus e ao Aluno e, ainda o
Departamento direcionado aos Alunos Finalistas.
Em Setembro dissemos:
“É impossível o funcionamento de uma asso-
ciação sem o trabalho de equipa. Cada membro
desta lista tem a noção da sua importância e valor.
Também vocês fazem parte desta lista. Cada um de
vocês, caros estudantes da FCH, tem um valor e
uma importância insubstituíveis. Não teremos
maior prazer do que o de vos representar com a
mesma persistência, vontade e, sempre, entusias-
mo desde o primeiro dia.”
Obrigado pela confiança depositada em nós.
Continuaremos com a mesma persistência, vontade
e entusiasmo prometidos.
Cumprimentos,
A Direcção da AEFCH José Diogo Vinagre e Maria Miguel Gomes
Correio FCH Este espaço também pode ter a tua opinião. Para isso basta enviares o teu texto para o e-
mail o.academico.geral@gmail.com e poderás vê-lo publicado na edição de fevereiro.
14 | Correio FCH
Jornal O Académico—Edição Nº3
Correio FCH | 15
O Natal Torna Tudo Mais Brilhante Das duas uma: ou Passos Coelho
virou a boneca de vez, ou o seu discurso
de Natal foi um deliberado momento de
humor. Segundo o primeiro-ministro, o
seu governo começou a “lançar as bases
de um futuro próspero”, o que a avaliar
pelo crescimento do desemprego, pelos
cortes a que o rendimento dos portugue-
ses foi sujeito e até pela pança do pró-
prio Coelho (que ao contrário da do seu
antecessor Sócrates, tem vindo a dimi-
nuir à medida que o mandato prosse-
gue), para não falar das manifestações
que durante o ano que findou passaram
a ser recorrentes, indica claramente que
“Iniciámos um processo de reforma das
estruturas e funções do Estado” e que
assim “transformámos alguns aspetos
da nossa economia que sempre tinham
sido obstáculos ao investimento e à
criação de riqueza”.
São transcrições que têm piada só por
si, se não nos lembrarmos que ao con-
trário do que Passos Coelho diz, nem
todos os portugueses sairão “vitoriosos
sobre a crise”, nem “beneficiarão de
novas oportunidades que criaremos nos
próximos anos”. O nosso PM está cada
vez mais engraçado e n’O Académico
até estamos a pensar convidá-lo para
fazer uma perninha aqui na Parte Para
Rasgar. Essa é “uma oportunidade que é
finalmente...” dele “...para agarrar com
ambas as mãos”, por isso estejam aten-
tos à nossa próxima edição!
Celebrar o Estudo Se o estado do país é mau, o da nos-
sa faculdade é... de latência. E a culpa
nem é nossa, coitadinhos de nós, que
temos andado nem em férias, nem em
período de exames. Porque nesta altura
híbrida do ano académico torna-se tudo
muito confuso, há muitos compromis-
sos, mas ao mesmo tempo há muita coi-
sa para festejar e com as taxas de alcoo-
lemia que registamos na véspera de ano
Minas e Armadilhas, Farsas e Mascarilhas novo (e muitas vezes também no
Natal) a concentração torna-se de
facto difícil, eu que o diga, pobre de
mim, que sou como tantos de vós,
uma vítima de festividades em geral.
E depois este inverno, que é mais
um inferno paralisante de corpo e
mente e não deixa ninguém sair da
cama, que diabo! A culpa é de Deus,
que espalhou o frio pelo hemisfério
norte!
Com o fim desta semana, contudo,
as coisas melhoraram, já começam a
surgir as primeiras pessoas desespe-
radas por ajuda nalguma cadeira no
facebook, mas ainda falta o desper-
tar do novo ano, para haver também
o despertar (apressado) para as nos-
sas funções académicas.
Este Jornal Precisa de “Correção”
Como não passamos de crianças
marotas, que querem andar aqui a
brincar às rebeldias, a passada edi-
ção deste jornal, necessitou de uma
de uma ligeira “correção” (que
não pode, de maneira nenhuma
ser confundida com censura) para
que a infâmia e a ignomínia não
passassem. Em meu nome e em
nome de toda a redação, tenho
apenas de agradecer aos responsá-
veis pela emenda, pois sem eles
nunca na vida seríamos capazes
de levar a bom porto a tarefa de
escrever corretamente.
O nosso erro hediondo prendia-
se sobretudo com o termo “pita”
que roça o sórdido e é de tal
maneira ofensivo, que não podia
figurar numa publicação desta
instituição, por muito bem que
defina a típica estudante da FCH
há já bastantes anos. Mas não se
preocupem leitores, pois aqui n’O
Académico, iremos ter mais cui-
dado com o que escreveremos e
com a filtragem de certas ideias
depravadas. Juramos solenemente
que daqui para a frente, as inde-
cências serão tapadas com base.
Passos Coelho estava “minado” durante o seu discurso de Natal
João Tavares
16 | Parte para rasgar
Jornal O Académico—Edição de janeiro
Nota da Palma de Cima
AVISO PARA OS ALUNOS DE 1º ANO À beira de um novo ano, pare-
ceu-me, no mínimo, conveniente
fazer algumas previsões daquilo
que pode ou não acontecer. Não
pensem que não ia deixar uma
mensagem de esperança, depois de
o nosso Primeiro Ministro o ter fei-
to, e de o Presidente da Rep… sim
não vou entrar por aqui.
Mas falemos de coisas sérias,
há sobretudo em mim uma grande
vontade em que já neste próximo
mês de Janeiro, eu possa voltar à
faculdade, fazer os meus exames,
berrar com toda a força “ Inchem
que já passei!”, partir de férias, que
é para em Fevereiro voltar com
toda a força e pujança para um 2º
semestre que será, certamente, bem
ao jeito dos confrontos entre os
nossos amigos das Arábias ou cla-
ques de desporto.
Isto é, muito resumidinho, aqui-
lo que NÃO vai acontecer.
Percam completamente as espe-
ranças, a sério. “Rezo” para que
tenham pedido dinheiro ao Pai
Natal, porque a época de recursos e
exames em que só passam os aben-
çoados pela sorte, vêm já a cami-
nho, e a sensação prolongada e
dolorosa de que nos sentimos como
o burro do presépio veio para ficar
(agora que já nem faz parte dele…).
Ah e aquela ligeira sensação de que
o conteúdo do nosso cérebro se
O mundo acabou de uma forma
pouco usual, não costuma ser desta
forma. Apercebi-me de que é bem
verdade tudo o que não li na bíblia,
caminhamos para outra dimensão
sem dar conta. O meu dia estava a
ser calmo, até coloquei o desperta-
dor para as 8:00H.
Assim fui um bocado ao ginásio
para falecer em forma e, por volta
das 11:11H, faleci por completo.
Acho fantástico ter wireless aqui no
céu. E as nuvens nem sequer usam
proteção na rede, posso entrar à
Do céu vos escrevo
vontade (não olhem isto do ponto
de vista sexual). O meu estilo de
vida aqui é outro, conheci os deuses
todos, aprendi que para fazer trove-
jar basta carregar no botão que diz:
"Trollar humanos". Os cafés aqui
custam 5 euros porque também se
paga a colher, mas eu sei um tru-
que: Quando está alguma mulher
acompanhada de um homem e que-
ro beber café, digo: "Entre homem
e mulher não se mete a colher".
Assim, o bardeus que me está a
servir engole-a e só pago 1 euro.
José Paiva assemelha ao musgo verde e húmi-
do? Sim, é perfeitamente normal. E
acreditem, a certa altura torna-se
hábito (Pronto, naturalmente, isto é
o que acontece todos os anos, não
se preocupem, não se sintam os
VIP’s cá do sítio)
Agora que já vos deixei com-
pletamente desmotivados, resta-me
desejar que muitos de vocês sobre-
vivam a esta carreira de tiro, que se
assegurem do maior número de
apontamentos possíveis, recorrendo
a técnicas de interesseirismo barato,
e que em finais de Janeiro lavem a
cabeça, por dentro, é o que o musgo
depois cria bicho, e em vez de irem
para a Costa da Caparica festejar o
final do semestre, vão orar para a
ala hospitalar. Bom 2013!
Dário Alexandre
17
Jornal O Académico—Edição Nº3
Jornal O Académico—Edição de janeiro
"A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos. Os pensamentos são retratos
das coisas da mesma forma que as palavras são retratos dos nossos pensamentos."
Jean Molière, O Casamento à força
Pesos & Contrapesos FCH Ilustrada
Esta imagem foi tirada à hora de almoço no dia a
seguir à gala da AEFCH, o título da imagem diz tudo
Jornal O Académico
Publicação dos Alunos da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa
Diretor: Filipe Resende
Diretores-Adjuntos: Afonso Sousa, Diogo Lopes,
João Tavares e Raquel Trindade
Redação: Dário Alexandre, Gonçalo Fonseca, Inês
Correia, José Paiva , Sara dos Santos e Susana Gil
Soares
Contatos: o.academico.geral@gmail.com
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+ Nova Equipa da Direção A nova equipa da Direção da
FCH já tomou posse e o Pro-
fessor José Miguel Sardica
(Novo Diretor da FCH) dedi-
cou o seu discurso aos alunos e
à comunidade académica.
+ AEFCH A atual lista da AEFCH
acaba o ano em grande a
cumprir todos os objetivos
que tinha estabelecido em
campanha.
2012 em Imagens
Na próxima edição, O Académico vai-te trazer a revista do ano em imagens do que mais impor-
tante se passou durante o ano na FCH. Não Percas!
- Jornal O Académico A direção do jornal dos alunos
da FCH atrasou-se no fecho
desta terceira edição.
Ficam aqui desde já as nossas
maiores desculpas.
O Académico no Academia Júnior
O nosso jornal foi convidado pelo GADEP para
colaborar na Academia Júnior do verão 2013