Educação Infantil Profa. Solange Leme de Oliveira [...] educar crianças pequenas não é apenas...

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Educação Infantil

Profa. Solange Leme de Oliveira

[...] educar crianças pequenas não é apenas tomar conta, exige um(a) profissional que não deve seguir o modelo escolar nem no conteúdo, nem no espaço, nem no tempo...” (Ana Lúcia Goulart de Faria). “É na singularidade da construção quotidiana do espaço, do tempo, da organização e das práticas que o trabalho com crianças pequenas ganha tonalidade própria”. (Marcos Cezar de Freitas)

Crianças de 0 a 5 anos

Como são?Que fazem?O que gostam de fazer?

Quais seus projetos?

Sociologia da Infância no Brasil – uma área em construção (Abramowicz e Oliveira)

Século XIXNa contrapartida do trabalho infantil, pobreza, grande mortalidade das crianças, estas passam a serem vistas a partir de olhar “médico”. Surgem as grandes estatísticas sobre o que se espera em termos de desenvolvimento - perspectiva biológica que esquadrinha, mede, pasteuriza, normatiza e normaliza a criança e prescreve uma infância.

Psicologia

• mede inteligência, prescreve o desenvolvimento, dividindo crianças por idades, capacidade mental, elaborando padrões para observar etapa por etapa

• idade é “marca”, categoria, definindo crianças imaturas, as que não aprendem, quando falar, quando deixar de usar fraldas...

• gráficos com curvas de normalidade• divisão por gênero (qual disciplina a menina, ou o

menino aprende mais); divisão por raça e etnia.

Sociologia da Infância

Primeira metade do século XXCrianças, sua infância e cultura são descritas por sociólogos

A partir de 1980 - Sociologia da Infância ganha corpo:

Na França saindo da Sociologia da EducaçãoNa Inglaterra e Estados Unidos de estudos de feministas e da AntropologiaNo Brasil, a partir dos 90 com a confluência entre pedagogos e o sociólogos.

Perspectiva estrutural-funcional rompe com perspectiva durkeimiana

Criança passa ser pensada como ator social de seu processo de socialização, construtora de sua infânciaNovas metodologias buscam entender as crianças como produtoras de cultura a partir delas próprias.Maior parte dos estudos realizada em contextos escolares. Autores sugerem que a chamada cultura da infância existe mais nos espaços e tempos onde a criança tem algum grau de poder e controle.

Sociologia da Infância

Não utiliza expressamente um autor ou teoriaaproveita da sociologia interacionista – faz leitura crítica do conceito de socialização, reconsidera a criança como ator social.

Criança não é vista como “criança universal, essencial, fora da história”, pois diferentes espaços estruturais diferenciam as crianças ser social e histórico.Busca superar a perspectiva da idade

conceito de geração para melhor pensar o caráter relacional infância/idade adulta.

Procura desescolarizar a criançacriança e o aluno dois “ofícios”,

O que faz parte da infância?

“(...) A infância é um encontro entre os tempos e as gerações, e as descontinuidades. Ela é o encontro de um tempo cronológico e do tempo intempestivo. Pensar a criança e sua infância é pensar a contemporaneidade...”, para entendê-la é preciso incorporar a diversidade

Culturas escolas, culturas da infância e culturas familiares... (Barbosa)

Escola pública e obrigatóriaObjetivo: igualdade entre pessoas, progresso da nação, desenvolvimento econômicoCrença iluminista mudança da sociedade por meio da escolarização em massa

A escola infantil começa com característica assistencialista: atender às famílias de camadas populares, cujas mães saiam para o trabalho nas fábricas e ganha outro sentido com o trabalho feminino incorporado em todas as classes sociaisCom avanços na psicologia - infância é vista como época com características peculiares, norteadora do desenvolvimento. Questão atual: é possível oferecer educação de qualidade para todos?

Nova questão

Antes, a socialização primária era feita na família, hoje é feita em vários pontos: família, creche, televisão...Sociedade em transição Antes – valores da família consoantes com valores do trabalho, hoje – ideias de solidariedade, amizade, confiança conflitam com comportamentos de competitividade do mercado de trabalho (comportamentos que os próprios pais assumem).

Outra questão

Escola tem sido a instituição social central para veicular, de forma homogênea, a cultura considerada “legítima” e desconsiderar as “não legítimas” (não hegemônicas). Neste sentido escolarização = colonização.

Proposta/reflexão

Infância – experiência heterogênea. “O conceito de espaço das crianças entende as escolas como sendo ambiente de várias possibilidades: culturais, sociais, econômicas, políticas, éticas, estéticas, físicas (...) Escola é prática ética e política (...)”.Esta escola pensa, se organiza e funciona atendendo a diversidade, a diferença, a contemporaneidade...

A criança no Brasil atual

1988 – Constituição Federal reconhece direito ao atendimento da criança de zero a seis anos.1990 – Estatuto da Criança e Adolescente destaca este direito1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 9.394 “O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de (... atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade”.1998 – Referencia Curricular Nacional para Educação Infantil, lançado pelo MEC - referencias e orientações pedagógicas que “visam contribuir com a implantação ou implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras.”

Aspectos críticos da educação pública

• Na divisão creche e pré-escola, falta visibilidade à primeira e a segunda é vista como antecipação da escola

• Há visões adulteradas do que é infânciacomo período universal, ou de “preparação para ser adulto”

• As classes são muito numerosasorganização das classes e até do prédio escolar partem da concepção administrativo-financeira e não da educativa

O cuidar e o educar - atribuições da educação infantil

“Educar significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis (...)” [RCNEI]

Categorias curriculares buscam organizar os conteúdos a serem trabalhados de forma globalizante, visando “abranger diversos e múltiplos espaços de elaboração de conhecimentos; diferentes linguagens; construção da identidade; os processo de socialização e o desenvolvimento da autonomia”.

Formação pessoal e Social e Conhecimento de Mundo

Identidade Autonomia

Movimento

Música

Linguagem oral e escrita

Artes visuais

Matemática

Natureza e Sociedade

Artes visuais - sob o olhar da criança

O coletivo infantil em creches e pré-escolas (Faria)

“Deve-se substituir a ânsia pelo amanhã pela riqueza de hoje, acolhendo o presente (...) sem deixar de traçar o futuro; olhar para a infância agora e não como algo que dará frutos amanhã; observar suas capacidades de inovar que enriquecem também os adultos” (Stacioli inFaria, p. 46)

Paul Klee (modernista)

As artes presentes no dia-a-diaProjeto pedagógico proposta de Mario de Andrade

Linguagem infantil: outras formas de leitura (Melo)

Vídeo: Bebe finge que está lendo - https://www.youtube.com/watch?v=TR6OMSOyXY4

Proposta

Com base em estudos atuais de Vygotsky, inverter a prática de contaminar o ensino de Educação Infantil com práticas do Ensino Fundamental e fazer o caminho inverso: valorizar múltiplas formas de expressão no Ensino Fundamental, uma vez que desenho, pintura, faz-de-conta, modelagem, construção, dança, a própria fala são essenciais para a formação da identidade, desenvolvimento da inteligência e personalidade da criança.

Antecipação da escolarização concepção a ser quebrada

Escrita – representação de segunda ordem

Para Vygotsky, a aquisição da escrita resulta de um longo processo de desenvolvimento das funções executivas – pré-história da linguagem escrita. •“(...) Esta história é constituída por ligações em geral não perceptíveis à simples observação e começa com a escrita no ar (gesto)”.•“Entre o gesto e o signo dois elementos se interpõem: o desenho e o faz-de-conta”.Brincar - atividade básica das crianças dos 3 aos 6 anos

necessário repensar o tempo dedicado ao desenho e ao faz-de-conta na escola.

Duas teses da teoria interacionista:1. Sobre o processo de conhecimento humanoNovas gerações se apropriam dos instrumento culturais elaborados na sociedade á medida em que realizam atividades para os quais eles foram criados. Na linguagem escrita: comunicação e registro.2. Sobre o momento mais adequado para o professor influenciar no processo de desenvolvimento da infância.Atividades que buscam ensinar a escrita a partir dos elementos mais simples (por exemplo, as letras) separam o instrumento cultural de sua finalidade, ocupando tempo que poderia ser dedicado a outras formas de expressão que dariam base mais sólida para a apropriação da escrita pela criança.

Diretrizes apontadas por Vygotsky

• Que o ensino da escrita se apresente de modo que a criança sinta necessidade dela

• Que a escrita seja apresentada às crianças não como um ato motor, mas como uma atividade cultural complexa

• Que a necessidade de aprender a escrever seja espontânea da mesma forma que a necessidade de falar

• Ensinar às crianças a linguagem escrita e não as letras.

Por amor e por força – rotinas na Educação Infantil (Barbosa)

Rotina: atividades de cuidado / atividades pedagógicasQuatro fatores fundamentais na realização das rotinas•Organização do ambiente•Uso do tempo•Seleção e proposta de atividades•Seleção e oferta de materiais

Organização do ambiente

Reflete concepções, expectativas, cultura, a maneira de compreender a criança•Creche – concepções higienistasEspaços

ambientes disponíveis criam variações nas rotinas, levantam possibilidades, favorecem ou não a construção de estruturas cognitivas e subjetivas da criança.

Exemplo de diferença devida à cultura

• Escolas europeias – pátios cobertos representam espaços públicos e crianças aprendem desde cedo a cuidar do ambiente coletivo. Há mesas, cadeiras de tamanhos adequados às crianças e aos adultos.

• Brasil – cultura escravocrata persiste - adultos encarregados de limpar os espaços coletivos.

Tempo – fluxo constanteKairós / Cronos

Tempo natural X Tempo - relógio

Sociedade mais complexa – homem começa a planejar seu tempo com os outros – tempo social“Vivemos uma época de aceleração permanente do tempo (...) É o tempo do capital que assume prioridade (...) A aquisição do tempo é uma aquisição psicológica e cultural”

Na escola de educação infantil

Relógio = entrada no mundo externo.

Seleção e proposta de atividades

Modalidades organizativas do tempo pedagógicoatividades permanentes, sequências didáticas, projetos, atividades pontuais.

Rotinaspossibilitam às crianças diferenciarem os diferentes momentos do dia.alternam atividades:

• Livres X orientadas• Calmas X agitadas• Individuais X coletivas

Características da rotina

• Fixidez da sequência • Duração das atividades• Ordem predeterminada

Ao repetir, aprende-se a fazer algo que se sabe de um jeito diferente, desenvolvendo-se ou aprimorando-se habilidades.

Crítica

Excesso de conteúdos com subdivisões, “copiando” o horário do Ensino Fundamental II tornam a rotina uma camisa de força. leitura pintura lavar mãos Lanche pátio higiene quebra-cabeça preparação para saída

Seleção e oferta de materiais

Essenciais na organização da rotina – diversidade e manuseio mostram concepção sobre criança e ensino

Projetos pedagógicos na educação infantil (Barbosa e Horn)

Projeto – pensar / fazer – são elaborados e executados com as crianças e não para as crianças.Este trabalho redimensiona concepções de currículo que não pode ser fechado / pré-definido integralmente / com lista extensa e fragmentada de conteúdos obrigatórios

Projetos pedagógicos na educação infantil (Barbosa e Horn)

Mudança de paradigma das ciências – perspectiva disciplina para interdisciplinar e transdisciplinarMovimento Escola Nova – Dewey e KilpatrickPassos norteadores

Decidir propósito do projetoRealizar plano de açãoExecutarJulgar trabalho realizado

Princípios fundamentais (Dewey)

Projeto pedagógico e aprendizagem

• Biológico / maturacional• Ambientalista• Construtivista• Socioconstrutivista aprendizagem ganha

perspectiva social e multidimensional• Culturalista

Algumas formas de trabalho com projetos

• Reggio Emila• Freinet• Jolibert• Escola Moderna Portuguesa• High Scope• Howard Gardner• Fernandez Hernandez

A avaliação na educação infantil e da educação infantil (Vital Didonet)

Política Nacional da Educação Infantil garantir a realização de estudos, pesquisas de diagnóstico da realidade da educação infantil no país e definir políticas públicas para a área.

Avaliação DA Educação Infantil – observa condições nas quais se dá a Educação Infantil – documentos de orientação operacional. Ex.•Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil (2006)•Parâmetros básicos de Infraestrutura dos Estabelecimentos•Critérios para um atendimento em Creches que respeitem os direitos fundamentais da criança (2009): portal.mec.gov.br/dmdocuments/direitosfundamentais.pdf

Avaliação DA Educação Infantil

Indicadores de qualidade na Educação Infantil (2009) observam: (http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil.pdf )

Observam:•Planejamento institucional•Multiplicidade de experiências e linguagens•Interação•Promoção de saúde•Espaço, materiais e mobiliário•Formação e condições de trabalho dos profissionais•Cooperação e troca com famílias e participação na rede de proteção social

Avaliação NA Educação Infantil

• LDB, art. 31 “Na Educação Infantil, a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento infantil, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.

• RCNEI – avaliação formativa: “conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática `s necessidades colocadas pelas crianças. Tem função de acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo”. (p. 59 - vol 1).

Avaliação formativa

Principais instrumentos: observação e registro•Anedotários•Planilhas•Livro da memória do grupo•Portfólios•Dossiês

AS CEM LINGUAGENS DA CRIANÇALoris Malaguzzi

Reggio Emilia

Vídeo: Conhecendo Reggio Emilia:https://www.youtube.com/watch?v=vEnTD8wOZz4

Questão retirada de Colégio Pedro II – prova preliminar de Educação Infantil - http://www.cp2.g12.br/concurso/docentes/publico/2013/comunicados/1_fase/gabaritos/gabaritos/EI.pdf

A inclusão das crianças no movimento histórico de conquista dos direitos humanos possibilita uma modificação cultural nas concepções de infância. Na perspectiva sociocultural e histórica, a compreensão do homem e das suas relações com o conhecimento, com a cultura e com os modos de subjetivação da criança e do adulto na contemporaneidade coaduna-se com a ideia de infância como: •A) uma etapa biológica da vida, em que a criança é um ser incompleto, em formação, reprodutora da cultura na qual está inserida. •B) uma categoria histórica e cultural, na qual a criança é um sujeito de direito, produto e produtora de cultura reconhecida em suas especificidades. •C) uma fase da vida extrínseca ao mundo, que necessita de cuidados e instruções de preparação para a vida plena adulta. •D) a etapa da vida improdutiva na escala hierárquica social que, a partir das experiências orientadas pelos adultos irá conquistar, nas etapas subsequentes, uma posição social e o status de produtora de cultura

Questão retirada de Colégio Pedro II – prova preliminar de Educação Infantil

Ao observar as rotinas na Educação Infantil, Maria Carmen Silveira Barbosa, em seu livro “Por amor e por força: rotinas na educação infantil” (2007), aponta a possibilidade de romper com uma organização estática da duração das atividades desenvolvidas. De acordo com a visão da autora, a opção que descreve essa possibilidade é: •A) algumas rotinas têm tempo cronometrado, definindo os limites precisos e externos ao grupo de crianças, ao educador e à atividade. •B) algumas rotinas apresentam maior flexibilidade, cerceando o processo de desenvolvimento do trabalho. •C) os usos dos tempos são pensados pelos profissionais, independentemente do momento de execução, das prioridades estabelecidas, dos tempos individuais. •D) as crianças precisam de momentos fixos em sua sequência, mas não rígidos em sua duração.

Questão retirada de Colégio Pedro II – prova preliminar de Educação Infantil

Segundo as orientações legais do Ministério da Educação (MEC), o professor na Educação Infantil, preocupado em avaliar o trabalho pedagógico e o desenvolvimento das crianças, deve: •A) observar os caminhos que cada criança vem percorrendo em busca do conhecimento de mundo e do desenvolvimento de valores pessoais. •B) comparar e pontuar para os pais se o desenvolvimento da criança está compatível para o que é esperado naquela etapa. •C) apontar aspectos atitudinais das crianças, com julgamento de valor sobre o seu desenvolvimento em termos socioafetivos e cognitivos. •D) analisar se cada criança está se desenvolvendo no mesmo ritmo e modo das outras crianças da sua faixa etária.