Elementos visuais

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Produção acadêmica da Professora Viviane Marques com base no livro: OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. São Paulo, Ática,1979

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Elementos Visuais

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. São Paulo, Ática, 1979.

Viviane Marques

Elemento Visual

• A Linguagem Visual se expressa através de cinco elementos: – a linha, – a superfície, – o volume, – a luz,– a cor.

• Os elementos visuais não tem significados preestabelecidos:– nada representam, – nada descrevem, – nada assinalam, – não são símbolos de nada, não definem nada; – nada antes de entrarem em um contexto formal.

• Importante - os elementos visuais tem identidades expressivas diferentes.• Ao participar de uma composição cada elemento visual configura o espaço de um modo

diferente.• As dimensões espaciais , articuladas por cada elemento, na organização de um espaço é

que caracterizam os elementos visuais.

Linha

• Configura um espaço linear, de uma única dimensão. • Através dela apreendemos um espaço direcional.• Existem possibilidades de se modular o movimento da linha.• Introduz movimento direcional, intervalos ou contrastes de direção, • Reduz o movimento; quanto maiores os contrastes menor a velocidade e maior o

peso visual e vice-versa.• O movimento visual se dá no espaço e no tempo.• O clima expressivo da linha se configura pelo espaço e pelo tempo.• Introduzindo pausas e modulando as velocidades das linhas, modula-se o fluir do

tempo.• O espaço linear sempre será frágil e de pouca substância, sempre será um espaço

unidimensional; • É importante notar que as linhas nascem da abstração, pois não há linhas

corpóreas no espaço natural.

TIENSHÊNG.Bambu.

Sung (960-1279)

Jackson Pollock, Eco, 1951 233.4 x 218.4 cm.The Museum of

Modern Art New York

Ni Zan, A Floresta e o Vale Mount YuPergaminho. 95.3 x 35.9 cm Dinastia Yuan (1279–1368)

1372

Honoré DaumierDesenho

Superfície

• Percebemos as dimensões da altura e largura.• As linhas estão presas a área que contornam.• Quando uma dimensão prevalecer visualmente, o movimento será impulsionado

na direção dominante.• As duas dimensões estabilizam o espaço e o imobilizam.• Se não forem introduzidos novos elementos dinâmicos , de movimento, o espaço

aparece idealizado.• As linhas perdem sua independência e sua mobilidade, sendo assim a superfície

um caráter mais estático do que dinâmico.• Na superfície o movimento terá que ser introduzido por outros fatores visuais.• Ao se acumularem várias formas, com margens sinuosas, tamanhos e posições

diferentes, temos o movimento visual.• Superfície fechada: as margens nos permite inferir uma estrutura interna, com

centro e eixos.• Superfície aberta: área interna nos permite perceber uma faixa externa.• As superfícies fechadas são reguladas pela margem e as abertas pela articulação

da área interior.

Paul Klee, Mulher Acordando, 1920Aquarela, 22.5 x 28 cm

Piet Mondrian, Composição, 1929Óleo sobre tela, 73.5cm x 74.5cm

The Cleveland Museum of Art

Jan Van Eyck, A Anunciação, 1425-30The National Gallery of Art Washington D.C.

Thomas Gerrit Rietveld, arquitetura “Casa Schröder”, 1924, Utrecht, Holanda

Thomas Gerrit Rietveld, arquitetura “Casa Schröder”, 1924, Utrecht, Holanda

Thomas Gerrit Rietveld, arquitetura “Casa Schröder”, 1924, Utrecht, Holanda

Thomas Gerrit Rietveld, arquitetura “Casa Schröder”, 1924, Utrecht, Holanda

Coop Himmelbeau, UFA Cinema Center, 1993, Dresden, Alemanha

Coop Himmelbeau, UFA Cinema Center, 1993, Dresden, Alemanha

Coop Himmelbeau, UFA Cinema Center, 1993, Dresden, Alemanha

Coop Himmelbeau, UFA Cinema Center, 1993, Dresden, Alemanha

Superfície

• Outro fator importante na superfície é a superposição , a percepção de planos sobrepostos.

• A superposição sempre nos faz perceber o espaço profundo.• A superposição só ocorre com superfícies mais ou menos fechadas.• Agrupadas em seqüências rítmicas, as superposições criam campos de energia que

se expandem e se contraem.(Cubismo)• Na superposição, o espaço é dinâmico.

Pablo Picasso, Retrato de Daniel-Henry Kahnweiler, 1910Óleo sobre Tela

Georges Braque, O Português, 1911Óleo sobre Tela

Kunstmuseum, Basle

Elementos Visuais

• Enquanto a linha e a superfície ainda se inserem no plano pictórico, os elementos restantes, volume, luz e cor, ultrapassam a estrutura bidimensional.

• Volume, luz e cor são considerados elementos mais dinâmicos.• O espaço que poderá ser estruturado por eles ultrapassará sempre, em dimensões

a base do plano.

Volume• Com linhas diagonais interligadas às horizontais e verticais, o contexto espacial

adquire profundidade.• Quando vistas em conjunto horizontais e verticais, as diagonais introduzem a

dimensão da profundidade.• Planos relacionados em diagonal, superposições, profundidade e o cheio/vazio:

são as qualidades espaciais que podem ser formuladas mediante o volume.• Em configurações de volume sempre reencontramos os elementos linha e

superfície, mas nos seus aspectos dinâmicos, diagonalidade da linha e a superposição da superfície.

• Qualquer volume representa um conjunto de planos em superposições diagonais.

Leonardo da Vinci, Anunciação, 1472-75Têmpera sobre madeira - 98x217cmGalleria Degli Uffizi, Florença, Itália

São Gregório de Nissa,Afresco

Catedral de Santa Sofia, Kiev

Volume• Configurando volumes, as próprias linhas e superfícies passam a desempenhar novas

funções. • Sem perder suas funções anteriores, as linhas individuais assinalam agora limites

comuns entre áreas vizinhas, unindo-as ao mesmo tempo que a separam, e indicando em que lugar, precisamente, ocorre uma mudança de direção nas várias faces que compõem a figura do volume.

• Também as superfícies terão novas funções; como áreas separadas, embora vizinhas, cada qual atuando como um plano bidimensional, as superfícies se conjugam , sempre no sentido diagonal, para formar um espaço tridimensional.

• O espaço característico do volume é o da profundidade, mas a noção da profundidade é sempre visual, virtual.

• Na representação do volume, a profundidade é inserida pela ação de diagonais, junto a planos verticais ou horizontais.

• Os dados visuais nos são apresentados em conjunto à nossa percepção,integrando-se e qualificando-se reciprocamente, de tal modo que nenhuma das três dimensões pode ser apreendida sem as outras.

• O espaço configurado dos volumes induz também a sua densidade, quanto mais subdivisões e maior número de facetas percebidas, maior a noção de substância física densa.

Volume• Na configuração de volumes, e conseqüentemente de um espaço que é

caracterizado como tridimensional, também os aspectos da escala e magnitudes serão integrados ao esquema da percepção.

• Na representação de volumes, a magnitude indicará unicamente relações espaciais de proximidade ou distância.

• Em função da obliqüidade, o contexto espacial se dinamiza, e articula um afastamento ou proximidade.

• No volume, a cada espaço sólido externo sentimos corresponder um espaço equivalente interno.

• Como qualificação espacial própria do volume (não existindo em outro elemento visual) as correspondências de cheio/vazio irão caracterizar o desdobramento formal do elemento volume.

• O Volume deve ser reconhecido pela diagonalidade das interligações, pela profundidade do espaço (profundidade tridimensional) e pela densidade (na visão do cheio/vazio).

Suzuki Harunobu, O Cochilo, Séc. XVIIITokyo National

Suzuki Harunobu, Corvo e Garça, ou Amantes Jovens que Entram Junto debaixo de um Guarda-chuva em uma Nevasca, 1769

Xilogravura, 28.6 x 20.6 cm

Le Corbusier, Villa Savoye, 1928, Toulon, França

Le Corbusier, Villa Savoye, 1928, Toulon, França

Bramante Donato, 1444-1514S Pietro in Montorio, tempietto

Bramante Donato, 1444-1514S Pietro in Montorio, tempietto

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Frank Lloyd Wright, Robie House, Chicago, Illinois, 1909

Elementos Visuais• A elaboração formal envolve problemas mais complexos, como o processo de

transformação nos elementos visuais.• Cada elemento pode ser transformado em outro, isto é, pode ser visto como

componente de outro elemento (exceção luz em cor ou cor em luz).• Os elementos podem ser agrupados para comporem outros elementos.• A escolha do elemento, ou talvez dos vários elementos com que o artista vai

trabalhar, assim como o caminho em que os elementos são desdobrados e transformados, corresponde às intenções do artista, mesmo que a nível não-consciente.

Giotto di Bondone, Encontro de Joaquim e Ana no Portal de Ouro, 1304-06Afresco, 200 x 185 cm

Cappella Scrovegni (Arena Chapel), Padua

Giotto di Bondone, A deposição, 1304-06Afresco, 200 x 185 cm

Cappella Scrovegni (Arena Chapel), Padua

Paolo UcelloA batalha de San Romano,1438-40

Tempera, 181.6 x 320 cm National Gallery, Londres

Paolo UcelloA batalha de San Romano,1438-40

Tempera, 181.6 x 320 cm National Gallery, Londres

Pierro Della Francesca - A Flagelação –1469, 58.4 x 81.5 cm; Galleria Nazionale delle Marche, Palácio Ducal de Urbino

Pierro Della Francesca, O Milagre da CruzAfresco, 356 x 747 cm

Igreja de São Francisco, Arezzo

Pierro Della Francesca, O Milagre da CruzAfresco, 356 x 747 cm

Igreja de São Francisco, Arezzo

Pierro Della Francesca, O Milagre da CruzAfresco, 356 x 747 cm

Igreja de São Francisco, Arezzo

Luz• Luz: Contraste entre o claro e o escuro.• O artista aproveita os efeitos de iluminação natural ou artificial , fazendo-

os coincidir com as distribuições de manchas claras e escuras na imagem, destacando então, nos objetos apresentados, certos planos iluminados ou sombras projetadas.

• O contraste de claro/escuro pode existir independentemente de um foco de luz.

• Para que o elemento luz se torne expressivo, é preciso ter todo o movimento visual desdobrar-se através de valores claros e escuros.

• Naturalmente os contraste não precisam ser distribuídos de maneira igual, há maneiras de se graduar suas intensidades e também os tamanhos, no que chamamos de graduação de intensidade.

• Através do contraste claro/escuro , a luz articula uma vibração no espaço.• O claro avança no espaço e o escuro recua.• Quanto mais intenso o contraste, mais visível o efeito da vibração.

Luz

• O claro, referido aos escuros, vai avançar, e o escuro, referido aos claros, vai recuar.

• Quanto mais consistente for a elaboração de valores contrastantes, através de graduações de intensidades, variações e inversões, tanto mais nítido se torna o efeito vibratório de um avanço/recuo simultâneo.

• O claro, referido visualmente ao escuro e avançando, se irradia e se expande, referido ao claro, o escuro recua e se contrai.

• O artista ao elaborar formalmente o contraste de claro/escuro, sabendo que pequenas áreas claras podem ser contrastadas a áreas escuras relativamente maiores e ainda assim, avançar e irradiar-se, o artista procura equilibrá-las, graduando proporcionalmente o tamanho das partes claras e escuras que a cada vez irão propor a unidade de contraste.

• Procura também graduar as intensidades, o sem-número de combinações possíveis, desde o muito claro ao muito escuro.

Luz• Em cada etapa o artista trabalhará comparando os detalhes com o

conjunto que se forma, e novamente o conjunto com os detalhes.• Na indução de deslocamentos simultâneos de avanço/recuo e

expansão/contração, que se farão possíveis em todas as partes do quadro, os tamanhos e também as intensidades se tornarão relativas.

• Embora, em cada contraste, os componentes claros e escuros apareçam intimamente interligados, pois só reunidos tornam-se expressivos, eles não perdem seu caráter individual, nem tampouco seu significado original.

• Ao claro e ao escuro atribuímos significados diversos.• Vemos a claridade como afirmação da vida, do ser e do fazer, calor das

qualidades éticas do bem e da verdade.• Inversamente, a escuridão não é tida apenas como ausência da claridade,

mas como sua negação, como um contra-princípio ativo, o não-ser, o mal, o desaparecimento, a destruição, a morte.

• No contraste claro-escuro existem portanto certas qualificações, que irão definir a gama expressiva do elemento luz.

Leonardo da Vinci , A Virgem das Rochas, 1492-1508National Gallery, Londres, Inglaterra

Luz• O fenômeno do avanço/recuo simultâneo e na expansão-contração que o

acompanha, a vibração torna visível um espaço de profundidade.• Diferente dos volumes, a profundidade não mais se apresenta tridimensional,

em vez disso vemos o tempo formulado como ritmo.• A forma do espaço caracterizada por ritmos de simultâneos avanços-recuos é

alta dinâmica• Em qualquer dos elementos visuais, dinâmicos ou estáticos, nas configurações

de cor, superfície e até mesmo da linha, surge sempre uma figura espacial de maior ou menor substância, isto não acontece com a luz, que parece consistir de pura energia.

• Não podemos precisar a duração do tempo neste movimento pulsante.• Um maior grau de claridade corresponde a um nível maior de aproximação,

assim como um escuro mais profundo corresponde a um afastamento maior• A pulsação se aprofunda e se acelera entre os pólos de avanço e recuo.• A crescente velocidade ocorre dentro do contraste.• O elemento luz vai articular ritmos em profundidade espacial.• Todo contraste representa uma parada obrigatória

Luz• A combinação de profundidade-tempo, que é característica para o

elemento luz, coloca-se inteiramente fora das dimensões do plano pictórico (altura-largura).

• O elemento luz, não só pode como deve ser, necessariamente, composto por outros elementos.

• Contraste claro-escuro podem entrar em linhas, superfícies ou volumes, ou ainda tonalidades de cor.

• Embora transformando-se, os elementos originais não perdem suas funções e qualificações espaciais.

• O fenômeno da luminosidade pelo seu simbolismo e alta expressividade tem para nós significados especiais, tais como o amor, a verdade, a consciência que formulados em termos de qualidade de luz são, claro, lúcido, transparente.

• A presença do elemento luz é significativa para o conteúdo expressivo das obras de um artista.

Rembrandt, A Festa de Baltasar, 1630-35 Òleo sobre Tela, 167 x 209 cm

National Gallery, London

Rembrandt, A Ronda noturna, 1642 Òleo sobre Tela, 359 x 438 cm.

Rijksmuseum. Amsterdam

Rembrandt, A Ronda noturna, 1642 Òleo sobre Tela, 359 x 438 cm.

Rijksmuseum. Amsterdam

Rembrandt, A Ronda noturna, 1642 Òleo sobre Tela, 359 x 438 cm.

Rijksmuseum. Amsterdam

Rembrandt, A Noiva Judia, 1665Òleo sobre Tela, 121.5 x 166.5 cm

Rijksmuseum, Amsterdam

Rembrandt, A Noiva Judia, 1665Òleo sobre Tela, 121.5 x 166.5 cm

Rijksmuseum, Amsterdam

Gian Lorenzo Bernini, Praça de São Pedro, XVIIRoma

Gian Lorenzo Bernini, Praça de São Pedro, XVIIRoma

Gian Lorenzo Bernini, Praça de São Pedro, XVIIEscada Régia do Palácio do Vaticano, Detalhe da Colunata

Roma

Gian Lorenzo Bernini, Praça de São Pedro, XVIICátedra de São Pedro, Baldaquim, Basílica de São Pedro, Roma

Gian Lorenzo Bernini, Praça de São Pedro, XVIICátedra de São Pedro, Baldaquim, Basílica de São Pedro, Roma