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A magiada leitura
1º SEMESTRE/2011
ENRIQUE RODRIGUEZCOLEÇÃO 2011
www.oxfordporcelanas.com.br
ENRIQUE RODRIGUEZCOLEÇÃO 2011
www.oxfordporcelanas.com.br
4 Expediente
A Província Marista Brasil Centro-Sul atua nas áreas de educação, solidariedade, saúde,
editorial e comunicação. A PMBCS está presente nos Estados do Paraná, Santa Catarina,
São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Sua forma de atuação busca, por
meio de processos educacionais, uma efetiva contribuição social e cultural, posicionan-
do-se na defesa e promoção dos direitos das infâncias e juventudes.
Desenvolver equilibradamente, afetividade e inteligência, dimensão comunitária e social,
valores humanos e cristãos é a proposta da instituição.
Rua Imaculada Conceição, 1155Prado Velho – Curitiba – PRPrédio Administrativo PUCPR – 8º andarCEP: 80215-901Tel.: (41)3271-6500
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Francisco, Daliane Teston, Fábio Viviurka Correia, Katia Macedo Dias,
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A Revista Em Família é uma publicação da Editora Ruah para a Rede Marista de Colégios, com distribuição dirigida aos pais e colaboradores.
Visite o blog da revista e envie sua opinião: www.maristaemfamilia.com.br
CAPA:
Mateus Mera Barbosa
FOTO:
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EDITOR: Luís Fernando Carneiro | DIAGRAMAÇÃO: Eduardo, Goretti Carlos | PUBLICIDADE: Ariane Rodrigues | R. Casemiro José Marques de
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A magiada leitura
1º semestre/2011
Em Família | 7ª Edição | 1º Semestre 2011
Nesta edição do primeiro semestre
da Revista Em Família, destaca-
mos o tema da literatura: a arte de criar
e recriar textos, o exercício da eloquên-
cia e da poesia.
A literatura é um fenômeno da lin-
guagem, fruto da experiência existen-
cial, social, política e cultural de quem a
vive. Assim, um texto literário é objeto
artístico e de linguagem variada que
questiona convenções e envolve o lei-
tor num jogo de descobertas e redes-
cobertas de sentido, ajudando-o a
compreender a si próprio, as culturas e
o mundo em que vive.
Para as escolas da Rede Marista, o
estudo de textos literários é potenciali-
zador das aprendizagens que geram as
condições necessárias para proporcio-
nar inúmeras situações de compreen-
A arte da leituraPrimeira impressão por Ir. Paulinho Vogel
Prazerosa e lúdica, de início, a leitura
não é um ato solitário, mas algo a ser
socializado, mediado pelo professor e
adquirido por meio dos gêneros diver-
sos a serem aprofundados em níveis de
maior exigência intelectual. Aprender a
ler é um processo que deve ser integra-
do à produção de textos.
Em suma, a leitura deve ser uma
prática constante e processual em
todas as fases da vida do estudante
criança, jovem e adulto, potencializan-
do-os a fim de estar e intervir solidaria-
mente na realidade. Assim, e somente
assim, faz sentido orgulharmo-nos de
nossos alunos.
Ir. Paulinho Vogel é Diretor Executivo da Rede
Marista de Colégios
são e produção de conhecimentos.
A leitura possibilita ampliar as infini-
tas possibilidades de conhecer e inter-
pretar o contexto em que se insere o
principiante leitor. Mediar essa experi-
ência do conhecimento é uma questão
crucial para a aprendizagem da leitura
e para a formação dos sujeitos, bem
como para a construção de um conhe-
cimento crítico de análise e interven-
ção da realidade. As bibliotecas esco-
lares da Rede Marista de Colégios pos-
suem ações culturais e educacionais,
bem como, espaços privilegiados para
a formação de leitores artífices do seu
conhecimento.
Para nós, a leitura é uma forma
exemplar de aprendizagem, pois o apri-
moramento dessa capacidade subsidia
todo processo ensino-aprendizagem.
Os alunos João Vitor, Marcela e Mateus divertem-se na sessão fotográfica para essa edição
6 Entrevista
O (re)descobridor do Brasil
Div
ulg
ação
Em entrevista à revista Em Família, Laurentino Gomes conta como transformou a história do Brasil num delicioso sucesso de vendas
Luís Fernando Carneiro
O Brasil foi descoberto em 1500, mas, de verdade, só foi inventado como país
em 1808. Foi quando a família real portuguesa chegou ao Rio de Janeiro e
transformou uma colônia atrasada e ignorante em uma nação independente.
Nenhum outro período da história brasileira testemunhou mudanças tão pro-
fundas. Mas foi quase 200 anos anos depois que um jornalista resolveu contar
essa história direito. Em 2007, Laurentino Gomes lançou “1808”, vendeu mais de
meio milhão de livros e conquistou duas categorias do Prêmio Jabuti, Melhor Livro
Reportagem e Livro do Ano de Não-Ficção.
No ano passado foi a vez de “1822”, um relato detalhado sobre a Independên-
cia do Brasil, conquistar as prateleiras das livrarias e rapidamente os primeiros
lugares em vendas.
Mas como transformar a história do Brasil em um sucesso de público e crítica?
Você vai perceber nessa entrevista que Laurentino Gomes concedeu à Em Família
que a receita do seu sucesso gira em torno de uma grande história, um forte tra-
balho de pesquisa e uma sintonia verdadeira com o leitor.
“ESPERO, PELA
LEITURA, AJUDAR A
PROMOVER A VIDA DE
OUTRAS PESSOAS,
TANTO QUANTO
MEUS PAIS FIZERAM
POR MIM AO ME
ESTIMULAR A LER E
A ME INTERESSAR
PELA HISTÓRIA"Você sempre gostou de ler? Qual a
influência da sua família nesse seu inte-
resse por leitura?
Meus pais eram cafeicultores pobres
do interior do Paraná. Tinham pou-
cos anos de estudo. Apesar disso,
valorizavam muito a educação e,
em especial, a leitura. Meu pai, que
havia estudado só até o quinto ano
primário, era um leitor voraz. Lia
obras de História e Filosofia que
tomava emprestadas ao pároco
local, um homem bastante culto.
Mesmo vivendo em uma região dis-
tante e carente de tudo, meus pais
conseguiram criar condições para
que todos os quatro filhos comple-
tassem o curso superior. Tenho mui-
to orgulho das minhas origens, o que
também reforça em mim um gran-
de senso de missão como escritor.
Espero, pela leitura, ajudar a promo-
ver a vida de outras pessoas, tanto
quanto meus pais fizeram por mim
ao me estimular a ler e a me interes-
sar pela história.
8 Entrevista
"ESTAMOS EM UM NOVO
SÉCULO QUE PEDE
UMA NOVA LINGUAGEM
E NOVOS FORMATOS
CAPAZES DE ATINGIR
NOVAS AUDIÊNCIAS OU
NOVOS PÚBLICOS."
Algum dia nos seus sonhos você imagi-
nou ter um best-seller sobre história?
Nunca imaginei que livros de História
do Brasil pudessem ter uma repercus-
são tão grande. Ainda hoje me surpre-
endo com a reação dos leitores. Rece-
bo dezenas de e-mails todos os dias,
nos quais fazem elogios, sugerem
temas para futuras obras e pedem
que eu não pare de escrever. Um livro
tem grande poder de transformação.
E o primeiro alvo da mudança geral-
mente é o próprio autor. Minha vida
mudou bastante desde que lancei o
“1808”, em 2007. Hoje passo boa par-
te do meu tempo lendo, pesquisando
ou viajando pelo Brasil para dar aulas,
fazer palestras e participar de sessões
de autógrafos e bate-papos com os
leitores. E confesso que nunca estive
tão feliz. O reconhecimento e o con-
tato com os leitores tem funcionado
como um elixir da juventude para
mim. Sinto-me renovado e com muita
energia para me dedicar aos futuros
livros.
Conhecer a sua própria história pode
mudar o presente e o futuro de um país?
O estudo de História é fundamental para
a construção do Brasil do futuro. Uma
sociedade que não estuda História não
consegue entender a si própria, porque
desconhece as razões que a trouxeram
até aqui. E, se não consegue entender a
si mesma, provavelmente também não
estará preparada para construir o futu-
ro de forma organizada e estruturada. É
quase impossível compreender o Brasil
de hoje sem estudar a vinda da corte de
D. João para o Rio de Janeiro e a influ-
ência decisiva que esse acontecimento
teve na Independência, em 1822. Eu
diria que todas as nossas características
nacionais, todos os nossos defeitos e
virtudes, já estavam presentes lá.
Livros são também importantes para
quem já saiu da escola há bastante
tempo?
Ler é uma das formas mais agradáveis
e prazerosas de aprender. Quem lê
consegue ir além dos limites da pró-
pria vida, porque amplia seus horizon-
tes com a experiência dos outros. Ao
ler um romance de Machado de Assis,
por exemplo, nós somos transportados
para outro lugar e outro tempo, no Rio
de Janeiro do final do Século 19, distan-
te da nossa realidade de hoje. Consegui-
mos, portanto, ter uma experiência de
vida anterior à época em que nascemos.
No caso dos livros de História do Brasil,
pode haver também um benefício de
natureza psicológica relacionado à for-
ma como nos identificamos em relação
ao nosso país. Hoje os brasileiros convi-
vem com um sério problema de autoes-
tima. O estudo de História mostra que
o Brasil não é pior nem melhor do que
qualquer outro país. É apenas diferente,
porque as nossas raízes são diferentes.
O que significa que o nosso futuro pro-
vavelmente também será diferente.
Qual o segredo para tornar a história do
Brasil atrativa para o leitor comum?
Procuro sempre observar os persona-
gens e acontecimentos com os olhos
de um leitor adolescente ou um adulto
mais leigo, não habituado a ler sobre
História do Brasil. Se esse leitor conse-
guir entender o que eu tento explicar,
todos os demais também entenderão.
Eu leio muito sobre o assunto, pesqui-
so documentos e visito os locais em
que as coisas aconteceram dois sécu-
los atrás. Apesar da distância no tem-
po, esses lugares ainda guardam hoje
muita informação para quem tiver o
olhar atento. Também procuro orienta-
ção adequada logo no início do projeto.
Por fim, ao escrever, tento ser o mais
claro e didático possível na linguagem.
Também me esforço para misturar na
narrativa elementos pitorescos e bem
humorados com uma mergulho mais
profundo das situações que descrevo.
Acho que ninguém precisa sofrer para
estudar História.
Qual a melhor maneira de se olhar para
a História do Brasil?
Infelizmente, a História do Brasil é
muito contaminada por dois tipos de
deturpações. A primeira é a chama-
da História oficial, que se esforça em
fazer em celebração épica dos heróis
e acontecimentos, como se eles tives-
sem construído ou dado origem a um
Brasil melhor do que o que vemos hoje
nas ruas, esquinas, morros e favelas.
É uma visão da história que predo-
mina especialmente em período de
ditaduras, como no ensino nas disci-
plinas de Organização Social e Política
Brasileira (OSPB) e Educação Moral e
Cívica durante o regime militar de 64.
A segunda deturpação é marcada por
uma tentativa de desconstrução des-
sa História oficial. São livros, filmes e
minisséries que banalizam os fatos e
personagens, como se pertencessem
a um Brasil viralatas indigno do seu
passado. É o que se vê, por exemplo,
no filme “Carlota Joaquina, Princesa do
Brasil”, de Carla Camurati, e na série de
televisão “Quinto dos Infernos”. A ver-
dade, como sempre, está no meio. O
que procuro mostrar nos meus livros
é que a História do Brasil tem, sim,
personagens engraçados, pitorescos
e caricatos, como D. João VI e Carlota
Joaquina, mas não se resume a isso.
Você acredita que por conta de "Harry
Potter", "Crepúsculo", "Lua Nova" os
jovens acabam sendo portas de entrada
interessantes para livros mais densos?
Eu não tenho qualquer preconceito
contra esses livros. Ao contrário, acho
que uma forma de estimular a leitura
numa faixa etária que, aparentemente,
não está lendo tanto quanto deveria. A
melhor forma de criar novos leitores é
associar a leitura a uma atividade pra-
zerosa. Por isso, melhor começar com
Harry Potter do que forçar uma criança
ou um adolescente a ler obras como as
de Machado de Assis mediante o risco
de passar ou reprovar num exame. O
risco, nesse caso, é afastá-la para sem-
pre dos livros. Se o estudante entender
que ler é sinônimo de prazer, no futuro
provavelmente se interessará também
por essas obras mais complexas e sofis-
ticadas do ponto de vista literário.
Você deu um passo à frente ao enten-
der que os leitores precisavam de uma
nova linguagem. Qual é o papel da
escola diante dessa nova realidade?
Tenho observado uma mudança na ati-
tude dos professores e das escolas em
geral. Estão mais empenhados em usar
uma linguagem acessível aos estudan-
tes e, no caso da História, uma narrativa
mais equilibrada dos acontecimentos
do passado. Isso é muito bom. O Brasil
vive um momento de mudanças com
a redução do números de pessoas que
viviam na pobreza absoluta e o cresci-
mento das classes “B” e “C”. Significa
que estamos, finalmente, conseguin-
do distribuir renda, emprego, saúde,
educação e outras oportunidades. Há
novos consumidores, novos leitores e
novos estudantes participando desse
processo de ascensão social. Temos
de ser generosos com eles produzindo
livros, aulas e material didático aces-
síveis na linguagem. O uso de uma
linguagem mais didática e acessível é
uma forma de democratizar e ampliar
o conhecimento no Brasil.
O que pensa dos e-books? Os escrito-
res têm de estar atentos a novos for-
matos?
O futuro do livro e o futuro do papel
são coisas diferentes. O formato papel
parece estar mesmo com seus dias
contados, mas o conteúdo dos livros
continuará a ser tão relevante quan-
to sempre foi. A República, de Platão,
que já foi uma obra prima no perga-
minho, permanece relevante hoje no
papel e continuará a ser nos meios
digitais. Nosso desafio, portanto, não
é a mudança nos formatos, mas a
qualidade do conteúdo. Estamos em
um novo século, que pede uma nova
linguagem e novos formatos capazes
de atingir novas audiências ou novos
públicos. Há um público jovem que,
aparentemente, não está lendo mui-
to no papel, mas passa boa parte do
tempo surfando na internet e é muito
seduzido pela linguagem audiovisual.
Por essa razão, daqui para frente nós
– jornalistas, escritores, professores,
historiadores, produtores de conhe-
cimento de forma geral – precisamos
ter estratégias multimídia para atingir
diferentes públicos.
Div
ulg
ação
10 Capa
Uma boa notícia. Os livros não vão acabar justamente porque só eles permitem a adultos e crianças recriar histórias, viajar por mundos reais e imaginários e serem protagonistas em um mundo que insiste em colocá-los como espectadores
A magiada leitura
Marcela e João Vitor
Cai
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ágic
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ibei
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to
"À s vezes, antes do café da manhã, eu já acredi-
tei em mais de seis coisas impossíveis.” A fra-
se é de Alice e a invenção linguística está no famoso
clássico de Lewis Carroll. Entretanto, o que se apre-
senta de uma forma simples e despretensiosa, talvez
seja a grande chave para definirmos a magia da leitu-
ra. Ler nos dá a possibilidade de acreditar no impos-
sível, de encontrar nas histórias de Monteiro Lobato
um caminho para uma vida melhor, com bonecas
que ganham vida, num ambiente que alimenta as
travessuras das crianças de todas as idades.
Entrevistamos muitos alunos maristas para com-
por essa reportagem e o melhor foi perceber que
a maioria deles sabe muito bem o que quer quan-
do toma um livro nas mãos: viajar. Curiosamente,
essa geração cercada de tecnologia tem as mesmas
expectativas que nossos avós quando o assunto é
literatura. Eles querem embarcar em um mundo de
sonhos, de conhecimentos reais e imaginários, de
fantasia; desejam dar um tempo no corre-corre diá-
rio que violenta a criatividade e a paz. Em resumo:
para Mateus Mera Barbosa, João Vitor Zeviani Montei-
ro de Barros e Marcela Marques Cilento, que apare-
cem nas fotos desta matéria, ler é uma forma incrível
de se relacionarem com autores de todas as épocas
e de construírem em suas mentes os cenários e os
detalhes de cada obra. Num filme isso não é possível.
Ali, tudo já vem processado, os vestidos têm cores
certas e as expressões são fruto do talento dos atores
e diretores. Quem lê um livro é livre para (re)criar.
A escola é, portanto, um ambiente que deve
investir em espaço adequado, em acervo que conta
com obras literárias clássicas, modernas e contem-
porâneas, de modo a se tornar a estação ideal para
que esse embarque aconteça.
A família é outra estação fundamental. Por esse
motivo, convidamos para um bate-papo a escritora e
mãe de aluno marista, Liana de Camargo Leão, tam-
bém professora de Literaturas de Língua Inglesa na
Universidade Federal do Paraná, doutora pela USP e
mestre pela UFPR e pela UFRJ. Ela aposta que a leitura
em voz alta e a conversa em torno do livro são funda-
mentais para construir pontes entre pais e filhos. “A
leitura compartilhada desenvolve a arte da conversa-
ção em família, é momento propício para se discutir
valores, desenvolver o vocabulário e o pensamento
abstrato”, explica. Confira trechos dessa conversa
com a escritora.
12 Capa
A INFÂNCIA FOI ENCURTADA?A infância é um período curto, hoje
ainda mais encurtado por um “ado-
lescer” precoce: as crianças são muito
cedo intimadas a entrar no mundo do
erotismo e do consumo. Mais do que
nunca é preciso recuperar a magia das
rimas, das cantigas de roda, dos con-
tos de fada e da literatura.
LINGUAGEM COMO FORÇA CRIADORAÉ no periodo da infância que a criança
vive a linguagem como força criado-
ra: “Mãe, tô apertada. Quero ir ao vaso
solitário.” O mesmo tipo de invenção
linguística está em Lewis Carroll (1832-
1898), o autor de "Alice no País Das
Maravilhas": “Às vezes, antes do café
da manhã, eu já acreditei em mais de
seis coisas impossíveis.” Carroll propôs
deliciosos neologismos: “Me deram
como presente de des-aniversário".
[em inglês, “un-birthday present”.]
Na abertura de Alice, Carroll convida
o leitor a passar ao mundo do faz-de-
conta: Alice segue o Coelho Branco
que carrega um relógio no bolso do
colete e está muito atrasado: “Ai, ai,
ai! Vou chegar atrasado demais!” Hoje,
somos como o Coelho Branco de Alice:
atrasados, apressados, correndo atrás
do tempo, um tempo que nos esca-
pa, um tempo do qual nos queixamos
sempre e que não nos permite ler.
FALANDO EM TEMPO, QUAL É O TEM-PO PARA A LEITURA? Entre as mais frequentes queixas das
mães quanto à educação dos filhos
está a de que eles preferem vídeo-
-games e televisão ao livro. A ausência
do livro na vida das crianças reflete a
ausência do livro na vida dos pais. Os
pais alegam falta de tempo para leitu-
ra. Ler requer tempo, requer disponi-
billidade, mental e emocional. E tempo
é questão de prioridade.
Em uma época de excesso de informa-
ção e excesso de oferta de produtos, o
ser humano passa a ser definido como
“espectador” e “consumidor”. São rou-
pas, ipods, ipads, celulares, aparelhos
eletrônicos que nos atraem com a pro-
messa de definir nossa subjetividade e
suprir nossas insatisfações. Entramos
no mundo do descartável, dos obje-
tos-símbolos que terminam por criar
em nós um vazio permanente.
O tempo do consumo é contínuo; e
nos consome. É um tempo acelerado
que nos atropela: consome a nossa
noção de identidade, nos encolhe,
nos diminui. O tempo da leitura é, ao
contrário, um tempo que expande o
ser humano. É também um tempo
de recolhimento, de introspecção, de
mergulho para dentro, de diálogo con-
sigo mesmo, um tempo de formação
do acervo pessoal, de nossa biblioteca
interna.
"A LEITURA PERMITE QUE NOSSAS
EXPERIÊNCIAS DE VIDA SEJAM
COMPARTILHADAS E É FUNDAMENTAL
PARA QUE AS CRIANÇAS PERCEBAM
QUE AS SUAS EXPERIÊNCIAS,
COMO CRESCER, SE APAIXONAR E
ENFRENTAR DIFICULDADES TAMBÉM
PODEM SER PARTILHADAS."
A LEITURA É UMA PROTEÇÃO CONTRA O EXCESSO DE ESTÍMULOS? Com certeza. Freud sugere que a
proteção contra estímulos é uma
função quase mais importante do que
a recepção dos estímulos. Desenvolver
a linguagem, a capacidade linguística
de expressar o pensamento e assim
possibilitar a criação de uma ponte
entre a experiência intelectual e a
experiência emocional para poder
construir linguisticamente a própria
história, o próprio relato e refazê-
lo a cada baque, quando a vida for
nos marcando, nos torcendo: isso
me parece essencial à formação de
uma subjetividade sadia, capaz de
superar conflitos e de auxiliar o outro
no enfrentamento e na superação
de etapas. Desenvolver a empatia e
aprender o caminho entre emoção
e intelecto são efeitos colaterais
da leitura. A leitura permite que
nossas experiências de vida sejam
compartilhadas e é fundamental
para que as crianças percebam que
as suas experiências, como crescer,
se apaixonar e enfrentar dificuldades
também podem ser partilhadas.
EDUCAR NÃO É TERCEIRIZARAdministrar é delegar tarefas e cobrar
resultados. Não sei se o modelo é ade-
quado quando se trata de criança, de
afeto, de leitura, de educação. Como
Liana Leão: “O livro é a casa que abriga a cabeça da gente”
"O TEMPO DA LEITURA É UM TEMPO DE RECOLHIMENTO, DE
INTROSPECÇÃO, DE MERGULHO PARA DENTRO, DE DIÁLOGO
CONSIGO MESMO, UM TEMPO DE FORMAÇÃO DO ACERVO
PESSOAL, DE NOSSA BIBLIOTECA INTERNA."
Entre os livros de Liana Leão
estão: "Shakespeare, Sua
Época e Sua Obra"; "O Livro
das Casas"; "O Livro dos Pés";
"Dona Salete de Copacabana
e Seus Amigos de Estimação",
em co-autoria com Luiz Otávio
Leão; “Julieta de Bicicleta";
"Diferentes: pensando
conceitos e preconceitos";
"A caixinha de narizes", em
co-autoria com sua filha
Anna Beatriz.
delegar a tarefa de compartilhar o
dia-a-dia com os filhos? Será que só
os professores, psicólogos, babás,
personagens de tevê e de videoga-
me podem popular a vida dos nossos
filhos? A principal “conversa” de uma
criança será com a televisão?
A leitura em voz alta e a conversa em
torno do livro constroem pontes entre
pais e filhos. A leitura compartilhada
desenvolve a arte da conversação em
família, é momento propício para se
discutir valores, se desenvolver o voca-
bulário e o pensamento abstrato.
E O FUTURO DO LIVRO?Vivemos uma mudança nos hábitos
de leitura: o livro digital, mais fácil de
produzir e distribuir, ecologicamente
correto, e, em breve, também mais
barato. Na escola isso significará mui-
to menos peso na mochila! E dá para
fazer anotações, apagar anotações,
aumentar a letra, etc. Quando a gente
fala em futuro do livro, pensa em futu-
ro do livro de papel. Mas o livro eletrô-
nico é o futuro do livro. O que importa
é o conteúdo e, é claro, a possibilidade
de acesso. O livro eletrônico traz aces-
so instantâneo.
Mais: Confira no blog da Revista Em Família uma
reportagem completa sobre o futuro da literatura
e os livros digitais. www.emfamiliamarista.com.br
14 Perfil
Como você descreve a magia de ler?
Para mim, ler é sempre uma viagem.
Conheço muitos lugares em diferentes
partes do mundo, não apenas porque
sempre viajei, mas porque leio bas-
tante. Para mim, ler é viajar sem sair
do lugar. A leitura proporciona à nos-
sa mente a possibilidade de estar em
todos os lugares descritos nos livros.
E a magia está quando visitamos fisica-
mente um lugar descrito em um livro
que já lemos! Isso acontece sempre
comigo. Essa relação do livro com a rea-
lidade é encantadora e cativante!
De onde vem sua paixão pelos livros?
Aprendi a amar os livros com a minha
mãe e meu avô. Aprendi com eles o
prazer da leitura e não a obrigação de
ler. Isso muda tudo na vida da gente!
A criança ou adolescente que só lê por
obrigação imposta pela escola nunca
vai desenvolver o gosto pela leitura.
Por isso, nós – pais, tios e avós – temos
a grande tarefa de mediar a leitura
com nossos filhos, sobrinhos e netos,
desenvolvendo neles o gosto pela lei-
Brilho nos olhos
tura. Na minha época, a internet e a
televisão não competiam com a leitura
no quesito entretenimento, o que tor-
nava mais fácil essa tarefa para minha
mãe e meu avô. Hoje, creio que o nos-
so maior desafio nessa área é orientar
crianças e adolescentes a buscar bom
conteúdo na internet. O meio pode ter
mudado, mas a mediação da leitura
ainda se faz necessária dentro de casa.
No ano passado, ainda como deputa-
do federal, você solicitou ao ministro
da Educação, Fernando Haddad, que a
leitura fosse incluída na pauta de priori-
dades de ações do ministério para este
ano. O que falta para o Brasil investir
mais em leitura?
Falta muita coisa! Mas, na área educa-
cional, o primeiro passo tem que ser
dado com os professores e não com
os alunos. Temos que fazer com que
os nossos professores sejam, primeiro,
leitores para depois pedir para que eles
estimulem a leitura em seus alunos. Nos
últimos anos, em razão das atividades
que promovo de leitura, tenho encon-
trado muitos professores que não leem,
que declaram publicamente que não
gostam de ler. Como um profissional
desses poderá formar novos leitores?
Nos tempos de Marista você lembra de
alguma obra ou atividade que o mar-
cou nesse sentido da literatura?
O colégio era como a extensão da minha
casa. Morava quase do lado! Éramos
adolescentes agitados pela idade e pela
mudança do ginásio para o científico.
Não lembro mais o nome dela, mas
tinha uma professora de Português que
quando falava sobre um livro, seus olhos
brilhavam! Esse era o mesmo encanta-
mento que eu via no meu avô, em casa.
Não tenho lembrança específica sobre
algum momento marcante, mas essa
sensação de estar em casa, de encontrar
na escola o mesmo ambiente que eu
tinha em casa, no que se referia à leitura,
é uma sensação que guardo até hoje!
Mais: Quer conhecer o programa conversa entre amigos? Então acesse o site www.conversaentre-amigos.com.br
O ex-aluno marista Marcelo Beltrão de Almeida é um devorador de livros. For-
mado pela PUCPR em Engenharia Civil, acionista do Grupo CR Almeida - um
dos maiores grupos empresariais brasileiros - é ex-deputado federal. Com uma
carreira tão extensa, apesar de ter apenas 44 anos, Almeida é mais conhecido por
ser um grande incentivador da leitura. Na Câmara dos Deputados, foi o criador e
presidente por três anos da Frente Parlamentar Mista da Leitura, que colocou os
assuntos de incentivo ao livro e à leitura na pauta política nacional. Em Curitiba
(PR), criou o programa “Conversa entre amigos”, no qual mais de mil participan-
tes leem uma mesma obra e depois participam de encontros para discutir o livro.
O programa já contou com as participações de escritores importantes, como
Laurentino Gomes, Caco Barcellos, Cristóvão Tezza, Domingos Pellegrini, Miguel
Sanches Neto e Roberto da Matta.
16 Dia a dia
Até para as supermulheres, elasticidade tem limiteComo a elástica Senhora Incrível, as mulheres se desdobram para cumprir vários papéis. Mas é preciso cuidado: sabemos o que acontece quando esticamos demais um elástico...
Maria Sandra Gonçalves
Helena é mulher bonita, dedicada a
cuidar da casa, dos três filhos e do
marido Roberto, que vive se queixan-
do dos problemas de trabalho. Você
certamente já foi apresentado à histó-
ria dessa heroína. Como? Não achou a
vida dela muito heróica? Pois Helena é
ninguém menos que a Mulher Elástica,
aquela que no filme “Os Incríveis” se vê
forçada a abrir mão da vida pacata e da
superproteção das crianças para salvar
o marido e o planeta das armas do mal-
vado Síndrome.
Na vida real a mudança de papéis
não é assim tão visível. As Helenas do
nosso dia a dia vão usando suas habili-
dades sem fazer muito alarde. Mesmo
que não estejam de uniforme vermelho
e máscara no rosto, as mulheres preci-
sam mesmo de muita elasticidade para
conciliar a vida doméstica, os cuidados
pessoais, a atenção aos filhos e – em
muitos casos – a dedicação ao trabalho.
Cada uma tem seus segredinhos
para dar conta de tudo. E, ao contrá-
rio do que aconteceria no cinema, nós
podemos revelá-los. Eles se resumem à
busca do equilíbrio.
Equilíbrio no trabalho, pois, mais
que presentes materiais, os filhos que-
Div
ulg
ação
Números incríveisA presença feminina na população econo-micamente ativa (PEA) é maior que a dos Homens, 17% comparando com os 13% masculinos. Já a participação feminina com nível superior ultrapassou a masculina e é de um pouco mais de 54%.Em 2010 a taxa de mulheres que trabalham com carteira assinada aumentou para 44%, em 2000 essa taxa era de 33%.As mulheres ocupam quase 22% dos cargos elevados (presidência, gerência...) no Brasil.A participação das mulheres no mercado de trabalho desde a década de 70 ao ano 2000 subiu de 17 para 35%.Fonte: IBGE (ibge.gov.br) e Rede Brasil Atual (www.redebra-silatual.com.br)
"AS HEROÍNAS TAMBÉM FALHAM. DÊ A SI MESMA O DIREITO DE APRENDER E PROGREDIR COM SEUS ERROS."
rem – e merecem atenção – com essa
máxima em mente, fica mais fácil deci-
dir entre assumir tarefas extras ou vol-
tar mais cedo para casa. Afinal, a pro-
moção que permite comprar uma casa
na praia também rouba muitas horas
de convivência familiar. Ponha tudo na
balança e veja o que vale mais a pena.
Os sábios alertam: “dinheiro perdido dá
para recuperar; tempo perdido jamais”.
Equilíbrio na divisão de tarefas.
Toda Mulher-Elástico pode atuar
melhor com o apoio do Sr. Incrível. Ou
seja, as mulheres podem – e devem
– compartilhar as tarefas com seus
companheiros. Quando os dois estão
sobrecarregados, é preciso encontrar
soluções simples para que toda a famí-
lia viva em harmonia. Quer um exem-
plo? Você adora levar as crianças para
a escola, mas, para isso, enfrenta um
estresse diário e deixa o trabalho atra-
sado. De quebra, vive se perguntando
por que essa tarefa cabe somente a
você. Resultado: a ida para a esco-
la (ou a volta) se transforma em um
momento de tensão. Que tal mandar
seus filhos de transporte escolar e se
organizar melhor para dar atenção a
eles em casa? Sem a pressão do trân-
sito e dos horários, as chances de boa
convivência entre pais e filhos aumen-
tam muito.
Na vida pessoal, o bom senso tam-
bém deve ditar as regras. É muito sau-
dável cuidar da aparência e da saúde,
mas se as visitas ao salão de beleza são
sempre mais sagradas do que as situa-
ções em que sua presença é requisita-
da na família, alguma coisa está errada.
O equilíbrio também se aplica a
autoavaliação. A autoindulgência exa-
gerada é um erro, mas culpar-se por
tudo traz resultados ainda piores.
Sabemos bem o que acontece se o elás-
tico for esticado demais. Não deu para
ir à reunião do colégio? Paciência. Mar-
que um horário particular com a pro-
fessora. Exagerou na dose ao chamar
atenção dos filhos? Peça desculpas. As
heroínas também falham. Dê a si mes-
ma o direito de aprender e progredir
com seus erros. Se a angústia aparecer,
esqueça as soluções incríveis e vá pelo
caminho certeiro: procure alguém com
um ombro amigo e disponibilidade
para ouvir um desabafo.
Maria Sandra Gonçalves é jornalista e mãe dos
alunos maristas Daniel e Mariana.
18 Olhar por Fabrício Carpinejar
Felicidade não tem fim, tristeza simQuando não era pai, o riso pedia um motivo. Uma função. Uma explicação. A piada tinha que ser muito engraçada. Hoje a vida é mais engraçada do que a piada
M eus filhos nunca perguntam: por
que está triste? Eles me fazem
feliz antes de perguntar. Só passei a rir à
toa depois da paternidade. Rir por nada
mesmo. Rir porque vejo meu filho dese-
nhando uma casa com pernas ou reparo
no modo como ele segura o garfo, igual
à avó. Ou observando a concentração da
filha diante da televisão ou seu bocejo
esquecendo a proteção das mãos. Quan-
do não era pai, o riso pedia um motivo.
Uma função. Uma explicação. A piada
tinha que ser muito engraçada. Hoje a
vida é mais engraçada do que a piada.
Ao largar a pasta do trabalho, há um alí-
vio de que serei abraçado pelos filhos
até ser derrubado. Levantarei as pernas
para cima, desistindo das reservas. Meu
riso dá cambalhotas sem colchão.
Eu recebo diariamente pilhas de
livros. Poderia confessar que felicidade
é permitir que o Vicente abra os paco-
tes e me conte os títulos. Ele fica aluci-
nado em ajudar. Mas os livros foram se
espalhando, tomando os corredores. A
esposa me advertia do avanço do escri-
tório pelas peças. Tomei jeito e resolvi
pedir novas estantes. Garantiria folga
momentânea do problema e o filhote
seguiria rasgando os envelopes.
O marceneiro chegou, amaciado
de sotaque espanhol. Expliquei o que
desejava e fui para minhas atividades.
Não cessava de falar enquanto encaixa-
va os parafusos.
– Em que você trabalha?
– Sou escritor e professor.
– Professor de onde?
– Da Unisinos...
– Ah, a Unisinos, minha filha estuda lá, no
curso de Letras, ela é aplicada.
(Neste momento, vi que ele apenas
encontrava um motivo para falar da
filha. Achou o sinal do petróleo e não
cessaria sua perfuração.)
– Que bom, parabéns...
– Não, parabéns para ela, que não puxou
o pai e se dedicou a estudar. Quando olho
para minha filha, me sinto realizado. Tudo
o que passei na vida não teve borracha.
– Não teve borracha?
– Pai não apaga nada que viveu depois dos
filhos. Não põe fora nem um desenho...
Eu freei uma gargalhada desavisada.
Na última semana, fui ao lançamento de
um livro de alunos da Unisinos. Quando
me escorei para pedir um autógrafo,
Teresa, uma das autoras, me encarou:
– Põe esse livro na sua estante.
– Sim, vou colocar.
– Na estante de meu pai.
– Como?
– Ele fez sua biblioteca. Tenho orgulho
dele. Me ensinou a escrever e nem sabe.
O lápis que ele usava na orelha para
medir a altura das paredes, sua filha
pegou para escrever e alargar as pala-
vras. Felicidade é quando o filho coinci-
de com o pai e a mãe – e nenhum deles
precisa ter consciência disso.
Fabrício Carpinejar é poeta, autor de Meu Filho, Minha Filha (Ed. Bertrand Brasil, 2007), entre outros livros
Nas próximas páginas você vai encontrar o conteúdo
exclusivo do Marista Maringá. A revista Em Família é uma
excelente oportunidade de reforçarmos o nosso com-
promisso com uma educação de excelência, pautada
em valores. Aqui trazemos algumas histórias, projetos e
principalmente um pouco das ideias que refletimos jun-
tos aos seus filhos todos os dias. Em cada aula, em cada
momento ou experiência partilhada, há um pouco de
luz e de inspiração para fazer de cada criança ou jovem
um ser humano melhor, mais capacitado e mais sensível
às necessidades do mundo que está à sua volta. Enfim,
uma pessoa mais feliz.
Inspirar é preciso
20 Com a palavra Ir. Pedro Danilo Trainoti - Diretor Geral
Amigos pais, alunos, educadores e
comunidade em geral, saudações
fraternas!
Estamos quase no encerramento
da primeira metade do ano. O tempo
passa rápido e é exatamente por esse
motivo que é preciso estarmos atentos
em todos os minutos e detalhes para
cumprirmos a nossa meta de oferecer
uma aprendizagem significativa para
nossos alunos. Queremos que optem,
de maneira gradual e autônoma, pelos
caminhos da pesquisa, da síntese, da
criatividade, mas sem perder o foco da
ética e da solidariedade. Como sonhava
nosso Fundador, Marcelino Champag-
nat: precisamos fazer o possível para
que nossos educandos sejam pessoas de
virtudes e cidadãos promotores do bem.
Quem sonha coisas grandes e
dedica-se na busca de seu sonho, coi-
sas grandes há de colher. Para que as
crianças e os jovens alcancem o suces-
so, o colégio necessita da colaboração
e do trabalho da família e do próprio
aluno. Para alcançarmos nossos objeti-
vos compartilhados, é de suma impor-
tância que todos se conscientizem da
necessidade de nada deixar para trás:
“Lição dada, lição estudada hoje!”
É de suma importância organizar-se
em casa de tal forma que em todos os
dias da semana haja um ambiente e um
tempo de qualidade para o estudo. O
educando deve acolher o seu ofício de
aluno e empenhar-se para crescer como
pessoa e como cidadão.
Chamo a atenção sempre para
alguns itens que devem ser levados a
sério no processo educativo: pontu-
alidade, atenção, disciplina, respeito,
empenho e responsabilidade com os
estudos, trabalhos e tarefas. Assim,
tudo sairá a contento: ao final do ano
letivo, todos estarão alegres e felizes
pelo dever cumprido.
Aproveitemos o ano com muito
trabalho, perseverança e bons frutos
colhidos ao longo e ao final do mesmo.
Que Deus, por intercessão da Boa Mãe
Maria e de São Marcelino, abençoe nos-
sa caminhada conjunta.
Para que as
crianças e os jovens
alcancem o sucesso,
o colégio necessita
da colaboração e do
trabalho da família
e do PróPrio aluno
Grandes realizações
Na foto, Bruna Bellinato
Scrivanti Santana (Direção
Educacional), Irmão
Pedro (Direção Geral)
e José Roberto Facco
(Gerência Administrativa)
22 Educa� Educação Infantil
O Colégio Marista tem como fina-
lidade formar cidadãos comuni-
cativos, solidários e investigadores.
As ações pedagógicas realizadas para
atender a esse objetivo são trabalhadas
desde muito cedo com os alunos da
Educação Infantil, pois a organização
pedagógica estimula a autonomia, as
relações entre sujeitos, a valorização
das múltiplas linguagens e a pesquisa.
O trabalho na Educação Infantil é
marcado pela pedagogia dos projetos,
que conta com a investigação, a dis-
cussão, o levantamento de hipóteses,
a inferência, as trocas de experiências,
as vivências e a representação por meio
das múltiplas linguagens. Dessa forma,
o foco do processo educacional é o alu-
no, por ser um sujeito histórico e situa-
do em seu contexto.
A proposta pedagógica é fruto de
estudos e de reflexões constantes rea-
lizadas a mais de seis anos por assesso-
res pedagógicos da mantenedora e dos
colégios que fazem parte da Província
Marista do Brasil Centro-Sul. Desses
estudos, originou-se o documento
Projeto para a Educação Infantil – Cur-
rículo em Movimento, que é o marco
referencial para os professores da Edu-
cação Infantil.
A Educação Infantil Marista, ao lon-
go de todo esse tempo, preocupou-se
em construir uma escola de infância
e para infância, em que a pedagogia
da escuta é o centro do processo. Por
meio dessa prática o professor poderá
atender às necessidades pedagógicas
dos alunos, permitindo aos mesmos a
criatividade, a construção e a elabora-
ção de conceitos, como possibilidade
de participação no meio social em que
estão inseridos.
No Marista, o trabalho realizado
com as crianças tem como referência
e inspiração a pedagogia desenvolvida
com os alunos das escolas de uma cida-
de do norte da Itália, chamada Reggio
Emilia. As escolas infantis dessa loca-
lidade foram reconhecidas pela ONU
(Organização das Nações Unidas) como
a melhor proposta para a Educação
Infantil no mundo.
Aprender na práticaMais que livros e teoria, os projetos envolvem os alunos em situações práticas e torna o aprendizado muito mais significativoClovis Lopes Junior, Assessor Psicopedagógico da Educação Infantil e Ensino Fundamental I
FormAção conTInuADAA formação continuada dos educado-
res maristas é condição necessária para
o desenvolvimento de uma qualidade
educacional. A partir dessa perspec-
tiva, a instituição tem enviado profis-
sionais às escolas infantis de Reggio
Emilia para conferir em loco a proposta
pedagógica empregada com as crian-
ças italianas. É de interesse da institui-
ção realizar um trabalho na Educação
Infantil, que considere o aluno como
protagonista de sua própria aprendi-
zagem, pois entende que o mesmo é
produtor de cultura.
a educação infantil marista busca
construir uma escola de infância e Para
infância, em que a Pedagogia da escuta é o
centro do Processo
A Missão Marista visa educar as
crianças, os adolescentes e jovens
(integrando fé, cultura e vida) para que
sejam promotores da cidadania, prepa-
rando-os para ser fermento na comu-
nidade humana, em vista da constru-
ção do Reino de Deus.
A equipe de pastoral do Marista arti-
cula e desenvolve diversos projetos e
ações para que ocorra a evangelização
(tornar Jesus - sua pessoa e valores –
conhecido por todos, como referência
de vida, como alguém a quem imitar e
seguir – Fl 2,1-11) na vida da Comunida-
de Educativa. Quando alguém pergun-
ta para os alunos que estão concluindo
a terceira série do Ensino Médio - “O
que você leva de bom do seu tempo no
Marista?” - muitos relatam que levam
para a vida as amizades cultivadas, a
dedicação e parceria dos professores,
os valores aprendidos, as práticas soli-
dárias e muitas vivências pastorais mar-
cantes. Por isso, louvado seja Deus!
A evangelização não ocorre somen-
te nas ações específicas da equipe de
pastoral: materializa-se no cotidiano
de sala de aula, pelo testemunho e
mediação dos professores. O Projeto
Educativo para o Brasil Marista destaca
que todo educador deve ter como foco
a formação integral de seus alunos:
formar para o crescimento e o equilí-
brio da mente, do coração, do corpo e
do espírito. Tendo como foco a ética e
o bem comum: derivações do Projeto
de Deus. Essa missão caminha conco-
mitante ao trabalho de formação inte-
lectual. A direção, as assessorias peda-
gógicas e a equipe de pastoral desen-
volvem um trabalho de motivação e
formação Marista, ressaltando sempre
a missão de cada educador: vivenciar
os valores institucionais, ser parceiros
nas ações pastorais específicas e tes-
temunhar os valores cristãos, pois as
atitudes são profundamente formati-
vas. A presença significativa, o cultivo
da espiritualidade cristã, o amor ao tra-
balho, um olhar solidário para o mun-
do que nos rodeia, o espírito comuni-
tário e a simplicidade que aproxima são
vivenciados pelos educadores e fazem
do Marista uma Escola Evangelizadora.
24 Ser melhor
um colégio EvangelizadoAlém das ações de pastoral, a evangelização materializa-se no testemunho e mediação dos professoresCesar Augusto Ribeiro, José Carlos Pereira e Lucas Augusto Vieira fazem parte do Núcleo de pastoral do Colégio Marista de Maringá.
muitos alunos
relatam que levam
Para a vida as
amizades cultivadas,
a dedicação e
Parceria dos
Professores, os
valores aPrendidos,
as Práticas
solidárias e muitas
vivências Pastorais
marcantes
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
st_004_11_anuncio_21x28.pdf 1 18/02/2011 09:15
26 Caleidoscópi�
Na parceria Marista e STB, recebemos
Dorival Pinotti para uma palestra
com os alunos sobre carreira.
A Academia Daisa Poltronieri
se apresenta nas primeiras
semanas de aula.
Nosso querido Ir. Ilário e
sua criação de mais de 40
anos: um Timer Multivolti
para 6V, 9V, 110V e 220V.
Nossos aprovados no Vestibular
de Verão 2010 da UEM. Parabéns
aprovados, vocês merecem!
Nossas alunas ginastas se apresentam
para o Colégio, no início das aulas.
A Equipe Fisk dentro do nosso Colégio.
Em nosso colégio o cinema sempre
foi um atrativo para aplicar e desen-
volver conteúdos em sala de aula. Em
meio a essa práxis pedagógica, demos
início, em 2003, ao I Festival de Curtas-
Metragens. Hoje, esse projeto está
inserido em um outro, o “Palavra Can-
tada em Prosa e em Verso”, que aconte-
ce a cada dois anos.
No processo de desenvolvimento
do projeto pedagógico, nossos alu-
nos frequentam oficinas de vídeo, nas
quais aprendem como se faz story-
board, roteiro, minutagens, direção de
vídeo, iluminação, planos de filmagem
e tratamento de áudio. Depois, vão
para a ilha de edição do colégio e, jun-
tos aos profissionais da área, editam o
seu curta-metragem.
Com esse projeto obtivemos resul-
tados surpreendentes, tendo a criati-
vidade como palavra-chave na criação
dos trabalhos. Um bom exemplo é o
filme “O Cortiço”, produzido no Festi-
val de 2009 pelos alunos do 2º ano A,
do Ensino Médio. Em 2010, tomamos
conhecimento do I Festival de Litera-
tura em Vídeo, da Editora Abril. Nesse
contexto, por que não inscrevermos
um de nossos curtas? “O Cortiço” se
encaixava nos pré-requisitos, assim,
tínhamos o desafio de adaptá-lo ao
regulamento, que solicitava no máxi-
mo cinco atores e cinco minutos de
duração. Confessamos que foi um tra-
balho difícil, pois o original continha 13
minutos, ou seja, tínhamos a missão
(quase) impossível de reduzi-lo a cinco.
No entanto, com o esforço e dedicação
do nosso aluno Fabrício Pires Machado
Filho, diretor e ator (João Romão), con-
seguimos fechar a edição.
Para nossa surpresa, em janeiro
de 2011, recebemos a notícia de que
fomos selecionados entre os 10 melho-
res do país na categoria Ensino Médio,
ressaltando que centenas de vídeos
foram enviados. No evento da premia-
ção, o curta se classificou entre os cinco
melhores do país.
Estamos muito orgulhosos dos
nossos alunos Fabrício, Giuseppe, Flá-
via, Nadia, Elton Filho e todo o 2º A de
2009, que tanto se empenharam neste
trabalho.
Este ano acontecerá a 5ª edição do
Festival de Curtas do Marista de Marin-
gá e estamos ansiosos pelos novos tra-
balhos que virão!
27Destaque
Curta-metragem do Marista fica entre os cinco melhores do país
E o oscar vai para...Anselmo Baraldi é Assessor de Tecnologia e responsável pelo Festival de Curtas-Metragens.
28 Diz aí
Minha relação com a tecnologia é bem
direta, eu jogo videogame, pelo menos
duas vezes por semana. Uso o compu-
tador para divertimento e para estu-
dos, quase todos os dias.
Por um lado, a internet ajuda.
Com ela o aluno agiliza pesquisas que
podem conter informações não encon-
tradas em outras fontes. Pode também
estudar com os amigos pelas comu-
nidades de relacionamento, pedir as
tarefas que os professores passaram
no dia em que ele faltou e tirar as dúvi-
das sobre as aulas, além de se manter
informado sobre vários assuntos.
Já por outro lado, a internet atrapa-
lha, pois o aluno não estuda e não faz as
tarefas, ele busca a internet para conver-
sar com os amigos e acaba esquecendo
que os estudos são mais importantes.
Tiago Romanovski é aluno da 8ª série do Ensino
Fundamental.
A internet nos ajuda nos estudos, já
que é uma fonte rápida e prática de
informações. As crianças estão se
familiarizando com a tecnologia cada
vez mais cedo; qualquer um tem
acesso ao computador e, com isso,
acabam deixando os livros um pouco
de lado, buscando na internet novas
formas de pesquisa.
Eu, apesar de usar livros para estu-
dar, geralmente opto pela internet
para fazer pesquisas não só sobre
assuntos escolares, mas também
sobre outros que me interessam. É
preciso saber usá-la como fonte de
pesquisa, porque nem todas as infor-
mações são confiáveis, não se pode
entrar em qualquer site e simples-
mente copiar e colar o texto e dizer
que estudou.
Lorena Gonzalez é aluna do Terceirão.
Considero minha relação com a tecno-
logia algo indispensável, pois estamos
ligados a ela de todas as formas. Acre-
dito que a internet é uma ferramen-
ta espetacular que pode nos auxiliar
muito nos momentos dos estudos, das
pesquisas, dos trabalhos, etc. Encon-
tramos nela uma grande biblioteca vir-
tual que nos auxilia em tudo que preci-
samos, facilitando assim nossas vidas.
No entanto, é preciso saber usá-la, pois
com a facilidade em apenas copiar,
colar e imprimir, algumas pessoas per-
dem o interesse em ler, prejudicando o
seu desempenho estudantil.
De qualquer forma, a internet é um
grande instrumento de pesquisa, basta
apenas que nós saibamos fazer o uso
dela de forma adequada.
Elizeu Proença é escritor e aluno do 1º ano do
Ensino Médio.
A tecnologia veio para somar. Há anos discutimos sua interferência na sociedade
e, em especial, na vida das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Conversamos
com alguns alunos do Marista para saber qual a relação deles com a tecnologia, e se
ela ajuda ou atrapalha na hora dos estudos. Confira algumas respostas!
Tecnologia ajuda ou atrapalha?
O escritor Ziraldo afirma que “Ler é
mais importante que estudar.” E
você, concorda? Nós, do colégio Maris-
ta de Maringá, fazemos uma leitura
ampliada dessa frase, ou seja, acredita-
mos que uma situação complementa a
outra. Levamos em consideração que,
ao estudar, a criança está fazendo uma
leitura, e ao ler, está estudando. Pen-
sando desse modo, ampliamos o signi-
ficado do ato de ler, pois, como sabe-
mos, trata-se de um movimento que
incita várias áreas diferentes e impor-
tantes do cérebro e, sendo assim, pro-
move o desenvolvimento da sensação,
da percepção, da emoção, da criativi-
dade, do espírito crítico, da compre-
ensão, da interpretação e da cognição,
além de oportunizar “viagens” por con-
textos/mundos diferentes.
De acordo com o pensamento de
Marisa Lajolo, a literatura é porta para
variados mundos que nascem das
várias leituras que dela se fazem. Para
o autor, “os mundos que ela cria não se
desfazem na última página do livro, na
última frase da canção, na última fala
da representação e nem na última tela
do hipertexto. Permanecem no leitor,
incorporados como vivência, marcos
da história de leitura de cada um”.
Podemos dizer então, que o ato
de ler significa a imersão em mundos,
situações e contextos diferentes. Por
isso, nossa escola investe em espaço
adequado, em acervo que conta com
obras literárias clássicas, modernas e
contemporâneas, o que faz da biblio-
teca um despertar de interesses, de
curiosidade e de alegria.
Observar a leitura de uma criança,
a sintonia existente entre ela, o livro e
as emoções evocadas, é algo que trans-
cende, podemos dizer que é tão mágico
quanto o próprio ato de ler. Verdadeira-
mente acreditamos que propiciar esse
momento no ambiente escolar significa
desenvolver e formar o nosso aluno.
Nelly Novaes Coelho, sabiamente
diz que “a literatura infantil é, antes
de tudo, literatura; ou melhor, é arte:
fenômeno de criatividade que repre-
senta o mundo, o homem, a vida,
através da palavra. Funde os sonhos
e a vida prática, o imaginário e o real,
os ideais e sua possível/impossível
realização...”.
Com o intuito de continuar estimu-
lando nossos alunos, este ano, a nossa
escola trabalha a leitura paralelamente
ao PROJETO BIBLIOCONEXÃO, baseado
na vida e obra de Monteiro Lobato, cujo
objetivo é realizar várias leituras, como
a de obras clássicas, que vão desde
as artes plásticas, a música, o filme, a
escultura, a pintura, a dança e, claro, os
livros. Os alunos vivenciarão a leitura
individual, a contação de história, entre
outros momentos literários importan-
tes para a formação do leitor.
Enfim, aqui no Marista de Maringá,
ler é gosto, é hábito, é prazer. É conexão!
30
Ler é mais importante que estudar?
Educa� Ensino Fundamental
Adriane Gisbert Maranho é Assistente Psicopedagógica do Ensino Fundamental e Médio
observar a leitura
de uma criança, a
sintonia existente
entre ela, o livro
e as emoções
evocadas, é algo
que transcende,
Podemos dizer que é
tão mágico quanto o
PróPrio ato de ler
A escolha da carreira ideal é uma
das mais difíceis e importantes da
vida. Especialmente, quando se conclui
o Ensino Médio, pois os questionamen-
tos à cerca da profissão são muitos, o
que gera conflitos e dúvidas.
Escolher pela vocação ou pela
demanda do mercado de trabalho?
Essa dicotomia é capaz de camuflar as
inclinações ou aversões, causando uma
confusão entre o que é vocação e o que
pode ser interesse temporário.
Dos relatos de profissionais bem
sucedidos, foi constatado que nenhum
deles se deixou levar pela idolatria dos
modismos que pudessem produzir o
sucesso, o poder, a fama, o dinheiro e o
reconhecimento. Preocuparam-se com
questões mais profundas como a fideli-
dade a si mesmo, a preservação da pró-
pria identidade, o comprometimento
com as responsabilidades assumidas.
Difícil , no entanto, para os pais que,
preocupados com o futuro dos filhos,
querem ajudá-los a escolher uma car-
reira que os deixará felizes e realiza-
dos, e para os filhos que, ainda muito
jovens, se vêem diante da necessidade
de tomarem uma grande decisão.
Nesse contexto, a escola e a famí-
lia têm importância fundamental
em aliviar tanta pressão, buscando o
equilíbrio em orientar sem direcionar
a escolha.
Uma forma de diminuir essa pressão
é saber que a escolha não precisa neces-
sariamente ser definitiva, pois durante
a faculdade podem surgir novos cami-
nhos e o próprio mercado de trabalho
pode exigir adaptações. Sabendo qual
caminho seguir, basta administrar os
desafios futuros e acreditar em seus
dons, transformando seu potencial em
conhecimento, em habilidades.
O que esperamos é poder contribuir
para uma escolha compartilhada, discu-
tida e baseada em informações que lhes
garanta, por meio da profissão deseja-
da, realização profissional e pessoal.
O segredo é amar o que se faz,
valorizar as oportunidades e perse-
guir com excelência cada atividade. O
sucesso não será fruto do acaso e sim
de muito trabalho.
32
Qual o melhor caminho?Na hora de escolher a profissão, o melhor é deixar as pressões e modismos de lado e escutar a sua verdade interior
Educa� Ensino médio
Rosane Aparecida Alexandre é Assessora Psicopedagógica do Ensino Médio
34 Gente noss�
Sempre marista
Iniciei meus estudos no Colégio Maris-
ta de Maringá em 1979. Quando me
perguntam sobre os fatores marcantes
da minha formação escolar, respondo
que, no Marista, aprendi a importância
da vida espiritual e o hábito do estudo
diário. A convivência com os Irmãos
Maristas me ensinou a necessidade de
reservar um espaço de tempo para a
oração e para a reflexão.
O ambiente no colégio era de mui-
ta harmonia, paz, exigência e serieda-
de. Para mim era um desafio tirar uma
nota boa com a Professora Alegria.
Lembro, ainda, com muito carinho,
das aulas da Professora Beth e do Pro-
fessor Luiz Evangelista.
O colégio não era só estudo. Havia
muito esporte, música e ensaios da
fanfarra. Campeonatos de futebol, de
handebol e de basquete. Na hora do
recreio, as esperadas disputas de bola
ao mastro (espiribol).
Os concursos de fanfarra projetaram
o nome do Colégio e da Cidade de Marin-
gá. O Irmão Ventura preparava gerações
de jogadores de tênis de mesa. As olim-
píadas maristas nos colocavam em con-
tato com alunos do Brasil todo. A feira
de ciência nos ensinava muito e nos tra-
zia desafios. Foi um tempo de alegria,
de estudos e de muita convivência com
os colegas. Mas sempre foi ressaltada a
presença Marista no mundo, o que nos
preparou para uma visão globalizada
muito antes que essa ideia fosse moda.
O Irmão Pedrão sempre imprimia
uma visão otimista e confiante em tudo
que se dispunha a fazer, ensinava-nos a
olhar para frente e para o alto. Lembro
com saudades dos Irmãos Ilário, Ores-
tes, Nilson, Carlos e Tecila.
Quanto ao método pedagógico,
ressalto que o colégio nos fazia pen-
sar e buscar autonomia, sempre com
respeito aos valores cristãos. Por isso,
meus filhos estudaram no Colégio
Marista de Maringá e depois no Colégio
Marista Santa Maria.
Hoje, lançando um olhar para o
passado, constato como foi importan-
te fazer parte da comunidade marista,
marcada por uma vida de muita disci-
plina, estudos e diversão, mas sempre
inspirados nos exemplos de firmeza,
de fé e de coragem, legados pelo fun-
dador São Marcelino Champagnat.
Fernando é Desembargador no Tribunal Regio-
nal Federal da 4ª Região, Mestre em direito pela
Universidade Federal do Paraná e Doutorando na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Fernando Quadros lembra dos bons tempos e dos valores que leva para a vida toda Fernando Quadros
No destaque, Fernando Quadros
com os alunos da turma de 1979
do 1º e 2º ano do Ensino Médio.
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ngel
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36 Vestibular
É preciso aprender a lidar com o problema da tensão pré-vestibularFabíola Almeida
Abaixo a TPV!
“Foi a melhor sensação do mun-
do!”. É assim que a ex-aluna
Marista, Iana Dornelas Fonte Boa, des-
creve o que sentiu ao ver o nome na
lista dos aprovados. Mas a caloura em
Direito lembra que a preparação não
foi fácil e no 3º ano chegou a recorrer
a acompanhamento psicológico para
controlar a ansiedade pelo vestibular.
Assim como Iana, vários estudan-
tes sofrem com a tensão pré-vesti-
bular (TPV). Um levantamento feito
com 1.046 vestibulandos verificou
que 56,3% apresentaram sintomas de
ansiedade, considerando os níveis de
intensidade leve, moderado e grave.
Dentre os estudantes que apresenta-
ram transtorno depressivo, destacou-
-se a prevalência mais elevada em
meninas (59,3%) do que em meninos
(28,4%). De todos os participantes da
amostra, 947 (90,5%) responderam
ainda que o vestibular alterou seus
hábitos de vida, sendo as principais
modificações na vida social com ami-
gos, no relacionamento familiar, no
sono, na atividade física e na alimenta-
ção. O estudo foi comandado pelo psi-
quiatra Daniel Guzinski Rodrigues, da
Universidade Luterana do Brasil (Ulbra),
e pela psicóloga Cátula Pelisoli, da Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS)*.
“ESTUDAR DEMAIS POR OBRIGAÇÃO PODE ATRAPALHAR MAIS DO QUE AJUDAR, PORQUE VOCÊ ACABA SE SOBRECARREGANDO E NÃO FIXA DIREITO O QUE APRENDEU. ACHO IMPORTANTE TER UM TEMPO PARA SE DIVERTIR E PENSAR EM OUTRAS COISAS, SENÃO FICA DIFÍCIL AGUENTAR A PRESSÃO DO VESTIBULAR.”Andre Luis Tavares
O ex-aluno Andre Luis Tavares, apro-
vado no Programa de Avaliação Seriada
(PAS), da UnB, e na Unicamp para o cur-
so de Ciência da Computação, reforça
a ideia de que a tranquilidade pode ser
um diferencial na hora de realizar as
provas. “Estudar demais por obrigação
pode atrapalhar mais do que ajudar,
porque você acaba se sobrecarregan-
do e não fixa direito o que aprendeu.
Acho importante ter um tempo para
se divertir e pensar em outras coisas,
senão fica difícil aguentar a pressão do
vestibular.”
TENSÃO PRÉ-VESTIBULAR Conhecida como TPV, a tensão pré-
-vestibular é quase inerente à vida dos
estudantes. Dificuldade de concentra-
ção, inquietação, dores de cabeça e
musculares, além de tonturas, são sin-
tomas típicos da TPV, de acordo com
a pesquisa. O medo da reprovação, as
incertezas relacionadas ao desempe-
nho no dia da prova, a forte cobrança
da família e de amigos, são situações
que acabam contribuindo para o sur-
gimento da ansiedade que, em muitos
casos, pode ultrapassar os limites da
normalidade e prejudicar o desempe-
nho.
A ex-aluna Fernanda de Carvalho,
recém-aprovada no PAS e no vestibu-
lar para o curso de Nutrição, conta que
com ela não foi diferente: “No último
ano procurei ficar mais calma e encarar
a prova com menos pressão, acho que
isso pode ter ajudado”.
A professora de Física Samara Mei-
ra acompanha os alunos na Central de
Vestibulares do Maristão, em Brasília, e
sugere que os jovens não mudem mui-
to a rotina: diversão, atividades físicas e
alimentação saudável ajudam a manter
o equilíbrio. “Exercite o pensar, exer-
cite a capacidade de crítica, exercite
o hábito da leitura”, destaca. Em resu-
mo, a TPV não mata, mas impede viver
intensamente um dos períodos mais
bonitos da vida.
* Para ler o artigo "Ansiedade em vestibulandos:
um estudo exploratório", de Daniel Guzinski Ro-
drigues e Cátula Pelisoli, disponível na biblioteca
on-line SciELO (Bireme/Fapesp).
Estamos acostumados a ouvir diversas recomendações sobre bons hábitos de estudo, como esco-
lher um local silencioso, manter uma rotina para fazer tarefas, estabelecer metas e limites, entre
tantas outras. Mas como sabemos se esses hábitos são realmente bons?
38 Como fazer
Ricardo Marchesan
Esqueça o que você sabe sobre hábitos de
Cérebro vivo é cérebro ativo!
“Pesquisas indicam que o cérebro inicia
um processo de declínio cognitivo já a
partir dos 25 anos de idade. É possível,
contudo, manter o cérebro afiado, adiar o
declínio das suas funções e habilidades, e
minimizar esse declínio, com atitudes ao
alcance de todos. Engajar-se em ativida-
des regulares de exercícios físicos e men-
tais, ajudam na estimulação do cérebro.”
Suzana Herculano, neurocientista, desde 2008 é
apresentadora e roteirista do quadro Neurológi-
ca, do Fantástico, e autora de seis livros, “Pílulas
de Neurociência para uma Vida Melhor”
DICA ESPECIAL
Uma excelente matéria publicada
no jornal "The New York Times" anali-
sou as descobertas mais recentes em
hábitos de aprendizado e descobriu
muitos resultados surpreendentes que
podem ajudar qualquer pessoa, desde
uma criança aprendendo a fazer con-
tas, a um idoso aprendendo um novo
idioma. Muitas destas descobertas con-
tradizem a sabedoria popular, como
por exemplo, ao invés de manter ape-
nas um local de estudo, simplesmente
alternar a sala onde a pessoa estuda
aumenta a retenção.
De acordo com o autor da pesquisa,
o cérebro faz associações sutis entre o
que se está estudando e as sensações
exteriores naquele momento, indepen-
dentemente dessas percepções serem
conscientes. Forçar o cérebro a fazer
Cientistas descobriram que o estu-
do espaçado de um assunto – uma hora
hoje, uma hora no final de semana e
uma hora daqui a uma semana – melho-
ra a capacidade de recordar esse assun-
to. Uma explicação é que o cérebro,
quando volta naquele material num
outro dia, precisa reaprender um pouco
daquilo que ele havia esquecido e esse
processo, em si, reforça o aprendizado.
Essa é uma razão pela qual os cien-
tistas julgam que os testes – ou provas
simuladas – são ferramentas podero-
sas de aprendizagem, além de mera-
mente ferramentas de avaliação. O
processo de se extrair uma ideia pare-
ce fundamentalmente alterar a forma
com que a informação é armazenada
subsequentemente, tornando-a bem
mais acessível no futuro.
Nada sugere que somente essas
técnicas – alternar ambientes de estu-
do, misturar conteúdo, espaçar as ses-
sões de estudo, fazer testes – resol-
verão os problemas de aprendizado,
pois a motivação também importa
muito. Mas, pelo menos, essas técni-
cas oferecem aos pais e estudantes
um plano de estudo baseado em evi-
dências, e não em sabedoria popular
ou teorias vazias.
Vale lembrar que a forma como
aprendemos importa não só para
retermos eficientemente algumas
informações para as diversas tarefas
que executamos todos os dias, mas
também porque o aprendizado induz
mudanças neuroplásticas no cére-
bro que, consequentemente, podem
aumentar nossas reservas funcionais
e nossa saúde.
* Ricardo Marchesan é sócio fundador do Cérebro
Melhor, empresa especializada em treinamento
cerebral por meio de jogos online.
múltiplas associações com o mesmo
material pode, na verdade, dar a essa
informação mais relevância neural.
Variar o tipo de material estudado
numa única sessão de estudos – alter-
nando, por exemplo, entre vocabulário,
leitura e conversação de um novo idio-
ma – parece deixar uma impressão mais
profunda no cérebro do que se concen-
trar apenas em uma coisa de cada vez.
Muitos atletas também costumam tam-
bém misturar seus treinos com séries
de força, velocidade e habilidade.
40 Como fazer
ALTERNE O AMBIENTE
Variar o ambiente onde se
estuda aumenta a retenção
da memória. Quando se tro-
ca de local, o cérebro faz associações
sutis entre o que se está estudando e
as sensações externas, sendo percep-
ções conscientes ou não. Quando for-
çamos o cérebro a praticar múltiplas
associações com o mesmo material,
essa informação passa a ganhar maior
relevância neural.
VARIE O MATERIAL A SER
ESTUDADO
Mesclar o tipo de material
numa mesma sessão de
estudos pode deixar uma impressão
mais profunda no cérebro do que se
concentrar apenas em um assunto de
cada vez. Assim como esportistas pos-
suem treinos alternados, poderíamos,
por exemplo, ter uma sequência que
passasse por vocabulário, leitura e con-
versação de um novo idioma.
ESTUDE ESPAÇADAMENTE
Quando montamos um cro-
nograma espaçado para a
aprendizagem de um deter-
minado assunto, como por exemplo,
uma hora hoje, uma hora no final de
semana e uma hora daqui a uma semana,
melhoramos nossa capacidade de recor-
dar esse tema. Ao voltar no material tra-
balho em um curto período de tempo,
nosso cérebro acaba reaprendendo uma
parte daquilo que ele havia esquecido,
dessa forma, se tornando um processo
de reforço de aprendizado.Alterar para:
“ ao voltar ao material trabalhado em um
curto período de tempo, nosso cérebro
acaba reaprendendo uma parte daquilo
que ele havia esquecido, dessa forma,
se tornando um processo de reforço de
aprendizado.
TESTES SÃO BEM VINDOS
As provas simuladas ou exer-
cícios são ótimas ferramen-
tas de aprendizagem e não
uma simples forma de avaliação. O
processo de se extrair o conhecimento
absorvido na resolução desses testes
acaba alterando a forma como essas
informações são armazenadas e, sub-
sequentemente, torna o acesso mais
fácil no futuro.
MOTIVE-SE
Assim como a prática, a moti-
vação é fundamental para o
aprendizado. Quanto mais
se pratica, mais chance o cérebro tem
de reforçar as modificações sinápti-
cas que constituem o que está sendo
aprendido. Quanto mais motivação se
tem, mais se pratica, mais importância
se dá ao aprendizado e, portanto, mais
facilmente acontecem as modificações
sinápticas do aprendizado.
Fonte: Cérebro Melhor (www.cerebromelhor.com.br)
Confira algumas estratégias que podem contribuir com os melhores hábitos de estudo, todas baseadas em pesquisas científicas:
hábitos de estudo campeões
OsEstreia, em parceria com o Canal Futura, Turma da Teca. Esta coleção, da FTD, baseada no programa Teca na TV, sucesso do Canal Futura, traz histórias que tratam de temas como formação pessoal e social, meio ambiente e ética, linguagem, matemática, sempre dentro do universo infantil.
Turma da Teca é dirigida para a galerinha de 4 a 7 anos de idade. São duas coleções com seis livros cada uma, criados com base em 12 episódios do programa de TV. Acompanha também DVD com seis histórias (um para cada coleção e faixa etária).
As coleções são apresentadas em embalagens bem atrativas!
O Kit do Aluno é composto de:
• 6 livros • 1 DVD
0800 772 2300
central.atendimento@ftd.com.br
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42 Compartilhar
Não é preciso destacar o quanto a
rede mundial de computadores
revolucionou o dia a dia das pessoas e
transformou a sociedade. O que assus-
ta, ainda, é que por ser uma novidade
não há normas e leis específicas para
coibir os crimes praticados por meio
dos computadores. São fraudes finan-
ceiras, envio de vírus, roubo de senhas,
crimes contra a honra, calúnia, injúria,
difamação, cyberbullying (humilhação
de pessoas por meio de postagens na
Internet) e, talvez o crime mais preocu-
pante, a pedofilia.
“A despeito de terem sido criadas
delegacias especializadas, é importan-
te que todos os usuários da Internet
saibam que existem meios mais segu-
ros de usar a rede mundial, a partir da
adoção de alguns medidas práticas”,
destaca Luiz Flávio Borges D’Urso, Pre-
sidente da OAB SP, que organizou a
1 Lembre-se de que as relações esta-belecidas na Internet são relações inter-pessoais e, por isso, é importante ter os mesmos cuidados tomados no contato pessoal do dia a dia: não revele a estra-nhos informações pessoais que possam comprometê-lo ou comprometê-la, tais como: endereço, telefone, seu nome completo, nome de familiares, local de trabalho, nome da escola onde estuda, dados que indiquem sua rotina
2 Preserve sua intimidade: não divul-gue informações, contatos, fotos ou vídeos pessoais e tenha cuidado ao rea-lizar negócios e manter relacionamentos via Internet
3 Tome cuidado com novas amizades, procurando referências antes de consi-derá-las como conhecidas
4 Antes de publicar algo, lembre-se de que não são apenas os seus amigos e pessoas honestas que utilizam a Inter-net. Desconfie das pessoas e dos sites que desrespeitam as leis e promovem a intolerância ou se manifestam em desa-cordo com a ética
5 Utilize em seu computador um pro-grama firewall, um software antivírus e aplique mensalmente as atualizações mais recentes fornecidas pelo fabrican-te do sistema operacional e do software antivírus
6 Não clique em links da web pre-sentes em e-mails, nem abra arquivos anexos enviados por pessoas desco-nhecidas. Em caso de dúvidas entre em contato com o remetente da mensagem antes de clicar em um link ou abrir um arquivo anexo
A internet pode ser seguraPresença e diálogo são as grandes armas dos pais também no ambiente virtual
6 CUIDADOS PARA NÃO CAIR EM ARMADILHAS DA REDE
cartilha “Recomendações e boas práti-
cas para o uso seguro da Internet para
toda a família”.
SEM BARREIRASOs especialistas destacam que é
importante que a barreira digital que
separa os pais de seus filhos seja rom-
pida, já que muitos pais ficam alheios
à conduta de seus filhos no ambiente
virtual em razão do próprio desco-
nhecimento que têm a respeito da
informática. Respeitar a privacidade
dos filhos não pode ser sinônimo de
ausência de supervisão, de vigilância,
o que deve ser feito em consonância
com o respeito aos valores da pró-
pria família. É também essencial que
os filhos saibam que seus pais têm
conhecimento do que ocorre na Inter-
net e que podem confiar neles caso
sofram alguma agressão no meio vir-
tual. Além disso, é necessário que os
pais expliquem sobre a importância
do uso consciente da Internet e das
consequências que atitudes irrespon-
sáveis podem causar.
SERVIÇO: A Cartilha pode ser acessada no site
da OABSP, pelo link: www.oabsp.org.br/comisso-
es2010/crimes-alta-tecnologia/cartilhas/carti-
lha_internet.pdf
Jean-Dominique Bauby (Mathieu
Amalric) tem 43 anos, é editor da
revista Elle e um apaixonado pela
vida. Mas, subitamente, tem um
derrame cerebral. Vinte dias depois,
ele acorda. Ainda está lúcido, mas
sofre de uma rara paralisia: o único
movimento que lhe resta no corpo
é o do olho esquerdo. Bauby se
recusa a aceitar seu destino. Apren-
de a se comunicar piscando letras
do alfabeto, e forma palavras, fra-
ses e até parágrafos. Cria um mun-
do próprio, contando com aquilo
que não se paralisou: sua imagina-
ção e sua memória. Um livro para
refletir sobre a nossa mania de
autossuficiência.
QUEM INDICA: Cristiane Mazolla
Vieira, Assessora Psicopedagógica
(Ensino Fundamental II) do Colégio
Marista Santa Maria
"GERAÇÃO Y"Sidnei de Oliveira, Editora IntegrareO autor apresenta de forma sutil as
eras em que vivemos como sociedade:
era da terra (do feudo), era da força do
trabalho, industrial, da informação e a
que vivemos hoje, a era das conexões.
O livro situa as pessoas no tempo em
que vivemos e dá um "toque" de que
precisamos aprender a nos relacio-
narmos respeitando essa diferença de
contexto (essa conexão é de se relacio-
nar). Especialmente entre pais e filhos,
afinal, os pais devem entender que a
era de seus filhos é bem diferente da
qual viveram antes.
O AMOR FECUNDA O UNIVERSOMarcelo Barros e Frei Betto, Editora AgirDiz Leonardo Boff que “o propósito da
vida não é só a simples sobrevivência,
mas a realização das potencialidades
presentes no Universo e que querem se
expressar”. Este livro, cheio de poesia e
mística, quer nos convocar ao cuidado
com a vida, com a espiritualidade que dá
sentido a todas as expressões de vida.
Com tantas versões catastróficas sobre o
nosso planeta e sobre o nosso papel no
mundo, buscar caminhos de compro-
misso ecológico e espiritual torna-nos
ainda mais vinculados com a transfor-
mação da realidade, integrando-nos à
grande sinfonia da Vida.
QUEM INDICA: Marize
Mazzoli Rufino, Diretora
Educacional do Colégio
Marista de Londrina
Prateleira ídeo
QUEM INDICA: Ascânio
João Sedrez, Diretor
Educacional do Colégio
Marista Arquidiocesano
O ESCAFANDRO E A BORBOLETA
44 Solidariedade
“Um mundo melhor é o que todos
nós queremos para nossos filhos
e para todas as crianças e adolescen-
tes. Um mundo digno, que respeite
nossa liberdade e a diversidade ide-
ológica, religiosa, étnica e de gêne-
ro, e que respeite também nossa
integridade humana. E é por esse
mundo que devemos trabalhar”,
afirma Jimena Djauara N. C. Grigna-
ni, assessora da Rede Marista de Soli-
dariedade.
Mais que caridade, o comprome-
timento de todos com a construção
de uma sociedade mais justa é que
define a cultura da solidariedade,
tão discutida e aplicada em cada
uma das unidades Maristas. Afinal,
se você é incentivado a pensar e agir
por um mundo melhor, sua posição
sobre a vida e as demais pessoas
será diferente daquela de alguém
que aprendeu apenas a buscar o
primeiro lugar num mundo compe-
Em que mundo você deseja viver?Proposta Marista nos convida a fazer parte da cultura da solidariedade
titivo. Essa maneira de pensar vai
além da postura de ajuda ao outro e
busca uma interação de pessoas de
realidades sociais distintas numa via
de mão dupla onde todos ganham. É
como afirmava João Paulo II: ser soli-
dário implica uma “determinação fir-
me e perseverante de se empenhar
pelo bem comum” em busca da jus-
tiça social e da fraternidade.
Em resumo, a cultura da solida-
riedade vem para inverter a lógica de
um mundo regido pela competição.
“Só quando nos aproximamos de
outras realidades sociais e econômi-
cas é que podemos exercitar a coo-
peração. Este é um movimento com-
plexo, uma nova maneira de ver as
coisas, mas à medida que essa cultu-
ra for sendo compreendida e viven-
ciada pelas pessoas, naturalmente a
realidade do país se transformará”,
finaliza Jimena.
A partir do que indica a Missão Educativa Marista, educa-se na e para a solidariedade, pois
essa missão apresenta a Boa Nova, não apenas em termos pessoais, mas também a partir de
uma visão comunitária. Tal visão segue a lógica de Jesus Cristo, alcançando os mais empo-
brecidos, buscando o bem comum e assumindo a responsabilidade pelo presente e o futuro
da humanidade, assim como por toda a Criação.
Fonte: "Termos, Expressões e Valores Institucionais – Diretrizes para comunicação da Província Marista Brasil
Centro Sul – N°1".
BOA NOVA
A Rede Marista de Solidariedade acredita que a cultura e a arte transformam as realidades de pessoas e comunidades.
Novosjuventudes
cenáriosparaasinfâncias&
www.solmarista.org.br
Essência
A última grande Assembleia Geral do Instituto dos Irmãos
Maristas, ocorrida em Roma há dois anos, acentuou a
figura de Maria, mãe de Deus, como grande inspiradora e
protetora da obra marista no mundo.
Nos documentos publicados depois da Assembleia,
o exemplo de Maria e exaltação de suas virtudes foram
destacados, o que despertou a União Marista do Brasil
(UMBRASIL) a estabelecer um Ano Mariano. Com o tema
Maria no coração da Igreja e o lema Com Maria, para uma
nova terra, o Ano tem a perspectiva de reavivar a presença
de Maria na vida Marista e da Igreja Católica, contribuin-
do também como preparação para a comemoração dos
200 anos de nascimento do Instituto dos Irmãos Maristas
(1817-2017).
A celebração do Ano Mariano, no período de 25 de mar-
ço a 8 de dezembro de 2011, acontece em todas as Uni-
dades Maristas do Brasil por meio de atividades e eventos
nacionais. As ações propostas mostram que, sob diversos
títulos e matizes, Maria é retratada nas diversas culturas,
comunidades e povos como companheira, modelo de ins-
piração, força para acolher a realidade da vida e lutar para
sua transformação. Maria é a mulher plena de Deus, a mãe,
a irmã, a amiga, a intercessora junto a Cristo, solidária com
os pobres e humildes.
À Mãe,com carinhoMaristas do Brasil dedicam 2011 a Maria
TUDO POR MARIAInspirados em Maria, o marista se deixa transformar por ela para ser presença de qua-lidade na vida das pessoas, em especial dos que mais necessitam. Somos convidados a descobri-la como peregrina na fé. Como Jesus......ir ao encontro daqueles que estão à margem, fazê-los “avançar para águas mais pro-fundas” (Cf. Lc 5,1-4);...servir, escutando a voz serena e presente da Mãe: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5); ...celebrar a vida, processando a conversão do coração: “não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho?” (Lc 24,32); ...reafirmar a vocação e o desejo de ser filho e filha de Maria: “eis tua mãe!” (Jo 19,27).
Fonte: Documento de Orientações do Ano Mariano
“PARECE-ME QUE, ÀS VEZES, INCLUSIVE SEM DAR-NOS CONTA, SIMPLESMENTE
POR NOSSO MODO DE FAZER, POR NOSSAS OPÇÕES, POR NOSSA MANEIRA
DE RELACIONAR-NOS, MOSTRAMOS O ROSTO MARIANO DA IGREJA, QUE
REALMENTE QUEREMOS”Ir. Emili Turú, Superior-Geral dos Irmãos Maristas
Maria no coração da Igreja.
48 Inspiração
Uma célebre frase de Albert Einstein
ensina que “só há duas manei-
ras de viver a vida: a primeira é vivê-la
como se os milagres não existissem; a
segunda é vivê-la como se tudo fosse
um milagre”. De fato, entre o nasci-
mento e a morte, cada momento deve
ser vivido como um milagre. E nossa
medida de felicidade certamente será
proporcional à nossa sensibilidade para
enxergar cada um destes pequenos
dons que recebemos ao longo da vida.
Com apenas 18 anos, logo após a
conclusão da 3ª série do Ensino Médio
no Marista, Pauline Becker Zacaron ini-
ciou uma batalha pela própria vida e
precisou rapidamente rever esses con-
ceitos. Com dores fortes, descobriu
que possuía um tumor em um dos ová-
rios e, então, fez a primeira operação.
Mesmo depois da cirurgia, as dores
não só continuaram, mas aumentaram
ainda mais. Vários exames foram reali-
zados e constataram-se algumas man-
chas na coluna. A jovem submeteu-se a
mais uma cirurgia para retirada de um
fragmento da coluna para biópsia e foi
descoberto que o problema na coluna
era consequência de uma das células
que havia se deslocado do ovário. “Na
hora da notícia, o desespero tomou
conta de mim ao saber que estava com
câncer. Segurei firme na mão do médi-
co e de meus familiares e disse: “façam
tudo que tiver que ser feito com a ajuda
de Deus, mas não me deixem morrer”,
relembra Pauline.
Foi realizada, então, a terceira cirur-
gia; dessa vez, porém, para retirada da
vértebra onde o tumor se alojara. Após
o procedimento cirúrgico de 12 horas,
Pauline iniciou as sessões de quimio-
terapia, momento em que sofreu bas-
tante com os sintomas: enjoo, falta de
apetite e queda dos cabelos, entretan-
to, jamais perdeu o desejo de viver.
Hoje, três anos depois da descoberta
da doença, Pauline faz faculdade
de Administração, está plenamente
curada e, acima de tudo, muito feliz.
A doença lhe trouxe muitas lições e a
principal delas é de que cada momento
deve ser vivido em sua plenitude,
algo que todos sabem, mas poucos
colocam em prática verdadeiramente.
“Como o hospital em Criciúma fica
em frente ao Marista, o colégio foi a
primeira imagem que tive após levan-
tar da cama do hospital. Com a ajuda de
meus familiares, dei os primeiros pas-
sos até a janela e não consegui segurar
as lágrimas. O Marista abriu as portas de
uma educação de qualidade e a virtude
como família. Os amigos que formei
e os funcionários sempre estarão em
meu coração”, conta. Como para cada
um de nós, também para Pauline o
colégio estava associado às amizades,
aos valores universais e às coisas mais
significativas que constroem a nossa
vida. Ali ela havia sido feliz e presen-
ciado todos os milagres diários que só
uma criança é capaz de enxergar.
Por isso, fica a dica: nos momentos
de dificuldades, que tal lembrar dos
tempos de colégio? Pode ser que a for-
ça daquela criança seja tudo o que o
homem ou a mulher de hoje precisem
para vencer os problemas e continuar a
enxergar os milagres diários.
Você acredita em milagres?A ex-aluna marista, Pauline Becker Zacaron, venceu o câncer e encontrou novas maneiras de ser feliz
INFORME PUBLICITÁRIO
DIVERSÃO E CONHECIMENTO JUNTOS
É num cenário especial, que inte-
gra diversão com conhecimento,
que os alunos dos colégios maristas
de Londrina, Criciúma, Paranaense e
Santa Maria (Curitiba) estão aprenden-
do a fazer a diferença. Com modernas
ferramentas de eletrônica, informática
e mecânica, crianças a partir de cinco
anos constroem e desenvolvem proje-
tos incríveis com a orientação de pro-
fessores. É a L.A. Robótica Educacional,
uma rede de franquias presente em
quatro unidades do Marista e com pla-
nos de expansão.
Segundo o idealizador do proje-
to, o matemático Leandro Augusto,
a idéia principal do curso é propor ao
aluno o projeto e a construção de um
experimento investigatório e explo-
ratório que seja "divertido fazer". A
partir daí as crianças trabalham con-
DESENVOLVIMENTO
Confira o que a L.A Robótica Educacional
estimula e desperta nos alunos:
1. A curiosidade na criação e planeja-
mento de projetos
2. O interesse pelo estudo e análise de
mecanismos existentes
3. A compreensão dos conceitos físicos
presentes no cotidiano e as habilida-
des cognitivas, motoras e perceptivas
4. O curso amplia a visão de mundo
deles e estimula o sociabilizar do
aluno. Trabalho em equipe, a criati-
vidade e organização
INFORMAÇÕES:
www.laroboticaeducacional.com.br
ceitos e práticas de disciplinas como
matemática, física, eletrônica, infor-
mática, tudo isto com aplicação da
qualidade total. “Procuramos estimu-
lar o desenvolvimento e as habilida-
des do aluno na interação do uso de
novas tecnologias sempre de manei-
ra crítica e investigativa”, destaca o
professor.
Um dos pontos mais importantes
da robótica é o aprendizado conquis-
tado através do trabalho realizado
em grupo, desde a etapa de estudo.
Princípios de trabalho em equipe e
cooperação, que são exigidos na atu-
ação profissional, são desenvolvidos
nos alunos a partir de cada um dos
projetos. “O resultado é uma pessoa
muito mais preparada para enfrentar
os desafios educacionais e profissio-
nais”, finaliza Leandro Augusto.
NAS AULAS DE ROBÓTICA
50 Humor
Volume 23º. ano
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