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ENCARTE 5: Meta 6
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
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Meta 6
ÍNDICE
LISTA DE FIGURAS............................................................................ 3
LISTA DE TABELAS............................................................................ 6
I - META 6: ANÁLISE BIOLÓGICO-PESQUEIRA DA PESCA DE ARRASTO.... 8
I-1. ATIVIDADES ORIGINALMENTE PREVISTAS E RESPECTIVO
CRONOGRAMA ............................................................................ 8
I-2. METODOLOGIA EMPREGADA ................................................. 12
I-3. RECURSOS ENVOLVIDOS ........................................................ 14
I-4. DIFICULDADES ENCONTRADAS E FORMAS DE SUPERAÇÃO ......... 14
I-5. EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA COM SEU DESENVOLVIMENTO............ 15
II - RESULTADOS ALCANÇADOS E PRODUTOS .................................... 15
II-1. SÍNTESE SOBRE A ESPÉCIE-ALVO........................................... 17
II-2. FAUNA ACOMPANHANTE ........................................................ 18
II-2.1. CAMARÕES (DENDROBRANQUIATA)................................... 18
II-2.2. ICTIOFAUNA .................................................................. 21
II-2.3 DEMAIS FAUNAS .............................................................. 26
(CARCINOFAUNA, MALACOFAUNA, CNIDOFAUNA E EQUINOFAUNA). 26
II-3. ESFORÇO DE PESCA.............................................................. 28
II-3.1. COMUNIDADES ............................................................... 29
II-4. ESTIMATIVA DE ABUNDÂNCIA ............................................... 39
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II-5. ANÁLISE DOS DADOS DE CAPTURA E ESFORÇO NA PESCA DE
ARRASTO DE CAMARÃO .................................................................40
II-5.1. COMPARATIVO ENTRE AS TAXAS DE CAPTURA MÉDIA DIÁRIA
POR EMBARCAÇÃO PARA O CAMARÃO SETE-BARBAS, ANTES E APÓS
SER DESVINCULADO DO PERÍODO DE DEFESO ENTRE OS MESES DE
MARÇO A MAIO ..........................................................................52
III. DISCUSSÃO...............................................................................54
III-1. ESPÉCIE-ALVO: CAMARÃO SETE-BARBAS (X. kroyeri) ...............54
III-2. FAUNA ACOMPANHANTE ........................................................61
III-3. RENDIMENTOS .....................................................................71
III-4. ESTIMATIVA DE ESTOQUE .....................................................76
IV – CONCLUSÕES ...........................................................................77
V - RECOMENDAÇÕES ......................................................................79
VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................83
ANEXOS..........................................................................................92
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Variação mensal em número médio de exemplares (a) e em
biomassa média (b) da ictiofauna acompanhante da pesca artesanal do
camarão sete-barbas na Baía de Tijucas............................................. 25
Figura 2. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de
arrasto) reportados pelas embarcações que desembarcaram nas diferentes
localidades da Baía de Tijucas – SC. Barras representam o Erro Padrão. 30
Figura 3. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de
arrasto) obtidos nas diferentes áreas de pesca (pesqueiros) da Baía de
Tijucas e arredores. Barras representam o Erro Padrão. ....................... 31
Figura 4. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de
arrasto) obtidos mensalmente pelas embarcações que desembarcaram nas
localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão. ... 32
Figura 5. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de
arrasto) obtidos por embarcações de diferentes níveis de participação nos
desembarques totais (representados em %) registrados nas localidades da
Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão......................... 33
Figura 6. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de
arrasto) obtidos por embarcações de diferentes potências de motor,
comprimentos e presença ou não de casario. Barras representam o Erro
Padrão. .......................................................................................... 34
Figura 7. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de
arrasto) obtidos sob influência de tempo chuvoso, ensolarado e nublado e
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condições de mar agitado, moderado e calmo. Barras representam o Erro
Padrão............................................................................................35
Figura 8. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de
arrasto) obtidos sob influência de diferentes direções de ventos e maré.
Barras representam o Erro Padrão......................................................36
Figura 9. Coeficientes obtidos pelo Modelo Linear Generalizado aplicado ao
LN kg/h do camarão-sete-barbas. ......................................................38
Figura 10. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões
(considerando todas as espécies) pela frota de arrasteiros da Baía de
Tijucas............................................................................................43
Figura 11. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões (excluindo
as capturas de camarão sete-barbas) pela frota de arrasteiros da Baía de
Tijucas............................................................................................44
Figura 12. Avaliação trimestral, em percentual, das produções de
camarões na Baía de Tijucas. ............................................................45
Figura 13. Análise comparativa, em kg, das capturas totais de camarão
rosa versus capturas de camarão rosa associado às capturas de camarão
sete-barbas conjuntamente. ..............................................................46
Figura 14. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por
embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,
referentes aos meses de junho, julho e agosto de 2004. .......................48
Figura 15. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por
embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,
referentes aos meses de setembro, outubro e novembro de 2004. .........49
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Figura 16. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por
embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,
referentes aos meses de dezembro de 2004, janeiro e fevereiro de 2005.
..................................................................................................... 50
Figura 17. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por
embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,
referentes aos meses de março, abril e maio de 2005.......................... 51
Figura 18. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por
embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,
referentes aos meses de junho e julho de 2005. ................................. 52
Figura 19. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por
embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia,
referentes aos meses de março, abril e maio de 2005 e 2006. .............. 53
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Relação das espécies de camarões capturadas na pesca
artesanal do camarão sete-barbas, na baía de Tijucas. .........................19
Tabela 2. Relação das espécies de peixes capturadas na pesca do camarão
sete-barbas na baía de Tijucas...........................................................21
Tabela 3. Participação em número de exemplares e biomassa (g) das
espécies mais abundantes da ictiofauna acompanhante na pesca do
camarão sete-barbas........................................................................23
Tabela 4. Relação das espécies da fauna acompanhante (Carcinofauna,
Malacofauna, Cnidofauna e Equinofauna) capturadas na pesca artesanal do
camarão sete-barbas, na baía de Tijucas.............................................26
Tabela 5. Proporção entre um kilograma de camarão sete-barbas e as
demais faunas. ................................................................................28
Tabela 6. Estimativas de biomassa total (±±±± IC 95%) de camarão sete-
barbas estimadas para os meses de junho/04, janeiro/05 e junho/05 pelo
método da área varrida, e respectivos percentuais de remoção pela pesca.
Estimativas realizadas utilizando coeficientes de eficiência de captura de
40% e 100%. ..................................................................................40
Tabela 7. Produções mensais, em kg, das espécies de camarões
capturadas pela modalidade do arrasto com rede de portas para cada
localidade monitorada.......................................................................42
Tabela 8. Números médios, máximos e mínimos de dias trabalhados por
mês pela frota arrasteira de cada uma das localidades monitoradas. ......47
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Tabela 9. Número e percentual das embarcações em atividade, nos anos
de 2004 e 2005, na pesca de arrasto de camarões nas comunidades
(localidades) do entorno da Baía de Tijucas. ....................................... 47
Tabela 10. Amplitude de comprimentos totais do camarão sete-barbas, em
mm, para ambos os sexos, de acordo com bibliografias. ...................... 55
Tabela 11. Tamanho de primeira maturação em cm, do camarão sete-
barbas, para ambos os sexos, de acordo com a literatura..................... 60
Tabela 12. Comparação entre o número de espécies da fauna
acompanhante do camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI
(2006) e para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na
baía de Tijucas................................................................................ 62
Tabela 13. Comparação entre a proporção dos diferentes grupos presentes
na pesca camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI (2006) e
para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na baía de
Tijucas. Proporção em kg. ................................................................ 63
Tabela 14. Comparação entre os números de espécies de ictiofauna
acompanhante na pesca de arrasto de camarão em diferentes áreas. .... 67
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I - META 6: ANÁLISE BIOLÓGICO-PESQUEIRA DA PESCA
DE ARRASTO
O objetivo da meta foi obter informações quanto ao ciclo de vida,
parâmetros populacionais, padrões de recrutamento e migração dos
camarões capturados pela pesca de arrasto, além de estimar o esforço de
pesca aplicado na captura de camarão e respectiva abundância. Também
objetivou-se caracterizar a fauna acompanhante aproveitada e rejeitada
na modalidade em questão.
Supervisão técnica: Roberto Wahrlich (CTTMar/UNIVALI)
Especialistas colaboradores: Joaquim O. Branco(CTTMar/UNIVALI)
Maurício Hostim-Silva (CTTMar/UNIVALI)
Paulo Ricardo Pezzuto (CTTMar/UNIVALI)
I-1. ATIVIDADES ORIGINALMENTE PREVISTAS E RESPECTIVO
CRONOGRAMA
Seriam realizadas amostragens mensais com embarcações e
petrechos da própria frota local, que seriam realizadas acompanhando as
atividades normais de pescadores selecionados nas comunidades. Estas
amostragens seriam utilizadas para estimativa da quantidade e tipo do
rejeito à bordo (e suas variações temporais), o qual incluiria frações
menores e não comerciais das espécies de camarões, outros invertebrados
e peixes em geral. Em cada viagem, além da obtenção dos dados
pesqueiros, seria guardado e levado ao laboratório o conteúdo total
produzido em um dos lances de pesca (ou uma parcela aleatória do
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mesmo), bem como o conteúdo referente a outro lance após o respectivo
material ter sido selecionado pelo pescador de acordo com seus próprios
critérios.
As amostragens deveriam ser mantidas durante o período de defeso,
visando acompanhar os padrões biológico-pesqueiros das espécies
envolvidas e avaliar quais populações de camarões que realmente
estariam sendo protegidas.
A cada 15 dias seriam adquiridas 6 amostras de 1 kg de camarão
junto aos produtores para estudo biológico-populacional (2 amostras para
cada Colônia de Pescadores). Seria anotado o peso da amostra e da
captura total para posterior estimativa do número total de indivíduos
capturados por classe de tamanho. Tal amostra seria mantida congelada
pela Colônia de Pescadores e retirada tão cedo quanto possível pela equipe
de apoio técnico para análise em laboratório.
Em laboratório, os camarões seriam identificados, medidos e
analisados quanto ao estágio de maturação. Os demais itens seriam
identificados em grandes grupos e pesados para análise do percentual de
participação na constituição do rejeito. As distribuições de freqüência de
tamanhos dos camarões antes e após a seleção seriam comparadas,
permitindo assim uma análise das variações temporais no aproveitamento
comercial da captura.
Para cada exemplar de camarão seriam registrados a espécie, o
sexo, comprimento da carapaça (Lc) em milímetros e o peso total (Wt) em
gramas. O estágio de maturação dos machos seria determinado pela união
dos lóbulos do petasma e das fêmeas pela coloração e desenvolvimento
das gônadas.
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O tamanho de primeira maturação (Lc 50%), que corresponde ao
percentual de 50% de indivíduos adultos na população, seria determinado
usando fêmeas em maturação, maturas e desovadas, e os machos com os
lóbulos do petasma unidos. Seria calculada a distribuição de freqüência
relativa acumulada dos organismos nessas categorias por classe de
tamanho. Os valores de freqüência relativa acumulada seriam então
linearizados através da transformação em probitos sendo então calculada
uma regressão linear por mínimos quadrados entre os comprimentos da
carapaça e os percentuais linearizados para a estimativa do Lc 50%.
O período de desova seria determinado pela freqüência mais elevada
de fêmeas com gônadas maduras, apresentado em histogramas mensais
para as diversas áreas. Para verificar a possível diferença entre a
proporção de sexos durante os meses, por classe de comprimento e
estágio de maturação, seria utilizado o teste do X2. Também seria
calculada a variação temporal, por área e espécie, o percentual de
indivíduos jovens e maturos nas capturas comerciais. Os histogramas de
distribuição de comprimento serão utilizados para comparar a estrutura
das populações nas áreas de captura, em conjunto com a relação
peso/comprimento calculada para cada sexo.
A partir das informações pesqueiras obtidas durante as entrevistas
no momento do desembarque (ver Meta 2, Encarte 1), seriam extraídas
diversas medidas potencialmente relevantes ao cálculo do esforço de
pesca como, por exemplo: duração total da viagem, em horas; horas de
arrasto; distância do pesqueiro; comprimento da embarcação; potência do
motor; tipo de embarcação, etc. A análise do esforço de pesca teria como
objetivo principal de avaliar as variáveis pesqueiras responsáveis pela
captura obtida. Essas variáveis seriam assim as integrantes de uma
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medida adequada de esforço de pesca, além de serem utilizadas para o
entendimento da dinâmica da pescaria. Essa análise seria desenvolvida
com prioridade para a pesca de arrasto do camarão, porém abordagens
similares poderiam ser posteriormente desenvolvidas para as outras artes
de pesca monitoradas.
Os dados de captura e esforço de pesca serão analisados através de
um método de regressão linear múltipla, que permite analisar a relação
entre uma única variável dependente e diversas variáveis independentes,
identificando quais destas explicam de forma mais significativa a variação
da variável dependente. Este método prevê a observação inicial do grau de
relação entre as variáveis envolvidas, através da construção de uma
matriz de correlação de Pearson e, posteriormente o desenvolvimento de
um modelo estatístico. A aplicação do modelo ainda permitiria evidenciar
quantas e quais variáveis são responsáveis pela variação das capturas.
Os padrões espaço-temporais de variação de abundância dos
camarões seriam analisados utilizando-se um modelo linear generalizado
(MLG), no qual as taxas individuais de captura (p.ex. quilos por hora de
arrasto) são explicadas por variáveis que levem em consideração a
abundância do recurso no espaço e no tempo, assim como variáveis
referentes às características das embarcações que influenciem no poder de
captura das mesmas. Desta forma pode-se suprimir a utilização de índices
como o CPUE (captura por unidade de esforço) que requerem uma
padronização prévia do esforço empregado. O método proporciona um
índice de abundância já corrigido pelas variações individuais do poder de
pesca.
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Essa análise seria desenvolvida para cada localidade da Baía de
Tijucas, considerando períodos de pesca (meses, trimestres etc...) e
pesqueiros, e/ou para todas as localidades em conjunto, as quais
passariam então a ser consideradas áreas dentro do modelo. Isso seria
possível sempre que sejam reunidas variáveis como comprimento do barco
e potência do motor que possam ser incorporadas ao modelo de forma a
corrigir as variações da taxa de captura oriundas dos diferentes poderes
de pesca das diferentes embarcações.
Seriam ainda analisados aspectos biológicos das várias espécies de
camarões presentes na captura. Estas análises teriam o intuito de verificar
a existência de padrões geográficos distintos e que possam, por um lado,
vir a ser importantes na definição de futuras estratégias de manejo na
Baía de Tijucas, e por outro, avaliar a efetividade das medidas ora
vigentes.
Cronograma original: Bimestres
Atividade Unidade de
Medida Quantidade 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
Campanhas de amostragem na pesca de
arrasto campanha 12 X X X X X X
Análise de dados biológico-pesqueiros da
pesca de arrasto relatório 1 X X X X X X
I-2. METODOLOGIA EMPREGADA
Em novembro de 2004 foram iniciados os embarques para
amostragem da pesca de arrasto de camarão. Foram realizadas de uma a
três saídas mensais com embarcações e petrechos da própria frota, com
acompanhamento das atividades normais de pesca. As embarcações
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utilizadas são típicas da pesca de arrasto realizada no interior da Baía de
Tijucas, tendo como alvo o camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri).
Este tipo de embarcação apresenta motorização de 18-22 hp e opera duas
redes de portas de forma simultânea (arrasto duplo).
As amostragens foram utilizadas para determinação da composição
das capturas e estimativa da quantidade e tipo do rejeito a bordo (e suas
variações temporais), incluindo frações menores e não comerciais das
espécies de camarões, outros invertebrados e peixes em geral. Em cada
viagem, além da obtenção dos dados pesqueiros, o conteúdo total
produzido em um dos lances de pesca foi levado a laboratório. De uma
rede foi retido todo produto do lance de pesca (ou uma parcela aleatória
do mesmo), enquanto que da outra rede foi retido somente a fração
selecionada pelo pescador de acordo com seus próprios critérios. Em caso
de que o volume de camarão obtido no lance amostrado fosse menor que
2 kg, adquiriu-se do pescador 1 kg de camarão no final da viagem de
pesca. O material coletado durante a saída foi conservado em gelo até
estocagem específica para triagem em laboratório. Em contrapartida às
amostras coletadas e à presença de um pesquisador a bordo foi ofertado
ao pescador entre 20 e 40 litros de óleo diesel por saída de pesca.
As amostragens foram mantidas durante o período de defeso (1o de
março a 31 de maio), através de autorização específica cedida pelo IBAMA
(Anexo 5.2), visando acompanhar a sazonalidade dos padrões biológico-
pesqueiros do camarão sete-barbas e avaliar quais populações/espécies
que estariam sendo protegidas pela paralisação da pesca.
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I-3. RECURSOS ENVOLVIDOS
As atividades de campo foram realizadas por dois oceanógrafos
contratados com recursos do Projeto, com a participação de um estagiário.
Nas triagens e análises em laboratórios, houve o envolvimento de outros
dois estagiários contratados pelo Projeto.
Os trabalhos desenvolvidos envolveram a utilização do veículo do
Projeto (Fiat Dobló MEH-7532) e embarcações artesanais de pescadores. A
documentação das amostragens foi realizada com uma máquina
fotográfica digital e planilhas específicas e a marcação dos locais dos
arrastos com auxílio de um receptor GPS. O combustível para o veículo e
para as embarcações dos pescadores, bem como as despesas com
alimentação nas saídas de campo foram custeadas com recursos do
Projeto.
I-4. DIFICULDADES ENCONTRADAS E FORMAS DE SUPERAÇÃO
Da mesma maneira que na Meta 4, houve uma dificuldade de se
iniciar a série de embarque, pois nos primeiros meses havia resistência
dos pescadores em aceitar o embarque de técnicos vinculados ao Projeto.
Como as saídas envolviam coletas, alguns pescadores esperavam alugar a
embarcação para a Universidade, o que não era o objetivo do trabalho pois
se necessitava acompanhar uma saída regular de pesca e só se
necessitava coletar a produção de um arrasto. Procurou-se identificar
pescadores que estivessem mais interessados na proposta do Projeto para
trabalhar na superação das resistências iniciais e se estabeleceu uma cota
de óleo combustível a título de ressarcimento do “arrasto perdido” ou
como uma gratificação.
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Outro problema que estava por ocorrer era a concessão da
autorização para pesca científica no período de defeso que iniciaria em 1o
de março. A solicitação foi protocolada no IBAMA/CEPSUL em 20 de
janeiro, sendo informado de que não havia previsão para concessão da
autorização, pois o IBAMA aguardava há meses uma determinação do
Ministério do Meio Ambiente. Esta autorização foi obtida somente no início
de abril, após a publicação da Instrução Normativa MMA no 04/2005.
I-5. EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA COM SEU DESENVOLVIMENTO
Com a consolidação da confiança entre a equipe técnica e um grupo
de pescadores de arrasto as dificuldades iniciais de acompanhar as saída
de pesca foram vencidas. A partir desta conquista, diversos pescadores
passaram a contribuir efetivamente na execução do Projeto, viabilizando
embarques para amostragens na maioria das localidades abrangidas pelo
Projeto.
II - RESULTADOS ALCANÇADOS E PRODUTOS
Ao total, foram realizadas 20 saídas para amostragem das capturas
da pesca de arrasto direcionada ao camarão sete-barbas. A primeira saía
ocorreu em 23 de novembro de 2004, tendo sido fundamental para ajustes
na metodologia. No mês de dezembro não houve saídas por causa da
paralisação de praticamente toda a frota camaroeira da Baía de Tijucas
pelo menos até o dia 23 daquele mês, devido aos baixíssimos rendimentos
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da pescaria. A partir de janeiro de 2005 até dezembro do mesmo ano as
saídas de pesca foram efetuadas mensalmente.
De acordo com as características obtidas através da análise da pesca
de arrasto na Baía de Tijucas prevista na meta 06 do projeto, esta arte de
pesca apresenta baixa seletividade, possuindo como característica
marcante a captura de grandes quantidades de invertebrados e peixes,
muitas vezes rejeitados e descartados pelo seu pequeno tamanho ou por
não haver mercado para a sua comercialização. O camarão sete-barbas,
devido a sua abundância, desempenha um importante papel sócio-
econômico para diversas comunidades do entorno da baía de Tijucas, os
quais retiram o sustento de seus familiares utilizando embarcações de
pequeno porte e atuando em regiões mais próximas da costa.
Os resultados analisados estão embasados em dados coletados nas
campanhas de amostragem biológica da pesca de arrasto dirigida ao
camarão sete-barbas, durante o período de novembro de 2004 a janeiro
de 2006, executadas pelos Laboratórios de Biologia e de Ciências
Ambientais do CTTMar e apresentados em formato de relatórios por seus
responsáveis (Anexos 5.3; 5.4 e 5.5). A análise do esforço de pesca foi
obtida a partir das informações pesqueiras coletadas durante as
entrevistas no momento do desembarque, contempladas pela meta 2 do
presente projeto, durante o período de junho de 2004 a agosto de 2005, e
posteriormente analisadas por especialistas do Laboratório de
Oceanografia Biológica (Anexos 5.6 e 5.7). Dados de registro de captura
coletados durante o monitoramento pesqueiro também foram
considerados, a fim de respaldar as conclusões. A partir das estimativas de
biomassa total e das estatísticas de produção (desembarque), foram
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também calculadas as taxas de remoção da biomassa disponível pelas
frotas de arrasto que operam na baía de Tijucas.
A análise biológico-pesqueira consistiu no conhecimento sobre o ciclo
de vida da espécie-alvo, parâmetros populacionais, padrões de
recrutamento e migração dos camarões, avaliação da fauna acompanhante
e rejeição da pesca de arrasto e estimativa de esforço de pesca aplicado
na captura de camarão e estimativa de abundância por área varrida.
II-1. SÍNTESE SOBRE A ESPÉCIE-ALVO
Durante o período, a proporção entre machos e fêmeas de camarão
sete-barbas ficou em 38,06% e 61,94% respectivamente, indicando uma
dominância das fêmeas na população. Em relação ao tamanho, constatou-
se um significativo predomínio de fêmeas sobre os machos nas classes de
4,0, 5,0, 6,0, 11,0 e 12,0 cm. A amplitude de variação do comprimento
nos machos foi de 4,0 a 12,0 cm e a do peso de 0,51 a 10,73g e
crescimento alométrico negativo b=2,9694. Para as fêmeas, o
comprimento variou de 3,0 a 14,0 cm; o peso entre 0,2 e 16,56g e
crescimento alométrico negativo b=2,9469.
Em relação as flutuações da estrutura da população, durante
novembro de 2004 registrou-se uma pequena ocorrência de camarões
juvenis, com um aumento gradativo em janeiro e fevereiro, seguido de
oscilação até abril, ausência em junho e maiores contribuições de julho a
setembro. Nos meses de outubro e novembro registrou-se a participação
de exemplares adultos, principalmente fêmeas, e em dezembro a ausência
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total de espécimes de ambos os sexos para a baía de Tijucas; verificando
o recrutamento de juvenis em janeiro de 2006.
Ainda em relação as flutuações da estrutura da população,
constatou-se através da contagem de número de exemplares que
compuseram 1,0 kg de camarão sete-barbas, que as maiores taxas de
captura de juvenis ocorreram nos meses de janeiro/05 e 06.
A curva de maturação gonadal obtida através dos valores médios
mensais do IGS sugerem que o camarão sete-barbas apresenta um
período reprodutivo longo, com dois picos de desova: o primeiro entre
maio a junho e o segundo e mais intenso de outubro a janeiro.
Em relação à captura por unidade de esforço (CPUE), as maiores
taxas foram registradas nos meses de fevereiro, abril e maio (pico de
captura).
O tamanho de primeira maturação (Lc 50%) não foi determinado
pelos especialistas devido à dificuldade de se manter os indivíduos intactos
com o processo de resfriamento.
II-2. FAUNA ACOMPANHANTE
II-2.1. CAMARÕES (DENDROBRANQUIATA)
Em 26 lances de pesca direcionada ao camarão sete-barbas,
acompanhados durante o período de amostragem, foram capturados 10
espécies de camarões, pertencentes a 6 famílias. Destas, apenas 5
apresentaram valor comercial: camarão rosa, branco, barba-ruça e
vermelho; porém foram pouco representados nas amostragens (Tabela 1).
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-19
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Meta 6
Das espécies acompanhantes capturadas, apenas o camarão branco
teve ocorrência regular nas amostragens (segundo metodologia de
ANSARI et al, 1995), sendo que as demais foram consideradas ocasionais.
Tabela 1. Relação das espécies de camarões capturadas na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na baía de Tijucas.
Família Espécie Nome Popular N Penaeidae Farfantepenaeus brasiliensis camarão rosa 6
Farfantepenaeus paulensis camarão rosa 32 Lithopenaeus schmitti camarão branco/legítimo 37 Artemesia longinaris camarão barba-ruça/ferrinho 2810 Trachypenaeus constrictus (sem denominação popular) 6 Lismatidae Exhippolysmata oploforoides camarão espinho 124
Sergestidae Acetes americanus americanus (sem denominação popular) 39
Solenoceridae Pleoticus muelleri camarão vermelho/santana 5410
Sicyoniidae Sycione dorsalis camarão pedra 97
Alpheidae Alpheus sp. camarão estalo 1
II-2.1.1. SÍNTESE DAS ANÁLISES PARA OS DEMAIS CAMARÕES
Farfantepenaeus paulensis (camarão rosa): Os machos dominaram nas
classes de 8,0, 10,0 e 13,0 cm e as fêmeas nos 11,0 cm. Padrão de
crescimento: alométrico negativo para os machos e isométrico para as
fêmeas. Ocorrência da espécie apenas no mês de março.
Lithopenaeus schmitti (camarão branco/legítimo): os machos ocorreram
nas classes de 10,0 a 16,0 e 18,0 cm e predominaram sobre as fêmeas
nos 13,0 a 16,0 cm; enquanto nos 11,0 cm as fêmeas dominaram. Padrão
de crescimento: alométrico positivo nos machos e alométrico negativo
para as fêmeas. Registraram-se oscilações nas capturas, com os maiores
valores em março, abril e julho.
Pág. 5-20 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
Artemesia longinaris (camarão barba-ruça): as fêmeas foram maiores e
predominaram acima dos 7,0 cm, enquanto que os machos predominaram
apenas nos 3,0 cm. Padrão de crescimento: alométrico negativo para
ambos os gêneros. Maiores registros de ocorrência nos meses de
novembro/04, abril e outubro.
Exhippolysmata oploforoides (camarão espinho): apenas um exemplar
macho foi capturado. As fêmeas foram mais abundantes na classe de 4,0
cm. Padrão de crescimento: alométrico negativo para as fêmeas. Registro
de ocorrência nos meses de nov/04 e setembro a dezembro.
Pleoticus muelleri (camarão vermelho/santana): a partir dos 8,0 cm não
ocorreram machos. Predomínio significativo das fêmeas sobre os machos
nas classes de 6,0 e 7,0 cm. Padrão de crescimento: alométrico negativo
para machos e fêmeas. Ocorrência da espécie em nov/04, setembro,
outubro e dezembro/05.
Sycione dorsalis (camarão pedra): mesma amplitude de variação de
comprimento para a espécie, onde os machos predominaram nas classes
de 3,0 e 5,0 cm, e as fêmeas nos 4,0 cm. Padrão de crescimento:
alométrico positivo para machos e alométrico negativo para fêmeas.
Ocorrência da espécie em nov/04, setembro e outubro.
II-2.1.2. PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E DEMAIS
CAMARÕES
Para cada kilograma de camarão sete-barbas capturado,
registraram-se 0,14 kg de outras espécies de camarões.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-21
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Meta 6
II-2.2. ICTIOFAUNA
Em 26 lances de pesca acompanhados durante o período, foram
capturados 8338 exemplares entre peixes pelágicos e demersais,
pertencentes a 25 famílias e distribuídas em 44 espécies, totalizando
73,66 kg de biomassa (Tabela 2).
Das 25 famílias coletadas, quatro representaram 85,50% do total de
exemplares capturados. A família Sciaenidae foi responsável por 61,03%
do número total de peixes capturados, seguidos da Clupeidae (14,60%),
Carangidae (5,71%) e Engraulidae (4,16%); enquanto que as 21 famílias
restantes, denominadas outras (Tabela 2), contribuíram em conjunto com
apenas 14,50% do número total de espécimes da ictiofauna.
A tabela 3 mostra a contribuição em número de exemplares e
biomassa das espécies mais abundantes da ictiofauna. Das cinco espécies
dominantes, quatro pertencem à família Sciaenidae e uma à Clupeidae.
Stellifer rastrifer contribui com 32,86% em número de indivíduos, seguido
de Pellona harroweri (14,31%), Paralonchurus brasiliensis (11,92%),
Stellifer stellifer (6,72%) e Isopisthus parvipinnis (4,91%). Para a
biomassa, obteve-se o mesmo padrão, com exceção de P. brasiliensis, que
ocupou o segundo lugar, superando P. harroweri. A tabela 2 indica que
Stellifer rasfrifer foi à espécie que participou com maior número de
exemplares e biomassa.
Tabela 2. Relação das espécies de peixes capturadas na pesca do camarão sete-barbas na baía de Tijucas.
Família Espécie Nome Popular N
Achiridae Achirus lineatus Sola 2
Ariidae Cathorops spixii Bagre amarelo 8
Pág. 5-22 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Genidens barbus Bagre branco 196
Genidens genidens Bagre favudo 57
Batrachoididae Porichthys porosissimus Sapo luminoso 262
Carangidae Chloroscombros chrysurus Palombeta 109
Selene setapinnis Galo 92
Selene vomer Galo de penacho 277
Clupeidae Harengula clupeola Sardinha cascuda 2
Sardinella brasiliensis Sardinha verdadeira 27
Pellona harroweri Sardinha-mole 1193
Cynoglossidae Symphurus tesselatus Língua de sogra 87
Engraulidae Lycengraulis grossidens Manjuvão 172
Cetengraulis edentulus Manjuvinha 176
Ephippidae Chaetodipterus faber Enxada 2
Gerreidae Eucinostomus melanopterus Escrivão 1
Haemulidae Pomadasys corvinaeformis Corcoroca 1
Orthopristis ruber Corcoroca 1
Monocanthidae Stephanolepis hispidus Peixe porco 3
Muraenidae Gymnotorax ocellatus Moréia pintada 1
Ophicthidae Ophichthus gomesii Cobra dáguá 12
Paralichthydae Etropus crossotus Linguado 1
Citharichthys spilopterus LInguado 96
Phycidae Urophycis brasiliensis Abrótea 39
Pomatomidae Pomatomus saltator Enchova 1
Sciaenidae Isopisthus parvinnis Pescadinha/tortinha 409
Larimus breviceps Oveva 17
Macrodon ancylodon Pescada foguete 152
Menticirrhus americanus Papa terra 1
Micropogonias furnieri Corvina 159
Stellifer rastrifer Cangoá 2740
Stellifer stellifer Cangoá 560
Stellifer brasilienis Cangoá 74
Paralonchurus brasilienis Maria Luiza 994
Scombridae Scomberomorus cavalla Cavala 1
Serranidae Diplectrum radiale Aipim 1
Stromateidae Peprilus paru Gordinho 61
Synodontidae Synodus foetens Peixe lagarto 1
Tetradontidae Sphoeroides greely Baiacu 4
Sphoeroides spengleri Baiacu 1
Sphoeroides testudineus Baiacu 2
Lagocephalus laevigatus Baiacu arara 44
Trichiuridae Trichiurus lepturus Espada 288
Triglidae Prionotus punctatus Cabrinha 11
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
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Meta 6
Tabela 3. Participação em número de exemplares e biomassa (g) das espécies mais abundantes da ictiofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas.
Família/Espécie Nome popular N % Biomassa %
Clupeidae
Pellona harroweri Sardinha mole 1193 14,31 10734,30 14,57
Sciaenidae Paralonchurus brasiliensis
Maria Luiza 994 11,92 10882,94 14,77
Isophistus parvipinnis Pescadinha/tortinha 409 4,91 2880,81 3,91
Stellifer stellifer Cangoá 560 6,72 3440,62 4,67
Stellifer rastrifer Cangoá 2740 32,86 15756,23 21,39
Total 5896 70,71 43694,9 59,32
II-2.2.1. SÍNTESE DA ESTRUTURA DE COMPRIMENTO DAS
ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES
Pellona harroweri (sardinha mole): observou-se uma distribuição de
freqüência polimodal, sendo as modas nas classes de 6,0, 9,0, 11,0 cm e
menos representativas nas classes de 15,0 e 19,0 cm. A amplitude do
comprimento total variou de 3,0 a 19,0 cm e o comprimento total médio
foi de 9,2 cm.
Paralonchurus brasiliensis (maria luiza): apresentou amplitude de
comprimento total entre 3,0 a 29,0 cm. A distribuição de freqüência
apresentou tendência do tipo polimodal, sendo que a moda mais
representativa ocorreu na classe de 10,0 cm e o comprimento total médio
da espécie foi de 10,0 cm.
Isopisthus parvipinnis (pescadinha/tortinha): também apresentou
distribuição de freqüência polimodal, com picos mais representativos nas
Pág. 5-24 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
classes de 6,0 e 9,0 cm. A amplitude de comprimento total variou entre
4,0 e 21,0 cm, com comprimento total médio de 8,0 cm.
Stellifer stellifer (cangoá): o comprimento variou entre 4,0 e 17,0 cm,
apresentando uma distribuição de freqüência polimodal, sendo que a moda
mais representativa ocorreu na classe de 7,0 cm. O comprimento total
médio da espécie foi de 7,0 cm.
Stellifer rastrifer (cangoá): ocupou o primeiro lugar em número de
indivíduos e biomassa. A distribuição de freqüência de comprimento total
dessa espécie foi do tipo unimodal na classe de 8,0 cm. Sua amplitude de
comprimento variou de 4,0 a 21,0 cm e seu comprimento total médio foi
de 7,3 cm.
II-2.2.2. FLUTUAÇÕES SAZONAIS DA ICTIOFAUNA
A figura 1 mostra a variação do número médio de exemplares
capturados e a biomassa média ao longo do período de coleta.
Para o número de exemplares, as maiores contribuições ocorreram
nos meses de janeiro, seguido de um declínio em fevereiro, novo
incremento no mês de março e queda gradativa até dezembro, intercalado
por pequenas oscilações nos meses de julho e outubro.
Para a biomassa, observou-se flutuações sazonais mais acentuadas,
onde registrou-se pico de captura para o mês de janeiro (6,42 kg) e
menores capturas em junho (0,89 kg).
Numa análise geral, verificou-se que a ictiofauna acompanhante
apresentou maiores contribuições em exemplares e biomassa no início do
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-25
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Meta 6
(a)
0
200
400
600
800
1000
1200
N/04 J F M A M J J A S O N D meses
N
(b)
0
1
2
3
4
5
6
7
N/04 J F M A M J J A S O N D meses
Captu
ra m
édia
mensal (
kg)
verão (janeiro) e menores capturas nos meses da primavera (outubro,
novembro e dezembro).
Figura 1. Variação mensal em número médio de exemplares (a) e em biomassa média (b) da ictiofauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas na Baía de Tijucas.
II-2.2.3 PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E PEIXES
Para cada kilograma de camarão sete-barbas capturado,
registraram-se 0,59 kg de peixes.
Pág. 5-26 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
II-2.3 DEMAIS FAUNAS
(CARCINOFAUNA, MALACOFAUNA, CNIDOFAUNA E EQUINOFAUNA)
Foram capturados 1718 exemplares pertencentes à 11 espécies e ao
grupo dos cnidários (composta por água-viva e anêmona), totalizando em
biomassa 18,73 kg (Tabela 4).
Tabela 4. Relação das espécies da fauna acompanhante (Carcinofauna, Malacofauna, Cnidofauna e Equinofauna) capturadas na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na baía de Tijucas.
Família Espécie Nome Popular N CNIDARIA água viva 9
anêmona 106 MOLLUSCA/ GASTROPODA
Nassariidae Buccinanops gradatum concha 85 Olividae Olivancillaria urceus concha 32
MOLLUSCA/ CEPHALOPODA Loligonidae Loligo sanpaulensis lula 328
CRUSTACEA/ MALACOSTRACA Calappidae Hepatus pudibundus caranguejo 32 Leucossidae Persephona mediterranea caranguejo 15
Persephona punctata caranguejo 100 Majidae Libinia spinosa caranguejo aranha 22
Portunidae Callinectes danae siri-azul 176 Callinectes ornatus siri-azul 684
EQUINODERMATA Astropectinidae Astropecten marginatus estrela-do-mar 115
Luidiidae Luidia senegalensis estrela-do-mar 14
Considerando separadamente cada grupo, registraram-se para os
Crustáceos 6 espécies de caranguejos e siris, pertencentes a 4 família;
onde os siris-azul foram os mais representativos. Para o grupo dos
Moluscos a contribuição foi de 3 espécies, pertencentes a 3 famílias, com
predomínio de lulas. Em relação aos Equinodermos, capturou-se duas
espécies de estrela-do-mar, com dominância de Astropecten marginatus. E
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-27
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
para o grupo dos Cnidários, foram capturados poucos exemplares de água
viva e anêmonas, não identificadas ao nível de espécie.
Destas espécies capturadas, Buccinanops gradatum, Loligo
sanpaulensis, Persephona punctata, Callinectes danae, Callinectes ornatus,
Astropecten marginatus e anêmona apresentaram ocorrências regulares
nas amostragens segundo metodologia de ANSARI et al (1995).
II-2.3.1 SÍNTESE DAS ESPÉCIES CONSIDERADAS REGULARES NAS
AMOSTRAGENS
Buccinanops gradatum (concha): esta espécie ocorreu durante todo o
período, exceto nos meses de janeiro e junho. As maiores contribuições
foram registradas nos meses primavera (outubro, novembro e dezembro).
Loligo sanpaulensis (lula): apresentou oscilação na distribuição, com
registro de maiores capturas em número de exemplares e biomassa, nos
meses de agosto e setembro.
Persephona punctata (caranguejo): foi a mais representativa em peso
durante os meses de outubro a janeiro/06. Pico de captura em número de
exemplares no mês de março.
Callinectes danae (siri-azul): segunda espécie mais abundante em
biomassa e em número de indivíduos. Pico de captura no mês de junho.
Callinectes ornatus (siri-azul): predomínio em número de exemplares em
maio e junho, e em biomassa nos meses de setembro a janeiro.
Astropecten marginatus (estrela-do-mar): pico de captura no mês de
fevereiro e ausência de exemplares nos meses de inverno (julho, agosto e
setembro).
Pág. 5-28 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
Anêmona: ocorrência durante todo o ano, com exceção do mês de julho.
Pico de captura no mês de fevereiro.
II-2.3.2 PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E DEMAIS
FAUNAS
A proporção entre um kilograma da espécie alvo para os diferentes
grupos é apresentada na tabela 5.
Tabela 5. Proporção entre um kilograma de camarão sete-barbas e as demais faunas.
camarão sete-barbas/Cnidofauna 1/0,01 kg
camarão sete-barbas/Carcinofauna 1/0,11 kg
camarão sete-barbas/Equinofauna 1/0,01 kg
camarão sete-barbas/Malacofauna 1/0,02 kg
II-3. ESFORÇO DE PESCA
A análise do esforço de pesca teve como objetivo principal avaliar as
variáveis pesqueiras responsáveis pela captura obtida na pesca de arrasto
direcionado ao camarão sete-barbas. Essas variáveis foram utilizadas para
o entendimento da dinâmica da pescaria em questão.
A partir das informações pesqueiras obtidas durante as entrevistas
no momento do desembarque, foram extraídas diversas medidas
potencialmente relevantes ao cálculo do esforço de pesca como:
comprimento da embarcação; potência do motor; tipo de embarcação, etc.
A análise, através da aplicação de um modelo matemático específico
permitiu evidenciar quantas e quais variáveis são responsáveis pela
variação das capturas.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-29
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
Os padrões espaço-temporais de variação de abundância dos
camarões foram analisados utilizando-se um modelo linear generalizado
(MLG), no qual as taxas individuais de captura (p.ex. quilos por hora de
arrasto) foram explicadas por variáveis que levaram em consideração a
abundância do recurso no espaço e no tempo, assim como variáveis
referentes às características das embarcações que influenciaram no poder
de captura das mesmas.
Essa análise foi desenvolvida para cada localidade da Baía de
Tijucas, considerando períodos de pesca e pesqueiros. A seguir são
apresentados os rendimentos obtidos, por itens analisados.
II-3.1. COMUNIDADES
De acordo com a figura 2:
• Os maiores rendimentos (10-12 kg/h) foram obtidos pelos
desembarques realizados nas comunidades de Calheiros e Ganchos de
Fora.
• Os menores rendimentos (cerca de 3 Kg/h) foram obtidos pelos
desembarques realizados na localidade de Canto dos Ganchos.
• Ganchos do Meio, Tijucas, Sta. Luzia e Zimbros tiveram rendimentos
similares (5 – 6 Kg/h).
Pág. 5-30 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
Figura 2. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) reportados pelas embarcações que desembarcaram nas diferentes localidades da Baía de Tijucas – SC. Barras representam o Erro Padrão.
II-3.2. ÁREAS DE PESCA (PESQUEIROS)
De acordo com a figura 3:
• Os rendimentos mais baixos (3 – 4 kg/h) foram obtidos nas áreas do
Baixio, Baía de Tijucas e Baías de Zimbros.
• Os rendimentos mais elevados (8 – 12 kg/h) foram obtidos nos
pesqueiros de Macuco, Costeira dos Ganchos, ponta do Bota e Mar
de Fora.
0
2
4
6
8
10
12
14
Calhe
iros
Can
to d
os G
anch
os
Can
to G
rand
e
Gan
chos
de
Fora
Gan
chos
do
Meio
Sta. L
uzia
Tijuca
s
Zimbr
os
Localidade
kg
/ho
ra
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-31
_________________________________________________________________________________
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
Figura 3. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos nas diferentes áreas de pesca (pesqueiros) da Baía de Tijucas e arredores. Barras representam o Erro Padrão.
II-3.3. SAZONALIDADE
De acordo com a figura 4:
• Rendimentos mostram uma forte sazonalidade.
• Entre Julho e Janeiro os rendimentos são muito baixos, não
ultrapassando 4 kg/ hora.
• Entre fevereiro e junho os rendimentos sofrem um incremento
considerável, sendo máximos (entre 17 – 19 kg/h) em abril e maio.
0
2
4
6
8
10
12
14
Baixio
Mac
uco
Cos
teira
dos
Gan
chos
Ponta
do
Bota
Ilha
do A
rvor
edo
Mar
de
Fora
Pesqueiro
kg
/ho
ra
Pág. 5-32 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_________________________________________________________________________________
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
Figura 4. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos mensalmente pelas embarcações que desembarcaram nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão.
II-3.4. EMBARCAÇÕES
De acordo com a figura 5:
• Observa-se um crescente nos rendimentos em embarcações que
tiveram maior participação.
• Porém naquelas com maior participação (>30% dos desembarques) o
rendimento decai.
0
5
10
15
20
25
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
kg
/ho
ra
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-33
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Meta 6
Figura 5. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos por embarcações de diferentes níveis de participação nos desembarques totais (representados em %) registrados nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão.
As embarcações com casario, potência de motor superior a 20 Hp e
maiores que 8,5 m apresentaram rendimentos ligeiramente maiores que
aquelas sem casarios, motores com potência inferior a 20HP e menores
que 8,5 m (Figura 6).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
<5% 5 - 20% 20-30% >30%
Participação da embarcação nos desenbarques totais
kg
/ho
ra
Pág. 5-34 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
<20 HP >20HP
Potência do Motor
kg
/ho
ra
0
1
2
3
4
5
6
7
8
<8,5 m >8,5 m
Comprimento da embarcação
kg
/ho
ra
0
1
2
3
4
5
6
7
Sem casario Com casario
Presença de Casario
kg
/ho
ra
Figura 6. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos por embarcações de diferentes potências de motor, comprimentos e presença ou não de casario. Barras representam o Erro Padrão.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-35
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
II-3.5. CONDIÇÕES AMBIENTAIS
De acordo com a figura 7:
• Viagens de pesca sob condições de mar agitado e tempo chuvoso
mostraram rendimentos ligeiramente maiores que em condições de
tempo bom e mar calmo
• Rendimentos ligeiramente mais elevados foram obtidos sob influência
de ventos do quadrante NE –E e SW-W o mesmo se observando em
relação ao sentido de fluxo da maré (Figura 8).
• Figura 7. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos sob influência de tempo chuvoso, ensolarado e nublado e condições de mar agitado, moderado e calmo. Barras representam o Erro Padrão.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Agitado Moderado Calmo
Condições do Mar
kg
/ho
ra
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Chuvoso Ensolarado Nublado
Clima
kg
/ho
ra
Pág. 5-36 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
Figura 8. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos sob influência de diferentes direções de ventos e maré. Barras representam o Erro Padrão.
II-3.6. EFICIÊNCIA E ABUNDÂNCIA
De acordo com a figura 9:
• A eficiência das viagens de pesca desembarcadas nas localidades de
Ganchos (Calheiros + Ganchos de Fora + Ganchos do Meio) foi 20 a
40% superior às das demais localidades. As menos eficientes foram
as viagens desembarcadas em Tijucas.
• A abundância do camarão-sete-barbas nas áreas de pesca de Mar de
Fora, Macuco e Costeira dos Ganchos foram 65%, 30% e 19%
maiores que no área do Baixio respectivamente.
0
2
4
6
8
10 N-NE
NE-E
E-SE
SE-SS-SW
SW-W
W-NW
NW-N
Vento Maré
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
• A Baía de Zimbros apresentou as menores abundâncias, sendo 36%
inferior à área de Baixio e 100% inferior ao Mar de Fora
• O outono é o período de maior abundância de camarão-sete-barba
sendo 37%, 94% e 103% maior que no verão, no inverno e na
primavera, respectivamente.
• As embarcações com comprimento superior a 8,5m foram 14% mais
eficiente que as menores.
• As embarcações com e sem casario tiveram praticamente a mesma
eficiência
• As embarcações que participaram mais do que 5% nos
desembarques totais tiveram eficiências muito similares e em torno
de 30% inferiores àquelas que participaram menos de 5% dos
desembarques. Este é o resultado mais surpreendente.
• A influência do clima e da maré foi mínima na variação do CPUE.
Pág. 5-38 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Ganchos Cto. Dos
Ganchos
Zimbros Sta. Luzia Tijucas
Localidades
Co
efi
cie
nte
s
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
Baixio Baía de
Tijucas
Baía de
Zimbros
Macuco Costeira
dos
Ganchos
Mar de
Fora
Pesqueiros
Co
efi
cie
nte
s
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
Jan-Mar Abr-Jun Jul-Set Out-Dez
Trimestres
Co
efi
cie
nte
s
Figura 9. Coeficientes obtidos pelo Modelo Linear Generalizado aplicado ao LN kg/h do camarão-sete-barbas.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-39
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
II-4. ESTIMATIVA DE ABUNDÂNCIA
A estimativa de estoque foi obtida através dos registros de capturas
em kg por horas trabalhadas, a eficiência das redes, a velocidade de
arrasto em nós, o comprimento médio de tralha superior das redes de
arrasto e o coeficiente de abertura das redes; parâmetros os quais foram
convertidos e resultaram em biomassa disponível por áreas.
A metodologia aplicada foi o método da área varrida, o qual visou
obter estimativas de biomassa média por quilômetro quadrado. Essas
estimativas foram realizadas para três meses distintos: junho/04,
janeiro/05 e junho/05, selecionados com base nos seguintes critérios: a)
corresponderem a períodos de elevada ou reduzida produção
desembarcada; b) corresponderem a períodos próximos ou afastados do
término do defeso aplicado à espécie até então.
As estimativas finais de biomassa obtidas com os parâmetros
utilizados para cada mês estão apresentadas na tabela 6, e a fim de
comparar, são apresentadas também as estimativas obtidas com eficiência
igual a 1, ou seja, 100% de capturabilidade. Os meses de janeiro e junho
de 2005 apresentaram valores extremos de abundância, seguindo o
comportamento observado nos desembarques. Dependendo da eficiência
de captura utilizada, as biomassas mínimas variaram entre 15,6 e 38,9
toneladas em janeiro de 2005 e as máximas entre 221,4 e 539,3
toneladas em junho do mesmo ano. Considerando os três meses
analisados, os percentuais médios de remoção da biomassa disponível pela
Pág. 5-40 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
pesca variaram de um mínimo de 23,9% (± 0,08 DP) a um máximo de
59,0% (± 0,19 DP).
Tabela 6. Estimativas de biomassa total (± IC 95%) de camarão sete-barbas estimadas para os meses de junho/04, janeiro/05 e junho/05 pelo método da área varrida, e respectivos percentuais de remoção pela pesca. Estimativas realizadas utilizando coeficientes de eficiência de captura de 40% e 100%.
Eficiência 40% Eficiência 100% Biomassa Total IC inf IC sup Biomassa Total IC inf IC sup
jun-04 272.858 215.294 330.423 jun-04 109.143 86.117 132.169jan-05 38.933 31.292 46.574 jan-05 15.573 12.517 18.630jun-05 539.334 199.235 879.433 jun-05 221.411 81.790 361.031
Remoção Remoção
jun-04 24,2% 30,6% 20,0% jun-04 60,4% 76,6% 49,9%jan-05 15,7% 19,5% 13,1% jan-05 39,1% 48,7% 32,7%jun-05 31,8% 86,1% 19,5% jun-05 77,5% 209,7% 47,5%
II-5. ANÁLISE DOS DADOS DE CAPTURA E ESFORÇO NA PESCA DE
ARRASTO DE CAMARÃO
A pesca de arrasto com rede de portas, praticada pela frota
artesanal da Baía de Tijucas é dirigida às capturas dos camarões sete-
barbas Xiphopenaeus kroyeri, branco Litopenaeus schmitti, rosa
Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis, vermelho Pleoticus muelleri e
ferrinho Artemesia longinaris. Essa pesca ocorre tanto no interior da baía
como em mar aberto em áreas adjacentes, sendo as áreas preferenciais
delimitadas pela profundidade limite da isóbata dos 30 metros.
A partir das informações pesqueiras obtidas durante as entrevistas
no momento do desembarque (Encarte 1 – Meta 2), foram extraídas
diversas medidas potencialmente relevantes à análise da captura e esforço
da pesca de arrasto de camarões.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-41
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
Os padrões sazonais da variação da abundância dos camarões foram
obtidos para cada localidade monitorada da Baía de Tijucas e para todas
as localidades em conjunto, através das informações das produções
mensais dos camarões: sete-barbas, branco, rosa, vermelho e ferrinho
(Tabela 1).
Dentre as comunidades monitoradas, a comunidade de
Zimbros/Morrinhos foi a que capturou a maior quantidade de camarões no
período, sendo esta de 132.428 kg, seguida em ordem decrescente pela
comunidade de Santa Luzia (103.191 kg), Tijucas (46.052 kg), Canto dos
Ganchos (44.602 kg), Ganchos de Fora (37.881 kg), Canto Grande
(36.193 kg), Calheiros (21.582 kg) e Ganchos do Meio (19.955 kg).
Ressalta-se que embora seja sabido que a comunidade de Ganchos do
Meio trabalhe quase que exclusivamente no arrasto de camarão, os dados
apresentados, não demonstraram a realidade da pesca local, tal fato foi
decorrente única e exclusivamente devido a problemas de monitoramente
e baixa adesão dos pescadores desta localidade (Tabela 7).
Os dados de produção apresentados tornaram evidente que o grande
direcionamento da frota arrasteira da Baía de Tijucas esta direcionada à
captura do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri, praticamente ao
longo de todo o ano, com período de maior biomassa desembarcada para
os meses de fevereiro e junho. Valores totais entre os meses de março a
maio demonstraram-se pouco representativos, uma vez que coincidiam
com o período de defeso, fazendo desta forma, com que muitos dos
pescadores não fornecessem informações quanto a suas capturas no
período (Tabela 7 e Figura 10).
Pág. 5-42 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
Tabela 7. Produções mensais, em kg, das espécies de camarões capturadas pela modalidade do arrasto com rede de portas para cada localidade monitorada.
Entre os meses de agosto a janeiro houve uma grande contribuição
na biomassa desembarcada, decorrente das capturas dos camarões:
vermelho Pleoticus muelleri e ferrinho Artemesia longinaris, coincidindo
com o provável período de safra destas espécies (Figura 11). Geralmente
estes recursos são capturados nas áreas adjacentes a baía, ou seja, ao
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-43
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Meta 6
largo da Ilha de Florianópolis, mais precisamente no pesqueiro
denominado ponta do Bota (porção norte da ilha de Florianópolis.).
0
25.000
50.000
75.000
100.000
125.000
150.000
175.000
jun/04 jul/04 ago/04 set /04 out /04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05
Kg
camarão rosa camarão branco camarão vermelho camarão ferrinho
vermelho + sete-barbas vermelho + ferrinho camarão sete-barbas vermelho + sete-barbas + ferrinho
rosa + branco ferrinho + sete-barbas rosa + sete-barbas
Figura 10. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões (considerando todas as espécies) pela frota de arrasteiros da Baía de Tijucas.
A Figura 10 evidenciou a grande representatividade da captura do
camarão sete-barbas perante as demais espécies. Já na Figura 11,
observa-se que excluindo a produção obtida na região para o camarão
sete-barbas, as produções dos camarões vermelho e ferrinho, despontam
como de maior representatividade, no período mencionado (agosto a
janeiro).
Pág. 5-44 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
0
2.500
5.000
7.500
10.000
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15.000
17.500
jun/04 jul/04 ago/04 set /04 out /04 nov/04 dez/04 jan/05 fev/05 mar/05 abr/05 mai/05 jun/05
Kg
camarão rosa camarão branco camarão vermelho camarão ferrinho
vermelho + sete-barbas vermelho + ferrinho vermelho + sete-barbas + ferrinho rosa + branco
ferrinho + sete-barbas rosa + sete-barbas
Figura 11. Produção mensal, em kg, das capturas de camarões (excluindo as capturas de camarão sete-barbas) pela frota de arrasteiros da Baía de Tijucas.
A avaliação trimestral da produção dos camarões, quando analisada
em percentual, auxilia na identificação dos padrões sazonais e da variação
específica da biomassa capturada (Figura 12). Observa-se que a Figura 12
reforça as informações mencionadas nas Figuras 10 e 11, de que a captura
do camarão sete-barbas foi apenas suplantada nos meses de setembro,
outubro e novembro pelos camarões vermelho e ferrinho.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-45
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Meta 6
0 %
10 %
2 0 %
3 0 %
4 0 %
50 %
6 0 %
70 %
8 0 %
9 0 %
10 0 %
jun/ jul/ ago set / o ut / no v dez/ jan/ fev mar/ abr/ mai
camarão sete barbas camarão vermelho
camarão vermelho + ferrinho camarão ferrinho
camarão branco camarão ro sa
camarão vermelho + sete barbas camarão ferrinho + sete barbas
Figura 12. Avaliação trimestral, em percentual, das produções de camarões na Baía de Tijucas.
Nota-se na Figura 12, que nos meses que compreendiam o período
de defeso (mar/abr/mai), as únicas espécies capturadas foram o camarão
sete-barbas e camarão rosa, porem este fato foi decorrente do
direcionamento de parte da frota à captura do camarão sete-barbas e
parte da frota à captura do camarão rosa. Mesmo sabendo que tal
atividade no período mencionado era ilegal. Se considerarmos a análise
comparativa entre as capturas totais de camarão rosa versus capturas do
camarão rosa associado às capturas de camarões sete-barbas
conjuntamente, nota-se que estas, quando presentes, ocorreram em
baixos números, ou seja, apenas 37 desembarques de um total de
aproximadamente 14.000 desembarques monitorados, representando
também uma baixa biomassa capturada (Figura 13). Deixando claro que
ambas as espécies possuem áreas de ocorrência distintas.
Pág. 5-46 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
0
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1.600
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jun/jul/ago set/out/nov dez/jan/fev mar/abr/mai
Kg
camarão rosa camarão rosa (7 barbas)
Figura 13. Análise comparativa, em kg, das capturas totais de camarão rosa versus capturas de camarão rosa associado às capturas de camarão sete-barbas conjuntamente.
Buscando avaliar a periodicidade mensal da pesca do arrasto de
camarão, realizaram-se análises quanto à movimentação dos barcos, desta
referida frota, para as comunidades monitoradas, considerando o número
de dias trabalhados mês (Tabela 8).
Analisando o número médio total de dias trabalhados por localidade,
observa-se que a comunidade de Santa Luzia desponta com maior média
geral de dias trabalhados no período, seguida pelas comunidades de Canto
dos Ganchos, Canto Grande, Zimbros/Morrinhos, Calheiros, Tijucas,
Ganchos de Fora e Ganchos do Meio. A movimentação de barcos nos
meses de março, abril e maio foram desconsideradas devido à baixa
confiabilidade das informações coletadas. Os valores médios de dias
trabalhados por mês aparentaram-se baixos, mas se considerarmos o
número máximo de dias trabalhados, juntamente a tais valores, pode-se
inferir que há uma parcela de pescadores, embora pequena, como
demonstra os valores médios, que possui a pesca do arrasto de camarão
como atividade exclusiva.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-47
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Meta 6
O dimensionamento do tamanho da frota do arrasto de camarões,
em número de embarcações por localidade (comunidade) é apresentado
na Tabela 9.
Tabela 8. Números médios, máximos e mínimos de dias trabalhados por mês pela frota arrasteira de cada uma das localidades monitoradas.
Tabela 9. Número e percentual das embarcações em atividade, nos anos de 2004 e 2005, na pesca de arrasto de camarões nas comunidades (localidades) do entorno da Baía de Tijucas.
Pág. 5-48 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
A frota de arrasteiros da comunidade de Zimbros/Morrinhos
apresentou-se como a maior, em número de embarcações, representando
23,29%; enquanto que a comunidade de Calheiros apresentou a menor
frota (3,65%) (Tabela 9). Para melhor compreender as informações
mencionadas nas Tabelas 8 e 9, é importante conhecer o “tamanho” de
cada comunidade e a influência da atividade da pesca do arrasto de
camarões nestas.
O rendimento e o esforço diário da frota dirigida à captura do
camarão sete-barbas foi avaliado através dos dados de desembarques
monitorados das capturas diárias, a taxa de captura diária por embarcação
em kg médio/dia/barco e número de embarcações trabalhando por dia,
por trimestre (Figuras 14, 15, 16 e 17) e por bimestre (Figura 18).
Captura média diária de 7 barbas jun/jul/ago 2004
0
20
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1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29dias
Kg m
édio
0
20
40
60
80
100
120
140
160
nº
em
barc
ações
Kg médio jun/jul/ago nº emb. jun/jul/ago
Figura 14. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de junho, julho e agosto de 2004.
Através da Figura 14, que mostra um elevado número de
embarcações em atividade no dia 1 de junho de 2004, em virtude da
“reabertura” legal da pesca do arrasto devido ao término do período de
defeso, demonstra que neste dia havia 160 embarcações em atividade,
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-49
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Meta 6
cuja taxa média de rendimento de captura/dia/barco foi superior aos 100
kg. Nos dias subseqüentes houve uma gradativa diminuição do número de
embarcações em atividade proporcionalmente a diminuição das taxas
médias de rendimento de captura/dia/barco, ambas variáveis,
apresentaram oscilações ao longo deste respectivo mês, sendo que no dia
31 de junho havia aproximadamente 25 embarcações cuja taxa média de
rendimento diário por barco ficou próxima dos 25 kg. Nos meses
subseqüentes, julho e agosto houve flutuações no número de embarcações
dia, não excedendo o número máximo de 40 barcos, porém as taxas
médias de captura diária por barco obtiveram valores máximos próximos
ou inferiores aos 30 kg.
Captura média diária de 7 barbas set/out/nov 2004
0
20
40
60
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1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 dias
Kg m
éd
io
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80
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nº
em
ba
rca
çõe
s
kg médio set/out/nov nº embarcação set/out/nov
Figura 15. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de setembro, outubro e novembro de 2004.
Nos meses de setembro, outubro e novembro como mostram a
Figura 15, se mantiveram as baixas taxas médias de captura diária por
barco, as baixas taxas podem ter sido a conseqüência para o baixo
número de barcos em atividade diária nesta modalidade de pesca, como
Pág. 5-50 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
constatado no mês de novembro; o número máximo de barcos
trabalhando por dia neste respectivo trimestre, não ultrapassou 30
embarcações.
Captura média diária de 7 barbas dez/jan/fev 2004/2005
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1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 2 5 8 11 14 17 20 23 26dias
Kg m
édio
0
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40
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100
120
140
160
Nº
em
barc
ações
kg médio dez/jan/fev nº embarcação dez/jan/fev
Figura 16. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de dezembro de 2004, janeiro e fevereiro de 2005.
O mesmo panorama observado na Figura 15 se manteve para o mês
de dezembro (Figura 16). Porém, analisando a Figura 16, observa-se a
partir de janeiro, um gradual aumento no número de embarcações
trabalhando por dia, embora as taxas de rendimento médio diário se
mantiveram flutuantes, vindo apenas a apresentar uma maior estabilidade
a partir do mês de fevereiro. Por algum motivo, não identificado, embora
as taxas médias de rendimento diário por barco para o mês de fevereiro
sejam representativas, observa-se uma oscilação, embora com tendência
ascendente no número de barcos em atividade por dia. Nota-se que no
último dia de pesca antes do período de defeso (29 de fevereiro), o
rendimento se equipara ao observado no dia 1 de junho de 2004,
apresentado na Figura 14.
As taxas de captura média diária para o camarão sete-barbas
continuaram sendo monitoradas para uma pequena parcela de
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-51
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Meta 6
embarcações que participaram através do fornecimento de informações
pesqueiras do período do defeso dos camarões (Figura 17).
Captura média diária de 7 barbas mar/abr/mai 2005
0
20
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1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30dias
Kg
médio
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nº
de e
mbarc
aç
õe
s
Kg médio mar/abr/mai nº embarcação mar/abr/mai
Figura 17. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de março, abril e maio de 2005.
Ao observar a Figura 17, fica claro que os maiores rendimentos
ocorreram nestes respectivos meses, entre março a maio, porem embora
as taxas médias de capturas diária fiquem próximas dos 140 kg/barco em
determinados dias, para explicar este elevado rendimento, não se deve
considerar fatores como a diminuição do esforço em número de
embarcações, pois este fato decorre principalmente do receio dos
pescadores em participar do monitoramento neste período em virtude dos
órgãos de fiscalização (Ibama e Polícia Ambiental) e não do número real
de embarcações em atividade. O baixo número de embarcações em
atividade, demonstrado na Figura 17, refere-se ao pequeno número de
pescadores que optaram pela continuidade do fornecimento de suas
informações quanto às capturas realizadas, como mencionado
anteriormente.
Pág. 5-52 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
Captura média diária de 7 barbas jun/jul 2005
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160
180
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31dias
Kg m
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0
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60
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nº
em
barc
ações
Kg médio jun/jul 2005 nº embarcação jun/jul 2005
Figura 18. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de junho e julho de 2005.
Em junho de 2005 a taxa de captura média/dia/barco, em kg,
chegou a exceder no dia 7 do referido mês a taxa de 160 kg (Figura 18).
Se compararmos as taxas de captura obtidas para os meses de julho de
2004 (Figura 14) e julho de 2005 (Figura 18) nota-se que houve um
melhor rendimento diário neste último ano.
II-5.1. COMPARATIVO ENTRE AS TAXAS DE CAPTURA MÉDIA
DIÁRIA POR EMBARCAÇÃO PARA O CAMARÃO SETE-BARBAS,
ANTES E APÓS SER DESVINCULADO DO PERÍODO DE DEFESO
ENTRE OS MESES DE MARÇO A MAIO
Para efeito comparativo entre a taxa de captura média/dia/barco, do
camarão sete-barbas nos meses de março, abril e maio de 2005 (época
em que esta espécie compunha a lista de espécies submetidas ao período
de defeso) com o mesmo período do ano de 2006 (no qual esta espécie já
havia sido desvinculada do período citado) foram realizadas comparações
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-53
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
entre as taxas de captura média/dia/barco, em kg, neste período entre os
respectivos anos. (Figura 19).
Observando a Figura 19, nota-se um significativo aumento no
número de embarcações em atividade de 2005 para 2006; este fato
ocorreu principalmente devido a legalidade da pesca neste último ano
(desvinculação do camarão sete-barbas do período de defeso), e não de
que em 2005 não havia embarcações em atividade, como mencionado
anteriormente.
Captura média diária de 7 barbas mar/abr/mai 2005
0
20
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Kg
médio
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nº
de e
mbarc
aç
õe
s
Kg médio mar/abr/mai nº embarcação mar/abr/mai
Captura média diária de 7 barbas mar/abr/mai 2006
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 2 5 8 11 14 17 20 23 26 29dias
Kg m
édio
0
20
40
60
80
100
120
140
160
nº
de e
mbarc
ações
Kg médio mar/abr/mai nº embarcação mar/abr/mai
Figura 19. Taxa de captura média diária do camarão sete-barbas por embarcação e respectivos números totais de barcos em atividade por dia, referentes aos meses de março, abril e maio de 2005 e 2006.
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Meta 6
Outro fato identificado através da análise comparativa, foi de que as
taxas médias de captura diária por embarcação não apresentaram valores
médios tão elevados, como os observados no mesmo período em 2005;
certamente a queda desta taxa, de 2005 para 2006, foi decorrente do
maior número de desembarques controlados. Deve-se considerar com
cautela os valores apresentados para o mês de maio de 2006, uma vez
que o monitoramento dos desembarques controlados neste mês foi
realizado apenas com os pescadores do município de Tijucas.
III. DISCUSSÃO III-1. ESPÉCIE-ALVO: CAMARÃO SETE-BARBAS (X. kroyeri)
De acordo com a literatura disponível, em geral a população de
camarão sete-barbas mantém o equilíbrio na população entre sexos de 1:1
(BRANCO, 2005; COELHO & SANTOS, 1993; SEVERINO-RODRIGUES et al.,
1993). Porém, para NATIVIDADE (2006), as freqüências de machos e
fêmeas não se mantiveram nesta proporção em cerca de metade do
período de estudos realizados no litoral do PR. De acordo com SENORET
(1974) apud NAKAGAKI & NEGREIROS-FRANZOSO (1998), as proporções
sexuais do camarão sete-barbas não se mantêm homogêneas ao longo do
ano. BRANCO (2005) atribui isso à distribuição segregada dos sexos em
alguns meses do ano; enquanto WENNER (1972) apud NAKAGAKI &
NEGREIROS-FRANZOSO (1998) relaciona essas desproporções
possivelmente a mortalidade por sexo, migrações, utilização diferenciada
de habitats, recursos alimentares e períodos reprodutivos.
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5-55
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Meta 6
Para a Baía de Tijucas, os resultados demonstraram predominância
das fêmeas, corroborando com os resultados obtidos por TREMEL (1969) e
PIETZSCH & NETO (1974/75) para a mesma área de estudo.
De acordo com BOSCHI (1969) apud BRANCO et al., (1999), as
fêmeas da família Penaeidae atingem sempre comprimentos totais
superiores aos machos. Os comprimentos totais do camarão sete-barbas
descritos em trabalhos realizados em áreas mais próximas do presente
estudo variam entre 40 e 160 mm para fêmeas e 30 a 130 mm para
machos, conforme apresentado na tabela 10.
Tabela 10. Amplitude de comprimentos totais do camarão sete-barbas, em mm, para ambos os sexos, de acordo com bibliografias.
Local Autor Fêmeas
< >
Machos
< >
Baía de Tijucas, SC TREMEL (1969) 30 159 30 139
Itajaí, SC BRANCO et al., (1999) 40 140 40 120
Penha, SC BRANCO (1999) 40 160 30 130
Litoral do PR NATIVIDADE (2006) 40 141 42 129
Para o Projeto Pesca Responsável na baía de Tijucas, os
comprimentos totais, máximos e mínimos de fêmeas e machos oscilaram
entre 30 a 140 mm e 40 a 120 mm respectivamente, correspondendo com
os trabalhos descritos na literatura. Ainda sobre trabalhos realizados na
mesma área, PIETZSCH & NETO (1974/75) realizaram coletas nos meses
de março e julho e obtiveram valores ainda menores para o tamanho
mínimo de comprimento total da espécie (25 mm), porém não há
indicações no texto a qual sexo se refere este valor.
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Meta 6
Segundo BRANCO et al., (1999), a relação peso/comprimento é
utilizada para facilitar a estimativa do peso de um exemplar, através do
conhecimento do seu comprimento, sendo muito utilizada em estudos de
dinâmica populacional. Os camarões Peneídeos apresentam em geral uma
tendência de comprimento alométrico diferenciado entre os sexos
(BRANCO, 2005).
De acordo com BENEDITO-CECÍLIO & AGOSTINHO (1997), o
crescimento isométrico significa que o incremento em peso acompanha o
crescimento em comprimento. No alométrico positivo, há um incremento
em peso maior que em comprimento, enquanto que no alométrico
negativo, há um incremento em peso menor que em comprimento.
Estudos de BRANCO (1999) na região de Penha, SC, revelaram que
os machos de camarão sete-barbas apresentam padrão isométrico e as
fêmeas apresentam crescimento alométrico negativo. Entretanto para a
Baía de Tijucas, a relação peso/comprimento apresentou um padrão de
crescimento do tipo alométrico negativo para ambos os sexos. Estudos de
BRANCO et al., (1994) demonstram que as curvas de crescimento em
peso do camarão sete-barbas, sugerem que os machos crescem mais
rapidamente que as fêmeas, alcançando em média, menos peso para a
mesma classe de comprimento.
Sobre as flutuações da estrutura da população, a distribuição
depende de vários fatores ambientais, como a disponibilidade de alimento,
o tipo de sedimento, a salinidade, a profundidade e a temperatura
(BOSCHI, 1963 apud NATIVIDADE, 2006); e comportamentos de
migrações podem influenciar na sua distribuição espaço-temporal (DALL et
al., 1990 apud NATIVIDADE, 2006).
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5-57
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Meta 6
De acordo com VIEIRA (1947) & IWAI (1973), informações sobre o
ciclo de vida do camarão sete-barbas indicam que não existem migrações
de recrutamento ao estoque adulto, possibilitando ocorrência de juvenis e
adultos na mesma área de coleta. Este padrão foi encontrado por BRANCO
et al., (1999) e BRANCO (2005). Porém, estudos de NATIVIDADE (2006),
no litoral do PR revelam uma população estratificada verticalmente, onde
regiões mais rasas e próximas à desembocadura de estuários podem ser
os hábitats preferenciais de crescimento do camarão sete-barbas, e as
áreas mais profundas, com maior transparência da água e salinidades,
podem ser locais preferidos para a maturação sexual e desova. Tal fato
pode ser assumido para a Baía de Tijucas, levando-se em consideração o
conhecimento empírico dos pescadores envolvidos no Projeto Pesca
Responsável, onde os mesmos relatam que exemplares juvenis de sete-
barbas são mais comumente encontrados na área conhecida como
“Baixio”, de baixa profundidade e grande turbidez, influenciada
diretamente pela desembocadura do rio Tijucas. Enquanto exemplares de
maior tamanho, são mais freqüentemente encontrados em áreas mais
externas e profundas, como no pesqueiro “Macuco” e “Mar de Fora”.
Sobre o período de desova do camarão sete-barbas, estudos de
BRANCO (2005) descrevem um período reprodutivo longo, com a
existência de dois picos de desova: o primeiro e mais intenso durante a
primavera (outubro a dezembro) e o segundo, menos acentuado, no
outono (abril-maio). NATIVIDADE (2006) encontrou pra o litoral do PR o
mesmo padrão reprodutivo de dois picos. GRAÇA-LOPES (1996) também
descreve dois picos de desova para o litoral de SP, embora invertidos,
onde o pico mais acentuado ocorre durante o outono (maio) e o segundo,
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Meta 6
na primavera (outubro). De acordo com COELHO & SANTOS (1993), para
a região nordeste do Brasil, a principal época de reprodução do sete-
barbas provavelmente ocorra entre os meses de dezembro e abril. Porém,
é consenso entre pesquisadores que a espécie apresenta reprodução mais
intensa para a região sul, entre os meses de primavera (TREMEL, 1969;
BRANCO, 2005; NATIVIDADE, 2006), corroborando com os resultados
obtidos para o presente estudo.
Para GARCIA (1988), os diferentes períodos reprodutivos
encontrados na bibliografia provavelmente sejam decorrentes da variação
da temperatura da água, a qual exerce papel relevante no ciclo de vida
dos peneídeos, ocasionando crescimento sazonal nas áreas onde as
diferenças são pronunciadas.
TREMEL (1969) observou que nos meses de abril a julho, os
camarões são menores, necessitando de um maior número de exemplares
para completar um kg. No presente estudo, a análise mensal de número
de camarões sete-barbas contidos em um kg demonstraram que as
maiores taxas de captura de juvenis ocorreram nos meses de janeiro/05 e
janeiro/06, sugerindo que o recrutamento pesqueiro se dê neste mês.
Segundo SANTOS & COELHO (1998), informações sobre o recrutamento
pesqueiro ajudam a identificar o período em que indivíduos jovens passam
a ser mais vulneráveis aos aparelhos de pesca. Esses mesmo autores,
identificaram para Pernambuco, dois picos de recrutamento pesqueiro para
o camarão sete-barbas, sendo o principal nos meses de junho e agosto e o
secundário entre janeiro e fevereiro. Para a foz do rio São Franscisco
(AL/SE) o pico principal foi identificado como março e abril, e o secundário
am agosto e setembro. Enquanto que SANTOS et al., (2001) apresentou
para o litoral de Sergipe o período entre fevereiro e maio e em setembro
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para os machos e de março a junho e em setembro para as fêmeas de
sete-barbas.
Segundo SANTOS (1997) apud SANTOS et al., (2001), medidas de
defeso em períodos de pico de recrutamento tem sido empregado com
sucesso no gerenciamento da pesca de peneídeos, quer seja na
recuperação dos estoques, ou nos ganhos econômicos obtidos pelo
incremento em peso de captura. Porém, deve-se levar em conta ainda, o
recrutamento biológico, determinado em função do potencial reprodutivo
da espécie em questão. Para o presente estudo, o recrutamento biológico
foi evidenciado no mês de novembro. Os maiores índices de IGS foram
registrados em outubro e novembro, reforçando o que foi determinado na
IN nº 91 de 06 de fevereiro de 2006, que estabelece a proibição da pesca
do camarão sete-barbas de 1º de outubro a 31 de dezembro. Estudos de
SANTOS et al., (2001) determinaram o período de recrutamento biológico
para o camarão sete-barbas entre abril e junho e em setembro.
Ressalta-se ainda que diversos estudos demonstram que as maiores
taxas de captura do camarão sete-barbas ocorrem nos meses de fevereiro
a maio de cada ano (TREMEL, 1969; EPAGRI/IBAMA, 1995; BRANCO et al.,
1999; BRANCO, 2005 e NATIVIDADE, 2006). Tal fato, associado com a
fundamentação biológica apresentada (principal período reprodutivo
durante os meses de primavera) e a não ocorrência do camarão sete-
barbas juntamente com o camarão rosa (BRANCO & FRACASSO, 2004),
respaldam a alteração da antiga portaria (IN nº 74 de 13 de fevereiro de
2001) que proibia a pesca do camarão sete-barbas durante os meses de
março, abril e maio.
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Meta 6
Em relação ao tamanho de 1º maturação (Lc50%), para o presente
estudo não foi determinado, porém, ressalta-se que esta informação é de
extrema importância, pois fornece a informação básica para determinar o
tamanho mínimo de captura do camarão sete-barbas e assim, dimensionar
o tamanho de malha das redes utilizadas na sua captura, além de permitir
saber em que estrato populacional a pesca de arrasto vem atuando.
O tamanho de primeira maturação encontrado na bibliografia para o
camarão sete-barbas está apresentado na tabela 11.
Tabela 11. Tamanho de primeira maturação em cm, do camarão sete-barbas, para ambos os sexos, de acordo com a literatura. Local Autor Fêmeas Machos
Itajaí, SC BRANCO et al.,
(1999)
comprimento total: 9,0
comprimento carapaça: 1,71
comprimento total: 7,4
comprimento carapaça: 1,39
Penha, SC BRANCO (1999) comprimento total: 7,9
comprimento carapaça: 1,60
comprimento total: 7,3
comprimento carapaça: 1,42
Os valores apresentados por BRANCO (1999) no quadro II foram
alcançados com idade em torno dos 6 meses, e a partir do comprimento
total de 12,0 cm, todos os camarões sete-barbas já eram considerados
adultos. Para BRANCO et al., (1999), os valores foram atingidos com idade
em torno dos 6 a os 8 meses , sendo que a partir do comprimento total de
11,0 cm, os camarões já eram considerados adultos.
Na literatura, alguns trabalhos apresentam ainda a expectativa de
vida para o camarão sete-barbas, onde BRANCO et al., (1999), descreve
que o comprimento máximo pode ser atingido com cerca de 12 meses de
idade. DALL et al., (1990) descreve que o ciclo de vida dos peneídeos tem
dois estágios, onde o larval leva de 2 a 3 semanas, e o adulto, de 8 a 20
meses (≅1 ano e 9 meses), enquanto IWAI (1973) defende que os
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camarões do gênero Peneus apresentam um ciclo de vida variando de 16 a
50 meses (≅ 1 ano e 4 meses a 4 anos e 2 meses).
III-2. FAUNA ACOMPANHANTE
A fauna capturada na pesca do camarão sete-barbas é caracterizada
por uma grande multiplicidade faunística, sendo composta por crustáceos,
peixes, moluscos, equinodermos e cnidários (RODRIGUES et al., 1985;
BRANCO, 1999). Geralmente a participação dessa fauna nos arrastos é
elevada, superando a quantitade de camarões em condições de
comercialização (COELHO et al., 1986). Essa fauna capturada além de
diminuir a seletividade da rede, ocupando espaço, acaba sendo devolvida
morta ao mar, por tratar-se de espécies sem valor de mercado ou por ser
composta por exemplares de pequeno tamanho de algumas espécies de
interesse econômico (BRANCO, 1999).
Em relação aos grupos integrantes da fauna acompanhante, BRANCO
& VERANI (2006b) ressalta que os peixes são os mais abundantes e de
maior interesse econômico.
Alguns autores (COELHO et al., 1986; RUFFINO & CASTELLO,
1992/93) defendem que a pesca de arrasto é predatória e realizada
freqüentemente em áreas consideradas criadouros de diversas espécies de
peixes juvenis.
RODRIGUES et al., (1985) ainda enfatiza que se desconhece até que
ponto a grande mortalidade dessa fauna afetará o equilíbrio ecológico das
áreas de pesca.
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Para o presente estudo, a fauna acompanhante da pesca de arrasto
direcionada ao camarão sete-barbas foi representada por 67 espécies,
sendo 44 pertencentes ao grupo dos peixes (Ictiofauna), 16 ao grupo dos
crustáceos (Carcinofauna), 3 ao grupo dos moluscos (Malacofauna), duas
para os Cnidários (Cnidofauna) e mais duas para os equinodermos
(Equinofauna).
Estudos de BRANCO & VERANI (2006), na região de Penha/SC,
durante os anos de 1996 a 2002 demonstram uma oscilação no número
total de espécies capturadas (Tabela 12) e da proporção do camarão sete-
barbas e sua fauna acompanhante, em kg (Tabela 13).
Tabela 12. Comparação entre o número de espécies da fauna acompanhante do camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI (2006) e para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na baía de Tijucas. GRUPOS 96-97 97-98 98-99 99-00 00-01 01-02 Tijucas
Cnidofauna 2 5 6 6 6 6 2
Malacofauna 7 6 6 7 6 5 3
Carcinofauna 22 19 21 20 24 21 16
Equinofauna 6 5 3 2 3 2 2
Ictiofauna 41 39 31 38 43 37 44
TOTAL 78 74 67 73 82 71 67
Comparando os dados obtidos pelo projeto Pesca Responsável na
Baía de Tijucas e para a região de Penha/SC (BRANCO & VERANI, 2006),
verifica-se que o número total de espécies se equipara somente ao período
de 98-99. Analisando cada grupo de espécies separadamente, no geral, a
diversidade de espécies é sempre menor para a baía de Tijucas, exceto
para o grupo dos peixes, que superaram com 44 espécies, sendo que o
maior valor alcançado para a Penha foi no período de 00-01, com 43
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-63
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espécies. De acordo com RUFFINO & CASTELLO (1992/93), a composição
dos grupos taxonômicos que integram a fauna acompanhante pode variar
em função da área de pesca, profundidade e época do ano.
Tabela 13. Comparação entre a proporção dos diferentes grupos presentes na pesca camarão sete-barbas registrado por BRANCO & VERANI (2006) e para a Baía de Tijucas, durante o projeto Pesca Responsável na baía de Tijucas. Proporção em kg.
GRUPOS 96-97 97-98 98-99 99-00 00-01 01-02 Tijucas
Sete-barbas:Cnidofauna 1/3,218 1/7,615 1/0,899 1/2,294 1/5,140 1/1,470 1/0,01
Sete-barbas:Malacofauna 1/0,227 1/0,144 1/0,405 1/0,491 1/0,767 1/0,140 1/0,02
Sete-barbas:Carcinofauna 1/1,222 1/7,016 1/2,039 1/1,860 1/2,486 1/0,700 1/0,29
Sete-barbas:Equinofauna 1/0,08 1/0,005 1/0,221 1/0,229 1/0,084 1/0,030 1/0,01
Sete-barbas:Ictiofauna
Sete-barbas:Mat. orgânica
Sete-barbas:Mat. inorgânica
1/3,918
1/2,706
1/0,398
1/8,191
1/3,297
1/0,428
1/3,736
1/0,651
1/0,072
1/4,874
1/0,179
1/0,413
1/6,855
1/0,511
1/0,512
1/1,250
1/0,27
1/0,179
1/0,59
-
-
TOTAL 1/8,671 1/19,436 1/9,025 1/9,751 1/8,497 1/3,572 1/0,88
Em relação à proporção de camarão sete-barbas e sua fauna
acompanhante, no geral, a proporção é sempre consideravelmente menor
para a baía de Tijucas, exceto para Sete-barbas/Equinofauna (1/0,01 kg)
que superou os valores alcançado para a Penha, embora sutilmente,
somente no período de 97-98 (1/0,005).
Sendo assim, essa diferença no número de espécies capturadas e na
proporção em kg entre os grupos e a espécie alvo, para a baía de Tijucas,
pode ser atribuída a dois possíveis fatores: às áreas de amostragens, onde
para a Penha eram áreas pré-determinadas e monitoradas a 6 anos
initerruptavelmente; enquanto que para a baía de Tijucas, as áreas eram
típicas de pesca (pesqueiros), escolhidas aleatoriamente, onde quem
determinava era o pescador-colaborador do dia da amostragem, o qual
optava pela área de maior captura provável, segundo seu conhecimento
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empírico. Portanto, as amostragens, uma vez que foram efetuadas em
áreas típicas de pesca, possivelmente atuaram em locais de maior
concentração de camarões sete-barbas, os quais quando em abundância,
ocorrem mais “limpos”, ou seja, sem ou com pouca captura de fauna
acompanhante, fato este, que pode justificar a diferença encontrada entre
a baía de Tijucas e a Penha/SC.
Outra hipótese razoável, seria que a atividade pesqueira na baía de
Tijucas pode estar afetando a diversidade faunística local e respectiva
biomassa, uma vez que há muitas embarcações atuando na baía
constantemente.
Em relação ao grupo dos crustáceos, com 16 espécies, registraram-
se 10 espécies de camarões, onde destas, apenas 5 apresentaram valor
comercial: camarão rosa (duas espécies), camarão branco/legítimo,
camarão barba-ruça/ferrinho e camarão vermelho/santana.
Sobre o camarão rosa, embora tenham sido capturados na área de
pesca do camarão sete-barbas, a captura foi insignificante durante todo o
período (N=38). RODRIGUES et al., (1985) encontrou o mesmo padrão em
estudos de levantamento das espécies de camarões presentes na captura
do camarão sete-barbas no litoral de São Paulo. Este autor atribui ao fato
do camarão rosa possuir hábitos noturnos, enquanto o camarão sete-
barbas seja de hábitos diurnos. Porém, deve-se considerar ainda que além
do período de captura ser diferente, a pesca do camarão rosa é efetuada
com petrechos (redes e embarcações) diferenciados dos utilizados na
pesca do sete-barbas, além da profundidade dos pesqueiros serem
distintas. Tal fato reforça os critérios utilizados na desvinculação do defeso
do camarão sete-barbas, pela IN nº 91 de 06 de fevereiro de 2006.
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5-65
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Para o camarão branco, embora tenha sido considerada a única
espécie de ocorrência regular no período de coleta, a mesma contribuiu
com poucos indivíduos (N=37). Vale ressaltar que esta espécie possui um
dos maiores valores econômicos por kg capturado, geralmente não
sofrendo nenhum tipo de beneficiamento (descascamento).
O camarão barba-ruça/ferrinho foi a terceira espécie mais
abundante, sendo superada apenas pela espécie-alvo e pelo camarão
vermelho. Esta espécie foi capturada apenas nos meses de primavera
(novembro/04, outubro, novembro e dezembro), onde em todos os meses,
exceto nov/05 superou a quantidade da espécie-alvo. Segundo os
pescadores envolvidos no presente projeto, esta espécie ocorre misturada
ao camarão sete-barbas, e possui valor comercial semelhante ao mesmo.
De acordo com RODRIGUES et al., (1985), as causas dessa supremacia
temporária do camarão barba-ruça/ferrinho são desconhecidas,
entretanto, em estudos realizados no litoral de SP, foi evidenciado uma
predominância deste camarão nos meses de fevereiro e abril, não
influenciando no aumento da produção total por unidade de esforço,
sugerindo que tenha ocorrido um deslocamento do camarão sete-barbas
da área de pesca em questão. Para a baía de Tijucas, nos meses de
ocorrência do camarão barba-ruça/ferrinho, esta predominância também
foi evidenciada, sendo que no mês de dezembro/05 nenhum exemplar de
camarão sete-barbas foi capturado.
Em relação ao camarão vermelho/santana, o qual foi a espécie mais
abundante em número de exemplares, o mesmo padrão encontrado para o
barba-ruça/ferrinho foi evidenciado, onde registrou-se a ocorrência em
novembro/04, setembro, outubro e dezembro, com predomínio sobre o
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sete-barbas em praticamente todos os meses, sendo as maiores capturas
registradas em dezembro/05, onde nenhum exemplar de sete-barbas foi
registrado.
Ainda em relação aos crustáceos, os resultados demonstraram a
ocorrência de 4 espécie de caranguejos e duas de siris-azuis, todos sem
valor de mercado no âmbito geral. Destas espécies, os siris ocorreram
regularmente, e embora a sua carne não seja comercializada, mulheres e
crianças da comunidade de Santa Luzia/Porto Belo capturam esta espécie
através da modalidade de “puçá” para venda da carapaça à restaurantes
locais, os quais utilizam esta estrutura nos adornos de seus petiscos
conhecidos como “casquinha de siri”. Essas carapaças são tratadas
artesanalmente, dissecadas, lavadas e secas ao sol, e posteriormente
vendidas por cerca de R$ 1,00 a dúzia (informação obtida em comunicação
pessoal com a comunidade). Assim, o descarte de siris-azuis observado na
pesca de arrasto poderia ser minimizado, através da reversão do destino,
uma vez que a espécie é tida como fonte de renda para uma das
comunidades de entorno da baía de Tijucas.
Sobre as espécies capturadas no grupo dos Cnidários (água viva e
anêmonas), Moluscos (conchas e lulas) e Equinodermos (estrelas-do-mar),
nenhuma espécie apresentou valor comercial; entretanto, sabe-se que as
lulas capturadas, são às vezes selecionadas para servir de isca natural na
captura de peixes utilizando-se do petrecho “linha e anzol”, porém, esta
utilização é feita geralmente pelo próprio pescador de arrasto, ou por
algum familiar ou colega, não havendo mercado instituído para esse item,
exceto no caso dos pescadores que possuem estabelecimento/comércio de
pescados, onde durante a época de veraneio, são procurados por turistas
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5-67
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que praticam a pesca esportiva ou de lazer nas ilhas próximas, e adquirem
as lulas como iscas para a linha e anzol.
Para o grupo dos peixes, foram registradas 44 espécies. Para
BRANCO (1999), o número de espécies da ictiofauna acompanhante da
pesca artesanal do camarão sete-barbas oscila entre as regiões, com
tendência a um incremento do Sul para o Sudeste do Brasil. A tabela 14
apresenta uma comparação entre o número de espécies obtidas em
diferentes regiões, de acordo com a literatura.
Tabela 14. Comparação entre os números de espécies de ictiofauna acompanhante na pesca de arrasto de camarão em diferentes áreas.
Local Autor Nº de espécies
Barra do Rio Grande/RS RUFFINO & CASTELLO (1992/93) 47
Barra do estuário da Lagoa dos
Patos/RS PEREIRA (1994) 55
Baía de Tijucas/SC PIETZSCH & NETO (1974/75) 21
Penha/SC BRANCO (1999) 41
Penha/SC BAIL & BRANCO (2003) 37
Baía de Guaratuba/PR CHAVES & CÔRREA (1998) 60
Baía de Santos/SP PAIVA-FILHO & SCHMIEGELOW
(1986) 55
Baía de Santos/SP GIANNINI & PAIVA-FILHO (1990) 92
Baía de Santos e Praia de Perequê/SP RODRIGUES & MEIRA (1988) 33
Litoral de São Paulo COELHO et al., (1986) 77
Litoral de São Paulo GRAÇA-LOPES (1996) 62
Litoral do Rio de Janeiro ARAÚJO et al., (1998) 97
Balneário de Itaoca, Itapemirim/ES PINHEIRO et al., (2005) 57
Foz do Rio São Francisco
(Alagoas/Sergipe) TISCHER & SANTOS (2001) 18
Pontal do Peba/AL SANTOS et al., (1998) 61
Tamandaré/ PE SANTOS et al., (1998) 60
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Meta 6
Quatro famílias representaram 85,50% do total de exemplares, onde
a família Sciaenidae dominou tanto em número de exemplares, quanto
em biomassa. A dominância desta família é relatada para diversas regiões
costeiras do sudeste/sul do Brasil (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &
SCHMIEGELOW ,1986; GIANNINI & PAIVA-FILHO, 1990; RUFFINO &
CASTELLO, 1992/93; SANTOS et al., 1998; BRANCO, 1999; KRUL, 1999;
HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO, 2003; BRANCO & VERANI,
2006b). COELHO et al., (1986) sugere que tal fato decorre provavelmente
de que as espécies da família Sciaenidae são mais comumente
encontradas no estrato demersal do ambiente costeiro. MENEZES &
FIGUEIREDO (1980) citam que espécies dessa família são típicas em águas
rasas com fundos de areia ou lama, coincidindo com o tipo de substrato da
área de pesca, onde atuam a frota do camarão sete-barbas na baía de
Tijucas.
Cinco espécies dominaram as amostragens realizadas pelo projeto
Pesca Responsável na Baía de Tijucas, sendo 4 pertencentes à família
Sciaenidae: maria luiza, duas espécies de cangoás e a
pescadinha/tortinha, e outra à família Clupeidae (sardinha mole). A análise
da distribuição de freqüência por classe de comprimento efetuada para os
dados obtidos no Projeto Pesca Responsável, e a sobreposição dos
tamanhos de primeira maturação descritos na literatura para as espécies
em questão, observa-se que a pesca de arrasto direcionada ao camarão
sete-barbas na baía de Tijucas incide mais sobre o estoque juvenil das
espécies de peixes predominantes. Para os cangoás Stellifer rastrifer,
COELHO et al., (1985) estabeleceu o tamanho de 1º maturação em 9,5 cm
pra fêmeas e 9,7 cm para os machos. Para S. stellifer, ALMEIDA (2002)
descreve o tamanho médio em torno de 7,5 cm para fêmeas e 8,1 cm
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para machos. Já para a maria luiza (Paralonchurus brasiliensis), TINOCO
(2002) obteve 14,8 cm para as fêmeas e 15,0 cm para os machos.
Enquanto que para a pescadinha/tortinha (Isophistus parvipinnis),
COELHO et al., (1988) estabeleceu o comprimento de 1º maturação em
10,7 cm para ambos os sexos. Não foi encontrado na literatura o Lc50%
para a sardinha mole (Pellona harroweri).
A constatação de uma maior incidência da pesca de arrasto com
portas direcionada a captura de camarões sobre peixes juvenis já era
esperada, devido ao tamanho de malha utilizada nas redes empregadas.
As profundidades das áreas de pesca também podem acarretar em
maiores capturas de indivíduos pequenos, pois diversas espécies de peixes
juvenis utilizam áreas mais rasas como criadouros (COELHO et al., 1986;
RUFFINO & CASTELLO, 1992/93).
Numa análise geral das espécies capturadas, detecta-se que
aproximadamente 20 espécies ocorreram ocasionalmente, corroborando
com vários autores que apresentam que apenas uma parcela de espécies
domina em número e biomassa, sendo a ictiofauna constituída na sua
maioria por espécies ocasionais (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &
SCHMIEGELOW ,1986; RUFFINO & CASTELLO, 1992/93; ARAÚJO et al.,
1998; BRANCO, 1999; HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO,
2003).
Ressalta-se que das espécies capturadas na baía de Tijucas, apenas
os bagres (N=261), a enchova (N=1), a pescada foguete (N=152), o
papa-terra (N=1), a corvina (N=159) e a cavala (N=1) possuem algum
valor comercial. Destas, a captura mais expressiva se deu sob os bagres,
sendo que estes são alvo de capturas e comércio apenas para a
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comunidade de Tijucas e Santa Luzia, as quais atuam na modalidade de
rede de emalhar mais intensamente, principalmente Tijucas.
Outro fato que deve ser considerado é em relação a captura elevada
dos Cangoás e Maria Luiza, as quais são agrupadas e consideradas como
“mistura”. Estas espécies em geral não possuem valor comercial, por
serem em média de pequeno tamanho são capturadas e descartadas,
exceto exemplares de maiores comprimentos, os quais são separados e
aproveitados eventualmente para o próprio consumo das famílias de
pescadores. Porém, durante a execução do Projeto Pesca Responsável e
monitoramento da atividade pesqueira, percebeu-se a pesca de arrasto de
parelha praticada por algumas embarcações da comunidade se Zimbros e
Canto Grande. Esta prática visa a captura da “mistura” (cangoás e maria
luizas), as quais são adquiridas por peixarias do município de Bombinhas,
a R$ 0,50/kg em média. Essas capturas são sazonais (geralmente
ocorrendo no período dito como “miséria” da pesca do sete-barbas, que
abrange os meses de agosto a dezembro, de acordo com os pecadores),
atingindo capturas de até 1000 kg de mistura/dia de arrasto (≅ 8 horas).
Tal atividade é criticada pelas outras comunidades de entorno da
baía, as quais julgam ser uma atividade depredatória das comunidades de
peixes e camarões presentes na baía, e responsável pela queda na
produção pesqueira local nos últimos anos. Segundo pescadores da
comunidade de Santa Luzia, a população de cangoás vem diminuindo
progressivamente ao longo dos anos, chegando a interromper uma
tradição local, onde se realizava a “Festa do Cangoá” anualmente. Fato
esse, atribuído à atividade de arrasto de parelha, que desde 2000 vem
sendo praticada na baía.
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III-3. RENDIMENTOS
De acordo com as análises, os maiores rendimentos (kg/hora de
arrasto) foram registrados para as comunidades de Calheiros e Ganchos
de Fora. Tal fato pode ser atribuído aos pesqueiros que estas comunidades
geralmente optam por trabalhar, os quais são mais externos à baía, com
maiores abundâncias de camarões sete-barbas. Pesqueiros como a Ilha
Grande, Costeira dos Ganchos e Ponta do Bota era freqüentemente
procurados por estas comunidades.
A comunidade de Canto dos Ganchos foi a que apresentou menores
rendimentos, tal fato pode ser atribuído às áreas de pesca utilizadas por
pescadores desta localidade, os quais concentram suas atividades em
áreas de baixa produtividade camaroeira dentro da baía de Tijucas, em
especial na área denominada “baixio”, a qual é geograficamente mais
próxima de Canto dos Ganchos. De acordo com informações levantadas,
nesta área ocorrem camarões de pequeno tamanho, o que pode estar
influenciando no baixo rendimento detectado para esta comunidade.
Ressalta-se que a área do baixio está fechada para a prática de arrasto de
acordo com o plano de manejo da RBMA.
Em relação as demais comunidades (Ganchos do Meio, Tijucas,
Santa Luzia e Zimbros), estas mantiveram rendimentos similares,
provavelmente devido as áreas de pesca em que trabalhavam, atuando
em pesqueiros como o Mar de Fora, Macuco e baía de Tijucas. É sabido
também que a comunidade de Ganchos do Meio optava muitas vezes pelo
pesqueiro da Ponta do Bota.
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Meta 6
Em relação aos rendimentos médios obtidos pelos pesqueiros
analisados, o Mar de Fora foi o que indicou maiores índices de rendimento,
seguido da Ponta do Bota, Macuco e Costeira dos Ganchos. Isso pode ser
atribuído ao fato de que áreas mais externas e profundas são locais de
ocorrência mais elevada de exemplares de maior tamanho, corroborando
com estudos de GRAÇA-LOPES (1996) e NATIVIDADE (2006). Enquanto
em áreas de baixa profundidade e grande turbidez são capturados
geralmente indivíduos jovens de sete-barbas, os quais não contribuem
muito em biomassa, esse fato pode ser constatado para a baía de Tijucas,
onde os menores rendimentos foram obtidos nas áreas do “baixio”, baía de
Tijucas e baía de Zimbros.
Os rendimentos em kg/hora de arrasto sazonalmente apresentaram
o mesmo padrão descrito por diversos autores (TREMEL, 1969;
EPAGRI/IBAMA, 1995; BRANCO et al., 1999; BRANCO, 2005;NATIVIDADE,
2006), os quais relatam que as maiores taxas de captura ocorrem nos
meses de fevereiro a maio, inclusive trabalhos efetuados na mesma área
de estudo por TREMEL (1969), ou seja, há mais de 3 décadas, as maiores
capturas de sete-barbas são registradas para a mesma época dos anos.
A sazonalidade do camarão sete-barbas é marcante, com picos de
captura nos meses de março, abril e maio, seguida de queda gradativa,
onde as menores taxas ocorreram nos meses de inverno e primavera
(julho a dezembro), período este chamado pelos pescadores de “miséria”,
onde os rendimentos não ultrapassaram 4 kg/hora de arrasto, e em
muitas vezes, o gasto de óleo despendido para alcançar esses valores
ultrapassaria o lucro, não compensando o esforço despendido para um dia
de pesca com tais rendimentos, principalmente para embarcações com
características de potência de motor mais elevada.
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Meta 6
Ressalta-se que a taxa de rendimento médio diário de camarão
sete-barbas /barco foi obtida diariamente para todo o período de coleta de
dados do presente projeto, e é melhor discutida no “Parecer técnico sobre
os resultados obtidos com a coleta de dados de captura e esforço na pesca
de arrasto de camarão”, realizada pelo Oc. Ricardo M. da S. Hoinkis.
Informações sobre o conhecimento tradicional dos pescadores que
estiveram envolvidos no projeto “Pesca Responsável”, coletadas durante
as oficinas de DRP desenvolvidas na meta 09, revelam o mesmo padrão de
sazonalidade para a espécie em questão, e estão disponibilizados no
relatório da referida meta. Até janeiro de 2006, os pescadores de diversas
regiões reivindicavam a mudança do período de defeso, onde pela IN nº
74 de 13 de fevereiro de 2001, proibia a pesca do camarão sete-barbas no
período de 1º de março a 31 de maio, o qual coincidia justamente com a
época de maiores taxas de capturas desta espécie. Entretanto, este ano,
após inúmeras manifestações sociais, abaixo-assinados encaminhados,
reuniões e pareceres técnicos, a IN nº 74 foi revogada, e o período de
defeso foi instituído para os meses de outubro, novembro e dezembro,
conforme IN nº 91 de 06 de fevereiro de 2006.
Analisando os rendimentos obtidos por embarcações e seus
respectivos desembarques, observou-se que há um acréscimo no
rendimento à medida que ocorre uma maior contribuição dos dados de
desembarque. Porém, nas que mais participaram, os valores de
rendimento decaíram.
Quanto às características da frota, as embarcações maiores e mais
potentes apresentaram rendimentos ligeiramente superiores, entretanto,
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gastos em combustível (óleo diesel) podem não compensar o rendimento
obtido pela comercialização da captura.
Sobre as condições ambientais, em geral, os rendimentos médios de
camarões sete-barbas são mais elevados em dias chuvosos, com condição
de mar agitado, sob influência de ventos de sudoeste e lestada; dias com
essas condições podem ser menos “convidativos” para a atividade de
pesca, fazendo com que o número de embarcações em atividade seja
relativamente menor, aumentando ligeiramente a captura de sete-barbas
por barco arrasteiro, uma vez que há menos barcos disputando o mesmo
recurso. Outra hipótese é de que essas condições marítimas podem estar
removendo o sedimento, tornando os camarões mais susceptíveis a
captura.
A aplicação do Modelo Linear Generalizado, o qual utilizou-se das
seguintes variáveis: locais de desembarque, experiência, pesqueiro,
trimestre e comprimento das embarcações (> 8,5 e <8,5), revelou que as
viagens de pesca desembarcadas nas comunidades de Calheiros, Ganchos
de Fora e Ganchos do Meio foram mais eficientes, indicando possivelmente
que pescadores desta comunidade possuem um maior conhecimento em
pesca, seja em relação as áreas de maior abundância em camarão sete-
barbas, seja em relação ao domínio da arte. Ao contrário da comunidade
de Tijucas, onde os coeficientes revelaram que as viagens menos
eficientes foram desembarcadas nesta comunidade. Levando-se em conta
que muitas embarcações tijucanas trabalham restritas aos limites da baía,
preferencialmente na área do “baixio”, tais rendimentos já eram de se
esperar, uma vez que estas áreas não são abundantes em biomassa de
camarão sete-barbas. Ressalta-se ainda que a pesca nesta comunidade é
uma atividade relativamente recente.
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Sobre a abundância do camarão sete-barbas, esta se revelou maior
nas áreas mais externas da baía, sendo os pesqueiros: Mar de fora e
Macuco, os mais significativos. Áreas mais profundas, com transparência
d’água e salinidades maiores são mais produtivas em termos de biomassa
(NATIVIDADE, 2006).
A baía de Zimbros apresentou os menores índices de abundância,
provavelmente devido ao fato de que os pescadores (principalmente da
comunidade de Zimbros/Morrinhos e Canto Grande) respeitam esta área, a
qual é considerada pela maioria como local de criação dos camarões, além
de estar fechada para a prática de arrasto, conforme determinação do
Plano de Manejo da RBMA.
O Modelo Linear Generalizado comprovou novamente a sazonalidade
da abundância do camarão sete-barbas para a baía de Tijucas, onde o pico
de captura ocorre durante o outono, corroborando com inúmeros trabalhos
realizados na costa sudeste e sul do Brasil.
Considerando as participações dos registros de desembarques/barco,
percebe-se que quem desembarcou menos, teve maior eficiência nas suas
capturas. Esse resultado primeiramente poderia nos levar a acreditar que
houve falhas nas amostragens, entretanto, considerando que o projeto
mantinha uma sistemática de coleta de dados diariamente, descarta-se
essa hipótese. Porém, analisando as peculiaridades da pesca de arrasto
na baía de Tijucas, detectadas ao longo do projeto, evidenciou-se que tal
fato pode ser decorrente das embarcações que trabalham nesta
modalidade/atividade esporadicamente. Tal fato foi percebido em campo e
provavelmente será detectado no diagnóstico sócio-econômico, onde se
constatou que uma parcela dos pescadores atua na pesca industrial
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(traineiras), e quando ocorre o período de defeso da sardinha, tais
pescadores atuam na pesca artesanal, realizando algumas poucas viagens.
Outro caso evidenciado, é que há pescadores que atuam na pesca de
arrasto somente durante o período de defeso do camarão, o qual ocorria
até 2005, nos meses de março, abril e maio, onde foram registradas as
maiores taxas de captura da espécie, proporcionando poucas viagens,
porém eficientes em termos de biomassa capturada.
III-4. ESTIMATIVA DE ESTOQUE
De acordo com as análises (Anexo 5.7) ao considerar as drásticas
reduções nos desembarques após os picos de produção evidenciados nos
meses de junho, pode-se concluir que: a) ou os valores estimados para a
eficiência próxima de 100% são mais coerentes, implicando a remoção da
maioria da biomassa disponível à pesca em cerca de 30 dias, ou b) o
camarão sete-barbas exibe um nível de mobilidade extremo, implicando a
imigração de cerca de dois terços da sua biomassa para áreas inacessíveis
à frota arrasteira sediada na Baía de Tijucas no mesmo intervalo de
tempo.
De qualquer modo ainda que se possa considerar como coerentes as
estimativas para níveis de eficiência iguais a 40%, vale mencionar que a
remoção de quase um quarto da biomassa disponível em prazo igual a um
mês confere à frota um elevado poder de pesca. De fato, se essa biomassa
permanecesse por 12 meses disponível à pesca com uma taxa mensal de
remoção de 25%, ao final de um ano a frota teria removido um total de
96% da biomassa inicial, sem contar com a mortalidade natural. Ou seja,
sobraria apenas 4% de biomassa, a qual seria responsável pelo sucesso da
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manutenção da espécie para o ano seguinte, ou seja, a biomassa
pontecialmente desovante dependeria deste valor. Deve-se considerar
ainda que esta biomassa desovante está sujeita a processos naturais,
como morte natural e predação, indicando que o sucesso reprodutivo e
respectiva manutenção do estoque de camarão sete-barbas para o
próximo ano seria incerto. Por fim, ressalta-se que há muitas embarcações
atuando na pesca de arrasto nesta região, onde os próprios pescadores
participantes do Projeto “Pesca Responsável” relatam que vêem
observando um incremento desta frota anualmente; e caso não seja
controlado este aumento de esforço de pesca, o camarão sete-barbas pode
ser dizimado na baía.
IV – CONCLUSÕES
As análises biológicos-pesqueiras revelaram que o camarão sete-
barbas apresenta para proporção entre machos e fêmeas, estrutura da
população, período reprodutivo e sazonalidade das capturas, os mesmos
padrões encontrados em estudos realizados para a espécie em diferentes
regiões do sul e sudeste do Brasil.
A fauna acompanhante capturada caracterizou-se por 67 espécies de
peixes e macroinvertebrados bentônicos. Destas, 44 espécies pertencem
ao grupo dos peixes, 16 espécies ao grupo dos crustáceos (sendo 10
espécies de camarões), duas espécies representantes dos cnidários, três
do grupo dos moluscos e duas dos equinodermos.
Das 67 espécies capturadas, apenas 11 apresentaram algum valor
comercial, sendo elas: os camarões rosa (duas espécies), branco/legítimo,
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vermelho/santana, ferrinho/barba-ruça, e os peixes bagres, anchova,
pescada foguete, papa terra, corvina e cavala.
As viagens de pesca desembarcadas nas comunidades de Calheiros,
Ganchos de Fora e Ganchos do Meio foram as mais eficientes, enquanto as
desembarcadas em Tijucas revelaram-se as menos eficientes.
As áreas de pesca mais abundantes em camarões sete-barbas foram
os pesqueiros: Mar de Fora e Macuco, e a menos produtiva a baía de
Zimbros. Enquanto que os rendimentos de captura de camarões sete-
barbas são geralmente mais elevados em dias chuvosos, com condições de
mar agitado, sob influência de ventos de sudoeste e lestada e em outubro
ocorre o período de maior abundância de camarão sete-barbas.
As embarcações que desembarcaram menos, ou seja, efetuaram
poucas viagens, obtiveram maior eficiência nas capturas.
A frota arrasteira das comunidades de entorno da baía esta atuando
no limite do estoque de camarão sete-barbas disponível na baía de
Tijucas.
A análise dos resultados obtidos com a coleta de dados de captura e
esforço revelou que a pesca artesanal de arrasto de camarão nas
comunidades do entorno da Baía de Tijucas baseia-se na exploração de um
pequeno conjunto de espécies-alvo, onde a captura é quase que
exclusivamente dirigida ao camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri. A
captura desta espécie, juntamente as capturas dos camarões vermelho
Pleoticus muelleri e ferrinho Artemesia longinaris são marcadamente
sazonais e de extrema relevância a estas comunidades.
As capturas de camarão rosa Farfantepenaeus brasiliensis e F.
paulensis associadas às capturas de camarão sete-barbas Xiphopenaeus
kroyeri conjuntamente mostraram-se insignificantes.
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Há uma pequena parcela de pescadores destas comunidades, que
apresentaram exclusividade na atividade da pesca do arrasto com redes
de portas.
As melhores taxas médias de rendimento diário da captura do
camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri ocorreram entre os meses de
fevereiro a junho. O melhor rendimento observado no mês de julho de
2005 se comparado ao mesmo mês do ano anterior, decorre segundo
relatos dos pescadores das comunidades monitoradas, da elevada
abundância do recurso se comparada há anos anteriores. Aparentemente
as taxas diárias de capturas médias por embarcação não diferiram para o
camarão sete-barbas, antes e após ser desvinculado do período de defeso.
V - RECOMENDAÇÕES
A eficiência da captura da espécie alvo está relacionada com a
presença de exemplares da fauna acompanhante, onde, de acordo com
GRAÇA-LOPES (1996), ocorre uma “competição” pela ocupação do espaço
da rede, um aumento de “peso morto” para o barco tracionar e uma
diminuição da seletividade do aparelho por obstrução das malhas. Para
isso, evitar a mortalidade de peixes jovens é melhorar a eficiência de
captura e rentabilidade da atividade.
A utilização de dispositivos para redução da fauna acompanhante é
uma medida de manejo perfeitamente aplicável. De acordo com VIANNA
(2001), para uma administração pesqueira ser eficiente, ela deve passar
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inicialmente pelo gerenciamento do petrecho de captura em questão e não
unicamente pela espécie-alvo.
GRAÇA-LOPES (1996) revela que experimentos com espantadores
(franjas na porta da rede de arrasto) diminuíram em 50% a captura de
fauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas e camarão branco.
VIANNA (2001) apresenta um trabalho desenvolvido na Lagoa dos Patos
(RS), onde se conseguiu reduzir em mais de 50% a captura de fauna
acompanhante na pesca do camarão rosa pela rede modelo “aviãozinho”,
sem perda na produção da espécie-alvo.
Outra sugestão seria a utilização de tamanho de malhas maiores na
porção superior do corpo da rede, visando permitir o escape da ictiofauna
sem comprometer a captura da espécie-alvo.
De acordo com os preceitos estabelecidos no Código de Conduta
para uma Pesca Responsável, organizado pela FAO (1995), sobre a
seletividade das artes de pesca, “os Estados deveriam exigir que as artes,
métodos e práticas de pesca sejam, na medida do possível,
suficientemente seletivas para minimizar os desperdícios, as rejeições, as
capturas de espécies objeto de pesca, tanto de espécies de peixes como
de outras espécies, e os efeitos sobre as espécies associadas ou
dependentes e que a finalidade dos regulamentos correspondentes não se
desvirtuem por artifícios técnicos. Neste sentido, os pescadores deveriam
cooperar no desenvolvimento de artes e métodos de pesca seletivos. Os
Estados deveriam velar para que sejam postas à disposição de todos os
pescadores as informações sobre novos adiantos e requerimentos. Com o
objetivo de melhorar a seletividade, os Estados, ao elaborarem as suas
leis e regulamentos, deveriam ter em conta as diversas artes, métodos e
estratégias de pesca seletivas disponíveis pela indústria. Os Estados e as
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instituições competentes deveriam colaborar no desenvolvimento de
metodologias uniformes para a investigação sobre seletividade das artes e
métodos de estratégias de pesca. Os estados deveriam estimular a
cooperação internacional no que se refere aos programas de investigação
sobre a seletividade de artes de pesca, métodos e estratégias de pesca, a
difusão de resultados desses programas de pesquisa e a transferência de
tecnologia.”
Com isso, recomendam-se medidas que venham a minimizar a ação
deletéria da pesca de arrasto, como:
1. uso de dispositivos de escape nas redes de arrasto;
2. uso de tamanho de malhas maiores no corpo da rede, a fim de
aumentar a seletividade da rede;
3. aumentar o tamanho de malha do ensacador, a fim de minimizar
a captura de camarões jovens;
4. limitar o esforço de pesca através do controle do número de
barcos arrasteiros na área em questão;
5. delimitar áreas de exclusão da prática de arrasto. Ressalta-se que
o plano de manejo da RBMA já contempla áreas fechadas para
esta modalidade na baía de Tijucas;
6. balizar as áreas fechadas para a prática de arrasto, a fim de
auxiliar os pescadores na sua identificação e limitação
espacial/geográfica.
Por fim, recomenda-se criar um sistema contínuo do controle dos
desembarques pesqueiros artesanais na região, pois todo o conhecimento
e informações gerados foram oriundos deste tipo de fonte primária,
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necessitando, portanto uma série temporal mais longa, e se possível
permanente. Segundo o Código de Conduta da FAO (1995), os Estados
deveriam reconhecer que a pesca responsável requer sólida base
científica, que deverá estar disponível para os administradores pesqueiros
e outras partes interessadas na tomada de decisões; e ainda, todos os
envolvidos no ordenamento pesqueiro deveriam adotar, em um marco
normativo, jurídico e institucional adequado, medidas para a conservação
e o uso sustentável, a longo prazo, dos recursos pesqueiros. As medidas
de conservação e ordenamento, tanto se aplicadas em escala local,
nacional, sub-regional ou regional, deveriam alem de basearem-se nos
dados científicos mais fidedignos disponíveis, estar concebidas para
garantir a sustentabilidade dos recursos pesqueiros.
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VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, L. R. & BRANCO, J. O. 2002. Aspectos biológicos de Stellifer
stellifer (Bloch) na pesca artesanal do camarão sete-barbas, Armação do
Itapocoroy, Penha, Santa Catarina, Brasil. Revta. bras. Zool. 19 (2):601-
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
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Pág. 5-90 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Pág.
5-91
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__________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
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Pág. 5-92 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_________________________________________________________________________________
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
ANEXOS
ANEXO 5.1. REGISTROS FOTOGRÁFICOS ILUSTRATIVOS DA META 06.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.1
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Meta 6
Pág. 5-94 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Meta 6
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.2
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
ANEXO 5.2. AUTORIZAÇÃO ESPECÍFICA CEDIDA PELO IBAMA.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.3
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
ANEXO 5.3. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA DE CAMARÕES NA PESCA DO
CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar
LABORATÓRIO DE BIOLOGIA
ANEXO 5.3 - CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA DE CAMARÕES NA PESCA DO CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.
Responsáveis técnicos:
HÉLIO AUGUSTO ALVES FRACASSO
JOAQUIM OLINTO BRANCO
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-2
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
INTRODUÇÃO
A atividade pesqueira na Baía de Tijucas é realizada em escala
artesanal há cerca de 200 anos. Desde então, se estabeleceram ao redor
da Baía diversas comunidades pesqueiras, que hoje compõem os núcleos
de Canto Grande, Zimbros, Santa Luzia, Barra do Rio Tijucas, Canto dos
Ganchos, Ganchos do Meio e Ganchos de Fora. Não há dados oficiais
disponíveis sobre o número pescadores, embarcações, produção
desembarcada e valor da produção, porém é notória a importância social e
econômica da atividade pesqueira para as comunidades locais. Apesar de
sua importância, a pesca na Baía de Tijucas apresenta aspectos conflitivos
com a legislação pesqueira, além de ocorrer na Zona de Amortecimento da
Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.
No litoral catarinense, a maioria dos camarões capturados pela
pesca artesanal pertence à família Penaeidae, destacando-se o camarão
sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri, Heller 1862), o camarão barba-ruça
(Artemesia longinaris, Bate 1888) e o camarão vermelho (Pleoticus
muelleri, Bate 1888) (BRANCO, 2005). Esses camarões em conjunto, nas
regiões Sudeste e Sul do Brasil, contribuíram em 1990 com
aproximadamente 6,0% em peso e 24,0% em valor econômico total do
pescado (VALENTINI et al., 1991). Já no ano de 2000, a frota industrial de
arrasto duplo que atua em Santa Catarina desembarcou um total de
305.340kg de camarão sete-barbas, sendo este superado pelo camarão
barba-ruça e santana, com 2.466 e 1.068t respectivamente (GEP/CTTMar,
2000).
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-3
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
O camarão sete-barbas apresenta ampla distribuição geográfica no
Atlântico Ocidental, ocorrendo da Carolina do Norte (EUA) ao Estado de
Santa Catarina (BR) (HOLTHUIS, 1980), e atualmente estendendo-se até o
Rio Grande do Sul (DÍNCAO et al. 2002). Possui crescimento rápido e um
ciclo de vida em torno de 18 meses (NEIVA & WISE, 1963), habitando
águas costeiras rasas com fundo de areia e lama com até 30 metros de
profundidade (IWAI, 1973). Ao contrário do que ocorre com outras
espécies da família Penaeidae, como Farfantepenaeus paulensis e
Farfantepenaeus brasiliensis, que habitam estuários e lagoas quando
juvenis e mar aberto quando adultos, enquanto que o camarão sete-
barbas não depende de estuários para o desenvolvimento de juvenis
(SANTOS, 1978). Esta espécie não apresenta estratificação populacional,
sendo comum a ocorrência de juvenis e adultos na mesma área (IWAI,
1973). Entretanto, para alguns autores a presença desta espécie em zonas
estuarinas está associada à penetração de cunha salina (HOLTHUIS, 1959
in BRANCO, 1999).
No nordeste brasileiro, a pesca de arrasto motorizado em
embarcação artesanal teve início em 1969 ao largo da foz do rio São
Francisco, no Pontal do Peba, AL. No Estado do Piauí, estima-se que a
produção de X. kroyeri em 1994 atingiu cerca de 145 toneladas,
correspondendo a 6,5% do total desembarcado pela frota artesanal, sendo
que 90% desse recurso foi proveniente da cidade de Luís Correia (COELHO
& SANTOS, 1994/95). No litoral baiano esse recurso atinge valores
superiores a 90% de produção da pesca artesanal de camarão, sendo que
no município de Caravelas, litoral baiano, é uma das principais atividades
econômicas, responsável pelo emprego direto de 664 pescadores (SANTOS
& IVO, 2000).
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-4
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
No Estado de São Paulo, o camarão sete-barbas é a espécie mais
explorada (NAKAGAKI & NEGREIROS-FRANSOZO, 1998), sendo o item
dominante na megafauna bentônica da Plataforma Continental desse
Estado (PIRES, 1992). Essa espécie destaca-se na produção pesqueira do
litoral paulista, tanto em volume de desembarque como em valor
monetário (RODRIGUEZ et al., 1985).
No município de Penha, SC, a pesca artesanal deste recurso, é
realizada com embarcações de pequeno porte, que atuam entre 5,0 a 20,0
metros de profundidade, operando com duas redes-de-arrasto-com-portas
sendo este método de pesca conhecido como arrasto duplo. A pesca
artesanal do camarão sete-barbas na área em estudo é denominada
“pesca de sol a sol”, com início das atividades ao amanhecer e
encerramento antes do por do sol (BRANCO, 1999). Devido às
características da embarcação e ao sistema de conservação do pescado, as
capturas estão restritas a zona costeira.
Neste contexto, o presente projeto propõe a coleta e sistematização
de dados ambientais e pesqueiros com o envolvimento dos usuários e
demais membros da comunidade local para a elaboração de um plano de
gestão participativa para o uso dos recursos pesqueiros, considerando as
premissas da Agenda 21 e do Código de Conduta para a Pesca
Responsável. Ações de educação ambiental e mobilização social estão
previstas para a estruturação de um Conselho da Pesca para a Baía de
Tijucas, como instância participativa de gestão compartilhada (com o
Poder Público) dos recursos pesqueiros.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
MATERIAIS E MÉTODOS
Trabalho de Campo
As amostragens foram efetuadas a bordo dos barcos da frota
artesanal que atuam na Baía de Tijucas, sendo que, a metodologia estará
disponível no relatório pertinente a essa meta.
Os camarões coletados foram acondicionados em sacos plásticos,
etiquetados por área de coleta e mantidos em caixa de isopor com gelo. A
terminologia “Dendrobranquiata” que será utilizada neste documento
refere-se a todos os camarões acompanhantes na pesca da espécie-alvo,
Xiphopenaeus kroyeri.
Trabalho de Laboratório
No laboratório do CTTMar / UNIVALI, o produto de cada arrasto foi
triado e separado por espécie, sendo registrados o sexo, comprimento
total (Lt) em cm e o peso total (Wt) em gramas.
Do total de camarões coletados, foi retirada uma sub-amostra
representativa (1,0kg) para a realização da biometria, quando abaixo
desse valor, as amostras eram processadas integralmente. Para cada
exemplar de Xiphopenaeus kroyeri capturado foi registrado o sexo,
comprimento total (Lt) e do cefalotórax (Lc) em cm através de ictiômetro
e paquímetro, e o peso total (Wt) em gramas. Foram selecionados 2,0kg
de camarões e separadas as fêmeas para retirada das gônadas, sendo
estas pesadas com auxílio de balança de precisão de décimo de grama,
além dos outros procedimentos anteriormente citados. O estágio de
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-6
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
maturação dos machos foi determinado pela união dos lóbulos do petasma
conforme Pérez Farfante (1970) in BRANCO (1999); nas fêmeas pela
coloração e desenvolvimento das gônadas (VIEIRA, 1947). O tamanho de
primeira maturação de 7,3cm para machos e 7,9cm para fêmeas,
estimado por BRANCO (2005) na Armação do Itapocoroy, foi o menor
encontrado na literatura disponível, assim sendo, foi utilizada a média
(7,6cm) entre os sexos para avaliar o impacto da pesca na população da
Baía de Tijucas. O tempo estimado para o individuo dessa espécie alcançar
esse tamanho é de 6 a 8 meses (BRANCO et al., 1999), e de acordo com
MELLO (1973), estudando exemplares adultos de Penaeus paulensis,
obteve comprimento assintótico total de 16,5 cm nos machos e de 21,5
cm nas fêmeas, com idade de 30 meses.
Análise dos dados
Os dados foram analisados com o auxílio de pacotes estatísticos do tipo
Micro Office Excel em microcomputadores, onde foi calculada a captura por
unidade de esforço (CPUE kg) por tempo de arrasto (h) para as áreas e
estações do ano.
Para verificar as diferenças entre os sexos durante os meses e por
classe de comprimento, conforme VAZZOLER, 1996, foi utilizado o teste do
χ2 (qui-quadrado) com nível de significância de 5% e n-1 grau de liberdade
(SANTOS, 1978), sendo que, a análise de variância (ANOVA) (SOKAL &
ROHLF, 1969) foi aplicada para comparar a CPUE de camarão sete-barbas
nas diferentes áreas ao longo do período de estudo.
A relação peso/comprimento foi estimada para machos e fêmeas
através da equação (SANTOS, 1978):
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-7
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
Wt = φ Lt θ, onde:
φ fator de condição; θ constante da relação peso/comprimento.
O índice gonadossomático (IGS) foi obtido através da expressão:
IGS = Wg / Wt . 100 (VAZZOLER, 1996). Em seguida foram
estimados os valores médios mensais deste índice.
No mês de maio, as amostras foram danificadas, sendo assim
apenas foram consideradas seu peso total e proporção sexual.
RESULTADOS
Foram realizados 26 lances de pesca e capturados 142,02 kg de
camarões, com o registro de seis famílias, 10 gêneros e 11 espécies,
sendo realizada a biometria de 8161 indivíduos; apenas seis destas,
apresentaram algum valor comercial, sendo que a proporção entre
camarão sete-barbas e fauna dendrobranquiata foi de 7,15:1 kg
respectivamente (Tab. I). De acordo com esta mesma tabela, as fêmeas
foram maiores e com maior massa corporal em quase todas espécies,
exceto em Lithopenaeus schmitti, Trachypenaeus constrictus e Sycione
dorsalis; as espécies de maior valor econômico, camarões rosa
(Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis) e branco (L. schmitti) foram
pouco representados nas amostragens (0,07, 0,39 e 0,45%,
respectivamente), enquanto que a espécie-alvo foi a predominante na
área e período de estudo (61,51%).
Segundo a tabela II, duas espécies foram de ocorrência regular, X.
kroyeri e L. schmitti, enquanto que as demais foram ocasionais nas
coletas; F. brasiliensis, F. paulensis, T. constrictus e Alpheus sp. foram
registradas apenas uma vez durante o período de estudo.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
Tab. I. Relação das espécies integrantes da fauna dendrobranquiata acompanhante na
pesca artesanal do camarão sete-barbas, no período de dezembro/04 a janeiro/06. N =
número de indivíduos estudados; Lt (cm) = comprimento total; Wt(g) = peso total; < =
menor valor; > = maior valor; Méd = média e Desvpad = desvio padrão.
Lt (cm) Wt (g)
Taxon Sexo
< > Med±Desvpad < >
Med±
Desvpad
N
Penaeidae
Farfantepenaeus brasiliensis
(Latreille, 1817) M 11,4 13,1 12,3±0,9 11,2 15,6 13,7±2,2 3
F 7,7 13,8 10,0±3,3 3,8 12,2 6,9±4,6 3
Farfantepenaeus paulensis (Pérez
Farfante,1967) M 8,1 13,1 10,7±1,5 4,9 16,6 9,8±3,8 10
F 8,2 14,5 11,1±1,6 4,1 22,6 10,9±4,6 22
Lithopenaeus schmitti
(Burkenroad,1936) M 10,5 18,2 14,4±1,7 8,2 47,6 24,4±9,1 22
F 6,6 17,7 12,5±3,2 1,9 48,1 17,3±12,1 15
Artemesia longinaris Bate, 1888 M 3,8 9,8 6,0±0,9 0,23 3,39 0,9±0,4 439
F 3,5 11,5 7,0±1,4 0,22 5,22 1,4±0,8 909
Xiphopenaeus kroyeri (Heller,
1862) M 4,7 12,2 8,5±1,5 0,51 10,73 3,8±2,0 1911
F 3 14,5 8,5±2,1 0,2 16,56 4,1±3,0 3109
Trachypenaeus constrictus
(Stimpson, 1874) M 4,5 6,2 5,1±0,9 0,6 1,8 1,0±0,7 3
F 3,5 4,5 4,1±0,5 0,3 0,6 0,5±0,2 3
Lismatidae
Exhippolysmata oploforoides
Holtuis, 1948 M 3,6 0,4 1
F 3,5 6,2 4,7±0,8 0,26 1,57 0,7±0,3 72
Sergestidae
Acetes americanus americanus 39
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
Ortmann,1893
Solenoceridae
Pleoticus muelleri (Bate, 1888) M 4 7,8 5,4±0,6 0,44 4,05 2,3±1,4 442
F 3,8 11 6,5±1,2 0,31 11,13 1,2±0,5 1060
Sicyoniidae
Sycione dorsalis (Bate, 1888) M 2,6 5,8 4,2±0,5 0,16 2,23 0,8±0,5 42
F 2 5,6 4,2±0,7 0,19 1,71 0,8±0,3 55
Alpheidae
Alpheus sp. M
F 4 0,71 1
TOTAL 8161
Tab. II. Relação do número de exemplares capturados na pesca dirigida ao camarão sete-
barbas por mês de coleta. M= machos e F= fêmeas.
F.
b
r
a
si
li
e
n
si
s
F.
p
a
ul
e
n
si
s
L.
s
c
h
m
it
ti
A.
lo
n
gi
n
ar
is
X.
kr
o
y
er
i
T.
c
o
n
st
ri
ct
u
s
E.
o
pl
of
o
r
oi
d
e
s
P.
m
u
el
le
ri
S.
d
or
s
al
is
Alpheus
sp.
M F M F M F M F M F M F M F M F M F M F
N/04 172 576 122 75 1 23 247 707 1 3
J 1 1 263 456
F 240 257
M 3 3 10 22 4 8 131 85
A 5 4 415 803
M 59 50
J 1 53 126
J 6 1 125 172 1
A 72 251
S 1 271 394 2 114 238 3 20
O 3 466 568 62 95 3 3 8 354 917 37 31
N 1 50 50 111 127 5
D/05 1 617 311 85 1774 1058 1
J 139 271
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
Fauna acompanhante
As figuras 1 a 6 indicam a distribuição por classe de comprimento
total (Lt) em cm por percentual (%) (1a), a relação peso/comprimento
(1b) e a CPUE (kg/h) (1c) de machos e fêmeas das espécies que
compuseram a fauna acompanhante na pesca artesanal do camarão sete-
barbas na Baía de Tijucas. Os machos de F. paulensis dominaram
significativamente nas classes de 8,0, 10 e 13,0 cm, já as fêmeas nos
11,0cm (Fig. 1a), com um padrão de crescimento relativo do tipo
alométrico negativo nos machos (Wt = 0,016 Lt 2,892 , r2 = 0,9507) e
isométrico nas fêmeas (Wt = 0,0063 Lt3,071, r2 = 0,9898) (Fig. 1b). Essa
espécie foi captura apenas em março (Fig. 1c).
F paulensis
0
5
10
15
20
25
30
35
8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 10
Femeas = 22
*
* *
*
Wt = 0,016 Lt2,6912
r2 = 0,9507
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
7 8 9 10 11 12 13 14Lt
Wt Wt = 0,0063 Lt3,071
r2 = 0,9898
0
5
10
15
20
25
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Lt
Wt
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
N J F M A M J J A S O N D J
Meses
CPUE
machos fêmeas
(a)
(b)
(c)
F paulensis
0
5
10
15
20
25
30
35
8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 10
Femeas = 22
*
* *
*
Wt = 0,016 Lt2,6912
r2 = 0,9507
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
7 8 9 10 11 12 13 14Lt
Wt Wt = 0,0063 Lt3,071
r2 = 0,9898
0
5
10
15
20
25
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Lt
Wt
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
N J F M A M J J A S O N D J
Meses
CPUE
machos fêmeas
(a)
(b)
(c)
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Anexo 5.4
Fig. 1. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) de F.
paulensis em cm por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c)
da fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa
(χ2 = p < 0,05).
De acordo com a figura 2a, os machos de L. schmitti ocorreram nas
classes de 10,0 a 16,0 e 18,0 cm e predominaram significativamente sobre
as fêmeas nos13 a 16 cm, ocorrendo uma inversão nos 11,0 cm a favor
das fêmeas, com um padrão de crescimento relativo do tipo alométrico
positivo nos machos (Wt = 0,0048 Lt 3,1849 e o r2 = 0,989) e alométrico
negativo para fêmeas (Wt = 0,0082 Lt2,961 e r2 = 0,9845) (Fig. 2b), com
oscilações na captura ao longo dos meses, com os maiores valores
registrados em março, abril e julho e os menores em maio e setembro
(Fig. 2c).
L schimit
0
5
10
15
20
25
30
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18Lt
% Machos = 22
Femeas = 15* *
* *
*
Wt = 0,0048 Lt3,1849
r2 = 0,989
0
10
20
30
40
50
60
8 10 12 14 16 18 20
Lt
Wt Wt = 0,0082 Lt2,9614
r2 = 0,9845
0
10
20
30
40
50
60
6 8 10 12 14 16 18 20
Lt
Wt
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
0,2
N J F M A M J J A S O N D J
Meses
CPUE
machos fêmeas
(a)
(b)
(c)
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Anexo 5.4
Fig. 2. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de
L. schmitti por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da
fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa (χ2
= p < 0,05).
As fêmeas de A. longinaris foram maiores e predominaram acima
dos 7,0 cm, enquanto que os machos, apenas nos 3,0cm (Fig. 3a), com
um padrão de crescimento relativo do tipo alométrico negativo nos machos
(Wt = 0,0069 Lt 2,7092 e o r2 = 0,892) e fêmeas (Wt = 0,008 Lt2,6139 e r2 =
0,9108) (Fig. 3b) com os maiores registros de CPUE em dezembro, abril e
outubro e os menores em setembro, novembro e dezembro (Fig. 3c).
A longinaris
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
3 4 5 6 7 8 9 10 11
Lt
% Machos = 439
Femeas = 909
*
*
*
*
Wt = 0,0069 Lt2,7092
r2 = 0,892
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 2 4 6 8 10 12
Lt
Wt Wt = 0,008 Lt2,6139
r2 = 0,9108
0
1
2
3
4
5
6
0 2 4 6 8 10 12 14
Lt
Wt
0
0,5
1
1,5
2
2,5
N J F M A M J J A S O N D J
Meses
CPUE
machos fêmeas
(a)
(b)
(c)
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Anexo 5.4
Fig. 3. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de A.
longinaris por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da
fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa (χ2
= p < 0,05).
Enquanto que em Exhippolysmata oploforoides os machos
ocorreram apenas nos 3,0 cm (Fig. 4a), com um padrão de
crescimento relativo do tipo alométrico negativo para as fêmeas (Wt
= 0,00131 Lt2,4742, r2 = 0,6961) (Fig. 4b) com ocorrência em
dezembro e ausência de janeiro/05 a agosto e janeiro/06 e
acréscimos graduais de setembro a dezembro (pico de abundância)
(Fig. 4c).
Fig. 4. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de E.
oploforoides por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da
E oploforoides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
3 4 5 6Lt
% femeas = 72
machos = 1
Wt = 0,0131 Lt2,4742
r2 = 0,6961
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5Lt
Wt
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
N J F M A M J J A S O N D J
Meses
CPUEfêmeas
(a)
(b)
(c)
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Anexo 5.4
fauna dendrobranquiata carcinofauna acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença
significativa (χ2 = p < 0,05).
A figura 5a indica que não ocorreram machos de P. muelleri a partir
dos 8 cm, e que ocorreu predomínio significativo das fêmeas sobre estes
nos 6,0 e 7,0 cm, com um padrão de crescimento relativo do tipo
alométrico negativo nos machos (Wt = 0,0069 Lt 2,7092 e o r2 = 0,892) e
fêmeas (Wt = 0,01 Lt2,8594 e r2 = 0,8971), com a ocorrência desta espécie
em dezembro/04, setembro, outubro e dezembro/05 (Fig. 5c).
P muelleri
0
10
20
30
40
50
60
3 4 5 6 7 8 9 10 11
Lt
% Machos = 442
Femeas = 1061
*
*
Wt = 0,01 Lt2,8594
r2 = 0,8971
0
2
4
6
8
10
12
0 2 4 6 8 10 12
Lt
WtWt = 0,0102 Lt2,8172
r2 = 0,78
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9Lt
Wt
0
1
2
3
4
5
6
N J F M A M J J A S O N D J
Meses
CPUE
machos fêmeas
(a)
(b)
(c)
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Anexo 5.4
Fig. 5. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de P.
muelleri por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h) (c) da
fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença significativa (χ2
= p < 0,05).
De acordo com a Fig. 6a, os machos e fêmeas de S. dorsalis
tiveram a mesma amplitude de variação, com o predomínio dos machos
nas classes de 3,0 e 5,0 cm e das fêmeas nos 4,0 cm, com um padrão de
crescimento relativo do tipo alométrico positivo nos machos (Wt = 0,0061
Lt 3,3033 e o r2 = 0,9515) e negativo nas fêmeas (Wt = 0,0284 Lt2,2435 e r2
= 0,7988) (Fig. 6b) com os registros de captura em dezembro, setembro e
outubro (Fig. 6c).
S dorsalis
0
10
20
30
40
50
60
70
80
2 3 4 5
Lt
% Machos = 42
Femeas = 55
*
*
*
Wt = 0,0284 Lt2,2435
r2 = 0,7988
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
0 1 2 3 4 5 6
Lt
WtWt = 0,0061 Lt3,3033
r2 = 0,9515
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 1 2 3 4 5 6 7Lt
Wt
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
N J F M A M J J A S O N D J
Meses
CPUE
machos fêmeas
(a)
(b)
(c)
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Anexo 5.4
Fig. 6. Distribuição de machos e fêmeas da classe de comprimento (Lt) em cm de
S. dorsalis por percentual (%) (a), relação peso comprimento (b) e CPUE (Kg/h)
(c) da fauna dendrobranquiata acompanhante na Baia de Tijucas. * = diferença
significativa (χ2 = p < 0,05).
Espécie-alvo – Xiphopenaeus kroyeri
Proporção sexual
Durante o período de estudo, foram analisados 5020 exemplares
de X. kroyeri, sendo que os machos e as fêmeas representaram 38,06% e
61,94% do total capturado respectivamente, indicando uma dominância
das fêmeas na população. Ao analisar a abundância de camarões ao longo
do ano através do teste do χ2, observaram-se diferenças significativas a
favor dos machos apenas em novembro/04, enquanto que as fêmeas
predominaram nos meses de janeiro/05, abril, agosto e janeiro/06 (Fig.
7).
Fig. 7 – Freqüência percentual da ocorrência de machos e fêmeas de X. kroyeri, durante o
período de novembro/04 a janeiro/06. * = diferença significativa (χ2 = p < 0,05).
X kroyeri
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
N/04 J F M A M J J A S O N D J/06Meses
% M
F
**
* *
*
*
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
As distribuições de freqüências relativas totais mostram que
ocorreram camarões numa amplitude de variação entre 3,0 e 14,0 cm
(fêmeas) e entre 4,0 e 12,0cm (machos). As fêmeas predominaram
significativamente, de acordo com o χ2, nas classes de 4,0, 5,0, 6,0, 11,0 e
12,0cm (Fig. 08).
Fig. 8 – Freqüência percentual da ocorrência de machos e fêmeas de X. kroyeri, durante o
período de estudo. * = diferença significativa (x2 = p < 0,05).
Estrutura sazonal de comprimentos
A figura 9 mostra as distribuições de freqüência das classes de
comprimento totais de machos e fêmeas, ao longo do período de estudo.
Durante novembro/04 foi registrada uma pequena ocorrência de camarões
juvenis, com um aumento gradativo em janeiro e fevereiro e oscilação até
abril, seguido de ausência em junho e chegando as maiores contribuições
de julho a setembro. Em outubro e novembro ocorreu participação de
adultos, principalmente das fêmeas, sendo que, em dezembro não foram
capturados camarões sete-barbas na região e em janeiro registrado o
0
5
10
15
20
25
30
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 1911
Femeas = 3109
**
*
*
*
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
recrutamento de juvenis. As modas de freqüência mais altas foram
registradas em dezembro/04, março, junho, outubro e novembro, e as
menores em janeiro/05, abril e junho (Fig. 9).
Para avaliar as flutuações na estrutura da população, foi também,
computado mensalmente o número de indivíduos que compuseram 1,0 kg
de camarões nas amostragens totais na Baia de Tijucas, com acréscimo de
dezembro a janeiro, onde foi constatado as maiores taxa de captura de
exemplares juvenis, com queda gradativa até os menores valores em
junho, com oscilações de julho a setembro e elevações até janeiro (Fig.
10).
Relação peso / comprimento
Os valores de peso total foram lançados em gráfico em função dos
valores do comprimento total, para os sexos separados, indicando uma
boa aderência dos pontos entre as variáveis, o que foi corroborado pelos
valores do coeficiente de determinação (r2), com crescimento alométrico
negativo, resultando nas equações: Wt = 0,006 Lt 2,9694 e o r2 = 0,9338
para machos e Wt = 0,0062 Lt2,9469 e r2 = 0,9488 para fêmeas (Fig. 11).
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
Novembro 04
0
10
20
30
40
50
60
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 122
Fêmeas = 75
Janeiro
0
5
10
15
20
25
30
35
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 263
Fêmeas = 456
Fevereiro
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 240
Fêmeas = 257
Março
0
5
10
15
20
25
30
35
40
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 131
Fêmeas = 85
Abril
0
5
10
15
20
25
30
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 415
Fêmeas = 803
Junho
0
10
20
30
40
50
60
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Lt
% Machos = 53
Fêmeas = 126
Julho
0
5
10
15
20
25
30
35
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Lt
% Machos = 125
Fêmeas = 172
Agosto
0
5
10
15
20
25
30
35
40
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Lt
% Machos = 72
Fêmeas = 251
Setembro
0
5
10
15
20
25
30
35
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 271
Fêmeas = 394
Outubro
0
5
10
15
20
25
30
35
40
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
%
Machos = 62
Fêmeas = 95
Novembro
0
10
20
30
40
50
60
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14Lt
% Machos = 111
Fêmeas = 127
Janeiro 06
0
5
10
15
20
25
30
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Lt
% Machos = 139
Femeas = 271
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
Fig. 9. Distribuição de comprimento total da população de X. kroyeri, durante
dezembro/04 a janeiro/06. As linhas tracejadas indicam o tamanho de primeira
maturação.
Fig. 10. Número de indivíduos por quilograma coletado ao longo do período de
amostragem. As barras verticais indicam o desvio padrão das médias.
Fig. 11. Relação Peso / Comprimento para X. kroyeri.
machos Wt = 0,006 Lt2,9694
r2 = 0,9338
0
2
4
6
8
10
12
0 2 4 6 8 10 12 14Lt
Wt
femeas Wt = 0,0062 Lt 2,9469
r2 = 0,9488
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 2 4 6 8 10 12 14 16Lt
Wt
0
200
400
600
800
1000
1200
N/04 J/05 F M A M J J A S O N D J/06
Meses
N
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Anexo 5.4
Aspectos reprodutivos
A Figura 12 mostra a curva de flutuação média mensal, onde os
valores de IGS indicam a ocorrência de um período reprodutivo longo, com
a presença de dois picos de desova, o primeiro entre maio a junho, e o
segundo e mais intenso, de outubro a janeiro/06.
Fig. 12 – Variação mensal do IGS, durante o período de dezembro/04 a janeiro/06. As
barras verticais indicam o desvio padrão das médias.
Captura por unidade de esforço
De acordo com a Figura 13, as maiores taxas mensais em CPUE de
camarão sete-barbas, capturados no período de coleta na Baia de Tijucas
ocorreram nos meses de fevereiro, abril e maio (pico de abundância); com
variações sazonais no estoque que está sujeito a captura na área de
estudo.
50
25785
485
126
6
251 394
227
112
137
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
N/04 J F M A M J J A S O N D/05 J/06
Meses
IGS
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
Figura 13. Variação media mensal da CPUE (kg/h) de X. kroyeri durante o período de
estudo. As barras verticais indicam o desvio padrão das médias.
DISCUSSÃO
A pesca de arrasto de camarões é considerada predatória e
desestabilizadora das comunidades bentônicas, sendo freqüentemente
realizada em criadouros de diversas espécies de interesse econômico
(BRANCO & FRACASSO, 2004). Apesar de não ter sido estudada a fauna
acompanhante neste estudo, a carcinofauna registrada foi diversificada e
sem valor econômico. As espécies de alto valor comercial, como os
camarões rosa e branco, foram de ocorrência restrita, corroborando o
encontrado por BRANCO & FRACASSO, 2004.
De acordo com BRANCO (2005) a literatura disponível sobre a
proporção sexual de camarão sete-barbas é restrita, sendo que a média
anual nos desembarques na região da Armação do Itapocoroy,
Tamandaré, PE, (COELHO & SANTOS, 1993), São Paulo (SEVERINO-
RODRIGUES et al. 1993) foi de 1:1, com período de alternância entre os
0
5
10
15
20
25
30
35
N/04 J F M A M J J A S O N D/05 J/06Meses
CPUE (kg/h)
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Anexo 5.4
sexos ao longo dos meses. SIGNORET (1974), descreve que a população
de X. kroyeri na Laguna de Términos, México, não apresenta
homogeneidade entre machos e fêmeas, e no presente estudo, as fêmeas
predominaram nas amostragens, mas estas flutuações podem ser
atribuídas, em parte, a distribuição segregada dos sexos em alguns meses
do ano (BRANCO, 2005).
De acordo com BOSCHI (1969) in BRANCO et al. (1999), as fêmeas
da família Penaeidae sempre atingem comprimento totais superior aos
machos. Na Foz do Rio Itajaí-Açú, conforme os mesmos autores, os
valores de comprimento total foram 12,0cm para machos e 14,0cm para
fêmeas. Segundo NASCIMENTO & POLI (1996), que trabalharam na Baia
de Tijucas, obtiveram para a espécie um comprimento total máximo de
15,0 cm, enquanto que atualmente foi registrado 12,2 para machos e 14,5
cm para as fêmeas. Na população da Armação do Itapocoroy, os
resultados obtidos elevam o tamanho da população para 13,0 e 16,0 cm,
respectivamente, sendo que, estas variações provavelmente estão
associadas à distribuição geográfica, crescimento diferenciado,
disponibilidade de alimento e principalmente, aumento do esforço de pesca
(BRANCO, 2005).
De acordo com BRANCO (1999), os machos da população de X.
kroyeri na Armação do Itapocoroy predominam nas classes de 7,0cm e as
fêmeas nas classes de 5,0, 12,0 e 13,0cm, com modas variando entre 7,0
e 12,0cm. No presente estudo as fêmeas predominaram nas classes de
4,0, 5,0, 6,0, 11,0 e 12,0cm, apresentando distribuição unimodal, com
modas variando entre 7,0 e 9,0cm, corroborando os resultados obtidos por
BRANCO (1999).
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
As informações disponíveis sobre o ciclo de vida de X. kroyeri
indicam que não existem migrações de recrutamento ao estoque adulto,
possibilitando a ocorrência de juvenis e adultos na mesma área de coleta
(VIEIRA, 1947, IWAI, 1973). Padrão semelhante foi encontrado neste
estudo, corroborando o encontrado por BRANCO (2005), demonstrando
que a estrutura sazonal de comprimento da população é mantida em
função dos eventos de ciclo de vida da espécie. Os histogramas das
distribuições das classes de comprimento mostram que, indivíduos adultos
predominam sobre os juvenis, contrariando o registrado para a espécie na
região de Caravelas (Bahia) (SANTOS & IVO, 2000) e na maioria das
populações naturais (BRANCO, 2005).
A relação peso/comprimento tem sido utilizada para facilitar a
estimativa do peso de um exemplar através do seu comprimento; esta
relação é amplamente empregada em estudos de dinâmica populacional
(BRANCO, 1999). A forma de crescimento de uma espécie é importante no
estudo do ciclo de vida de uma população (VAZZOLER, 1996). De acordo
com BRANCO (1999), os camarões da família Penaeidae, em geral
apresentam tendência de crescimento alométrico, com diferença entre os
sexos. Assim, a relação peso/comprimento para X. kroyeri, apresentou
tendência exponencial, com padrão de crescimento alométrico negativo.
Entretanto, BRANCO (1999) descreve que na Armação do Itapocoroy, os
machos de X. kroyeri apresentaram padrão isométrico, enquanto nas
fêmeas o padrão foi mantido.
De acordo com BRANCO (2005), a população de X. kroyeri na
Armação do Itapocoroy apresentou um amplo período de desova, com a
existência de dois picos de desova, o primeiro e principal ocorre na
primavera, e o segundo no outono, corroborando o presente estudo.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-25
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Anexo 5.4
A maior parte das espécies mostra uma periodicidade no processo
reprodutivo, com início do desenvolvimento gonadal em uma época
anterior àquela de reprodução. Quando as condições ambientais forem
favoráveis à fecundação e desenvolvimento da prole, completam a
maturação gonadal, com uma disponibilidade de oxigênio dissolvido
suficiente e menores riscos de predação sobre a prole (VAZZOLER, 1996).
De acordo com COELHO & SANTOS (1993), no Nordeste do Brasil a
principal época de reprodução de X. kroyeri, provavelmente ocorra entre
dezembro e abril. Entretanto para VIEIRA (1947), essa espécie apresenta
um período de reprodução mais intenso durante os meses de setembro a
março; as fêmeas de X. kroyeri apresentam um desperdício dos
espermatóforos através dos processos de ecdise que a espécie apresenta,
assim há a necessidade de uma nova cópula pré-desova.
GRAÇA-LOPES (1996) também descreve dois picos de desova para
a população de X. kroyeri no litoral de São Paulo. Durante o outono, no
mês de maio, ocorreu um pico mais acentuado, e o outro na primavera,
em outubro. Ainda de acordo com o mesmo autor, o pico de desova que
ocorreu em maio deve-se ao recrutamento, enquanto o pico de outubro
deve-se às prováveis concentrações de parcelas da população para cópula
e desova.
Os resultados obtidos na Armação do Itapocoroy demonstram que
as maiores taxas de captura ocorreram entre dezembro a maio, com os
picos anuais alternando-se entre março e abril (BRANCO, 2005),
corroborando os dados do presente estudo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
Apesar de serem obtidos resultados consistentes e satisfatórios,
este estudo apresenta alguns ruídos causados possivelmente, pela troca
de área de amostragem, diferentes embarcações e apetrechos de pesca,
bem como a potência do motor utilizado.
As maiores taxas de captura ocorreram nos meses de fevereiro a
maio, período do antigo defeso, e em contrapartida, o período de maiores
índices do IGS foram registrados em outubro e novembro, reforçando o
que foi determinado na nova portaria sobre o defeso do camarão sete-
barbas, (decreto n° 5583, de 16 de novembro de 2005, processo
IBAMA/SC n°02026001828/2005-35, que proíbe a pesca de 01 de outubro
a 31 de dezembro) estipulada através dos trabalhos descritos no litoral
brasileiro, principalmente os realizados com série temporal, como o de
BRANCO (2005).
BRANCO (2005) indica dimensões preocupantes com relação ao
impacto da pesca artesanal do camarão sete-barbas na Armação do
Itapocoroy. Conforme o autor, na maioria dos estudos, os dados
disponíveis não determinam os reais impactos biológicos e ecológicos
desta modalidade pesqueira. Portanto, através dos resultados obtidos
neste trabalho, a limitação do esforço e a correta utilização da ferramenta
de defeso, poderá estabelecer um nível máximo de esforço compatível
com a preservação dos estoques explorados na Baía de Tijucas.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Anexo 5.4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRANCO, J. O.; Lunardon-Branco, M. J.; Souto, F. X. & Guerra, C. R.
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da carcinofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas,
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do Itapocoroy, Penha, Santa Catarina. Revista Brasileira de
Zoologia, Curitiba, 21 (2): 259-301.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-28
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
COELHO, P. A. & SANTOS, M. C. F. 1993. Época da reprodução do
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COELHO, P. A. & SANTOS, M. C. F. 1994/1995. A pesca de camarões
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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-29
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Anexo 5.4
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SANTOS, E. P. 1978. Dinâmica da População do Camarão sete-barbas
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Populacional do Camarão Sete-Barbas, Xiphopenaeus kroyeri
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Cient. CEPENE, Tamandaré, v.8, 131-164.
SEVERINO-RODRIGUEZ, E.; PITA, J. B.; GRAÇA LOPES R.; COELHO, J.
A. P. & PUZZI, A. 1992. Aspectos biológicos e pesqueiros do
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 3-30
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Anexo 5.4
camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri) capturado pela pesca
artesanal no litoral do estado de São Paulo. B. Inst. Pesca. 19(1) :
67-81.
SIGNORET, M. 1974. Abundancia, tamaño y distribución de camarones
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Nal. Autón. México 45, Ser. Zoología 0:119-140.
SOKAL, R. R. & ROHLF, F. J. 1969. Byometry, the principles and
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San Francisco. 776p.
VALENTINI, H.; D’INCAO, F.; RODRIGUES, L. F.; NETO, J. E. R. &
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VAZZOLER, A. E. A. de M. 1996. Biologia da reprodução de peixes
teleósteos: teoria e prática. Maringá: EDUEM, 169p.
VIEIRA, B. B. 1947. Observações sobre a maturação de Xiphopenaeus
kroyeri no litoral de São Paulo. Bol. Mus. Nacional, Rio de Janeiro,
74: 1-22.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.4
_______________________________________________________________________________
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
ANEXO 5.4. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA ACOMPANHANTE DA PESCA DO
CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar
LABORATÓRIO DE BIOLOGIA
ANEXO 5.4 - FAUNA ACOMPANHANTE DO CAMARÃO SETE-BARBAS
Responsáveis técnicos:
MARCOS SIQUEIRA BOVENDORP JOAQUIM OLINTO BRANCO
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-3
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
1.Introdução
A pesca de camarões no litoral de Santa Catarina exerce papel
relevante no contexto econômico, histórico, social e cultural (Branco,
1999). A pesca vem sendo, há muito tempo, uma atividade responsável
pelo sustento de grande parte da população mundial (Marchesin & Rui,
1985 in Oliveira, 1988). Embora no Brasil, a pesca artesanal seja uma
atividade importante, pois abastece local e regionalmente os mercados de
pescados, tem recebido ao longo do tempo poucos incentivos
governamentais já que constitui uma das principais atividades para uma
expressiva parcela da população litorânea (Cabral, 1997).
Nas pescarias de arrasto da frota artesanal, uma parcela significativa
da fauna capturada é devolvida ao mar, seja por tratar-se de espécies sem
valor comercial ou de indivíduos pequenos das espécies de interesse
econômico. A maioria dos exemplares devolvidos ao mar já está morta,
sendo denominada de rejeito ou descarte (Branco, 1999).
A fauna rejeitada nessa atividade de pesca é bastante diversificada,
constituída de peixes, crustáceos, moluscos, equinodermatas e cnidários,
dentre outros (Branco, 1999). A participação dessa fauna no produto dos
arrastos é freqüentemente elevada, superando consideravelmente a
quantidade de camarão em condições de comercialização (Coelho et al.
1986; Branco, 1996). Dentre os grupos integrantes da fauna
acompanhante, os peixes são os mais abundantes e de maior interesse
econômico (Branco & Verani, 2006).
No Brasil, em especial no Estado de Santa Catarina, a análise da
rejeição da fauna acompanhante é bastante incipiente, dessa maneira,
Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
estudos quali-quantitativos da fauna acompanhante associados a estudos
do comportamento biológico do camarão sete-barbas, são de fundamental
importância, visto que os arrastos são realizados freqüentemente em
criadouros de diversas espécies de interesse econômico. Além disso, a
pesca de arrasto é considerada uma arte de captura predatória e
desestabilizadora das comunidades bentônicas (Branco & Verani, 2006).
2. Materiais e Métodos
Foram realizadas coletas durante o período de Janeiro/2005 a
Janeiro/2006, sendo os meses que ocorria mais de uma coleta, foram
somados os dados e feito a média dos mesmos para o mês, no entanto a
coleta realizada no mês de novembro/2004 foi utilizada somente como
amostra piloto. A escolha das áreas de pesca foram aleatórias, na Baía
Tijucas, SC em embarcações da pesca do camarão sete-barbas das
cidades e comunidades e que utilizam a baía como área de pesca.
Na obtenção do material foram utilizadas duas redes de arrasto com
portas, tracionadas por baleeira, com velocidade aproximada de 3,0 nós,
sendo que a fauna acompanhante e a espécie alvo capturada foram
separadas e acondicionada em sacos plásticos etiquetados, armazenado
em caixas de monobloco e resfriada com gelo, a coleta e o processamento
do material biológico seguiram metodologia de BRANCO (1999).
No laboratório do Campus I da UNIVALI a ictiofauna e a espécie alvo
capturada foram separadas da análise da fauna acompanhante sendo está
identificada e separada por espécies ou ao menor nível taxonômico
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-5
_________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4
possível, através de bibliografias especializadas, em seguida registrado o
número total de indivíduos e pesados com balança de precisão de 0,01g.
As espécies foram classificadas segundo a sua ocorrência segundo
(ANSARI et al, 1995), sendo r = regular, com ocorrência de (9 a 12
meses), s = sazonal (6 a 8 meses) e o = ocasional (1 a 5 meses) .
A carcinofauna correspondente aos camarões, foi analisada junto
com a espécie alvo, visto que o profissional detinha maior conhecimento
sobre os camarões.
A análise dos dados foi efetuada com o auxílio de pacotes
estatísticos em microcomputadores.
3. Resultados e discussão
Foi capturado um total de 1718 indivíduos pertencentes à 11
espécies e ao grupo dos cnidários (composta por água-viva e anêmona),
totalizando em biomassa 18,73 kg(Tab I). A proporção da captura da
espécie alvo para a sua fauna acompanhante (cnidofauna carcinofauna,
equinofauna, e malacofauna) foi de (1:0,0050; 1:0,0057; 1:0,0068;
1:0,0085; 1:0,065) repectivamente, totalizando para essas faunas
1:0,1318. BRANCO E VERANI (2006), para a região da penha encontrou
uma variação de 67 a 82 espécies na fauna acompanhante incluindo a
ictiofauna.
O grupo da fauna acompanhante com maior contribuição em
biomassa e números de exemplares nas capturas, durante o período de
amostragem foi a Carcinofauna com 9,36% (Fig. 1), sendo as espécies
mais representativas foram o siri-azul, Calinectes ornatus com 684
exemplares e uma biomassa total 6,00 kg, seguido do Callinectes dannae
Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
com 176 e 4,82 kg respectivamente (Tab. I). Os demais grupos,
contribuíram com apenas 3,71% do total da fauna acompanhante
analizada, representando 5,32 kg do peso total (Fig. 2). Na região da
Armação do Itapocoroy, Bail (2003) verificou que a contribuição da
carcinofauna foi de 18% para a pesca do camarão sete-barbas.
Tabela I. Relação das espécies de macroinvertebrados e suas respectivas freqüências no período de coleta na região da Baía de Tijucas, SC, durante janeiro/2005 a janeiro/2006. A ocorrência das espécies está representada por r = regular (9 a 12 meses), s = sazonal (6 a 8 meses) e o = ocasional (1 a 5 meses).
Família/Espécie 2005 N Biomassa ocorrêcia
CNIDARIA água viva 9 0,44 o anêmona 106 0,58 r
MOLLUSCA/ GASTROPODA
Nassariidae Buccinanops gradatum (Deshayes, 1844) 85 0,81 r
Olividae Olivancillaria urceus (Röding, 1798) 32 0,35 o
MOLLUSCA/ CEPHALOPODA
Loligonidae Loligo sanpaulensis (Brakoniecki, 1984) 328 1,75 r
CRUSTACEA/ MALACOSTRACA
Calappidae Hepatus pudibundus (Herbst, 1785) 32 0,84 s
Leucossidae Persephona mediterranea (Herbst, 1794) 15 0,09 s Persephona punctata (Linnaeus, 1758) 100 1,28 r
Majidae Libinia spinosa (H. Milne Edwards, 1834) 22 0,39 o
Portunidae Callinectes danae (Smith, 1869) 176 4,82 r Callinectes ornatus (Ordway, 1863) 684 6,00 r
Astropectinidae Astropecten marginatus (Gray, 1840) 115 0,54 r
Luidiidae Luidia senegalensis (Lamarck, 1816) 14 0,84 o Total 1718 18,73
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4
As espécies que apresentaram ocorrências regulares durante o ano
foram Buccinanops gradatum (Deshayes, 1844), Loligo sanpaulensis (Lula)
(Brakoniecki, 1984), Persephona punctata (garanguejo aranha) (Linnaeus,
1758), Callinectes danae (siri-azul)(Smith, 1869), Callinectes ornatus (siri-
azul)(Ordway, 1863), Astropecten marginatus (estrela do mar)(Gray,
1840) e anêmona, que não foi identificada a nível de espécie. Estas
espécies foram capturadas em trabalhos de arrasto do camarão-sete
barbas nas regiões sul e sudeste do litoral brasileiro (Branco & Fracasso,
2004, Graça-Lopes et al; 2002), (Nagakaki et al; 1995).
Contribuição em número de exemplares
0,71
0,81
0,97
1,22
9,36
86,93
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Cnidaria
Gastropoda
Echinodermata
Cephalopoda
Crustacea
X. Kroyeri
%
Figura 1. Participação em número de exemplares dos grupos pertencentes à fauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.
Pág. 5-8 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
Contribuição em biomassa
124,6
13,41
1,39
1,02
1,16
1,75
0 20 40 60 80 100 120 140
Cnidaria
Gastropoda
Echinodermata
Cephalopoda
Crustacea
X. Kroyeri
Kg
Figura 2. Contribuição em quilogramas dos grupos pertencentes à fauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.
As figuras de 3 a 9 mostram as variações mensais da captura das
espécies que apresentaram distribuição de ocorrência regular no presente
estudo. Na figura 3, a maior captura de anêmonas concentrou-se no mês
de fevereiro e ausência em julho, contribuindo no ano com 106 indivíduos
e um peso de 0,58 kg (Tab. I). Bail (2003) encontrou valores semelhantes
no trabalho realizado na região da Penha, SC, o que corrobora com os
valores obtidos para anêmona na Baía de Tijucas, SC.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4
anêmona
0
5
10
15
20
25
30
J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses
N
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
Kg
Número
Biomassa
Figura 3. Variações mensais da anêmona na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.
A espécie Buccianops gradatum não foi verificada para os meses de
janeiro/05 e junho/05, porem nos demais meses apresentou valores de
peso e número de indivíduos para setembro/2005 a janeiro/2006, (Fig. 4
). Isto pode ser explicado pelas amostragens efetuadas aleatoriamente na
baía de Tijucas, abrangendo áreas distintas nos meses em questão. Sua
captura anual foi de 85 exemplares, com uma biomassa de 0,81 kg (Tab.
I).
Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
Buccinanops gradatum
0
2
4
6
8
10
12
14
J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses
N
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,1
0,11
Kg
Número
Biomassa
Figura 4. Variações mensais da B. gradatum na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.
Na região da Penha, Bail (2003), registrou a ocorrência de 70
indivíduos de L. sanpaulensis, porém na baía de Tijucas foram capturados
um número superior de exemplares (328), totalizando 1,8 kg no ano (Tab.
I), com picos em agosto e setembro e ausência em julho (Fig. 5). Este
valor pode estar sendo influenciado pelas amostragens aleatórias.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4
Loligo sanpaulensis
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses
N
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
Número
Biomassa
Figura 5. Variações mensais da L. sanpaulensis na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baía de Tijucas, SC.
Persephona Punctata foi à espécie mais representativa em peso nos
meses de outubro a janeiro/2006, com um pico de captura em número de
exemplares no mês de março/2005, estes valores podem estar indicando
uma maior ocorrência de juvenis em março (Fig. 6). A captura anual
totalizou 100 indivíduos, atingindo uma biomassa total de 1,28 kg (tab. i).
Pág. 5-12 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
Persephona punctata
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses
N
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,04
0,045
0,05
0,055
Kg
Número
Biomassa
Figura 6. Variações mensais da P. punctata na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.
Para Callinectes ornatus, as maiores biomassas ocorreram em
setembro/2005 a janeiro/2006 e uma baixa captura, sendo em abril, maio
e julho uma alta taxa de captura e uma biomassa reduzida, demonstrando
assim que a alta captura é nos indivíduos de pequeno porte (juvenis) e a
alta biomassa e pequena captura nos adultos (fig.7).
Branco & Lurnadon-Branco (1993), encontraram para os meses de
setembro à janeiro um incremento de juvenis na população de Matinhos,
PR, e captura de adultos para os outros meses, corroborando com o
comportamento e biologia da espécie para a baía de Tijucas. Foi a espécie
que apresentou maiores números, tanto em indivíduos quanto em peso.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4
Callinectes ornatus
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses
N
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1,1
1,2
Kg
Número
Biomassa
Figura 7. Variações mensais da C.ornatus na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.
O siri-azul Callinectes dannae foi a segunda espécie que mais
contribuiu em biomassa e número de exemplares na fauna acompanhante
analisada da pesca do camarão sete barbas. as maiores capturas, tanto
em biomassa, quanto em número de indivíduos ocorreram em junho e as
menores capturas em setembro.
Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
Callinectes danae
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses
N
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1,1
1,2
Kg
Número
Biomassa
Figura 8. Variações mensais da C.danae na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.
Já a Astropecten Marginatus (fig.9) apresentou uma captura de 115
indivíduos e uma biomassa de 0,54 kg, com pico de captura em fevereiro e
ausência nos meses de julho, agosto e setembro. Bail, (2003) encontrou
valores semelhantes para as áreas de trabalho na região da Penha, o que
corrobora com o presente estudo.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4
Astropecten marginatus
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
J/05 F M A M J J A S O N D J/06 meses
N
0
0,015
0,03
0,045
0,06
0,075
0,09
0,105
0,12
0,135
0,15
0,165
0,18
Kg
Número
Biomassa
Figura 9. Variações mensais da A. marginatus na pesca artesanal do camarão sete-barbas, na região da Baia de Tijucas, SC.
4. Considerações Finais
Segundo BRANCO (2005) os dados disponíveis na maioria dos
estudos com relação ao impacto da pesca artesanal do camarão sete-
barbas na Armação do Itapocoroy, não determinam os reais impactos
ecológicos desta modalidade pesqueira.
Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
5. Referências Bibliográficas
ANSARI, Z. A.; CHATTERFI, A.; INGOLE B. S.; SREEPADA, R. A.;
RIVONKAR, C. U. & PARULEKAR, A.H. Community structure and seazonal
variation of inshore demersal fish community at Goa, west of India.
Estuar.coast.Shelf.Sci., V.41, p.417-430, 1995.
COELHO, J.A.P.; A. PUZZI; R. GRAÇALOPES; E.S. RODRIGUES & O. PRETO
JR. 1986. análise da rejeição de peixes na pesca artesanal dirigida ao
camarão sete-barbas (xiphopenaeus kroyeri) no litoral do estado de são
paulo. Boletim do Instituto de Pesca, são paulo, 13(2): 51-61.
BAIL, G. C. 2003. Aspectos sócio-econômicos da Pesca do Camarão
Sete-Barbas (Xiphopenaeus kroyeri), Fauna Acompanhante e suas
Relações com as Aves Marinhas na Região de Penha, SC. Relatório
Final - PIBIC, Universidade do Vale do Itajaí, Santa Catarina.
BRANCO, J. O. & LUNARDON-BRANCO, M. J. 1993a. Aspectos da biologia
do Callinectes ornatus ORDWAY, 1863 (DECAPODA, PORTUNIDAE) na
Região de Matinhos, Paraná, Brasil. Arq. Biol. Tecnol. 36 (3): 489-496.
BRANCO, J. O.; VERANI, J. R. 2006. Análise quali-quantitativa da
ictiofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas, na Armação
do Itapocoroy, Penha, Santa Catarina. Revista Brasileira de Zoologia,
Curitiba, PR. 23 (2): 381-391.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-17
_________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.4
BRANCO, J. 0. 1996. Ciclo e ritmo alimentar de Callinectes danae SMITH,
1869 (DECAPODA, PORTUNIDAE) na Lagoa da Conceição, Florianópolis,
SC. Arq. Biol. Tecnol., Curitiba, 39 (4): 987-998.
BRANCO, J. O. 1999. Biologia do Xiphopenaeus kroyeri (Heller,
1862) (Decapoda: Penaeidae), análise da fauna acompanhante e
das aves marinhas relacionadas a sua pesca, na região de Penha,
SC, Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Carlos, SP, 147p.
BRANCO, J. O. & FRACASSO, H. A. 2004. Biologia populacional de
Callinectes ornatus (Ordway) na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Rev.
Bras. de Zoo. 21(1):91-96, 2004
PEREZ-FARFANTE, I. 1978. Srhimps and prawns. In: Fisher, W. (Ed.).
FAO species identifications sheets for fishery proposes. Western
Central Atlantic (Fishery Area 31), Rome: FAO. Vol. 6.
NAGAKAKI, J.M.; M.L. NEGREIROS-FRANSOZO & A. FRANSOZO. 1995.
Composição e abundância de camarões marinhos (Crustacea, Decapoda,
Penaeidae) na Enseada de Ubatuba, Ubatuba (SP), Brasil. Arquivo de
Biologia e Tecnologia, Curitiba, 38 (2): 583-591.
MELO, G.A.S. 1996. Manual de identificação dos Brachyura
(caranguejos e siris) do litoral brasileiro. São Paulo: Plêiade/FAPESP.
604p.
Pág. 5-18 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.4
GRAÇA-LOPES, R.; A. PUZZI; E. SEVERINO-RODRIGUES; A.S.
BARTOLOTTO; D.S.F. GUERRA & K.T.B. FIGUEIREDO. 2002. Comparação
entre a produção de camarão sete-barbas e de fauna acompanhante pela
frota de pequeno porte sediada na Praia de Perequê, Estado de São Paulo,
Brasil. Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo, 28(2): 189-194.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.5
_________________________________________________________________________________
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
ANEXO 5.5. CARACTERIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA NA PESCA DO CAMARÃO
SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar
LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA E EXTENSÃO PESQUEIRA
ANEXO 5.5 - CARACTERIZAÇÃO DA ICTIOFAUNA ACOMPANHANTE NA PESCA DO
CAMARÃO SETE-BARBAS NA BAÍA DE TIJUCAS, SC.
Responsável técnica:
GISLEI CIBELE BAIL
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-3
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.5
APRESENTAÇÃO
Este trabalho apresenta características da ictiofauna presente na
Baía de Tijucas, onde a atividade da pesca camaroeira é regular. Esta arte
de pesca apresenta baixa seletividade, possuindo como característica
marcante a captura de grandes quantidades de invertebrados e peixes,
muitas vezes rejeitados e descartados pelo seu pequeno tamanho ou por
não haver mercado para a sua comercialização. A ictiofauna
acompanhante da pesca do camarão forma em todo o mundo um
conhecido e discutido recurso que tende a ser subutilizado em muitas
áreas do mundo e totalmente utilizado em outras. O camarão sete-barbas,
devido a sua abundância, desempenha um importante papel sócio-
econômico para diversas comunidades de pescadores artesanais do litoral
brasileiro, os quais retiram o sustento de seus familiares utilizando
embarcações de pequeno porte e atuando em regiões mais próximas da
costa. Foram realizados acompanhamentos mensais da atividade
pesqueira de arrasto, entre novembro/2004 a janeiro/2006, em áreas
distribuídas na Baía de Tijucas, decidida pelo pescador–colaborador no dia
da amostragem, entre as isóbatas de 3,5 e 35 metros de profundidade. As
capturas obtidas foram triadas pelo acadêmico Jonas Rodrigues Leite, sob
orientação do professor Dr. Maurício Hostim-Silva, onde obteve-se dados
quali-quantitativos das espécies. Posteriormente os dados receberam
tratamento, sendo analisada a diversidade, abundância, flutuações
sazonais, bem como a proporção de camarão sete-barbas/ictiofauna
acompanhante.
Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
RESULTADOS
Em 26 lances de pesca acompanhados durante o período, foram
capturados 8338 exemplares entre peixes pelágicos e demersais,
pertencentes a 25 famílias e distribuídas em 44 espécies (Tab. I).
Tabela I. Relação das espécies de peixes acompanhantes na pesca artesanal do camarão sete-barbas, durante o período de dezembro/04 a janeiro/06. N = número de indivíduos capturados, Biomassa total capturada, Lt (cm) < e >= comprimento total mínimo e máximo.
Família Espécie Nome Popular N Biomassa
(g)
Lt <
(cm) Lt > (cm)
Achiridae Achirus lineatus Sola 2 17,84 9,10 4,20
Ariidae Cathorops spixii Bagre amarelo 8 63,70 13,50 5,50
Genidens barbus Bagre branco 196 1836,75 27,00 4,00
Genidens genidens Bagre favudo 57 1271,09 23,00 5,00
Batrachoididae Porichthys porosissimus Sapo luminoso 262 2766,86 29,00 4,50
Carangidae Chloroscombros chrysurus Palombeta 109 420,27 13,40 4,30
Selene setapinnis Galo 92 473,88 12,60 3,20
Selene vomer Galo de penacho 277 1524,92 14,90 3,70
Clupeidae Harengula clupeola Sardinha cascuda 2 5,30 7,00 6,80
Sardinela brasiliensis Sardinha
verdadeira 27 67,03 15,00 5,00
Pellona harroweri Sardinha-mole 1193 10734,30 18,80 3,00
Cynoglossidae Symphurus tesselatus Língua de sogra 87 868,33 16,20 7,90
Engraulidae Lycengraulis grossidens Manjuvão 172 1010,12 17,50 5,30
Cetengraulis edentulus Manjuvinha 176 1260,61 16,50 3,80
Ephippidae Chaetodipterus faber Enchada 2 61,68 9,50 8,70
Gerreidae Eucinostomus
melanopteros Escrivão 1 39,60 15,20 15,20
Haemulidae Pomadasys corvinaeformis Corcoroca 1 16,19 10,50 10,50
Orthopristis ruber Corcoroca 1 233,81 26,20 26,20
Monacantidae Stephanolepis hispidus Peixe porco 3 35,85 11,50 2,00
Muraenidae Gymnotorax ocellatus Moréia pintada 1 204,12 45,50 38,30
Ophicthidae Ophichthus gomesii Cobra dáguá 12 1184,50 51,20 5,60
Paralichthydae Etropus crassotus Linguado 1 14,92 9,30 9,30
Citharichthys spilopterus Linguado 96 711,85 17,80 5,00
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
Phycidae Urophycis brasiliensis Abrótea 39 385,61 16,10 6,50
Pomatomidae Pomatomus saltator Enchova 1 27,75 14,60 14,60
Sciaenidae Isopisthus parvipinnis Pescadinha 409 2880,81 20,70 3,60
Larimus breviceps Oveva 17 72,74 10,50 3,70
Macrodon ancylodon Pescada foguete 152 1194,23 18,50 3,00
Menticirrhus americanus Papa terra 1 360,37 31,50 31,50
Micropogonias furnieri Corvina 159 1986,90 17,10 5,00
Stellifer rastrifer Cangoá 2740 15756,23 20,60 1,50
Stellifer stellifer Cangoá 560 3440,62 16,70 4,00
Stellifer brasilienis Cangoá 74 602,86 16,90 4,10
Paralonchurus brasilienis Maria Luiza 994 10882,94 29,00 2,30
Scombridae Scomberomorus cavalla Cavala 1 16,86 14,50 14,50
Serranidae Diplectrum radiale Aipim 1 155,66 21,10 21,10
Stromateidae Peprilus paru Gordinho 61 1299,45 18,50 3,00
Synodontidae Synodus foetens Peixe lagarto 1 65,45 21,60 21,60
Tetradontidae Sphoeroides greely Baiacu 4 546,24 26,00 8,10
Sphoeroides spengleri Baiacu 1 9,26 8,00 6,50
Sphoeroides testudineus Baiacu 2 253,42 23,20 5,70
Lagocephalus laevigatus Baiacu arara 44 301,22 10,50 3,80
Trichiuridae Trichiurus lepturus Espada 288 8489,25 79,50 8,90
Triglidae Prionotus punctatus Cabrinha 11 112,72 15,00 6,60
CONTRIBUIÇÃO EM NÚMERO DE EXEMPLARES E BIOMASSA
Das 25 famílias coletadas, quatro representaram 85,50% do total de
exemplares capturados (Fig. 1). A família Sciaenidae foi responsável por
61,03% do número total de peixes capturados, seguidos da Clupeidae
(14,60%), Carangidae (5,71%) e Engraulidae (4,16%); enquanto que as
21 famílias restantes, denominadas outras (Tab. I), contribuíram em
conjunto com apenas 14,50% do número total de espécimes da ictiofauna
(Fig. 1).
Em relação ao peso, quatro famílias somaram 71,45% da biomassa
total (Fig. 2). A família Sciaenidae superou as demais, com 50,42%,
seguida da Clupeidae (14,66%), Carangidae (3,28%) e Engraulidae
Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
Contribuição em número de indivíduos
4,16%
5,71%
14,60%
14,50%
61,03%
Engraulidae
Carangidae
Clupeidae
Outras
Sciaenidae
Contribuição em biomassa
3,08%
3,28%
14,66%
28,56%
50,42%
Engraulidae
Carangidae
Clupeidae
Outras
Sciaenidae
(3,08%) (Fig. 2). As demais famílias representaram 28,56% da biomassa
total capturada.
Figura 1. Contribuição em número de indivíduos das principais famílias da ictiofauna acompanhante na pesca artesanal do camarão sete-barbas.
Figura 2. Contribuição em biomassa das principais famílias da ictiofauna acompanhante na pesca artesanal do camarão sete-barbas.
A tabela II mostra a contribuição em número de exemplares e
biomassa das espécies mais abundantes da ictiofauna. Das cinco espécies
dominantes, quatro pertencem à família Sciaenidae e uma à Clupeidae.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
Stellifer rastrifer contribui com 32,86% em número de indivíduos, seguido
de Pellona harroweri (14,31%), Paralonchurus brasiliensis (11,92%),
Stellifer stellifer (6,72%) e Isopisthus parvipinnis (4,91%). Para a
biomassa, obteve-se o mesmo padrão, com exceção de P. brasiliensis, que
ocupou o segundo lugar, superando P. harroweri. A tabela II, indica que
Stellifer rasfrifer foi à espécie que participou com maior número de
exemplares e biomassa.
Tabela II. Participação em número de exemplares e biomassa (g) das espécies mais abundantes da ictiofauna acompanhante na pesca do camarão sete-barbas.
Família/Espécie Nome
popular N % Biomassa %
Clupeidae
Pellona harroweri Sardinha
mole 1193 14,31 10734,30 14,57
Sciaenidae
Paralonchurus
brasiliensis Maria Luiza 994 11,92 10882,94 14,77
Isophistus parvipinnis Pescadinha 409 4,91 2880,81 3,91
Stellifer stellifer Cangoá 560 6,72 3440,62 4,67
Stellifer rastrifer Cangoá 2740 32,86 15756,23 21,39
Total 5896 70,71 43694,9 59,32
ESTRUTURA DE COMPRIMENTO DAS ESPÉCIES MAIS ABUNDANTES
Para a análise de distribuição do comprimento total, consideraram-se
apenas as espécies mais representativas (Tab. II).
Para P. harroweri, observou-se uma distribuição de freqüência
polimodal, sendo as modas nas classes de 6,0, 9,0, 11,0 cm e menos
representativas nas classes de 15,0 e 19,0 cm. A amplitude do
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
N = 1193
Lt M = 9,2
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Lt (cm)
N
N = 994
Lt M = 10,0
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 Lt (cm)
N
comprimento total variou de 3,0 a 19,0 cm e o comprimento total médio
foi de 9,2 cm (Fig. 3).
Figura 3. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para P. harroweri.
Paralonchurus brasiliensis apresentou amplitude de comprimento
total entre 3,0 a 29,0 cm. A distribuição de freqüência apresentou
tendência do tipo polimodal, sendo que a moda mais representativa
ocorreu na classe de 10,0 cm e o comprimento total médio da espécie foi
de 10,0 cm (Fig. 4).
Figura 4. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para P. brasiliensis.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
N = 560
Lt M = 7,0
0
20
40
60
80
100
120
140
160
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Lt (cm)
N
N = 409
Lt M = 8,0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Lt (cm)
N
Isopisthus parvipinnis também apresentou distribuição de freqüência
polimodal, com picos mais representativos nas classes de 6,0 e 9,0 cm. A
amplitude de comprimento total variou entre 4,0 e 21,0 cm (Fig. 5), com
comprimento total médio de 8,0 cm.
Figura 5. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para I. parvipinnis.
Para Stellifer stellifer o comprimento variou entre 4,0 e 17,0 cm,
apresentando uma distribuição de freqüência polimodal, sendo que a moda
mais representativa ocorreu na classe de 7,0 cm. O comprimento total
médio da espécie foi de 7,0 cm (Fig. 6).
Figura 6. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para S. stellifer.
Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
N = 2740
Lt M = 7,3
0
200
400
600
800
1000
1200
4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Lt (cm)
N
Stellifer rastrifer ocupou o primeiro lugar em número de
indivíduos e biomassa. A figura 7 mostra que a distribuição de
freqüência de comprimento total dessa espécie foi do tipo unimodal
na classe de 8,0 cm. Sua amplitude de comprimento variou de 4,0 a
21,0 cm e seu comprimento total médio foi de 7,3 cm (Fig. 7).
Figura 7. Distribuição de freqüência por classe de comprimento total para S. rastrifer.
FLUTUAÇÕES SAZONAIS DA ICTIOFAUNA
A figura 8 mostra a variação do número médio de exemplares
capturados e a biomassa média ao longo do período de coleta.
Para o número de exemplares, as maiores contribuições ocorreram
nos meses de janeiro, seguido de um declínio em fevereiro, novo
incremento no mês de março e queda gradativa até dezembro, intercalado
por pequenas oscilações nos meses de julho e outubro.
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
(a)
0
200
400
600
800
1000
1200
N/04 J F M A M J J A S O N D meses
N
(b)
0
1
2
3
4
5
6
7
N/04 J F M A M J J A S O N D meses
Captu
ra m
édia
mensal (
kg)
Para a biomassa, observou-se flutuações sazonais mais acentuadas,
onde registrou-se pico de captura para o mês de janeiro (6,42 kg) e
menores capturas em junho (0,89 kg).
Numa análise geral, verificou-se que a ictiofauna acompanhante
apresentou maiores contribuições em exemplares e biomassa no início do
verão (janeiro) e menores capturas nos meses da primavera (outubro,
novembro e dezembro).
Figura 8. Variação mensal em número médio de exemplares (a) e em biomassa média (b) da ictiofauna acompanhante da pesca artesanal do camarão sete-barbas na Baía de Tijucas.
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
PROPORÇÃO ENTRE CAMARÃO SETE-BARBAS E ICTIOFAUNA
Para cada kg de camarão sete-barbas capturado, registraram-se
0,59 kg de peixes (Tab. III).
Tabela III. Proporção das Ictiofauna capturada na pesca de arrasto dirigida ao camarão
sete-barbas, na Baía de Tijucas.
Relação Proporção (kg)
Camarão sete-barbas: Ictiofauna 1: 0,59
DISCUSSÃO
A fauna capturada na pesca do camarão sete-barbas é caracterizada
por uma grande multiplicidade faunística, sendo composta por crustáceos,
peixes, moluscos, equinodermos e cnidários (RODRIGUES et al., 1985;
BRANCO, 1999). Geralmente a participação dessa fauna nos arrastos é
elevada, superando a quantitade de camarões em condições de
comercialização (COELHO et al., 1986). Essa fauna capturada além de
diminuir a seletividade da rede, ocupando espaço, acaba sendo devolvida
morta ao mar, por tratar-se de espécies sem valor de mercado ou por ser
composta por exemplares de pequeno tamanho de algumas espécies de
interesse econômico (BRANCO, 1999).
Em relação aos grupos integrantes da fauna acompanhante,
BRANCO & VERANI (2006b) ressalta que os peixes são os mais
abundantes e de maior interesse econômico.
Alguns autores (COELHO et al., 1986; RUFFINO & CASTELLO,
1992/93) defendem que a pesca de arrasto é predatória e realizada
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
freqüentemente em áreas consideradas criadouros de diversas espécies de
peixes juvenis. RODRIGUES et al., (1985) ainda enfatiza que se
desconhece até que ponto a grande mortalidade dessa fauna afetará o
equilíbrio ecológico das áreas de pesca.
Para o presente estudo, a fauna acompanhante da pesca de arrasto
direcionada ao camarão sete-barbas foi representada por 44 espécies
pertencentes ao grupo dos peixes (Ictiofauna). Para BRANCO (1999), o
número de espécies da ictiofauna oscila entre as regiões, com tendência a
um incremento do Sul para o Sudeste do Brasil. A tabela IV apresenta uma
comparação entre o número de espécies obtidas em diferentes regiões, de
acordo com a literatura.
Tabela IV. Comparação entre os números de espécies de ictiofauna acompanhante na pesca de arrasto de camarão em diferentes áreas.
Local Autor Nº de espécies
Barra do Rio Grande/RS RUFFINO & CASTELLO (1992/93) 47 Barra do estuário da Lagoa dos Patos/RS PEREIRA (1994) 55 Baía de Tijucas/SC PIETZSCH & NETO (1974/75) 21 Penha/SC BRANCO (1999) 41 Penha/SC BAIL & BRANCO (2003) 37 Baía de Guaratuba/PR CHAVES & CÔRREA (1998) 60 Baía de Santos/SP PAIVA-FILHO & SCHMIEGELOW (1986) 55 Baía de Santos/SP GIANNINI & PAIVA-FILHO (1990) 92 Baía de Santos e Praia de Perequê/SP RODRIGUES & MEIRA (1988) 33 Litoral de São Paulo COELHO et al., (1986) 77 Litoral de São Paulo GRAÇA-LOPES (1996) 62 Litoral do Rio de Janeiro ARAÚJO et al., (1998) 97 Balneário de Itaoca, Itapemirim/ES PINHEIRO et al., (2005) 57 Foz do Rio São Francisco (Alagoas/Sergipe) TISCHER & SANTOS (2001) 18 Pontal do Peba/AL SANTOS et al., (1998) 61 Tamandaré/ PE SANTOS et al., (1998) 60
Quatro famílias representaram 85,50% do total de exemplares, onde
a família Sciaenidae dominou tanto em número de exemplares, quanto em
biomassa. A dominância desta família é relatada para diversas regiões
costeiras do sudeste/sul do Brasil (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
SCHMIEGELOW ,1986; GIANNINI & PAIVA-FILHO, 1990; RUFFINO &
CASTELLO, 1992/93; SANTOS et al., 1998; BRANCO, 1999; KRUL, 1999;
HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO, 2003; BRANCO & VERANI,
2006b). COELHO et al., (1986) sugere que tal fato decorre provavelmente
de que as espécies da família Sciaenidae são mais comumente
encontradas no estrato demersal do ambiente costeiro. MENEZES &
FIGUEIREDO (1980) citam que espécies dessa família são típicas em águas
rasas com fundos de areia ou lama, coincidindo com o tipo de substrato da
área de pesca, onde atuam a frota do camarão sete-barbas na baía de
Tijucas.
Cinco espécies dominaram as amostragens realizadas pelo projeto
Pesca Responsável na Baía de Tijucas, sendo 4 pertencentes à família
Sciaenidae: maria luiza, duas espécies de cangoás e a
pescadinha/tortinha, e outra à família Clupeidae (sardinha mole). A análise
da distribuição de freqüência por classe de comprimento efetuada para os
dados obtidos no Projeto Pesca Responsável, e a sobreposição dos
tamanhos de primeira maturação descritos na literatura para as espécies
em questão, observa-se que a pesca de arrasto direcionada ao camarão
sete-barbas na baía de Tijucas incide mais sobre o estoque juvenil das
espécies de peixes predominantes. Para os cangoás Stellifer rastrifer,
COELHO et al., (1985) estabeleceu o tamanho de 1º maturação em 9,5 cm
pra fêmeas e 9,7 cm para os machos. Para S. stellifer, ALMEIDA (2002)
descreve o tamanho médio em torno de 7,5 cm para fêmeas e 8,1 cm
para machos. Já para a maria luiza (Paralonchurus brasiliensis), TINOCO
(2002) obteve 14,8 cm para as fêmeas e 15,0 cm para os machos.
Enquanto que para a pescadinha/tortinha (Isophistus parvipinnis),
COELHO et al., (1988) estabeleceu o comprimento de 1º maturação em
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
10,7 cm para ambos os sexos. Não foi encontrado na literatura o Lc50%
para a sardinha mole (Pellona harroweri).
A constatação de uma maior incidência da pesca de arrasto com
portas direcionada a captura de camarões sobre peixes juvenis já era
esperada, devido ao tamanho de malha utilizada nas redes empregadas.
As profundidades das áreas de pesca também podem acarretar em
maiores capturas de indivíduos pequenos, pois diversas espécies de peixes
juvenis utilizam áreas mais rasas como criadouros (COELHO et al., 1986;
RUFFINO & CASTELLO, 1992/93).
Numa análise geral das espécies capturadas, detecta-se que
aproximadamente 20 espécies ocorreram ocasionalmente, corroborando
com vários autores que apresentam que apenas uma parcela de espécies
domina em número e biomassa, sendo a ictiofauna constituída na sua
maioria por espécies ocasionais (COELHO et al.,1986; PAIVA-FILHO &
SCHMIEGELOW ,1986; RUFFINO & CASTELLO, 1992/93; ARAÚJO et al.,
1998; BRANCO, 1999; HOSTIM-SILVA et al., 2002; BAIL & BRANCO,
2003).
Ressalta-se que das espécies capturadas na baía de Tijucas, apenas
os bagres (N=261), a enchova (N=1), a pescada foguete (N=152), o
papa-terra (N=1), a corvina (N=159) e a cavala (N=1) possuem algum
valor comercial. Destas, a captura mais expressiva se deu sob os bagres,
sendo que estes são alvo de capturas e comércio apenas para a
comunidade de Tijucas e Santa Luzia, as quais atuam na modalidade de
rede de emalhar mais intensamente, principalmente Tijucas.
Outro fato que deve ser considerado é em relação a captura elevada
dos Cangoás e Maria Luiza, as quais são agrupadas e consideradas como
“mistura”. Estas espécies em geral não possuem valor comercial, por
serem em média de pequeno tamanho são capturadas e descartadas,
Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.5
exceto exemplares de maiores comprimentos, os quais são separados e
aproveitados eventualmente para o próprio consumo das famílias de
pescadores. Porém, durante a execução do Projeto Pesca Responsável e
monitoramento da atividade pesqueira, percebeu-se a pesca de arrasto de
parelha praticada por algumas embarcações da comunidade se Zimbros e
Canto Grande. Esta prática visa a captura da “mistura” (cangoás e maria
luizas), as quais são adquiridas por peixarias do município de Bombinhas,
a R$ 0,50/kg em média. Essas capturas são sazonais (geralmente
ocorrendo no período dito como “miséria” da pesca do sete-barbas, que
abrange os meses de agosto a dezembro, de acordo com os pecadores),
atingindo capturas de até 1000 kg de mistura/dia de arrasto (≅ 8 horas).
Tal atividade é criticada pelas outras comunidades de entorno da
baía, as quais julgam ser uma atividade depredatória das comunidades de
peixes e camarões presentes na baía, e responsável pela queda na
produção pesqueira local nos últimos anos. Segundo pescadores da
comunidade de Santa Luzia, a população de cangoás vem diminuindo
progressivamente ao longo dos anos, chegando a interromper uma
tradição local, onde se realizava a “Festa do Cangoá” anualmente. Fato
esse, atribuído à atividade de arrasto de parelha, que desde 2000 vem
sendo praticada na baía.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Francisco (Alagoas/Sergipe – Brasil). Bolm. Téc. Cient. CEPENE,
Tamandaré, 9 (1):155-165.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.6
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
ANEXO 5.6. DINÂMICA DA BIOMASSA DO CAMARÃO SETE-BARBAS
(XIPHOPENAEUS KROYERI) NA BAÍA DE TIJUCAS E PADRÕES
ASSOCIADOS À EFICIÊNCIA DAS FROTAS PESQUEIRAS.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar
LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA
ANEXO 5.6 - DINÂMICA DA BIOMASSA DO CAMARÃO SETE-BARBAS (XIPHOPENAEUS KROYERI) NA BAÍA DE TIJUCAS E PADRÕES ASSOCIADOS À EFICIÊNCIA DAS FROTAS
PESQUEIRAS
Responsável técnico:
JOSÉ ANGEL ALVAREZ PEREZ
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-3
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta a análise da dinâmica espacial e temporal da
biomassa do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri disponível à
pesca na área de abrangência do projeto “Pesca Responsável na Baía de
Tijucas”. Da mesma forma se analisa a dinâmica da atividade pesqueira e
dos fatores associados à eficiência das capturas. Objetiva-se desta forma
sintetizar os principais padrões de exploração do recurso e a ampliar a
compreensão sobre dinâmica das interações recurso – usuário.
MATERIAL E MÉTODOS
Dados Analisados
A base de dados analisada foi obtida através do monitoramento
contínuo dos desembarques da frota de arrasteiros sediada nos municípios
que margeiam a Baía de Tijucas entre junho 2004 e agosto 2005. Este
monitoramento foi parte das atividades realizadas no âmbito do projeto
“Pesca Responsável na Baía de Tijucas” executado pelo Grupo de Estudos
Pesqueiros (GEP – UNIVALI) com apoio do Fundo Nacional do Meio
Ambiente (FNMA). Os dados pesqueiros foram obtidos por coletores
sediados nas comunidades pesqueiras dos municípios de Porto Belo,
Bombinhas, Tijucas e Governador Celso Ramos (Figura 1.).
Em cada comunidade foram realizadas entrevistas com pescadores
no retorno de suas viagens para a pesca de arrasto do camarão sete-
barbas a partir da qual foram levantadas informações sobre as
embarcações, as operações de pesca e as condições ambientais durante
essas operações (Tabela 1). As variáveis ambientais não foram
Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
provenientes de medições in situ, mas sim da perceptividade dos
pescadores que as classificaram de dentro de categorias pré-estabelecidas.
Essas informações foram tratadas como variáveis categóricas (por
exemplo, mês, local de desembarque etc.) ou contínuas (por exemplo:
captura, horas de arrasto). Algumas variáveis contínuas também foram
agrupadas em categorias após uma análise de sua distribuição de
freqüência acumulada e a delimitação dos principais quartis (Tabela 1).
Dentre as variáveis categorizadas vale destacar aquela denominada
“Nível de Dedicação” que reflete a freqüência das embarcações nos
registros de desembarque do camarão sete-barbas em todas as
comunidades durante o período de estudo. O objetivo em se definir essa
variável foi de avaliar potenciais interferências dos níveis de “experiência”
de pescadores individuais nas taxas de captura do estoque-alvo, que
poderiam afetar estimativas de abundância relativa desse estoque. As
categorias da variável “Nível de Dedicação” foram estabelecidas a partir da
análise da freqüência de desembarque de cada arrasteiro individualizado e
agrupamento destes em níveis de dedicação delimitados por percentuais
de contribuição aos desembarques totais registrados no período (Tabela
1).
A Captura por Unidade de Esforço (CPUE) do camarão sete-barbas
foi calculada para cada viagem registrada através da divisão da captura
total desembarcada pelo número total de horas arrastadas (kg.h-1).
Análise descritiva dos dados
As viagens foram agrupadas de acordo com os níveis das variáveis
categóricas (ou categorizadas) e foi avaliada a variação média do CPUE
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
como função dessas variáveis. Após a logaritmização do CPUE, uma
ANOVA foi aplicada com o objetivo de testar a significância do efeito de
cada variável categórica sobre a variação do CPUE. Em alguns casos um
teste do tipo Tucker foi aplicado a posteriori para identificar possibilidades
de reagrupamento das categorias com vistas à construção do Modelo
Linear Generalizado descrito a seguir.
Modelagem do CPUE
A variação do CPUE do camarão sete-barbas foi estudada a partir da
aplicação de um Modelo Linear Generalizado (MLG) (Gavaris, 1980). O
objetivo desta análise foi decompor a referida variação em suas diversas
fontes (fatores) de forma a se definir padrões temporais e espaciais de
abundância do recurso e os potenciais efeitos de elementos tecnológicos
(i.e. potência do motor, casario etc...), humanos (i.e. nível de dedicação,
comunidade de origem etc...) e ambientais (i.e. condições do mar, direção
do vento etc...) sobre a eficiência das capturas.
O modelo assumido foi:
ijeUUi j
ijr
∈
∏∏ ⋅= θ (1)
onde i é o índice dos fatores, j é o índice dos níveis de cada fator e Ur é
CPUE referencial, assumida como a CPUE do primeiro nível de cada fator.
Θij é o coeficiente que dimensiona o efeito relativo do j-ésimo nível do i-
ésimo fator em relação a Ur. Considerando que U é uma variável Log-
normal, Є é normal e o logaritmo do modelo é:
Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
∑∑ ∈++=i j
ijijrij UU θlogloglog (2)
Os fatores considerados no modelo foram resultado de uma análise
prévia da influência dos mesmos sobre a variabilidade do log do CPUE (ver
acima) incluindo um processo de reagrupamento dos níveis
preliminarmente propostos (Tabela 1). O efeito dos fatores assim definidos
foi avaliado previamente através de uma análise de variância (ANOVA) e
os resíduos gerados pelos modelos foram examinados a posteriori para
verificação do pressuposto de log-normalidade.
RESULTADOS
Padrões gerais de variabilidade da CPUE
As CPUEs de camarão sete-barbas obtidas pelas embarcações
monitoradas nas comunidades da Baía de Tijucas durante o durante o
período de estudo variaram entre 0,08 e 66,67 kg.h-1 oscilando em torno
do valor médio de 6,49 kg.h-1 (±0,189 kg.h-1 EP). As maiores CPUEs
médias de camarão sete-barbas (10-12 kg.h-1) foram obtidas pelos
desembarques realizados nas comunidades de Calheiros e Ganchos de
Fora. As menores, cerca de 3 kg.h-1, foram obtidas pelos desembarques
realizados na localidade de Canto dos Ganchos. Ganchos do Meio, Tijucas,
Santa Luzia e Zimbros tiveram rendimentos similares (5 – 6 kg.h-1)
(Figura 2).
As áreas de pesca mais internas incluindo Baixio, Baía de Tijucas e
Baías de Zimbros produziram as menores CPUEs médias durante o período
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-7
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
de estudo. Já as áreas externas foram as mais produtivas com CPUEs
médias entre 8 e 12 kg.h-1 registradas nos pesqueiros Macuco, Costeira
dos Ganchos, Ponta do Bota e Mar de Fora (Figura 3).
As CPUEs mostraram uma forte sazonalidade (Figura 4). Entre Julho
e Janeiro os rendimentos foram muito baixos, não ultrapassando 4 kg.h-1.
Já entre fevereiro e junho os rendimentos sofreram um incremento
considerável, sendo máximos (entre 17 – 19 kg.h-1) em abril e maio
(Figura 4).
As embarcações com casario, potência de motor superior a 20 HP e
maiores que 8,5 m de comprimento apresentaram rendimentos
ligeiramente maiores que as demais (Figura 5). Observa-se também um
crescente nas CPUEs médias obtidas por embarcações que tiveram
maiores níveis de dedicação à pescaria (maior participação nos
desembarques totais) (Figura 6). Porém, naquelas com maior participação
(>30% dos desembarques) o rendimento decaiu.
Viagens de pesca sob condições de mar agitado e tempo chuvoso
mostraram CPUEs ligeiramente maiores que em condições de tempo bom
e mar calmo (Figura 7). CPUEs ligeiramente mais elevados foram obtidos
sob influência de ventos do quadrante NE –E e SW-W o mesmo se
observando em relação ao sentido de fluxo da maré (Figura 8).
Abundância Relativa e Eficiência das Capturas
Os padrões de abundância relativa do camarão sete-barbas na Baía de
Tijucas e da eficiência das suas capturas durante o período de estudo
foram analisados através dos coeficientes gerados pelo MLG. Nesse
sentido, inicialmente procedeu-se uma análise da influência das variáveis
Pág. 5-8 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
categóricas (ou categorizadas), previamente definidas na coleta de dados,
sobre a variabilidade da CPUE logaritmizada (Tabela 2).
Essa análise revelou que as variáveis relacionadas à operação de
pesca (mês, localidade de desembarque e pesqueiro) exerceram a maior
influência sobre a variabilidade da CPUE. Dentre as características da
embarcação apenas o comprimento e a presença de casario influenciaram
significamente a CPUE com o nível de dedicação de cada embarcação
exercendo um efeito apenas marginal (p= 0,097) (Tabela 2). Dentre as
variáveis ambientais, apenas a direção da maré teve um efeito
siginificativo sobre a CPUE do camarão sete-barbas observando-se um
efeito marginal (p = 0,092) do clima.
Um teste Tucker foi realizado a posteriori sobre a variável “local de
desembarque” o que permitiu um reagrupamento dos níveis que
apresentaram efeitos semelhantes sobre a CPUE (Tabela 3). Assim, as
localidades de Calheiros, Ganchos de Fora e Ganchos do Meio foram
agrupadas em um nível denominado “Ganchos”. Também as localidades de
Canto Grande e Zimbros foram agrupadas na localidade “Zimbros”. Em
relação à variável “pesqueiros” não houve reagrupamento, mas sim a
eliminação de dois níveis previamente considerados, “Arvoredo” e “Ponta
do Bota”, devido ao reduzido número de casos disponível em cada nível.
Finalmente a variável “Mês” foi reagrupada em trimestres (Janeiro-Março;
Abril-Junho; Julho-Setembro; Outubro-Dezembro) para sua aplicação no
MLG. Os fatores incluídos no MLG estão apresentados na Tabela 3
juntamente com seus níveis definitivos.
Uma nova ANOVA foi executada avaliando-se o efeito dos fatores
selecionados sobre o Log CPUE (Tabela 4). Apenas o “nível de dedicação”
não apresentou efeitos significativos sobre a variável dependente sendo
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
ainda assim incluído no MLG. O MLG ajustado às CPUEs logaritmizadas do
camarão sete-barbas (Tabela 5) geraram resíduos com distribuição
próxima à log-normal, conforme pressupostos iniciais. Os fatores incluídos
no modelo foram responsáveis por 49,5% da variabilidade da CPUE sendo
a análise altamente significativas (p<0,001) (Tabela 5).
O camarão sete-barbas foi mais abundante nas áreas externas da Baía
de Tijucas (Figura 9). Particularmente os pesqueiros de Mar de Fora,
Macuco e Costeira dos Ganchos foram 65%, 30% e 19% maiores que o
pesqueiro do Baixio (nível referencial) respectivamente. A Baía de Zimbros
apresentou as menores abundâncias no período, sendo 35% inferior ao
pesqueiro do Baixio e 100% inferior ao Mar de Fora (Figura 9). O outono
foi o período de maior abundância relativa de camarão sete-barbas
superando em 37% a abundância do verão, 94% a abundância do inverno
e 103% a abundância da primavera (Figura 9).
A eficiência das viagens de pesca desembarcadas nas localidades de
Ganchos (Calheiros + Ganchos de Fora + Ganchos do Meio) foi 20 a 40%
superior às das demais localidades. As menos eficientes foram as viagens
desembarcadas em Tijucas. As embarcações com comprimento superior a
8,5m foram 14% mais eficientes que as menores. Já as embarcações com
e sem casario tiveram praticamente a mesma eficiência. As embarcações
que participaram com mais do que 5% nos desembarques totais tiveram
eficiências muito similares e em torno de 30% inferiores àquelas que
participaram menos de 5% dos desembarques.
Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
A disponibilidade do recurso camarão sete-barbas apresenta padrões
dinâmicos espaciais e temporais dentro da área de atuação doa Baía de
Tijucas. As maiores biomassas estão concentradas nas áreas mais
profundas e externas da Baía principalmente no primeiro semestre do ano
assim como já observado nas estimativas de biomassa total realizadas
como parte do referido projeto.
Graça-Lopes (1996) e Natividade (2006) descrevem que áreas mais
externas e profundas são mais produtivas em termos de biomassa,
enquanto que em áreas de baixa profundidade e grande turbidez são
capturados geralmente indivíduos jovens de sete-barbas, os quais não
contribuem muito em biomassa. Tal fato pode ser constatado para a Baía
de Tijucas, onde os menores rendimentos foram obtidos nas áreas do
Baixio, baía de Tijucas e baía de Zimbros.
O padrão sazonal tem sido associado ciclicidade do recrutamento que
se intensifica em fevereiro e mantêm a biomassa elevada até junho. Já o
padrão espacial de difícil interpretação, sendo que, a priori, deve-se levar
em conta que as áreas mais externas são mais distantes, menos seguras e
menos visitadas o que manteria densidades possivelmente mais elevadas.
Foi notória diferença dos níveis de eficiência das viagens
desembarcadas nas diferentes localidades do entorno da Baía, o que
sugere algum fator cultural no padrão de exploração do recurso. Uma
análise no padrão espacial de uso das diferentes comunidades, no entanto
(Figura 9) sugere que ao menos em parte essa diferença está associada
aos níveis de acesso aos pesqueiros mais externos e mais abundantes. Por
exemplo, as comunidades de Ganchos apresentam CPUEs mais elevadas
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-11
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
possivelmente como função de utilizarem principalmente uma área com
densidades mais elevada no extremo sul da Baía (Costeira dos Ganchos).
Já aquelas comunidades com uma maior freqüência de atuação no corpo
central da Baía ou nas regiões mais rasas da mesma realizam operações
de pesca menos produtivas.
Tais resultados podem indicar que pescadores de Ganchos possuem
um maior conhecimento em pesca, seja em relação às áreas de maior
abundância em camarão sete-barbas, seja em relação ao domínio da arte.
Ao contrário da comunidade de Tijucas, onde os coeficientes revelam que
as viagens menos eficientes foram desembarcadas nesta comunidade.
Levando-se em conta que muitas embarcações tijucanas trabalham
restritas aos limites da baía, preferencialmente na área do Baixio, tais
rendimentos já eram de se esperar, uma vez que estas áreas não são
abundantes em biomassa de camarão sete-barbas. Ressalta-se ainda que
a pesca nesta comunidade é uma atividade relativamente recente.
Embarcações maiores, também com eficiência superior, podem
permitir uma maior capacidade de deslocamento e permanência nessas
áreas externas e nesse sentido igualmente propiciar melhores
rendimentos, entretanto, gastos em combustível (óleo diesel) podem não
compensar o rendimento obtido pela comercialização da captura.
Ao contrário do que se esperava a freqüência de viagem das
embarcações apresentou uma relação contrária de eficiência o que merece
uma análise mais aprofundada dos dados. Esse resultado primeiramente
poderia indicar que houve falhas nas amostragens, entretanto,
considerando que o projeto mantinha uma sistemática de coleta de dados
diariamente, descarta-se essa hipótese. Porém, analisando as
peculiaridades da pesca de arrasto na baía de Tijucas, evidenciou-se que
Pág. 5-12 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
tal fato pode ser decorrente das embarcações que trabalham na
modalidade de arrasto esporadicamente.
Outro caso evidenciado, é que há pescadores que atuam na
atividade de arrasto somente durante o período de safra, o qual ocorria
até 2005 concomitantemente ao período de defeso, acarretando em um
número baixo de viagens devido ao risco de fiscalização, porém,
resultando em viagens eficientes em termos de biomassa capturada.
É possível, no entanto hipotetizar que esse padrão possa também
sofrer influência da posição geográfica das comunidades e dos pesqueiros
utilizados, uma vez que embarcações menos freqüentes nos
desembarques podem ser aquelas que também se dedicam a outras
modalidades de pesca durante o ano e nesse sentido tem maior tamanho e
possibilidade de utilizar os pesqueiros mais externos e mais produtivos.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-13
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Gavaris, S. 1980. Use of a multiplicative model to estimate catch rate
andeffort from commercial data. Can. J. Fish. Aquat. Sci. 37, 2272-2275
Graça-Lopes, R. 1996. A pesca do camarão sete-barbas Xiphopenaeus
kroyeri, HELLER (1862) e sua fauna acompanhante no litoral do Estadao
de São Paulo. Tese de Doutorado. Universidade Estadual Paulista, SP, 96
p.
Natividade, C. D. 2006. Estrutura Populacional e Distribuição do camarão
sete-barbas Xiphoepenaeus kroyeri (Heller,1862) (Decapoda: Penaeidae)
no litoral do Paraná, Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal
do Paraná, PR, 76 p.
Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
Tabela 1. Variáveis contínuas, categóricas e categorizadas consideradas para o estudo da CPUE do camarão sete-barbas registradas a partir do monitoramento da pesca de arrasto nas localidades da Baía de Tijucas entre 2004 e 2005.
Fonte de informação Variável Níveis de agrupamento 1. Embarcação Nome Potência do Motor
(HP) Igual ou menor que 20 HP
Maior que 20 HP Comprimento (m) Igual ou menor que 8,5 m Maior que 8,5 m Casario Presença Ausência Nível de Dedicação Responsável por menos do que 5% dos
desembarques Responsável por 5% a 20% dos desembarques Responsável por 20% a 30% dos desembarques Responsável por mais do que 30% dos
desembarques 2. Operação de pesca Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Local de Desembarque Calheiros Canto dos Ganchos Ganchos do Meio Ganchos de Fora Barra do Rio Santa Luzia Canto Grande Zimbros Pesqueiros Baixio Baía de Tijucas Baía de Zimbros Ilha do Macuco
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-15
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
Costão dos Ganchos Ponta do Bota Ilha do Arvoredo Mar de Fora Duração da viagem
(h)
Número de Lances Captura total (kg) 3. Condições ambientais
Clima Chuvoso
Ensolarado Nublado Variável Direção do Vento N – NE NE – E E – SE SE - S S – SW SW – W W – NW NW - N Condições do mar Agitado Moderado Calmo Direção da Maré N – NE NE – E E – SE SE - S S – SW SW – W W – NW NW - N Velocidade da maré Forte Moderada Fraca Transparência Clara Escura
Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
Tabela 2. ANOVA multifatorial aplicada sobre a variável Log CPUE do camarão sete-barbas obtida pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005. SQ, soma dos quadrados; GL, graus de liberdade; MQ, média dos quadrados; F, estatística F; p, probabilidade.
Fonte de variabilidade SQ GL MQ F p
N = 1169 r = 0,74 r2 = 55,0
1. Embarcação
Potência do Motor 0,222 1 0,222 0,476 0,490
Comprimento 5,066 1 5,066 10,857 0,001
Casario 2,584 1 2,584 5,537 0,019
Nível de Dedicação 2,954 3 0,985 2,110 0,097
2. Operações de
Pesca
Mês 299,548 8 37,444 80,240 <0,001
Local de Desembarque 35,093 7 5,013 10,743 <0,001
Pesqueiros 24,183 7 3,455 7,403 <0,001
3. Condições
Ambientais
Clima 2,235 2 1,117 2,394 0,092
Direção do Vento 5,097 7 0,728 1,560 0,143
Condições do Mar 0,386 2 0,193 0,414 0,661
Direção da Maré 7,918 7 1,131 2,424 0,018
Velocidade da Maré 1,788 2 0,894 1,915 0,148
Transparência 0,211 1 0,211 0,452 0,502
Erro 522,174 1119
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-17
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
Tabela 3. Fatores (i) e respectivos níveis (j) incluídos no Modelo Linear Generalizado ajustado às CPUEs logaritmizadas do camarão sete-barbas obtidas pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005. N = número amostral.
Fatores (i) Níveis (j) N Comprimento α1 <= 8,5 m 528 α2 > 8,5 m 667 Casario β1 Presença 385 β2 Ausência 810 Nível de Dedicação χ1 < 5% dos desembarques 51 χ2 5% a 20% dos
desembarques 177
χ3 20% a 30% dos desembarques
214
χ4 > 30% dos desembarques 174 Trimestre δ1 Janeiro – Março 353 δ2 Abril – Junho 526 δ3 Julho – Setembro 423 δ4 Outubro - Dezembro 174 Local do Desembarque
ε1 Ganchos 280
ε2 Canto dos Ganchos 212 ε3 Zimbros 295 ε4 Santa Luzia 434 ε5 Tijucas 266 Pesqueiro φ1 Baixio 110 φ2 Baía de Tijucas 777 φ3 Baía de Zimbros 40 φ4 Macuco 289 φ5 Costeira dos Ganchos 198 φ6 Mar de Fora 62 Clima γ1 Chuvoso 109 γ2 Ensolarado 968 γ3 Nublado 380
Pág. 5-18 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
Tabela 4. ANOVA multifatorial aplicada sobre a variável Log CPUE do camarão sete-barbas obtida pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005. SQ, soma dos quadrados; GL, graus de liberdade; MQ, média dos quadrados; F, estatística F; p, probabilidade.
Fonte de variabilidade
SQ GL MQ F p
N = 1172 r = 0,68 r2 = 46,3 1. Embarcação Comprimento 6,666 1 6,666 12,333 <0,001 Casario 3,189 1 3,189 5,901 0,015 Nível de Dedicação 1,110 3 0,370 0,684 0,562 2. Operações de Pesca
Trimestre 239,896 3 79,965 147,946 <0,001 Local de Desembarque 37,524 4 9,379 17,352 <0,001 Pesqueiros 27,689 5 5,538 10,246 <0,001 3. Condições Ambientais
Clima 9,241 3 3,080 5,699 0,001 Erro 618,334 1144
Tabela 5. Estimativa dos coeficientes da regressão, no Modelo Linear Generalizado aplicado às CPUEs logaritmizadas (ln kg.h-1, variável dependente) do camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri obtidas pela pesca de arrasto na Baía de Tijucas entre 2004 e 2005. EP, erro padrão; p, probabilidade; ICI, intervalo de confiança inferior; ICS, intervalo de confiança superior. Em negrito estão ressaltadas as estimativas dos coeficientes trimestrais, dos locais de desembarque e dos pesqueiros.
Nível do Fator Ln da estimativa EP p Estimativa ICI ICS
LnU11111111 2,242 0,127 <0,001 9,412 7,338 12,072
α2 0,477 0,064 <0,001 1,611 1,421 1,827 β2 0,079 0,046 0,084 1,082 0,989 1,184 χ2 -0,354 0,088 <0,001 0,702 0,591 0,834 χ3 -0,391 0,085 <0,001 0,676 0,573 0,799 χ4 -0,410 0,077 <0,001 0,664 0,571 0,772 δ2 0,317 0,056 <0,001 1,373 1,230 1,532 δ3 -0,840 0,058 <0,001 0,432 0,385 0,484 δ4 -1,066 0,071 <0,001 0,344 0,300 0,396 ε2 -0,722 0,076 <0,001 0,486 0,419 0,564
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-19
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
ε3 0,326 0,057 <0,001 1,385 1,239 1,549 ε4 0,768 0,069 <0,001 2,155 1,883 2,468 ε5 0,643 0,05 <0,001 1,902 1,725 2,098 φ2 -0,071 0,076 0,351 0,931 0,803 1,081 φ3 -0,445 0,138 0,001 0,641 0,489 0,840 φ4 0,260 0,087 0,003 1,297 1,094 1,538 φ5 0,171 0,103 0,096 1,186 0,970 1,452 φ6 0,502 0,122 <0,001 1,652 1,301 2,098 γ2 -0,058 0,073 0,429 0,944 0,818 1,089 γ3 -0,170 0,079 0,031 0,844 0,723 0,985
a N = 1479; R = 0,70; p < 0,001
Figura 1. A Baía de Tijucas incluindo os municípios do entorno e os pesqueiros
considerados neste estudo: (1) Baixio; (2) Baía de Tijucas; (3) Baía de Zimbros; (4)
Macuco; (5) Costeira dos Ganchos; (6) Ponta do Bota; (7) Ilha do Arvoredo; (8) Mar de
Fora.
Atlantic Ocean
Santa CatarinaIsland
48.7 48.6 48.5 48.4 48.3
Longitude W
27.5
27.4
27.3
27.2
27.1
27
Latitu
de S
1 2
34
56
7
8
Tijucas
GovernadorCelso Ramos
Bombinhas
Pág. 5-20 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
0
2
4
6
8
10
12
14
Calhe
iros
Can
to d
os G
anch
os
Can
to G
rand
e
Gan
chos
de
Fora
Gan
chos
do
Meio
Sta. L
uzia
Tijuca
s
Zimbr
os
Localidade
kg
/ho
ra
Figura 1. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) reportadas pelas embarcações que desembarcaram nas diferentes localidades da Baía de Tijucas – SC entre 2004 e 2005. Barras representam o Erro Padrão
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-21
_________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
0
2
4
6
8
10
12
14
Baixio
Mac
uco
Cos
teira
dos
Gan
chos
Ponta
do
Bot
a
Ilha
do A
rvor
edo
Mar
de
Fora
Pesqueiro
kg
/ho
ra
Figura 2. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas nas diferentes áreas de pesca (pesqueiros) da Baía de Tijucas e arredores. Barras representam o Erro Padrão
Pág. 5-22 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
0
5
10
15
20
25
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
kg
/ho
ra
Figura 3. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas mensalmente pelas embarcações que desembarcaram nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-23
_________________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
<5% 5 - 20% 20-30% >30%
Participação da embarcação nos desenbarques totais
kg
/ho
ra
Figura 4. Rendimentos médios de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidos por embarcações de diferentes níveis de participação nos desembarques totais (representados em %) registrados nas localidades da Baía de Tijucas SC. Barras representam o Erro Padrão
Pág. 5-24 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
<20 HP >20HP
Potência do Motor
kg
/ho
ra
0
1
2
3
4
5
6
7
8
<8,5 m >8,5 m
Comprimento da embarcação
kg
/ho
ra
0
1
2
3
4
5
6
7
Sem casario Com casario
Presença de Casario
kg
/ho
ra
Figura 5. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas por embarcações de diferentes potências de motor, comprimentos e presença ou não de casario. Barras representam o Erro Padrão
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-25
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Chuvoso Ensolarado Nublado
Clima
kg
/ho
ra
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Agitado Moderado Calmo
Condições do Mar
kg
/ho
ra
Figura 6. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas sob influência de tempo chuvoso, ensolarado e nublado e condições de mar agitado, moderado e calmo. Barras representam o Erro Padrão
Pág. 5-26 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
0
2
4
6
8
10 N-NE
NE-E
E-SE
SE-SS-SW
SW-W
W-NW
NW-N
Vento Maré
Figura 7. CPUEs médias de camarão-sete-barbas (em Kg/hora de arrasto) obtidas sob influência de diferentes direções de ventos e maré. Barras representam o Erro Padrão
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-27
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003 Anexo 5.6
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Ganchos Cto. Dos
Ganchos
Zimbros Sta. Luzia Tijucas
Localidades
Co
efi
cie
nte
s
00,20,40,60,8
11,21,41,61,8
Baix
io
Baía
de
Zim
bro
s
Coste
ira
dos
Ganchos
Pesqueiros
Co
efi
cie
nte
s
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
Jan-Mar Abr-Jun Jul-Set Out-Dez
Trimestres
Co
efi
cie
nte
s
Figura 8. Coeficientes obtidos pelo Modelo Linear Generalizado aplicado ao Log da CPÙE do camarão-sete-barbas obtida pela frota de arrasteiros monotorada nas localidades da Baía de Tijucas entre 2004 e 2005.
Pág. 5-28 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.6
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0
Ganchos
Canto dos Ganchos
Zimbros
Sta Luzia
Tijucas
Lo
ca
is d
e D
es
em
ba
rqu
e
Frequência percentual
Baixio B. de Tijucas B. de Zimbros Macuco C. dos Ganchos Mar de Fora
Figura 9. Freqüência de desembarques de camarão sete-barbas registrados nas localidades da Baía de Tijucas, SC, entre 2004 e 2005 (N = 1577). As áreas representam a contribuição relativa dos pesqueiros nos desembarques registrados em cada local de desembarque.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5 Anexo 5.7
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Meta 6
ANEXO 5.7. AVALIAÇÃO DO ESTOQUE DO CAMARÃO SETE-BARBAS NA
BAÍA DE TIJUCAS.
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR - CTTMar
LABORATÓRIO DE OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA
ANEXO 5.7 - AVALIAÇÃO DO ESTOQUE DO CAMARÃO SETE-BARBAS (XIPHOPENAEUS
KROYERI) NA BAÍA DE TIJUCAS
Responsáveis técnicos:
JOSÉ ANGEL ALVAREZ PEREZ PAULO RICARDO PEZZUTO
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-3
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
INTRODUÇÃO
Este relatório apresenta as estimativas da biomassa do camarão
sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri disponível à pesca na área de
abrangência do projeto “Pesca Responsável na Baía de Tijucas”. A partir
dessas estimativas e das estatísticas de produção (desembarque), são
também calculadas as taxas de remoção aplicadas pela frota de arrasto
que opera na região de estudo e elaborado um diagnóstico da situação do
estoque.
METODOLOGIA
Essa análise foi baseada no monitoramento das operações de pesca
da frota artesanal de arrasto duplo controlada pelo projeto entre os anos
de 2004 e 2005. Ao longo do período, a produção pesqueira local foi
estimada com base em dois tipos de informação: fichas de produção e
entrevistas. As fichas, obtidas em base censitária, forneceram o nome da
embarcação e produção por espécie, enquanto as entrevistas, mais
detalhadas e realizadas em sistema de amostragem, forneceram medidas
de esforço (p.ex., horas de arrasto, número de lances), captura e áreas de
pesca visitadas, permitindo a estimativa de capturas por unidade de
esforço (em quilogramas por hora de arrasto) e por área.
A biomassa total disponível à pesca foi estimada para cinco
diferentes meses: junho de 2004 e janeiro, fevereiro, junho e julho de
2005. Esses meses foram selecionados por obedecerem aos seguintes
critérios: a) corresponderem a períodos de elevada ou reduzida produção
desembarcada; b) corresponderem a períodos próximos ou afastados do
Pág. 5-4 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
término do defeso aplicado à espécie até então (março a maio) e; c) por
possuirem distribuição de esforço abundante no maior número possível de
áreas de pesca ou “pesqueiros”. A identificação desses pesqueiros foi
realizada com base nas informações dos próprios pescadores, permitindo a
subdivisão da região de abrangência do projeto em oito subáreas, cujas
características podem ser consultadas na Tabela 1.
Estimativas de biomassa média por quilômetro quadrado (e
respectivos intervalos de confiança de 95%) foram obtidas para cada
subárea pelo método da área varrida (Sparre et al., 1989). Para tanto, as
taxas de captura registradas em cada viagem (em kg/h de arrasto) foram
convertidas para biomassa (B, em kg/km2) através da equação abaixo,
modificada de Sparre et al. (1989):
)1000
852,1*(2 CaCtV
ErCPUE
B∗∗∗
= (1)
onde, CPUE é a captura por unidade de esforço (em kg de camarão retido
por hora de arrasto), Er é a eficiência da rede, ou seja, a fração dos
camarões existentes no trajeto da rede que é efetivamente retida no
ensacador; V é a velocidade do arrasto em nós; Ct é o comprimento da
tralha superior da rede em metros, Ca é o coeficiente de entralhamento ou
de abertura da rede, ou seja, a fração do comprimento da tralha superior
correspondente à abertura horizontal da rede e o coeficiente “2” refere-se
ao número de redes tracionadas simultaneamente por cada embarcação.
A partir dos valores convertidos, foram estimadas a biomassa média
estratificada (kg/km2) e a biomassa total disponível à pesca (toneladas) no
conjunto de áreas visitadas pela frota em cada mês analisado, a partir de
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-5
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
um desenho estratificado, onde cada subárea foi considerada como um
estrato estatístico (Krebs, 1989). A tabela 2 apresenta um sumário do
número de viagens utilizadas nos cálculos em cada mês.
Na equação 1 o valor de Ct foi fixado em 9,75 m, igual à média do
comprimento da tralha superior das redes de 68 embarcações amostradas
ao longo do estudo, equivalentes a um terço da frota em operação no
período (aproximadamente 210 unidades). Dado o desconhecimento dos
outros três parâmetros dessa equação (eficiência, velocidade e coeficiente
de abertura), estes tiveram que ser definidos a posteriori com base em
simulações. Assim, primeiramente, foi definido um conjunto de valores
plausíveis para os três parâmetros (Tabela 3). A partir das múltiplas
combinações desses valores e da sua aplicação na equação da área
varrida, foram calculadas as 105 estimativas possíveis de biomassa total
com respectivos intervalos de confiança de 95% para cada mês.
Dentre essas estimativas, foram selecionadas como potencialmente
corretas somente aquelas cujos limites inferiores dos respectivos
intervalos de confiança superaram as capturas registradas em cada um
dos meses (vide Tabela 2). Tais estimativas indicaram então, o conjunto
provável de valores para os parâmetros da equação 1, e a identificação
das estimativas mais acuradas de biomassa.
No intuito de confirmar a validade desse processo, foi realizado um
experimento de depleção (Hilborn & Walters, 1992) visando obter, de
forma independente, uma estimativa da biomassa inicial de camarões para
um período e área onde também fosse possível estimar a biomassa média
pelo método da área varrida. Como o experimento de depleção gera uma
Pág. 5-6 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
estimativa de abundância referente ao início do período considerado para
análise, seu resultado deveria fornecer, necessariamente, uma biomassa
superior àquela estimada pelo método da área varrida para a mesma área
e período. A confrontação dos resultados dos dois métodos poderia, assim,
indicar mais uma vez o conjunto de parâmetros mais robustos para
emprego definitivo na equação da área varrida.
A aplicação de um experimento de depleção requer o pressuposto de
“estoque fechado”, ou seja, de que ao longo de determinado período e
dentro de uma determinada “área de depleção” as perdas populacionais
por mortalidade natural ou emigração, e os ganhos populacionais por
recrutamento ou imigração podem ser considerados desprezíveis (Hilborn
& Walters, 1992). Durante esse “cenário de depleção” seria assumido que
todas as perdas populacionais seriam ocasionadas pelo esforço pesqueiro.
O acompanhamento da diminuição de abundância do estoque a medida
que remoções controladas são realizadas por esse esforço, permite a
projeção da captura necessária para a depleção completa do estoque, o
que corresponde à uma estimativa da abundância desse estoque no início
do experimento.
O cenário de depleção foi definido como os 24 primeiros dias de junho
de 2005 na subárea 2. Essa definição se deu em função da observação
direta da variação temporal das taxas de captura nas áreas/períodos
utilizados para as estimativas por área varrida. A estimativa de
abundância inicial do estoque foi realizada utilizando-se um estimador de
Leslie o qual considera, assumindo um estoque fechado, o modelo
populacional simplificado abaixo:
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-7
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
10 −−= tt KBB (2)
onde a biomassa do estoque em qualquer tempo t (Bt), resulta da
biomassa inicial do estoque (B0) menos a captura acumulada
anteriormente ao tempo t (Kt-1). Considerando-se que a captura por
unidade de esforço no tempo t (Ut) é um indicador da abundância do
estoque nesse momento, então:
tt qBU = (3)
onde q é o coeficiente de capturabilidade e:
10 −−= tt qKqBU (4)
Essa equação expressa uma relação linear entre a captura por
unidade de esforço em cada tempo t (variável dependente) e a captura
acumulada no tempo imediatamente anterior a esse tempo (variável
independente). Assim procedendo-se a uma regressão linear entre essas
varáveis obtém-se os parâmetros de elevação (qB0) e declividade (q) da
reta cuja razão corresponde à estimativa de B0.
Os desembarques registrados ao longo do experimento de depleção
foram agrupados por dia, sendo que a cada dia foi somado o total
desembarcado e o total de horas de arrasto de cada viagem, e calculado o
valor de U através da razão de ambos.
A regressão linear entre Ut e Kt-1 foi realizada utilizando-se um
procedimento do tipo Monte Carlo, calculando-se 500 regressões incluindo
todos os dias menos um, selecionado aleatoriamente do conjunto. A cada
Pág. 5-8 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
regressão foram calculadas a biomassa total no início do experimento (B0)
e o coeficiente de escape, calculado a partir da diferença entre B0 e o total
capturado no período, expresso como uma proporção de B0. A partir da
distribuição de freqüência da biomassa inicial e da proporção de escape
foram selecionados os valores medianos e calculados Intervalos de
Confiança de 90%.
A seleção final dos parâmetros da equação 1 foi então realizada,
confrontando-se a estimativa final de B0 obtida pelo método de depleção
com aquelas calculadas para os mesmos 24 dias na subárea 2,
empregando-se as diversas combinações de parâmetros indicados na
Tabela 3.
RESULTADOS
Produção total e rendimentos médios
Os desembarques controlados do camarão sete-barbas na área de
estudo variaram de um mínimo de 1,2 toneladas em novembro de 2004
até um máximo de 171,5 toneladas em junho de 2005. A produção oscilou
de forma aparentemente irregular no período, com picos nos meses de
junho de 2004, fevereiro e junho de 2005 (Figura 1). Deve-se destacar,
contudo, que as produções registradas entre março e maio de 2005 se
encontram subestimadas, uma vez que parte das embarcações
mantiveram suas operações durante o defeso, mas não informaram suas
produções devido ao caráter ilegal da pesca no período. Os rendimentos
médios flutuaram entre o mínimo de 2,0 kg/h em novembro de 2004 e o
máximo de 19,3 kg/h em março do ano seguinte, apresentando um
padrão cíclico de variação. Os maiores rendimentos foram registrados
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-9
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
entre fevereiro e junho, e se estabilizaram em cerca de 2,5 kg/h entre
julho e janeiro (Figura 1).
Avaliação da biomassa
A maioria das combinações entre os valores indicados na tabela 3
forneceu estimativas de biomassa total superiores aos desembarques dos
respectivos meses, contribuindo pouco para a seleção dos valores mais
prováveis para os parâmetros da equação da área varrida. De fato, para
os meses de junho de 2004 e janeiro, fevereiro, e julho de 2005 foram
obtidas 96, 105, 60, e 82 estimativas plausíveis, respectivamente.
Nota-se que no mês de janeiro, todas as 105 combinações possíveis de
parâmetros forneceram estimativas aceitáveis de biomassa. Por outro
lado, apenas 8 combinações foram selecionadas em junho de 2005 (Tabela
4), tendo sido essenciais para identificar os valores mais prováveis desses
mesmos parâmetros. Em geral, houve uma reduzida variabilidade interna
dos valores obtidos, com destaque para a velocidade de arrasto, cujo valor
foi fixado em 1,5 nós (Tabela 4). Para o coeficiente de entralhamento foi
adotado o valor de 0,65, dado que 75% das combinações envolveram
valores iguais a esse ou situados a menos de 10% do mesmo. Restou,
portanto, definir a a eficiência da rede entre 0,4 e 0,5. Essa escolha
revelou-se fundamental pois, mantendo-se os demais parâmetros fixos,
um incremento de eficiência de 40% para 50% poderia levar a uma
variação de 25% na biomassa estimada, sendo então, o parâmetro de
maior sensibilidade na análise.
A escolha definitiva do valor de eficiência a ser empregado nas
estimativas de biomassa foi então baseada nos resultados do experimento
Pág. 5-10 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
_______________________________________________________________________________
Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
de depleção. A figura 2 apresenta a regressão calculada entre Ut e Kt-1,
mostrando que mais de 50% da variação na CPUE pôde ser explicada
pelas capturas acumuladas e consequënte declínio de abundância do
recurso no período selecionado.
O procedimento de Monte Carlo gerou estimativas de biomassa e
percentuais de escape pouco variáveis (Figura 2). A biomassa mediana
estimada pelo modelo de Leslie para a área 2 durante os primeiros 24 dias
de junho foi de 38.557,3 kg (Tabela 5). Considerando que a captura total
registrada nesse período e subárea foi de 35.140,1 kg, a estimativa
mediana de escape chegou a 0,14 (IC 95% Sup 0,28 – IC 95% Inf. 0,06).
Comparando o valor de biomassa estimada pelo método de depleção
com as duas estimativas obtidas pela área varrida (Tabela 5), verifica-se
que a eficiência de 0,5 foi a que forneceu uma biomassa média
ligeiramente inferior àquela estimada como biomassa inicial pelo método
da depleção, sendo então adotado como valor mais plausível para
emprego na equação 1.
A tabela 6 apresenta as estimativas finais de biomassa obtidas. Embora
se considere a eficiência de 50% mais provável, a título de comparação
foram apresentados também os valores calculados com eficiência igual a
1, ou seja, 100% de capturabilidade, conforme encontrado
freqüentemente na literatura.
Deve-se ressaltar que, como as áreas visitadas pela frota não foram as
mesmas em todos os meses, os cinco valores finais de biomassa total
estimados não são totalmente comparáveis entre si, dado que se aplicam
somente às respectivas áreas de pesca. Por outro lado, a comparação
direta é possível entre os meses de junho de 2004 e fevereiro de 2005 e
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-11
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
entre janeiro e julho desse mesmo ano, dado que as áreas totais visitadas
pela frota em cada par de meses foi a mesma (vide Tabela 2). A tabela 6
revela que a biomassa total aumentou de 31,8 t em janeiro para 50,2 t em
julho de 2005, decaindo de 271,3 t em junho de 2004 para 159,7 t em
fevereiro de 2005.
Confrontando as biomassas estimadas (Tabela 6) com as capturas
registradas nos respectivos meses (Tabela 2), nota-se que entre junho de
2004 e janeiro de 2005, em média, o percentual de remoção da biomassa
disponível atingiu 21,7% ao mês, enquanto entre fevereiro e julho de
2005, esse percentual subiu para cerca de 34% (Tabela 6).
DISCUSSÃO
As estimativas de biomassa absoluta obtidas neste trabalho sugerem a
existência de um ciclo na abundância do camarão disponível à pesca na
região de estudo. O mês de fevereiro parece constituir um período de
recrutamento à pesca, que mantém a biomassa do estoque elevada até
junho. De julho até o final do ano, a abundância do recurso diminui,
quando então é reposta pelo novo recrutamento, dando início a um novo
ciclo. Esse padrão é confirmado tanto pelos perfis de produção como dos
rendimentos médios (Figura 1), ressalvando a queda de produção durante
os meses de defeso (março a maio).
Essa ciclicidade parece ser uma feição característica da espécie, uma
vez que, com pequenas variações, ela tem sido constatada historicamente
por diferentes indicadores, inclusive antes do advento da sua pesca
industrial ocorrido em São Paulo no início da década de 1970 (Valentini et
al., 1991). De fato, entre 1944 e 1945 os níveis máximos de desembarque
Pág. 5-12 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
nesse Estado ocorreram entre julho e agosto e os mínimos entre
novembro e dezembro (Vieira, 1947). Entre 1961 e 1966, a frota
camaroneira artesanal que operava na Baía de Santos (SP) obteve os
rendimentos máximos entre maio e junho e os mínimos em setembro e
outubro (Santos et al., 1968). Tremel (1968) observou que a produção
mensal desembarcada em Santa Catarina entre 1963 e 1967 apresentou
seus maiores valores no primeiro semestre, decaindo fortemente nos
demais meses do ano.
Trabalhos mais recentes realizados a partir de cruzeiros científicos em
São Paulo, Paraná e Santa Catarina, demonstraram que as maiores taxas
de captura do camarão sete-barbas tendem a ser obtidas entre o final do
verão e o início do inverno (Nakagaki & Negreiros-Fransozo, 1998; Branco
et al., 1999; Branco, 2005; Natividade, 2006). Por fim, médias mensais de
desembarque calculadas entre 1998 e 2005 em São Paulo e entre 2001 e
2006 em Santa Catarina mostram maiores valores no primeiro semestre
(excetuando o período de defeso), em especial, no mês de junho (Figura
3).
Em parte, tal característica pode ser explicada pelo ciclo de vida da
espécie, que ao longo do litoral Sudeste/Sul tem sido caracterizado, com
poucas variações: a) pela existência de dois períodos reprodutivos anuais,
sendo um principal na primavera e outro secundário no final do verão ou
outono; b) pelo predomínio de indivíduos juvenis nas capturas de verão
e/ou outono e de maiores tamanhos no segundo semestre e; c) por uma
longevidade de aproximadamente 1,5 anos e uma idade de primeira
maturação de cerca de 6 meses (Vieira, 1947; Tremel, 1968; Nascimento
& Poli, 1985; Severino Rodrigues et al., 1993; Nakagaki & Negreiros-
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-13
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Convênio MMA/FNMA n º 025/2003
Anexo 5.7
Fransozo, 1998; Fransozo et al., 2000; Branco, 2005; Castro et al., 2005;
Natividade, 2006).
A similaridade e a sincronia dos padrões biológicos exibidos pela
espécie ao longo da costa Sudeste/Sul contrariam uma hipótese levantada
pelos pescadores locais de que as quedas nos rendimentos observados
durante o segundo semestre poderiam ser explicadas pela migração do
camarão em direção ao norte. Por outro lado, alguns autores (e. g. Castro
et al., 2005) sugerem que a reprodução (concentrada na primavera) deva
ocorrer em águas mais profundas limitando a disponibilidade do recurso
nos fundos de pesca utilizados pela frota artesanal. Essa hipótese não é
suportada por outros trabalhos que mostram que, mesmo na primavera,
as maiores taxas de captura são encontradas em profundidades rasas
(e.g. Natividade, 2006), ou que fêmeas maturas são capturadas com
freqüência nas áreas de pesca (e. g. Tremel, 1968). Embora esse tema
mereça uma investigação mais aprofundada, de fato, as quedas de
abundância do segundo semestre parecem refletir sobretudo a elevada
mortalidade natural esperada para uma espécie de ciclo de vida
comprovadamente curto, amplificada ainda pela mortalidade por pesca.
A avaliação do estoque do camarão sete-barbas no Sudeste/Sul tem
sido realizada através da aplicação do modelo de produção geral de
Schaefer, ajustado aos desembarques controlados em todos os estados da
região e a dados de esforço (e respectivas CPUEs) obtidos para a frota
industrial de São Paulo. Segundo Valentini et al. (1991), em 1987 a
captura da espécie se encontrava 21% abaixo da máxima sustentável,
indicando um estoque explotado em níveis aceitáveis de captura e esforço.
Porém, na década de 1990 a abundância do recurso e o seu rendimento
Pág. 5-14 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Anexo 5.7
máximo sustentável diminuiram em 29% e 47,5%, respectivamente,
levando à recomendação de um período de defeso específico para a
espécie (D’Incao et al., 2005). Tal defeso foi instituído recentemente, com
a publicação da Instrução Nomativa Ibama N° 91, de 6 de fevereiro de
2006 que proibiu anualmente a pesca do camarão sete-barbas entre 1o. de
outubro e 31 de dezembro, visando proteger o período reprodutivo da
espécie.
A eficácia dessa medida de manejo depende de que uma quantidade
suficiente de biomassa sobreviva ao longo do ano até atingir, como
biomassa desovante, o período de defeso reprodutivo de primavera. A
comparação entre as biomassas disponíveis estimadas neste trabalho e as
capturas registradas nos respectivos meses indica que os níveis de
remoção praticados pela pesca são extremamente elevados e sofreram um
incremento entre os dois primeiros e os três últimos meses monitorados.
Simulando-se um decaimento simples da biomassa do estoque -
desconsiderando-se crescimento, mortalidade e migração - observa-se
que no cenário de remoção médio praticado em junho de 2004 e janeiro
de 2005 (21,7% ao mês), a biomassa do estoque seria reduzida a menos
de 50% da original em cerca de 3 meses de pesca, chegando a menos de
10% em nove meses (Tabela 7). Esse cenário se agrava com a taxa média
observada em 2005 (34,4% ao mês), já que cinco meses de pesca seriam
suficientes para remover 90% da biomassa disponível na área. Nota-se
que ambos cenários se aproximam do quadro real observado na região,
uma vez que o rendimento médio obtido nos meses de primavera (2,2
kg/h) correspondeu a apenas 13% do registrado no outono (17,08 kg/h)
(Figura 1), e que a pesca do camarão na Baía de Tijucas é caracterizada
por uma temporada de praticamente seis meses de duração.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-15
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Anexo 5.7
A magnitude dessas taxas de remoção mostra que as comunidades
pesqueiras locais estão fortemente expostas às flutuações de abundância
do estoque relacionadas à intensidade dos recrutamentos anuais, com
óbvios impactos sócio-econômicos. Se a opção pelo defeso recém-adotado
justifica-se pela proteção do estoque-desovante, é porque se assume,
mesmo que implicitamente, a existência de uma relação estoque-
recrutamento para a espécie. Ainda que a existência dessa relação em
invertebrados bentônicos seja um tema controvertido na literatura (e. g.
Jamieson, 1993), há exemplos de pescarias de camarões peneídeos cujo
manejo obteve sucesso a partir da consideração desse processo (e.g.
Caputi et al., 1998). Portanto, partindo-se dessa premissa, pode-se
concluir que níveis excessivos de mortalidade por pesca podem colocar em
xeque a eficácia do defeso ora em vigor, caso a biomassa desovante seja
comprometida pela atividade pesqueira antes do período reprodutivo.
Os resultados desse trabalho abrangem apenas uma pequena (embora
localmente importante) parcela da área de distribuição da espécie, não
sendo necessariamente válidos para outras localidades da região
Sudeste/Sul, com distintos regimes de pesca. Entretanto, dada a
constatação de sobreexplotação do recurso em escala regional (D’Incao et
al., 2002), esses mesmos resultados apontam a necessidade de, pelo
menos, não se incrementar o esforço real de pesca na região, sob pena de
potencializar a capacidade de depleção do estoque, afetar a eficácia do
defeso reprodutivo (ainda que localmente) e reduzir ainda mais os
benefícios econômicos para as comunidades dependentes do camarão-
rosa, em decorrência da sua maior exposição às variações imprevisíveis no
recrutamento.
Pág. 5-16 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Anexo 5.7
REFERÊNCIAS
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of Biology and Technology, 42(1): 115-126.
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recruitment-environment relationships for invertebrate species of Western
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North Pacific Symposium on Invertebrate Stock Assessment and
Management. Can. Spec. Publ. Fish. Aquat. Sci. 125:247-255.
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D’Incao, F.; Valentini, H. & Rodrigues, L. F. 2002. Avaliação da pesca de
camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. 1965-1999. Atlântica,
24(2): 103-116.
Fransozo, A.; Costa, R. C.; Pinheiro, M. A. A.; Santos, s. & Mantelatto, F.
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Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-17
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Santa Catarina. Anais do Io. Seminário sobre Ciências do Mar da UFSC –
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Natividade, C. D. 2006. Estrutura populacional e distribuição do camarão
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Ecologia e Conservação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 76 p.
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del camaron “Sete-barbas” Xiphopenaeus kroyeri (Heller) de la Bahia de
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Severino Rodrigues, E.; Pita, J. B.; Graça Lopes, R.; Coelho, J. A. P. &
Puzzi, A. 1993. Aspectos biológicos e pesqueiros do camarão sete-barbas
Pág. 5-18 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Anexo 5.7
(Xiphopenaeus kroyeri) capturado pela pesca artesanal no litoral do estado
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stock assessment. Part 1 – Manual. FAO, Roma. FAO Fisheries Technical
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Tremel, E. 1968. Recursos camaroneiros da costa de Santa Catarina,
Brasil. Resultados preliminares de pesquisas sobre o camarão sete barbas.
CARPAS/4/Documentos Técnicos, 21: 1-10.
Valentini, H.; D’Incao, F.; Rodrigues, L. F.; Rebelo Neto, J. E. & Domit, L.
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Vieira, B. B. 1947. Observações sobre a maturação de Xyphopenaeus
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74: 22 p.
Pesca Responsável na Baía de Tijucas Encarte 5
Pág. 5-19
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Anexo 5.7
TABELAS
Tabela 1. Área (em km2) dos oito pesqueiros (setores) de camarão sete-barbas identificados na Baía de Tijucas.
Setor Área 1 34,91 2 89,25 3 38,13 4 13,59 5 51,28 6 206,26 7 197,07 8 61,51
Tabela 2. Número de viagens utilizadas em cada área de pesca e mês para estimativa de biomassa de camarão sete-barbas disponível à pesca na Baía de Tijucas e respectivas capturas totais estimadas nessas áreas. * as áreas 6 e 7 foram somadas nesse caso.
Período Área Junho 2004 Janeiro 2005 Fevereiro 2005 Junho 2005 Julho 2005
1 6 6 13 3 14 2 101 84 78 140 63 3 11 6 2 - 3 4 27 12 27 98 9 5 6 6 88 35 14 6 - - - 3* - 7 - - - - - 8 24 - 4 34 -
Captura total (kg) 65.949,5 6.094,5 55.158,4 171.483,7 16.694,2 Tabela 3. Valores assumidos para os parâmetros da equação 1 nas estimativas de biomassa do camarão sete-barbas.
Coef.abertura
Veloc. Arrasto
Eficiência
0,6 1,5 0,4 0,65 2 0,5 0,7 2,5 0,6 0,75 0,7 0,8 0,8 0,9 1
Pág. 5-20 Encarte 5 Pesca Responsável na Baía de Tijucas
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Anexo 5.7
Tabela 4. Estimativas de biomassa total de camarão sete-barbas para o mês de junho de 2005 e respectivos parâmetros da equação da área varrida.
Coeficiente abertura
Velocidade de arrasto (nós)
Eficiência Biomassa (kg)
IC Inferior (kg)
IC Superior (kg)
0,6 1,5 0,4 655.765,4 238.290,8 1.073.239,9 0,6 1,5 0,5 524.612,3 190.632,6 858.591,9 0,6 2 0,4 491.824,0 178.740,5 804.907,6 0,65 1,5 0,4 605.321,9 219.967,6 990.676,1 0,65 1,5 0,5 484.257,5 175.974,1 792.540,9 0,7 1,5 0,4 562.084,6 204.262,0 919.907,1 0,75 1,5 0,4 524.612,3 190.650,5 858.574,0 0,8 1,5 0,4 491.824,0 178.740,5 804.907,6
Tabela 5. Estimativas de biomassa total do camarão sete-barbas estimadas para os 24 primeiros dias do mês de junho de 2005 na área 2, pelos métodos de depleção e área varrida, neste caso, utilizando-se valores de eficiência de captura iguais a 0,4 e 0,5.
Método Biomassa (kg) IC 95% Inferior (kg)
IC 95% Superior (kg)
Depleção 38.557,3 35.065,1 45.494,7 Área varrida Eficiência 0,4 46.015,1 40.988,1 51.042,1 Eficiência 0,5 36.812,1 31.785,1 41.839,1
Tabela 6. Estimativas de biomassa total (± IC 95%) de camarão sete-barbas estimadas para os meses de junho de 2004 e janeiro, fevereiro, junho e julho de 2005 pelo método da área varrida e respectivos percentuais de remoção pela pesca. Estimativas realizadas utilizando eficiências de captura de 50% e 100%. Valores de biomassa em quilos.
Eficiência 50% Eficiência 100% Biomassa Total IC inf IC sup Biomassa Total IC inf IC sup jun-04 271.281,3209.887,2332.675,4 jun-04135.640,6104.943,6166.337,7jan-05 31.787,5 25.959,2 37.615,8 jan-05 15.893,8 12.979,6 18.807,9fev-05 159.690,8111.642,0207.739,6 fev-05 79.845,4 55.821,0103.869,8jun-05 484.257,5175.974,1792.540,9 jun-05242.128,7 87.987,1396.270,4jul-05 50.207,6 43.491,0 56.924,3 jul-05 25.103,8 21.745,5 28.462,2
Remoção Remoção jun-04 24,31% 31,42% 19,82% jun-04 48,62% 62,84% 39,65%jan-05 19,17% 23,48% 16,20% jan-05 38,35% 46,95% 32,40%fev-05 34,54% 49,41% 26,55% fev-05 69,08% 98,81% 53,10%jun-05 35,41% 97,45% 21,64% jun-05 70,82% 194,90% 43,27%jul-05 33,25% 38,39% 29,33% jul-05 66,50% 76,77% 58,65%
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Anexo 5.7
Tabela 7. Decaimento da biomassa do camarão sete-barbas na Baía de Tijucas ao longo de 12 meses, em dois cenários distintos representados por taxas de remoção mensais pela pesca de 21,7% e de 34,4%. Os cálculos desconsideram crescimento, mortalidade natural e migração e os valores de biomassa estão representados como porcentagem do valor inicial.
tempo Biomassa restante (%)
(meses) Taxa de 21,7% ao
mês Taxa de 34,4% ao
mês
1 78,3 65,6 2 61,3 43,0 3 48,0 28,2 4 37,6 18,5 5 29,4 12,1 6 23,0 8,0 7 18,0 5,2 8 14,1 3,4 9 11,1 2,2 10 8,7 1,5 11 6,8 1,0 12 5,3 0,6
FIGURAS
Figura 1. Produção mensal controlada (linha contínua) e rendimentos médios (linha tracejada) na pesca do camarão sete-barbas, na área e período de estudo.
0255075
100125
150175200225250
jun/
04
jul/0
4
ago/04
set/0
4
out/0
4
nov/04
dez/04
jan/
05
fev/05
mar
/05
abr/0
5
mai/0
5
jun/
05
jul/0
5
ago/05
mês/ano
pro
du
ção
(t)
0
5
10
15
20
25
ren
dim
en
to (
kg
/h)
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Anexo 5.7
Ut = 16,127 - 0,0004K t-1
R2 = 0,5312
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
0 10000 20000 30000 40000
K t+1 (kg)
U (
kh
/h)
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
Biomassa (kg)
0
80
160
240
320
400
Fre
quê
ncia
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
proporção de escape
0
50
100
150
200
250
Fre
quê
ncia
Figura 2. Resultados do experimento de depleção aplicado ao camarão sete-barbas nos 24 primeiros dias do mês de junho de 2005, na subárea 2. Regressão ajustada entre Ut e Kt-1 (superior). Distribuição das estimativas de biomassa inicial (meio) e percentuais de escape (inferior) obtidas nas 500 simulações realizadas pelo procedimento de Monte Carlo.
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Anexo 5.7
Figura 3. Médias mensais da produção controlada (desembarques) de camarão sete-barbas nos estados de São Paulo e Santa Catarina. No primeiro caso, os dados referem-se ao período de 1998 a 2005, englobando tanto a pesca industrial como artesanal. No segundo caso, inclui apenas a pesca industrial monitorada entre os anos de 2001 e 2006. Fontes: Instituto de Pesca – APTA – SAA – SP (www.pesca.sp.gov.br) e GEP/CTTMar/UNIVALI (www.univali.br/gep). Valores em toneladas.
0
50
100
150
200
250
300
350
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
mês
pro
du
ção
(t)
São Paulo Santa Catarina