Post on 12-Mar-2016
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Universidade da Região de JoinvilleMestrado em Patrimônio Cultural e SociedadeGabriel Medeiros Chati (bolisista Capes/Minc)Co-autora: Dra. Nadja de Carvalho Lamas
ENECULT VIIEixo temático: Culturas e DesenvolvimentosMesa 1: Diversidades e desenvolvimentos
O papel da cultura expandiu-se como nunca para as esferas política e econômica, ao mesmo tempo que as noções convencionais de cultura se esvaziaram muito.
(...) talvez seja melhor fazer uma abordagem da questão da cultura de nosso tempo, caracterizada como uma
cultura de globalização acelerada, como um recurso. (...) a cultura está sendo crescentemente dirigida como um
recurso para a melhoria sociopolítica e econômica. (YÚDICE, 2004, p. 26)
Este trabalho teve como tarefa analisar a visão da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) sobre a
diversidade cultural. Objeto de estudo recorrente e atual, a diversidade
cultural, tem-se demonstrado transversal e detentora de elementos
contribuintes para a coesão social local e potencialmente – como defendido
pela própria UNESCO – da paz mundial. Promover estudos deste elemento no
contexto atual, é emergencial. É importante ressaltar que o conteúdo que
resulta dessas discussões no âmbito da Organização, servem de base para o
estabelecimento de planos, estratégias e políticas culturais de
desenvolvimento dos mais diversos órgãos governamentais e não-
governamentais por todo o globo terrestre.
Discorrer sobre o conceito de diversidade cultural a partir da leitura crítica de
documentos elaborados pela UNESCO
Identificar as características estruturais, a metodologia de abordagem e o
conceito de cultura e diversidade cultural no âmbito dos documentos analisados
Destacar aspectos do contexto em que operam diversidade e cultura e
estabelecer sua relação com o desenvolvimento.
Discorrer sobre o atual tratamento internacionalmente aceito e promovido
acerca da diversidade cultural e demonstrar, ainda que parcialmente, a
necessidade de se estudar seus efeitos e comportamentos atuais a fim de criar ou
manter as condições para que se cristalize como direito.
A análise se concentrou na leitura investigativa relativa ao assunto presente
nos seguintes documentos:
• Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2001)
• Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das
Expressões Culturais (2005)
• Relatório Mundial da UNESCO – Investir na Diversidade Cultural e no
Diálogo Intercultural (2009)
A exposição dos conceitos-chave identificados (cultura e diversidade) se dá a
partir de cada documento analisado. Foi respeitada a ordem cronológica de
produção e publicação dos mesmos com a intenção de verificar o processo
de construção conceitual sobre a diversidade cultural e sua trajetória
recente dentro da lógica da UNESCO.
Declaração
• Sintético
• Conclamatório
• 2001
• Diversidade como direito
Convenção
• Extenso
• Pactuação
• 2005
• Diversidade como obrigação
Relatório
• Expositivo
• Balanço
• 2009
• Diversidade como recurso disponível
Da Declaração
“É conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e
afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange,
além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os
sistemas de valores, as tradições e as crenças” (2001, p. 1).
destaque A cultura como
conceito antropossocial:
podendo se considerada como o
conjunto complexo da produção subjetiva e
material humanas
observação Ênfase na distinção
em relação à arte
contribuição Avança para o
entendimento de como opera a cultura,
da cultura como processo. Se
atualmente essa leitura é aceita com
mais frequência, o documento contribuiu
de maneira significativa para a consolidação deste
prisma de análise
Do Relatório: “Na atualidade, a cultura é entendida mais como processo: as
sociedades vão-se modificando de acordo com os caminhos que lhes são
próprios. Se, durante muito tempo, a preocupação da Organização se centrou na
salvaguarda de locais, práticas e expressões culturais sob risco de desaparecer,
agora deve aprender-se também a acompanhar a mudança cultural de modo a
ajudar os indivíduos e os grupos a gerir mais eficazmente a diversidade.” (p. 4).
destaque Supera o processo de
conceituação: os objetos/elementos que
compõem a cultura já estão satisfatoriamente
identificados
observação Cultura entendida
como processo dinâmico
contribuição Unesco como
operadora: da salvaguarda às ações
nos campos identificados como
chave para a diversidade. Segundo o relatório são capitais as
ações nos seguintes vetores: línguas,
educação, comunicação e conteúdos,
criatividade e mercados.
Da Convenção:
“Refere-se à multiplicidade de formas pelas quais as culturas dos grupos e
sociedades encontram sua expressão. Tais expressões são transmitidas entre e
dentro dos grupos e sociedades. A diversidade cultural se manifesta não
apenas nas variadas formas pelas quais se expressa, se enriquece e se
transmite o patrimônio cultural da humanidade mediante a variedade das
expressões culturais, mas também através dos diversos modos de criação,
produção, difusão, distribuição e fruição das expressões culturais, quaisquer
que sejam os meios e tecnologias empregados”. (2005, p. 4).
Integração de um conceito
amplo de cultura ao termo
O contexto das trocas culturais
tido como elemento capital
Destaque para a amplitude dos
meios e suportes
Do Relatório :
“A diversidade cultural é, antes de mais nada, um fato: existe uma grandevariedade de culturas que é possível distinguir rapidamente a partir deobservações etnográficas, mesmo se os contornos que delimitam umadeterminada cultura se revelem mais difíceis de identificar do que, à primeiravista, poderia parecer. A consciência dessa diversidade parece até estar sendobanalizada, graças à globalização dos intercâmbios e à maior receptividademútua das sociedades. Apesar dessa maior tomada de consciência nãogarantir de modo algum a preservação da diversidade cultural, contribuiupara que o tema obtivesse maior notoriedade”. (2009, p. 3).
•A diversidade como fenômeno deflagrado observação
•Princípio de banalização: a intensificação das trocas no contexto global como fenômeno a ser
monitorado. O crescente fluxo de trocas não garante a diversidade; o perigo dos estereótipos/simulacros.
contribuição
“A diversidade cultural amplia as possibilidades de escolha que se oferecem a todos; é
uma das fontes do desenvolvimento, entendido não somente em termos de
crescimento econômico, mas também como meio de acesso a uma existência
intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatória” (2001, p. 1).
“A diversidade cultural constitui grande riqueza para os indivíduos e as sociedades. A
proteção, promoção e manutenção da diversidade cultural é condição essencial para o
desenvolvimento sustentável em benefício das gerações atuais e futuras” (2005, p. 5)
destaque Destaca o potencial
da diversidade cultural de promover
o acesso à dimensões
essenciais e intangíveis do devir
humano, como a espiritualidade, por
exemplo observação Incorpora a ideia de
sustentabilidade às políticas
governamentais: o desenvolvimento
cultural é apresentado como
um dos pilares do desenvolvimento
humano sustentável. contribuição Contribui para a
necessária releitura do desenvolvimento
humano para além do desenvolvimento
econômico. Desenvolvimento
cultural como princípio do
desenvolvimento sustentável
Entre os objetivos do Relatório Mundial sobre a Diversidade Cultural, destaca-
se: “convencer os decisores e as diferentes partes intervenientes sobre a
importância em investir na diversidade cultural como dimensão essencial do
diálogo intercultural, pois ela pode renovar a nossa percepção sobre o
desenvolvimento sustentável, garantir o exercício eficaz das liberdades e dos
direitos humanos e fortalecer a coesão social e a governança democrática”.
(2009, p. 3)
Reitera a relação estratégica entre a diversidade e o
desenvolvimento sustentável
Associa a preservação da diversidade à manutenção e promoção dos
direitos humanos
Destaca a função social da diversidade, de maneira utilitária
Destacam o aspecto transversal da diversidade cultural.
Contribuem com o avanço contínuo da discussão e estudos na área da
cultura.
Identificam os diversos elementos/agentes que atuam no campo cultural, os
recursos de que dispõem, a intensidade de poder e influência recíproca,
assumindo a cultura como ferramenta política.
Reforçam a necessidade de integrá-la às demais áreas do conhecimento
humano.
Propõem estratégias para a incorporação de preceitos da diversidade
cultural às políticas de estado em escala global.
Implicam governos, organização civil e demais operadores da cultura, no
processo de desenvolvimento humano sustentável a partir da cultura.
Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. 2001.http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf
Convenção sobre a Promoção e Proteção das Expressões Culturais. 2005.http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001502/150224por.pdf
Investir na diversidade e no diálogo intercultural. 2009.http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001847/184755POR.pdf
Correio eletrônico: gabrielchati@gmail.com
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