EngEletrica_NogueiraPJ_1

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  • PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE MINAS GERAISPrograma de Ps-graduao em Engenharia Eltrica

    Influncia da Estratificao do Solo na Impedncia

    Impulsiva de Aterramentos de Linhas de Transmisso

    Paulo Jos Clebicar Nogueira

    Dissertao de Mestrado CEMIG PUC/PPGEE 04 de Maro de 2002

    Orientador : Prof. Dr. Mrio Fabiano Alves - PUC

    Co-Orientador : Prof. Dr. Jaime Arturo Ramirez - UFMG

  • "Tente ser uma pessoa de sucesso, mas prioritariamente, tente ser uma pessoa de valor."

    "Algo s impossvel at que algum duvide e acabe provando o contrrio."

    Albert Einstein

  • Agradecimentos e Dedicatria I

    Agradecimentos e Dedicatria

    Gostaria de agradecer de forma geral a todos aqueles que contriburam direta

    ou indiretamente para a concretizao deste trabalho.

    Aos professores Jaime Ramirez e Mrio Fabiano Alves pela orientao,

    dedicao, compreenso, interesse e estmulos.

    A CEMIG, pelo suporte financeiro.

    Aos colegas da CEMIG pela confiana e apoio, em particular : Ana, Artur,

    Gernan, Edino, Renato, Osvaldo, Carlos Alexandre, Elma, Coutinho, Francisco,

    Weber e demais colegas do ER/LT

    Ao Simon Fortin da SES, pelo apoio tcnico.

    minha esposa Mirela pelo apoio e compreenso.

    Aos meus filhos Thays, Thamyres, Thalys e Maria Clara.

    Ao meu Pai e a todos os meus familiares.

    A Deus, por tudo.

    Quero dedicar este trabalho minha me Dora Ceclia Levenhagen Clebicar,

    smbolo de luta, persistncia e busca dos ideais.

  • Resumo II

    Resumo

    Este trabalho apresenta um estudo da influncia da estratificao do solo nos

    valores de impedncias impulsivas de aterramentos de torres de linhas de

    transmisso, quando submetidas a fenmenos impulsivos do tipo descargas

    atmosfricas.

    Foi avaliada a dependncia da impedncia impulsiva de aterramento no maior

    nmero de parmetros possveis que a afetam diretamente. O arranjo de

    aterramento atualmente utilizado pela Companhia Energtica de Minas Gerais

    analisado, e uma proposta para a reduo da impedncia, atravs da

    utilizao de camadas resistividades mais baixas de solos estratificados

    apresentada.

    Com objetivo de obter menores ndices de desligamentos nas linhas de

    transmisso, quando submetidas a descargas atmosfricas, apresentada

    uma proposta para o aproveitamento de camadas de resistividade com valores

    reduzidos em relao primeira, dentro de limites prticos exeqveis,

    proporcionando menores impedncias impulsivas com relao ao estudo

    considerando solo homogneo (redues de at 50%).

    O principal diferencial deste trabalho com relao a trabalhos anteriores a

    considerao do solo estratificado em camadas para anlise de transitrios em

    sistemas de aterramentos de linhas de transmisso. Outro diferencial foi a

    utilizao do sistema de aterramento incluindo a representao da grelha de

    forma completa, sem simplificaes.

  • Abstract III

    Abstract

    This work presents a study of the influence of the soil stratification in the

    impulsive impedance of transmission line towers grounding, when submitted to

    impulsive phenomena such as lightning.

    The dependence of the grounding impulsive impedance in relation to a large

    number of parameters that may influence it is discussed. The grounding

    arrangements currently used by Companhia Energtica de Minas Gerais

    CEMIG is analyzed and a proposal to reduce the impedance, through the use of

    lower soil's layers, is presented.

    In a attempt to obtain a smaller rate of outage for transmission lines when

    submitted to lightning strokes, it is proposed a better use of the soil's lower

    layers with reduced values in relation to the first layer, within practical limits, in

    relation to the study which considers the soil as being homogeneous,.

    The consideration of the soil stratification for the analysis of transients in

    transmission lines grounding systems is the main differential presented by this

    work in relation to previous ones. Another differential was the use of the

    grounding system including the representation of tower's grille in its complete

    and not simplified version.

  • Sumrio IV

    Sumrio

    Agradecimentos e Dedicatria.............................................................................I

    Resumo...............................................................................................................II

    Abstract..............................................................................................................III

    Sumrio.............................................................................................................IV

    Glossrio..........................................................................................................VIII

    Lista de Tabelas............................................................................................... XII

    Lista de Figuras................................................................................................XIII

    Captulo 1 : Introduo

    1.1 Objetivos do Trabalho....................................................................1

    1.2 Relevncia do Tema......................................................................2

    1.3 Escopo ..........................................................................................5

    1.4 Metodologia ...................................................................................6

    1.5 Contribuio ..................................................................................8

    1.6 Organizao do Trabalho ..............................................................9

  • Sumrio V

    Captulo 2 : Sistemas de Aterramento para Linhas de

    Transmisso

    2.1 Introduo.....................................................................................11

    2.2 Influncia do Aterramento no Desligamento de Linhas de

    Transmisso

    2.2.1 Introduo................................................12

    2.2.2 Incidncia da Descarga na Torre .......................13

    2.2.3 Reflexes no Aterramento da Torre ......................16

    2.3 Comportamento do Aterramento de LTs Frente a Solicitaes

    Impulsivas

    2.3.1 Uma Viso Histrica do Assunto : Impedncia de

    Aterramento.....18

    2.3.2 O Contrapeso......................................................24

    2.3.3 Comportamento do Contrapeso frente a Correntes

    Impulsivas.........31

    2.3.4 Ionizao do Solo...................................................37

    2.3.5 Resistividade do Solo : Dependncia da Permissividade e

    Resistividade com a Freqncia.........................43

    2.3.6 Concluses........................................................................50

  • Sumrio VI

    Captulo 3 : Clculo de Transitrios em Sistemas de

    Aterramento para Linhas de Transmisso

    3.1 Introduo..................................................... ...............................52

    3.2 Definio do Problema ........................................... ....................53

    3.3 Modelo Adotado...................................................... ....................55

    3.4 Arranjo de Aterramento ...............................................................56

    3.4.1 Grelhas da Estrutura ...................................................57

    3.4.2 Torre.............................................................................57

    3.4.3 Descarga Atmosfrica .................................................58

    3.5 Resistividade do Solo ............................................ .....................59

    3.6 Modelo Computacional ........................................... ....................61

    3.6.1 Introduo ....................................................................61

    3.6.2 Modelo Matemtico .....................................................63

    3.7 Simulaes Computacionais .......................................................73

    3.7.1 Arranjo de Aterramento para Linhas de 69 / 138 kV....76

    3.7.1.1 Caso 1 : L1 = 20 m e r1 = 250 Wm ....................77

    3.7.1.2 Caso 2 : L1 = 30 m e r1 = 500 Wm.....................81

    3.7.1.3 Caso 3 : L1 = 40 m e r1 = 1000 Wm...................84

    3.7.1.4 Caso 4 : L1 = 50 m e r1 = 2000 Wm...................87

    3.7.1.5 Caso 5 : L1 = 80 m e r1 = 5000 Wm...................90

    3.7.1.6 Caso 6 : L1 = 90 m e r1 = 20000 Wm.................93

    3.8 Comparao de Resultados.........................................................96

    3.9 Concluses ..................................................................................98

  • Sumrio VII

    Captulo 4 : Concluses

    4.1 Concluses.................................................................................101

    4.2 Sugestes para Trabalhos Futuros ..........................................104

    Referncias Bibliogrficas....................................................................105

    Apndice A: Programa Sigma SLP ....................................................111

    Apndice B: Validao do Modelo Para Solo Homogneo........113

  • Glossrio VIII

    Glossrio

    Nesta seo sero apresentados os termos e smbolos utilizados no decorrer

    do texto, para melhor compreenso do trabalho.

    ANEEL : Agncia Nacional de Energia Eltrica. rgo regulamentador

    do setor eltrico energtico Brasileiro.

    Backflashover : Processo de rompimento da suportabilidade eltrica de

    uma cadeia de isoladores a partir de um sobre-tenso de origem

    atmosfrica ou de manobra no sistema, causando um curto circuito em

    freqncia industrial (60 Hz)

    C : Capacitncia em F (F = Faraday)

    CEMIG : Companhia Energtica de Minas Gerais

    CIGR : Conseil International des Grands Rseaux lectriques. rgo

    Internacional com sede em Paris.

    d1 : Espessura da primeira camada de um solo estratificado, em metros.

    Desligamento Transitrio : Desligamento momentneo de uma linha

    de transmisso seguido de seu religamento (sem novo desligamento)

    aps alguns mili-segundos.

    E : Intensidade de campo eltrico (Volt/metro)

    E0 : Intensidade de campo eltrico crtico (Volt/metro). Valor de campo

    eltrico no qual excedido, causa a ionizao do solo.

    Efeito Corona : Processo de ionizao do ar nas proximidades de

    partes energizadas, quando o gradiente eltrico excede determinado

    valor (kV/cm), causando uma visvel luminosidade

    Equaes de Maxwell : James C. Maxwell (1831 1879). Fsico

    escocs que se baseou nos trabalhos e experincias de Ampre, Gauss

  • Glossrio IX

    e Faraday para legar s Leis da Eletricidade e Magnetismo uma base

    matemtica slida, em quatro equaes.

    f : Freqncia, em Hz.

    G : Condutncia (1/R), em 1/W.

    Grelhas / Tubules : Sistema de sustentao das torres de linhas de

    transmisso.

    GPR : Ground Potencial Rise, ou em portugus, Elevao de Potencial

    do Aterramento.

    Hz : Unidade de freqncia Hertz.

    I : Corrente, em Amperes

    Ipico : Corrente de pico, em kA.

    ndice de Desligamento (AK) : Nmeros de desligamentos/100km/ano

    de uma linha de transmisso, caracterizando sua indisponibilidade em

    relao ao sistema eltrico.

    K : Coeficiente de reflexo para um solo estratificado em duas camadas.

    l : Comprimento de contrapeso, em metros

    l e : Comprimento efetivo de contrapeso, em metros

    L : Indutncia em mHenry

    LT : Linha de Transmisso Area de Energia Eltrica.

    Nvel Cerunico : Nmero de dias com trovoadas ouvidas no perodo

    de um ano

  • Glossrio X

    Pra-raios de xido de Zinco (ZnO) : Equipamento instalado em torres

    de LTs para evitar o desligamento da Linha de Transmisso, composto

    do material xido de Zinco

    R : Resistncia eltrica, em W

    Resistncia de aterramento ou Resistncia de Terra (Rt ou Rat) :

    Valor da resistncia de aterramento, medido em baixa freqncia, do

    conjunto de ferragens e eletrodos que constituem o sistema de

    aterramento de uma estrutura de linha de transmisso, em relao a um

    outro eletrodo situado a uma distncia teoricamente infinita. Unidade em

    W.

    t : Tempo, em ms.

    T1 : Tempo de Frente de Onda, ou seja, tempo em ms que a frente de

    onda leva para atingir seu valor mximo.

    T2 : Tempo da Cauda, ou seja, tempo em ms que a frente de onda leva

    para atingir a metade do seu valor mximo.

    Vpico : Tenso de pico, em kV.

    Zat : Impedncia de impulso do sistema de aterramento da estrutura da

    linha de transmisso.

    ZP : Impedncia Impulsiva do sistema de aterramento, correspondente

    mxima elevao de potencial do aterramento no ponto de alimentao

    dividido pelo valor de pico da corrente injetada.

    ZS : Impedncia de surto do cabo contrapeso, correspondente a (L/C)1/2

    W.

    Zt : Impedncia de surto de uma torre de linha de transmisso.

    Impedncia da torre para fenmenos em alta freqncia.

  • Glossrio XI

    r - Resistividade do Solo: Resistncia eltrica entre faces opostas de

    um cubo homogneo e istropo com solo, cuja aresta mede um metro.

    Unidade: Wxmetro.

    r1 : Resistividade da primeira camada de um solo estratificado, em

    Wxmetro. Esta primeira camada possui uma espessura, denominada d1,

    em metros.

    r2 : Resistividade da segunda camada de um solo estratificado, em

    Wxmetro.

    mr : Permeabilidade magntica relativa do solo.

    e r : Permissividade eltrica relativa do solo.

    s : Condutividade eltrica do solo, equivalente a 1/r, em Mho.

  • Lista de Tabelas XII

    Lista de Tabelas

    Captulo 1

    Tabela 1.1 ndices Cerunicos e Densidades de Descargas de Alguns Pases [2]..................2

    Tabela 1.2 Valores de Resistividade do Solo (r) em Minas Gerais [2] .....................................2

    Captulo 2

    Tabela 2.1 Parmetros Adotados em [25] .............................................................................35

    Captulo 3

    Tabela 3.1 Valores de Resistividade do Solo (Wm) e Comprimentos de Contrapesos

    Propostos para as Anlises..................................................................................59

    Tabela 3.2 Identificao dos Casos e Parmetros Adotados nas Simulaes .......................76

    Tabela 3.3 Resumo dos Mximos GPR Transitrios....................................... .......................99

  • Lista de Figuras XIII

    Lista de Figuras

    Captulo 1- Introduo

    Figura 1.1 Curvas de Isodensidade de Descargas Atmosfricas em MG [1]............................3

    Figura 1.2 Mapa Geolgico do Estado de Minas Gerais [4] .....................................................3

    Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso

    Figura 2.1 Representao da LT no Campo............................................................................13

    Figura 2.2 Estilizao da Torre e Incidncia da Descarga.......................................................14

    Figura 2.3 Forma de Onda Itotal Descarga, I p da Torre para Zat = 5 W e Zat = 30 W..............15

    Figura 2.4 Elevao de Potencial no Aterramento da Torre para Zat = 5 W e Zat = 30 W..........15

    Figura 2.5 Solicitao na Cadeia de Isoladores para os Casos de Zat = 5 W e Zat = 30 W.......16

    Figura 2.6 Resistncia Final de Contrapeso e P de Torre em Paralelo [31]..........................26

    Figura 2.7 Circuito Equivalente do Contrapeso [31].................................................................27

    Figura 2.8 Reduo da Impedncia de Surto com o Aumento de Ramos de C. Peso [31].....28

    Figura 2.9 Impedncia Transitria de Contrapesos Enterrados [31]........................................30

    Figura 2.10 Circuito Equivalente de um Eletrodo Enterrado Horizontalmente [20]..................32

    Figura 2.11 Diagrama Eltrico Representativo Modelo Linha de Transmisso [25].............35

    Figura 2.12 Resistividade Dinmica Curva para Corrente Impulsiva [37].............................39

    Figura 2.13 Curvas de Dados Experimentais V x I para um eletrodo [36] RLF=R60Hz.........40

    Figura 2.14 Parmetros de Atenuao de uma Onda Eletromagntica ..................................44

    Figura 2.15 Ilustrao do Efeito de Comprimento Efetivo de um Contrapeso....................... .45

    Figura 2.16 Efeito da Propagao no Solo [27]...................................................................... .46

    Figura 2.17 Dependncia dos Parmetros do Solo com f [27]............................................... .47

    Figura 2.18 Resposta do Aterramento no Domnio da Freqncia [27]...................................49

  • Lista de Figuras XIV

    Figura 2.19 Resposta do Aterramento no Domnio do Tempo [27]..........................................49

    Captulo 3 Clculo de Transitrios em Sistemas de Aterramento para LTs

    Figura 3.1 Situao Considerada para Otimizao do Arranjo de Aterramento Frente a

    Descargas Atmosfricas [8]....................................................................................53

    Figura 3.2 Situao Tpica de um Aterramento em Solo de 2 Camadas ................................54

    Figura 3.3 Situao Tpica de um Aterramento em Solo de 2 Camadas para o Trabalho

    Proposto .................................................................................................................54

    Figura 3.4 Arranjo Tpico do Sistema de Aterramento de Torres Metlicas da CEMIG ..........56

    Figura 3.5 Arranjo Tpico Completo com a Representao e Detalhe da Grelha .................57

    Figura 3.6 Representao da Descarga Tpica em Minas Gerais [1] ......................................58

    Figura 3.7 Configurao dos Eletrodos [42] ............................................................................63

    Figura 3.8 Distribuio de Corrente no Eletrodo [42] ..............................................................67

    Figura 3.9 Macro Fluxograma do Modelo Computacional [42] ................................................72

    Figura 3.10 Identificao do Ponto de Injeo da Descarga no Sistema de Aterramento ......73

    Figura 3.11 Caso 1: 69/138kV 250 Wxm e L1=20 m para d1= 1m (lado esquerdo) e

    d1=6m(lado direito) .................................................................................................77

    Figura 3.11a Caso 1 Zoom : Freqncias entre 200kH e 2.5 MHz ..................................... 78

    Figura 3.11b Caso 1 Contribuies das Grelhas e Contrapesos, separadamente...............79

    Figura 3.12 Mxima Elevao de Potencial para as Anlises do Caso 1 ...............................80

    Figura 3.13 Caso 2: 69/138kV 500 Wxm e L1=30 m para d1= 1m (lado esquerdo) e

    d1=6m(lado direito) .................................................................................................81

    Figura 3.13a Caso 2 Zoom : Freqncias entre 200kH e 2.5 MHz ..................................... 82

    Figura 3.13b Caso 2 Contribuies das Grelhas e Contrapesos, separadamente...............82

    Figura 3.14 Mxima Elevao de Potencial para as Anlises do Caso 2 ...............................83

  • Lista de Figuras XV

    Figura 3.15 Caso 3: 69/138kV 1000 Wxm e L1=40 m para d1= 1m (lado esquerdo) e

    d1=6m(lado direito) .................................................................................................84

    Figura 3.15a Caso 3 Zoom : Freqncias entre 200kH e 2.5 MHz ..................................... 85

    Figura 3.15b Caso 3 Contribuies das Grelhas e Contrapesos, separadamente...............85

    Figura 3.16 Mxima Elevao de Potencial para as Anlises do Caso 3 ...............................86

    Figura 3.17 Caso 4: 69/138kV 2000 Wxm e L1=50 m para d1= 1m (lado esquerdo) e

    d1=6m(lado direito) .................................................................................................87

    Figura 3.17a Caso 4 Zoom : Freqncias entre 200kH e 2.5 MHz ..................................... 88

    Figura 3.17b Caso 4 Contribuies das Grelhas e Contrapesos, separadamente...............89

    Figura 3.18 Mxima Elevao de Potencial para as Anlises do Caso 4 ...............................89

    Figura 3.19 Caso 5: 69/138kV 5000 Wxm e L1=80 m para d1= 1m (lado esquerdo) e

    d1=6m(lado direito) .................................................................................................90

    Figura 3.19a Caso 5 Zoom : Freqncias entre 200kH e 2.5 MHz ..................................... 91

    Figura 3.19b Caso 5 Contribuies das Grelhas e Contrapesos, separadamente...............91

    Figura 3.20 Mxima Elevao de Potencial para as Anlises do Caso 5 ...............................92

    Figura 3.21 Caso 6: 69/138kV 20000 Wxm e L1=90 m para d1= 1m (lado esquerdo) e

    d1=6m(lado direito) .................................................................................................93

    Figura 3.21a Caso 6 Zoom : Freqncias entre 200kH e 2.5 MHz ..................................... 94

    Figura 3.21b Caso 6 Contribuies das Grelhas e Contrapesos, separadamente...............94

    Figura 3.22 Mxima Elevao de Potencial para as Anlises do Caso 6 ...............................95

    Figura 3.23 Caso 1 Comparao Critrio Solo Homogneo x Solo Estratificado.................96

    Figura 3.24 Caso 5 Comparao Critrio Solo Homogneo x Solo Estratificado.................96

  • Captulo 1 Introduo 1

    Captulo 1

    Introduo

    1.1 Objetivos do Trabalho

    Este trabalho tem como objetivo a avaliao dos valores de impedncia

    impulsiva de aterramento dos sistemas de aterramento tpicos de linhas de

    transmisso levando em considerao solos estratificados em duas camadas.

    Pretende-se com esta avaliao, uma possvel otimizao do arranjo de

    aterramento, obtendo a menor impedncia impulsiva de aterramento, visando

    minimizar a sobre-tenso na cadeia de isoladores de LTs. Desta forma,

    pretende-se dar seqncia ao estudo que gerou as configuraes atuais de

    aterramento para as LTs da CEMIG [8-9].

    Este trabalho abordar os seguintes itens :

    a) Estudo do Estado da Arte em sistemas de aterramento para linhas de

    transmisso;

    b) Estudo da dependncia da resistividade do solo e da permissividade em

    funo da freqncia;

    c) Avaliao, atravs de simulaes computacionais, do arranjo de

    aterramento utilizado na CEMIG (nas LTs de 69 e 138 kV) em solos

    estratificados. Este arranjo foi definido conforme referncia [8];

    d) Definio de novos critrios para definio de um sistema de

    aterramento otimizado para torres de linhas de transmisso, visando a

    menor impedncia impulsiva em funo da estratificao do solo.

  • Captulo 1 Introduo 2

    1.2 Relevncia do Tema

    Sistemas de aterramento desempenham funes bem definidas em um sistema

    eltrico tais como proteo de equipamentos, aterramento de sinal e segurana

    de pessoas. Uma das importantes funes do aterramento a proteo contra

    descargas atmosfricas (prdios, antenas, torres de transmisso, etc.),

    proporcionando um caminho de baixa impedncia para a corrente de descarga

    atravs dos eletrodos de aterramento em direo ao solo.

    As descargas atmosfricas so responsveis em Minas Gerais, conforme

    dados estatsticos, por cerca de 70% dos desligamentos transitrios (contra

    65% das estatsticas internacionais) das LTs [1], causando elevados

    transtornos nos sistemas industriais, no que diz respeito retomada de

    processos interrompidos. O estado de Minas Gerais possui ndices de

    densidade de descargas atmosfricas e nveis cerunicos superiores a muitos

    pases. As Tabelas 1.1 e 1.2 e Figuras 1.1 e 1.2 ilustram respectivamente as

    caractersticas geometeorolgicas de alguns paises e do Estado de Minas

    Gerais. A Tabela 1.2 refere-se a locais em alto de morros e montanhas.

    Tabela 1.1 ndices Cerunicos e Densidade de Descargas de Alguns Pases [2]

    Local Nvel Cerunico Descargas/km2/ano

    Brasil (MG) 4 140 1 12

    Alemanha 15 35 1 5,5

    Itlia 11 60 1 4

    Frana 20 30 -----------

    Finlndia 8 20 -----------

    Austrlia 5 107 0,2 - 4

    Tabela 1.2 Valores de Resistividade do Solo (r) em Minas Gerais [2]

    Resistividade r (W x metro)

    Nmero de Localidades

    % % Acumulado

    0 1000 20 12,3 12,3

    1000 5000 89 54,6 66,9

    5000 10000 31 19,0 85,9

    > 10000 23 14,1 100,0

    Total 163 100,0 -----------------

  • Captulo 1 Introduo 3

    Elevados ndices de densidade de descargas aliado aos altos valores de

    resistividade do solo (mdia de 3500 Wm em Minas Gerais [3]), proporcionam

    um elevado ndice de Desligamentos de LTs (AK), comprometendo a qualidade

    da energia ofertada. Aps a incidncia da descarga, seja ela direta ou indireta

    na linha de transmisso, a probabilidade de um backflashover considervel.

    Figura 1.1 Curvas de Isodensidade de Descargas Atmosfricas em MG Descargas/km2/ano - Perodo 1985 1996 [1]

    Figura 1.2 Mapa Geolgico do Estado de Minas Gerais - [4]

  • Captulo 1 Introduo 4

    Em funo deste nmero elevado de desligamentos no sistema eltrico

    causado por estes fatores, foi necessrio o desenvolvimento de tcnicas e

    equipamentos para minimizar o impacto devido s descargas atmosfricas.

    Uma das tcnicas utilizadas a atuao direta no sistema de aterramento das

    torres das LTs, utilizando configuraes otimizadas e o conceito de

    comprimento efetivo de contrapeso.

    Outra tcnica utilizada a otimizao da instalao de pra-raios de xido de

    Zinco (ZnO) em LTs em projeto, aliada a um sistema de aterramento que

    proporcione uma baixa impedncia de aterramento. Esta tcnica foi utilizada

    pela CEMIG (de forma pioneira no Brasil) no projeto da LT Itutinga Trs

    Coraes 2, 138 kV [6,7]. Este projeto resultou em ndices de Desligamentos

    (AK) bem inferiores a um projeto convencional de Linha de Transmisso

    (ndices estimados em projeto e comprovados na prtica aps 2 anos de

    operao da LT).

    Modelos e estudos desenvolvidos para configuraes otimizadas utilizaram um

    modelo de solo uniforme, no considerando o efeito da estratificao [8]. Esta

    desconsiderao ocorreu devido a quantidade de clculos adicionais que

    seriam necessrios. Contudo, tal considerao importante pois, dependendo

    da profundidade da primeira camada (d1), pode-se alcanar, atravs das

    ferragens das grelhas ou tubules das torres (ou at mesmo atravs de hastes

    profundas), valores de resistividade da segunda camada bastante inferiores ao

    da primeira, proporcionando uma baixa resistncia de aterramento.

  • Captulo 1 Introduo 5

    1.3 Escopo

    O trabalho apresenta uma anlise sobre a impedncia de aterramento dos

    sistemas de aterramentos tpicos utilizados em linhas de transmisso,

    considerando o solo estratificado em duas camadas.

    Uma modelagem do problema, utilizando tcnicas no domnio da freqncia e

    no domnio do tempo, conforme descrito em [13], utilizada para analisar os

    arranjos tpicos adotados como sistema de aterramento para as estruturas das

    linhas de transmisso de 69 e 138 kV da CEMG, em solos estratificados.

    De forma a subsidiar a otimizao destes arranjos de aterramento na obteno

    da menor impedncia impulsiva frente a fenmenos do tipo descargas

    atmosfricas, so propostos critrios para a determinao do melhor arranjo a

    ser instalado nas torres de transmisso como sistema de aterramento.

  • Captulo 1 Introduo 6

    1.4 Metodologia

    A metodologia que foi utilizada nesta dissertao tem como base simulaes

    numricas utilizando pacote computacional especfico para anlise de

    transitrios em sistemas de aterramento.

    Os objetivos desta dissertao, cujos itens foram explicitados na seo 1.1,

    foram alcanados da seguinte maneira :

    a) Estado da Arte em Sistemas de Aterramento para LTs :

    Uma reviso bibliogrfica do histrico de sistemas de aterramento em linhas de

    transmisso foi realizada, desde suas primeiras aplicaes at as mais novas

    tcnicas utilizadas. Este estudo incluiu tambm o comportamento do

    aterramento frente a fenmenos impulsivos, tipo descargas atmosfricas. Esta

    reviso constou tambm de uma pesquisa bibliogrfica, envolvendo os

    principais autores de assuntos referentes ao tema e tambm formulaes

    clssicas. Uma explanao sobre a importncia do aterramento de torres de

    LTs na solicitao da suportabilidade da cadeia de isoladores e

    conseqentemente no seu desligamento tambm foi feita.

    b) Dependncia da Resistividade do solo e permissividade em funo da

    freqncia.

    Um estudo da dependncia da resistividade do solo e permissividade em

    funo da freqncia apresentado. Este estudo proporcionou uma avaliao

    do comportamento da resistividade do solo quando submetida a altas correntes

    de elevada freqncia e avaliao do fenmeno de disrupo do solo.

    c) Simulaes computacionais.

    Os arranjos de aterramentos definidos por [8] para as LTs da CEMIG de 69 e

    138 kV foram avaliados, levando em considerao solos estratificados em

    camadas. Foi utilizado o software descrito em [13] para as simulaes

    computacionais. Este software especifico para estudo de sistemas de

    aterramento em alta freqncia.

  • Captulo 1 Introduo 7

    d) Otimizao do Arranjo.

    A partir dos estudos e anlises dos dados obtidos em (c) so propostos

    critrios para escolha do contrapeso a ser lanado e o valor mais preciso da

    impedncia impulsiva, levando em considerao a estratificao do solo em

    duas camadas.

  • Captulo 1 Introduo 8

    1.5 Contribuio

    Na atual legislao do setor eltrico brasileiro, regulamentada pela ANEEL [5],

    estudos para a minimizao da impedncia de aterramento de LTs, um fator

    que interessa s concessionrias de energia eltrica bem como aos

    consumidores industriais. Ao fornecerem produtos e servios (LTs / Energia

    com qualidade) com maiores ndices de qualidade e confiabilidade de

    operao, as concessionrias permitem que os consumidores industriais

    minimizem os nveis de interrupo de seus processos.

    No atual contexto do sistema eltrico nacional, de fundamental importncia a

    otimizao do arranjo de aterramento de LTs em funo do maior nmero de

    parmetros possveis, visando a minimizar o impacto de impulsos atmosfricos

    nos desligamentos transitrios das LTs.

    Esta dissertao apresenta um estudo cientfico crtico que proporcionar

    opes de melhorias para as concessionrias de energia eltrica para a

    reduo da impedncia de aterramento de Linhas de Transmisso e,

    conseqentemente, a diminuio dos nveis de desligamentos por descargas

    atmosfricas.

  • Captulo 1 Introduo 9

    1.6 Organizao do Trabalho

    A dissertao est estruturada em 4 captulos, descritos sucintamente a seguir.

    No presente captulo, Introduo, so apresentados os objetivos do trabalho,

    a importncia dos sistemas de aterramento, de uma forma geral, bem como os

    impactos causados em LTs areas pelos desligamentos provenientes de

    descargas atmosfricas. apresentada tambm uma breve explanao a

    respeito da composio do solo no estado de Minas Gerais, onde o trabalho

    focado. So discutidas experincias atuais como forma de minimizar os ndices

    de desligamentos por descargas atmosfricas em LTs. So discutidas tambm

    a metodologia e a contribuio do trabalho.

    No captulo 2, Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso,

    apresentado a influncia e a importncia do sistema de aterramento de uma

    linha de transmisso no mecanismo de desligamento por descargas

    atmosfricas. So apresentadas simulaes de casos extremos de

    impedncias nos quais os valores de impedncia de aterramento de p de torre

    so alterados. Parmetros tpicos de descargas atmosfricas do Estado de

    Minas Gerais so utilizados nesta anlise. apresentado tambm o Estado da

    Arte com relao ao tema em questo, bem como uma viso histrica do

    assunto, sendo citados vrios trabalhos e autores relacionados com o tema e

    que serviram de referncia para o presente trabalho. discutido o histrico

    sobre os cabos contrapesos, desde sua conceituao at seu comportamento

    quando submetidos a correntes impulsivas (tipo descargas atmosfricas).

    Finalmente, feita uma breve explanao sobre o mecanismo de disrupo do

    solo quando submetidos a elevados gradientes de tenso (devido a altas

    correntes) e sobre a dependncia da resistividade do solo e permissividade

    com a freqncia.

  • Captulo 1 Introduo 10

    No Captulo 3, Clculo de Transitrios em Sistemas de Aterramento para

    Linhas de Transmisso, apresentado o modelo proposto para os clculos

    computacionais (modelos fsicos do sistema de aterramento e modelo

    matemtico do software a ser utilizado), o problema tpico de um sistema de

    aterramento de LTs enterrado em um solo homogneo e num solo estratificado

    e simulaes efetuadas. Os resultados das simulaes so apresentados em

    forma de grficos e/ou tabelas. Finalmente, apresentada a concluso de toda

    a simulao realizada.

    No Captulo 4, Concluses, so abordados os resultados obtidos no trabalho e

    concluses objetivas a respeito das simulaes efetuadas. Sugestes para

    trabalhos futuros tambm so apresentadas.

    Apndice A : Programa Sigma SLP.

    Apndice B : Validao do Modelo Para Solo Homogneo.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 11

    Captulo 2

    Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso

    2.1 Introduo

    Conforme discutimos no captulo anterior, o aterramento exerce vrias funes

    em um sistema eltrico (segurana de pessoas, aterramento de sinal, etc.).

    Vimos tambm que existem vrios fatores que influenciam os nveis de

    desligamentos de linhas de transmisso no Estado de Minas Gerais e algumas

    tcnicas adotadas auxiliam a amenizar tais desligamentos e seus transtornos.

    Estes ndices de desligamentos esto diretamente relacionados com o sistema

    de aterramento de uma linha de transmisso. Neste captulo, ser apresentada

    a importncia dos sistemas de aterramento para LTs bem como uma anlise

    simplificada de sua influncia nos desligamentos transitrios. Complementando

    o captulo, ser apresentado o Estado da Arte sobre sistemas de aterramento

    para LTs frente a solicitaes impulsivas.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 12

    2.2 Influncia do Aterramento no Desligamento de Linhas de

    Transmisso

    2.2.1 Introduo

    A principal causa de desligamentos de linhas de transmisso devido a curto-

    circuito nas estruturas originado por solicitaes do tipo descarga atmosfrica

    constitui-se fundamentalmente na sobre-tenso resultante (solicitao ou

    stress) na cadeia de isoladores da LT, devido ao impacto da descarga

    atmosfrica. A magnitude desta sobre-tenso determinar ou no a ocorrncia

    do backflashover.

    A sobre-tenso resultante na cadeia de isoladores depende de fatores como a

    intensidade da corrente de descarga que atinge a linha de transmisso,

    impedncia de surto da estrutura (Zt), impedncia de impulso do sistema de

    aterramento da estrutura (Zat) e reflexes no sistema de aterramento da torre.

    Para a anlise a seguir o valor tpico de Zt =182 W [39] adotado, Zat entre 5 e

    50 W (valores tpicos para o estado de Minas Gerais). A ampla faixa de valores

    de Zat existentes estimula o estudo de sua dependncia em relao a um

    grande nmero de parmetros. Os parmetros para simulao de uma

    descarga atmosfrica so considerados com forma de onda triangular 2.6/62 ms

    com valor mdio de corrente de 40 kA [1]. O impacto desta descarga em uma

    torre de linha de transmisso gera o trfego de ondas de tenso com valores

    bastante elevados, da ordem de centenas de kV.

    Ilustraremos a seguir algumas anlises de sobre-tenses realizadas atravs do

    software Sigma SLP [40], um pacote computacional especfico para anlises de

    desligamentos em linhas de transmisso devido a descargas atmosfricas.

    Este software utiliza a teoria eletromagntica para os clculos das tenses

    resultantes e induzidas nos cabos pra-raios e condutores e a anlise relativa a

    desempenho de linhas de transmisso feita atravs do Mtodo Estatstico de

    Monte Carlo [40]. No Apndice A apresentado o modelo fsico do software.

    Para a simulao proposta usaremos apenas a determinao das tenses

    resultantes nas fases e cabos pra-raios.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 13

    2.2.2 Incidncia da Descarga na Torre

    De forma a explanar o mecanismo de solicitao da suportabilidade de uma

    cadeia de isoladores de uma LT tpica de 138 kV em funo de Zat, ser

    apresentado a estilizao da estrutura e a forma de onda incidente de descarga

    (tenso e corrente) bem como suas reflexes no sistema de aterramento

    devido descontinuidade entre as impedncias Zt e Zat. Desta forma ficar

    claro a influncia e a importncia do sistema de aterramento da estrutura no

    processo de desligamento de uma linha de transmisso.

    A Figura 2.1 ilustra a representao de uma LT no campo e a Figura 2.2

    representa a estilizao da torre que recebe o impacto da descarga

    atmosfrica.

    Figura 2.1 Representao da LT no Campo

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 14

    Para esta anlise foram utilizados dados tpicos de uma LT de 138 kV :

    Tipo de estrutura e disposio dos condutores : Metlica triangular

    Altura do pra-raios na torre : @ 30.0 m

    Tenso de Impulso Atmosfrico da cadeia de isoladores : 685 kV

    Vos adjacentes : 437 m (considerado as reflexes nas torres

    adjacentes e no consideradas reflexes no final dos cabos

    contrapesos)

    As Figuras 2.3 e 2.4 mostram as ondas de corrente e tenso incidente no topo

    da estrutura, para condies de corrente de descarga de 40 kA e impedncia

    de aterramento de p de torre Zat= 5 W e 30 W. Para os valores de correntes

    aplicados aos aterramentos de 5 e 30 W, so apresentados as respectivas

    elevaes de potencial no aterramento da torre.

    Zt = 182 W Zat = 5 e 30 W Onda aplicada :

    2,6/62 ms

    Onda Refletida Incidncia da onda (V e I)

    Zat

    #######################################################

    Zt

    Figura 2.2 Estilizao da Torre e Incidncia da Descarga

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 15

    Devido a diferena de impedncia de aterramento entre os dois casos, valores

    diferentes de corrente descem pela estrutura em direo ao aterramento,

    porm com alterao discreta no valor desta corrente. Outra parcela da

    corrente segue em direo aos cabos pra-raios das torres adjacentes.

    Figura 2.4 Elevao de potencial no aterramento da torre para Zat = 5 W e Zat = 30 W

    Corrente Total da Descarga na Torre e Corrente no P da Torre (kA)

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    0.0

    0.2

    0.3

    0.5

    0.6

    0.8

    1.0

    1.1

    1.3

    1.4

    1.6

    1.8

    1.9

    2.1

    2.3

    2.4

    2.6

    2.7

    2.9

    3.1

    3.2

    3.4

    3.5

    3.7

    3.9

    4.0

    4.2

    4.3

    4.5

    4.7

    4.8

    5.0

    Tempo - 10-6 segundos

    Co

    rren

    te -

    kA

    Itotal Descarga I Zat (Zat=30 Ohms) I Zat (Zat=5 Ohms)

    Elevao de potencial no Aterramento Torre

    -200

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    0,0

    0,2

    0,3

    0,5

    0,6

    0,8

    1,0

    1,1

    1,3

    1,4

    1,6

    1,8

    1,9

    2,1

    2,3

    2,4

    2,6

    2,7

    2,9

    3,1

    3,2

    3,4

    3,5

    3,7

    3,9

    4,0

    4,2

    4,3

    4,5

    4,7

    4,8

    5,0

    Tempo - 10-6 segundos

    Ten

    so

    - k

    V

    V Zat (Zat=30 Ohms) V Zat (Zat=5 Ohms)

    Figura 2.3 Forma de onda Itotal Descarga, I p da Torre para Zat = 5 W e Zat = 30 W

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 16

    2.2.3 Reflexes no Aterramento da Torre

    A Figura 2.5 mostra as ondas de tenso fase/terra a partir do topo da torre

    (especificamente no pra-raios) e as tenses fase/terra resultantes devido s

    reflexes no aterramento da torre e reflexes nas torres adjacentes estrutura

    considerada, com valores de Zat = 5 e 30 W.

    Os valores de Zat, na maioria dos casos, so inferiores aos valores de

    impedncia de surto de torres, proporcionando reflexes de ondas negativas

    (coeficiente de reflexo K < 0) a partir do aterramento da torre, devido a

    descontinuidades das impedncias.

    Para a situao de Zat = 5 W, temos um K= -0,95, ou seja, quase toda a onda

    incidente refletida, com sinal contrrio.

    tat

    tat

    ZZZZ

    K+-

    = (2.1)

    Figura 2.5 Solicitao na cadeira de isoladores para os casos Zat = 5 W e Zat = 30 W

    Tenses Resultantes na Estrutura (Fase/Terra)

    -200

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    0,0

    0,2

    0,5

    0,7

    1,0

    1,2

    1,4

    1,7

    1,9

    2,2

    2,4

    2,7

    2,9

    3,1

    3,4

    3,6

    3,9

    4,1

    4,3

    4,6

    4,8

    Tempo - 10-6 segundos

    Ten

    so

    - kV

    V Fase Inf (Zat=30 Ohms) V PR (Zat=30) V Fase Sup (Zat=5 Ohms) V PR (Zat=5 Ohms)

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 17

    Para a situao de Zat = 30 W, temos um K= -0,71, ou seja, uma parte maior

    desta onda refratada e uma parcela menor refletida, com sinal negativo, ao

    topo da torre.

    A curva para Zat = 30 W supera a suportabilidade da cadeia de isoladores

    (DVcadeia > 685 kV) e portanto provoca o desligamento da LT atravs do curto-

    circuito 60 Hz.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 18

    2.3 Comportamento do Aterramento de LTs Frente a

    Solicitaes Impulsivas

    2.3.1 Uma Viso Histrica do Assunto : Impedncia de

    Aterramento

    O tema Impedncia de Aterramento estudado desde o incio do sculo

    passado at os dias de hoje, por pesquisadores de todo o mundo. Sua vasta

    utilizao em estudos para determinaes de ndices de Desligamentos de LTs

    entre outras aplicaes na rea da Engenharia Eltrica, mostra a necessidade

    de aprofundamento deste estudo. Os estudos relacionados com aterramentos

    submetidos a fenmenos impulsivos so fundamentalmente baseados em trs

    teorias : Linhas de Transmisso [20, 23, 25], Campo Eletromagntico [27, 41]

    e Circuitos Eltricos [35, 41].

    Impedncia de Aterramento pode ser conceituada como a oposio oferecida

    pelo solo injeo de uma corrente eltrica no mesmo, atravs dos eletrodos

    de aterramento do sistema, e quantitativamente expressada pela razo entre

    a tenso aplicada ao aterramento e a corrente resultante.

    Os estudos sobre impedncia de aterramento de eletrodos enterrados

    submetidos a surtos impulsivos tiveram seus primeiros trabalhos desenvolvidos

    por Bewley [14] em 1934, que estudou a teoria e realizou testes de

    propagao de ondas em cabos contrapesos. Bewley props uma formulao

    para o comportamento transitrio do contrapeso.

    Em 1940, Sunde [15] apresentou um trabalho sobre caractersticas de surto de

    cabos nus enterrados no solo, onde desenvolveu uma formulao para

    equacionar as condies de aplicao de ondas senoidais e impulsivas em

    contrapesos com vrios comprimentos enterrados no solo.

    Em 1941 e 1942, Bellaschi e Armington [16,17] apresentaram resultados de

    aplicaes de ondas impulsivas e senoidais (freqncia industrial) em hastes

    verticais de vrios comprimentos enterradas em solos de diferentes

    caractersticas. O trabalho apresentou vrias tabelas comparativas entre a

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 19

    relao da resistncia impulsiva e a resistncia de 60 Hertz, levando em

    considerao vrios fatores como variao sazonal, hastes simples, hastes

    paralelas e valores de corrente de pico injetada. Foi mostrado, em experimento,

    o fenmeno de disrupo do solo, atravs da variao da impedncia de

    impulso em funo da corrente de pico aplicada ao sistema de aterramento.

    Estes autores apresentaram a variao da impedncia impulsiva de

    aterramento, quando relacionados valores instantneos de tenso e correntes,

    ponto a ponto, mostrando que no apresentava valor constante. Formulaes

    matemticas foram apresentadas para o clculo da impedncia de impulso de

    aterramentos. Todos os experimentos foram realizados considerando solo

    homogneo, ou seja, desconsiderando as variaes da resistividade do solo

    em funo da profundidade.

    Em 1945, Rudenberg [18] publicou um trabalho apresentando expresses

    analticas para o clculo da resistncia de aterramento em freqncia industrial

    para vrias configuraes. Para estudos em alta freqncia, Rudenberg

    demonstrou a necessidade de estudar, alm da resistividade do solo, a

    permissividade eltrica do mesmo, a qual responsvel pela existncia da

    corrente de deslocamento. Este trabalho props modelos simplificados em

    forma de circuitos eltricos para descrever o comportamento do aterramento

    submetido a altas freqncias.

    MacGowan [19], em 1975, apresentou um estudo com utilizao de materiais

    como o gel de silicato de sdio e lama de bentonita, aplicados em conjunto e

    envolvendo aterramentos de ps de torre e contrapesos, com objetivo de

    reduzir a resistncia de aterramento e impedncia de surto. Esta reduo est

    diretamente associada melhoria da resistividade que envolve o p de torre e

    os contrapesos. Neste experimento foi realizada a medio de resistividade da

    lama de bentonita, ligeiramente superior resistividade do gel. Foi verificado o

    nvel de corroso somente do gel com relao ao material de aterramento, que

    apresentou valores satisfatrios. Foram definidos mtodos para medies de

    impedncia de surto em torres de transmisso.

    Em 1978, Gupta e Thapar [20], publicaram um trabalho onde apresentaram os

    sistemas de aterramentos modelados como indutncias e admitncias

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 20

    distribudas. Os autores passaram a utilizar o conceito de impedncia de

    aterramento como sendo a relao entre a onda de tenso, no ponto de

    alimentao, e o valor de pico de corrente. Este trabalho passou a utilizar o

    conceito de comprimento efetivo de aterramento, considerando que somente

    um comprimento limitado de eletrodo capaz de dissipar efetivamente

    correntes impulsivas no solo. Foram utilizados valores de corrente abaixo dos

    valores que causam disrupo do solo ao redor dos eletrodos. Todos os

    experimentos so considerados em solo homogneo.

    Dawalibi e outros, em 1973 e 1980 [21-22], desenvolveram trabalhos relativos a

    influncia de solo no uniforme na medio de resistncia de aterramento de

    eletrodos enterrados e aterramentos de LTs. Seus trabalhos trataram de

    valores em freqncia industrial, porm contriburam para desenvolvimento de

    metodologias e ferramentas para modelamento do solo em camadas

    (estratificao).

    No incio da dcada de 80, Verma e Mukhedkar [23] representaram o

    aterramento de linha de transmisso por meio de um modelo de linha de

    transmisso, desenvolvendo expresses analticas para a impedncia de

    aterramento em funo do tempo.

    Em 1981, Takashima, Nakae e Ishibashi [24] publicaram um trabalho onde

    utilizaram o mtodo das imagens para estudar as caractersticas em alta

    freqncia de configuraes tpicas de sistemas de aterramentos bem como a

    distribuio do campo eltrico na regio circunvizinha aos eletrodos. Este

    trabalho chamou a ateno para a considerao da corrente de deslocamento

    em estudos relacionados a correntes impulsivas injetadas em sistemas de

    aterramento.

    Em 1983, Mazzeti e Veca [25] apresentaram um estudo de um modelo

    matemtico para estudar a performance de eletrodos aterrados

    horizontalmente submetidos a correntes impulsivas. Atravs deste estudo,

    estes autores caracterizaram a influncia da resistividade do solo, dimenso

    dos eletrodos e forma de onda e intensidade. Os autores destacaram tambm

    a influncia da resistividade do solo no comportamento dos aterramentos.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 21

    Foram feitas consideraes a respeito do fenmeno de disrupo do solo ao

    redor do eletrodo quando o mesmo submetido a altas densidades de

    correntes. Sob estas condies, foi simulado o comportamento no linear dos

    eletrodos com um aumento de seu raio, reduzindo a resistncia do eletrodo.

    Os resultados obtidos foram comparados com resultados experimentais de

    outros pesquisadores, mostrando-se plenamente satisfatrios. Nos estudos, foi

    considerado solo homogneo.

    Em 1987, Oettl [26] desenvolveu um estudo onde apresentou uma curva geral

    para estimar a impedncia de impulso de sistemas de aterramento para

    qualquer configurao. Este trabalho props um valor para o campo eltrico

    crtico de disrupo do solo (E0= 1 MV/m), independente do tipo de solo. Esta

    curva proposta baseada na definio de impedncia de impulso em um

    tempo definido de 6 ms aps o incio do impulso. Para um projeto de malha de

    aterramento, no necessrio o conhecimento da resistncia de aterramento

    em baixa freqncia .

    Em 1993, Visacro e Portela [27] apresentaram os aspectos bsicos de uma

    modelagem computacional para simulao do comportamento de sistemas de

    aterramentos eltricos em funo de solicitaes associadas a descargas

    atmosfricas. Este modelo considerou os efeitos da propagao do campo

    eletromagntico no solo e demonstrou a importncia de se computar a

    dependncia dos parmetros do solo com a freqncia.

    Em 1995, Visacro e Amilton [28] apresentaram resultados de investigaes

    sobre a influncia da intensidade da corrente de descargas atmosfricas no

    comportamento de aterramentos eltricos, baseado em trabalho anterior

    desenvolvido pelos autores [27]. Foi considerado o processo de ionizao do

    solo nas medies implementadas, sendo desenvolvida uma interpretao

    macroscpica do processo.

    Visacro, em 1995 [29], colocou em discusso os aspectos fundamentais

    relativos influncia do aterramento eltrico com relao compatibilidade

    eletromagntica, tendo como uma das principais abordagens a diferenciao

    entre o modelamento do aterramento : aterramentos em baixas freqncias e

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 22

    em altas freqncias. A dependncia dos parmetros do solo em relao

    freqncia (resistividade e permissividade) e o efeito da intensidade da

    corrente injetada no sistema (processo de ionizao) so consideraes

    bsicas para a formulao de um modelo consistente de um sistema de

    aterramento (dentre outros fatores). O desempenho deste sistema de

    aterramento est diretamente associado ao conceito da impedncia de

    aterramento, a qual funo da freqncia. Esta dependncia influi no

    comportamento da disperso da corrente no solo, onde as correntes

    capacitivas so desprezadas para baixas freqncias (na maioria das

    aplicaes) e bastante significativas para altas freqncias (kHz, e

    predominante sobre os demais efeitos para a faixa de MHz). A relao entre a

    impedncia de aterramento e a resistncia no linear e depende das

    caractersticas do solo e da geometria do aterramento. Em solos estratificados,

    onde possvel alcanar resistividade mais baixa para a segunda camada (em

    relao primeira camada), o aproveitamento da mesma (atravs de hastes,

    grelhas ou tubules) pode ser um fator decisivo para minimizar a resistncia de

    aterramento e aumentar a dissipao das correntes de conduo e capacitiva.

    Na referncia [30], em 1995, Visacro e Amilton colocaram em discusso a

    utilizao de valores de resistncia de aterramento (60 Hz) como valor adotado

    para estudos de desempenho de linhas quanto a impulsos atmosfricos. Os

    autores consideraram que tal prtica pode ocasionar um desvio da realidade na

    maioria dos casos. Efeitos como a dependncia de parmetros do solo

    (resistividade e permissividade) em relao freqncia esto includos no

    modelo simplificado de representao da impedncia de aterramento. Arranjos

    tpicos de aterramento de concessionrias brasileiras so adotados como

    configurao para o modelo, obtendo-se um valor para a relao entre os

    valores de pico das ondas de tenso e de corrente, designado como

    impedncia de aterramento (Zp). Ondas do tipo lentas (5/20 ms) e rpida

    (1,2/50 ms) foram aplicadas ao sistema de aterramento. Para arranjos variados

    quanto ao comprimento de contrapeso na torre e resistividade do solo (solo

    homogneo, valores de 250 a 4000 Wm), obteve-se a relao entre a

    impedncia de aterramento e a resistncia em baixa freqncia, ficando esta

    relao sempre prximo de 0,65. A adoo de um anel equalizador prximo ao

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 23

    ponto de injeo da corrente eficaz no sentido da reduo de Zp , bem como

    uma representao mais detalhada da grelha, a qual teve sua representao

    bastante simplificada.

    Em 1996, Amilton S. Jr. [8] investigou o comportamento de arranjos tpicos de

    aterramento adotados pela CEMIG, avaliando vrios parmetros relacionados

    ao sistema de aterramento e comportamento do mesmo frente a impulsos

    atmosfricos. Foi considerado para esta investigao, o tratamento do solo

    como homogneo, no considerando a influncia de solos estratificados em

    camadas. Desta investigao, foi proposto o aprimoramento do arranjo utilizado

    nas linhas de transmisso de 69 a 500 kV, o qual passou a ser adotado como

    padro de aterramento pela empresa, visando a minimizao da impedncia

    impulsiva de aterramento e buscando minimizar a sobre-tenso na cadeia

    devido ao impacto da descarga atmosfrica.

    Em 1998, Clebicar e outros [10], alertaram a respeito da desconsiderao do

    efeito da estratificao no arranjo proposto em [8], que em muitos casos pode

    ser determinante para valores de resistncia de aterramento e impedncia

    impulsiva baixas, dependendo do valor da segunda camada de resistividade

    em contato com fundaes da estrutura, que atingem em mdia 3 metros de

    profundidade. A considerao dos valores de resistividade estratificados para

    as torres props um estudo mais detalhado do caso.

    Em 1998, Medeiros [11] estudou o comportamento de aterramentos eltricos

    submetidos a condies de descargas atmosfricas considerando os efeitos

    resistivos e indutivos. Neste trabalho, o autor chama a ateno para tentativas

    de reduzir o valor da resistncia de aterramento construindo extensos arranjos

    porm ignorando o efeito indutivo do aterramento cuja componente de tenso

    pode ultrapassar a componente resistiva e atuando como parmetro principal

    na resposta transitria do sistema. O autor considera o erro relevante quando o

    aterramento considerado somente resistivo na situao de transitrios.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 24

    2.3.2 O Contrapeso

    Contrapesos so cabos enterrados no solo a uma profundidade varivel de 20

    centmetros a 1 metro, conectados aos ps ou base de torres de LTs. Podem

    ter a configurao de contnuos (interligados torre a torre), paralelos aos cabos

    de uma linha de transmisso ou serem radiais (ramos de cabos dispostos

    radialmente torre de transmisso).

    O nome contrapeso ou counterpoise foi introduzido erroneamente durante

    suas primeiras aplicaes por que se acreditava relacionar o acoplamento

    capacitivo com os cabos areos da LT com sua efetividade no solo, porm foi

    constatado que o efeito de acoplamento capacitivo muito pequeno [31].

    A definio para um cabo contrapeso, do ponto de vista de comportamento

    impulsivo, essencialmente uma impedncia com um valor inicial entre 150 e

    200 W (equivalente a sua impedncia de surto Zs) decaindo exponencialmente

    para a resistncia de aterramento em 60 Hz em um tempo muito curto

    (aproximadamente de seis vezes o seu comprimento em km, em ms Ex. : para

    um contrapeso de 0.3 km teremos um tempo de 1.8 ms) [31].

    As principais caractersticas de um cabo contrapeso so :

    1. Impedncia de surto inicial - Zs : responsvel pelos efeitos

    ocasionados entre tempos muito curtos (entre 0 e 1 ms) associados a

    fenmenos impulsivos;

    2. Resistncia de disperso final : Leakage Resistance ou resistncia

    de aterramento a freqncia de 60 Hz;

    3. A transio da impedncia inicial para a final : dependente da

    resistividade do solo e do comprimento do contrapeso (tambm

    funo das reflexes de ondas);

    Clculos e testes mostram que um surto em um contrapeso

    predominantemente uma onda viajante com aproximadamente 1/3 da

    velocidade da luz (100x106 m/s), enquanto surtos em cabos de linhas areas

    viajam muito mais rapidamente (aproximadamente a velocidade da luz -

    300x106 m/s).

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 25

    Considerando o contrapeso como um condutor simples de uma linha de

    transmisso com comprimento l e constantes G, L , C e desprezando R

    (resistncia) por unidade de comprimento, com circuito aberto no final, a

    impedncia final do cabo contrapeso dada pela equao [31] :

    Onde :

    r : Resistividade do solo em Wm

    l : comprimento do contrapeso em metros d = (2ah)1/2 ; sendo a o dimetro do cabo contrapeso e h a profundidade

    enterrada

    e : permissividade do vcuo (e0) e permissividade relativa do solo (eR)

    m : permeabilidade do solo

    De acordo com a formulao de Bewley (2.2), a impedncia um parmetro

    varivel a qual tem uma impedncia de surto inicial (Zs) e reduz de modo

    exponencial para a resistncia de disperso final 1/(G) Resistncia de

    aterramento (Rt).

    ( )

    2.5)(H/metro1d2

    ln2

    L

    )2.4(F/metro1d2

    ln1C

    2.3)(1d2

    lnR

    0

    -

    =

    -+=

    W

    -

    =

    l

    l

    ll

    r

    pm

    epe

    pr

    ( ) ( )

    2RC1

    aLC2

    1)p(2k:Com

    p12kt)sen(

    LC

    G4

    p12k

    t)8cos(1G

    1(t)Z

    k

    1k

    k22

    katC

    =-

    @

    --

    --

    @

    =

    -

    l

    ll

    v

    vv (2.2)

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 26

    Na maioria dos casos, o contrapeso se encontra conectado base de

    estruturas que tambm possui uma resistncia de aterramento. O paralelo

    desta com a resistncia de aterramento de p de torre (Rt) dado pela

    equao a seguir (veja Figura 2.6 [31]) :

    Resultados prticos e analticos so comparados na Figura 2.6 a seguir :

    Os estudos mostram que a melhor performance do cabo contrapeso obtida

    nos primeiros 30 metros e que um dado comprimento de cabo contrapeso

    mais bem empregado na faixa de extenso mxima entre 70 e 90 metros de

    comprimento (devido ao rpido escoamento da corrente para o solo). Valores

    superiores no tm efetividade no escoamento de correntes impulsivas.

    Estudos posteriores implementaram o conceito de comprimento efetivo de

    contrapeso.

    )

    (rG)tanghrG

    R1

    RR (2.6

    t

    teequivalent W

    +

    =

    l

    Figura 2.6 Resistncia Final de Contrapeso e P de Torre em Paralelo [31]

    (ps)

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 27

    possvel, atravs de formulaes matemticas, encontrar a resistncia de

    aterramento do contrapeso em funo da resistividade do solo, assumindo solo

    homogneo. Porm satisfatrio medir a resistncia de aterramento de um

    comprimento de cabo enterrado no campo. Esta medio tem que ser feita com

    cuidado devido s variaes de tempo e umidade durante o dia, o que pode

    levar a grandes variaes desta resistncia.

    A transio da impedncia inicial de surto (Zs) para a resistncia final de 60 Hz

    (Rt) praticamente completada quando e-at=0.05, ou quando t=(6*C)/G.

    Sendo t = tempo em segundos e a conforme descrito na equao (2.2).

    Ensaios de surtos em contrapesos com formas de ondas de corrente

    retangulares confirmam que a impedncia transitria varia, de forma

    aproximada, de acordo com a equao :

    Esta equao demonstra que a impedncia transitria de surto funo da

    impedncia de surto e tambm de uma parcela de R que varivel devido s

    reflexes de onda. O circuito equivalente aproximado do contrapeso ilustrado

    na Figura 2.7, a seguir :

    (2.7) O)eR(ZR(t)Z t/2tstsl--+=

    Figura 2.7 Circuito Equivalente do contrapeso [31]

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 28

    Testes de campo sob diferentes condies e em vrias localidades, mostram

    velocidades de propagao em contrapesos na ordem de 30 a 40% da

    velocidade da luz e impedncia de surto de 120 a 220 W. Isto causa pequena

    diferena nos resultados finais onde o valor de Zs usado.

    A utilizao de vrios ramos radiais de cabo contrapeso a partir de um ponto

    central tem uma melhor performance nos seguintes aspectos (veja Figura 2.8) :

    Reduz a impedncia inicial de surto;

    Reduz o tempo de transio para a resistncia de aterramento 60 Hz.

    Cabos contrapesos lanados de forma perpendicular aos cabos da linha area

    no possuem acoplamento mtuo devido sua posio geomtrica em relao

    aos cabos areos (pois esto perpendiculares).

    Uma comparao entre contrapesos paralelos e perpendiculares com os

    parmetros Rt=200 W e Zs=400 W mostrou que o contrapeso paralelo

    ligeiramente melhor (no que se refere velocidade de propagao) que o

    Figura 2.8 Reduo da Impedncia de surto com o aumento de ramos de contrapeso [31]

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 29

    contrapeso perpendicular devido ao acoplamento extra, porm na prtica no

    se obtm vantagens desta pequena diferena [31].

    O lanamento de 300 metros de contrapeso de forma radial em quatro

    comprimentos de 75 metros apresenta um melhor resultado na impedncia de

    surto do que a mesma quantidade lanada em 2 ramos paralelos. Dois ramos

    lanados em paralelo tero um maior acoplamento com os cabos areos,

    porm sua impedncia de surto ser maior [31].

    Para clculos das reflexes nos cabos contrapesos consideram-se que os

    contrapesos e os cabos pra-raios so conectados em um mesmo ponto,

    porm a impedncia de surto da torre altera as condies de reflexes de

    onda. Considerando que a frente de onda de uma descarga atmosfrica no

    mnimo de 1 ms e que a altura da torre cerca de 30 metros, admissvel

    desconsiderar a impedncia de surto da torre, ou seja, considerar que o

    contrapeso esteja conectado ao cabo pra-raios, j que o tempo de trfego na

    torre seria de apenas 0,1 ms. Valores encontrados em testes comparados com

    os valores na referncia [31] mostraram que, considerando as reflexes de

    ondas na torre e desprezando tais reflexes, a diferena mdia de tenso no

    contrapeso e no cabo pra-raios fica em torno de 1,2%.

    Para confirmar a teoria analtica dos cabos contrapesos, vrios testes de

    campo em contrapesos foram conduzidos em 1934 e esto referenciados em

    [14]. Estes testes foram projetados para simular vrias condies, o mais

    prximo da realidade possvel. Foram executados testes em contrapesos

    enterrados e contrapesos isolados sendo que a profundidade dos contrapesos

    enterrados foi de 30,48 cm, paralelo e sob condutores areos de linha, com

    comprimentos de 60,96 m, 152,4 m e 281,2 metros. Surtos de tenso com

    amplitudes de 14,5 kV e 90,2 kV foram aplicados. Os surtos de tenses e

    correntes nos contrapesos de 281,2 m e 60,96 m com condutores isolados

    areos (simulando cabos de uma LT) so mostrados na figura a seguir.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 30

    A impedncia de surto oscila entre os valores de 130 at 150 W, enquanto os

    valores finais aproximam da resistncia de disperso de forma exponencial

    (conforme mencionado anteriormente).

    A propagao de um surto em contrapeso enterrado em um solo de baixa

    resistividade semelhante a uma propagao conforme o fenmeno de ondas

    viajantes. Por esta razo, tentativas de descobrir a velocidade de propagao

    pelas reflexes nos oscilogramas no tiveram sucessos.

    Nota-se, na Figura 2.9, que o contrapeso de 61 metros atinge a resistncia de

    disperso em um tempo de aproximadamente 1,5 ms, estabilizando-se. Para o

    contrapeso de 282 metros, em um tempo de 5,5 ms a resistncia de disperso

    ainda no alcanada. Este fenmeno est associado s sucessivas reflexes

    nos cabos, sendo que para o contrapeso de maior extenso, a onda leva mais

    tempo para retornar de seu final, devido a sua extenso.

    A determinao da velocidade do surto em contrapesos foi mostrada atravs

    de um mtodo mais preciso desenvolvido por E. J. Wade [31].

    Figura 2.9 Impedncia Transitria de Contrapesos Enterrados [31].

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 31

    2.3.3 Comportamento do Contrapeso frente a Correntes

    Impulsivas

    O comportamento impulsivo de sistemas de aterramento quando submetidos a

    correntes impulsivas (fenmeno tipo descargas atmosfricas) foram estudados

    por vrios pesquisadores desde o incio do sculo passado. As referncias [20]

    e [25] tratam do assunto e a impedncia de impulso (Zat) de cabos contrapesos

    enterrados foi definida como :

    A razo entre o valor de pico da tenso desenvolvida no ponto de

    alimentao e o valor de pico da corrente (Vpico / Ipico) [20], ou;

    A razo entre o valor instantneo da tenso total do eletrodo e da

    corrente fluindo no eletrodo no ponto de alimentao (Vinst / Iinst) [25].

    A relao desta impedncia de impulso para a resistncia de 60 Hz foi definida

    como coeficiente de impulso (A) [20].

    A impedncia de impulso depende de alguns fatores, entre eles :

    Extenso e configurao do eletrodo;

    Ponto de injeo da corrente;

    Intensidade e forma de onda da corrente;

    Resistividade do solo.

    Quando a intensidade da corrente torna-se muito elevada, a vizinhana do solo

    ao redor do eletrodo pode ionizar-se, causando o fenmeno de disrupo do

    solo e em conseqncia disto, haver uma reduo na impedncia de impulso.

    Este efeito foi desprezado em [20] e considerado em [25]. Este fenmeno ser

    discutido no item 2.3.4.

    A referncia [20] estudou o comportamento impulsivo de contrapesos de

    algumas configuraes :

    Eletrodo simples, enterrado horizontalmente, alimentado na extremidade e no centro;

    Dois eletrodos horizontais paralelos alimentados na extremidade;

    Quatro ramos em estrela, enterrados horizontalmente, alimentados no centro.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 32

    A partir destes testes, foi estabelecido um mtodo geral para determinar o

    comprimento efetivo do contrapeso (comprimento de contrapeso que efetivo

    na dissipao de correntes impulsivas) e a impedncia de impulso, para

    qualquer configurao de aterramento.

    O efeito das capacitncias shunt em solos com resistividade inferiores a 3000

    Wxm pode ser considerado desprezvel. Como muitos dos solos encontrados

    para os testes tiveram resistividade inferior a este valor, o efeito foi ento

    desprezado. Para as simulaes propostas para o trabalho em questo, este

    efeito deve ser considerado devido aos altos valores de resistividade do solo

    encontrado em Minas Gerais (> 3000 Wm). A Figura 2.10 a seguir ilustra o

    descrito :

    A corrente impulsiva aplicada aos contrapesos foi representada por uma onda

    com uma frente senoidal e uma calda exponencial. A utilizao desta

    representao de onda obteve resultados consistentes e representa de forma

    bem aproximada o fenmeno das descargas atmosfricas.

    Alteraes nos parmetros como o raio do condutor, a profundidade do

    eletrodo e calda da onda, dentro de limites prticos, no causam alteraes

    significantes no valor da impedncia impulsiva de aterramento. Os estudos

    descritos em [20] foram conduzidos com os seguintes valores :

    Profundidade do eletrodo 0,5 m;

    (a) Circuito Equivalente para um eletrodo enterrado com capacitncias shunt

    (b) - Circuito equivalente simplificado

    Figura 2.10 Circuito Equivalente de um Eletrodo Enterrado Horizontalmente [20]

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 33

    Raio do eletrodo : 0,02 m;

    Tempo de calda : 40 ms;

    Comprimento do eletrodo (a partir do ponto de injeo) : 5 a 150 metros;

    Resistividade do solo : 50, 100, 500, 1000 Wxm (solo homogneo);

    Forma de onda de corrente : 1/40, 3/40, 4/40, 5/40 e 9/40 ms.

    Os resultados de testes realizados em um eletrodo simples enterrado

    horizontalmente no solo alimentado na extremidade indicaram que,

    aumentando a extenso do contrapeso, a impedncia de impulso decai,

    tendendo para a resistncia de aterramento em 60 Hz.

    Este comportamento explicado pelo fato de que a distribuio de corrente e

    tenso ao longo do eletrodo depende do comprimento. Depois de um certo

    comprimento, esta distribuio de corrente e tenso torna-se quase constante

    (conceito de comprimento efetivo de contrapeso).

    Uma anlise dos resultados para as condies propostas, mostrou que o

    comprimento efetivo le e o coeficiente de impulso A, podem ser representados

    pelas equaes (2.8), (2.9), e (2.10) a seguir (obs. T = Tempo de frente de

    onda - ms, l o comprimento do eletrodo m, e r a resistividade do solo - Wm).

    Contrapeso simples enterrado no solo alimentado na extremidade :

    A partir dos resultados obtidos para um eletrodo simples enterrado

    horizontalmente no solo e alimentado no centro, a seguinte equao foi obtida :

    Os resultados de testes realizados em eletrodos horizontais paralelos

    apresentam que o espaamento entre eletrodos tem pouco efeito no

    comprimento efetivo do contrapeso e no coeficiente de impulso A. Os

    resultados tambm mostram que o comprimento efetivo pode ser calculado

    usando a Equao (2.8). Esta concluso devido ao produto G x L permanecer

    constante da configurao simples para a configurao em paralelo.

    ( ) )8.2((m)T4.1e = rl

    ( ) )9.2(m)(T551e = r.l

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 34

    Para a disposio de quatro ramos em estrela com comprimento de cada um

    de l metros e alimentado no centro da estrela, a impedncia de impulso desta

    configurao foi calculada e deu origem a seguinte equao :

    Para todas as condies propostas, foi considerado que :

    Posteriormente aos testes descritos em [20], uma srie de anlises foi

    realizada em laboratrio, comprovando a validade dos resultados obtidos

    analiticamente, atravs das frmulas empricas para o comprimento efetivo do

    contrapeso e para o coeficiente de impulso.

    O comportamento de um cabo horizontal de comprimento l, enterrado em uma

    profundidade de aproximadamente 1 metro e alimentado por uma corrente de

    impulso tambm foi estudado por outros pesquisadores [25]. Atravs deste

    estudo concluiu-se que o mesmo pode ser simulado por meio de uma linha de

    transmisso longa com distribuio uniforme de parmetros. A nica diferena

    que a resistncia do eletrodo desprezada comparada com a reatncia

    indutiva, e a reatncia capacitiva desprezada comparada com a condutncia

    de disperso. A Figura 2.11 a seguir ilustra o modelo adotado.

    ( ) )10.2(m)(T851e = r.l

    ee

    ate

    2.30,33

    e

    ocomprimentoparamesmaaimpulsodeimpednciaa,Para

    RAimpulsode impednciaa, Para

    0.1)1.2(eA, Para e

    lllllll l

    l

    >

    =

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 35

    Para os testes realizados pelos pesquisadores [25], foi considerado que :

    Forma de onda do impulso de corrente aplicada no condutor aproximada

    por uma funo exponencial dupla;

    O cabo enterrado considerado ter comprimento infinito, ou seja, os

    efeitos devidos a reflexes de ondas foram desprezados.

    Aplicaes do modelo descrito em [25] permitiu uma anlise do comportamento

    impulsivo dos eletrodos baseada em trs aspectos : caractersticas do solo,

    forma de onda de corrente e variao da amplitude, e em particular permitiu

    uma avaliao do comprimento do eletrodo que efetivamente participa na

    disperso da corrente no solo (comprimento efetivo).

    A Tabela a seguir mostra os valores dos parmetros adotados para os

    clculos.

    Tabela 2.1 Parmetros Adotados em [25]

    T1 T2 I (kA) r do solo (Wm) 1 7

    7 28

    r solo = 3 ; 30 ; 150 ; 300 ; 500 ; 600 ; 1000 Wm; dimetro eletrodo = 3 mm, profundidade enterrada :

    > 80 cm ; Comp. do eletrodo > 100 metros 25 100

    5

    T1 e T2 : Tempo de frente e tempo de cauda, respectivamente, em ms

    Figura 2.11 Diagrama Eltrico Representativo Modelo Linha de Transmisso [25]

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 36

    Em solos de baixa resistividade (< 700 Wm), a indutncia causa uma queda de

    tenso rpida ao longo do eletrodo e somente a primeira parte do eletrodo

    contribui efetivamente para a dissipao da corrente no solo. O comprimento

    efetivo de um cabo tipo eletrodo pequeno em solo de baixa resistividade,

    enquanto o comprimento efetivo cresce com o aumento da resistividade do

    solo.

    O efeito da indutncia do cabo aumenta se a forma de onda de corrente

    rpida (tempo de frente de onda reduzido) proporcionando valores de

    comprimentos de contrapesos menores comparados a ondas mais lentas.

    Os resultados do modelo matemtico de [20] foram comparados com

    resultados experimentais obtidos de cabos de diferentes comprimentos

    colocados no solo de vrias resistividades, sendo aplicados correntes de vrias

    amplitudes, conforme descrito em [32] e validando os resultados.

    Resultados experimentais [18] mostram que em altos valores de corrente de

    impulso (do tipo descargas atmosfricas) a disrupo do solo pode ocorrer ao

    redor do eletrodo. Este fenmeno foi considerado no modelo com um aumento

    aparente na seo transversal do eletrodo, e conseqentemente uma reduo

    na resistncia. Esta interpretao est de acordo com a teoria e resultados

    experimentais obtidos por vrios autores [33,34,35]. A partir destas

    confirmaes, o modelo matemtico original foi ajustado para considerar mais

    realstico o fenmeno fsico o qual ocorre medida que os nveis de correntes

    aumentam. Para isso, foi adotado que para cada tipo de solo existe um valor

    do campo eltrico (E) na superfcie do eletrodo (campo eltrico inicial) o qual

    excedido, resultando no incio de descargas na zona de contato com o solo

    (existe tambm um valor crtico de campo eltrico abaixo do qual as descargas

    so extintas). Tambm foi considerado no modelo que a queda de tenso na

    rea onde as descargas acontecem nula.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 37

    2.3.4 Ionizao do Solo

    Conforme discutido anteriormente, alguns autores no consideram o efeito de

    ionizao do solo para sistemas de aterramento quando submetidos a elevados

    valores de correntes impulsivas para o clculo da impedncia de aterramento.

    Outros autores consideram este efeito. Trata-se de um assunto ainda em

    estudo por diversos pesquisadores.

    Visacro e Amilton [28] desenvolveram um estudo em que fizeram

    consideraes a respeito do fenmeno, apresentando uma forma de

    considerao do mesmo atravs do aumento de raios efetivos variveis. No

    caso mais crtico, os resultados mostraram uma reduo discreta entre a

    relao Vpico/Ipico no qual os aterramentos estavam sendo submetidos. Este

    estudo tambm verificou a necessidade de computar o efeito de ionizao para

    contrapesos extensos.

    A pesquisa mais recente est em desenvolvimento pela fora tarefa do CIGRE-

    WG 33.01 [36], que considera o comportamento do solo frente a descargas

    atmosfricas ainda um fenmeno muito complexo. Uma reduo na impedncia

    de aterramento alcanada devido a valores de correntes elevados e tambm

    devido a um processo de ionizao ao redor do eletrodo, associado a um alto

    valor de campo eltrico. Devido a complexidade deste fenmeno, a literatura

    disponvel a respeito tem sido criticada e formulaes matemticas atualmente

    propostas tm sido questionadas.

    Se o efeito de propagao ao longo dos eletrodos no considerado, para

    uma determinada configurao de aterramento, quando a corrente injetada no

    solo (I) aumenta, a densidade de corrente na superfcie do condutor (Ac)

    aumenta linearmente, conforme a equao a seguir :

    Onde o primeiro termo a corrente de conduo, o segundo a corrente de

    deslocamento e I/Ac a densidade de corrente.

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 38

    A intensidade do campo eltrico (E) tambm aumenta. Para cada tipo de solo e

    condio de umidade, existe um valor de campo eltrico crtico (E0) alm do

    qual, um processo de disrupo iniciado, contrariando a existncia de uma

    parcela substancial de corrente de conduo na regio.

    Este processo similar ao Efeito Corona. A diferena entre a ionizao e o

    Efeito Corona consiste na irregularidade no processo de disrupo no solo. No

    fenmeno de Corona, a homogeneidade devido ao ar determina uma

    regularidade na superfcie do condutor. As caractersticas heterogneas do

    solo, composto por vrias e diferentes partculas, determinam uma no

    uniformidade para o campo eltrico na regio adjacente ao eletrodo. Neste

    caso, o campo eltrico crtico alcanado primeiramente em determinados

    pontos e algumas descargas se estabeleam, enquanto em outros pontos

    eqidistantes do eletrodo no acontecem descargas. Nesta regio de

    descargas a conduo passa a ser por centelhamento e no mais por processo

    eletroltico.

    Quando este fenmeno observado do ponto de injeo da corrente no solo, o

    efeito traduzido pela diminuio na impedncia de aterramento. Enquanto

    este processo de ionizao no se inicia, h uma relao linear entre a tenso

    e a corrente aplicada no solo (R = V/I). Quando o campo eltrico crtico (E0)

    excedido, um canal de plasma (no qual a resistividade muito inferior que a

    resistividade do solo) estabelecido no solo e atua como uma extenso do

    eletrodo, sendo responsvel por um aumento adicional da corrente em relao

    aquela associada a relao linear entre a tenso e corrente. Uma avaliao

    experimental mostrou o efeito no linear deste processo [36]. Para ondas de

    tenso impulsivas aplicadas em um eletrodo enterrado no solo, a relao linear

    entre tenso e corrente foi observada enquanto o valor de pico era inferior a 4

    kV. Quando este valor foi excedido, a relao tambm foi reduzida pela

    reduo da corrente.

    Esta aproximao pode ser considerada razovel quando relacionada com

    aterramentos concentrados (tipo hastes, fundaes, grelhas) medida que a

    distribuio de corrente ao longo do eletrodo tende a ser regular, porm para

    eletrodos extensos (tipo contrapeso), o efeito de propagao de ondas ao

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 39

    longo do eletrodo atenua o campo eltrico e este comportamento deveria ser

    considerado.

    Pesquisadores de todo mundo investigaram este assunto durante vrios anos e

    duas linhas de pesquisas merecem destaque :

    1. Comportamento do solo no domnio do tempo: baseado na

    determinao de relaes para campo eltrico crtico e densidade de

    corrente na superfcie do condutor para diferentes solos;

    2. Anlise de curvas V x I : aproximao semelhante quela empregada

    para estudos de Efeito Corona por meio de curvas Q x V (estas duas

    anlises empregaram avaliaes experimentais).

    Para o clculo do efeito em configuraes existentes, duas aproximaes so

    encontradas na literatura e conhecidas como :

    Aproximao Geomtrica : Assume um aumento na superfcie do

    eletrodo para justificar a reduo da impedncia;

    Aproximao Fsica : Assume um comportamento dinmico da

    resistividade para o solo ao redor do eletrodo para considerar a reduo

    da impedncia de aterramento.

    Liew e Darveniza [37] estudaram vrios resultados de testes experimentais

    compostos de vrios eletrodos enterrados em diferentes solos, propondo um

    modelo analtico para descrever o comportamento dinmico das caractersticas

    de aterramentos concentrados. No modelo proposto, o solo caracterizado por

    trs zonas, conforme ilustra a figura a seguir :

    Figura 2.12 Resistividade Dinmica Curva para Corrente Impulsiva [37]

  • Captulo 2 Sistemas de Aterramento para Linhas de Transmisso 40

    Apesar de alguns pesquisadores afirmarem que uma abordagem tenha mais

    sucesso que