Exame Fisico - Abdomen Ausculta e Palpacao Figado Puc Txt

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AUSCULTA E PALPAÇÃO DO FÍGADO Semiotécnica da Observação Clínica Prof. José Ramos Jr

3 — AUSCULTA — A ausculta é o método propedêutico mais pobre em informações na propedêutica física do fígado. Somente o atrito, quando presente na área hepática sobre o gradeado costal correspondente e sobre o epigástrio indica a inflamação fibrinosa da cápsula de Glisson e do peritônio correspondente nos processos inflamatórios ou neoplásicos do parênqui-ma hepático, ou fazendo parte da péritonite generalizada. 4 — PALPAÇÃO — É o método de exploração clínica mais informativo para a exploração propedêutica do fígado, sem diminuir o valor dos métodos da inspeção, percussão e ausculta. Todos os processos de palpação do fígado baseiam-se na sua mobilidade respiratória, que ocorre no sentido axial, assim como um movimento de báscula em torno do seu eixo transversal, que se observa quando o paciente ocupa o decúbito dorsal. Na inspiração o fígado desce obliquamente de cima para baixo, e um pouco de fora para dentro, devido ao impulso diafrag-mático. Na expiração o fígado volta para a sua posição primitiva, seguindo uma trajetória inversa. a) Os processos da palpação — na ordem dos mais úteis para os menos úteis — são:

1.° — Processo de Mathieu — É um ótimo processo. O paciente na mesma posição da exploração do tubo gastro-intestinal, o médico sentado na cama ou na mesa de exame voltando o dorso para a cabeça do doente. As mãos paralelas, no abdome, dispostas com os dedos "em garra", pesquisando, desde a fossa ilíaca direita, a borda inferior do fígado durante as inspirações. A cada linha de pesquisa ou de colocação das mãos no abdome deve-se esperar que a bordado fígado toque os dedos que palpam na inspiração e esta deverá ser mais ou menos profunda, sem incorrer no "vício" muito comum de fazer inflexões dos "dedos em garra", e ainda, sem "esperar" a inspiração. Obtida a sensação da borda anterior do fígado na linha axilar anterior, acompanhá-la até o hipocôndrio esquerdo e também, até o hipocôndrio direito, (Fig. VII-38).

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2.° — Processo de Lemos Torres — O doente em posição idêntica ao processo anterior, com o médico sentado na cama do lado direito com o seu dorso para o lado dos pés do paciente. A

mão esquerda do médico, pela extremidade digito-palpar, fará pressão no ângulo lombo-cos-tal, com o fim de elevar a borda inferior do fígado, de fora para dentro a fim de exagerar o deslocamento inspiratório do fígado. A mão direita será colocada espalmada sobre a parede anterior do abdome de modo que as bordas radiais das terceiras falanges do indicador e do médio se contraponham ao movimento inspiratório do fígado, exercendo então, uma pressão de baixo para cima, e de dentro para fora e um pouco de trás para diante. Como em todos os processos, a pesquisa com a mão direita deva ser feita desde a fossa ilíaca direita,

(Fig. VII-39). 3. ° — Processo de Gilbert — O paciente, na mesma posição dos processos anteriores, o médico em pé, à direita do paciente, com as mãos aplicadas, justapostas, pelas suas extremidades distais na parede do abdome. O ângulo formado pelos braços e antebraços deve ser menor que 90°. A palpação é realizada nos movimentos inspiratórios, iniciando-se a pesquisa desde a fossa ilíaca direita. Em nossa prática temos realizado com vantagens, em fígados bem aumentados (em fígados normais este processo não é sempre útil), e que se queira no mesmo tempo palpar a borda an-terior correspondente ao lobo direito e ao lobo esquerdo, colocando as extremidades digitais da mão esquerda "em garra" como no processo de Mathieu na borda esquerda e a mão direita com as extremidades digitais na pesquisa da borda do lobo direito. Seria uma variante do processo de Gilbert, (Fig. VI1-40). 4. ° — Processo de Soupault — O paciente e o médico situados de maneira idêntica à do processo de Mathieu. A mão direita, disposta de maneira idêntica ao processo de Mathieu, sobre o abdome, é a que vai palpar, enquanto que a mão esquerda se apoiará na região lombar, fazendo pressão de cima para baixo, com o fim de elevar a borda inferior do fígado. 5. ° — Processo de Fleckel — Médico e paciente situados de maneira idêntica ao processo de Lemos Torres. A mão esquerda comprimirá em "garra" todo o hipocôndrio para diminuir a sua cavidade. A mão direita será colocada no abdome de maneira semelhante ao processo de Lemos Torres. A palpação realiza-se no fim das inspirações profundas quando a borda hepática tocar as pontas dos dedos da mão direita. Sempre iniciar a palpação na fossa ilíaca direita e esperar a borda anterior do fígado tocar as extremidades dos dedos, (Fig. VII-41). 6.° — Processo do Rechaço Hepático — O paciente e o médico nas posturas do processo de Lemos Torres. O médico, sentado, ficará à direita do paciente e com a mão direita, tendo os dedos reunidos pelas extremidades distais aplicará pequeno; choques na parede anterior do abdome, no intuito de impulsionar o fígado para a região profunda que volta depois a se chocar no plano resistente posterior. Realizando o choque, a mão direita ficará na posição aprofundada que imprime o choque à espera do contrachoque do rechaço. Toda vez que esta

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manobra for positiva, seja na palpação do fígado, ou de qualquer tumor pode ser garantida a presença da ascite. 7.° — Processo de Chauffard ou do Rechaço Hepático — Deverá ser realizado depois do anterior. O paciente e o médico nas mesmas posições dos processos anteriores. A mão esquerda do médico fará pressão no ângulo lombo costal e a mão direita ficará espalmada sobre a parede anterior do abdome, logo abaixo da reborda costal. Com a mão esquerda serão realizados pequenos choques bruscos de trás para diante, a fim de aproximar o fígado da parede anterior e torná-lo acessível à mão direita, que deverá avaliar a sua consistência e sensibilidade; tem a mesma expressão propedêutica do processo anterior. Nas ascites não muito volumosas, o processo de Chiray e Pavel, que se usa habitualmente para a palpação da vesícula biliar, é melhor do que estes dois últimos, para a palpação da borda anterior do fígado (ver pág. 704). 8º — Processo de Glenard (do polegar) de, — O objetivo principal é a verificação dos ca-racteres da borda anterior e da face inferior do fígado. As posições do paciente e do médico são as do processo de Lemos Torres. A palpação é realizada em quatro tempos, (Fig. VII-42):

1.° tempo: colocar os quatro últimos dedos da mão esquerda espalmada e justaposta no ângulo lombo-costal direito, fazendo pressão de trás para diante, a fim de manter esta região comprimida no sentido póstero-anterior. Esta manobra tem por fim aproximar o fígado da parede anterior do abdome, durante a descida inspiratória. 2.° tempo: a mão direita, espalmada sobre o hipogástrio e região umbilical, comprime a massa intestinal em direção ao hipocôndrio direito com o fim de alevantar a borda anterior do fígado. Esta pressão deve ser constante e forte porém, a ponto de não provocar a dor. 3.° tempo: com o polegar esquerdo, a parede abdominal anterior é deprimida abaixo da sede presumível da borda inferior do fígado.

4.° tempo: isto feito, procura-se fazer saltar a borda inferior do fígado durante a inspiração, graças a movimentos semicirculares realizados pelo polegar esquerdo seguindo a direção de baixo para cima, e de trás para diante, justamente em movimentação oposta àquela da descida inspiratória do órgão, palpando a borda anterior do fígado. O fígado normal projeta-se pela face superior e pela borda anterior diferentemente, nos adultos, dependendo do tipo constitucional. No astênico, a borda inferior do lobo direito acha-se até a 2 cm abaixo da reborda costal e o lobo esquerdo avança obliquamente, passando pelo epigástrio até o hipocôndrio esquerdo, aí se situando per debaixo das 5ª e 6ª costelas esquerdas. Nos pícnicos, o fígado tem o seu lobo direito recoberto pela parede costal, e a borda e face anterior do lobo esquerdo situa-se mais baixo do que no tipo astênico, em direção quase horizontal, no epigástrio. Ao nível da região situada entre a linha hemiclavicular direita e a borda externa do

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músculo reto anterior do abdome, acha-se a projeção da chanfradura do fígado correspondente à topografia da vesícula biliar. b) A palpação do fígado normal apresenta os seguintes caracteres propedêuticos em toda a extensão da borda anterior, desde o lobo direito até a projeção epigástrica do lobo esquerdo: b1) borda anterior fina, lisa e mole; b 2 ) Não se palpa, normalmente, a chanfradura hepática na projeção da vesícula biliar; b3) a superfície da face superior é lisa; b4) indolor; b5) a franca descida inspiratória; b6) a falta de fixabilidade expiratória. Nas crianças de tenra idade e nos recém-nascidos, normalmente a borda anterior ultrapassa bastante a reborda costal anterior direita, às vezes até a linha umbilical, diminuindo pro-gressivamente à medida que a criança chega até 1 ano de idade. É importante este conheci-mento porque nesses primeiros meses não se deve concluir por anormalidade somente pelo caráter palpatório do volume do fígado. Os 8 processos descritos apresentam cada um a sua utilidade defendida pelos seus autores. Porém, esta utilidade é melhor concebida, por ser mais fácil a exploração e indicando informações em maior extensão, nos processos de Mathieu e de Lemos Torres. A seguir, está o processo de Gilbert com a nossa variação de semiotécnica. Os dois métodos do "rechaço he-pático" são úteis quando a ascite presente e volumosa não permite a palpação do fígado por um dos três processos anteriormente citados; nas ascites menos volumosas o processo de Chiray e Pavel é bastante útil conforme a nossa experiência. O processo de Fleckel não tem, a nosso ver, real utilidade, porque é preciso comprimir com força os dedos da mão esquerda "em garra" na loja hepática, tal como se fosse uma pinça, com o único propósito de projetar para dentro o fígado. Pois bem, a força realizada já retira, de certa forma, conforme a nossa experiência, uma parte da sensibilidade táctil e barestésica da mão direita, pela atenção que se presta àquela compressão da mão esquerda. O processo de Glenard somente explora uma li-mitadíssima extensão da borda anterior e face inferior do fígado, além de incorrer no mesmo defeito do processo anterior, ou seja, a compressão do hipogástrio e da região umbilical, diminuindo, de certa forma, a percepção táctil e barestésica do polegar. Em qualquer dos processos recomendados, logo depois da identificação da borda anterior do fígado em toda a sua extensão, procede-se obrigatoriamente à palpação superficial da face anterior do fígado com a mão direita espalmada em movimentos pouco compressivos para não perder as percepções táctil e barestésica e assim verificar a superfície da face superior do fígado que é normalmente lisa, e com a informação, inquirido o paciente, se acompanhada ou não de dor. A superfície granulosa da face anterior é muito comum na cirrose hepática tipo-porta ou de Laennec, e a superfície "em saco de batatas" com nódulos grandes e irregulares é a expressão do fígado neoplásico, geralmente por metástases de câncer do tubo gastrointestinal. Exceto o processo do rechaço e o de Chauffard, todas as outras técnicas usadas, em geral, exploram o limite inferior do fígado, que se apresenta sob a forma de uma borda fina, cortante ou romba, duro ou mole, regular ou irregular, dolorosa ou indolor. Raramente são identificadas as duas chanfraduras: a primeira, mais pronunciada, denominada chanfradura colecística, e a outra menos evidente, situada nos limites dos lobos direito e esquerdo. Normalmente nos astênicos ou longilíneos palpa-se a borda anterior do fígado abaixo da reborda costal (1 ou 2 dedos transversos) e nos pícnicos, essa borda se acha debaixo ou ao nível da reborda costal nas inspirações executadas para a sua palpação. É preciso ter bem presente estes caracteres na consideração de um fígado aumentado ou não de volume.

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