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7/23/2019 Explicando o Comportamento Em Relao Segurana No Trabalho Atravs Da Teoria Da Ao Planejada
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UNIVERSIDADE DE SO PAULO
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAO E CONTABILIDADE
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO
EXPLICANDO O COMPORTAMENTO EM RELAO SEGURANA NO
TRABALHO ATRAVS DA TEORIA DA AO PLANEJADA
Aluno: Marcio Braz Amorosino
Orientador: Profa. Dra. Liliana Vasconcellos Guedes
Verso Corrigida
(verso original disponvel na Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade)
SO PAULO
2014
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Prof. Dr. Marco Antonio Zago
Reitor da Universidade de So Paulo
Prof. Dr. Adalberto Amrico Fischmann
Diretora da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade
Prof. Dr. Roberto Sbragia
Chefe do Departamento de Administrao
Prof. Dr. Moacir de Miranda Oliveira Jnior
Coordenador do Programa de Ps-Graduao em Administrao
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MARCIO BRAZ AMOROSINO
EXPLICANDO O COMPORTAMENTO EM RELAO SEGURANA NO
TRABALHO ATRAVS DA TEORIA DA AO PLANEJADA
Dissertao apresentada Faculdade de
Economia e Administrao da
Universidade de So Paulo para a
obteno do ttulo de Mestre em
Cincias da Administrao.
Orientadora: Profa. Dra. Liliana Vasconcellos Guedes
Verso Corrigida
(verso original disponvel na Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade)
SO PAULO
2014
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FICHA CATALOGRFICA
Elaborada pela Seo de Processamento Tcnico do SBD/FEA/USP
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Dedico este trabalho a minha
esposa Miriam pelo seu carinho,
pacincia, companheirismo e
apoio em todos os tempos,
E a meus filhos Marcio e Danilo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo em primeiro lugar a minha famlia pelo suporte dado durante o desenvolvimento
deste trabalho, em especial para minha esposa Miriam, que lidou com minhas ausncias e
meu isolamento mesmo estando dentro de casa. Sem seu apoio a realizao desse trabalho
seria impossvel. Obrigado por sua pacincia. Obrigado por acreditar no trabalho.
Agradeo aos meus filhos pelos mesmos motivos. Por muitas e muitas vezes meus filhos me
viram debruado sobre os livros, concentrado, pensativo e distante. Com a realizao dessa
pesquisa, espero deixar para eles um bom exemplo de pai. A eles quero transmitir a
mensagem de que estudar importante, um privilgio, desafiador e til.
Um especial agradecimento Profa. Liliana Vasconcellos Guedes, minha orientadora, sempre
empenhada em colaborar, em mostrar os caminhos para realizao de um trabalho de
qualidade e em me desafiar. Obrigado por sua postura positiva e pelos feed-backs. Deste
tempo espero levar sua amizade.
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Resumo
A Segurana no Trabalho no Brasil um tema que merece ser explorado. Todos os anos
milhares de trabalhadores sofrem leses durante a realizao de suas atividades laborais.
Diversos estudos demonstram a influncia do ambiente sobre o comportamento das pessoas,
sendo o Clima de Segurana um construto bastante explorado. Este trabalho tem como
objetivo geral identificar fatores que explicam o comportamento dos trabalhadores emrelao segurana bem como analisar a relao existente entre esses fatores. Tendo em vista
a importncia do ambiente organizacional nas questes relacionadas segurana do trabalho,
foi escolhida uma empresa industrial brasileira de grande porte para a realizao desta
pesquisa. Foi realizada uma anlise do contexto organizacional, bem como uma avaliao do
comportamento dos trabalhadores em relao segurana com base na Teoria da Ao
Planejada. Com base no modelo proposto, tambm foi avaliada a relao entre a Superviso
direta dos operadores como fator que explica o comportamento desses em relao
segurana. Os resultados da pesquisa demonstraram que o comportamento dos trabalhadores
pode ser explicado com base na Teoria da Ao Planejada e que a Superviso tem relao
com o comportamento, mediada pelos construtos do modelo proposto.
Palavras-chave: Segurana no Trabalho, Clima de Segurana, Teoria da Ao Planejada,Superviso;
Abstract
Occupational Safety and Health issue in Brazil in a subject that matters. Every year thousands
of workers get injuries along its working activities. Several researches demonstrate the
environment influence over people behavior, being Safety Climate a well explored construct.
This research brings as general objective identify the factors that explain the workers
behavior toward safety and also analyze the relationship among these factors. Considering the
organizational environment relevance regarding safety issues, a large industrial Brazilian
company was selected to contribute to this study. Its organizational context was evaluated, aswell as the workers behavior toward safety based on the Theory of Planned Behavior. Based
on the proposed model, it was also evaluated the relationship between workers direct
Supervision as a factor that explain their behaviors toward safety. The results demonstrated
that the workers behavior can be explained based on Theory of Planned Behavior and that
Supervision set influence on workers behavior, mediated by TPB constructs.
Key-words: Occupational Safety and Health, Safety Climate, Theory of Planned Behavior,
Supervision;
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SUMRIO
LISTA DE QUADROS ......................................................................................................... 3LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... 4LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... 5
1 INTRODUO ............................................................................................................. 62 OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................................... 103 REVISO TERICA ................................................................................ .................. 133.1. Causa dos Acidentes de Trabalho ........................................................... .................. 133.2. Clima de Segurana ................................................................................ .................. 17
3.2.1 Cultura e Clima Organizacionais ........... ................................................................ 173.2.2 Dimenses do Clima de Segurana...................................................... .................. 203.2.3 Relao entre Clima de Segurana e Comportamento ............................................ 223.2.4 Relao entre Clima de Segurana e Liderana ..................................................... 28
3.3 Teoria da Ao Planejada ......................................................................................... 313.3.1 Conceitos .............................................................................................................. 313.3.2 Inteno ................................................................................................................ 34
3.3.3 Comportamento ........................................................... ......................................... 353.3.4 Atitude .................................................................................................................. 353.3.5 Normas Subjetivas ................................................................................................ 373.3.6 Controle Comportamental Percebido ..................................................................... 38
3.4 Modelos de Comportamento em relao Segurana ............................................... 394 METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................................... 444.1 Modelo Conceitual ................................................................................................... 444.2 Classificao de Pesquisa ......................................................................................... 464.3 Estrutura da Pesquisa ................................................................................................ 484.4 Necessidades e Fontes de Coleta de Dados ............................................................... 494.5 Tcnicas e Instrumentos de Coleta de Dados............................................................. 50
4.5.1 Coleta de Dados Secundrios ................................................................................ 50
4.5.2 Entrevistas ............................................................................................................ 504.5.3 Observaes de Campo ......................................................................................... 514.5.4 Questionrio ......................................................................................................... 51
4.6 Tcnicas de Anlise dos Dados ........... ...................................................................... 534.6.1 Modelagem de Equaes Estruturais ..................................................................... 544.6.2 Anlise Fatorial ..................................................................................................... 55
4.7 Matriz de amarrao ............................................................................... .................. 555 PREPARAO E APLICAO DA PESQUISA ....................................................... 585.1 Descrio do Perfil da Empresa Pesquisada .............................................................. 585.2 Definio do Escopo da Pesquisa .............................................................................. 595.3 Caracterizao da rea de Estudo ........................................................... .................. 605.4 Escolha do Comportamento de Estudo ...................................................................... 615.5 Construo, Validao e Aplicao do Questionrio. .............................. .................. 626 ANLISE DOS DADOS ............................................................................................. 706.1 Perfil dos Participantes da Pesquisa .......... ................................................................ 706.2 Anlise do Contexto Organizacional ......................................................................... 726.3 Avaliao da Compreenso do Comportamento ........................................................ 75
6.3.1 Anlise das Frequncias das Respostas................................................ .................. 756.3.2 Avaliao do Modelo de Mensurao .................................................. .................. 796.3.3 Avaliao do Modelo Estrutural ............................................................................ 82
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6.3.4 Avaliao dos Fatores que compe o modelo ........................................................ 866.3.5 Anlise do Comportamento Estudado.................................................................... 89
6.4 Anlise da Influncia da Superviso Direta ............................................................... 907 CONSIDERAES FINAIS ..................................................................... .................. 957.1 Concluses e Contribuies da Pesquisa ................................................. .................. 957.2 Limitaes da Pesquisa ............................................................................................. 98
7.3 Sugestes para Estudos Futuros ................................................................................ 998 REFERNCIAS ......................................................................................... ................ 101APNDICE 1 ESTUDOS DE CLIMA DE SEGURANA (SEO, 2004) ........................ 105APNDICE 2 ROTEIRO DE ENTREVISTAS .............................................................. 109APNDICE 3 QUESTIONRIO APLICADO POR JOHNSON E HALL (2005) .......... 111APNDICE 4 QUESTIONRIO APLICADO POR FOGARTY (2010) ........................ 112APNDICE 5 QUESTIONRIO APLICADO POR ZOHAR (2005) ............................. 113APNDICE 6 ACIDENTES REPORTADOS ................................................................ 114APNDICE 7 QUESTIONRIO INICIAL .................................................................... 116APNDICE 8 MATRIZ ROTACIONADA PR-TESTE ............................................... 118APNDICE 9 QUESTIONRIO FINAL ....................................................................... 119APNDICE 10 COMPILAO DAS ENTREVISTAS ................................................. 122
APNDICE 11 ANLISE DO QUESTIONRIO ......................................................... 125APNDICE 12 MATRIZ ROTACIONADA E QUESTES (FINAL) ........... ................ 137APNDICE 13 VARINCIA TOTAL EXPLICADA .................................................... 138
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Dimenses Agrupadas de Clima de Segurana .................................................. 21Quadro 2- Variveis utilizadas no estudo de Rundmo et al. (1998) .................... .................. 23Quadro 3 - Construtos utilizados no estudo de Tomas et al. (1999) .................... .................. 24
Quadro 4 - Construtos utilizados no estudo de Oliver et al. (2000) ...................................... 25Quadro 5 - Construtos utilizados no estudo de Seo et al. (2005) .......................................... 27Quadro 6 - Construtos utilizados no estudo de Fogarty (2010) ............................................. 41Quadro 7 Definies Operacionais do Modelo Proposto .......... ......................................... 45Quadro 8- Hipteses de Pesquisa ......................................................................................... 46Quadro 9 Necessidades e Fontes de Coleta de Dados ........................................................ 49Quadro 10 Matriz de Amarrao ...................................................................................... 56Quadro 11 Questes Adaptadas e Referncias (Teoria da Ao Planejada) ....................... 64Quadro 12 Questes Adaptadas Compromisso Percebido da Superviso........................ 66Quadro 13 - Questes (Verso Final)................................................................................... 68
Quadro 14 Participantes das Entrevistas e Observaes de Campo ................................... 70Quadro 15 Validao das Hipteses de Pesquisa ............................................................... 86
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LISTA DE TABELAS
Tabela 3 Alfa de Cronbach (Questionrio Verso Inicial) ................................................. 67Tabela 4 Tempo de Trabalho na Empresa ......................................................................... 70Tabela 5 Idade .................................................................................................................. 71
Tabela 6 Acidentes no Trabalho ....................................................................................... 71Tabela 7 Frequncias das Respostas sobre o Comportamento de Estudo ........................... 76Tabela 8 Frequncias das Respostas sobre Atitude ........................................................... 76Tabela 9 Frequncias das Respostas sobre Controle Percebido ......................................... 77Tabela 10 Frequncias das Respostas sobre Normas Subjetivas ........................................ 77Tabela 11 Frequncias das Respostas sobre Inteno ........................................................ 78Tabela 12 Valores de AVE, Raiz AVE, Confiabilidade Composta e Alfa de Cronbach ..... 80Tabela 13 Correlaes entre Variveis Latentes ................................................................ 80Tabela 14 Matriz de Cross-Loading Modelo 1 ............................................................... 81Tabela 15 Bootstrapping .................................................................................................. 83
Tabela 16 Valores de R2 .................................................................................................. 84Tabela 17 Valores de Cargas Fatoriais obtidos em outros estudos ................... .................. 85Tabela 18 Anlise Fatorial ................................................................................................ 87Tabela 19 Frequncias das Respostas - Compromisso Percebido .................... .................. 91
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Os cinco fatores na sequncia de acidentes .......................................................... 15Figura 2 - Modelo de Rundmo............................................................................................. 23Figura 3 - Modelo de Tomas ............................................................................................... 25
Figura 4 - Modelo de Oliver ................................................................................................ 26Figura 5 - Modelo de Seo .................................................................................................... 27Figura 6 - Teoria da Ao Racional ..................................................................................... 32Figura 7 - Teoria da Ao Planejada .................................................................................... 33Figura 8 - Modelo de Fogarty .............................................................................................. 42Figura 9 - Modelo Proposto ................................................................................................. 44Figura 10 Estrutura da Pesquisa ........................................................................................ 48Figura 11 Nveis Organizacionais ..................................................................................... 49Figura 12 Taxa de Frequncia de Acidentes (*) ................................................................ 58Figura 14 Nmero de Acidentes por Gerncia no Setor X ................................................. 60
Figura 15 Avaliao do Modelo Estrutural ....................................................................... 82Figura 16 Fatores e Relaes ............................................................................................ 94
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1 INTRODUO
Todos os anos no Brasil milhares de trabalhadores sofrem leses durante a realizao de suas
atividades laborais. De acordo com dados extrados do Anurio de Acidentes do Trabalho
(2011), publicado pelo Ministrio da Previdncia Social, em 2011 no Brasil foram registrados
711,2 mil acidentes de trabalho sendo que destes aproximadamente 730 foram fatais. Os
custos previdencirios associados a estes acidentes so da ordem de 600 milhes de reais por
ano ao governo, sem contabilizar outros que recaem diretamente sobre as empresas e aos
prprios acidentados.
De modo a reduzir este custo para a sociedade bem como todo o sofrimento humano
envolvido na ocorrncia de acidentes de trabalho, esforos tem sido realizados no campo daSegurana do Trabalho, principalmente a partir dos anos 70.
Observa-se que O campo da segurana e da sade industriais deu um salto gigantesco nos
Estados Unidos no incio da dcada de 1970 (ASFAHL, 1999, p.79). A OSHA-
Occupational Safety and Health Administration trouxe para a indstria americana [] um
conjunto de regras obrigatrias para a segurana e sade do trabalhador, prescritas pelo
governo federal (ASFAHL, 1999, p.80), formando assim a base para a realizao de
inspees, notificaes e estabelecimento de penalidades. Em 1978 o Ministrio do Trabalhodo Brasil promulga um conjunto de Normas Regulamentadoras que definem as
responsabilidades dos empregadores, empregados e o do governo, a funo dos profissionais
de segurana e um conjunto de requisitos tcnicos mnimos em relao s condies e
prticas de segurana do trabalho no pas.
Em meados dos anos 1980 os elementos chamados essenciais nos programas tradicionais de
segurana eram constitudos por reunies, inspees, investigaes de acidentes e anlises de
segurana nas tarefas (PETERSEN, 1996, p.66). A OSHA publicou um guia em 1980sugerindo que todas as companhias americanas deveriam seguir todas essas prticas. 1.
1OSHA published a guideline in the 1980s suggesting that all companies should follow all of these practices.
(PETERSEN, 1996, p.66)
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Tradicionalmente a Segurana no Trabalho e a Sade Ocupacional tm colocado foco sobre o
controle do ambiente fsico e tambm em procedimentos de trabalho como esforos para
prevenir a ocorrncia de acidentes (FOGARTY, 2010), o que refora o foco sobre os sistemas
de gesto.
Exemplos incluem a documentao de procedimentos detalhados desenhados para prover aforma mais segura de realizar tarefas, padres que orientam como dar continuidade a tarefas nocompletas entre colegas de trabalho, elaborao de guias de segurana bastante especficos sobrecomo operar equipamentos e o uso de equipamentos de proteo individual. 2
Ampliando a discusso, Petersen (1996, p. 29) nos anos 1980 desenvolve modelo para a
ocorrncia de acidentes no qual afirma que estes so causados por de falhas de sistema e erros
humanos. Falhas de sistema significam falhas de gesto [...] para identificar e corrigir os
perigos; todo o conjunto de condies inseguras; e inclui a falta de sistemas, padres e
procedimentos necessrios para lidar com as causas de acidentes. 3. Erros humanos esto
ligados sobrecarga de trabalho (fsica, fisiolgica ou psicolgica), tomada de decises
erradas e a armadilhas relacionadas incompatibilidade da situao do trabalho com o
trabalhador e ao desenho do ambiente fsico de trabalho(PETERSEN, 1999, p. 32).
Estudos suportados por diversos autores entre 1971 e 1996 demostram que a maior parte das
causas dos acidentes est relacionada ao comportamento inseguro no trabalho ou a erros
humanos, onde mais de 90% dos acidentes estudados tiveram estas causas como sendo as
principais (SEO, 2005). O termo fator humano [] foi utilizado em estudos com diversos
significados, tais como o comportamento em relao segurana, a predisposies e a
caractersticas cognitivas e motivacionais. 4(TOMAS, 1999).
Assim, uma abordagem que considere os fatores humanos no estudo dos acidentes de
trabalho deve procurar contextualizar o comportamento no ambiente de trabalho, reconhecer
diferenas individuais entre os trabalhadores e analisar fatores psicolgicos como
influenciadores do comportamento em relao segurana.(FOGARTY, 2010).
2Examples include the documentation of detailed procedures designed to provide the safest way of completing
tasks, procedures for handing over uncompleted tasks to colleagues, strict safety guidelines for the operation of
machinery, and the wearing of personal protective equipment. (FOGARTY, 2010).3[] to identify and correct the hazard/it includes the whole range of unsafe conditions/ and it includes thelack of systems, standards, and procedures needed to deal with accident causes.(PETERSEN, 1996, p. 37).4 [] has had different meanings, such as safe behaviors, proneness, cognitive and motivational
characteristics(TOMAS, 1999).
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Petersen (1996, p.63) tambm considera as [] causas sistmicas de incidentes sob duas
perspectivas: (1) quando o sistema de gesto no lida de forma adequada com situaes e
condies que podem ferir pessoas, e causar perdas; (2) quando o sistema de gesto cria um
ambiente que torna mais provvel uma pessoa errar. 5.
Uma questo que ainda persiste a razo que leva os trabalhadores a se comportarem de
modo inseguro (TOMAS, 1999).
Pesquisadores por volta de 1980 comeam a publicar estudos em relao a programas de
segurana no trabalho, afirmando que no existem elementos essenciais em um programa.
Segundo esse autor cada organizao deve determinar o que melhor deve ser a ela aplicado e
que a cultura organizacional o que determina sua efetividade. (PETERSEN, 1996, p. 66).
As questes culturais podem transformar-se em entraves ou obstculos significativos para as
mudanas requeridas nas organizaes quando da implantao de um Sistema de Gesto da
Segurana do Trabalho (FILHO, ANDRADE e MARINHO, 2011).
Assim, caractersticas organizacionais parecem ser um fator importante na explicao de
acidentes 6(TOMAS, 1999).As investigaes de grandes desastres industriais nos anos 80
abriram um novo campo de estudos e perspectivas, pois revelaram que as causas raiz
envolviam mais do que falhas tcnicas ou humanas (SEO, 2005).
Em 1986 com a publicao do relatrio de investigao do acidente ocorrido na usina nuclear
de Chernobyl, o ambiente organizacional foi considerado como fator contribuinte nas causas
de acidentes. A ocorrncia de falhas organizacionais, humanas e administrativas foi
relacionada cultura da organizao, no apenas em relao ao pessoal diretamente
envolvido com a operao da planta de Chernobyl, mas tambm de toda a indstria nuclear
na Unio Sovitica nesta poca. (IAEA,1986).
5[] system causes of incidents from two standpoints: (1) when the management system does not adequatelydeal with situations and conditions that might hurt people, and causes loss; and (2) when the management
system creates an environment that makes it more likely for a person to err.(PETERSEN, 1996, p. 63).6Organizational characteristcs seems to be an important factor in the explanation of accidents
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A investigao desse acidente e outros abriram espao para estudos relacionados cultura e
clima de segurana nas organizaes bem como sobre a relao destes com o comportamento
das pessoas.
Os estudos de clima de segurana se destacam na literatura e algumas das principaisdimenses analisadas esto relacionadas importncia de programas de treinamento,
adoo de prticas de segurana, medidas de controle e reconhecimento de riscos e ao
envolvimento da alta liderana e da superviso com questes relacionadas segurana
(ZOHAR, 1980; BROWN e HOLMES, 1986;WILLIAMSON et al.,1997; SEO, 2004).
O envolvimento da liderana na Segurana do Trabalho tem sido objeto de vrios estudos ao
longo das ltimas trs dcadas. Zohar (1980)utilizou o termo clima de segurana em seus
trabalhos e demonstrou que as atitudes percebidas da liderana em relao segurana umdos seus mais importantes fatores.
Trazendo uma abordagem da Psicologia para esta discusso, a Teoria da Ao Planejada foi
desenvolvida com o interesse por predizer e entender o comportamento, ao definir a inteno
em realiz-lo considerando o controle que o indivduo possui sobre esse comportamento
(FISHBEIN e AJZEN, 1975). Esta teoria prov um [] enquadramento terico que pode ser
utilizado para determinar em que extenso as percepes capturadas no clima de segurana
influenciam as atitudes e os comportamentos em relao segurana 7 (SWARTZ e
DOUGLAS, 2009). Essa pode, portanto servir como referencial para um modelo que
explique o comportamento dos trabalhadores.
7 [...] provides a sound framework to determine the extent to which perceptions of safety climate influence
various safety atitudes and behaviors.
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2 OBJETIVOS DA PESQUISA
Este trabalho tem como objetivo geral identificar fatores que explicam o comportamento
dos trabalhadores em relao segurana bem como analisar a relao existente entre
esses fatores. O comportamento dos trabalhadores em relao segurana um aspecto
crtico na preveno de acidentes. A compreenso dos fatores que o explicam pode conduzir
a aes que contribuam com a reduo dos acidentes nas organizaes.
A Teoria da Ao Planejada foi desenvolvida com o interesse em predizer comportamentos
intencionais das pessoas e tem como base a existncia de trs tipos de crenas: crenas
comportamentais, crenas normativas e crenas sobre controle (AJZEN, 1991). Outro aspecto
relevante no estudo de um comportamento relacionado segurana o papel docompromisso da gerncia e do suporte dos supervisores diretos no conjunto de esforos de
preveno de acidentes (SEO, 2004).
Tendo em vista a importncia do ambiente organizacional nas questes relacionadas
segurana do trabalho, foi escolhida uma empresa industrial de grande porte para a realizao
desta pesquisa.
Para a operacionalizao deste estudo foram definidos trs objetivos especficos:
(1)Analisar o contexto organizacional relacionado segurana no trabalho na
empresa estudada;
(2)Avaliar a compreenso do comportamento dos trabalhadores em relao
segurana, utilizando os construtos e relaes propostos pela Teoria da Ao
Planejada;
(3)Avaliar a influncia da superviso direta como fator que explique o
comportamento dos subordinados em relao segurana;
O primeiro objetivo especfico deste estudo consiste em entender as prticas de segurana na
organizao estudada atravs do levantamento de suas polticas, procedimentos e regras de
segurana e do levantamento de algumas atividades de risco realizadas pelos trabalhadores.
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O segundo objetivo especfico procura investigar as relaes entre os construtos que compe
a Teoria da Ao Planejada, ou seja, como as Atitudes dos trabalhadores, as Normas
Subjetivas s quais os mesmos esto sujeitos e o Controle Percebido que os mesmos tm
sobre determinados comportamentos em relao segurana, influenciam a Inteno em
realiz-los e a percepo em relao sua realizao propriamente dita.
O terceiro objetivo especfico consiste em avaliar a influncia que o compromisso da
superviso direta em relao segurana, sob o ponto de vista da percepo dos
trabalhadores, tem em relao ao comportamento desses.
Como contribuio desta pesquisa para a teoria, este trabalho procura avaliar um modelo
baseado na Teoria da Ao Planejada como ferramenta para explicar o comportamento em
relao segurana dos trabalhadores dentro de uma organizao brasileira.
Como contribuio para os gestores da organizao estudada, este trabalho procura fornecer
informaes sobre o ambiente organizacional que tenham relao com o comportamento dos
trabalhadores e que possam fundamentar a tomada de aes gerenciais para melhorar seu
desempenho em questes relativas Segurana do Trabalho.
A relevncia deste estudo pode ser justificada considerando o aumento no nmero de
acidentes registrados no Brasil entre os anos de 2010 e 2011 (ANURIO DE ACIDENTES
DO TRABALHO, 2011). Este estudo tambm pode ser justificado, pois no foram
encontrados estudos no Brasil baseados na Teoria da Ao Planejada com o objetivo de
entender o comportamento dos trabalhadores em relao segurana.
Este trabalho est estruturado em sete partes: a primeira seo tratou da introduo. A
segunda parte trouxe os objetivos da pesquisa, suas contribuies e justificativas.
Com base nos objetivos propostos, a terceira parte do trabalho apresenta uma pesquisa
bibliogrfica dividida em trs sees: uma sobre diferentes abordagens de Segurana do
Trabalho ao longo do tempo; a seguinte sobre o conceito de Clima de Segurana; e a ltima
sobre a Teoria da Ao Planejada.
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A reviso da literatura foi desenvolvida atravs da consulta a artigos acadmicos divulgados
em revistas especializadas, tais como Journal of Applied Psychology, Journal of
Organizational Behavior, Journal of Safety Research, Safety Science, Journal of
Occupational and Organizational Psychology, The Academy of Management Review, Journal
of Operations Managemente livros especializados nos temas relacionados.
A quarta parte trata sobre a metodologia de pesquisa proposta, comeando pela apresentao
do modelo conceitual utilizado neste estudo, seguidos pela classificao da pesquisa, sua
estruturao, necessidades, fontes, tcnicas e instrumentos de coleta de dados bem como as
tcnicas de anlises de dados utilizadas.
A quinta parte trata das etapas de preparao e execuo da pesquisa, onde foram levantados
dados secundrios para a definio de seu escopo, caracterizao da rea de estudo naorganizao e levantamento dos possveis comportamentos de estudo. Nessa parte tambm
so descritas as etapas de construo, validao e aplicao do questionrio utilizado para a
coleta dos dados primrios.
Na sexta parte so analisados os dados obtidos tendo em vista os objetivos propostos para
esse trabalho. So analisadas as respostas dos questionrios aplicados, a compilao das
entrevistas realizadas e os dados secundrios.
A stima e ltima parte traz as concluses do trabalho, suas limitaes e sugestes para
estudos futuros. Por fim so apresentadas as referncias e apndices.
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3 REVISO TERICA
Este captulo apresenta-se dividido em trs partes: a primeira traz uma evoluo histrica da
Segurana no Trabalho; a segunda parte apresenta conceitos e estudos sobre Clima de
Segurana, suas relaes com o comportamento dos trabalhadores e de suas lideranas; aterceira parte apresenta a Teoria da Ao Planejada, incluindo seus fundamentos e estudos
que a utilizaram em aplicaes relacionadas Segurana no Trabalho.
3.1. Causa dos Acidentes de Trabalho
O termo Segurana no trabalho segundo Benite (2004, p.19)refere-se ao estado de estar
livre de riscos inaceitveis que causem danos, que compatvel com a definio da OSHAS
(1999, p.9) que define Segurana como condies e fatores que afetam o bem-estar de
funcionrios, trabalhadores temporrios, pessoal contratado, visitantes e qualquer outra
pessoa no local de trabalho.
At 1931, os profissionais de segurana [] tendiam a concentrar seus trabalhos na identificaoe implantao de medidas fsicas preventivas como forma de evitar a ocorrncia de acidentes,atuando na colocao de protees de mquinas, limpeza e organizao das reas de trabalho,planos de inspeo nas reas de trabalho, aparentemente na crena de que as condies fsicas dolocal de trabalho eram causadoras dos acidentes. 8
Em 1931, Heinrich, em seu livro Industrial Accident Prevention, apresenta a Teoria dos
Domins que baseada na crena de que a principal razo por traz dos acidentes estava
relacionada s pessoas e apresenta dez axiomas para a segurana industrial, bem como prope
um modelo causal para a ocorrncia de danos e acidentes. Para sua poca, o autor foi
considerado um revolucionrio no campo da Segurana no Trabalho (PETERSEN, 1996, p.
xiv).
8[] tended to concentrate on physical preservative measures such as machine guarding, housekeeping, and
inspection, apparently in the belief that physical conditions cause accidents(PETERSEN,1996)
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s axiomas apresentados pelo autor so:
1. A ocorrncia de um dano invariavelmente foi resultante de uma completa sequncia defatores, sendo o seu antecessor um acidente;
2. Os atos inseguros das pessoas so responsveis pela maioria dos acidentes;
3. A pessoa que sofre uma leso incapacitante (permanente) causada por um ato inseguroescapou desta leso por pelo menos 300 vezes antes de se ferir, repetindo o mesmo atoinseguro;
4. No h controle sobre a gravidade de uma leso. A ocorrncia de um acidente pode serprevenida;
5. As quatro razes bsicas para a ocorrncia de atos inseguros (atitude imprpria dotrabalhador, falta de conhecimento ou habilidade, inadequao de condies fsicas eambiente mecnico ou fsico inadequado) proveem um guia para a seleo da medidacorretiva apropriada;
6. So quatro os mtodos para prevenir acidentes: reviso de engenharia, persuaso e apelo,ajuste de conduta pessoal e disciplina;
7. Mtodos que so vlidos para controlar a qualidade, custos e quantidade de produo soanlogos aos mtodos para prevenir acidentes;
8. Os gestores tm a melhor oportunidade e habilidade de iniciar um trabalho de preveno,portanto devem assumir esta responsabilidade;
9. O Supervisor o homem chave na preveno de acidentes industriais. Sua aplicao naarte de supervisionar e controlar o desempenho dos trabalhadores o fator de maiorinfluncia na preveno de acidentes;
10. O incentivo humanitrio na preveno de leses causadas por acidentes suplementadopor dois fortes fatores econmicos: (1) o estabelecimento seguro eficiente em relao produtividade e o inseguro ineficiente; (2) o custo total de um acidente cinco vezesmaior que os custos diretos envolvidos no mesmo (Heinrich, 1959, p.13-14).
Segundo Petersen (1996, p.xiv), os axiomas trazem a dica mais valiosa j descoberta para o
controle de acidentes que o comportamento humano. Heinrich (1959)traz tambm algumas
abordagens na tentativa de control-lo que, segundo Petersen (1996, p. xiv) foram em sua
maioria condenadas a falhar.
Baseados nos axiomas de Heinrich, Petersen,(1996, p. xv) destaca aes ou programas de
Segurana no Trabalho que envolvem o treinamento dos empregados, em que assumem que
esses no sabem reconhecer a diferena entre o que certo ou errado em relao a
procedimentos operacionais bem como o modo seguro de realizar o trabalho. O treinamento
dos Supervisores tambm ponto recorrente nos programas de Segurana o que tem relao
com o nono axioma de Heinrich. O autor tambm destaca a utilizao de sistemas de
informaes e a utilizao de meios para alertar os trabalhadores sobre os riscos do trabalho.
Como desdobramento dos axiomas, a Teoria dos Domins formulada com base na
existncia de cinco fatores que ao ocorrerem em sequncia resultam em leses para os
trabalhadores (HEINRICH, 1959, p.14), conforme apresentado na figura 1.
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Figura 1 - Os cinco fatores na sequncia de acidentesFONTE: adaptado de HEINRICH (1959, p.13)
A teoria postula que uma leso causada por um acidente e que este por sua vez causado
por condies ou atos inseguros. Condies ou atos inseguros so causados por falhas de
pessoas que podem ser adquiridas ou herdadas tais como imprudncia, temperamento
violento, nervosismo, excitao, desconsiderao ou ignorncia de prticas seguras. Estas por
sua vez so causadas pelo ambiente social (HEINRICH, 1959, p.14).
Nessa lgica, a ocorrncia de uma leso que pode ser evitada a consequncia natural de
uma srie de eventos ou circunstncias, que ocorrem em ordem fixa. Um fator dependente
do outro e ocorre devido ao outro, assim podendo ser comparado a uma fila de domins que
colocados e alinhados um em relao ao outro faz com que a queda do primeiro domin
inicia a queda da fila inteira (HEINRICH, 1959, p. 15).
O mesmo autor traz tambm os conceitos de condio insegura e ato inseguro fundamentandotoda sua teoria com base em estudos realizados nos registros de acidentes de trabalho
realizados na dcada de 1950.
Os dados levantados pelo autor mostram que em mais de 85% dos acidentes os atos
inseguros, ou seja, o comportamento do trabalhador em relao segurana esteve presente
pelo menos como uma das causas dos acidentes. (HEINRICH, 1959, p.21)
Outra abordagem sobre as causas dos acidentes de trabalho considera que falhas no sistemade gesto podem levar ocorrncia de acidentes.
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Teorias mais novas sobre Segurana disputam com a Teoria dos Domins e a substituemcom uma teoria de mltiplas causas. Essa teoria afirma que os acidentes so causados pelacombinao de diversos fatos, todos errados, que combinam em um ponto no temporesultando assim um dano. Essa teoria sugere que atos, condies e o acidente em si sosintomas de algo errado no sistema de gesto da organizao. Nesse caso a funo daSegurana do Trabalho no remover o sintoma, mas sim descobrir o que est errado no
sistema
9
(PETERSEN, 1996, p.xiv).
Em estudo realizado por Benite (2004, p.162)em empresas de construo civil, afirma-se que
um Sistema de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho pode propiciar a melhoria do
desempenho em relao a este tema na empresa, como intuitivamente pode se esperar.
Atualmente ainda perduram dois princpios elaborados por Heinrich: o primeiro de que a
causa primria dos acidentes so as pessoas; o segundo de que segurana um problema da
gesto e que deve ser resolvido atravs do gerenciamento. Uma rea de grande influncia est
relacionada teoria do gerenciamento particularmente nos quais novos conceitos de teoria
comportamental so utilizados (PETERSEN, 1996, p. xvi). Nesta linha, [] enquanto a
gesto deve controlar as condies de trabalho e o comportamento dos empregados, a rea
prioritria de preocupao para os profissionais de segurana o controle
comportamental. 10
Petersen (1996, p.63) tambm considera as [] causas sistmicas de incidentes sob duas
perspectivas: (1) quando o sistema de gesto no lida de forma adequada com situaes acondies que podem ferir pessoas, e causar perdas; (2) quando o sistema de gesto cria um
ambiente que torna mais provvel uma pessoa errar. 11.
O ambiente social onde os indivduos trabalham j havia sido apontado por Heinrich com o
fator que inicia a sequncia que culmina com uma leso no trabalhador. Petersen (1996, p.
66) afirma que a cultura da organizao determina o tom para tudo em relao
9 Newer safety theory disputes this domino theory and replaces it with a multiple-causation theory. Themultiple-causation theory states that accidents are caused by the combination of a number of things, all wrong,
which combine at one point in the time in an injury. This theory suggests that the act, the conditions, and the
accident itself are all symptoms of something wrong in the management system. The role of safety is not toremove the symptom, but to find out what is wrong with the system.(PETERSEN, 1996, p. xiv)10
[] while management must control both the condition that exist and the behavior of employees, the area ofprimary concern for safety professionals is behavior control.(PETERSEN,1996, p.xvii)11
[] system causes of incidents from two standpoints: (1) when the management system does not adequatelydeal with situations and conditions that might hurt people, and causes loss; and (2) when the management
system creates an environment that makes it more likely for a person to err.(PETERSEN, 1996, p. 63).
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segurana.12. Complementa que em algumas culturas segurana considerado fator chave e
que em outras no considerada importante. (PETERSEN, 1996, p. 66)
3.2. Clima de Segurana
A investigao de grandes desastres industriais nos anos 1980 abriu um novo campo de
estudos e perspectivas quando suas respectivas investigaes revelaram que as causas razes
desses desastres envolveram mais do que falhas tcnicas ou humanas (HALE et al.1998,
p.4).
Segundo o relatrio da IAEA (1986) sobre o acidente na usina nuclear de Chernobyl em
1980, o acidente ocorreu devido a uma cultura de segurana deficiente, no apenas na planta
de Chernobyl, mas de todo o complexo sovitico em relao ao projeto, operao e s
organizaes reguladoras de usinas nucleares que existiram naquele tempo. O documento traz
tambm que uma cultura de segurana requer dedicao total, complementando que nas
usinas nucleares esta primeiramente gerada pela atitude dos gestores das organizaes
envolvidas em seu desenvolvimento e operao.
A utilizao do termo cultura de segurana no relatrio abre precedente para uma discusso
semntica e acadmica sobre o termo, que merece aprofundamento. A discusso diz respeito utilizao de dois conceitos relativos s cincias comportamentais, que so os conceitos de
cultura organizacional e clima organizacional.
A seguir so apresentados os conceitos de Cultura e Clima Organizacionais.
3.2.1 Cultura e Clima Organizacionais
Vrios autores tm debatido a utilizao, validade e limitaes destes conceitos, na tentativa
de entender o modo como pessoas que participam das organizaes as vivenciam.
(SCHNEIDER, 2000, p. xvii).
Cultura organizacional pode ser definida como
12The culture of the organization sets the tone for everything in safety. (PETERSEN, 1996, p. 65)
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um conjunto de pressupostos bsicos que um dado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu,como aprendizado da soluo de problemas de adaptao externa ou de integrao interna, quefuncionaram bem o bastante para serem considerados vlidos e, sendo assim, ensinados aosnovos membros como a forma correta de perceber, sentir e pensar em relao a estesproblemas. (SCHEIN, 1984).13.
Schein (1984)atravs de sua interao com um grande nmero de organizaes suporta que acultura de uma organizao deve ser analisada considerando-se diferentes nveis, iniciando
com o que chamado de artefatos visveis. O ambiente da organizao, a arquitetura de seus
prdios, a disposio fsica das pessoas, do mobilirio, a maneira como as pessoas se vestem,
os jarges de linguagem que so utilizados, os documentos que publicam e as estrias
contadas na organizao. Neste nvel, a anlise da cultura de uma organizao perigosa,
pois os dados so fceis de serem coletados, mas difceis de serem interpretados. Observando
os artefatos visveis possvel descrever como um grupo constri seu ambiente e quais
padres de comportamento so discernidos entre os membros, mas frequentemente no possvel entender a lgica (o porqu) por traz destes comportamentos.
A anlise das razes pelas quais os indivduos se comportam passa pela anlise de um
segundo nvel de formao da cultura, que so os valores. Os valores so difceis de observar
diretamente, e so frequentemente inferidos por entrevistas com os membros-chave da
organizao ou no contedo de artefatos como quadros de aviso e documentos. Durante a
identificao destes valores observa-se que eles so apenas o que uma expresso manifesta,
refletindo o que as pessoas dizem a respeito dentro de um grau expressivo de racionalizaoque procura explicar os comportamentos das pessoas na organizao. Como os valores levam
a comportamentos e os comportamentos se iniciam para resolver problemas que so
formulados em primeira instncia, os valores vo gradualmente se transformando em
hipteses que justificam as coisas como elas realmente so. Assim as hipteses que
inicialmente so racionais e conscientes, passam pouco a pouco a serem incorporadas pelos
membros da organizao e tornam-se inconscientes. Estas tornam se os chamados
pressupostos bsicos da cultura organizacional.(SCHEIN, 1984).
13[] is the pattern of basic assumptions that a gives group has invented, discovered, or developed in
learning to cope with its problems of external adaptation and internal integration, and the have worked well
enough to be considered valid, and, therefore, to be taught to new members as the correct way to perceive, think
and feel in relation to those problems.(SCHEIN, 1984)
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Uma forma de identificar pressupostos bsicos de uma cultura perceber que determinados
temas no esto abertos discusso. Aqueles que questionarem tais temas podem ser vistos
como ignorantes ou insanos pelos membros de uma organizao. (SCHEIN, 1984).
Trazendo para a discusso o conceito de clima organizacional, Schneider (2000)coloca que ocomportamento deve ser conceituado como o resultado de um processo de criao de
significados (sensemaking) onde estmulos so processados pelos humanos que ento se
comportam ou talvez at construam as situaes nas quais eles respondem.
Segundo Schneider (1975)o conceito de clima organizacional faz referncia s percepes
que as pessoas tm de seus ambientes de trabalho. Essas percepes so baseadas em eventos
reais ou inferidos, ou em prticas e procedimentos que ocorrem no dia a dia da organizao.
De acordo com Hammami (2013)existem vrios autores que documentam a importncia do
clima organizacional como determinante em resultados organizacionais. Tais estudos
sugerem a existncia de certas caractersticas do ambiente de trabalho que podem facilitar ou
encorajar o processo de aprendizagem organizacional em termos de gerao,
compartilhamento e aplicao de conhecimento.
Schein (2000) concebe clima organizacional como um conceito que precede a cultura. O
clima organizacional um reflexo e uma manifestao de suposies culturais. O autor
coloca que o clima organizacional pode ser mudado somente no grau em que o clima
desejado compatvel com os pressupostos bsicos da cultura da organizao.
Um ponto de destaque em relao ao clima que este pode ser focado, avaliando assim
alguma rea de interesse. O clima manifestado sobre variadas dimenses e deve ser
estrategicamente focado para ser til. Pode se falar em clima de alguma coisa tal como
clima para servios, para segurana, para aprendizagem, etc. (SCHNEIDER, 2000).
O clima tem sido avaliado metodologicamente atravs de questionrios e posterior anlise
quantitativa, utilizando estatstica complexa. O foco das pesquisas de clima tem sido mais em
mensurar as percepes. Em relao cultura as pesquisas utilizam mtodos em geral
qualitativos e apresentam limitaes em relao documentao utilizada. O clima pode ser
entendido pelas situaes que ocorrem nas organizaes que so percebidas pelas pessoas,
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enquanto que a cultura pode ser entendida como sendo os motivos que explicam as situaes
descritas (SCHNEIDER, 2000).
3.2.2 Dimenses do Clima de Segurana
Em 1980, Zohar publica uma pesquisa na qual utiliza o termo clima de segurana e define as
dimenses que compe este construto.Seo (2004)apresenta um compndio de 16 estudos de
clima de segurana realizados entre 1980 e 2003 bem como comentrios sobre a validao
das escalas de clima propostas.
No campo da Segurana do Trabalho o Clima de Segurana tem importncia devido a sua
utilizao como um indicador confivel e vlido que pode oferecer vantagens em relao aos
indicadores mais tradicionais utilizados nesta rea tais como a taxa de frequncia dos
acidentes e os relatrios de investigao. (SEO, 2004). O clima de segurana como indicador
pode oferecer informaes sobre problemas de segurana antes que eles se tornem acidentes e
ferimentos. (SEO, 2004).
Sendo os indicadores tradicionais reativos (tratam sobre algo que j ocorreu, um acidente ou
leso, por exemplo), estes no fornecem informaes sobre problemas especficos dos locais
de trabalho, principalmente considerando o fato de que os acidentes em geral so eventos
raros quando comparados aos perigos e aos incidentes que ocorrem de forma dispersa nos
locais de trabalho. Os indicadores tradicionais tambm no fornecem um meio para avaliar a
exposio ao risco dos empregados. (SEO, 2004).
Pesquisas tm revelado crescentes evidncias de que o clima de segurana est associado a
prticas de segurana, acidentes e comportamentos em relao segurana (SEO, 2004).
O Quadro 1 apresenta um sumrio das principais dimenses tratadas nos estudos de clima de
segurana citados por Seo (2004), agrupadas por semelhana.
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Quadro 1 Dimenses Agrupadas de Clima de Segurana
Dimenso Agrupada Descrio das Dimenses utilizadas nos estudos Autor
CompromissoPercebido da Liderana
com Segurana
Management attitudes toward safety Zohar (1980)Employee perception of how concerned management iswith their well-being. Brown e Holmes (1986)Employee perception of how active management is inresponding to this concernManagement commitment to safety Dedobbeleer e Beland
(1991)Maintenance and management issues
Coyle et al. (1995)Training and management attitudesSafety management Cheyne et al. (1998)Supervisor commitment to safety
Mearns et al. (1998)Manager commitment to safetyUpper managements influence on safety Brown et al. (2000)Management commitment Cox e Cheyne (2000)Managements concern for safety
Lee e Harrison (2000)Managements concern for healthManagement commitment to safety OToole (2002)
Perceived management commitmentMearns et al. (2003)
Perceived supervisor competencePerceived manager competencePerceived supervisor competence
Treinamento
Importance of safety training programs Zohar (1980)Training and management attitudes
Coyle et al. (1995)Training and enforcement of policyEducation and knowledge OToole (2002)Safety policy knowledge Mearns et al. (2003)
Polticas eProcedimentos
Company policy Coyle et al. (1995)Company policies towards safety Diaz e Cabrera (1997)Policy/procedures Coyle et al. (1995)Safety regulation Mearns et al. (1998)Safety standards and goals Cheyne et al. (1998)
Safety rules Cox e Cheyne (2000)Quality of training induction
Lee e Harrison (2000)General quality of trainingAdequacy of procedures Glendon e Litherland
(2001)Safety rulesWritten rules and procedures Mearns et al. (2003)
Condies Fsicas deTrabalho
Level of risk at workplace Zohar (1980)Work environment Cox e Cox (1991)Work environment Coyle et al. (1995)Hazards to the installation
Mearns et al. (1998)Occupational hazardsWork environment Cox e Cheyne (2000)
Atitude em relao Segurana
Personal skepticismCox e Cox (1991)
Individual responsibilityAttitude toward safety in the organization Niskanen (1994)Personal motivation for safe behavior Williamson et al. (1997)Personal involvement
Cheyne et al. (1998)Individual responsibilityPersonal responsibility for safety Mearns et al. (1998)Employee involvement and commitment OToole (2002)Personal priorities and need for safety
Cox e Cheyne (2000)Personal appreciation of riskConfidence in safety standards Lee e Harrison (2000)
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Dimenso Agrupada Descrio das Dimenses utilizadas nos estudos Autor
Involvement in safetyMearns et al. (2003)
Satisfaction with safety activities
Normas de Grupo
Effects of safe conduct on promotionZohar (1980)
Effects of safe conduct on social statusWorkers involvement in safety Dedobbeleer e Beland
(1991)Group attitudes towards safety Diaz e Cabrera (1997)Supportive environment Cox e Cheyne (2000)
FONTE: baseado em SEO (2004)
Um detalhamento dos estudos de Clima de Segurana citados por Seo (2004),seus autores, as
amostras utilizadas nos estudos, as dimenses de clima de segurana consideradas e suas
limitaes esto apresentados no APNDICE 1.
3.2.3 Relao entre Clima de Segurana e Com!ortamento
Utilizando o conceito de clima de segurana, alguns autores desenvolveram estudos com o
objetivo de relacion-lo com o comportamento dos trabalhadores em relao segurana.
Seo (2005)cita estudos (OLIVER et al., 2002; RUNDMO et al., 1998; TOMAS et al., 1999)
que tentaram examinar relaes estruturais entre o clima de segurana e o comportamento
dos trabalhadores em relao segurana.
O estudo desenvolvido por Rundmo et al. (1998) tinha como objetivo detectar como os
funcionrios de uma empresa que explora petrleo em alto mar avaliavam os fatores sociais e
organizacionais da empresa em dois momentos diferentes: em 1990 e aps a interveno de
um programa de segurana em 1994.
Para a realizao do estudo foi utilizado um questionrio que relacionava construtos relativos
ao estresse no trabalho, carga de trabalho, e satisfao com relao a medidas de
segurana e de contingncia, bem como suas atitudes em relao segurana. (RUNDMO,
1998)
O Quadro 2 apresenta as variveis de pesquisa utilizadas no trabalho de Rundmo et al.
(1998), bem como as dimenses destas variveis.
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Quadro 2- Variveis utilizadas no estudo de Rundmoet al. (1998)
Variveis Dimenses
Estresse no trabalho Independncia Informao e participao Expectativas em relao funo desempenhada
Carga de Trabalho Condies Fsicas de Trabalho
Satisfao com relao a medidas de segurana e decontingncia.
Equipamentos de Proteo Individual Itens contendo instrues de segurana e rotinas
de controle Treinamento em segurana
Comprometimento e Envolvimento com relao Segurana
Percepo do compromisso prprio e de outros
Atitudes em relao segurana. Metas de produo x segurana Prioridades de gesto Fatalismo
FONTE: adaptado de (RUNDMO et al, 1998)
O objetivo do trabalho de Rundmo et al.(1998)era mostrar se houve mudana nas variveisacima em relao a dois momentos da organizao, antes e depois de um interveno
gerencial atravs de um programa de segurana.
Os dados foram submetidos a uma anlise fatorial e posterior Modelagem de Equaes
Estruturais utilizando o programa LISREL que resultou no modelo apresentado na Figura 2.
O autor concluiu que a Satisfao com a Gerncia tem relao positiva sobre a Satisfao da
Tripulao e sobre o Compromisso e Envolvimento. Esse apresenta relao positiva com a
prioridade de Segurana em relao Produo, que por sua vez apresenta relao com a norealizao de Comportamentos de Risco.
Figura 2 - Modelo de RundmoFONTE: adaptado de Rundmo et al.(1998).
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J o trabalho de Tomas et al. (1999)trazia 3 objetivos: (1) apresentar informaes sobre um
conjunto de questionrios desenvolvidos para medir variveis dentro de um modelo de
equaes estruturais; (2) apresentar um modelo de equaes estruturais genricas o bastante
para explicar a ocorrncia de acidentes em uma grande gama de organizaes; (3) buscar a
validao deste modelo atravs de sua aplicao em duas amostras de empresas.
O Quadro 3 apresenta as definies dos construtos utilizados no trabalho de Tomas et al.
(1999).
Quadro 3 - Construtos utilizados no estudo de Tomas et al. (1999)
Construto Definio
Clima de Segurana Conjunto de aes empreendidas pela companhia paramelhorar a segurana, incluindo treinamento e
informaes sobre segurana, estrutura de segurana emetas.
Resposta dos Supervisores em relao a Segurana Atitudes dos supervisores em relao a Segurana,posicionamentos positivos ou negativos dossupervisores em relao a Segurana e o desempenhodos supervisores em relao a Segurana.
Resposta dos Colegas de Trabalho em relao aSegurana
Atitudes dos colegas em relao a Segurana,posicionamentos positivos ou negativos dos colegasem relao a Segurana e o desempenho dos colegasem relao a Segurana.
Atitude dos Trabalhadores em relao a Segurana Prpria predisposio dos trabalhadores em relao aotema.
FONTE: adaptado de (TOMAS et al, 1999)
Este trabalho levantou trs hipteses, a saber:
1. A atitude em relao segurana exerce influncia sobre o comportamento inseguro
dos trabalhadores;
2. O comportamento inseguro tem relao direta com a ocorrncia de acidentes;
3. Os perigos das instalaes predizem a real probabilidade de acidentes acontecerem.
Com base nas anlises realizadas o autor concluiu que h relao significante entre Clima deSegurana, a Resposta dos Supervisores, a Atitude dos Trabalhadores, o Comportamento
Seguro dos trabalhadores, Riscos e a Ocorrncia de Acidentes, formando um fluxo lgico,
que explica a ocorrncia dos mesmos.
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A Figura 3 apresenta o modelo desenvolvido por Tomas et al. (1999), utilizando o programa
EQS 3.0 para a Modelagem de Equaes Estruturais.
Figura 3 - Modelo de TomasFONTE: adaptado de Tomas et al. (1999).
Em seu estudo Oliver et al. (2000) examinou as relaes entre fatores psicolgicosindividuais, variveis relacionadas ao ambiente de trabalho e organizao, bem como a
ocorrncia de acidentes.
Os dados foram coletados atravs de uma amostra randmica da populao de trabalhadores
da provncia de Valncia na Espanha. Os trabalhadores foram entrevistados com base em
questionrio durante consulta anual para testes na instituio de sade Segurana e Sade
Executiva de Valncia. Mdicos da agncia foram responsveis pela aplicao do
questionrio. Este estudo foi baseado em dados coletados de 525 entrevistas completas.
O Quadro 4 apresenta as definies dos construtos utilizados no trabalho de Oliver et al.
(2000).
Quadro 4 - Construtos utilizados no estudo de Oliver et al. (2000)
Variveis Descrio
Informaes demogrficas e scio demogrficas. Idade, gnero, nvel educacional, ocupao profissional,tamanho da organizao e setor.
Acidentes no trabalho Perguntas sobre a ocorrncia de acidentes nos ltimos doisanos de trabalho.
Envolvimento da organizao com segurana Perguntas relacionadas a percepes sobre a organizaoincluindo itens de suporte social e clima de segurana
Qualidade das condies de trabalho Perguntas relativas luminosidade, umidade, rudo, carga detrabalho e rotinizao das condies de trabalho.
Condies de sade Perguntas relativas s condies gerais de sade dosentrevistados.
Comportamento em relao segurana notrabalho
Perguntas relativas utilizao de equipamentos de proteoindividual, realizao de atalhos em procedimentos,aderncia s regras de segurana e incompatibilidade entretrabalhar de forma rpida e segura.
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FONTE: adaptado de (TOMAS et al, 1999)
Utilizando o programa EQS 5.1 foi realizada a Modelagem de Equaes Estruturais onde
vrios modelos foram avaliados com os construtos definidos. O modelo apresentado na
Figura 4 foi o que melhor se ajustou aos dados obtidos.
Figura 4 - Modelo de OliverFONTE: adaptado de OLIVER et al.(2000).
Este modelo inclui indivduos, ambiente de trabalho e variveis organizacionais e, sugere as
atitudes em relao ao gerenciamento de segurana e o suporte social tm papel chave em
relao ocorrncia de acidentes (OLIVER et al, 2000).
J em sua abordagem Seo et al. (2005)tentou construir e testar um modelo explicativo para o
Comportamento em relao segurana (comportamento inseguro) no trabalho de modo a
revelar os mecanismos pelos quais os fatores apresentados a seguir influenciam o
comportamento inseguro de trabalhadores.
O Quadro 5 apresenta as definies dos construtos utilizados no trabalho de Seo et al. (2005).
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Quadro 5 - Construtos utilizados no estudo de Seo et al. (2005)
Construto Variveis/Definio
Clima de Segurana Percebido Comprometimento da gerncia com segurana Suporte da superviso com segurana Suporte dos colegas de trabalho com segurana Nvel de participao dos empregados nos
programas e iniciativas de segurana Nvel de competncia dos empregados em relao
ao temaPresso de Trabalho Percebida Est relacionado com o excesso de carga de trabalho,
ritmo de trabalho e presso de tempo.Risco Percebido Conceito similar ao conceito de ameaa percebida,
desenvolvido pelo Health Belief Model (HBM) e dizque as pessoas tm comportamentos de proteoquando so capazes de antecipar consequnciasnegativas e desejam se prevenir de ocorrncias.
Perigo Percebido Percepo das condies gerais de trabalho comopossveis causadoras de leses.
Barreiras Percebidas Conceito relativo imunidade pessoal e ceticismo em
relao segurana no trabalho.FONTE: adaptado de (SEO et al, 2005)
Os dados foram coletados de 722 trabalhadores da indstria de gros nos Estados Unidos em
102 diferentes locais de uma companhia multinacional produtora de gros usando um
questionrio de 98 itens. Um modelo fatorial de segunda ordem foi utilizado para explicar o
comportamento inseguro no trabalho usando modelagem de equaes estruturais.
Atravs da anlise dos dados coletados foi obtido o modelo apresentado na Figura 5.
Figura 5 - Modelo de SeoFONTE: adaptado de Seo et al. (2005)
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Os resultados indicaram que o Clima de Segurana Percebido foi o melhor preditor do
comportamento inseguro entre os fatores estudados. (SEO et. al,2005). Nota-se que variveis
relacionadas ao Comprometimento da Gerncia com Segurana e ao Suporte da Superviso
com Segurana compem o Clima de Segurana Percebido, indicando assim a relevncia das
lideranas em relao ao desempenho em Segurana nas organizaes.
3.2." Relao entre Clima de Segurana e #iderana
Segundo Asfahl (1999, p.1)as pessoas em geral desejam ter um local de trabalho seguro e
saudvel, mas o que esto dispostas a fazer para atingir este valioso objetivo pode variar
muito.
Sendo assim, [] a direo de cada empresa dever decidir at que ponto, dentro de umquadro amplo, pretende dar ateno aos aspectos de segurana e sade. (ASFAHL, 1999,
p.1). O comportamento do trabalhador o determinante mais importante para sua segurana,
mas esse comportamento no pode sozinho tornar segura uma atividade perigosa 14. Assim,
[] quando a direo no est comprometida com a segurana e a sade, ela apresenta
inmeras razes sobre a produo e outros argumentos bastante naturais que minam as
atitudes em prol da segurana (ASFAHL, 1999, p.1).
Estudos mostram que o compromisso e o envolvimento dos gestores com segurana no
trabalho o fator mais importante para alcanar um nvel satisfatrio de segurana (COHEN,
1975; COHEN et al., 1975; SMITH et al., 1978; RUNDMO E SAARI, 1988 apud
RUNDMO, 1998).
Muitos estudos foram realizados com foco na identificao de dimenses de clima de
segurana como forma de prover um esforo de interveno efetivo nas organizaes em
relao Segurana no Trabalho. Estas pesquisas demonstraram que o comprometimento dos
gestores com segurana uma dimenso presente no clima de segurana. (SEO et al., 2005).
Com o objetivo de buscar a validao de um modelo de interveno em relao segurana,
Zohar (2002) realizou um experimento em um centro de reparo e manuteno de
14(ASFAHL, 1999, p.1).
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equipamentos pesados e demonstrou que a atuao dos gestores no nvel de Superviso tem
influencia no desempenho do Comportamento dos trabalhadores em relao segurana, no
Clima de Segurana e na utilizao de Equipamentos de Proteo Individual. (ZOHAR,
2002).
Zohar (2002) tambm estudou a influncia de caractersticas de liderana dos gestores no
clima de segurana. Diversas teorias de liderana tem tentado explicar qual o melhor estilo ou
a melhor abordagem para maximizar o desempenho de uma pessoa como lder na busca de
resultados mais eficazes e produtivos.
Zohar (2002) utiliza conceitos definidos nas teorias acima apresentadas para caracterizar
estilos de liderana e relacion-los com o clima de segurana. Emprestados do Behaviorismo
o autor utilizou os conceitos de liderana construtiva (democrtica), corretiva (autocrtica) e
laissez-faire.Definiu liderana transformacional como sendo aquela relacionada a promover
a motivao dos empregados em relao s questes de segurana, associando-a aos papis
da alta liderana. Tambm utilizou em seu trabalho o conceito de liderana transacional como
sendo aquela relacionada aplicao de procedimentos e prticas de trabalho, associando-a
ao papel dos supervisores.
Algumas hipteses validadas pelo estudo de Zohar (2000)foram as seguintes:
Uma liderana transformacional e construtiva afetar positivamente o clima de
segurana;
Uma liderana corretiva e laissez-faireafetar negativamente o clima de segurana;
Uma liderana transformacional estar positivamente relacionada com o clima de
segurana e esta relao ser mais forte caso a prioridade em segurana seja alta;
Uma liderana construtiva (democrtica) estar positivamente relacionada com o
clima de segurana e esta relao ser mais forte caso a prioridade em segurana seja
alta e no relevante caso a prioridade em segurana baixa; Uma liderana corretiva (autocrtica) estar positivamente relacionada com o clima
de segurana caso a prioridade em segurana seja alta e negativa caso a prioridade em
segurana baixa.
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Uma liderana laissez-faire estar negativamente relacionada com o clima de
segurana caso a prioridade em segurana seja alta e no relevante caso a prioridade
em segurana baixa;
Este trabalho tambm demonstra a importncia do nvel de superviso na formao do climade segurana quando comparado aos nveis hierrquicos mais altos da organizao.
Em outras palavras, a liderana transformacional ou construtiva de gerentes seniores podeno exercer o mesmo efeito no clima de segurana e nos resultados de segurana reportadosaqui por causa do aumento da distncia do poder entre estes lderes e os empregados do chode fbrica. Assim, o padro de relacionamento entre liderana e segurana pode depender donvel hierrquico dos lderes 15(ZOHAR, 2000).
De modo a complementar s questes levantadas em relao influncia dos nveis
hierrquicos, Zohar (2005)realiza estudo em que verifica a existncia de alinhamento entrenveis organizacionais diferentes em relao ao clima de segurana.
O autor verifica neste trabalho que existe alinhamento entre os climas de segurana que so
percebidos no nvel de alta liderana e no nvel de superviso. Estes climas so chamados
pelo autor de clima de nvel organizacional e clima ao nvel de grupo. Este estudo tambm
demonstrou que os efeitos do clima de nvel organizacional no comportamento em relao
segurana so mediados pelo clima ao nvel de grupo, o que demonstra a relevncia do papel
da Superviso na implantao de procedimentos formais e no balano entre as demandas deproduo versus produtividade. (ZOHAR, 2005).
Esse estudo importante, pois vrios autores mencionam a liderana ou a gesto da
empresa como dimenses relevantes do clima de segurana sem deixar clara a existncia de
alinhamento entre os diversos nveis dessa liderana. Zohar (2005)demonstrou esta ligao.
A literatura tambm apresenta pesquisas que visam entender o comportamento em relao
segurana a partir da Teoria da Ao Planejada, como o caso de Swartz (2009), Eliot (2009)
e Fogarty (2010).
15In other words, transformational or constructive leadership of .senior managers may not exert the same
effect on safety climate and safety records us reported here because of the increased distance between leaders
and shop-floor employees. Thus, the pattern of relationships between leadership and safety may depend on the
hierarchical level of the leaders.(ZOHAR,2000)
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3.3 Teoria da Ao $lane%ada
As pesquisas em relao segurana tem utilizado o clima de segurana como um paradigma
em si mesmo. Essas utilizam a literatura relacionada cultura e a clima de segurana
explorando apenas temas dentro destes paradigmas. Em reas da Psicologia ainda existemalguns pontos de conexo que podem ser utilizados em pesquisas sobre o tema. A Teoria da
Ao Planejada parece bem adaptada para estabelecer uma relao entre clima e tipos
particulares de comportamentos intencionais.(FOGARTY, 2010).
3.3.1 Conceitos
A Teoria da Ao Racional e a Teoria da Ao Planejada tm se colocado como ferramentas
terico-metodolgicas que apontam relaes entre variveis e se apresentam como capazes dediscutir a questo da previsibilidade do comportamento humano em diversos campos do
conhecimento como sade, educao, sociologia, prtica clnica, demonstrando poder
preditivo significativo.(MOUTINHO et al., 2010).
A Teoria da Ao Planejada surgiu como uma evoluo a Teoria da Ao Racional.
A Teoria da Ao Racional foi inicialmente desenvolvida na dcada de 1960, por Martin
Fishbein (1963,1967), sendo posteriormente revista e expandida em colaborao com Icek
Ajzen e outros estudiosos. (MOUTINHO et al., 2010). A teoria admite que os seres
humanos so racionais e que avaliam as consequncias de seus comportamentos na tomada
de deciso em realiz-los. (MOUTINHO et al., 2010).
De acordo com Moutinho et al. (2010), dentre os objetivos principais da Teoria da Ao
Racional podem ser destacados o interesse em predizer e entender o comportamento humano
em relao a um dado objeto bem como precisar a inteno em realizar tal comportamento.
Considerando os fatores que compe o modelo em relao ao comportamento deve se
[] identificar os determinantes das intenes comportamentais, a saber, as atitudes quedizem respeito ao aspecto pessoal e as normas subjetivas que se referem a influencia social. Ateoria traa consideraes ainda sobre as crenas dos indivduos, a avaliao das
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consequncias do comportamento, a motivao para concordar com as pessoas que lhe soimportantes e as variveis externas. (MOUTINHO et al., 2010).
O modelo da Teoria da Ao Racional apresentado na Figura 6.
Figura 6 - Teoria da Ao Racional
FONTE: adaptado de(AJZEN, 1985) apud(CARO, 2010, p.51)
Segundo a Teoria da Ao Racional, enquanto a Inteno exerce poder determinante sobre o
Comportamento, alguns fatores por sua vez atuam sobre a Inteno, a saber, as Atitudes em
relao ao comportamento e as Normas Subjetivas.
Apesar do sucesso da Teoria da Ao Racional, o modelo apresenta limitaes, visto que as
Intenes e o Comportamento parecem ser influenciados por outros fatores, como por
exemplo, os hbitos que foram desenvolvidos no passado. As Intenes refletem de fato
somente a motivao a agir, enquanto a execuo de uma ao no depende somente desta,
mas tambm do maior ou menor Controle sobre o comportamento. Assim, se um indivduo
possui o pleno controle de uma situao, pode decidir por executar ou no uma ao.
(MOUTINHO et al., 2010).
A Teoria da Ao Planejada pode ser considerada como uma extenso da Teoria da Ao
Racional, pois mantm sua estrutura original adicionando um terceiro fator que precede a
Inteno, chamado de Controle Percebido.(AJZEN, 1991, p.181).
O modelo da Teoria da Ao Planejada apresentado na Figura 7.
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Figura 7 - Teoria da Ao PlanejadaFONTE: adaptado de Ajzen (1991, p.182)
Segundo a teoria,
as pessoas podem carregar uma grande quantidade de crenas em relao a qualquercomportamento, mas elas podem responder a apenas um nmero relativamente pequeno delasem um dado momento. So estas crenas chamadas salientes que so consideradaspredominantes das intenes e aes das pessoas. (AJZEN, 1991, p.189)16
Para Ajzen (1991, p. 189),de acordo com a Teoria da Ao Planejada, as aes humanas
[] podem ser influenciada por trs tipos de crenas: comportamentais, normativas e de
controle.
Comportamentais: [] estas crenas conectam o comportamento com certos
resultados ou com atributos relacionados a estes resultados; 17.
Normativas: [...] dizem respeito probabilidade de que pessoas importantes ou
grupos aprovem ou desaprovam a realizao de determinado comportamento 18.
Controle: [] so baseadas em parte em experincias passadas de comportamento,
mas so usualmente influenciadas por informaes de terceiros sobre o
comportamento, por experincias adquiridas por amigos, ou por outros fatores que
16[] People can hold a great many beliefs about any given behavior, but they can attend to only a relativelysmall number at any given moment (see Miller, 1956). It is these salient beliefs that are considered to be the
prevailing determinants of a persons intentions and actions.(AJZEN, 1991, p.189)17 [...] links the behavior to a certain outcome, or to some other attribute such as the cost incurred byperforming the behavior.(AJZEN, 1991, p. 191)18[] are concerned with the likelihood that important referent individuals or groups approve or disapproveof performing a given behavior.(AJZEN, 1991, p. 195)
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aumentam ou reduzem a dificuldade percebida de realizar o comportamento em
questo.19.
3.3.2 &nteno
O elemento central do modelo a Inteno em realizar um Comportamento. As Intenes
capturam fatores motivacionais que influenciam o Comportamento. (AJZEN, 1991, p.181).
Ou seja, [...] As Intenes so indicadores do quanto as pessoas se esforam para tentar, ou
do quanto elas planejam de esforo para realizar determinado comportamento. 20e [...] so
assumidas como disposies para realizao do comportamento, estando este sob controle
volitivo. (TUCK, 1978 apudMOUTINHO, 2010).
Evidncias em relao influncia das Intenes nos Comportamentos foram coletadas em
vrios estudos (AJZEN, 1991, p.181). Como regra geral quanto mais forte for a Inteno em
realizar um comportamento maior ser a probabilidade de realizao deste. No entanto, tem
se que a Inteno em realizar um comportamento apenas pode refletir a realizao deste
comportamento se este especificamente depender apenas da vontade das pessoas. 21.
Desta forma, Sabe-se que no h uma perfeita correspondncia entre Intenes e
Comportamento, no entanto, as pessoas geralmente agem em acordo com suas Intenes.
(MOUTINHO et al., 2010).
As Intenes podem ser medidas de diversas formas tratando-se de comportamentos relativos
a aes nicas. prefervel escolher um instrumento de medio em que a Inteno do
respondente em realizar determinado comportamento possa ser manifesta de forma precisa.
Assim, Uma forma de medio indicada atravs de escala bipolar, que pode ser avaliada
19[...] based in part on past experience with the behavior, but they will usually also be influenced by second-hand information about the behavior, by the experiences of acquaintances and friends, and by other factors that
increase or reduce the perceived difficulty of performing the behavior in question.(AJZEN, 1991, p.196)
20[...] they are indications of how hard people are willing to try, of how much of an effort they are planning to
exert, in order to perform the behavior.(AJZEN, 1991, p.181)21
As a general rule, the stronger the intention to engage in a behavior, the more likely should be itsperformance. It should be clear, however, that a behavioral intention can lind expression in behavior only if the
behavior in question is under volitional control, (AJZEN, 1991, p.181)
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em alternativas de resposta que variam entre totalmente impossvel a totalmente possvel.
(MOUTINHO et al., 2010).
3.3.3 Com!ortamento
J em relao ao Comportamento, tambm questo relevante o modo de mensur-lo.
O entendimento e a predio do Comportamento tornam-se demasiadamente arriscados se
sua definio no for clara..(MOUTINHO et al., 2010).
Deve se atentar na investigao de um comportamento estudado sobre se o que est em
observao so atos observveis ou uma consequncia do comportamento. Estes requerem
abordagens diferentes. Para serem mensurados preciso que os comportamentos sejam
claramente definidos e exista concordncia entre observadores sobre sua ocorrncia.
(MOUTINHO et al., 2010).
Aspectos relativos ao contexto local e ao tempo onde determinado comportamento ocorre
devem ser considerados em sua investigao. A considerao destes aspectos permite uma
maior especificao do comportamento. (MOUTINHO et al., 2010).
Seo et al.(2005) utilizou uma escala de porcentagem entre 0% e 100% para avaliar o
comportamento declarado em relao segurana. Oliver et al.(2000) eTomas et al.( 1999)
em seus estudos utilizaram escalas para medir comportamentos auto declarados. Tambm de
modo declarado, no trabalho de Rundmo et al. (1998) os respondentes foram perguntados o
quo frequente eles estavam engajados em comportamentos de risco.
3.3." Atitude
Continuando a descrever os fatores que compe a Teoria da Ao Planejada, temos que
Fishbein (1967, p. 257) prope o fator Atitude. Este autor considera as Crenas
Comportamentais na formao das Atitudes dos indivduos bem como a intensidade relativa
das mesmas em relao ao objeto ou atributo associado.
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Segundo o autor, as pessoas passam a ser favorveis aos objetos quando acreditam que estes
possuam caractersticas positivas. A [] Atitude em relao a determinado comportamento
refere-se ao grau em que a pessoa avalia de forma favorvel ou no favorvel o
comportamento em questo. 22. (AJZEN, 1991, p. 188)
Deste modo, para determinao indireta das atitudes so consideradas as seguintes variveis:
Fora das Crenas Comportamentais que o indivduo possui em relao a um dado
comportamento; Avaliao (positiva ou negativa) que o individuo faz das Consequncias do
comportamento. (MOUTINHO et al., 2010).
Atitude = (Fora das CrenasComportamentais) x (Avaliao das Consequncias)
De acordo com a equao acima, a fora de cada Crena Comportamental deve ser
multiplicada pela Avaliao das Consequncias de cada crena e todos os produtos
resultantes devem ser somados. (MOUTINHO et al., 2010).
Para predizer as atitudes a partir das crenas, faz-se necessrio definir os instrumentos de
medio de cada uma destas variveis. Sugere-se que, num primeiro momento, sejam
determinadas as crenas salientes. Como j mencionado anteriormente, dentre o amplo
nmero de crenas que o indivduo possui, uma quantidade restrita destaca-se como sua base
de informaes para cada objeto. (MOUTINHO et al., 2010).
Conhecendo as crenas, importante saber sua fora, ou seja, definir [] quo confiante a
pessoa de que o comportamento em questo est relacionado a uma dada consequncia.23(MOUTINHO et al., 2010).
Sugere-se para a avaliao das crenas medio atravs de escala bipolar e as alternativas
devem variar entre totalmente impossvel e totalmente possvel. J para se medir a avaliao
das consequncias do comportamento, a escala sugerida envolve uma questo do tipo: tomar
determinada ao , que deve ser avaliada numa variao entre totalmente ruim e totalmente
bom. De posse dos resultados da aplicao de ambas as escalas, a equao apresentadaanteriormente pode ento ser manipulada e a medio indireta da atitude realizada.
(MOUTINHO et al., 2010).
22[...] attitude toward the behavior and refers to the degree to which a person has a favorable or unfavorable
evaluation or appraisal of the behavior in question.(AJZEN, 1991, p. 188)23(MOUTINHO et al., 2010).
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3.3.' (ormas Sub%eti)as
A Inteno em relao a determinado comportamento ser mais positiva quando uma pessoa
perceber que outras que lhe so importantes acham que esse comportamento deve ser adotado(MOUTINHO et al., 2010). Assim, outro influenciador das Intenes so as Normas
Subjetivas.
As Normas Subjetivas dizem respeito [...] percepo da pessoa quanto presso social
exercida sobre a mesma para que realize ou no realize o comportamento em questo.24
.
Elas so determinadas pelas Crenas Normativas e pela Motivao para Concordar com
determinado comportamento. (MOUTINHO et al., 2010).
As Crenas Normativas so relacionadas probabilidade que pessoas ou grupos consideradosimportantes tm em aprovar ou desaprovar a realizao de um determinado comportamento.
(MOUTINHO et al., 2010). As crenas normativas reportam-se s pessoas que fazem esta
presso social: famlia, amigos, professores, etc. (CARO, 2010, p. 50),
J a Motivao para Concordar com o r