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FORMAÇÃO DO EDUCADOR INFANTIL: desafios e possibilidades
Autor: Sirléia Benedita Silva Siqueira de Azevedo1
Orientador: Maurício Gonçalves Saliba2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo uma reflexão sobre a formação do educador infantil em nível médio nos cursos de Formação de Docentes no Estado do Paraná. Produzido como atividade conclusiva do Programa de Desenvolvimento Educacional após cumprir um cronograma de orientações realizado na Universidade Estadual do Norte do Paraná e de uma proposta de Implementação realizada, por meio de estudos, observações e questionamentos com as alunas do curso de formação de docentes no município de Castro. Traz à tona momentos de reflexão sobre a formação do futuro profissional a atuar nos Centros de Educação Infantil evidenciando a importância da apropriação de conceitos de infância, buscando uma ação integrada que incorpore a tríade: cuidar, educar, brincar oportunizando a compreensão da organização pedagógica, possibilitando articular teoria e prática, reconhecendo os avanços na área e sua importância na evolução da educação brasileira.
Palavras chave: Formação; educação; infantil
1 INTRODUÇÃO
Este texto resulta de um estudo que buscou analisar as práticas
pedagógicas vivenciadas pelas alunas do curso de Formação de Docentes nos
Centros de Educação Infantil, procurando levar ao futuro educador a compreender
a organização pedagógica da Educação Infantil, reconhecendo sua importância na
evolução da educação brasileira bem como destacar avanços na organização
pedagógica e a importância do educar, cuidar e brincar articulando teoria e a
prática.
A partir do momento que a criança passou a ser considerada um ser ativo,
1 Professora Pedagoga, Col. Est. Major Vespasiano C.de Mello.
2 Doutor em educação, Professor do CCHE da UENP.
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inteligente, capaz de construir seu conhecimento com base na interação com o meio
a qual esta inserida e necessita se adaptar, surge um novo conceito de infância. A
história da educação infantil brasileira passou a ter objetivos importantes e
fundamentais para o atendimento de caráter educacional.
As conquistas na área foram muitas, no entanto, o atendimento educacional
das crianças na faixa etária de 0 a 6 anos ainda não conquistou espaço
suficientemente expressivo na transformação da sociedade. Elementos da história
do atendimento à infância precisam e merecem ser conhecidos, entendidos e
analisados, para que as condições educacionais favoreçam a inserção da criança na
sociedade a qual pertence e que seus direitos sejam preservados.
Os debates sobre os direitos da criança no Brasil começaram na década de
80 quando foram contempladas nas leis brasileiras. Primeiro com a nova
Constituição Federal de 1988, logo em seguida o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA) 1990 e a nova Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional
(LDB-9394/96), que trazem artigos que tratam do atendimento em creches e pré-
escolas, o que ampliou as discussões sobre as políticas públicas para a educação
Infantil, as práticas docentes e a formação do professor para este segmento. O
Ministério da Educação e do Desporto (MEC) em 1998 lançou o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) que foi concebido como um
guia de reflexão educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para
os profissionais que atuam na área. Neste momento surge a tríade: cuidar, educar
e brincar como uma nova perspectiva de aprendizado.
No Brasil, nas últimas décadas, foram revelados muitos avanços no aspecto
legal a respeito da infância e o atendimento das crianças de 0 a 6 anos, agora de 0
a 5 anos devido a nova legislação que regulamentou o Ensino Fundamental de 9
anos, inserindo a criança com 6 anos no 1º ano do Ensino Fundamental. Portanto a
Educação Infantil deve atender as crianças de 0 a 5 anos, sendo de 0 a 3
denominado creche e 4 e 5 pré – escola. O Plano Nacional da Educação (PNE)
tem como meta universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e
5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50%
da população de até 3 anos.
Na seqüência estaremos nos referindo ao Curso de Formação de Docentes,
sua trajetória, seus propósitos, como melhor preparar os futuros educadores para
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atuarem na 1ª etapa da Educação Básica.
Sabemos que os cursos de formação de professores para as séries iniciais
antes da Lei 5692/71 eram denominados “Escolas Normais “ após a lei passaram a
se chamar “Habilitação ao Magistério” estes cursos tinham como finalidade a
formação de professores para atuarem nas denominadas Escolas Primárias.
A Lei 5692/71, veio modificar a estrutura do ensino Primário, Secundário e
Colegial para 1º e 2º Graus, transformando o Ensino Normal em uma das
habilitações profissionais do 2º Grau, então profissionalizante, mas a formação
deste profissional continuaria voltada para sua atuação no Ensino de 1º Grau de 1ª a
4ª séries.
Com a Constituição Federal de 1988 e a nova LDBEN - 9394/96 muda-se
novamente a nomenclatura e a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino
Médio passam a constituir a Educação Básica que se torna direito de todos e dever
do Estado e da família.
Em 2003 surge no Paraná a Proposta de Reformulação Curricular do Curso
Normal em Nível Médio de forma Integrada, que representa um resgate dos cursos
profissionalizantes no Estado. No ano seguinte abre-se em todo Estado turmas do
então denominado Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil e dos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Normal, em Nível Médio de forma integrada .
Com a nova proposta se vê a possibilidade de superação do grave
problema que era a falta de professores para atuarem na Educação Infantil no
Estado do Paraná. A partir deste momento até os dias atuais estamos trabalhando
para uma formação adequada e capaz de suprir as necessidades nesta área em
nosso Estado.
Entendemos que a formação do futuro profissional quanto ao conceito de
infância, educação e conhecimentos teóricos são relevantes na ação pedagógica, e
como futuro educador é imprescindível a sua profissão a compreensão do processo
de ensino e aprendizagem na Educação Infantil.
2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Analisando a história da infância percebemos que o conceito de infância é
algo que nem sempre existiu da maneira como entendemos hoje e que está sempre
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em movimento, em processo. Até a idade média não se tinha um pressuposto sobre
infância, a criança renascentista era vista como um adulto em miniatura, e somente
a partir do início da idade moderna é que surge o conceito de infância que se tem
atualmente, possibilitando a compreensão deste período especifico e diferenciado,
que surge, se desenvolve e amplia a partir da dinâmica histórica, social e cultural
dos homens.
O historiador francês Philippe Ariès, em sua obra História Social da Criança
e da Família, vai apontar que o conceito ou a ideia que se tem da infância foi sendo
historicamente construído e que a criança, por muito tempo, não foi vista como um
ser em desenvolvimento, com características e necessidades próprias, e sim como
um adulto em miniatura.
Segundo Ariès:
Na sociedade medieval, que tomamos como ponto de partida, o sentimento da infância não existia --- o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento de infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem.Essa consciência não existia. (1978. P. 99).
A criança é um ser distinto do adulto, na idade, maturidade, que apresenta
comportamentos típicos. No entanto, tirando a idade, as diferenças entre o adulto e a
criança são complexas, pois o que os fazem diferentes são limites culturais,
determinados historicamente pela sociedade em que estão inseridos. A criança até a
idade média não era valorizada ou respeitada pelas políticas sociais, não havendo
lugar para ela, desde de muito cedo ela era vista como um adulto, participava dos
mesmos ambientes e atividades recreativas. A partir do século XVIII a infância
começa a ser vista como uma etapa do desenvolvimento humano, que possui
necessidades próprias, precisa de amor, respeito e de cuidados especiais. Assim
passou-se a valorizar os seus direitos à vida familiar, social e a criar instituições
dedicadas a elas.
A história da educação infantil no nosso país tem de certa forma
acompanhada sua história no mundo, havendo é claro, características que são
próprias de nossa história cultural. Até meados do século XIX, o atendimento de
crianças pequenas em instituições como creches, praticamente não existiam no
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Brasil. Essa situação começa se modificar a partir da segunda metade do século
XIX.
Em 1862, Emília de Faria Erichsen funda o primeiro curso infantil na cidade
de Castro, no estado do Paraná, atendendo às crianças de 4 a 6 anos.
Emília de Faria Erichsen traz da Europa para o Brasil o Jardim de Infância
como instituição educativa que tem o direito e o dever de desenvolver a pedagogia
froebeliana, baseada no uso dos jogos. O primeiro Jardim-escola onde se aplicava
métodos pedagógicos do ensino de Froebel, estes que eram para época,
inteiramente revolucionários. Sua concepção baseava-se em que os primeiros anos
da infância são decisivos na personalidade do ser humano. As ideias de Froebel
deram início a muitas modificações no ensino em todo o mundo. Emília de Faria
Erichsen, sempre atenta à evolução, conhecendo Froebel pessoalmente procurava
colher frutos daquela amizade que muito poderia ser útil no desenvolvimento de seu
trabalho com as crianças pequenas na cidade de Castro.
“Nesse momento já aparecem algumas posições históricas em fase da
educação infantil que iriam se arrastar até hoje: o assistencialismo e uma educação
compensatória aos desafortunados socialmente” (OLIVEIRA, 2010, p.93), a
necessidade de um ambiente com perspectivas educativas, já era uma dificuldade
enfrentada na época.
No início do século XX com a intensa urbanização e industrialização nos
grandes centros, foram produzidas modificações na estrutura familiar tradicional
quanto aos cuidados dos filhos pequenos. Enquanto os homens em sua maioria
trabalhavam na lavoura, as fábricas tiveram que admitir um número expressivo de
mulheres, nasce então à necessidade de atendimento a seus filhos, muitas vezes
este atendimento era feito por vizinhas. Somente na década de 20 houve a primeira
regulamentação sobre o trabalho da mulher prevendo assim a instalação de creches
e salas de amamentação, neste contexto surgiram às primeiras escolas maternais e
jardins de infância. Até a década de 50 as poucas creches criadas foram as das
indústrias sendo de responsabilidade de entidades filantrópicas e religiosas, que
tinham caráter assistencial, se preocupando apenas com alimentação, higiene e
segurança, não valorizando o desenvolvimento afetivo e intelectual da criança.
Oliveira explica:
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O fato de o filho do operário estar sendo atendido em instituições montadas pelas fabricas passou, até, a ser reconhecido por alguns empresários como algo vantajoso, por provocar um aumento de produção por parte da mãe (2007, p. 96).
Na década de 70, devido a grande pressão da demanda por creches e pré-
escolas inicia-se um processo de expansão, mas, as concepções educacionais
nessas instituições mostram-se explicitamente preconceituosas, passando a ideia
que estas teriam sido pensadas como lugar só de assistência e não de educação.
Usando um programa de assistência emergencial para as massas, com baixo custo
financeiro, servindo apenas para uma discriminação e marginalização precoce. Era
sustentada a teoria que as crianças das camadas sociais mais pobres sofriam de
“privação cultural’, fato este que explicava o fracasso escolar das mesmas”.
Kramer afirma:
Em síntese, a abordagem da privação cultural postula que existe uma estreita relação entre o desenvolvimento da criança e sua origem socioeconômica, e que as causas de variações no desenvolvimento devem ser procuradas nas desigualdades culturais das famílias, estabelecidas a partir da classe social a que pertencem. (1992, p. 34)
Esta concepção norteou durante muito tempo a educação infantil de cunho
assistencialista e compensatória.
“Conceitos como carência e marginalização cultural e educação
compensatória foram então adotados, sem que houvesse uma reflexão crítica mais
aprofundada sobre as raízes estruturais dos problemas sociais” (OLIVEIRA, 2010,
p.109).
A Educação Infantil nesta época era vista como meio de superação de
carências sociais mesmo que essas crianças ainda continuassem na mesma
estrutura social geradora destes problemas. Para Oliveira (2007, p.109), tais
propostas visavam à estimulação precoce, e ao preparo para alfabetização,
mantendo, no entanto, as práticas educativas geradas por uma visão assistencialista
da educação e do ensino.
Precisamos compreender que as instituições de educação infantil não
precisam deixar de ser assistenciais para ser educacionais, este é um pensamento
bem generalizado das necessidades infantis. Pois, nesta faixa etária é impossível
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não prestarmos cuidados essências e assistenciais que estão relacionados às
necessidades básicas de sua sobrevivência, bem como precisamos cuidar de seu
desenvolvimento cognitivo e intelectual, formar valores básicos de respeito e
cidadania.
Considerando que creches em sua origem constituíam-se lugar de guarda,
de cuidados médico higienistas, assistencialistas. Hoje a proposta é de considerar o
universo cultural da criança privilegiando o seu desenvolvimento cognitivo, estímulo
intelectual, afetividade, valorizando o jogo, o brinquedo e cuidados essenciais. São
indispensáveis cuidados básicos e higiênicos como: trocar fraldas, amamentar, dar
banho. Quando uma mãe procura uma creche ou pré-escola para educar seu filho,
ela busca com certeza um lugar onde ele deve ser bem assistido e protegido.
A Constituição Federal promulgada em 1988 reconhece o direito da criança
de 0 a 6 anos de idade à educação em creches e pré-escolas. Tal reconhecimento
foi fruto de uma história de lutas e reivindicações de diferentes setores da sociedade
civil. O artigo constitucional nº 208, ressalta que "o dever do Estado com a
educação, será efetivado mediante garantia de: […] IV - atendimento em creche e
pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade" (BRASIL, 1988), o que vem
caracterizar a creche como equipamento primordialmente educacional. A definição
legal aponta para a superação do caráter assistencial, até então dominante, e passa
exigir uma atuação efetiva do sistema educacional nas suas diferentes instâncias:
Federal, Estadual e Municipal.
Kuhlmann relata:
A caracterização das instituições de educação infantil como parte dos deveres do Estado com a educação, expressa já na Constituição de 1988, trata-se de uma formulação almejada por aqueles que, a partir do final da década de 1970, lutaram – e ainda lutam – pela implantação de creches e pré-escolas que respeitem os direitos das crianças e das famílias (2010, p.179).
Nesta época houve melhorias a Educação Infantil tais como: expansão do
número de pré-escolas e melhor qualificação dos profissionais da área.
Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente por meio da Lei
8.069, de 13 de junho de 1990, pressupõe-se que a Criança e o Adolescente são
cidadãos, independentes de sua condição social. Concepção que o diferencia
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fundamentalmente das legislações anteriores voltadas exclusivamente ao
atendimento à infância pobre ou em situação irregular. O Estatuto configura-se,
portanto, num instrumento para efetivação de uma democracia participativa com
relação aos interesses das crianças e adolescentes. O Estatuto enfatiza no Artigo 54
que: “É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: […] IV - atendimento
em creches e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade” (BRASIL, 1986).
Esses fatos preparam o ambiente para a aprovação da nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996
que concebe o atendimento à criança de 0 a 6 anos de idade como: "primeira etapa
da Educação Básica” (art. 29), trazendo em seu texto uma seção dedicada a
"Educação Infantil." Nela, define creche e pré-escola como partes integrantes da
Educação Infantil, sendo a primeira destinada às crianças de 0 a 3 anos a segunda
às crianças de 4 a 6 anos (art.30), conquista histórica que muda o perfil das
instituições de atendimento a crianças pobres, vinculadas a órgãos de assistência
social.
Entende-se que a Educação Infantil é direito tanto das crianças como de
seus pais, sendo instituições de caráter educacional e não meramente assistencial.
Estamos à procura da superação desta dicotomia educação/assistência
estabelecendo estratégias de articulação para surgimento de uma nova proposta
para o cotidiano infantil. Os direitos da criança no que diz respeito à educação e ao
lazer são assegurados por lei, independente de sua raça, sexo, etnia ou religião,
todas as crianças devem usufruir os mesmos direitos e o mesma qualidade de
educação.
O Ministério da Educação e do Desporto (MEC), no ano 1998, lança o
documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) que foi
concebido como um guia de reflexão educacional sobre objetivos, conteúdos e
orientações didáticas para profissionais que atuam diretamente com as crianças de
zero a seis anos, auxiliando no trabalho educativo.
Esses avanços legais são frutos de demandas decorrentes não apenas da
reestruturação da família, como a saída da mulher para o mercado de trabalho, mas
do avanço na compreensão do desenvolvimento infantil. A concepção de Educação
Infantil pressupõe uma concepção clara de desenvolvimento humano e também da
realidade social. É importante destacar que toda a criança tem direito a educação,
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sendo assim o profissional que atua nesta área deve estar preparado no sentido de
contribuir para o desenvolvimento pleno da criança.
No conjunto analisado, é clara a intenção de cuidar, educar e brincar com
parte integrante da ação pedagógica na Educação Infantil. Para este cuidar é
necessário um ambiente adequado que considere as necessidades integrais da
criança, respeitando suas peculiaridades e fragilidades. Além dos cuidados físicos,
necessitam ser desenvolvidos gradativamente o seu psíquico, o afetivo, cognitivo e
social.
Sonia Kramer afirma que:
Creches e pré-escolas são modalidades de educação infantil. O trabalho realizado no seu interior tem caráter educativo e visam garantir assistência, alimentação, saúde e segurança com condições materiais e humanas que tragam benefícios sociais e culturais para as crianças. Hoje, apesar da ambigüidade dos nomes, entendemos como creche o espaço para crianças de 0 a 3 anos e pré-escola para crianças de 4 a 6 anos, de meio período ou horário integral, cuja responsabilidade é ou deveria ser assumida pela instância educacional pública. Creches e pré-escolas são instituições de educação infantil a que todas as crianças de 0 a 6 anos têm direito (1999).
Em 1999 as Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil vem mostrar a
necessidade das concepções do cuidar e educar serem indissociáveis, a
preocupação com o lúdico, as brincadeiras, direitos imprescindíveis à infância. As
diretrizes ainda apontam à necessidade da concepção de avaliação, formação de
professores e o atendimento dessas crianças fora dos centros urbanos, tais como:
população indígena, do campo, ribeirinha, quilombola, a educação inclusiva e todos
com sua devida importância.
“Esses pontos irão certamente contribuir para que o desenvolvimento infantil
se faça em direções mais críticas, afetuosas, lúdicas, colaborativas, solidárias”
(OLIVEIRA, 2010, p.122).
Na educação infantil hoje, busca-se ampliar alguns requisitos de
fundamental importância a fim de inserir a criança no mundo atual: a sensibilidade, a
solidariedade e o senso crítico, inserindo ambos em uma atmosfera de gestão
coletiva, com a finalidade de superar o modelo individualista presente na sociedade.
No Brasil nos dias atuais ainda não temos como realidade uma educação
infantil democrática que usufrua de espaços de convivência e socialização, que
assegure uma dimensão educativa, social e cultural necessária ao pleno
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desenvolvimento da criança e seu direito a cidadania previsto em lei.
3 FORMAÇÃO DE DOCENTES
A Prática de Formação é uma das disciplinas do curso de Formação de
Docentes, nela será desenvolvida o Projeto de Intervenção Pedagógica de acordo
com a Deliberação nº 010/99, que normatiza o Curso, o artigo 10 determina:
prática da formação, com o mínimo de 800 (oitocentas) horas, associando teoria e prática como parte integrante e significativa dessa área, e o efetivo exercício da docência, com duração mínima de 200 (duzentas) horas, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.
Esta disciplina possibilita as estagiárias participar ativamente de situações
reais do trabalho docente, desta forma construir seu aprendizado, através de uma
fundamentação teórica sólida sendo capaz de analisar criticamente as práticas
observadas.
A formação do professor envolve muito mais que aprendizagens conceituais
e procedimentos metodológicos. É preciso ir além do domínio teórico, competência
técnica e compromisso político é preciso olhar para si, buscando conhecer-se, saber
mais sobre suas atitudes, ações, reações, qualidades, dificuldades e seus limites.
Neste tempo nos deparamos realmente com nossa verdadeira vocação. A profissão
docente, por se basear nas relações interpessoais, é baseada em afetos, conflitos
sentimentos que acompanham as relações humanas. Sendo assim nem sempre
somos detentores do saber absoluto muitas vezes erramos e devemos ter
consciência disso para podermos reavaliar nossas práticas pedagógicas.
Para se trabalhar com crianças, na educação infantil, é importante
considerar os processos de desenvolvimento da aprendizagem infantil, que é
composta de fases ou níveis de construção do conhecimento. É importante ressaltar
também que cada criança tem seu próprio caminho para o desenvolvimento, e que o
conhecimento resulta da prática social.
Ao confrontar as práticas cotidianas com as produções teóricas vemos a
necessidade de rever as práticas e as teorias que as fundamentam, pesquisar novas
práticas e produzir novos conhecimentos para que o ensino se torne mais crítico e
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consciente, e que o cotidiano das instituições se transformem para enfrentar as
novas demandas. O processo educativo de nossos alunos deve-se firmar numa
relação entre a teoria e a prática, de forma que a prática seja intencionada pela
teoria, assim atribuímos à importância do estágio no processo de formação do
professor.
“A atividade teórica é que possibilita de modo indissociável o conhecimento
da realidade e o estabelecimento de finalidades para sua transformação. Mas para
produzir tal transformação não é suficiente a atividade teórica, é preciso atuar
praticamente” (PIMENTA, 2010, p.92).
Neste processo, muitos avanços teremos se soubermos enfrentar os
obstáculos e os problemas encontrados durante o percurso e para tanto é
necessário a observação para identificá-los e superá-los. Uma das dificuldades
encontradas na formação do Educador infantil esta baseado na complexidade do
contexto do cuidar e do educar. Sabemos que o cuidado e a educação estão
absolutamente vinculados, não é possível fazer um sem o outro.
Léa Tiriba fala sobre esse impasse:
O binômio cuidar e educar é, geralmente, compreendido como um processo único, em que as duas ações estão profundamente imbricadas. Mas, muitas vezes, a conjunção sugere a idéia de duas dimensões independentes: uma que se refere ao corpo e outra aos processos cognitivos […] nas propostas pedagógica, nas práticas [...] muitas vezes, mais que integração o binômio expressa dicotomia. Em razão de fatores socioculturais específicos de nossa sociedade, essa dicotomia alimenta práticas distintas entre profissionais que atuam lado a lado nas escolas de educação infantil, especialmente nas creches: as auxiliares cuidam e as professoras realizam atividades pedagógicas. (2005, p. 66).
A dificuldade desta integração está no fato de não compreendermos
realmente que o cuidar também faz parte da formação de nosso educando, e que
não é possível separar corpo e mente, cuidado e educação. Nossas alunas e futuras
professoras precisam ter consciência que cuidamos educando e educamos
cuidando,
Léa continua:
[…] eu buscava elementos teóricos para a compreensão da confusão que provoca o binômio educar e cuidar sempre que procuramos analisar
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discursos e práticas. A hipótese era a de que as dificuldades de integração entre os dois pólos estão relacionados à dicotomia corpo/mente (2005, p.84).
O Curso de Formação de Docentes formará educadores, portanto é
indispensável o compromisso político na sua atuação, para que os centros de
Educação Infantil possam ter condições de melhorias em seu trabalho educativo,
atingindo desta forma melhor qualidade no atendimento oferecido às crianças e,
fortalecimento profissional as futuras professoras, reconhecendo as peculiaridades e
fragilidades de sua atuação na Educação Infantil, levando em consideração o
binômio cuidar e educar.
A Proposta Pedagógica Curricular do Curso de Formação de Docentes está
calcada numa visão educacional em que o trabalho é o eixo do processo educativo,
porque é através dele que o homem, ao modificar a natureza, também se modifica
numa perspectiva que incorpora a própria história da formação humana
(PPCFD/SEED, 2006).
A afirmação de Pimenta nos mostra esta relação:
A educação é prática social que ocorre nas diversas instâncias da sociedade. Seu objetivo é a humanização dos homens, isto é, fazer dos seres humanos participantes dos frutos e da construção da civilização, dos progressos da civilização, resultado do trabalho dos homens. Não há educação a não ser na sociedade humana, nas relações sociais que os homens estabelecem entre si para assegurar sua existência (2010, p.83).
Atualmente é inegável a importância do processo de formação humana das
crianças até 6 anos de idade, e encontra-se ratificado em todos os documentos que
tratam sobre o tema da Educação Infantil, em especial os de ordem política e legal
dentro do princípio de que é um direito de todas as crianças. Assim, a formação dos
profissionais nesta área é uma demanda legítima (PPCFD/SEED, 2006).
A formação do professor é uma racionalidade teórica técnica, marcada por
aprendizagens conceituais e procedimentos metodológicos. Na prática pedagógica
da formação há muito mais que domínio teórico, há história de vidas, valores,
crenças, afetividade. Lembrando que um dos papéis mais importantes e reservados
à educação é o de capacitar o indivíduo a dominar o próprio desenvolvimento,
compreender e ser compreendido e estar apto para viver em sociedade.
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As práticas pedagógicas contextualizadas no curso de Formação de
Docentes enfatizam a formação do educador Infantil que muito ainda há de se
elaborar, refletir e aplicar. O Estágio Supervisionado possibilitará o aluno vivenciar as
práticas pedagógicas nos Centros de Educação Infantil e é nesse espaço que o
futuro professor desenvolve de fato a práxis profissional, ou seja, elabora sua prática
educativa, a partir das teorias estudadas e tem consciência desta necessidade para
um bom desenvolvimento de seu trabalho.
Gomes acredita que:
É importante considerar que o professor não está pronto quando termina o
curso de formação de docente. No exercício profissional, as diferentes situações vivenciais que a condição de ser professor exigirá vão requerer dele referências existenciais sobre todos os envolvidos no processo educacional, a começar pela compreensão de si mesmo: olhar para si e compreender-se educador, inserido em determinado contexto sociocultural (2009, p.40).
Mediante as dificuldades que certamente o futuro professor irá enfrentar é
que percebemos a necessidade de uma formação continuada com novas propostas
pedagógicas, para que venha desempenhar a sua função com êxito, tendo
compreensão do contexto no qual está inserido. A formação deste profissional deve
ser permanente, exercida com condições dignas de vida e trabalho, com uma
política cultural sólida e consistente.
Muitos são os desafios que ainda teremos de enfrentar, muitos estudos
serão necessários, os discursos das políticas públicas nesta área são bonitos e
empolgantes, mas, sabemos que a realidade enfrentada nestes centros ficam muito
distantes do almejado. Tivemos sim, avanços reais, mas não o suficiente para
termos uma educação de qualidade e uma formação consistente e permanente.
Cabe-nos ressaltar o papel político dos Fóruns de Educação Infantil em muitos
estados, que reúnem instituições de várias instâncias que atuam nesta área para
discutir, conhecer a realidade e propor saídas que contemplem a ampliação deste
atendimento com qualidade e formação adequada. Por um lado à falta de formação
especializada, a desvalorização do trabalho com a criança pequena e os critérios
pouco específicos exigidos na função, torna a educação infantil brasileira
extremamente frágil e complexa.
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4 RELATO DA IMPLEMENTAÇÃO
Diante desta perspectiva realizou-se a aplicação da proposta de
implementação, a partir da problematização levantada já no início desse estudo, no
município de Castro com as alunas do curso de Formação de Docentes.
Observações que foram realizadas no Centro de Educação Infantil desta cidade bem
como encontros mediados por leituras com o objetivo de refletir sobre a organização
dos CMEIs e a formação dos professores da Educação Infantil.
Essa proposta teve como princípio estudar com as alunas do curso de
Formação de Docentes a evolução da Educação Infantil no Brasil, encaminhamentos
metodológicos e fundamentação teórica sobre a organização da Educação Infantil,
bem como as práticas pedagógicas vivenciadas nos Centros de Educação Infantil ,
para em seguida fazer uma reflexão critica sobre como está sendo efetivada na
prática pedagógica e de que forma acontece a relação entre teoria e prática no
espaço escolar, com o propósito de mudanças de atitudes e posturas pedagógicas.
Assumindo o compromisso com uma formação sólida embasada em metodologias
diferenciadas focando no cuidar, educar e brincar.
Um dos materiais utilizados foi o artigo produzido como material didático
durante a realização desse PDE. Foi realizada uma coletânea de varias temáticas
fundamentadas em textos de autores especialistas em educação infantil com o
objetivo de promover uma discussão e reflexão crítica sobre o papel do educador
infantil e sua formação. Sendo elas:
TEMÁTICAS
1- Diretrizes Curriculares da Educação Infantil.
2- O conhecimento enquanto rede de significações.
3- A organização de atividades culturalmente significativas.
4- Uma pedagogia interacional na educação infantil
5- Infância educação. o necessário caminho contra a barbárie.
6- Educar e cuidar: muito além a rima.
7- Semeando o trabalho docente.
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Para o estudo dessas temáticas serviu-se da seguinte metodologia:
Num primeiro momento, o projeto foi apresentado a todos os professores do
Colégio durante a semana pedagógica do 2º semestre do ano letivo/2011. Houve
demonstração de interesse pela maioria dos professores presentes, confirmando
que os profissionais que atuam nesse Colégio muito são conscientes e
compreenderam a real importância de sua realização com as alunas do curso de
Formação de Docentes.
As alunas do Curso de Formação de Docentes conheceram o projeto em
uma aula de Estágio e a receptividade foi positiva, inclusive percebeu-se certo
orgulho em fazer parte de um trabalho científico diretamente ligado à sua formação,
onde teriam um papel importante a desempenhar, construindo e aprofundando junto
com a professora seus conhecimentos sobre o tema tratado.
Após a autorização do CMEI, as alunas dirigiram-se até o centro com o
propósito de observar o desenvolvimento das atividades pedagógicas realizadas
diariamente bem como a organização da estrutura física e regimentar da instituição e
desta forma colher subsídios suficientes para dar início as reflexões. Na seqüência
foram aplicados os questionários referentes ao conhecimento já obtido pelas alunas
durante o curso e as observações realizadas no CMEI e desta forma deu se inicio as
reflexões e discussões onde levantaram os pontos-chave das dificuldades e
fragilidades encontradas pelas alunas na Educação Infantil.
Algumas das dificuldades relatadas pelas alunas foram de que em algumas
turmas o número de alunos era maior que o determinado para aquela faixa etária,
desta forma o desenvolvimento das atividades eram comprometidas. O espaço
físico não correspondia às necessidades dos alunos, causando certo desconforto. A
necessidade de dois professores em todas as turmas para que as crianças
pudessem ter um acompanhamento melhor e serem atendidas em suas
particularidades. Mas também relataram que diante destas e outras fragilidades
encontradas o trabalho desenvolvido pelas professoras é muito bom e todas
demonstram carinho, dedicação, comprometimento e conhecimento adequado para
atuarem nesta etapa da educação básica.
Num segundo momento, foram feitos estudos e pesquisas sobre as
diretrizes curriculares da educação infantil dessa forma obtiveram o conhecimento
das legislações referentes à educação infantil, estudo de textos artigos de autores
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que falam da importância de um estudo sobre a atuação e formação dos
profissionais da Educação Infantil. Após esta introdução de teoria e prática foram
assistidos vídeos que abordam a história da Educação infantil no Brasil bem como o
Perfil do Educador Infantil e a importância do cuidar, educar e brincar na formação e
desenvolvimento da criança na primeira infância e a importância de um estudo sobre
a atuação e formação dos profissionais que atuam nesta área. Ao longo das
reflexões trazidas pelas temáticas, as participantes refletiam e argumentavam
visando atingir o objetivo proposto no início de cada uma.
Após fundamentação teórica realizada, as alunas elaboraram hipóteses para
possíveis intervenções, através de planejamento de aulas com conteúdos e
metodologias diferenciadas, na seqüência foram realizadas exposição dos planos de
aula com explicação detalhada dos procedimentos e aplicabilidade em forma de mini
aula com novas propostas de práticas pedagógicas a serem realizadas nos CMEIs
de forma a enriquecer o trabalho do futuro educador infantil, contando com a
colaboração dos colegas de turma e professora PDE. Utilizaram de materiais
concretos, jogos pedagógicos, atividades práticas, etc.
Vivemos em uma sociedade em constantes mudanças e que para ser
professor, mais do que gostar de ensinar, é preciso gostar de aprender, o que implica
em compreender que a formação científica, cultural e política não termina. Devemos
ler, pesquisar, nos informar sobre pesquisas realizados em nossa área de atuação,
valorizar mais a teoria levando em consideração as práticas já utilizadas. É
fundamental valorizar o saber produzido através das práticas, fazendo uma análise
crítica do contexto, respeitando as diversidades. Devemos trabalhar com dedicação
e determinação para que nosso compromisso com a educação infantil seja cada dia
mais firme e desta forma percebam a importância de nosso trabalho para o bom
desenvolvimento das crianças nos CMEIs. De nada servem teorias de aprendizagem
se estas não ajudam a identificar as dificuldades reais das crianças. Estes
conhecimentos só terão valor quando o professor souber mobilizá-los na ação,
combinando-os com a sua intuição e com a sua criatividade.
O futuro educador da educação infantil deve conscientizar-se de que a
formação profissional por excelente que seja não, é garantia de um desempenho
perfeito principalmente em situações complexas e as competências prioritárias a
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serem desenvolvidas são aquelas do pensamento reflexivo. Significa dizer que de
nada servem teorias de aprendizagem se estas não ajudam a identificar as
dificuldades reais das crianças. Estes conhecimentos só terão valor quando o
professor souber mobilizá-los na ação, combinando-os com a sua intuição e com a
sua criatividade, são competências não só para ensinar, mas refletir sobre a prática.
Esta reflexão também é síntese de um GTR- Grupo de Trabalho em Rede
desenvolvido virtualmente num período de dois meses com Professores Pedagogos
de várias escolas da Rede Estadual do Paraná, os quais colaboraram com a reflexão
compartilhando vivencias da prática pedagógica.
A máxima dessa modalidade de formação consistiu em poder trocar
experiências com outros pedagogos, que mesmo distantes geograficamente,
compartilham das mesmas vivencias práticas, similares com as descritas na
problematização que antecedeu a fundamentação teórica do estudo em questão.
Discuti-se relatos sobre o cotidiano dos ambientes escolares onde atuam,
oportunizando a consolidação de interferências que enriqueceram tanto na
fundamentação teórica como a execução da parte prática.
Foi uma experiência peculiar socializar com os colegas o desenvolvimento
de minha pesquisa e os estudos que realizei sobre um assunto que considero de
grande importância para a educação que é a formação do professor da educação
infantil sua realidade teórica e prática.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retomando as questões colocadas na problematização desse estudo em
paralelo com as reflexões que foram sendo encaminhadas, possibilitou às alunas do
curso de formação avançarem para o entendimento de que o trabalho do professor
da educação infantil deve ser desenvolvido de forma a priorizar mais o lúdico.
Convém ressaltar que o profissional quando habilitado com qualidade em sua
formação inicial tende a realizar suas tarefas com competência, na busca de
propiciar às crianças uma aprendizagem significativa e seu desenvolvimento
integral. Em linhas gerais, a formação do educador infantil deve ser recheada de
intervenções guiadas e discutidas coletivamente, fazendo uma interligação entre a
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teoria e a realidade, ou seja, entre as diferentes teorias estudadas durante o curso
de formação e as práticas observadas durante os estágios. Isso torna necessário a
fim de que, ao começarem a trabalhar, possam organizar um processo de ensino-
aprendizagem mediado pela experimentação, priorizando as atividades lúdicas,
tornando possível o entrelaçamento das ações de cuidado e de atividades definidas
mais como educativas. Em razão disso, deve estruturar seu trabalho de forma a
considerar as habilidades e potencialidades infantis. Sabendo que essas são ricas e
já na educação infantil devem ser estimuladas.
Sabemos que a melhoria do ensino não depende unicamente do
professor, mas de ações integradas por parte do sistema, das instituições escolares
e das políticas educacionais. No entanto, a formação deste profissional tem papel
importante no desenvolvimento educacional do país, porém não podemos considerar
como o único determinante da qualidade do ensino, embora esteja estritamente
relacionado a ela. Sendo assim, fica evidente a necessidade de aperfeiçoamento
constante, permanente, visando melhor preparar os profissionais da educação e
automaticamente melhorar o atendimento às crianças de zero a seis anos. Além
disso, é necessário frisar que enfrentamos os desafios da sociedade globalizada,
não podemos abrir mão de valores de solidariedade, respeito e construção coletiva.
É preciso lutar contra os erros e a exclusão com intuito de construirmos juntos um
novo futuro.
Durante a execução deste projeto foi possível perceber que as alunas
participantes compreenderam a importância das observações e o estudo das teorias
que fundamentam a educação infantil. Segundo elas, esse trabalho propiciou uma
mudança de paradigma, pois ao voltarem às creches agora no 3º ano tendo feito
estágios nos CMEIs somente no 1º ano do curso, viram a realidade de modo
diferenciado, valorizaram mais as ações desenvolvidas ali. Perceberam que as
práticas pedagógicas realizadas pelas professoras são fatores indispensáveis e
fundamentais na construção da aprendizagem daquelas crianças. Portanto, reforçam
a necessidade de uma boa formação profissional para que possam realizar bem
suas funções de educadores da Educação Infantil. Afinal, esse é o período que
corresponde à formação das identidades e essas devem estar bem estruturadas.
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A organização da matriz curricular do Curso de Formação de Docentes
possibilitou-as, no decorrer dos três primeiros anos, adquirirem conhecimento
adequado para sua formação profissional e com as observações e docências, foi
possível colocar em prática seus conhecimentos e aptidões desenvolvidas durante
esse período de formação. Desta forma, esse projeto veio firmar a importância de
uma formação de qualidade para o Educador Infantil e demonstrar que nossas
alunas estão sendo instruídas para desenvolverem um bom trabalho como
professores da Educação Infantil na cidade de Castro.
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Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília,
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