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Relatório 2016
GESTÃO DO CURRÍCULO:
ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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FICHA TÉCNICA
Título
Gestão do currículo: Ensino Experimental das Ciências — Relatório 2016
Autoria
Inspeção-Geral da Educação e Ciência
Coordenação: Augusto Patrício Lima Rocha e Maria Leonor Duarte
Elaboração: António Frade, Augusto Patrício Rocha, Carlos Roque, Silvina Pimentel e Teresa de
Jesus
Edição
© Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC)
Av. 24 de Julho, 136
1350–346 LISBOA
Tel.: 213 924 800 / 213 924 801
Fax: 213 924 950 / 213 924 960
e-mail: igec@igec.mec.pt
URL: www.igec.mec.pt
Design gráfico e divulgação
IGEC — Divisão de Comunicação e Sistemas de Informação (DCSI)
Fevereiro de 2018
I/00235/DSAG/19
Homologado pelo Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, com o seguinte despacho de 14 de janeiro de 2019:
“Homologo sinalizando quanto ao disposto no ponto 5.2.1 do Relatório, que, em matéria de ponderação de desdobramento de turmas no 2.º ciclo, e face ao contemplado no Despacho n.º 10-B/2018, de 6 de julho, é já possível implementar o desdobramento recomendado, com recurso ao crédito horário.”
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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SUMÁRIO
A Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) deu continuidade, no ano de 2016, à atividade
Gestão do currículo: ensino experimental das ciências, inserida no Programa Acompanhamento do
seu Plano de Atividades.
Ao apresentar o segundo Relatório global da atividade Gestão do currículo: ensino experimental
das ciências, a IGEC torna público o resultado do acompanhamento realizado em jardins de
infância e escolas dos 1.º e 2.º ciclos do ensino básico pertencentes a 31 agrupamentos de escolas
(AE) intervencionados em 2016.
Esta atividade da IGEC, em linha com as tendências defendidas para o ensino das ciências físicas
e naturais, pretende conhecer e acompanhar o desenvolvimento do trabalho prático, incluindo o
de base laboratorial e experimental, em contexto de sala de atividades/aula e de campo e
contribuir para a emergência consciente de novas práticas que levem à melhoria dos níveis de
literacia científica das crianças e dos jovens.
As vertentes selecionadas para análise, no âmbito desta atividade, correspondem às que são
reconhecidas como pertinentes no ensino das ciências, quer por organizações nacionais e
internacionais, quer pela investigação. Neste sentido, foram consideradas cinco dimensões
estratégicas, concretamente: recursos humanos e materiais; planeamento curricular no âmbito
das ciências; práticas pedagógicas em ciências; avaliação das aprendizagens das ciências;
supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em ciências. Estas dimensões focadas
integram um total de sete áreas-chave, operacionalizadas sucessivamente em campos de
observação e indicadores.
Elaborou-se, para cada agrupamento de escolas intervencionado, um relatório com a identificação
dos aspetos positivos e aspetos a melhorar relativamente ao ensino experimental das ciências. É
de relevar que, num inquérito por questionário realizado aos órgãos de gestão, após os mesmos
terem recebido os relatórios, 100% manifestaram concordância quanto à pertinência dos aspetos
a melhorar apresentados. Releva-se ainda, como muito positiva, a avaliação da atividade no que
respeita ao seu impacto na reflexão e nas práticas pedagógicas em sala de atividades e em sala
de aula, no âmbito do ensino experimental das ciências, patente nas respostas dos órgãos de
direção aos questionários de avaliação aplicados.
Considerando que a amostra inclui apenas 31 agrupamentos de escolas, e que este é o segundo
ano em que a atividade está no terreno, a IGEC considera não ser prudente fazer extrapolações e
generalizações, face ao universo de agrupamentos atualmente existente. Contudo, é possível
evidenciar algumas correlações ou tendências, a partir dos resultados obtidos, tal como se
evidencia no capítulo relativo às conclusões.
Este relatório está organizado em cinco capítulos. No capítulo inicial apresentam-se os objetivos,
a metodologia e os aspetos organizativos da atividade. O segundo capítulo apresenta os resultados
da ação de acompanhamento nas sete áreas-chave em análise. O terceiro capítulo centra-se nos
31 relatórios de agrupamento remetidos aos agrupamentos de escolas intervencionados. O quarto
capítulo integra a apreciação realizado pelos agrupamentos e, finalmente, o último capítulo
apresenta as conclusões da atividade, bem como a formulação de algumas propostas e
recomendações.
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ÍNDICE
SUMÁRIO ......................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8
1. OBJETIVOS, METODOLOGIA E ASPETOS ORGANIZATIVOS .............................................. 11
1.1 Objetivos ................................................................................................ 11
1.2 Metodologia ............................................................................................. 11
1.3 Aspetos organizativos ................................................................................. 14
2. DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE ....................................................................... 16
2.1 Caracterização dos agrupamentos intervencionados ............................................. 16
2.2 Documentos orientadores e planeamento pedagógico ........................................... 20
2.3 Práticas Pedagógicas em Ciências ................................................................... 24
2.4 Avaliação das aprendizagens das ciências .......................................................... 38
2.5 Supervisão da Prática Letiva e Avaliação dos Resultados em Ciências ......................... 40
3. RELATÓRIOS DE AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS .......................................................... 42
Aspetos positivos ........................................................................................... 43
Aspetos a melhorar ......................................................................................... 43
Análise dos aspetos positivos e aspetos a melhorar ................................................... 44
4. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE – QUESTIONÁRIO AOS AGRUPAMENTOS INTERVENCIONADOS ........... 45
4.1 Opinião dos responsáveis dos agrupamentos sobre a atividade ................................. 45
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................ 49
5.1 Conclusões .............................................................................................. 49
5.2 Propostas e Recomendações ......................................................................... 54
Normativos e orientações de referência ................................................................ 58
Bibliografia .................................................................................................. 58
ANEXOS ....................................................................................................... 61
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Índice de quadros
QUADRO 1 − AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS INTERVENCIONADOS ................................................... 11
QUADRO 2 – ESCALA DE APRECIAÇÃO ............................................................................. 13
QUADRO 3 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS VISITADOS .......................................................... 17
QUADRO 4 – INSTALAÇÕES ONDE DECORREM AS ATIVIDADES NO ÂMBITO DAS CIÊNCIAS (N.º) ........................ 17
QUADRO 5 – TRABALHADORES COM FUNÇÕES DOCENTES (N.º) .................................................... 18
QUADRO 6 – MATERIAL DE LABORATÓRIO (% DE ESCOLAS) ......................................................... 18
QUADRO 7 – OUTROS RECURSOS MATERIAIS E PEDAGÓGICOS (% DE ESCOLAS) ..................................... 19
QUADRO 8 – SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS E SALAS AFINS (% DE ESCOLAS COM SIM) ............................ 19
QUADRO 9 − AÇÕES DE FORMAÇÃO INTERNA FREQUENTADAS NO ÚLTIMO TRIÉNIO (N.º) ........................... 20
QUADRO 10 − AÇÕES DE FORMAÇÃO EXTERNA FREQUENTADAS NO ÚLTIMO TRIÉNIO (N.º).......................... 20
QUADRO 11 – PLANEAMENTO PEDAGÓGICO (MÉDIAS) ............................................................. 22
QUADRO 12 – PLANEAMENTO PEDAGÓGICO: PERSPETIVA CTSA, COERÊNCIA CURRICULAR E ARTICULAÇÃO
INTERDISCIPLINAR (MÉDIAS) ....................................................................................... 23
QUADRO 13 – PLANEAMENTO PEDAGÓGICO E TRABALHO COLABORATIVO (MÉDIAS)................................ 24
QUADRO 14 - METAS CURRICULARES DO 2.º CICLO DO ENSINO BÁSICO DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS
RELACIONADAS COM O ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS ........................................................ 27
QUADRO 15 – ATIVIDADES/AULAS OBSERVADAS (N.º) ............................................................. 28
QUADRO 16 – PRÁTICA PEDAGÓGICA OBSERVADA, SEGUNDO TIPOLOGIA DE ATIVIDADE/AULA, POR NÍVEL DE EDUCAÇÃO
E ENSINO .......................................................................................................... 28
QUADRO 17 – ATIVIDADE/AULA EXPOSITIVA/DEMONSTRATIVA – CAMPOS DE OBSERVAÇÃO E INDICADORES (MÉDIAS) 33
QUADRO 18 – FREQUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS-CAPACIDADES INVESTIGATIVAS OBSERVADAS .......... 35
QUADRO 19 – FREQUÊNCIA DAS CAPACIDADES INVESTIGATIVAS OBSERVADAS, POR NÍVEL DE EDUCAÇÃO E ENSINO .. 36
QUADRO 20 – APRECIAÇÃO, POR PERÍODO LETIVO, DOS REGISTOS DAS ATIVIDADES /SUMÁRIOS DO ANO LETIVO
ANTERIOR (MÉDIAS) ............................................................................................... 37
QUADRO 21 – AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS EM CIÊNCIAS (MÉDIAS) ............................................ 39
QUADRO 22 – SUPERVISÃO DA PRÁTICA LETIVA E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EM CIÊNCIAS (MÉDIAS) ............. 40
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Índice de gráficos e figuras
FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS INTERVENCIONADOS, POR DISTRITO ......................... 12
GRÁFICO 1 – O PROJETO EDUCATIVO OU O PLANO DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR CONTEMPLAM OBJETIVOS E
METAS NO ÂMBITO DA LITERACIA CIENTÍFICA. % DE AGRUPAMENTOS ...................................................... 21
GRÁFICO 2 - O PROJETO EDUCATIVO OU O PLANO DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR CONTEMPLAM ESTRATÉGIAS
COM VISTA AO DESENVOLVIMENTO DA LITERACIA CIENTÍFICA. % DE AGRUPAMENTOS ....................................... 21
FIGURA 2 - RELAÇÃO ENTRE TRABALHO PRÁTICO, LABORATORIAL E DE CAMPO. ADAPTADO DE LEITE, 2001 .............. 25
GRÁFICO 3 - DISTRIBUIÇÃO DAS ASSERÇÕES POR ASPETOS POSITIVOS E ASPETOS A MELHORAR ............................ 42
GRÁFICO 4 - DISTRIBUIÇÃO DAS 308 ASSERÇÕES RELATIVAS A ASPETOS POSITIVOS POR ÁREA-CHAVE...................... 43
GRÁFICO 5 - DISTRIBUIÇÃO DAS 708 ASSERÇÕES RELATIVAS A ASPETOS A MELHORAR POR ÁREA-CHAVE ................... 43
GRÁFICO 6 – FREQUÊNCIA DAS ASSERÇÕES RELATIVAS A ASPETOS POSITIVOS E ASPETOS A MELHORAR POR ÁREAS-CHAVE .. 44
GRÁFICO 7 – CLAREZA DA INFORMAÇÃO RECEBIDA, ANTES DA INTERVENÇÃO, SOBRE OBJETIVOS, OS PROCEDIMENTOS E A
OPERACIONALIZAÇÃO ..................................................................................................... 45
GRÁFICO 8 – EXPETATIVAS SOBRE A UTILIDADE DA ATIVIDADE ............................................................ 46
GRÁFICO 9 – ASPETOS DA VISITA DE ACOMPANHAMENTO ................................................................. 47
GRÁFICO 10 – PERTINÊNCIA DOS ASPETOS A MELHORAR APRESENTADOS NO RELATÓRIO DE AGRUPAMENTO ................ 47
GRÁFICO 11 – IMPACTO DA ATIVIDADE EM ÁREAS ESTRATÉGICAS .......................................................... 48
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INTRODUÇÃO
A atividade de acompanhamento designada Gestão do currículo: ensino experimental das ciências
concebida pela Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) em 2014, implementada em 2015 e
continuada em 2016, incide, estrategicamente, no desenvolvimento da literacia científica de
crianças e jovens e visa contribuir para a qualidade do sistema educativo.
Atualmente é consensual o reconhecimento da relevância de uma sólida formação científica de
base para a plena realização do ser humano e da sua integração social, fornecendo-lhe ferramentas
para se tornar um cidadão mais ativo, produtivo e competitivo. A definição de literacia científica
utilizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico tem subjacente este
entendimento A Literacia científica é a capacidade de um indivíduo para se envolver em questões
relacionadas com a ciência e de compreender as ideias científicas, como um cidadão reflexivo.
Assim sendo, um indivíduo cientificamente letrado está preparado para participar num discurso
racional sobre ciência e tecnologia, o que exige competências para:
1. Explicar fenómenos cientificamente;
2. Avaliar e conceber investigações científicas;
3. Interpretar dados e evidências cientificamente (OCDE, 2016)1.
O período 2003-2013 foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) como a
Década Internacional da Literacia, com a visão de Literacia como Liberdade e Literacia para
Todos.
A UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization apresenta as razões
que conduziram à já citada proclamação da seguinte forma:
A literacia nunca foi tão necessária para o desenvolvimento; é chave para a comunicação e para todos os tipos de aprendizagem e uma condição fundamental de acesso às atuais sociedades do conhecimento de hoje. Com as crescentes disparidades socioeconómicas e as crises globais sobre o alimento, a água e a energia, a literacia é uma ferramenta de sobrevivência num mundo altamente competitivo. A literacia conduz à capacitação [empowerment], e o direito à educação inclui o direito à literacia – um requisito essencial para a aprendizagem ao longo da vida e um meio vital de desenvolvimento humano e para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). (UNESCO, 2008, p. 9)2
Apesar da proclamação da ONU consagrar o reconhecimento do papel da literacia para o
desenvolvimento pessoal de cada indivíduo e para o desenvolvimento social e económico das
nações, não foi, contudo, a designada Década Internacional da Literacia que colocou a temática
da literacia científica no cerne do debate, no que diz respeito à educação em ciência. De resto,
já desde meados dos anos 90 que grande parte do debate relativo a esta temática se centra na
literacia científica: no conceito, na sua relevância social e individual ou, ainda, em como alcançá-
la (Hodson, 2002). Neste sentido, a literacia científica tem vindo a ser assumida, quase
1 Definição de literacia científica no âmbito da avaliação do PISA 2015. OECD (2016), PISA 2015 Assessment and
Analytical Framework:Science, Reading, Mathematic and Financial Literacy, OECD Publishing, Paris. Disponível http://dx.doi.org/10.1787/9789264255425-en
2 Documento The Global Literacy Challenge, elaborado em 2008 pela United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization (UNESCO)
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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universalmente, como a grande finalidade atual da educação científica e, em particular, do ensino
das ciências. Também na Declaração sobre a Ciência e a Utilização do Conhecimento Científico –
Declaração de Budapeste (1999) – se refere:
Para que um país tenha capacidade de atender às necessidades elementares da sua população, o ensino científico e tecnológico é uma necessidade estratégica. Como parte de tal ensino, os alunos devem aprender a resolver problemas específicos e a atender às necessidades da sociedade usando conhecimentos e aptidões científicas e tecnológicas. (UNESCO, 1999, p. 13)
Também a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
considera que o acesso aos conhecimentos científicos não só surge como um direito que todas as
crianças e alunos têm, como também um dever dos responsáveis e decisores para com as gerações
vindouras.
Os resultados revelados pelo PISA - Programme for International Student Assessment e pelo TIMS -
Trends in International Mathematics and Science Study, assim como os relatórios da Avaliação
Externa das Escolas - IGEC, os resultados dos alunos nos exames nacionais do ensino secundário, o
desempenho dos alunos do ensino básico nas provas de aferição e a investigação nos meios
académicos, evidenciam a necessidade de uma reflexão aprofundada nas nossas escolas sobre as
práticas de ensino das ciências, com vista a uma melhoria da qualidade das aprendizagens e
dos resultados escolares dos alunos.
Em linha com o exposto, a atividade de acompanhamento Gestão do currículo: ensino
experimental das ciências, enquadrada no âmbito das atribuições da IGEC, nomeadamente as
consignadas na alínea c) do n.º 2 do Decreto Regulamentar n.º 15/2012, de 27 de janeiro, é dirigida
aos anos mais precoces, concretamente ao nível da educação pré-escolar e dos 1.º e 2.º ciclos do
ensino básico. Tem como objetivos conhecer e acompanhar o desenvolvimento do ensino das
ciências físicas e naturais, nas vertentes do planeamento, da implementação em contexto de sala
de atividades/aula e da avaliação, visando contribuir para a melhoria das práticas pedagógicas e
para uma gestão mais eficaz do currículo. Desta forma, espera-se contribuir para o aumento da
literacia científica e da qualidade do sistema educativo, salvaguardando o direito das crianças e
jovens a uma educação de qualidade.
A literatura específica ligada ao ensino das ciências releva a importância do desenvolvimento do
trabalho prático para a construção de uma cultura científica das crianças e dos alunos. As
orientações curriculares para a educação pré-escolar, os programas de Estudo do Meio (1.º ciclo)
e de Ciências Naturais (2.º ciclo), bem como as metas curriculares em vigor, apontam para a
necessidade de se promover, nas crianças e alunos, o hábito de questionarem os fenómenos que
acontecem no mundo natural, propiciando-lhes condições para a realização de atividades de nível
prático, nomeadamente laboratoriais, experimentais e de campo, que potenciem e desenvolvam
o espírito investigativo.
A atividade de acompanhamento Gestão do currículo: ensino experimental das ciências está
orientada para a vertente da abordagem experimental das Ciências, com enfoque nas dinâmicas
de construção do conhecimento e na qualidade do pensamento reflexivo, desenvolvidas em
contexto de sala de atividades/aula, pressupondo-se, à partida, que todo este processo depende,
em última instância, da intencionalidade pedagógica do docente e das suas competências de
estimulação do pensamento e ação.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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Em 2016 foram intervencionados 31 agrupamentos de escolas aos quais se enviou o relatório da
atividade, identificando os aspetos positivos e os aspetos que careciam de melhoria nas sete áreas-
chave definidas. Posteriormente foi solicitada aos responsáveis pela gestão a apreciação crítica
sobre a atividade, mediante um questionário de avaliação, tendo em vista a melhoria contínua do
processo.
O relatório global de 2016, à semelhança do elaborado no ano anterior, estrutura-se em cinco
capítulos: o primeiro refere-se às questões relacionadas com os objetivos, a metodologia da
intervenção e os aspetos organizativos; o segundo incide sobre o desenvolvimento da atividade; o
terceiro debruça-se sobre a informação constante dos relatórios enviados aos agrupamentos de
escolas; o quarto aborda os dados recolhidos na sequência da aplicação de questionários de
avaliação da atividade; e o quinto apresenta as conclusões e as recomendações.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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1. OBJETIVOS, METODOLOGIA E ASPETOS
ORGANIZATIVOS
1.1 Objetivos
Com as atividades constantes do Programa I - Acompanhamento, a IGEC pretende observar e
acompanhar de forma regular e contínua o trabalho dos jardins de infância e das escolas dos
ensinos básico e secundário, induzindo uma constante reflexão sobre as práticas desenvolvidas,
com vista a uma efetiva melhoria da qualidade das aprendizagens e dos resultados escolares.
Foi dada continuidade ao desenvolvimento da atividade I.3 - Gestão do currículo: ensino
experimental das ciências, iniciada em 2015, integrando a mesma o programa Acompanhamento
do Plano de Atividades para 2016, da IGEC.
A atividade Gestão do currículo: ensino experimental das ciências tem como objetivos:
Conhecer as práticas de ensino de base experimental existentes na educação pré-escolar e no 1.º e 2.º ciclos do ensino básico.
Analisar e refletir sobre o planeamento, a implementação e avaliação de atividades práticas, laboratoriais, experimentais e de campo no ensino das ciências.
Fomentar metodologias ativas, investigativas e experimentais.
Contribuir para uma gestão do currículo mais eficaz ao nível do ensino das ciências, com
impacto positivo nos resultados dos alunos.
1.2 Metodologia
No ano de 2016, realizaram-se 31 intervenções em agrupamentos de escolas pertencentes às três
áreas territoriais da IGEC QUADRO 1.
QUADRO 1 − AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS INTERVENCIONADOS
ÁREA TERRITORIAL DE INSPEÇÃO
AGRUPAMENTOS
INTERVENCIONADOS
Norte 15
Centro 6
Sul 10
Total 31
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Os agrupamentos de escolas (AE) intervencionados localizam-se em 30 concelhos - ANEXO 1 - com
uma distribuição distrital evidenciada na FIGURA 1.
FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DOS AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS INTERVENCIONADOS, POR DISTRITO
As intervenções, efetuadas por uma equipa de dois inspetores, tiveram a duração de cinco dias, o
primeiro destinado à preparação da atividade e os restantes quatro à intervenção nos jardins de
infância e escolas com 1.º e 2.º ciclos. No último dia, apresentaram-se as conclusões à direção e
ao presidente do conselho geral e elaborou-se o projeto de relatório.
A metodologia da atividade assenta na análise dos documentos estruturantes e de outros
relacionados com o ensino das ciências, na observação de atividades/aulas (três na educação pré-
escolar, seis no 1.º ciclo e três no 2.º ciclo) e em entrevistas, de painel, a diversos elementos:
docentes titulares de grupo/turma e de Ciências Naturais e cujas atividades/aulas foram
observadas, coordenadores dos departamentos da educação pré-escolar, do 1.º ciclo e das ciências
experimentais (neste último caso, se necessário, também representantes dos grupos de
recrutamento 230 e 520) e direção. Foram ainda observadas as instalações, os materiais e os
equipamentos dos estabelecimentos visitados.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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Os dados recolhidos na análise documental, observação de atividades/aulas, instalações, materiais
e equipamentos e entrevistas foram registados no Guião da atividade e constituíram o suporte
informativo para a elaboração do Relatório enviado a cada agrupamento, indicando os aspetos
positivos e os aspetos a melhorar nas sete áreas-chave definidas:
Material e equipamentos;
Formação contínua no âmbito das ciências;
Documentos orientadores;
Planeamento pedagógico;
Práticas pedagógicas em ciências;
Avaliação das aprendizagens das ciências;
Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em ciências.
Nas duas primeiras áreas, i) material e equipamentos e ii) formação contínua no âmbito das
ciências que englobam a caracterização dos recursos, os campos de análise são sobretudo de
natureza quantitativa, enquanto na área iii) documentos orientadores, os campos de análise e/ou
indicadores são respondidos utilizando-se Sim/Não.
As áreas-chave (iv) Planeamento pedagógico, (v) Práticas pedagógicas em ciências, (vi) Avaliação
das aprendizagens das ciências e (vii) Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em
ciências integram diversos campos de observação e/ou indicadores que são apreciados de acordo
com uma escala de quatro níveis (expressos numericamente de 1 a 4) a que correspondem os
critérios de valoração expressos no QUADRO 2.
QUADRO 2 – ESCALA DE APRECIAÇÃO
1 2 3 4
- + - + ++
Insuficiente Satisfatório Bom Excelente
Nunca Pontualmente Com frequência Sistematicamente
Nada relevante Pouco relevante Relevante Muito relevante
Inexistente Emergente Implementado Generalizado
Nada Parcialmente Maioritariamente Totalmente
Objetivo não atingido Objetivo em risco Objetivo atingido Objetivo superado
A área-chave Práticas pedagógicas em ciências prevê a observação de atividades/aulas com a
finalidade de se apreciar o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem. Para esta
finalidade, independentemente do nível de educação e ensino, são estabelecidos cinco tipos de
práticas pedagógicas, a saber: (i) atividade prática (ii) trabalho de base laboratorial, (iii) trabalho
de base experimental, (iv) trabalho de campo e (v) atividade/aula expositiva/demonstrativa. O
trabalho de base laboratorial e o de campo podem assumir, também, uma natureza experimental.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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No sentido de tornar as análises mais claras e precisas, aplicaram-se grelhas, para cada uma das
cinco tipologias de práticas pedagógicas, que identificam campos de observação, cada um com
três indicadores que expressam um conjunto de características, qualidades ou competências
específicas, relativamente às quais foi feita uma apreciação traduzida em níveis de 1 a 4, com
base nos critérios de valoração da escala do QUADRO 2.
1.3 Aspetos organizativos
1.3.1 Seleção dos agrupamentos de escolas
Cada uma das Áreas Territoriais de Inspeção, em articulação com a equipa coordenadora da
atividade, determina o número de intervenções a realizar e os agrupamentos de escolas onde as
mesmas irão ter lugar.
A seleção dos agrupamentos de escolas foi efetuada segundo os seguintes critérios, previstos por
ordem preferencial:
Agrupamentos que não tinham sido intervencionados, no âmbito de outras atividades da
IGEC, no último ano letivo;
Abranger o maior número de concelhos;
Agrupamentos com o maior número de escolas do 1.º ciclo de ensino básico.
1.3.2 Intervenção nos agrupamentos de escolas
Análise documental
A análise documental privilegiou, entre outros, o seguinte:
Projeto educativo;
Critérios e instrumentos de avaliação definidos no âmbito do ensino das ciências;
Planeamentos pedagógicos (do ano letivo em curso) a longo e a médio prazos da Área
do Conhecimento do Mundo (educação pré-escolar) e de Estudo do Meio (à descoberta
de si mesmo, à descoberta do ambiente natural, de materiais e de objetos e de inter-
relações entre a natureza e a sociedade) para cada ano de escolaridade do 1.º ciclo e
da disciplina de Ciências Naturais para os 5.º e 6.º anos de escolaridade;
Planos de aula (quando existentes);
Instrumentos de avaliação por período letivo e por ano de escolaridade (tendo em
conta a existência de testes comuns);
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
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Produtos de atividades dos grupos/turmas e cadernos diários (consultados durante a
observação das atividades/aulas);
Manuais escolares adotados para os 1.º e 2.º ciclos do ensino básico (consultados
durante a observação das aulas);
Relatório(s) de autoavaliação;
Registos de atividades dos jardins de infância (quando existentes) e sumários de aulas
do 1.º e 2.º ciclos, do ano letivo anterior. A amostra integrou, no mínimo, três grupos
da educação pré-escolar e três turmas de cada ano de escolaridade dos 1.º e 2.º ciclos
de ensino básico;
Outros documentos eventualmente solicitados: Plano de estudos e desenvolvimento
curricular; Plano anual/plurianual de atividades; Projetos curriculares de grupo/Planos
de trabalho de turma (dos que tiveram atividades/aulas observadas); Atas de reuniões
dos departamentos/grupos disciplinares e de conselhos de turma.
Entrevistas de painel
Foram também realizadas quatro entrevistas de painel a diversos intervenientes no processo
educativo:
Grupo de entrevistados 1: Direção;
Grupo de entrevistados 2: Coordenador de departamento da educação pré-escolar e
respetivos docentes titulares de grupo das salas observadas;
Grupo de entrevistados 3: Coordenador de departamento do 1.º ciclo e respetivos
docentes titulares das turmas observadas;
Grupo de entrevistados 4: Coordenador de departamento de ciências experimentais
(em alguns casos também os representantes dos grupos de recrutamento 230 e 520) e
respetivos docentes da disciplina de Ciências Naturais do 2.º ciclo das aulas observadas.
Observação
Em cada agrupamento intervencionado observaram-se as instalações dos estabelecimentos
visitados, nomeadamente as salas onde decorreram as atividades/aulas observadas, os
laboratórios e as salas afins, assim como os equipamentos e materiais existentes. Procedeu-se,
igualmente, a 12 observações diretas – um inspetor por sala (três na educação pré-escolar, seis no
1.º ciclo – Estudo do Meio e três no 2.º ciclo – Ciências Naturais) para conhecer as práticas
pedagógicas desenvolvidas no ensino das ciências. Em função da tipologia de trabalho prático
identificada, foi utilizada uma grelha, procedendo-se à apreciação dos campos de
observação/indicadores, de acordo com a escala do QUADRO 2.
Conclusão
A intervenção, em cada agrupamento de escolas, terminou com uma reunião com o presidente do
conselho geral e os elementos da direção, para apresentação dos aspetos positivos e aspetos a
melhorar identificados durante a intervenção de acompanhamento.
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1.3.3 Relatório de agrupamento de escolas
O Relatório enviado a cada um dos agrupamentos de escolas apresenta-se estruturado em torno
de sete áreas-chave: A - Caracterização dos recursos - (i) Material e equipamentos, (ii) Formação
contínua no âmbito das ciências, B - Planeamento curricular - (iii) Documentos orientadores, (iv)
Planeamento pedagógico), C- (v) Práticas pedagógicas em ciências, D - (vi) Avaliação das
aprendizagens das ciências e E - (vii) Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em
ciências, apresentando para cada, uma síntese dos aspetos positivos identificados, bem como dos
aspetos a melhorar.
2. DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
2.1 Caracterização dos agrupamentos intervencionados
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2.1.1 Recursos físicos e instalações
A atividade foi realizada em 31 agrupamentos de escolas, tendo sido visitados 156
estabelecimentos, tal como se apresenta no QUADRO 3 - ANEXO 1.
QUADRO 3 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS VISITADOS
ATIN ATIC ATIS TOTAL
Estabelecimentos (N.º) 69 27 60 156
O QUADRO 4 indica o tipo de instalações onde decorrem as atividades e aulas de ciências nos
agrupamentos de escolas intervencionados.
QUADRO 4 – INSTALAÇÕES ONDE DECORREM AS ATIVIDADES NO ÂMBITO DAS CIÊNCIAS (N.º)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
TOTAL
Salas de atividades 252 NA NA 252
Espaços específicos para as ciências em salas de atividades 77 NA NA 77
Salas de aula NA 643 417 1060
Espaços específicos para as ciências em salas de aulas NA 73 NA 73
Salas específicas 6 12 49 67
Laboratórios 0 1 32 33
Na educação pré-escolar, constata-se que em 31% das salas de atividades existem áreas das
ciências com materiais diversos que incentivam o seu manuseamento e a experimentação pelas
crianças. Verifica-se, neste nível, alguma intencionalidade do educador na organização do
ambiente educativo de forma a estimular a curiosidade, a descoberta e o processo de apropriação
da metodologia científica, por parte das crianças. Contudo, fica também evidente a necessidade
de um maior investimento, sobretudo no que respeita à generalização desta prática, bem como à
disponibilização de instrumentos e recursos para o desenvolvimento de experiências, tais como
microscópios, termómetros, balanças, lupas e binóculos.
No 1.º ciclo do ensino básico, só 11 % das salas de aula dispõem de espaços específicos para o
trabalho prático em ciências, situação que carece de uma reflexão, com vista a uma mudança de
procedimentos.
Nas escolas com o 2.º ciclo, prevalece a existência de salas específicas de ciências face aos
laboratórios. Todavia, constata-se que, em muitos casos, não obstante a disponibilidade daqueles
espaços, os horários das turmas dos 5.º e 6.º anos de escolaridade não contemplam a sua utilização
nas aulas de Ciências Naturais, situação que importa precaver atempadamente.
2.1.2 Recursos humanos
No QUADRO 5 apresenta-se a distribuição dos docentes, em função do nível de educação e ensino.
Nos agrupamentos de escolas intervencionados exercem funções 1853 docentes, dos quais 64 %
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
18
desenvolvem práticas pedagógicas no âmbito das ciências, nomeadamente na área de
Conhecimento do Mundo, na educação pré-escolar, da componente do currículo Estudo do Meio,
no 1.º ciclo e na disciplina de Ciências Naturais, no 2.º ciclo.
QUADRO 5 – TRABALHADORES COM FUNÇÕES DOCENTES (N.º)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
TOTAL
Trabalhadores com funções docentes 281 751 821 1853
Trabalhadores do quadro que lecionam Ciências Naturais 126 126
Coadjuvação no 1.º ciclo (em Estudo do Meio- Ciências Naturais) 6 6
Docentes contratados que lecionam Ciências Naturais 20 20
2.1.3 Material e Equipamento
O QUADRO 6 indica a quantidade e a variedade de materiais de laboratório disponíveis por nível de
educação e ensino nos 156 estabelecimentos que integram os 31 agrupamentos de escolas
intervencionados.
QUADRO 6 – MATERIAL DE LABORATÓRIO (% DE ESCOLAS)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
Amostras de rochas, fósseis, solos 48,4% 83,9% 96,8%
Material de borracha (rolhas, luvas…) 41,9% 58,1% 96,8%
Material de dissecção (bisturis, pinças, …) 35,5% 54,8% 100,0%
Porcelanas (cadinhos, almofarizes) 22,6% 58,1% 93,5%
Reagentes químicos 12,9% 32,3% 96,8%
Vidro/ Plástico (ex: pipetas, provetas, tubos de ensaio, lâminas, lamelas)
67,7% 100,0% 100,0%
Outros 32,3% 51,6% 74,2%
O quadro ínsito no ANEXO 2 identifica ainda outros materiais e equipamentos específicos do ensino
das ciências disponíveis por nível de educação e ensino. A maioria dos agrupamentos dispõe dos
recursos suficientes para utilização nos jardins de infância como balanças, bússolas, ímanes,
esqueleto humano, lupas, microscópios e termómetros e o mesmo se verifica em relação aos
estabelecimentos do 1.º ciclo. No 2.º ciclo verifica-se um melhor apetrechamento das escolas, ao
nível da quantidade e variedade, sobretudo em instrumentos e materiais de laboratório,
nomeadamente vidro, porcelana, plástico, reagentes químicos, modelos anatómicos e material de
microscopia.
Na generalidade dos agrupamentos intervencionados existem, ainda, outros recursos didáticos
importantes para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem, embora seja
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
19
evidente a necessidade de se continuar a investir numa distribuição mais equitativa entre níveis e
ciclos de ensino, sobretudo ao nível das tecnologias de informação e comunicação - QUADRO 7.
QUADRO 7 – OUTROS RECURSOS MATERIAIS E PEDAGÓGICOS (% DE ESCOLAS)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
Material e equipamento construído/ adaptado pelos docentes
54,8% 51,6% 67,7%
Projetor multimédia 64,5% 83,9% 96,8%
Quadro interativo 38,7% 83,9% 77,4%
Jogos didáticos 77,4% 83,9% 61,3%
Outros 16,1% 22,6% 32,3%
O QUADRO 8 mostra a percentagem de escolas com equipamento de segurança e instruções para a
utilização de material/equipamento específico afixadas de forma legível em laboratórios ou salas
afins.
QUADRO 8 – SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS E SALAS AFINS (% DE ESCOLAS COM SIM)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
Equipamento de segurança (extintores, areia e manta corta-fogo, unidade de lava-olhos e chuveiro, detetores de incêndio) em laboratórios ou salas afins
25,8% 35,5% 64,5%
Instruções para a utilização de material/equipamento específico afixadas de forma legível em laboratórios ou salas afins
16,1% 22,6% 45,2%
A segurança nos laboratórios e salas afins é uma área que carece de um maior investimento, por
parte dos responsáveis. Uma percentagem significativa dos agrupamentos de escolas
intervencionados não apresenta equipamento de segurança naqueles espaços destinados ao
trabalho laboratorial. O mesmo se verifica em relação à afixação de instruções para a utilização
de material/equipamento específico.
2.1.4 Formação contínua
O QUADRO 9 apresenta as ações de formação promovidas no último triénio (2014-2015, 2015-2016
e 2016-2017) pelos agrupamentos intervencionados (31) e o número de docentes envolvidos,
constatando-se valores de participação baixos.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
20
QUADRO 9 − AÇÕES DE FORMAÇÃO INTERNA FREQUENTADAS NO ÚLTIMO TRIÉNIO (N.º)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
TOTAL (N.º)
Ações organizadas pela escola, no âmbito do ensino das ciências (N.º)
5 (4 AE)
5 (5 AE)
5 (4 AE)
15
Docentes que participaram (N.º) 20 58 38 116
Verifica-se, ainda que, em dezoito dos agrupamentos intervencionados, 114 docentes do 1.º ciclo
(15% do total destes docentes em exercício efetivo de funções nos agrupamentos visitados),
frequentaram o Programa de Formação em Ensino Experimental das Ciências, entre 2006 e 2010.
Contudo, apura-se que apenas um docente foi promotor de sessões de disseminação interna, após
a participação no citado programa.
Estes dados levam a concluir que o aproveitamento do potencial de formação de cada docente na
organização de ações internas de disseminação de conhecimentos, destinadas a educadores e a
docentes dos 1.º e 2.º ciclos, não assume relevância nas dinâmicas dos agrupamentos de escolas.
QUADRO 10 − AÇÕES DE FORMAÇÃO EXTERNA FREQUENTADAS NO ÚLTIMO TRIÉNIO (N.º)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
TOTAL
(N.º)
Ações de formação frequentadas, no âmbito do ensino das ciências (N.º)
10 (10 AE)
13 (13 AE)
7 (4 AE)
30
Docentes que participaram (N.º) 13 59 17 89
O QUADRO 10 reporta as ações de formação externa frequentadas pelos docentes, durante o mesmo
triénio. Verifica-se uma oferta mais significativa, sobretudo na educação pré-escolar e no 1.º ciclo,
embora o número de docentes participantes não seja relevante. Globalmente, o investimento na
qualificação e valorização dos recursos humanos, no âmbito do ensino das ciências é uma área que
carece de maior desenvolvimento.
2.2 Documentos orientadores e planeamento pedagógico
2.2.1 Documentos orientadores
O GRÁFICO 1 e o GRÁFICO 2 indicam a percentagem de agrupamentos de escolas intervencionados
cujos documentos orientadores (projeto educativo ou plano de estudos e desenvolvimento
curricular) contemplam objetivos, metas e estratégias para o desenvolvimento da literacia
científica.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
21
GRÁFICO 1 – O PROJETO EDUCATIVO OU O PLANO DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR CONTEMPLAM OBJETIVOS E
METAS NO ÂMBITO DA LITERACIA CIENTÍFICA. % DE AGRUPAMENTOS
25,8 23,229
74,2 76,871
EPE 1.º ciclo 2.º ciclo
Sim
Não
GRÁFICO 2 - O PROJETO EDUCATIVO OU O PLANO DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO CURRICULAR CONTEMPLAM
ESTRATÉGIAS COM VISTA AO DESENVOLVIMENTO DA LITERACIA CIENTÍFICA. % DE AGRUPAMENTOS
2935,5
29
7164,5
71
EPE 1.º ciclo 2.º ciclo
Sim
Não
A análise dos gráficos supracitados permite destacar que pouco mais de um quarto dos
agrupamentos intervencionados identifica nos seus documentos orientadores uma visão
estratégica para a abordagem da Ciência na Escola. Esta situação indicia uma reduzida
intencionalidade na definição e validação de ações que assegurem um efetivo desenvolvimento
integrado das aprendizagens no domínio da literacia científica.
2.2.2 Planeamento pedagógico
O planeamento pedagógico foi apreciado, tendo por base os indicadores constantes nos QUADRO 11,
QUADRO 12 e QUADRO 13 e a escala (de 1 a 4) constante no QUADRO 2.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
22
QUADRO 11 – PLANEAMENTO PEDAGÓGICO (MÉDIAS)
O Planeamento Pedagógico prevê: EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
A implementação de estratégias de ensino das ciências que envolvem atividades práticas
2,5 2,6 2,7
A diversificação dos instrumentos de avaliação das aprendizagens a utilizar nas atividades práticas
1,9 1,9 2
A implementação de estratégias de ensino que envolvem trabalho de base laboratorial
1,7 1,9 2,4
A diversificação dos instrumentos de avaliação das aprendizagens a utilizar para o trabalho de base laboratorial
1,4 1,5 1,7
A implementação de estratégias de ensino que envolvem trabalho de base experimental
1,6 1,9 2
A diversificação dos instrumentos de avaliação das aprendizagens a utilizar no trabalho de base experimental
1,3 1,5 1,7
A implementação de estratégias de ensino que envolvem trabalho de campo
1,6 1,5 1,4
A diversificação dos instrumentos de avaliação das aprendizagens a utilizar no trabalho de campo
1,4 1,3 1,2
Os valores obtidos QUADRO 11 são, globalmente, inferiores a 2, o que se traduz numa reduzida
aposta, ao nível do planeamento, da globalidade dos itens em análise. Fica evidente que, na
generalidade dos agrupamentos onde decorreu a intervenção, o planeamento pedagógico,
independentemente do nível de educação e ensino que se considere, não prevê, de forma
consistente, estratégias nem instrumentos de avaliação diversificados para as diferentes tipologias
de trabalho prático. De facto, constata-se que apenas para as atividades práticas são delineadas
algumas estratégias e instrumentos de avaliação, mas mesmo assim, o processo pode ser
significativamente melhorado. Nas outras tipologias de trabalho prático (de base laboratorial, de
base experimental e de campo) ou não são considerados ou surgem de forma incipiente.
Deste modo, e em conclusão, ressalta que o ensino das ciências não se encontra alicerçado num
planeamento pedagógico intencionalmente centrado em metodologias que promovam o
desenvolvimento e a avaliação de competências concetuais, procedimentais e atitudinais, nas
crianças e nos alunos, adaptadas a cada tipologia de atividade prática, não sendo dado particular
ênfase ao desenvolvimento e à avaliação das capacidades investigativas inerentes aos processos
científicos.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
23
QUADRO 12 – PLANEAMENTO PEDAGÓGICO: PERSPETIVA CTSA, COERÊNCIA CURRICULAR E ARTICULAÇÃO
INTERDISCIPLINAR (MÉDIAS)
O Planeamento Pedagógico tem em consideração: PRÉ-ESCOLAR 1.º
CICLO 2.º
CICLO
A interligação dos conteúdos com o quotidiano/meio (Perspetiva CTSA -Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente)
2,2 2,1 2
A coerência curricular (para o mesmo conteúdo/tema são planeadas atividades de base experimental nos diferentes níveis de escolaridade que permitem uma aprendizagem de processos científicos de nível crescente de complexidade)
1,7 1,9 1,9
A articulação interdisciplinar / áreas do conhecimento 2,5 2,1 1,8
Nos últimos anos tem sido reconhecida, quer pela investigação em educação em ciência quer por
professores e outros profissionais ligados à educação, a importância da abordagem dos conteúdos
em ciências numa perspetiva CTSA - Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente. As orientações
curriculares para a educação pré-escolar e os programas dos 1.º e 2.º ciclos também enfatizam a
importância da perspetiva CTSA, integradora dos diferentes saberes e indutora de uma melhor
compreensão do mundo físico, social e tecnológico. Essa perspetiva, integradora dos conteúdos e
conceitos, deve ser privilegiada, de modo a facilitar a compreensão e a interpretação dos
processos naturais, sociais e tecnológicos, centrados em contextos reais com significado para as
crianças e os alunos, facilitando-lhes assim as aprendizagens.
Paralelamente, e para os conteúdos transversais aos vários níveis de educação e ensino, considera-
se pertinente estabelecer uma coerência curricular. Nesse sentido, devem ser planeadas
atividades que assegurem a aprendizagem de processos científicos de nível crescente de
complexidade, sendo que esse aprofundamento deve atender às faixas etárias, aos contextos dos
grupos, das turmas, dos próprios jardins de infância e escolas.
Da mesma forma, é reconhecido que os temas/conteúdos desenvolvidos em ciências são propícios
a uma abordagem interdisciplinar, podendo articular-se com outras componentes do currículo ou
áreas do conhecimento e contribuir para aprendizagens complementares mais enriquecedoras.
A análise dos dados inscritos no QUADRO 12 permite destacar que as médias das apreciações feitas
ao planeamento pedagógico integrando uma abordagem CTSA, nos diferentes níveis de educação
e ensino, são baixas (variam entre 2 no 2.º ciclo e 2,2 na educação pré-escolar). O mesmo sucede
às valorações efetuadas no que respeita à coerência curricular (sempre inferiores a 2) e à
articulação interdisciplinar (sempre inferiores a 3). São práticas reveladoras da atribuição de uma
diminuta/reduzida importância a este tipo de abordagem e que evidenciam a necessidade de
serem objeto de reflexão.
Estes resultados mostram que os agrupamentos de escolas intervencionados apresentam
fragilidades ao nível do planeamento pedagógico, no que respeita: à intencionalidade em
assegurar uma abordagem CTSA no ensino das ciências; à coerência curricular relativa à
aprendizagem de processos científicos de nível crescente de complexidade; e a uma articulação
interdisciplinar, integradora das várias componentes do currículo ou áreas do conhecimento.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
24
QUADRO 13 – PLANEAMENTO PEDAGÓGICO E TRABALHO COLABORATIVO (MÉDIAS)
O Planeamento Pedagógico é feito em trabalho colaborativo: EPE 1.º
CICLO 2.º
CICLO
Em departamento curricular 2,6 2,3 2,3
Em conselho de docentes/conselho de ano/grupo disciplinar 1,8 3,1 2,9
Analisando os dados do QUADRO 13 verifica-se que, na educação pré-escolar, o planeamento
pedagógico em trabalho colaborativo, ocorre sobretudo em departamento curricular, enquanto
nos 1.º e 2.º ciclos acontece mais em conselho de ano/grupo disciplinar. Em todo o caso, as
apreciações efetuadas são sempre inferiores a 3, reveladoras da atribuição de uma
diminuta/reduzida importância a este tipo de abordagem. O trabalho colaborativo, ao nível do
planeamento pedagógico, integrando uma perspetiva de gestão curricular horizontal e vertical,
não assume uma expressão significativa nos agrupamentos intervencionados. Dado que nos 1.º e
2.º ciclos esse trabalho ocorre, preferencialmente, em conselhos de ano e em grupos disciplinares,
a visão abrangente intra e interdepartamental fica atenuada, o que compromete a
sequencialidade no desenvolvimento das potencialidades e a complexidade crescente das
aprendizagens científicas das crianças e dos alunos.
Daqui destaca-se, em conclusão, a necessidade de os agrupamentos de escolas apostarem no
reforço do trabalho colaborativo ao nível do planeamento pedagógico, em particular no que
respeita à conceção e exploração de estratégias didáticas que promovam a realização de trabalho
prático com um grau crescente de complexidade, em todos os níveis de educação e ensino, bem
como na avaliação dos progressos das aprendizagens.
2.3 Práticas Pedagógicas em Ciências
2.3.1 Práticas pedagógicas observadas
A investigação ligada ao ensino das ciências entende, de uma forma relativamente consensual, o
trabalho prático como um conceito geral e abrangente que inclui todas as atividades de ensino e
aprendizagem que exigem que a criança/aluno esteja ativamente envolvido, nos domínios
psicomotor, cognitivo e afetivo.
Nesta linha, o trabalho prático pode desenvolver-se em contextos de aprendizagem muito
diversos, que vão desde simples atividades práticas que se realizam com recurso, por exemplo, a
papel e lápis, a meios informáticos, aos de trabalho laboratorial que requerem material ou
equipamento de laboratório, mesmo que, por vezes, simplificado para facilitar a sua utilização,
aos de trabalho experimental que envolvem controlo e manipulação de variáveis, ainda que mais
ou menos qualitativo/quantitativo, até aos de trabalho de campo que ocorrem em contacto direto
com a natureza e os fenómenos físicos e naturais. No seu conjunto, as atividades referidas devem
assegurar a mobilização de capacidades de processos científicos e de atitudes e conhecimentos
científicos.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
25
O trabalho laboratorial, experimental e de campo implicam que sejam efetivamente realizados
pelas crianças e alunos, ainda que com um grau de participação variável na sua conceção,
execução e utilização de materiais e equipamentos específicos (análogos aos que os cientistas
usam em investigação) e que decorram em espaços diferentes (laboratórios ou salas afins, campo),
conquanto possam acontecer na sala de atividades/aula. Estas atividades são orientadas para o
desenvolvimento e a apropriação da metodologia científica (observação, problematização,
formulação de hipóteses, realização de experiências, manipulação de materiais e equipamentos,
medições, recolha e tratamento de dados, elaboração de conclusões, discussão e comunicação).
FIGURA 2- RELAÇÃO ENTRE TRABALHO PRÁTICO, LABORATORIAL E DE CAMPO. ADAPTADO DE LEITE, 2001
Os vários contextos educativos de trabalho prático entendidos como ambientes facilitadores da
descoberta fundamentada, própria da investigação científica, são amplamente referidos nas
orientações curriculares da educação pré-escolar, no programa de Estudo do Meio do 1.º ciclo e
no programa e metas curriculares de Ciências Naturais do 2.º ciclo do ensino básico.
Na educação pré-escolar, e de acordo com as orientações curriculares em vigor, a área do
Conhecimento do Mundo tem como finalidade essencial lançar as bases da estruturação do
pensamento científico e enraíza-se na curiosidade natural da criança e no seu desejo de saber e
compreender porquê. Preconiza-se a introdução à metodologia própria das ciências para fomentar
uma atitude científica e experimental e, ainda, uma sensibilização às diferentes ciências, visando
o alargamento e desenvolvimento de aprendizagens proporcionadas pelo contexto da educação
pré-escolar e pelo meio social, físico e natural próximo, a questões científicas que ultrapassam as
vivências imediatas, numa perspetiva contextualizada e articulada dos saberes de diferentes
domínios como a sociologia, a geografia, a física, a química, a biologia e a geologia.
Defende-se uma abordagem que parta de uma situação ou problema, dando oportunidade às
crianças de se apropriarem do processo de desenvolvimento da metodologia científica nas suas
diferentes etapas: questionar, colocar hipóteses, prever, experimentar, recolher, organizar e
analisar informação para chegar a conclusões e comunicá-las. Acrescenta-se que este processo
implica o uso de formas de registo que permitam classificar os dados, ordená-los e quantificá-los
através de desenhos, gráficos e medições.
Nesta linha, indica-se, ainda, a organização do ambiente educativo de forma a estimular o
processo de descoberta, apontando-se, entre outros aspetos, a disponibilização de materiais de
consulta (livros, imagens, filmes, fotografias, internet), de outros para o registo dos processos e
Trabalho Prático
Trabalho de
Campo
Trabalho
Laboratorial
Trabalho
Experimental
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
26
resultados das explorações (cadernos, tabelas, máquinas fotográficas, gravadores) e de uma área
de ciências com materiais que incentivem a experimentação: naturais (por exemplo pedras,
folhas, madeiras, conchas, plantas), da vida corrente (por exemplo recipientes, talheres, copos)
e específicos (por exemplo ímanes, lupas, binóculos e microscópios, balanças, termómetros).
Finalmente sublinha-se ainda a necessidade de haver sempre uma preocupação de rigor, quer ao
nível dos processos desenvolvidos, quer dos conceitos apresentados, quer, ainda da linguagem
utilizada, quaisquer que sejam os aspetos abordados e o nível de aprofundamento pretendido.
No que respeita ao 1.º ciclo, destaca-se que um dos objetivos gerais do programa de Estudo do
Meio é Utilizar alguns processos simples de conhecimento da realidade envolvente (observar,
descrever, formular questões e problemas, avançar possíveis respostas, ensaiar, verificar),
assumindo uma atitude de permanente pesquisa e experimentação. De resto, a importância da
componente experimental no ensino das ciências é destacada em várias partes do programa:
O trabalho a desenvolver pelos alunos integrará obrigatoriamente atividades experimentais e
atividades de pesquisa adequadas à natureza das diferentes áreas, nomeadamente no ensino das
ciências (p.19); Será através de situações diversificadas de aprendizagem que incluam o contacto
direto com o meio envolvente, da realização de pequenas investigações e experiências reais na
escola e na comunidade, bem como através do aproveitamento da informação vinda de meios
mais longínquos, que os alunos irão apreendendo e integrando, progressivamente, o significado
dos conceitos - Princípios orientadores- (p.102) e Pretende-se fundamentalmente com este bloco
desenvolver nos alunos uma atitude de permanente experimentação com tudo o que isso implica:
observação, introdução de modificações, apreciação dos efeitos e resultados, conclusões (p.123).
Em relação ao 2.º ciclo, o programa da disciplina de Ciências Naturais e as metas curriculares dos
5.º e 6.º anos de escolaridade relevam o trabalho prático. Verifica-se que uma das finalidades
ínsita no programa consiste em Sensibilizar para a importância da atividade experimental (…). Já
em termos de objetivos gerais (Atitudes – Capacidades - Conhecimentos), entre outros, preconiza-
se o seguinte:
i. Respeitar normas gerais de segurança em atividades experimentais;
ii. Manusear instrumentos simples de laboratório;
iii. Revelar capacidade de observar e ordenar as observações;
iv. Interpretar dados e tirar conclusões.
No que respeita às metas curriculares, também são notórias as indicações direcionadas para a
utilização do trabalho experimental no ensino das ciências QUADRO 14.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
27
QUADRO 14 - METAS CURRICULARES DO 2.º CICLO DO ENSINO BÁSICO DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS RELACIONADAS
COM O ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS
5.º ano de escolaridade 6.º ano de escolaridade
Identificar os componentes e as propriedades do solo, com base em atividades práticas laboratoriais
Identificar os órgãos do tubo digestivo de uma ave granívora, com base numa atividade prática.
Referir aplicações das rochas e dos minerais em diversas atividades humanas, com base numa
atividade prática de campo na região onde a escola se localiza
Comparar a composição do ar inspirado com a do ar expirado, com base em documentos diversificados e em atividades práticas
laboratoriais.
Identificar propriedades da água, com base em atividades práticas laboratoriais.
Descrever o mecanismo de ventilação, com recurso a atividades práticas.
Identificar as propriedades do ar e de alguns dos seus constituintes, com base em atividades
práticas
Descrever aspetos morfológicos e anatómicos do coração de um mamífero, numa atividade prática
laboratorial.
Descrever a influência da água, da luz e da temperatura no comportamento dos animais,
através do controlo de variáveis em laboratório
Indicar fatores que influenciam o processo fotossintético, com base em atividades práticas
laboratoriais
Testar a influência da água e da luz no crescimento das plantas, através do controlo de variáveis, em
laboratório.
Descrever a circulação da seiva bruta, através de uma atividade prática laboratorial.
Realizar observações diversas usando o microscópio ótico, de acordo com as regras de utilização
estabelecidas.
Identificar alguns glícidos e lípidos em órgãos das plantas, através de atividades práticas
laboratoriais.
Distinguir diferentes tipos de células, relativamente à morfologia e ao tamanho, com base na observação microscópica de material
biológico
Descrever diferentes utilizações das plantas na sociedade atual, com base em pesquisa orientada.
Identificar os principais constituintes da célula, com base na observação microscópica de material
biológico.
Enunciar as condições necessárias à germinação de uma semente, através da realização de atividades
práticas.
Descrever a influência de alguns fatores do meio no desenvolvimento de microrganismos, através de
atividades práticas
A atividade de acompanhamento Gestão do currículo: ensino experimental das ciências contempla
uma vertente de observação e apreciação das práticas pedagógicas nos espaços onde decorrem as
aprendizagens das crianças/alunos: sala de atividades/aula/laboratório ou campo. A análise dos
resultados obtidos contribui para a construção das asserções relativas a aspetos positivos e aspetos
a melhorar constantes dos relatórios dos agrupamentos intervencionados.
A terminologia adotada na identificação da tipologia das atividades/aulas observadas baseia-se
nos conceitos adotados pela investigação e pressupõe, para qualquer nível de educação e ensino,
cinco tipos de práticas pedagógicas, a saber: atividade prática, trabalho de base laboratorial,
trabalho de base experimental, trabalho de campo e aula expositiva/demonstrativa.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
28
Foram efetuadas 373 observações de práticas pedagógicas, no conjunto dos 31 agrupamentos
intervencionados. O QUADRO 15 apresenta o número de atividades/aulas observadas, por nível de
educação e ensino.
QUADRO 15 – ATIVIDADES/AULAS OBSERVADAS (N.º)
PRÉ-ESCOLAR
1.º CICLO
2.º CICLO
TOTAL
Atividades/aulas observadas 93
(24,9%) 186
(49,9%) 94
(25,2%) 373
(100%)
O QUADRO 16 mostra a incidência de cada tipo de atividade/aula observada, por nível de educação
e ensino.
QUADRO 16 – PRÁTICA PEDAGÓGICA OBSERVADA, SEGUNDO TIPOLOGIA DE ATIVIDADE/AULA, POR NÍVEL DE EDUCAÇÃO E ENSINO
TIPOLOGIA DE ATIVIDADE/AULA EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
Atividade prática 52
(55,9%) 81
(43,5%) 20
(21,3%)
Trabalho de base laboratorial 13
(14%) 40
(21,5%) 24
(25,5%)
Trabalho de base experimental 10
(10,8%) 17
(9,1) 3
(3,2%)
Trabalho de campo 1
(1,1%) 1
(0,5%) 1
(1,1%)
Atividade ou aula expositiva/demonstrativa (75% do tempo da observação)
17 (18,3%)
47 (25,3%)
46 (48,9%)
Nas observações efetuadas na educação pré-escolar constata-se que o contexto educativo de
atividade prática é o que apresenta maior incidência, 55,9%. As atividades que envolvem trabalho
laboratorial (14%) e experimental (10,8%) totalizam 24,8%. A atividade expositiva/demonstrativa
foi observada em 18,3% das práticas, enquanto a que envolve trabalho de campo foi observada em
1,1% dos casos.
Nas observações realizadas no 1.º ciclo verifica-se a maior incidência na atividade prática com
43,5%, seguida da aula expositiva/demonstrativa, com 25,3%. As que envolvem trabalho
laboratorial, 21,5% e experimental, 9,1% perfazem 30,6%. O trabalho de campo tem uma expressão
muito reduzida, 0,5%.
Nas observações feitas no 2.º ciclo constata-se que a prática pedagógica mais frequente é a aula
expositiva/demonstrativa com 48,9%. O trabalho laboratorial (25,5%) e o experimental (3,2%)
totalizam 28,7%. A atividade prática atinge 21,3%, enquanto a que envolve trabalho de campo tem
baixa expressão, 1,1%.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
29
Os dados apresentados permitem concluir que na educação pré-escolar o desenvolvimento da ação
pedagógica é perspetivado de acordo com as orientações curriculares. Mesmo assim, há uma
melhoria a ponderar, no que respeita à implementação de atividades no exterior (trabalho de
campo). Por outro lado, o recurso a práticas de natureza expositiva/demonstrativa é um aspeto
que merece maior atenção, no sentido de minimizar o seu relevo na intencionalidade educativa a
qual deverá privilegiar a criança como o sujeito do processo educativo.
No 1.º ciclo as aulas observadas apresentam, tendencialmente, um cariz prático, mas a natureza
expositiva/demonstrativa é, ainda assim, relevante. A implementação de trabalho experimental
e de campo são estratégias que importa promover, em ordem a consolidar a apropriação da
metodologia científica.
No 2.º ciclo destaca-se a tendência predominantemente expositiva/demonstrativa das aulas
observadas, não obstante se verificar a implementação de algumas atividades práticas. Já o
recurso didático ao trabalho experimental e de campo requer atenção e um forte investimento,
de modo a posicionar-se em linha com o preconizado nos conteúdos programáticos e nas metas
curriculares para a disciplina de Ciências Naturais.
2.3.1.1 Atividade prática
O entendimento acerca da tipologia de atividade prática apresenta um âmbito alargado e inclui
todos os contextos de ensino e de aprendizagem em que o aluno está ativamente envolvido nos
domínios psicomotor, cognitivo e afetivo e que permitem a mobilização de capacidades de
processos científicos, de atitudes e conhecimentos científicos. Integra atividades muito diversas,
entre as quais, resolução de exercícios/problemas de papel e lápis, pesquisa de informação em
diferentes fontes, utilização de simulações informáticas, experiências sensoriais para aquisição de
sensibilidade acerca dos fenómenos naturais e outras centradas no desenvolvimento das
competências de observar, medir e manipular materiais e objetos para aquisição de destrezas.
A atividade prática foi apreciada segundo sete campos de observação. Cada campo foi
operacionalizado através de três indicadores que explicitam um conjunto de caraterísticas,
qualidades ou competências específicas consideradas expectáveis ou desejáveis ANEXO 3. A escala
de apreciação utilizada (de 1 a 4) é a constante no QUADRO 2.
Na educação pré-escolar realizaram-se 52 observações respeitantes à tipologia de atividade
prática. As médias da valoração dos 20 indicadores posicionam-se entre 2,3 (Contextualiza na
perspetiva de CTSA e diagnostica as conceções alternativas) e 3,1 (A disposição das mesas, dos
equipamentos e dos materiais facilita o desenvolvimento do trabalho em curso e Os materiais
utilizados otimizam as aprendizagens). Não se identificam campos de observação em que os 3
indicadores respetivos apresentem médias iguais ou superiores a 3. A implementação das
características ou qualidades expectáveis nas práticas observadas é pontual ou pouco relevante.
O campo de observação (O docente efetua uma introdução à atividade a desenvolver) emerge
como sendo o menos frequente do total dos sete campos.
No 1.º ciclo realizaram-se 81 observações. As médias da valoração dos 21 indicadores variam entre
2 (Explicita os critérios de avaliação - saber como evidenciar as aprendizagens) e 3 (A disposição
das mesas, dos equipamentos e dos materiais facilita o desenvolvimento do trabalho em curso,
Permite a concentração nas tarefas e Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens). Não
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
30
são reconhecidos campos de observação em que os 3 indicadores correspondentes apresentem
médias iguais ou superiores a 3. No seu conjunto, as características ou qualidades expectáveis nas
práticas desenvolvidas apresentam um caráter pontual ou emergente.
No 2.º ciclo efetuaram-se 20 observações. As médias da valoração dos 21 indicadores variam entre
2,3 (Contextualiza na perspetiva de CTSA e diagnostica as conceções alternativas) e 3,5 (Utiliza
uma linguagem clara e precisa em termos científicos e Define/Explica, com correção, os termos
e conceitos científicos). Apenas 2 campos de observação (O docente fomenta uma linguagem
rigorosa e A atividade prática desenvolvida permite alcançar os objetivos definidos) apresentam
todos os indicadores com um valor médio igual ou superior de 3, o que aponta para práticas com
as características ou qualidades expectáveis pontuais ou emergentes.
Os valores dos indicadores observados para a tipologia de atividade prática, em todos os níveis de
educação e ensino, indiciam a necessidade de readequar as metodologias de ensino aos objetivos
definidos e de conferir uma maior intencionalidade às práticas, em particular no que respeita à
organização da sala, à introdução à atividade, à promoção da participação e reflexão sobre as
ações das crianças e alunos e à certificação da efetividade das aprendizagens, em ordem ao
desenvolvimento sustentado de conhecimentos, capacidades e atitudes científicas.
2.3.1.2 Trabalho de base laboratorial
A noção de trabalho de base laboratorial está ligada a atividades de ensino e aprendizagem em
que as crianças e os alunos estão ativamente envolvidos, e que se concretizam através da
manipulação de material ou equipamento de laboratório, mais ou menos simplificado, o que pode
decorrer num laboratório ou numa sala de aula convencional, desde que garantidas as condições
de higiene e de segurança. São atividades/aulas centradas na mobilização de capacidades de
processos científicos, de atitudes e conhecimentos científicos.
O trabalho de base laboratorial foi apreciado segundo nove campos de observação. Cada campo
foi operacionalizado através de três indicadores que explicitam um conjunto de caraterísticas,
qualidades ou competências específicas, expectáveis ou desejáveis ANEXO 4. A escala de
apreciação utilizada (de 1 a 4) é a constante no QUADRO 2.
Na educação pré-escolar, das 13 observações respeitantes à tipologia de trabalho de base
laboratorial, as médias da valoração dos 26 indicadores, variam entre 2,2 (Contextualiza na
perspetiva de CTSA e diagnostica as conceções alternativas e A atividade é orientada por um
protocolo laboratorial ou afim estruturado com a participação das crianças) e 3,5 (Os materiais
utilizados otimizam as aprendizagens). Apenas dois campos de observação (A organização da sala
é adequada à atividade desenvolvida e O trabalho de base laboratorial desenvolvido permite
alcançar os objetivos definidos) apresentam todos os correspondentes indicadores com um valor
igual ou superior a 3, o que mostra tendência para a implementação de práticas, com as
características ou qualidades em análise, com caráter pontual, emergente ou pouco relevante.
No 1.º ciclo, das 40 observações respeitantes à tipologia de trabalho de base laboratorial, as
médias da valoração dos 27 indicadores, variam entre 2,1 (A atividade é orientada por um
protocolo laboratorial ou afim estruturado com a participação dos alunos) e 3,3 (A atividade é
orientada por um protocolo laboratorial ou afim facilitador do trabalho, Os alunos manipulam os
materiais e equipamentos, Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens e Os alunos
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
31
evidenciam compreender os conteúdos abordados). Apenas 4 campos de observação (A
organização da sala é adequada à atividade desenvolvida, O docente orienta a atividade
promovendo a participação dos alunos, O docente fomenta uma linguagem rigorosa e O trabalho
de base laboratorial desenvolvido permite alcançar os objetivos definidos) apresentam todos os
respetivos indicadores com um valor igual ou superior a 3, o que aponta para práticas, com as
características expectáveis em análise, de natureza pontual, emergente ou pouco relevante.
No 2.º ciclo, das 24 observações respeitantes à tipologia de trabalho de base laboratorial, as
médias da valoração dos 27 indicadores, variam entre 1,8 (A atividade é orientada por um
protocolo laboratorial ou afim estruturado com a participação dos alunos) e 3,4 (O docente utiliza
uma linguagem clara e precisa em termos científicos e Os materiais utilizados otimizam as
aprendizagens). Apenas 4 campos de observação (A organização da sala é adequada à atividade
desenvolvida, O docente fomenta uma linguagem rigorosa, Os alunos estão ativamente
envolvidos, e O trabalho de base laboratorial desenvolvido permite alcançar os objetivos
definidos) apresentam todos os respetivos indicadores com um valor igual ou superior a 3, o que
põe em destaque que a relevância destas características nas práticas pedagógicas é baixa.
Em conclusão, os valores dos indicadores observados para a tipologia de trabalho de base
laboratorial, em todos os níveis de educação e ensino, evidenciam uma implementação pontual
ou emergente das características, qualidades ou competências específicas em análise.
Ressalta, por conseguinte, das observações efetuadas, a pertinência de investir em práticas que
tenham em conta os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem e visem intencionalmente a
contextualização das atividades na perspetiva CTSA, o diagnóstico das conceções alternativas, a
explicitação de objetivos e critérios de avaliação, o recurso ao trabalho cooperativo em pequenos
grupos, a conceção de protocolos laboratoriais estruturados com a participação das crianças e
alunos e mobilizadores de capacidades investigativas, a manipulação correta de material e
equipamento de laboratório e a aplicação de técnicas laboratoriais simples, em ordem ao
desenvolvimento sustentado de conhecimentos, capacidades e atitudes científicas.
2.3.1.3 Trabalho de base experimental
O conceito de trabalho de base experimental subentende o recurso a atividades de ensino e de
aprendizagem que mobilizam capacidades de processos científicos, atitudes e conhecimentos
científicos, envolvendo ativamente as crianças e os alunos no controlo e na manipulação de
variáveis (interação simples de variáveis, qualitativo/quantitativo) e que podem implicar a
utilização de materiais e equipamentos de laboratório ou afins, o que pode ocorrer no laboratório,
no campo ou em salas de atividades/aulas convencionais, desde que garantidas as condições de
higiene e segurança.
O trabalho de base experimental foi apreciado segundo nove campos de observação, tal como o
trabalho de base laboratorial. Cada campo foi operacionalizado através de três indicadores que
explicitam um conjunto de caraterísticas, qualidades ou competências específicas, expectáveis
ou desejáveis ANEXO 5. A escala de apreciação utilizada (de 1 a 4) é a constante no QUADRO 2.
Na educação pré-escolar, das 10 observações respeitantes à tipologia trabalho de base
experimental, as médias da valoração dos 26 indicadores variam entre 2,5 (O docente explicita os
objetivos e A atividade é orientada por um protocolo laboratorial ou afim estruturado com a
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
32
participação das crianças) e 3,5 (Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens). Não se
identificam campos de observação em que os 3 indicadores respetivos apresentem médias iguais
ou superiores a 3. Os três campos de observação O docente efetua uma introdução à atividade a
desenvolver, a Atividade é orientada por um protocolo experimental ou afim e o docente fomenta
uma linguagem rigorosa constituem-se como os menos explorados, apresentando todos os
indicadores com médias inferiores a 3. Verifica-se que a implementação das características ou
qualidades em análise é pontual, emergente ou pouco relevante nas práticas docentes.
No 1.º ciclo, das 17 observações respeitantes à tipologia trabalho de base experimental, as médias
da valoração dos 27 indicadores, variam entre 2 (O docente explicita os critérios de avaliação -
saber como evidenciar as aprendizagens) e 3,4 (A disposição das mesas, dos equipamentos e dos
materiais facilita o desenvolvimento do trabalho em curso, Utiliza uma linguagem clara e precisa
em termos científicos, Os alunos manipulam os materiais e equipamentos, Os alunos interagem
verbalmente sobre a atividade, Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens e O docente
efetua sínteses dos trabalhos com a participação dos alunos ou solicita a elaboração de relatórios
ou afins). Identificam-se apenas três campos de observação em que a totalidade dos respetivos
indicadores tem médias iguais ou superiores a 3, a saber: (A organização da sala é adequada à
atividade desenvolvida, O docente fomenta uma linguagem rigorosa e O trabalho de base
experimental desenvolvido permite alcançar os objetivos definidos). De um modo global ressalta
que as práticas pedagógicas implementadas apresentam as características ou qualidades
expectáveis, de forma pontual, emergente ou pouco relevante.
No 2.º ciclo, das 3 observações respeitantes à tipologia trabalho de base experimental, as médias
da valoração dos 27 indicadores, variam entre 1,3 (O docente explicita os critérios de avaliação -
saber como evidenciar as aprendizagens, O docente suscita a pesquisa e o debate de ideias e
Atividade é orientada por um protocolo experimental ou afim estruturado com a participação dos
alunos) e 3 (Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens). Não são reconhecidos campos de
observação em que os 3 indicadores correspondentes apresentem médias iguais ou superiores a 3.
Ao invés, surgem 7 campos de análise em que todos os indicadores se apresentam apreciados com
valores inferiores a 3. Emerge destas observações que as características ou qualidades em análise
são inexistentes ou pontuais.
Em resumo, para as observações efetuadas, os valores atribuídos na apreciação da tipologia de
trabalho experimental, em todos os níveis de educação e ensino, indiciam a necessidade de
readequar as práticas implementadas, retirando-lhes o pendor rotineiro de experiências de
ilustração e de verificação. Emerge a pertinência de conceber e explorar estratégias
construtivistas e investigativas que decorram em contextos significativos para as crianças e alunos
e tenham em conta os seus ritmos, estilos de aprendizagem e conceções alternativas. As práticas
devem ser conducentes ao desenvolvimento sustentado de conhecimentos, capacidades e atitudes
científicas, nomeadamente de orientação para a pesquisa e debate de ideias, de trabalho
autónomo em pequenos grupos, de participação na estruturação de protocolos mobilizadores de
capacidades investigativas, de manipulação correta de materiais e equipamentos e de controlo de
variáveis, bem como atender ao rigor na utilização dos conceitos científicos utilizados nas
comunicações.
2.3.1.4 Trabalho de campo
O conceito de trabalho de campo diz respeito às atividades de ensino e aprendizagem realizadas
pelas crianças e/ou alunos ao ar livre, no local onde os fenómenos físicos e naturais acontecem e
os seres vivos e não vivos coexistem, mobilizando capacidades de processos científicos e atitudes
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
33
e conhecimentos científicos. Os recintos escolares e os locais nas proximidades como hortas,
jardins, campos baldios, muros velhos, poças de água da chuva, solos, entre muitos outros,
proporcionam contextos suscetíveis desta exploração pedagógica.
Num total de 373 observações de práticas pedagógicas efetuadas, no conjunto dos 31
agrupamentos intervencionados, apenas uma, enquadrada na tipologia de trabalho de campo, se
concretizou em cada nível de educação e ensino, situação que reflete tratar-se de um recurso
didático subvalorizado no ensino das ciências. Os dados recolhidos encontram-se no ANEXO 6.
Contudo, não se procede à sua análise detalhada, porquanto os mesmos não apresentam
significância estatística.
2.3.1.5 Atividade ou aula expositiva/demonstrativa
A prática pedagógica observada é enquadrada na tipologia expositiva ou demonstrativa (neste
último caso quando executada pelo docente para todo o grupo/turma) sempre que constitui a
estratégia de ensino usada durante, pelo menos, 75% do tempo destinado à atividade ou aula.
Esta tipologia de atividade/aula foi apreciada segundo quatro campos de observação. Cada um foi
operacionalizado através de três indicadores que explicitam um conjunto de caraterísticas,
qualidades ou competências específicas, expectáveis ou desejáveis QUADRO 17. A escala de
apreciação utilizada (de 1 a 4) é a constante no QUADRO 2.
QUADRO 17 – ATIVIDADE/AULA EXPOSITIVA/DEMONSTRATIVA – CAMPOS DE OBSERVAÇÃO E INDICADORES (MÉDIAS)
Campo de observação
Indicadores EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
O docente fomenta uma linguagem
rigorosa
Utiliza uma linguagem clara e precisa em termos científicos 2,7 3 3,1
Define/explica, com correção, os termos e conceitos científicos 2,8 2,9 3
Promove a correta utilização do vocabulário 2,9 3,1 2,9
As crianças/alunos estão atentos
Colocam questões ao docente sobre os conteúdos abordados 2,5 2,7 2,4
Seguem as instruções dadas pelo docente (realização de exercícios no caderno, realização de tarefas no quadro ou tarefa afim)
2,8 3,2 3
O ambiente na sala é tranquilo 3,1 3,3 3,2
O docente solicita a participação das crianças/alunos
Coloca questões ao grupo/turma sobre os assuntos abordados 3,1 3,2 2,9
Reformula a sua exposição certificando-se que as crianças/alunos estão a entender os assuntos abordados
2,8 3,1 2,7
A comunicação é predominantemente bidirecional (docente - criança/aluno)
2,5 3 2,8
A atividade expositiva/ demonstrativa
desenvolvida permite alcançar os objetivos
definidos
A metodologia utilizada adequa-se à temática em estudo 2,4 2,7 2,6
Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens 2,7 2,9 2,5
As crianças/alunos evidenciam compreender os conteúdos abordados 2,8 2,9 2,8
Na educação pré-escolar, registaram-se 17 observações respeitantes a atividades
expositivas/demonstrativas, não obstante estas configurarem uma prática pedagógica pouco
adequada àquele nível. As médias da valoração dos 12 indicadores variam entre 2,4 (A metodologia
utilizada adequa-se à temática em estudo) e 3,1 (O ambiente é tranquilo e Coloca questões ao
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
34
grupo sobre os assuntos abordados). Os campos de observação relacionados com o rigor científico
da linguagem utilizada e com o alcance dos objetivos definidos são os que apresentam todos os
respetivos indicadores inferiores a 3, o que se traduz num desenvolvimento das qualidades em
análise pouco relevante.
No 1.º ciclo, efetuaram-se 47 observações, situando-se as médias da valoração dos indicadores,
entre 2,7 (Os alunos colocam questões ao docente sobre os conteúdos abordados e A metodologia
adequa-se à temática em estudo) e 3,3 (O ambiente na sala é tranquilo). A atividade
expositiva/demonstrativa desenvolvida permite alcançar os objetivos definidos constitui o campo
de observação em que todos os indicadores estão abaixo de 3, o que revela um desenvolvimento
das qualidades em apreço pouco relevante.
No 2.º ciclo, em 46 observações, as médias da valoração dos indicadores posicionam-se entre 2,4
(Os alunos colocam questões ao docente sobre os conteúdos abordados) e 3,2 (O ambiente na sala
é tranquilo). O campo de observação A atividade expositiva/demonstrativa desenvolvida permite
alcançar os objetivos definidos tem todos os indicadores posicionados abaixo de 3, o que indicia
um desenvolvimento das qualidades em análise pouco relevante.
Em suma, para o conjunto de observações efetuadas, os valores atribuídos para a tipologia de
atividade/aula expositiva/demonstrativa, em todos os níveis de educação e ensino, evidenciam
que estas práticas pedagógicas, essencialmente ligadas à transmissão de conhecimentos e que
reduzem a ação pedagógica a meras experiências de demonstração, ilustração e verificação,
estruturadas e executadas pelos docentes, minimizam o envolvimento das crianças e alunos nos
processos de formulação de problemas e nos métodos científicos necessários à sua resolução. São
as estratégias mais recorrentes, mas as suscetíveis de menor eficácia no alcance dos objetivos que
se prendem com a mobilização de capacidades de processos científicos e de atitudes e
conhecimentos científicos.
2.3.2 Desenvolvimento de capacidades investigativas
A exigência concetual pode ser aferida pelos níveis de complexidade e de abstração evidenciados
nas orientações curriculares/currículo e nos programas nacionais, bem como nas práticas
pedagógicas. Uma elevada exigência concetual pressupõe a mobilização de conhecimentos e
capacidades de grande complexidade e abstração e ainda fortes relações entre esses
conhecimentos. Pelo contrário, uma exigência concetual baixa prende-se com saberes
essencialmente factuais e capacidades de nível elementar, como a simples memorização e
compreensão.
As capacidades investigativas foram consideradas como sinónimo, quer do conceito de capacidades
de inquérito sistemático para a resolução de problemas referido por determinados autores, quer
da noção de capacidades de processos científicos.
As capacidades investigativas surgem frequentemente associadas a formas de pensamento
envolvidas na investigação e no trabalho experimental. Múltiplos autores assinalam diversas
capacidades investigativas comuns e consensuais em ciências, como a observação, a identificação e
o controlo de variáveis, a classificação, a planificação de atividades experimentais, as medições, a
formulação de problemas e de hipóteses, a planificação de experiências, o registo, o tratamento e
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
35
a organização de dados em tabelas e gráficos, a realização de inferências e a comunicação. O
desenvolvimento das capacidades investigativas é considerado um bom indicador da qualidade do
trabalho prático, essencial no ensino das ciências. Esta importante dimensão é, igualmente, um campo
de análise na atividade de acompanhamento Gestão do currículo – ensino experimental das ciências.
O QUADRO 18 representa a frequência com que ocorreu o desenvolvimento de competências
específicas associadas a diversas capacidades de processos científicos, em 263 atividades/aulas
observadas de trabalho prático.
A partir dos dados do QUADRO 18, constata-se que o desenvolvimento da capacidade de observar é
a que tem maior expressão (97,7%), seguindo-se a de registar (79,8%), a de prever (55,9%), a de
comunicar (54,8%) e a de levantar questões/formular problemas (50,2%). As restantes capacidades
investigativas não atingem valores superiores a 50% nas atividades/aulas observadas e algumas
apresentam valores baixos, destacando-se: formular hipóteses (28,5%), avaliar dados/informação
(25,5%), testar hipóteses (23,6%), medir/quantificar (23,2%) e identificar variáveis (20,2%). Por
sua vez, as capacidades de seriar (15,2%), controlar variáveis (13,3%) e planear experiências
(11,4%) são as que apresentam percentagens muito baixas.
QUADRO 18 – FREQUÊNCIA DAS COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS-CAPACIDADES INVESTIGATIVAS OBSERVADAS
As atividades/aulas de trabalho prático observadas promovem o desenvolvimento de competências específicas – capacidades investigativas:
SIM
N.º REGISTOS % REGISTOS
Observar 257 97,7
Registar 210 79,8
Prever 147 55,9
Comunicar 144 54,8
Levantar questões / Formular problemas 132 50,2
Interpretar dados/informação 121 46
Realizar experiências 119 45,2
Classificar 99 37,6
Organizar dados 78 29,7
Formular hipóteses 75 28,5
Avaliar dados/informação 67 25,5
Testar hipóteses 62 23,6
Medir / Quantificar 61 23,2
Identificar variáveis 53 20,2
Seriar 40 15,2
Controlar variáveis 35 13,3
Planear experiências 30 11,4
De um modo geral, as atividades de trabalho prático observadas promovem o desenvolvimento de
algumas competências específicas – capacidades investigativas, nomeadamente as que implicam
a observação e o registo. O mesmo não se verifica em relação às de maior complexidade como
medir/quantificar, formular hipóteses, planear experiências, controlar variáveis, organizar e
avaliar dados, que não são implementadas de forma intencional e sistemática. Desta forma, as
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
36
práticas pedagógicas analisadas, de um modo geral, seguem uma tendência de promoção dos níveis
mais baixos de exigência concetual na dinamização do trabalho prático.
O QUADRO 19 mostra a frequência com que ocorre o desenvolvimento de capacidades investigativas,
em 263 atividades de trabalho prático observadas (76 na educação pré-escolar, 139 no 1.º ciclo e
48 no 2.º ciclo), em função dos níveis de educação e ensino.
QUADRO 19 – FREQUÊNCIA DAS CAPACIDADES INVESTIGATIVAS OBSERVADAS, POR NÍVEL DE EDUCAÇÃO E ENSINO
As atividades/aulas de trabalho prático observadas promovem o desenvolvimento de competências específicas – capacidades investigativas:
PRÉ-ESCOLAR
(76)
1.º CICLO (139)
2.º CICLO (48)
Observar 76
100%
138
99,3%
43
89,6%
Medir / Quantificar 13
17,1%
36
25,9%
12
25,0%
Registar 54
71,1%
116
83,5%
40
83,3%
Classificar 27
35,5%
47
33,8%
25
52,1%
Seriar 10
13,2%
25
18,0%
5
10,4%
Levantar questões / Formular problemas 34
44,7%
79
56,8%
19
39,6%
Formular hipóteses 21
27,6%
48
34,5%
6
12,5%
Testar hipóteses 16
21,1%
41
29,5%
5
10,4%
Prever 33
43,4%
103
74,1%
11
22,9%
Identificar variáveis 10
13,2%
31
22,3%
12
25,0%
Controlar variáveis 8
10,5%
22
15,8%
5
10,4%
Planear experiências 6
7,9%
17
12,2%
7
14,6%
Realizar experiências 35
46,1%
68
48,9%
16
33,3%
Organizar dados 14
18,4%
49
35,3%
15
31,3%
Interpretar dados/informação 19
25,0%
73
52,5%
29
60,4%
Avaliar dados/informação 10
13,2%
43
30,9%
14
29,2%
Comunicar 37
48,7%
83
59,7%
24
50,0%
A análise dos dados ínsitos no QUADRO 19 leva a concluir que, no conjunto das observações
efetuadas, uma parte significativa das capacidades de maior complexidade como formular e testar
hipóteses, planear experiências, controlar variáveis, organizar e avaliar dados não é promovida de
forma consistente. Mesmo em relação à capacidade de medir/quantificar, base fundamental para
a apropriação da metodologia científica, verifica-se que não é suficientemente explorada. Em
suma, constata-se não existir uma tendência de progressão na exigência conceptual que sustente
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
37
um percurso sequencial e articulado, visando a complexidade crescente das aprendizagens, entre
níveis de educação e ensino, pelo que a coerência curricular se constitui como uma fragilidade.
2.3.3 Registo das atividades realizadas
Os registos de atividades da educação pré-escolar e os sumários dos 1.º e 2.º ciclos do ano letivo
anterior (2014-2015) foram consultados com o objetivo de triangular as diversas fontes de
informação disponíveis sobre a frequência da implementação das diferentes tipologias de trabalho
prático nas atividades de ensino e de aprendizagem, bem como sobre o equilíbrio na abordagem
das três componentes organizadoras das aprendizagens a promover na área do Conhecimento do
Mundo (Orientações Curriculares da Educação Pré-escolar) e dos conteúdos do Estudo do Meio. O
mesmo procedimento foi efetuado para determinar se os conteúdos planificados são registados
nos sumários. A apreciação dos registos encontra-se no QUADRO 20 e a escala utilizada (de 1 a 4) é
a constante no QUADRO 2.
QUADRO 20 – APRECIAÇÃO, POR PERÍODO LETIVO, DOS REGISTOS DAS ATIVIDADES /SUMÁRIOS DO ANO LETIVO ANTERIOR
(MÉDIAS)
A partir da análise dos dados constantes no QUADRO 20, verifica-se que a tipologia mais
frequentemente explicitada nos registos, em todos os níveis de educação e ensino, é a atividade
prática. Ainda assim, atinge valores médios inferiores a 3, evidenciando uma expressão pontual.
Para as restantes tipologias de trabalho prático, os valores médios são inferiores a 2, o que face à
escala utilizada, se assume como inexistentes ou nada relevantes.
Na educação pré-escolar, na Área do Conhecimento do Mundo, a abordagem às ciências, numa
perspetiva de interligação com a introdução à metodologia científica e com a utilização de
tecnologias, merece um maior investimento, dado que este enfoque foi apreciado com valores
próximos de 2, o que indica ser pontual. O mesmo se verifica no 1.º ciclo, na área disciplinar de
Estudo do Meio, em relação a uma abordagem que se pretende mais equilibrada, entre os
conteúdos das ciências físicas e naturais face aos de história, geografia, etnografia, entre outros,
para uma efetiva compreensão progressiva das inter-relações entre a Natureza e a Sociedade.
PRÉ-ESCOLAR 1.º CICLO 2.º CICLO
1P 2P 3P 1P 2P 3P 1P 2P 3P
TRABALHO PRÁTICO
atividade prática 2,3 2,4 2,5 2,0 2,2 2,5 2,1 2,2 2,1
de base laboratorial 1,3 1,4 1,5 1,5 1,7 1,8 1,8 1,9 1,9
de base experimental 1,5 1,5 1,5 1,3 1,6 1,5 1,5 1,5 1,6
de campo 1,6 1,6 1,7 1,2 1,2 1,4 1,1 1,1 1,3
Há equilíbrio na abordagem das 3 componentes organizadoras das aprendizagens a promover na área do Conhecimento do Mundo (OCEPE) e dos conteúdos do Estudo do Meio
2,4 2,5 2,5 2,5 2,5 2,6
Os conteúdos planificados estão registados nos sumários 2,4 2,5 2,5 2,5 2,5 2,4
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
38
Por último, no 1.º e no 2.º ciclos a explicitação, nos sumários, do trabalho prático realizado nas
aulas é um aspeto que merece reflexão e melhoria, para que seja assegurada a coerência com o
currículo planeado nos respetivos departamentos curriculares.
2.4 Avaliação das aprendizagens das ciências
A avaliação do desenvolvimento e das aprendizagens das crianças e alunos é uma componente
fundamental e indispensável da ação pedagógica dos educadores e dos professores. Se, por um
lado, serve para a avaliação dos conhecimentos, das capacidades e das atitudes numa perspetiva
de certificação das aquisições e mesmo de classificação (no caso dos alunos), por outro lado, deve
servir essencialmente para a regulação dos processos de ensino (na perspetiva dos docentes) e de
aprendizagem (na perspetiva das crianças e alunos).
A avaliação, ao serviço dos processos de ensino e de aprendizagem apresenta uma dupla vertente,
aquela em que as crianças e os alunos são agentes do processo educativo e, a que, paralelamente,
fornece informação aos docentes para fundamentar e adequar o planeamento da ação pedagógica.
Esta informação assume uma natureza descritiva, qualitativa ou quantitativa e pode obter-se por
simples observação, por via escrita ou oral, em situação de trabalho individual ou de grupo, sendo
tanto mais rigorosa quanto maior for a variedade de procedimentos e instrumentos de avaliação
utilizados.
Estas questões reconhecem a pertinência de avaliar não só os produtos, mas também os processos.
Nesta linha, avaliam-se os conhecimentos (saber), as aptidões (saber fazer) e as atitudes e valores
(saber estar/saber ser) mas, também, as práticas pedagógicas, de modo a valorizar as formas de
aprender e os progressos das crianças e dos alunos.
O QUADRO 21 mostra a apreciação de seis campos de análise/indicadores relacionados com a
avaliação das aprendizagens no âmbito do ensino das ciências. A escala de apreciação utilizada
(de 1 a 4) é a constante no QUADRO 2.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
39
QUADRO 21 – AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS EM CIÊNCIAS (MÉDIAS)
Campos de análise/Indicadores EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
Foram definidos os critérios de avaliação, no âmbito das ciências, tendo em conta descritores de desempenho, pelo conselho pedagógico ouvidas as estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica
1,6 1,6
Foram estabelecidas formas diversificadas de registar o que se observa das crianças e de selecionar os documentos resultantes do processo pedagógico/Os instrumentos de avaliação permitem avaliar processos científicos de complexidade crescente
1,9 1,8 1,9
É realizada a aferição, entre docentes, para a avaliação dos progressos das aprendizagens dos alunos adquiridas nas atividades práticas
1,6 1,7
É realizada a aferição, entre docentes, para a avaliação dos progressos das aprendizagens dos alunos adquiridas no trabalho de base laboratorial
1,2 1,4
É realizada a aferição, entre docentes, para a avaliação dos progressos das aprendizagens dos alunos adquiridas no trabalho de base experimental
1,2 1,3
É realizada a aferição, entre docentes, para a avaliação dos progressos das aprendizagens dos alunos adquiridas no trabalho de campo
1,1 1,2
Os dados constantes do QUADRO 21 permitem constatar que todos os aspetos das práticas de
avaliação que são objeto de análise apresentam apreciações com médias sempre inferiores a 2,
em todos os níveis de educação e ensino. Embora, no caso do indicador Os instrumentos de
avaliação permitem avaliar processos científicos de complexidade crescente, as valorações sejam
muito próximas de 2, assumindo um cariz pontual/suficiente, em todos os restantes revelam-se
claramente insuficientes ou pouco/nada relevantes, sobretudo nas modalidades de trabalho de
base laboratorial, experimental e de campo.
Em conclusão, o campo da avaliação das aprendizagens em ciências apresenta fragilidades que
merecem uma análise mais profunda. Assim, em ordem a uma avaliação mais criteriosa dos
progressos dos alunos na apropriação da metodologia científica, afigura-se pertinente promover a
aferição dos critérios de avaliação considerando descritores de desempenho que contemplem os
conhecimentos, as capacidades investigativas e as atitudes científicas.
Paralelamente surge como uma oportunidade de melhoria o investimento numa adequada
avaliação dos progressos na aquisição e desenvolvimento das competências, incluindo as
processuais e atitudinais, associadas às atividades de trabalho prático, nomeadamente de base
laboratorial, experimental e de campo. A construção de registos estruturados e sistemáticos de
observação dos alunos com enfoque nessas competências, durante a realização das atividades,
afigura-se um contributo a ter em conta para uma avaliação mais rigorosa dos seus desempenhos.
Nesta linha, outro aspeto a explorar prende-se com a diversidade dos instrumentos de avaliação
que devem, no seu conjunto, assegurar a avaliação dos processos científicos de maior
complexidade, concebendo-se situações-problema que explorem a apresentação combinada de
textos, gráficos, esquemas e apelem às capacidades de análise e de síntese, evitando-se a
limitação aos que envolvem a simples memorização e compreensão.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
40
Na educação pré-escolar importa consolidar a diversificação de formas e meios de observação e
registo dos progressos de desenvolvimento de cada criança, envolvendo-a, por exemplo, na
construção do respetivo portefólio ou história de aprendizagem.
2.5 Supervisão da Prática Letiva e Avaliação dos Resultados em
Ciências
Na investigação recente, ligada às problemáticas da educação, é praticamente consensual que a
observação de atividades/aulas entre docentes, seguida de uma reflexão conjunta sobre as
práticas realizadas, constituem fatores decisivos para o desenvolvimento profissional e
consequentemente para a melhoria da ação educativa e das aprendizagens das crianças e dos
alunos.
Este processo, que se pauta por um caráter democrático e formativo, é essencialmente de
interação profissional e de natureza colaborativa. Através do conhecimento direto das práticas
implementadas e de uma análise conjunta, afigura-se mais acessível aos docentes o
aperfeiçoamento contínuo das vertentes de conceção e de exploração didáticas e o aumento da
eficácia das estratégias de desenvolvimento da literacia científica. Assim, são criadas condições
para a busca de percursos mais autónomos e adequados às metas estabelecidas para as
especificidades dos grupos/turmas e do Agrupamento, descolando-se da mera execução das
diretrizes de agentes externos, entre as quais, as definidas nos manuais escolares.
O QUADRO 22 foca as médias de valoração relativamente aos quatro campos de análise/indicadores
utilizados para a área-chave Supervisão da Prática Letiva e Avaliação dos Resultados. A escala de
apreciação utilizada (de 1 a 4) é a constante no QUADRO 2.
QUADRO 22 – SUPERVISÃO DA PRÁTICA LETIVA E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EM CIÊNCIAS (MÉDIAS)
Campos de análise/Indicadores EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
Os departamentos curriculares instituíram mecanismos de supervisão da prática letiva na área das ciências
1,5 1,5 1,6
Foram identificados fatores de sucesso/insucesso no âmbito da literacia científica
1,6 1,6 1,7
Foram elaborados planos de ação para ultrapassar dificuldades detetadas
1,6 1,6 1,7
Estão estabelecidos mecanismos que permitam avaliar o impacto da formação nas práticas pedagógicas/educativas
1 1 1
A análise dos dados do QUADRO 22 evidencia que, independentemente do nível de educação e de
ensino, as médias da valoração dos quatro campos de análise/indicadores são muito baixas,
traduzindo-se em práticas insuficientes ou nada relevantes, o que indicia o fraco investimento
nesta dimensão estratégica, por parte da quase totalidade dos agrupamentos intervencionados.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
41
Deste modo, e em conclusão, afigura-se pertinente que os agrupamentos explorem procedimentos
internos que promovam a supervisão da prática letiva em sala de atividades/aula, enquanto
nomeadamente estratégia de identificação e de disseminação de boas práticas no ensino
experimental das ciências, orientada para a qualidade das aprendizagens e para o
desenvolvimento profissional.
Outra área que assume fraca relevância nas dinâmicas internas é a identificação clara dos fatores
de sucesso e de insucesso, no âmbito da literacia científica, com o objetivo de melhorar os
processos de ensino e de aprendizagem, nomeadamente, através do estabelecimento de ações
específicas a considerar nos planos de melhoria.
Em paralelo, a criação de mecanismos que permitam avaliar o impacto da formação profissional
nas práticas pedagógicas é outro campo onde urge investir, no sentido de contribuir para o
aperfeiçoamento da ação educativa.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
42
3. RELATÓRIOS DE AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS
Os relatórios enviados aos 31 agrupamentos de escolas apresentam uma estrutura composta por
sete áreas-chave:
Material e equipamentos;
Formação contínua no âmbito das ciências;
Documentos orientadores;
Planeamento pedagógico;
Práticas pedagógicas em ciências;
Avaliação das aprendizagens das ciências;
Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em ciências.
Para cada uma das áreas e como resultado da análise documental, da observação de instalações,
materiais e equipamentos, das atividades e aulas, das entrevistas em painel e de outras interações
efetuadas durante a intervenção, as equipas de acompanhamento identificaram aspetos positivos
e aspetos onde os agrupamentos tinham margem para melhorar. Esses aspetos foram apresentados
sob a forma de asserções sintéticas, claras e precisas, com a finalidade de poderem constituir uma
mais-valia, como base de reflexão nos agrupamentos, pós intervenção.
Em termos de apreciação quantitativa, nos 31 relatórios de agrupamento, foram identificados 308
aspetos positivos e 708 aspetos a melhorar GRÁFICO 3.
GRÁFICO 3 - DISTRIBUIÇÃO DAS ASSERÇÕES POR ASPETOS POSITIVOS E ASPETOS A MELHORAR
Os dados obtidos permitem constatar uma percentagem muito superior de aspetos a melhorar
identificados (70%), relativamente aos positivos (30%). Tal indicia a necessidade de se
equacionarem reflexões profundas nas escolas sobre as questões em análise e implica, igualmente,
o investimento em mudanças incrementais nas várias dimensões do ensino experimental das
ciências apontadas, a fim de que as práticas estejam alinhadas com uma visão estratégica clara
para o aumento do nível de literacia científica das crianças e dos jovens.
Aspetos positivos
30%
Aspetos a melhorar
70%
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
43
Aspetos positivos
O GRÁFICO 4 evidencia a distribuição das asserções referentes aos aspetos positivos em cada uma
das áreas-chave. A sua análise mostra que é na área dos Documentos orientadores que se regista
o valor mais elevado de aspetos positivos (23%), seguindo-se as áreas de Material e equipamentos
e Planeamento pedagógico (18% e 16%, respetivamente). O valor mais baixo de asserções regista-
se na Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em ciências (7%).
GRÁFICO 4 - DISTRIBUIÇÃO DAS 308 ASSERÇÕES RELATIVAS A ASPETOS POSITIVOS POR ÁREA-CHAVE
Aspetos a melhorar
A análise do GRÁFICO 5 permite constatar que é na área Práticas pedagógicas que as asserções
referentes aos aspetos a melhorar têm maior expressão (26%), seguindo-se o Planeamento
pedagógico (20%). Por outro lado, as áreas que registam asserções com valores percentuais mais
baixos são as relacionadas com os Documentos orientadores (6%) e Formação contínua no âmbito
das ciências (8%).
GRÁFICO 5 - DISTRIBUIÇÃO DAS 708 ASSERÇÕES RELATIVAS A ASPETOS A MELHORAR POR ÁREA-CHAVE
18%
11%
23%
16%
15%
10%
7%
Material e equipamentos
Formação contínua no âmbito das ciências
Documentos orientadores
Planeamento pedagógico
Práticas pedagógicas
Avaliação das aprendizagens
Supervisão da prática letiva e avaliação dosresultados em ciências
11%
8%
6%
20%
26%
16%
14%
Material e equipamentos
Formação contínua no âmbito das ciências
Documentos orientadores
Planeamento pedagógico
Práticas pedagógicas
Avaliação das aprendizagens
Supervisão da prática letiva e avaliação dosresultados em ciências
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
44
Análise dos aspetos positivos e aspetos a melhorar
Uma vez que para cada área-chave foram elaborados indicadores em número variável, uma leitura
isolada da quantidade de asserções quer dos aspetos positivos, quer dos aspetos a melhorar
identificados não permite retirar conclusões ou elaborar juízos válidos acerca dos pontos fortes e
das fragilidades apresentadas pelo conjunto de agrupamentos intervencionados. Assim, com o
propósito de reduzir este enviesamento, fez-se uma análise integrada dos aspetos positivos e a
melhorar.
Constata-se que em 13 (42%) dos agrupamentos de escolas intervencionados não foram
referenciadas asserções de aspetos positivos na área Supervisão da prática letiva e avaliação dos
resultados em ciências, em 10 (32,2%), na área da Avaliação das aprendizagens das ciências, em
8 (25,8%) na Formação contínua no âmbito das ciências e em 3 (9,6%) nas áreas de Planeamento
Pedagógico e Práticas Pedagógicas.
Nas áreas de Material e equipamento e Documentos orientadores foram sempre apontados aspetos
positivos, havendo até em cada uma delas, um agrupamento onde não foram registados aspetos a
melhorar. Por outro lado, nos restantes vinte e nove agrupamentos intervencionados, foram
registadas asserções, em número variável, de aspetos a melhorar, em todas as dimensões.
O GRÁFICO 6 evidencia a relação entre o número de aspetos positivos e os aspetos a melhorar para
as sete áreas-chave em análise.
GRÁFICO 6 – FREQUÊNCIA DAS ASSERÇÕES RELATIVAS A ASPETOS POSITIVOS E ASPETOS A MELHORAR POR ÁREAS-CHAVE
Da análise do GRÁFICO 6 ressalta que as áreas-chave mais problemáticas são a da Supervisão da
prática letiva e avaliação dos resultados em ciências, a das Práticas pedagógicas e a da Avaliação
das aprendizagens das ciências, seguindo-se a do Planeamento pedagógico. A área-chave que
revela um melhor desempenho é a dos Documentos orientadores.
56
33
70
49
45
32
23
308
76
54
41
140
186
111
100
708
Material e equipamentos
Formação contínua no âmbito dasciências
Documentos orientadores
Planeamento pedagógico
Práticas pedagógicas
Avaliação das aprendizagens
Supervisão da prática letiva e avaliaçãodos resultados em ciências
Total
Aspetos a melhorar
Aspetos positivos
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
45
4. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE – QUESTIONÁRIO AOS
AGRUPAMENTOS INTERVENCIONADOS
4.1 Opinião dos responsáveis dos agrupamentos sobre a atividade
Para a melhoria contínua do processo e para a implementação e consolidação da atividade de
Gestão do currículo: ensino experimental das ciências, a Inspeção-Geral da Educação e Ciência
contou com a apreciação crítica dos agrupamentos de escolas, mediante as respostas a um
questionário de avaliação elaborado para este efeito.
Assim, aplicou-se, em maio de 2017, um questionário aos 31 agrupamentos de escolas
intervencionados em 2016. Responderam ao questionário 90% (28) dos agrupamentos. O referido
inquérito apresenta itens de resposta fechada e itens de resposta aberta, bem como a possibilidade
de indicarem aspetos a melhorar nesta atividade e apresentarem outros comentários e sugestões.
A classificação das respostas fechadas foi efetuada com recurso a uma escala de 1 a 6, em que 1
corresponde a Discordo Totalmente e 6 a Concordo Totalmente. As respostas dos agrupamentos
são analisadas seguidamente.
4.1.1 Expetativas dos agrupamentos antes da intervenção
Do total dos 28 agrupamentos, 27 consideram que a informação recebida sobre os objetivos, os
procedimentos e a operacionalização, no âmbito da atividade foi clara - GRÁFICO 7. É de sublinhar
que 60,7% dos agrupamentos manifestam concordância total relativamente à clareza da
informação recebida pelo agrupamento sobre os objetivos, os procedimentos e a
operacionalização da atividade.
GRÁFICO 7 – CLAREZA DA INFORMAÇÃO RECEBIDA, ANTES DA INTERVENÇÃO, SOBRE OBJETIVOS, OS PROCEDIMENTOS E A
OPERACIONALIZAÇÃO
Questão 1 - A informação recebida pelo Agrupamento sobre os objetivos, os procedimentos
e a operacionalização, no âmbito da intervenção Gestão do Currículo: Ensino Experimental
das Ciências foi clara?
Questão 2 - Antes da intervenção, o Agrupamento pensou que a atividade Gestão do Currículo – Ensino Experimental das Ciências poderia ser útil para:
Refletir acerca das práticas
Aprofundar conhecimentos
Melhorar as práticas
01 (3,6%)
10 (35,7%)
17 (60,7%)
0 - DiscordoTotalmente
1 e 2 Discordo 3 e 4 Concordo 5 e 6 ConcordoTotalmente
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
46
Dois agrupamentos manifestaram discordância relativamente à utilidade da atividade no que tange
ao aprofundamento dos conhecimentos e um no que diz respeito a melhorar as práticas3, contudo
todos os agrupamentos de escolas intervencionados concordaram que a atividade Gestão do currículo:
ensino experimental das ciências poderia ser útil para refletir e melhorar as práticas - GRÁFICO 8.
GRÁFICO 8 – EXPETATIVAS SOBRE A UTILIDADE DA ATIVIDADE
4.1.2 Visita da equipa de acompanhamento
A generalidade dos agrupamentos considera adequados os aspetos relacionados com a visita da
equipa de acompanhamento - GRÁFICO 9. Os itens Os aspetos observados e analisados foram
pertinentes e A informação de retorno da equipa inspetiva, no final da intervenção, foi útil para
a melhoria das práticas, no âmbito do ensino das ciências, conseguem as mais elevadas
percentagens de concordância, situando-se cada um em 100%. Os restantes três itens observam
uma concordância inferior, mas ainda assim, elevada (96,4%).
3 Do total de respondentes (28), um não respondeu aos indicadores Aprofundar conhecimentos e Refletir acerca das práticas.
1
2
5 (18,5%)
5 (17,9%)
13 (48,1%)
22 (81,5%)
22 (78,6%)
12 (44,4%)
Refletir acerca daspráticas
Melhorar as práticas
Aprofundarconhecimentos
0 - Discordo Totalmente 1 e 2 Discordo 3 e 4 Concordo 5 e 6 Concordo Totalmente
Questão 3 – Exprima a sua opinião relativamente:
A duração da atividade no Agrupamento foi adequada
Os aspetos observados e analisados foram pertinentes
Os interlocutores entrevistados foram os mais relevantes
A equipa inspetiva teve em conta as especificidades do Agrupamento, na sua ação
A informação de retorno da equipa inspetiva, no final da intervenção, foi útil para a
melhoria das práticas, no âmbito do ensino das ciências
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
47
GRÁFICO 9 – ASPETOS DA VISITA DE ACOMPANHAMENTO
4.1.3 Relatório da atividade remetido ao agrupamento
Observa-se que 100% dos agrupamentos concorda com a pertinência dos aspetos a melhorar
vertidos no relatório e destes, 60,8% manifestam concordância total - GRÁFICO 10.
GRÁFICO 10 – PERTINÊNCIA DOS ASPETOS A MELHORAR APRESENTADOS NO RELATÓRIO DE AGRUPAMENTO
4.1.4 Impacto da atividade em áreas-chave no âmbito do ensino das ciências
3,6%
3,6%
3,6%
32,1%
42,9%
35,7%
35,7%
14,3%
64,3%
57,1%
60,7%
60,7%
85,7%
A duração da atividade no agrupamento foi adequada
Os aspectos observados e analisados foram pertinentes
Os interlocutores entrevistados foram os mais relevantes
A equipa inspetiva teve em conta as especificidades doagrupamento, na sua ação
A informação de retorno da equipa inspetiva, no final daintervenção, foi útil para a melhoria das práticas, no
âmbito do ensino das ciências
0 Discordo Totalmente 1 e 2 Discordo 3 e 4 Concordo 5 e 6 Concordo Totalmente
Questão 4 – Os aspetos a melhorar apresentados no relatório são pertinentes?
Questão 5 – Intervenção Gestão do Currículo: Ensino Experimental das Ciências teve
impacto/melhoria nas seguintes áreas estratégicas
0 0
39,2%
60,8%
0 - DiscordoTotalmente
1 e 2 Discordo 3 e 4 Concordo 5 e 6 ConcordoTotalmente
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
48
De acordo com os resultados expressos no GRÁFICO 11, os níveis de concordância ou de concordância
total predominam na totalidade dos agrupamentos intervencionados, nas sete áreas estratégicas
apontadas, o que é de relevar. As áreas-chave que os agrupamentos de escolas consideram que
tiveram maior impacto devido à intervenção realizada são a do Planeamento pedagógico e das
Práticas pedagógicas em Ciências. Ao invés, a Formação contínua no âmbito das ciências emerge
como a área-chave que teve menor impacto, seguindo-se-lhe a Supervisão da prática letiva e
avaliação dos resultados em Ciências.
GRÁFICO 11 – IMPACTO DA ATIVIDADE EM ÁREAS ESTRATÉGICAS
Para além das sete áreas-chave referidas na questão 5, deu-se também a possibilidade do
agrupamento sugerir outra. Um deles especificou outra área, nomeadamente o trabalho
colaborativo entre docentes.
3,6%
10,7%
3,6%
7,1%
7,2%
3,6%
64,3%
46,4%
35,7%
35,7%
57,2%
50,0%
60,7%
25,0%
50,0%
64,3%
64,3%
35,7%
39,2%
35,7%
Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados emCiências
Avaliação das aprendizagens
Práticas pedagógicas em Ciências
Planeamento pedagógico
Documentos orientadores
Formação contínua no âmbito das Ciências
Gestão dos materiais e equipamentos
0 - Discordo Totalmente 1 e 2 Discordo 3 e 4 Concordo 5 e 6 Concordo Totalmente
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
49
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
Considerando os objetivos da atividade de acompanhamento Gestão do currículo: ensino
experimental das ciências, e tendo por base a informação recolhida e registada nos guiões pelas
equipas de acompanhamento, bem como as asserções referentes a aspetos positivos e aspetos a
melhorar, expressos nos relatórios que foram remetidos aos respetivos agrupamentos,
apresentam-se as seguintes considerações finais e conclusões.
5.1.1 Enquadramento geral – O trabalho prático
Os vários estudos nos meios académicos e a investigação em geral referem que o ensino das
ciências nas escolas deve ter como finalidade a promoção de saberes e competências que
permitam às crianças e alunos agir, de forma consciente e informada, nas sociedades atuais, por
forma a enfrentar os desafios que estas lhes colocam, tornando-se, assim, cidadãos conscientes,
esclarecidos, ativos/interventivos e reflexivos. De facto e de acordo com Chagas, I. (2000), uma
pessoa literata em ciência é aquela que ao longo da vida: é capaz de perguntar, descobrir e
responder a aspetos do dia-a-dia que a curiosidade lhe despertou; é capaz de descrever, explicar
e prever fenómenos naturais; interpreta artigos científicos publicados na imprensa e em revistas
de divulgação científica e discute a validade das conclusões aí apresentadas; identifica questões
científicas que estão subjacentes a decisões nacionais e locais; assume posições fundamentadas
em princípios científicos e tecnológicos; avalia a qualidade de informação científica com base nas
fontes utilizadas e nas metodologias seguidas; propõe, avalia e aplica argumentos fundamentados
em factos.
A Lei de Bases do Sistema Educativo nacional está, de alguma forma, alinhada com estes princípios
ao referir que constituem objetivos da educação pré-escolar e do ensino básico, favorecer a
observação e compreensão do meio natural para melhor integração e participação da criança e
proporcionar a aquisição de atitudes autónomas, visando a formação de cidadãos civicamente
responsáveis e democraticamente intervenientes na vida comunitária, respetivamente.
Para dar resposta aos princípios subjacentes ao desenvolvimento da literacia científica nas
crianças e alunos o trabalho prático constitui-se como um recurso didático de inegável valor a
utilizar no ensino das ciências nas nossas escolas de forma a permitir a mobilização de capacidades
de processos científicos e de atitudes e conhecimentos científicos. Já em 2001, embora com a
ênfase colocada nos alunos do ensino secundário, o então Departamento do Ensino Secundário do
Ministério da Educação publicou o documento Ensino Experimental das Ciências – (Re)Pensar o
Ensino das Ciências, onde a temática do trabalho prático é abordada.
A investigação ligada ao ensino das ciências entende, de uma forma relativamente consensual, o
trabalho prático como um conceito geral e abrangente que inclui todas as atividades de ensino e
aprendizagem que exigem que a criança/aluno esteja ativamente envolvido, nos domínios
psicomotor, cognitivo e afetivo. Nesta linha, o trabalho prático pode desenvolver-se em contextos
de aprendizagem muito diversos, que vão desde simples atividades práticas que se realizam com
recurso, por exemplo, a papel e lápis, a meios informáticos, aos de trabalho laboratorial que
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
50
requerem material ou equipamento de laboratório, mesmo que, por vezes, simplificado para
facilitar a sua utilização, aos de trabalho experimental que envolvem controlo e manipulação de
variáveis, ainda que mais ou menos qualitativo/quantitativo, até aos de trabalho de campo que
ocorrem em contacto direto com a natureza e os fenómenos físicos e naturais. No seu conjunto,
as atividades referidas devem assegurar a mobilização de capacidades de processos científicos e
de atitudes e conhecimentos científicos.
Contudo, embora as atividades laboratoriais, experimentais e de campo sejam preconizadas pela
investigação no âmbito do ensino das ciências, o que se constata na prática é que os docentes que
ensinam ciências não utilizam com a frequência desejada estes recursos didáticos, chegando na
maioria dos casos a nem estarem previstos ao nível do planeamento pedagógico.
Nas práticas pedagógicas observadas, nos agrupamentos de escolas intervencionados, verificou-se
que 20,6% se enquadram na tipologia de trabalho de base laboratorial e 8% na de trabalho de base
experimental, enquanto o trabalho de campo assume um caráter meramente pontual, sem
qualquer significado estatístico. Estes valores muito baixos indiciam a necessidade de uma
reflexão aprofundada no que respeita à promoção destes recursos nas práticas pedagógicas.
Paralelamente, outros aspetos observados assumem um desenvolvimento pouco relevante como a
explicitação de objetivos e critérios de avaliação, o recurso ao trabalho cooperativo em pequenos
grupos, a conceção de protocolos laboratoriais estruturados com a participação das crianças e
alunos e mobilizadores de capacidades investigativas, a manipulação correta de material e
equipamento de laboratório e de controlo de variáveis, bem como o rigor na utilização dos
conceitos científicos nas comunicações.
Atentos, ainda, a que o ensino das Ciências, é entendido como uma (re)construção de saberes,
assente numa articulação entre a estrutura conceptual já existente e as novas informações
recebidas, importa que o docente diagnostique as conceções prévias/alternativas que a
criança/aluno já possui para, posteriormente, decidir pela melhor metodologia a utilizar, com
vista a desenvolver a conceção já existente, se for a correta, ou a substituí-la, se não o for,
assegurando assim a evolução conceptual desejada . É neste sentido que Ausubel et al. (1978)
referem “conheça o que sabem os seus aprendentes e baseie nisso os seus ensinamentos”.
Atualmente, vários autores especialistas em educação em ciências e também muitos documentos
produzidos pelos decisores políticos, incluindo as orientações curriculares para a educação pré-
escolar, programas dos 1.º e 2.º ciclos, metas curriculares e o Perfil do Aluno à Saída da
Escolaridade Obrigatória, enfatizam explícita e/ou implicitamente a importância de se explorar
os temas de ciências numa perspetiva CTSA – Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente, de forma
a constituir uma vertente integradora e globalizante da organização e da aquisição dos saberes
científicos. A abordagem dos conteúdos segundo esta perspetiva desperta o interesse das crianças
e dos alunos pela aprendizagem das ciências, proporcionando-lhes a adoção de posturas positivas
em relação às questões científicas, quando interligadas com outras áreas.
Nestas duas últimas vertentes, alguns dos indicadores com valorações mais baixas nas práticas
pedagógicas observadas, em todos os níveis de educação e ensino, são os que que se referem ao
diagnóstico das conceções alternativas, bem como às abordagens numa perspetiva CTSA.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
51
De um modo global, da análise das práticas pedagógicas observadas, constata-se que existe
bastante margem de progressão no que respeita à diversificação de atividades, quer em salas de
atividades/aulas, quer noutros contextos ou ambientes educativos, nomeadamente em
laboratórios ou salas afins e de campo, para facilitar o entendimento das relações entre a Ciência
e a Tecnologia e entre estas e a Sociedade e o Ambiente e potenciar a construção do conhecimento
científico.
5.1.2 Recursos materiais e humanos
Na educação pré-escolar, apesar de se verificar alguma intencionalidade no desenvolvimento de
atividades que incentivam a exploração e a experimentação, nomeadamente no que respeita à
organização do ambiente educativo (em 31% das salas de atividades existem áreas das ciências),
também é evidente a necessidade de um maior investimento, sobretudo no que respeita à sua
generalização, bem como à disponibilização de alguns instrumentos e recursos específicos.
No 1.º ciclo do ensino básico, para além de serem pontuais as situações em que os
estabelecimentos escolares possuem salas específicas para o trabalho prático em ciências,
somente em 11 % dos casos existem espaços adequados a essas atividades, dentro da própria sala
de aula, o que merece uma reflexão, com vista a uma mudança de práticas.
Nas escolas onde é lecionado o 2.º ciclo, prevalece a utilização das salas específicas de ciências,
em detrimento dos laboratórios que, existindo, são geralmente afetos às turmas do 3.º ciclo e/ou
do ensino secundário. No entanto, constata-se que, mesmo havendo aquelas salas, em muitos
casos, os horários das turmas dos 5.º e 6.º anos de escolaridade não contemplam o seu uso nas
aulas de Ciências Naturais.
Embora exista alguma variedade de materiais e equipamentos de laboratório, nos jardins de
infância e escolas do 1.º ciclo do ensino básico, para dar resposta ao previsto na área do
Conhecimento do Mundo e no programa de Estudo do Meio, importa melhorar a sua qualidade e
quantidade. Em vários dos agrupamentos intervencionados a falta desses recursos tem sido
colmatada através da partilha, entre os diferentes estabelecimentos de educação e ensino do
mesmo agrupamento, sendo, contudo, uma dinâmica que pode ser aperfeiçoada. A
construção/adaptação de materiais e de equipamentos, pelos docentes, sobretudo na educação
pré-escolar e no 1.º ciclo, é uma prática usual, o que se releva pela positiva.
Um número significativo dos agrupamentos intervencionados não apresenta equipamento de
segurança nos laboratórios ou salas afins. Por outro lado, verifica-se ainda que, numa percentagem
elevada destes espaços, não existem instruções para a utilização de material/equipamento
específico afixadas de forma legível. Estes factos indiciam que a segurança é, assim, uma área
que carece de maior atenção.
O investimento, no último triénio, na qualificação e valorização dos recursos humanos, no âmbito
do ensino das ciências não é relevante. De facto, o número de docentes de todos os níveis de
educação e ensino que, nesse período, esteve envolvido em ações de formação, tanto de natureza
interna como externa, na área das ciências é baixo. Verificou-se também que 15% dos docentes
em exercício de funções nos agrupamentos intervencionados participaram, entre 2006 e 2010, no
Programa de Formação em Ensino Experimental das Ciências, mas que somente um desses
docentes foi promotor de sessões de disseminação interna, após a participação no referido
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
52
Programa. Estes dados sugerem a necessidade de incrementar a oferta formativa, a partir de um
levantamento criterioso das necessidades, por parte dos responsáveis, bem como a posterior
dinamização, por parte dos docentes participantes, de sessões de disseminação dos conhecimentos
adquiridos, junto dos pares.
5.1.3 Planeamento pedagógico no âmbito das Ciências
A maioria dos agrupamentos intervencionados não define, nos seus principais documentos
orientadores, objetivos, metas e estratégias, tendo em vista o desenvolvimento da literacia
científica. Assim, não se encontra explícita uma visão e orientação estratégicas que promovam a
prática de metodologias ativas, investigativas e experimentais, que conduzam à melhoria da
qualidade das aprendizagens das crianças e dos alunos, no âmbito das ciências.
No planeamento pedagógico, independentemente do nível de educação e ensino, a previsão de
estratégias e de instrumentos de avaliação diversificados a utilizar para o trabalho prático não é
usual. Esta situação agrava-se nas tipologias de trabalho de base laboratorial, experimental e de
campo.
A previsão de uma abordagem integrada dos conteúdos em ciências numa perspetiva CTSA e a
articulação desses mesmos conteúdos com outras componentes do currículo, de forma a facilitar
aprendizagens complementares, são campos do planeamento suscetíveis de melhoria. Da mesma
forma, para os conteúdos comuns aos vários níveis de educação e ensino, o planeamento de
atividades que permitam a aprendizagem de processos científicos de nível crescente de
complexidade é um aspeto também a explorar.
O trabalho colaborativo ao nível do planeamento pedagógico, integrando uma perspetiva de gestão
curricular horizontal e vertical não assume uma expressão significativa nos agrupamentos
intervencionados. Nos 1.º e 2.º ciclos, onde esse trabalho ocorre, preferencialmente, em conselhos
de ano e em grupos de recrutamento, a visão abrangente intra e interdepartamental fica
atenuada, o que compromete a desejável sequencialidade, ao longo dos níveis e ciclos, no
desenvolvimento das potencialidades e na complexidade crescente das aprendizagens científicas
das crianças e dos alunos.
5.1.4 Práticas pedagógicas em Ciências
São de assinalar as seguintes considerações:
Na educação pré-escolar, a ação pedagógica é desenvolvida tendo em conta as orientações
curriculares. No entanto, afigura-se necessário conferir maior intencionalidade à exploração de
atividades de campo, em contacto direto com os fenómenos naturais. Por outro lado, importa
minimizar o recurso a práticas de natureza mais expositiva/demonstrativa de forma a colocar, em
todos os contextos educativos, a criança como o sujeito do processo educativo, incentivando-a a
realizar experiências, em pequeno grupo, a manipular equipamentos e materiais e a apropriar-se
da metodologia científica.
No 1.º ciclo, as aulas observadas incidiram, essencialmente, em atividades práticas embora as de
natureza expositiva/demonstrativa tenham igualmente um peso significativo. O recurso às outras
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
53
tipologias de trabalho prático, nomeadamente o de base experimental e o de campo são
metodologias que importa promover.
No 2.º ciclo, a tendência verificada é a implementação de aulas de natureza
expositiva/demonstrativa, a par de algumas onde se desenvolvem atividades práticas,
nomeadamente as de lápis e papel. O recurso ao trabalho experimental e de campo carece de um
investimento significativo, de forma a responder ao estipulado quer nos conteúdos programáticos
quer nas metas curriculares para a disciplina de Ciências Naturais.
Em relação ao desenvolvimento de cada uma das tipologias de trabalho prático, verifica-se que na
de atividade prática a valoração dos indicadores observados, em todos os níveis de educação e
ensino, indicia a necessidade de melhorar a adequação das estratégias de ensino, nomeadamente
no que respeita à organização da sala, à introdução à atividade, à promoção da participação e
reflexão sobre as ações das crianças e alunos e à certificação da efetividade das aprendizagens.
Quanto à tipologia de trabalho de base laboratorial, os valores dos indicadores observados, em
todos os níveis de educação e ensino, evidenciam a pertinência de investir em práticas que
considerem os diferentes ritmos de aprendizagem, a contextualização numa perspetiva de CTSA,
o diagnóstico das conceções alternativas, a explicitação de objetivos e critérios de avaliação, a
conceção de protocolos laboratoriais estruturados com a participação das crianças e alunos
mobilizadores de capacidades investigativas e a cooperação e partilha de tarefas, visando
igualmente o desenvolvimento sustentado de conhecimentos, capacidades e atitudes científicas.
Na tipologia de trabalho de base experimental, em todos os níveis de educação e ensino, as
valorações efetuadas evidenciam a necessidade de se investir em estratégias que permitam o
desenvolvimento de conhecimentos, capacidades e atitudes científicas, nomeadamente a
orientação para a pesquisa e debate de ideias, o rigor na utilização dos conceitos científicos nas
comunicações, o trabalho autónomo individual e em grupo, a participação dos alunos na
estruturação de protocolos mobilizadores de capacidades investigativas, bem como na
manipulação de materiais e equipamentos e no controlo de variáveis.
A tipologia de trabalho prático, envolvendo saídas de campo, não tem expressão nas práticas
pedagógicas observadas, tratando-se de um recurso didático subvalorizado no ensino das ciências
experimentais, situação que merece uma ampla reflexão nos agrupamentos intervencionados.
As atividades/aulas expositivas/demonstrativas têm uma frequência significativa em todos os
níveis de educação e ensino. Estas práticas pedagógicas, essencialmente ligadas à transmissão de
conhecimentos, estruturadas e orientadas pelos docentes, minimizam o envolvimento das
crianças/alunos nos processos de formulação de problemas e nos métodos científicos necessários
à sua resolução sendo, como tal, suscetíveis de baixa eficácia em atingir objetivos que se prendem
com a mobilização de capacidades de processos científicos e de atitudes e conhecimentos
científicos.
As atividades de trabalho prático observadas promovem o desenvolvimento de algumas
competências específicas – capacidades investigativas, nomeadamente as de menor complexidade,
como as que implicam a observação e o registo. As que respeitam a medir/quantificar, formular
hipóteses, planear experiências, controlar variáveis, organizar e avaliar dados, que implicam
níveis mais elevados de exigência concetual, não são desenvolvidas de forma intencional e
sistemática como seria desejável.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
54
No que respeita aos registos efetuados pelos docentes nos livros de ponto/plataforma eletrónica,
constata-se que a tipologia de trabalho prático mais frequentemente explicitada nos sumários, em
todos os níveis de educação e ensino, é a atividade prática. A descriminação das restantes
tipologias não assume qualquer relevância. Nos 1.º e 2.º ciclos, a clarificação, nos sumários, do
trabalho prático realizado é um aspeto que merece reflexão e melhoria, para que seja assegurada
a coerência com o currículo planeado nos respetivos departamentos curriculares.
Na educação pré-escolar, a abordagem às ciências, numa perspetiva de interligação com a
introdução à metodologia científica e com a utilização de tecnologias, merece um maior
investimento. No 1.º ciclo importa concretizar uma abordagem mais equilibrada entre os
conteúdos das ciências físicas e naturais, face aos de história, geografia, etnografia, entre outros,
para uma efetiva compreensão progressiva das inter-relações entre a Natureza e a Sociedade.
5.1.5 Avaliação das aprendizagens das Ciências
As práticas de avaliação que são objeto de análise na presente intervenção apresentam bastante
margem de progressão, uma vez que os valores médios das apreciações efetuadas são baixos. Essas
médias aproximam-se do nível pontual/suficiente, no caso da utilização de instrumentos de
avaliação que permitem avaliar processos científicos de complexidade crescente, mas revelam-se
como insuficientes ou pouco/nada relevantes, em todos os outros indicadores, nomeadamente na
realização da aferição, entre docentes, para a avaliação dos progressos das aprendizagens nos
contextos de trabalho de base laboratorial, experimental e de campo.
5.1.6 Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em ciências
A supervisão da prática letiva e a avaliação dos resultados em ciências apresenta valorações muito
baixas em todos os níveis de educação e ensino, traduzindo-se em níveis de
insuficiente/nunca/nada relevante, o que indicia o fraco investimento feito, nesta área, pelos
agrupamentos intervencionados.
5.2 Propostas e Recomendações
Na sequência da realização da atividade Gestão do currículo: Ensino experimental das ciências no
ano de 2016 em 31 agrupamentos de escolas do ensino público, apresentam-se as seguintes
Propostas e Recomendações:
5.2.1 Propostas para a tutela
Ponderar o desdobramento das turmas com 20 ou mais alunos, na disciplina de Ciências
Naturais do 2.º ciclo do ensino básico, exclusivamente para a realização de trabalho prático
laboratorial, experimental e de campo.
Promover a formação de formadores na área das Ciências.
5.2.2 Recomendações
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
55
Para os centros de formação de associação de escolas
Promover a formação contínua de docentes com ênfase na importância do trabalho
laboratorial, experimental e de campo como estratégias de desenvolvimento de
competências investigativas nas crianças e nos alunos.
Para as escolas
Recursos humanos e materiais:
Promover a partilha e uma maior utilização dos recursos existentes, nos diferentes
estabelecimentos de educação e ensino dos agrupamentos, visando a rentabilização dos
materiais e dos equipamentos de laboratório, em ordem à realização regular de trabalho
prático, na área das ciências físicas e naturais.
Diligenciar para que as turmas do 2.º ciclo tenham aulas de Ciências Naturais em
laboratórios ou salas afins, para se garantirem as condições propícias à sistematização do
trabalho de base laboratorial e experimental.
Assegurar a colocação de equipamentos de segurança nas salas afetas ao ensino
experimental das ciências, designadamente extintores, areia e manta corta-fogo, assim
como unidades de lava-olhos, chuveiros e detetores de incêndios, no caso dos laboratórios.
Afixar de forma legível instruções claras e precisas para a utilização de materiais e
equipamentos nos laboratórios e salas afins.
Promover a formação contínua de docentes, no âmbito do ensino experimental das
ciências, com vista ao incremento do recurso às metodologias ativas e experimentais, ao
desenvolvimento profissional e à melhoria das práticas pedagógicas.
Recorrer ao potencial de formação de cada docente na organização de ações internas de
disseminação de conhecimentos e práticas pedagógicas relevantes, destinadas a
educadores de infância e a docentes dos 1.º e 2.º ciclos.
Planeamento curricular das ciências:
Explicitar, nos documentos estruturantes, a visão estratégica para a abordagem da Ciência
na Escola, clarificando objetivos e metas para o desenvolvimento da literacia científica,
em todos os níveis de educação e ensino.
Fomentar o trabalho colaborativo entre docentes, com vista a uma efetiva interajuda ao
nível da conceção, execução e avaliação das atividades experimentais a implementar em
sala de atividades/aula/campo numa perspetiva interdisciplinar, enriquecedora e
estruturante do desenvolvimento do pensamento científico.
Incluir nos documentos de planeamento pedagógico, para todos os níveis de educação e
ensino, as estratégias que promovem a apropriação da metodologia científica, envolvem
as diferentes tipologias de trabalho prático, sobretudo as de base laboratorial,
experimental e de campo, assim como os correspondentes instrumentos de avaliação das
aprendizagens.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
56
Planear, em todos os níveis de educação e ensino, a interligação dos conteúdos com o
quotidiano/meio numa abordagem integradora e globalizante da construção do
conhecimento científico, contextualizada em Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente -
CTSA.
Contemplar nos planos de trabalho de turma, a articulação interdisciplinar, em particular
no trabalho experimental, promovendo a leitura aquando da pesquisa, o estímulo ao
desenho e à escrita na realização de registos e o pensamento lógico-matemático ao efetuar
medições, cálculos, seriações e classificações.
Ponderar, no planeamento, uma articulação coerente do processo de ensino e de
aprendizagem, em termos de sequencialidade, ao longo dos níveis e ciclos que permita o
desenvolvimento das potencialidades das crianças e dos alunos e crie condições para uma
transição com sucesso, numa perspetiva de continuidade e de complexidade crescente das
aprendizagens anteriormente realizadas.
Práticas pedagógicas em ciências:
Assegurar que as práticas pedagógicas, nos diversos níveis de educação e ensino, mobilizem
conhecimentos, capacidades e atitudes científicas, numa linha coerente e progressiva de
desenvolvimento da apropriação da metodologia científica, respeitando os diferentes
ritmos e estilos de aprendizagem.
Promover práticas pedagógicas e didáticas, com vista a adequar a ação educativa às
finalidades do Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória.
Incrementar, nos diversos níveis de educação e ensino, uma linguagem rigorosa na
abordagem às ciências, essencial para a construção da cultura científica das crianças e dos
alunos.
Generalizar a todos os níveis de educação e ensino, a realização sistemática de trabalho
prático no ensino das ciências, designadamente nas vertentes de base laboratorial,
experimental e de campo, recorrendo, de forma intencional, aos materiais e equipamentos
de laboratório.
Explicitar, no início de cada aula ou unidade didática, os objetivos e os critérios de
avaliação para os conhecimentos científicos a desenvolver (saber), as capacidades (saber-
fazer) e as atitudes (saber-estar), em ordem a que os alunos percecionem com maior
clareza o que é esperado que demonstrem saber.
Desenvolver o pensamento crítico das crianças e dos alunos incentivando-os a realizar
experiências, em pequeno grupo, a manipular equipamentos e materiais de laboratório,
bem como a observar, medir, formular problemas e hipóteses, planear investigações,
controlar variáveis, prever, recolher e tratar dados, registar, identificar evidências,
discutir resultados, interpretar e fazer descobertas.
Estimular a autonomia das crianças e dos alunos através, por exemplo, do envolvimento na
elaboração de protocolos laboratoriais/experimentais e de roteiros/guiões para as
atividades de campo.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
57
Explicitar, nos sumários, o tipo de trabalho prático realizado, em coerência com o currículo
planeado.
Avaliação das aprendizagens das ciências:
Fomentar, na educação pré-escolar, a diversificação de formas e meios de observação e
registo dos progressos de desenvolvimento de cada criança, envolvendo-a, por exemplo,
na construção do respetivo portefólio ou história de aprendizagem.
Aperfeiçoar o processo de aferição dos critérios de avaliação, tendo em conta nos
descritores de desempenho os conhecimentos, as capacidades investigativas e as atitudes
científicas, em ordem a uma avaliação mais criteriosa dos progressos dos alunos na
apropriação da metodologia científica.
Assegurar que a avaliação contemple as aprendizagens adquiridas em contexto de trabalho
prático, nas suas diferentes tipologias, incluindo a de base laboratorial, experimental e de
campo.
Diversificar técnicas e instrumentos de avaliação e assegurar que os mesmos permitem
avaliar os processos científicos de maior complexidade, concebendo-se situações-problema
que explorem a apresentação combinada de textos, gráficos, esquemas e apelem às
capacidades de análise e de síntese, evitando-se a prevalência dos que envolvem a simples
memorização e compreensão.
Supervisão da prática letiva e avaliação dos resultados em ciências:
Explorar mecanismos de supervisão da prática letiva em sala de atividades/aula, enquanto
estratégia de identificação e de disseminação de boas práticas no ensino experimental das
ciências, orientada para a qualidade das aprendizagens e para o desenvolvimento
profissional.
Refletir sobre desempenho dos alunos na provas de aferição, potenciando estratégias de
ensino com vista ao sucesso educativo.
Identificar fatores de sucesso e de insucesso no âmbito da literacia científica, no sentido
de melhorar o processo de ensino e de aprendizagem, através de ações específicas a
considerar nos planos de melhoria.
Criar mecanismos que permitam avaliar o impacto da formação contínua nas práticas
pedagógicas, no sentido de melhorar a ação educativa.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
58
Normativos e orientações de referência
O Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória, aprovado pelo Despacho n.º
6478/2017 (D.R. n.º 143, 2.ª série, de 26 de julho).
O Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar, criado pela Resolução do Conselho
de Ministros n.º 23/2016 (D.R. n.º 70, de 11 de abril);
Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar. Ministério da Educação. Direção Geral de Educação. 2016.
Trabalho por projetos na Educação de Infância: mapear aprendizagens/integrar metodologias. Lisboa: Direção-Geral da Educação (DGE), 2012
Programa do Estudo do Meio do Ensino Básico (1.º ciclo) – Ministério da Educação e Ciência.http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/Metas/Estudo_Meio/eb_em_programa_1c.pdf
Metas curriculares de Ciências Naturais do Ensino Básico (2013) – Ministério da Educação e Ciência.
Programa de Ciências Naturais do Ensino Básico – 2.º ciclo: Vol. I; Vol. II – Ministério da Educação e Ciência.
Circular n.º 17/DSDC/DEPEB/2007 – Gestão do currículo na educação pré-escolar
Circular n.º 4 DGIDC/DSDC/2011 - Avaliação na educação pré-escolar.
Bibliografia
Afonso, M. M. (2008). A educação científica no 1.º ciclo do Ensino Básico: Das teorias às
práticas. Porto: Porto Editora.
Afonso, M., Alveirinho, D., Tomás, H., Calado, S., Ferreira, S., Silva, P., & Alves, V. (2013).
Que ciência se aprende na escola? Uma avaliação do grau de exigência no ensino básico em
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School Science Review, 74 (266), 39-42.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
59
Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (2009) Publicações de apoio ao
desenvolvimento curricular – Despertar para a ciência – atividades dos 3 aos 6 anos.
Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. Coleção Ensino Experimental das
Ciências - Explorando... (2007, 2008, 2010, 2012) – Ministério da Educação.
Domingos (atualmente Morais), A. M., Neves, I. P., & Galhardo, L. (1983). Ciências do
Ambiente: Livro do professor. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Ferreira (Eds.), Currículos, manuais escolares e práticas pedagógicas: Estudo de processos
de estabilidade e de mudança no sistema educativo (pp.131-157). Lisboa: Edições Sílabo.
Ferreira, S. (2014). Trabalho prático em Biologia e Geologia no ensino secundário: Estudo
dos documentos oficiais e suas recontextualizações nas práticas dos professores. Tese de
doutoramento. Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
Ferreira, S., & Morais, A. M. (2014). A exigência conceptual em currículos de ciências:
Estudo do trabalho prático em Biologia e Geologia do ensino secundário. In A. M. Morais, I.
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las Ciências, 12(3), 299‐313.
Leite, L. (2001). Contributos para uma utilização mais fundamentada do trabalho
laboratorial no ensino das ciências. In H. V. Caetano & M. G. Santos (Orgs.), Cadernos
Didácticos de Ciências – Volume 1 (pp.77-96). Lisboa: Ministério da Educação.
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practical work. In J. Leach & A. Paulsen (Eds.), Practical work in science education (pp.33-
59). Denmark: Roskilde University Press.
Ministério da Educação (2001). Ensino Experimental das Ciências – Re(pensar) o Ensino das
Ciências.
Ministério da Educação (2011). Relatório final do projeto de Avaliação do impacto do
programa de formação em ensino experimental das ciências: um estudo de âmbito nacional
(novembro de 2011). Ministério da Educação e Ciência.
Morais, A. M., & Neves, I. P. (2012). Estruturas de conhecimento e exigência conceptual
na educação em ciências. Revista Educação, Sociedade & Culturas, 37, 63-88.
Tamir, P. & García Rovira, M. (1992). Características de los ejercicios de prácticas de
laboratorio incluidos en los libros de texto de ciencias utilizados en Cataluña. Enseñanza
de las Ciencias, 10(1), 3-12.
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
60
ANEXOS
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
61
ANEXO 1 – AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS INTERVENCIONADOS
Área Territorial da Inspeção
Agrupamentos Concelho
NORTE
Escolas Gomes Teixeira, Armamar Armamar
Escolas de Eiriz, Baião Baião
Escolas de Braga Oeste Braga
Escolas das Marinhas, Esposende Esposende
Escolas Dr. Vieira de Carvalho, Maia Maia
Escolas de Melgaço Melgaço
Escolas de Mirandela Mirandela
Escolas de Paredes de Coura Paredes de Coura
Escolas Joaquim de Araújo, Penafiel Penafiel
Escolas de Freixo, Ponte de Lima Ponte de Lima
Escolas Pêro Vaz de Caminha, Porto Porto
Escolas de Aver-o-Mar, Póvoa de Varzim Póvoa de Varzim
Escolas de Ribeira de Pena Ribeira de Pena
Escolas de São João da Pesqueira São João da Pesqueira
Escolas D. Afonso Sanches, Vila do Conde Vila do Conde
CENTRO
Escolas Rio Novo do Príncipe, Cacia, Aveiro Aveiro
Escolas de Carregal do Sal Carregal do Sal
Escolas José Silvestre Ribeiro, Idanha-a-Nova Idanha-a-Nova
Escolas D. Dinis, Leiria Leiria
Escolas da Lousã Lousã
Escolas de Trancoso Trancoso
SUL
Escolas António Gedeão, Almada Almada
Escolas de Arraiolos Arraiolos
Escolas de Samora Correia, Benavente Benavente
Escolas D. Lourenço Vicente, Lourinhã Lourinhã
Escolas de Mora Mora
Escolas de Moinhos da Arroja, Odivelas Odivelas
Escolas Vasco Santana, Odivelas Odivelas
Escolas Dr. Francisco Fernandes Lopes, Olhão Olhão
Escolas Navegador Rodrigues Soromenho, Sesimbra Sesimbra
Escolas D. José I, Vila Real de Santo António Vila Real de Santo António
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
62
ANEXO 2 – LISTA DE ALGUNS MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
ED.
PRÉ-ESC. 1.º
CICLO 2.º
CICLO
Amperímetros 3,2 16,1 67,7
Balanças 67,7 96,8 83,9
Bússolas 58,1 80,6 93,5
Centrifugadoras 3,2 3,2 48,4
Circuitos elétricos 25,8 58,1 71,0
Condensadores 6,5 3,2 58,1
Dinamómetros 6,5 12,9 77,4
Esqueleto humano 51,6 74,2 87,1
Estufas 29,0 51,6 71
Hotte 0 12,9 45,2
Ímanes 51,6 58,1 77,4
Lupas 77,4 93,5 100
Microscópios 64,5 87,1 100
Modelos anatómicos 45,2 74,2 93,5
Modelos moleculares 0 3,2 71
Mufla 3,2 3,2 45,2
Multímetro 6,5 9,7 61,3
Pilhas 41,9 54,8 61,3
Termómetros 58,1 87,1 96,8
Outros 48,4 64,5 77,4
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
63
ANEXO 3 – ATIVIDADE PRÁTICA. CAMPOS DE OBSERVAÇÃO E
INDICADORES (MÉDIAS)
Campo de observação Indicadores
EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
A organização da sala é adequada à
atividade desenvolvida
A disposição das mesas, dos equipamentos e dos materiais
facilita o desenvolvimento do trabalho em curso 3,1 3 2,8
Permite a concentração nas tarefas 2,9 3 3
Induz a interação entre as crianças/alunos 2,9 2,9 2,7
O docente efetua uma introdução à
atividade a desenvolver
Contextualiza na perspetiva de CTSA e diagnostica as
conceções alternativas 2,3 2,4 2,3
Explicita os objetivos (saber, saber fazer, saber estar) 2,4 2,6 2,5
Explicita os critérios de avaliação (saber como evidenciar as
aprendizagens) - 2 2,4
O docente orienta a atividade
promovendo a participação das
crianças/ alunos
Suscita a pesquisa e o debate de ideias 2,7 2,7 2,8
Permite o trabalho autónomo (individual ou em grupo) 2,9 2,8 3,1
Considera os diferentes ritmos de aprendizagem 2,9 2,8 2,6
O docente fomenta uma linguagem
rigorosa
Utiliza uma linguagem clara e precisa em termos científicos 2,8 2,9 3,5
Define/explica, com correção, os termos e conceitos
científicos 2,7 2,9 3,5
Promove a correta utilização do vocabulário 2,9 2,8 3,3
As crianças/ alunos refletem sobre as
suas ações
Interagem verbalmente sobre a atividade 3 2,9 2,8
Relacionam os conteúdos abordados com aprendizagens
anteriores (atividades, conhecimentos e capacidades
de processos científicos)
2,6 2,6 3
Colocam questões ou dúvidas sobre a matéria lecionada 2,7 2,6 2,8
A atividade prática desenvolvida
permite alcançar os objetivos
definidos
A metodologia utilizada adequa-se à temática em estudo 2,8 2,8 3
Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens 3,1 3 3,2
As crianças/ alunos evidenciam compreender os conteúdos
abordados 2,9 2,9 3,1
O docente certifica-se da efetividade
das aprendizagens face aos objetivos
definidos
Recorre a instrumentos de registo e de avaliação 2,4 2,6 2,9
Coloca questões e responde às dúvidas das crianças/alunos 2,9 2,9 3,1
Efetua sínteses dos trabalhos (com ou sem a participação
das crianças/alunos) 2,7 2,8 3,1
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
64
ANEXO 4 – TRABALHO DE BASE LABORATORIAL. CAMPOS DE
OBSERVAÇÃO E INDICADORES (MÉDIAS)
Campo de observação Indicadores
EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
A organização da sala é adequada à
atividade desenvolvida
A disposição das mesas, dos equipamentos e dos materiais
facilita o desenvolvimento do trabalho em curso 3,2 3,1 3,2
Permite a concentração e interação entre as crianças/alunos 3,3 3,1 3,2
Assegura as condições de higiene e segurança 3,3 3,2 3
O docente efetua uma introdução à
atividade a desenvolver
Contextualiza na perspetiva de CTSA e diagnostica as
conceções alternativas 2,2 2,4 2,3
Explicita os objetivos (saber, saber fazer, saber estar) 2,7 2,6 2,5
Explicita os critérios de avaliação (saber como evidenciar as
aprendizagens) - 2,2 2,2
O docente orienta a atividade
promovendo a participação das
crianças/alunos
Suscita a pesquisa e o debate de ideias 3,2 3 2,9
Permite o trabalho autónomo (individual ou grupo) 3 3,2 3,2
Considera os diferentes ritmos de aprendizagem 2,9 3 2,9
A atividade é orientada por um
protocolo laboratorial ou afim
(questão-problema, material,
procedimento,
métodos de recolha e de
registo de dados, interpretação e
discussão dos resultados)
Facilitador do trabalho 2,6 3,3 3,1
Estruturado com a participação das crianças/alunos 2,2 2,1 1,8
Mobilizador de conhecimentos e capacidades investigativas 2,5 3 2,8
O docente fomenta uma linguagem
rigorosa
Utiliza uma linguagem clara e precisa em termos científicos 2,9 3 3,4
Define/explica, com correção, os termos e conceitos
científicos 3 3,1 3,2
Promove a correta utilização do vocabulário 3 3,1 3
As crianças/ alunos estão ativamente
envolvidos
Realizam a atividade seguindo os procedimentos do protocolo
ou afim 2,4 3,2 3,2
Manipulam os materiais e equipamentos 2,9 3,3 3,3
Cooperam e partilham tarefas 2,8 2,9 3,1
As crianças/ alunos refletem sobre as
suas ações
Interagem verbalmente sobre a atividade 2,9 3 3
Relacionam os conteúdos abordados com aprendizagens
anteriores (atividades, conhecimentos e capacidades de
processos científicos)
2,6 2,8 2,8
Colocam questões ou dúvidas sobre a matéria lecionada 2,8 2,8 2,9
O trabalho de base laboratorial
desenvolvido permite alcançar os
objetivos definidos
A metodologia abordada adequa-se à temática em estudo 3 3,2 3,2
Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens 3,5 3,3 3,4
As crianças/ alunos evidenciam compreender os conteúdos
abordados 3,2 3,3 3,1
O docente certifica-se da efetividade
das aprendizagens face aos objetivos
definidos
Recorre a instrumentos de registo e de avaliação 2,6 2,8 2,9
Coloca questões às crianças/alunos 3,2 3,1 3,1
Efetua sínteses dos trabalhos com a participação das
crianças/alunos ou solícita a elaboração de relatórios ou
afins
3,2 3 2,8
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
65
ANEXO 5 – TRABALHO DE BASE EXPERIMENTAL. CAMPOS DE
OBSERVAÇÃO E INDICADORES (MÉDIAS)
Campo de observação Indicadores
EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
A organização da sala é adequada à
atividade desenvolvida
A disposição das mesas, dos equipamentos e dos materiais
facilita o desenvolvimento do trabalho em curso 3,4 3,4 2,7
Permite a concentração nas tarefas 3,3 3,2 2,7
Assegura as condições de higiene e segurança 2,9 3,3 2,7
O docente efetua uma introdução à
atividade a desenvolver
Contextualiza na perspetiva de CTSA e diagnostica as
conceções alternativas 2,8 2,8 2,7
Explicita os objetivos (saber, saber fazer, saber estar) 2,5 2,5 3
Explicita os critérios de avaliação (saber como evidenciar as
aprendizagens) - 2 1,3
O docente orienta a atividade
promovendo a participação das
crianças/alunos
Suscita a pesquisa e o debate de ideias 2,7 3,2 1,3
Permite o trabalho autónomo (individual ou grupo) 3 3,2 2,3
Considera os diferentes ritmos de aprendizagem 2,7 2,8 1,7
A atividade é orientada por um
protocolo experimental ou afim
(questão-problema, material,
procedimento,
métodos de recolha e de
registo de dados, interpretação e
discussão dos resultados)
Facilitador do trabalho 2,7 3,2 2
Estruturado com a participação das crianças/alunos 2,5 2,3 1,3
Mobilizador de conhecimentos e capacidades investigativas 2,7 3 2
O docente fomenta uma linguagem
rigorosa
Utiliza uma linguagem clara e precisa em termos científicos 2,6 3,4 2,7
Define/explica, com correção, os termos e conceitos
científicos 2,5 3,2 2,7
Promove a correta utilização do vocabulário 2,4 3,3 2,3
As crianças/ alunos estão ativamente
envolvidos
Realizam a atividade seguindo os procedimentos do protocolo
ou afim 3,1 3,3 2,7
Manipulam os materiais e equipamentos 3 3,4 2,7
Controlam e manipulam variáveis 2,8 2,9 2,3
As crianças/ alunos refletem sobre as
suas ações
Interagem verbalmente sobre a atividade 3 3,4 2
Relacionam os conteúdos abordados com aprendizagens
anteriores (atividades, conhecimentos e capacidades de
processos científicos)
2,7 2,9 2
Colocam questões ou dúvidas sobre a matéria lecionada 2,6 3,1 1,7
O trabalho de base experimental
desenvolvido permite alcançar os
objetivos definidos
A metodologia abordada adequa-se à temática em estudo 3,2 3,2 2,7
Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens 3,5 3,4 3
As crianças/ alunos evidenciam compreender os conteúdos
abordados 2,9 3,2 2,7
O docente certifica-se da efetividade
das aprendizagens face aos objetivos
definidos
Recorre a instrumentos de registo e de avaliação 2,9 2,7 2,7
Coloca questões às crianças/alunos 3,1 3,3 1,7
Efetua sínteses dos trabalhos com a participação das
crianças/alunos ou solícita a elaboração de relatórios ou
afins
2,6 3,4 1,7
GESTÃO DO CURRÍCULO: ENSINO EXPERIMENTAL DAS CIÊNCIAS – RELATÓRIO 2016
66
ANEXO 6 – TRABALHO DE CAMPO. CAMPOS DE OBSERVAÇÃO E
INDICADORES (MÉDIAS)
Campo de observação Indicadores
EPE 1.º
ciclo 2.º
ciclo
O local e os instrumentos de recolha
selecionados são adequados à
atividade desenvolvida
Permitem a observação direta do objeto de estudo 3 4 3
Permitem a recolha ou registo fotográfico ou gráfico dos
materiais previstos 3 4 4
Permitem a seleção, etiquetagem e transporte adequados 3 3 3
O docente efetua uma introdução à
atividade a desenvolver
Contextualiza na perspetiva de CTSA e diagnostica as
conceções alternativas 3 3 3
Explicita os objetivos (saber, saber fazer, saber estar) 3 3 4
Explicita os critérios de avaliação (saber como evidenciar as
aprendizagens) 2 3 3
O docente orienta a atividade
promovendo a participação das
crianças/alunos
Suscita a pesquisa e o debate de ideias 3 3 4
Permite o trabalho autónomo (individual ou grupo) 3 3 4
Considera os diferentes ritmos de aprendizagem 3 3 3
A atividade é orientada por um
guião/roteiro ou afim (questão-
problema, itinerário, material,
procedimento,
métodos de recolha de
materiais e de registo de dados,
interpretação e discussão dos
resultados)
Facilitador do trabalho 3 4 3
Estruturado com a participação das crianças/alunos 3 2 3
Mobilizador de conhecimentos e capacidades investigativas 3 3 3
O docente fomenta uma linguagem
rigorosa
Utiliza uma linguagem clara e precisa em termos científicos 3 4 4
Define/explica, com correção, os termos e conceitos
científicos 3 4 4
Promove a correta utilização do vocabulário 3 4 4
As crianças/ alunos estão ativamente
envolvidos
Realizam a atividade seguindo as orientações do
guião/roteiro ou afim 3 4 3
Manipulam os materiais e equipamentos 3 4 3
Cooperam e partilham tarefas 3 3 4
As crianças/ alunos refletem sobre as
suas ações
Realizam a atividade seguindo as orientações do
guião/roteiro ou afim 3 3 4
Relacionam os conteúdos abordados com aprendizagens
anteriores (atividades, conhecimentos e capacidades de
processos científicos)
3 3 3
Colocam questões ou dúvidas sobre a matéria lecionada 3 3 4
O trabalho de campo desenvolvido
permite alcançar os objetivos
definidos
A metodologia abordada adequa-se à temática em estudo 3 4 4
Os materiais utilizados otimizam as aprendizagens 3 4 3
As crianças/ alunos evidenciam compreender os conteúdos
abordados 3 3 3
O docente certifica-se da efetividade
das aprendizagens face aos objetivos
definidos
Recorre a instrumentos de registo e de avaliação 3 4 3
Coloca questões às crianças/alunos 3 3 3
Efetua sínteses dos trabalhos com a participação das
crianças/alunos ou solícita a elaboração de relatórios ou
afins
3 3 3