Post on 11-Dec-2016
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAISPREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS PINHAISSECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃOSECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
Seminário Seminário Educação Inclusiva: direito à Educação Inclusiva: direito à diversidadediversidade
Musicalização na Educação Especial
guilhermeromanelli@ufpr.br
Quem sabe música?Quem sabe música?
Quem sabe música?Quem sabe música?
Cada pessoa sabe mais música do que imagina – vivemos todos em um mundo essencialmente sonoro e musical
Somos TODOS musicais
“A inclinação para a música revela-se na primeira infância, é manifesta e essencial em todas as culturas e provavelmente remonta aos primórdios da nossa espécie. Essa ‘musicofilia’ é um dado da natureza humana. Ela pode ser desenvolvida ou moldada pela cultura em que vivemos, pelas circunstâncias da vida e pelos talentos e deficiências que temos como indivíduos.” (SACKS, 2007, p. 9 e 10)*
* SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 .
O que é música?O que é música?
Música é linguagem?
O que é música?O que é música?
• Será uma linguagem?
Não, para Borges Neto, para quem tal relação não passa de uma metáfora *
• George Lakoff e Mark Johnson (Metáforas da Vida Cotidiana, 1980)– “Coisas” cognitivamente simples– “Coisas” cognitivamente complexas - metáforas
* BORGES NETO, José. Música é linguagem? In Anais do Primeiro Simpósio de Cognição e Artes Musicais. Curitiba:Deartes - UFPR, 2005.
O que é música?O que é música?
Será uma linguagem?
1.
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O que é música?O que é música?
Será uma linguagem?
1. Richard Wagner (1813 - 1883) “A cavalgada das valquírias”
1.
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O que é música?O que é música?
Será uma linguagem?
1. Richard Wagner (1813 - 1883) “A cavalgada das valquírias”
1. Ennio Morricone (1928 - ) “Alone”
1.
O que é música?O que é música?
Será uma linguagem?
1. Richard Wagner (1813 - 1883) “A cavalgada das valquírias”
1. Ennio Morricone (1928 - ) “Alone”
1. Dimitri Shostakovich (1906 – 1975) Symphony No.10, II movimento - Allegro.
A música na históriaA música na história
• Anônimo “Ave Maria” – Monges Beneditinos do Mosteiro da Ressurreição, Ponta-Grossa PR
– Temporalidade diluída
– Amplitude espacial
Catedral de São Pedro de Beauvais no departamento de l’Oise, norte da França. Fonte: http://picardietourisme.com
48 metros de altura
A música na históriaA música na história
• Antônio Vivaldi (1678 – 1741) “La tempesta di mare” Concerto nº. 5 em mi bemol maior
– Contrastes: tensão e relaxamento; claro e escuro
– Sedução *
* SALA, Dalton. Ensaios sobre Arte Colonial Luso-brasileira. São Paulo: Landy, 2002.
Fonte: http://www.skyscrapercity.com
Igreja Nossa Senhora das Correntes, séc. XVIII, Penedo AL
Convento Nossa Senhora dos Anjos, séc. XVIII, Penedo AL
Onde a música acompanha o Onde a música acompanha o nosso cotidiano?nosso cotidiano?
• A música se faz presente momentos mais importantes das nossas vidas
• A música é amplamente explorada pela mídia– Publicidade– Novelas e filmes
• A criança deve se preparar para desenvolver autonomia diante do mundo sonoro e musical em que vive
As três dimensões da música e As três dimensões da música e suas implicações para a suas implicações para a
educaçãoeducação• Dimensão cultural - sociologia e história
– A necessidade de ampliar repertório– Compreender a música enquanto elemento cultural– Conhecer os códigos musicais da sociedade na qual vive
• Dimensão pessoal - psicologia– O espaço para experimentar o fazer musical– O respeito à musicalidade das crianças– A construção da “trilha sonora” de cada criança
• Dimensão universal (?) – efeitos acústicos– A exploração do som – objetos sonoros e instrumentos
Do 2 528 Hz 2:1
Si 1 495 Hz 15:8Si b 1 475 Hz 9:5La 1 440 Hz 5:3La b 1 422 Hz 8:5Sol 1 396 Hz 3:2Fa # 1 367 Hz 25:18Fa 1 352 Hz 4:3Mi 1 330 Hz 5:4Mi b 1 317 Hz 6:5Re 1 297 Hz 9:8Do # 1 275 Hz 25:24Do 1 264 Hz 1:1
Por que se desenvolver Por que se desenvolver artisticamente?artisticamente?
Para Lima Barreto (1881 – 1922) Mulato com visão crítica do regime republicano.
“ O homem, por intermédio da arte, não fica adstrito aos preconceitos e preceitos de seu tempo, de seu nascimento, de sua pátria, de sua raça; ele vai além disso, mais longe do que pode, para alcançar a vida total do Universo”*
* BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2010
A musicalização na educação especial
• Proposta de educação inclusiva:– Proporcionar à criança especial as
mesmas oportunidades de acesso ao desenvolvimento musical:
• Respeitando suas particularidades• Valorizando a música como forma de
comunicação
Objetivos da música na Educação
• A MUSICALIZAÇÃO - “alfabetização musical”, ou fluência na linguagem musical.
• Apreciar, fazer e interpretar * e **• Ampliação de repertório• Interação com o mundo sonoro• Compreender a música como elemento cultural• Conhecer os códigos musicais da sociedade na
qual vive
* MOTA, Graça. O ensino da música em Portugal. In A educação musical nos países de línguas neolatinas. Org: L. Hentschke. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2000.
** Ver ‘Abordagem triangular do ensino da arte’ in BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva; Porto Alegre: Fundação IOCHPE, 1991.
Música na educação
A. Cantar muito
A. Explorar o mundo sonoro
A. Ouvir muita música
A. Ter contato com música ao vivo
A - Cantar muito
• Começar pelo repertório que conhecemos– Ênfase no cancioneiro folclórico infantil
• Ex. Cancioneiro Folclórico Infantil – BambalalãoEx. Cancioneiro Folclórico Infantil – Bambalalão
• Não ter medo de cantar• Utilizar apoios harmônicos
– Violão, piano ou tecladoViolão, piano ou teclado– Play-backPlay-back
• Ex. Palavra Cantada - ÁfricaEx. Palavra Cantada - África
B - A exploração do mundo sonoro
Interação com o mundo sonoro por meio da percepção e exploração– Ouvir mais Ouvir mais – Ouvir melhorOuvir melhor– Fazer sons com o corpoFazer sons com o corpo– Explorar objetos sonoros (banco de sons)Explorar objetos sonoros (banco de sons)– Estabelecer relações entre sons criados e Estabelecer relações entre sons criados e
sons existentessons existentes– Ex. Barbatuques – Baião destemperadoEx. Barbatuques – Baião destemperado
C - Ouvir muita música
1. Preparar a audição
1. Ouvir muita música diferente
1. Estabelecer relações entre diferentes Músicas
1. Ouvir música ativamente
1. Primar pela qualidade da audição
1. Preparar a audição
• Exercícios regulares de “silêncio”• Objetivos: diminuir o ruído de fundo e
ampliar a percepção• Sempre baseado em uma brincadeira• Exemplo 1
– Quem consegue ouvir mais longe?• Exemplo 2
– Onde está o relógio?
2. Ouvir muita música diferente
• Essencial para ampliar repertório (criatividade)• Ouvir, cantar e tocar muita música na sala de
atividade• Qual é o tipo de música que se deve ouvir na
sala de atividade?– Todos os tipos, priorizando:
• Qualidade– Gravações feitas com instrumentos “de verdade”
• Variedade– Aquilo que dificilmente a criança descobriria por meio dos
veículos mediáticos
2. Ouvir muita música diferente
– Variedade (exemplos):
• Qualidade– “A casa” – versão em violão - música
transposta para versões “infantis” de boa qualidade
– “A casa” – Vinícius de Moraes – versão original• Variedade
– “Zintombi” – Ladysmith Black Mambazo– “Lembrando Waldir” – Cláudio Menandro
2. Ouvir muita música diferente
– O que evitar:
• Músicas inteiramente gravadas com sons de computador ou teclado
• Apenas músicas “da moda” – as crianças já têm contato com essas músicas no seu cotidiano. Nossa função é trazer músicas diferentes
2. Ouvir muita música diferente
– O que evitar (exemplos)
• Bach – Concerto de Brandenburgo nº2 - Allegro”– Versão Original– Versão MIDI – (encarte Nova Escola)
• Palestrina - Missa Papae Marcelli – Versão Original – Tallis Scholars– Versão MIDI – (encarte Nova Escola)
2. Ouvir muita música diferente
– Nem toda música MIDI é ruim!
• Cancioneiro Infantil – Cai cai Balão– Versão MIDI explorando sons inexistentes
• Jean Michel Jarre – Globe Trotter– Versão MIDI explorando sons inexistentes
2. Ouvir muita música diferente
– Onde encontrar repertório?– Buscar o não conhecido:
• Em casa– CDs não ouvidos– Discos em vinil
• Na família• Com colegas de trabalho
3. Estabelecer relações entre diferentes músicas
• Princípio da criatividade (comparação de repertório)
• Exemplo 1– Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
“Prelúdio e fuga nº. 1 em dó maior”
3. Estabelecer relações entre diferentes músicas
• Princípio da criatividade (comparação de repertório)
• Exemplo 1– Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
“Prelúdio e fuga nº. 1 em dó maior”
– Charles Gounod (1818-1893) “Ave Maria”
3. Estabelecer relações entre diferentes músicas
“Vinhetas escolares”– As crianças são musicalmente ativas
• Ex. uma criança de três anos ao piano
• A pseudo-simplicidade– Johann Pachelbel (1653-1703) - “Canon”
• Frère Jacques * CAMPBELL, Patricia. Songs in their heads: music and its meaning in children’s lives. New York: Oxford University Press, 1998.
Frère Jacques (é um canon!)
Frère Jacques,Frère Jacques,
Dormez vous?Dormez vous?
Sonnez les matines,Sonnez les matines,
Din, din, don!Din, din, don!
* Lembrar que cantar é essencial na relação com a música – também é uma forma de audição
4. Ouvir música ativamente
• Audição ativa – Wuytack e Palheiros– Antes – Durante – Depois
• Estimular a resposta corporal
•WUYTACK J.; PALHEIROS, G. Audição Musical Activa.Porto: Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995
4. Ouvir música ativamente
• A narrativa a partir da música– Ênfase em músicas instrumentais– Construção de narrativas coletivas– Possível interface com o desenho
• Exemplo:– John Williams (1932) – “My best friend’s
wedding”
•WUYTACK J.; PALHEIROS, G. Audição Musical Activa.Porto: Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995
Leroy Anderson (1908 – 1975) Leroy Anderson (1908 – 1975) “The “The Typewriter” Typewriter” – Concerto para máquina de – Concerto para máquina de escrever e orquestra. escrever e orquestra.
• Explorar os sons de um objeto - máquinaExplorar os sons de um objeto - máquina
• Os conceitos: a explicação sobre “concerto” Os conceitos: a explicação sobre “concerto”
• O humor no processo de aprendizagem O humor no processo de aprendizagem
• Temas transversais – homem e máquinaTemas transversais – homem e máquina
4. Ouvir música ativamente
5. Primar pela qualidade da audição
• A “sacralização” dos momentos de escuta• Qualidade nos processos de reprodução –
essencial para ‘seduzir’ as crianças– É necessário ter respeito com o discurso musical *– Qualidade da mídia
• Escolher os recortes – adequar-se à faixa etária• Possibilidade de utilizar Celulares e MP3 players
– Qualidade do amplificador• Ligar o rádio à caixa amplificada (cabo RCA–P2 ou P10–P2)• Colocar a caixa sobre uma cadeira (direcionamento dos
agudos)•SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.
D - Ter contato com música ao vivo
• Músicos da comunidade– Levantamento de músicos e seus Levantamento de músicos e seus
instrumentosinstrumentos– Antes – aguçar a curiosidade da criançaAntes – aguçar a curiosidade da criança– Durante – conduzir a experiência ao vivoDurante – conduzir a experiência ao vivo– Depois – refletir sobre a experiênciaDepois – refletir sobre a experiência
O que aprender com nossos “especiais”
Caso 1 – O paciente iraniano
Caso 2 – “Djô” o menino musical
Caso 3 – A síndrome de Williams
Síndrome de Williams
• Sujeitos hipermusicais• Distúrbio congênito – QI < 60 (maioria),
mas com três inclinações pronunciadas:– Musical, narrativa e social.
• Impressionante sensibilidade à música a todo tipo de som (ruídos tênues) – Ruídos e música são mais próximo que
imaginamos (Ver “A música que soa...”)
Síndrome de Williams
• Desde muito pequenos os portadores da SW são muito receptivos à música.
“Majestic, um menino miúdo de três anos, era retraído e não respondia a nenhuma pessoa ou coisa em seu ambiente. Estava produzindo sons curiosos de todo tipo, mas quando Charlotte [musicoterapeuta] começou a imitá-los, imediatamente chamou a atenção do garoto” (SACKS, 2007, p. 305).*
* SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 .
Consequências da audição musical
• O “Efeito Mozart” O “Efeito Mozart” **
• Mitos sobre os efeitos da música no desenvolvimento Mitos sobre os efeitos da música no desenvolvimento intelectual das criançasintelectual das crianças
• A música para acalmarA música para acalmar• Equívocos ao relacionar automaticamente a música Equívocos ao relacionar automaticamente a música clássica ao relaxamento das criançasclássica ao relaxamento das crianças
* ILARI, Beatriz. A música e o desenvolvimento da mente no início da vida: investigação, fatos e mitos. In. Anais do 1º Simpósio Internacional de Cognição e Artes Musicais. Curitiba: UFPR, 2005.
Consequências da audição musical
•A música é uma brincadeira de A música é uma brincadeira de crianças!*crianças!*
Exemplo: A construção de uma bateria caseira
–A simulação de um show de música–O gesto musical e a aprendizagem em música–O processo de audiação *
* DELALANDE, François. La musique est um jeu d’enfant. Paris: Buchet/Chastel, 1984.** GORDON, Edwin. E. Teoria de aprendizagem musical. Lisboa: Fund. Calouste Gulbekian, 2000.
Para refletir:Para refletir:
• O encantamento para a O encantamento para a música depende do dom?música depende do dom?
Obrigado!
guilhermeromanelli@ufpr.br
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