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INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino
Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia
Área de Concentração: Medicina
MONOGRAFIA
Homeopatia e Medicina do Esporte
Michel Wassersten
Rio de Janeiro
2014
INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino
Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia
Área de Concentração: Medicina
Homeopatia e Medicina do Esporte
MICHEL WASSERSTEN
Sob a Orientação da Professora Denise Espiúca Monteiro
e Co-orientação do Professor João Pereira Telhado
Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do certificado de conclusão do curso de pós-graduação lato sensu em Homeopatia – área de Medicina.
Rio de Janeiro
2014
Wassersten, Michel Homeopatia e Medicina do Esporte/ Michel Wassersten Rio de Janeiro/ RJ: Instituto Hahnemanniano do Brasil. 2014. 41p. Orientadora: Denise Espiúca Monteiro 1. Arnica montana 2. Sedentarismo 3. Medicina do Esporte
INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino
Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Homeopatia
Área de Concentração: Medicina
Homeopatia e Medicina do Esporte
MICHEL WASSERSTEN
MONOGRAFIA APROVADA EM -----/-----/------
____________________________________________
Dr.ª Denise Espiúca Monteiro Diretora do Ambulatório Escola Professor Kamil Kuri
Instituto Hahnemanniano do Brasil (Orientadora)
____________________________________________
Dr.ª Elisa Maria de Bulhões Carvalho Instituto Hahnemanniano do Brasil
(Coordenadora)
DEDICATÓRIA
Aos professores, que continuam a me ensinar com paciência e carinho a arte homeopática de curar.
Aos pacientes, pela confiança depositada e possibilidade de transformações.
Ao Dr. Elson, pela sua generosidade, que possibilitou minha formação
homeopática.
À Dra. Fátima Almeida, responsável pelo meu encontro com a Homeopatia.
RESUMO
O sedentarismo está relacionado com a incidência e prevalência de
doenças crônico-degenerativas e representa um obstáculo à cura e à
promoção da saúde. O exercício físico, por outro lado, promove a saúde e
possui papel fundamental na prevenção primária e secundária. O estudo das
constituições homeopáticas pode auxiliar o médico homeopata na prevenção
de lesões e na melhora do desempenho atlético. A Homeopatia também pode
ser utilizada no tratamento de lesões e outras condições relacionadas ao
esporte. Os principais medicamentos utilizados na prática clínica são a Arnica
Montana, o Rhus toxicodendron e a Ruta graveolens. A experimentação do uso
da Arnica montana em atletas amadores de futebol demonstrou resultados
semelhantes ao da literatura. A Homeopatia pode contribuir como terapêutica
principal ou complementar na Medicina do Esporte.
Palavras chave: Arnica Montana, Sedentarismo, Medicina do Esporte.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
página 1. Tabela 1 32
2. Figura 1 33
3. Figura 2 34
4. Figura 3 34
5. Figura 4 34
6. Figura 5 35
7. Figura 6 35
8. Figura 7 36
SUMÁRIO
página
1. Introdução
10
2. Sedentarismo e saúde
11
3. O exercício físico no Organon
13
4. As constituições e a Medicina do Esporte
15
5. Repertório para Medicina do Esporte
17
6. Matéria médica
25
7. Experimentação da Arnica montana
29
8. Caso clínico
33
9. Discussão
37
10. Conclusões
39
11. Referências bibliográficas
40
1. INTRODUÇÃO
Dados Ministério da Saúde apontam que metade da população brasileira
está acima do peso (48,5%) e oitenta por cento está sedentária (BRASIL,
2013).
Considerando a alta prevalência do sedentarismo aliada ao significativo
risco relativo referente às doenças crônico-degenerativas, devemos incentivar a
prática regular de exercícios físicos (CARVALHO et al., 1996).
Existe uma estreita relação entre estilo de vida ativo e qualidade de vida.
Indivíduos fisicamente aptos e/ou treinados tendem a apresentar menor
incidência de doenças, o que pode ser explicado por uma série de benefícios
fisiológicos e psicológicos (CARVALHO et al., 1996).
Samuel Hahnemann, fundador da Homeopatia, pode ser considerado um
grande incentivador do que hoje compreendemos como promoção de saúde ao
atrelar ao médico a função de “conservador da saúde” que deve “conhecer os
fatores que perturbam a saúde” e “afastar os fatores que provocam e
sustentam a doença”. O sedentarismo, nesse sentido, pode ser considerado
uma noxa a ser afastada (HAHNEMANN, 1980; TEIXEIRA, 2014).
As constituições homeopáticas podem explicar as razões para alguns
indivíduos possuírem maior predisposição a desenvolver lesões ou aptidões
para determinadas modalidades esportivas.
Outro aspecto de ligação entre a Homeopatia e a atividade física é a
possibilidade do tratamento e prevenção de lesões. São inúmeros
medicamentos homeopáticos que apresentam excelentes resultados e que são
utilizados com segurança na prática clínica. (ULLMAN, 1988; KAYNE, 1992;
DEMARQUE et al., 2010).
O objetivo deste trabalho é apresentar um enfoque homeopático sobre a
importância do combate ao sedentarismo para o equilíbrio da saúde e
apresentar os principais medicamentos homeopáticos empregados no
tratamento e prevenção de lesões relacionadas à prática de exercícios físicos e
de esportes.
11
2. SEDENTARISMO E SAÚDE
O sedentarismo passou a ser considerado o fator de risco mais importante
para o desenvolvimento de doença cardiovascular - a maior causa de
mortalidade mundial. Hábitos sedentários começam na infância sendo esta
uma discussão de fundamental importância para a saúde pública (BORAITA
PÉREZ, 2008).
A incidência e prevalência de diversas doenças crônicas como doença
aterosclerótica coronariana, hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular
encefálico, doença vascular periférica, obesidade, diabetes melito tipo II,
osteoporose e osteoartrose, câncer de cólon, mama, próstata e pulmão e
ansiedade e depressão, estão diretamente relacionadas ao sedentarismo.
(CARVALHO et al., 1996).
O sedentarismo está intimamente relacionado ao aumento dos índices de
obesidade em países industrializados, sendo a obesidade considerada a
segunda maior causa de mortalidade prematura nos Estados Unidos
(MCARDLE; KATCH, F.I.; KATCH V.L., 2003; BORAITA PÉREZ, 2008).
Por volta dos cinquenta anos de idade, níveis reduzidos de testosterona e
hormônio do crescimento podem induzir modificações que acarretam no
aumento das gorduras abdominais e viscerais. Um estilo de vida ativo,
entretanto, reduz o padrão de acúmulo de gordura na vida adulta (MCARDLE;
KATCH, F.I.; KATCH V.L., 2003).
A aptidão física interage com a obesidade para baixar o risco de
comorbidades e eventos cardiovasculares. Homens obesos fisicamente ativos
apresentam menor risco de mortalidade por todas as causas que homens
magros e sedentários. O sedentarismo deve ser considerado, portanto, uma
condição clínica indesejável (CARVALHO et al., 1996; MCARDLE; KATCH, F.I.;
KATCH V.L., 2003).
Segundo posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do
Esporte, um programa regular de exercícios físicos deve possuir pelo menos
três componentes: aeróbio, sobrecarga muscular e flexibilidade, variando de
acordo com a condição clínica e os objetivos de cada indivíduo. O componente
aeróbico deve ser feito, se possível, diariamente, com duração mínima de 30 a
40 minutos. Exercícios de sobrecarga muscular e flexibilidade são mais
12
importantes a partir dos 40 anos de idade e devem ser realizados no mínimo de
duas a três vezes por semana, contemplando os principais grupos musculares
e articulações. Benefícios significativos para a saúde já podem ser obtidos com
atividades de intensidade relativamente baixa comuns no cotidiano, como
andar, subir escadas, pedalar e dançar (CARVALHO et al., 1996).
No mesmo posicionamento os autores ressaltam que todo início ou reinício
de prática de exercícios deve ser gradativo. Sempre se deve conciliar um
máximo de benefício com um mínimo de risco de lesões ou complicações, de
modo a estabelecer uma relação risco/benefício (CARVALHO et al., 1996).
13
3. O EXERCÍCIO FÍSICO NO ORGANON
Em uma de suas principais obras, Organon da Arte de Curar, Hahnemann
(1980) aborda aspectos como o modo de vida e a alimentação. Evidentemente,
o grau de urbanização e o estilo de vida sedentário não eram preocupações
essenciais no século XVIII. Apesar disso, podemos encontrar citações que nos
ajudam a refletir sobre a importância do estilo de vida nos dias atuais:
No parágrafo 77: “Os males impropriamente chamados crônicos são os
contraídos por pessoas que se expõem continuadamente a influências nocivas
evitáveis; que se habituam a abusar de líquidos ou alimentos nocivos; que se
entregam a dissipações de muitos tipos, as quais minam a saúde; que se
privam por muito tempo de coisas necessárias para o sustento da vida; que
residem em locais insalubres, principalmente em lugares pantanosos, sótãos,
porões ou outras moradias fechadas; que se privam de exercício ou de ar puro;
que arruínam a saúde, forçando o corpo ou a mente, que vivem em constante
preocupação etc [...]” (HAHNEMANN, 1980).
No parágrafo 208: “A seguir, devem ser levados em consideração a idade
do doente, seu modo de vida e de alimentação, sua situação doméstica, suas
relações sociais etc., a fim de verificar se esses elementos contribuíram para
aumentar seu mal ou até que ponto poderão favorecer ou dificultar o
tratamento [...]” (PUSTIGLIONE, 2010).
No parágrafo 244: “[...] Mas, quando um indivíduo, apesar de fazer exercício
físico suficiente e seguir um regime saudável físico e mental, não puder curar-
se da “febre intermitente dos pântanos” com uma ou algumas doses mínimas
de China, isto significa que na base da doença, como que em sua origem, está
a Psora, esforçando-se para desenvolver-se [...]” (PUSTIGLIONE, 2010).
No parágrafo 260: “Daí a cuidadosa investigação de tais obstáculos à cura
no caso de pacientes de males crônicos, pois seus males são geralmente
agravados por tais influências nocivas e outros erros causadores de moléstias,
na dieta e regime, que frequentemente, passam despercebidos”
(HAHNEMANN, 1980).
14
Encontramos no parágrafo seguinte (parágrafo 261): “O regime mais
apropriado durante o emprego de medicamentos nos males crônicos consiste
na remoção de tais obstáculos à cura, e, quando necessário, em dar o inverso:
recreação inocente moral e intelectual, exercício ativo ao ar livre em quase
todas as estações (diariamente: passeios, trabalho manual ligeiro), alimentos e
bebidas não medicinais adequadas e nutritivas, etc.” (HAHNEMANN, 1980).
Nesse sentido, o sedentarismo pode representar um obstáculo à cura,
devendo ser removido do estilo de vida do paciente a fim de acelerar o
tratamento e melhorar a qualidade de vida do indivíduo (HAHNEMANN, 1980;
TEIXEIRA, 2014).
15
4. AS CONSTITUIÇÕES E A MEDICINA DO ESPORTE
O estudo das constituições pode ajudar na prevenção de lesões no esporte
assim como na identificação de atletas com maior tendência para resistência
muscular, cansaço físico ou acúmulo de gordura.
A constituição carbônica é caracterizada por pouca flexibilidade dos
membros superiores e inferiores, que são menores que o tronco. As
articulações são rígidas, o tórax é largo e quadrado e o abdome é dilatado,
volumoso ou flácido. Músculos, tendões e ligamentos também são rígidos e
resistentes. Os ossos são desenvolvidos e largos (CARILLO JÚNIOR, 1997).
São indivíduos fortes e brevelíneos, porém vulneráveis às repercussões do
sedentarismo, pois são indivíduos que podem desenvolver hipertensão arterial
e diminuição do metabolismo basal e das trocas orgânicas. Além disso, tendem
a acumular gordura (CARILLO JÚNIOR, 1997).
Corresponde ao atleta brevelíneo ou com metabolismo lento (Maradona é
um exemplo) que pode apresentar, por exemplo, dificuldade em perder de
peso. Por outro lado, o arcabouço ósseo e muscular pode favorecer a
resistência e força física.
Carillo Júnior (1997) descreve alguns estados patológicos relacionados à
constituição carbônica. No estado potássico de adoecimento, qualquer tipo de
esforço resulta em grande fadiga geral. O indivíduo pode apresentar
enfraquecimento da musculatura lombar e tremores em membros inferiores
após algum esforço prolongado. Outras características que podem estar
presentes são dores erráticas com predominância articular, crepitações, dores
lancinantes agravadas pelo repouso e frio úmido, sensações de rigidez
muscular que melhora com movimento.
No estado sódico encontramos indivíduos com fadiga acentuada, aversão a
qualquer tipo de atividade, depressão mental e sintomas que melhoram pelo
movimento lento e agravam no final do movimento. Existe uma tendência para
entorses de tornozelo em mulheres jovens.
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O estado amoniacal é o estado patológico com predisposição à obesidade.
Ocorrem manifestações artríticas, gotosas e deformidades ósseas. O abdome
é globoso e infiltrado assim como os membros inferiores.
Já a constituição fosfórica está voltada para os indivíduos longilíneos que
apresentam esqueleto ósseo e extremidades alongados; os membros são
maiores que o tronco. O tórax também é longo e estreito e o abdome é
retraído. Possuem tendência à cifose torácica e lordose lombar compensatória.
Possuem metabolismo acelerado, porém cansam facilmente, o que pode
prejudicar o desempenho em modalidades esportivas de longa duração
O indivíduo jovem de constituição fosfórica possui crescimento alongado e
fragilização do tecido de sustentação. Isso pode acarretar na Síndrome de
Osgood-Schlatter, caracterizada clinicamente pela “dor de crescimento” em
adolescentes; cursa com dor ou desconforto na patela e na região da
tuberância tibial (CARILLO JÚNIOR, 1997; DEMARQUE et al., 2010).
Quanto aos estados patológicos, podemos encontrar dores neuríticas
violentas com surgimento e remissão súbita no estado magnesiano. No estado
potássico, ocorrem fadiga e esgotamento. No estado sódico, encontramos
crepitações nas articulações e tendões (CARILLO JÚNIOR, 1997; DEMARQUE
et al., 2010).
O tenista Gustavo Kuerten e o nadador Michael Phelps são exemplos de
atletas de constituição fosfórica predominantemente.
A constituição fluórica corresponde à morfologia assimétrica e irregular
(desenvolvimento ósseo anárquico). São indivíduos com flexibilidade
exagerada, hiperlassitude ligamentar e que podem apresentar deformidades
ósseas na coluna (lordose ou escoliose), esteófitos e exostoses. A constituição
fluórica pode predispor lesões sérias uma vez que são indivíduos com
susceptibilidade a entorses e luxações em decorrência da frouxidão ligamentar
exagerada. Possuem mãos flexíveis e dedos afilados (DEMARQUE et al.,
2010).
Garrincha, “o anjo das pernas tortas”, é um exemplo de constituição fluórica,
com implicações psíquicas própria da constituição como a tendência ao
sifilinismo (alcoolismo). Indivíduos fluóricos vão se destacar em modalidades
esportivas ou artísticas que envolvem acrobacia e contorcionismo.
18
5. REPERTÓRIO PARA MEDICINA DO ESPORTE
Há inúmeras razões para a prática regular de atividade física. Considerando
os benefícios da prática regular de exercício físico e os problemas provocados
pelo estilo de vida sedentário, parece mais adequado procurar supervisão
medica aqueles indivíduos que decide não se exercitar (ULLMAN, 1988).
Existem situações especiais em que o exercício físico deve ser
supervisionado por profissionais da área da saúde levanto em conta as
indicações e restrições médicas (CARVALHO, 1996).
As principais lesões no esporte, segundo Ullman (1988), acontecem em
praticantes de corridas. O tratamento mais comum aplicado é o descanso e
gelo. Analgésicos diminuem a dor, mas não necessariamente aceleram o
processo de cura. Aliás, a falsa sensação de não haver contusão pode
mascarar e agravar a lesão. Algumas pessoas fazem uso de Ácido
Acetilsalicílico (Aspirina®) para diminuir a dor muscular, mas como analgésico,
ela é considerada ineficaz no caso de contusões. O seu uso antes dos
exercícios pode aumentar o risco de desidratação decorrente do aumento da
sudorese e diurese. Outro efeito adverso é sua ação na coagulação sanguínea
favorecendo hemorragias em caso de contusões importantes. O uso de
corticóides é muito comum e quando usado corretamente auxilia na diminuição
da inflamação, redução da dor e processo de cura, porém infiltrações repetidas
e indiscriminadas podem gerar enfraquecimento muscular e até mesmo
repercussões imunológicas.
Os medicamentos homeopáticos podem ser usados tanto no tratamento de
lesões quanto na obtenção de melhor desempenho atlético. Outras indicações
não menos importantes são a melhora do funcionamento geral do organismo,
prevenções de lesões e modulação imunológica, prevenindo doenças como
resfriado comum, doenças respiratórias e digestivas que prejudicam
treinamentos e competições (ULLMAN, 1988).
Ullman (1988) ressalta que o tratamento homeopático das contusões é
relativamente fácil e que leigos poderiam aprender Homeopatia para tratar
contusões habituais, mas alerta que lesões crônicas demandam abordagem
19
profissional individualizada. O autor destaca em seu livro um capítulo exclusivo
sobre Medicina do Esporte. O capítulo carece de referências bibliográficas e
não orienta sobre posologias ou potências. Entretanto exemplifica dezenove
medicamentos com as principais indicações clínicas e algumas modalidades:
1- Arnica Montana: Medicamento mais comum na Medicina do Esporte.
Utilizado na fase inicial de traumatismos, entorses e dor muscular após
esforço excessivo ou exercício físico não habitual. Pode ser utilizada
previamente ao exercício na prevenção de dor muscular ou durante um
treino ou competição de longa duração. A experiência clínica demonstra
redução de cãibras, edemas e lesões em corredores de maratona. O uso da
Arnica montana também está associado à redução do tempo de
recuperação de lesões traumáticas em geral.
2- Ledum palustre: Medicamento indicado nas entorses que cursam com
hematoma ou edema, principalmente da articulação do tornozelo. (A
presença de sensibilidade após absorção do hematoma indica a utilização
de Arnica montana).
3- Bellis perenis: Utilizado em contusões com hematoma.
4- Apis mellifica: Na presença de mores musculares do tipo queimação após
treinamentos intensos, particularmente exercícios concêntricos. (Arnica
montana está também indicada). Utilizado na condromalácia patelar e nas
dores que pioram com aplicações quentes e melhoram com aplicações
frias. (Também conhecida como “joelho do corredor” ou Síndrome da dor
femoropatelar, a condromalácia patelar cursa com instabilidade nos joelhos
ao andar e correr; é uma condição dolorosa que acomete a cartilagem
situada entre a patela e o fêmur, gerando incômodo variável).
5- Rhus toxicodendron: Um dos principais medicamentos das lesões no
esporte. Apresenta como modalidade dores que agravam ao movimento
inicial e que aliviam com a continuação do movimento. Utilizado nas
entorses das articulações de tornozelos e punhos, tendinite do calcâneo,
tendinites em geral e fascíite plantar. Possui outras modalidade que é a
piora pelo tempo frio e úmido.
6- Anacardium orientale: Tendinite do calcâneo, quando a dor não piora com
o movimento.
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7- Byonia Alba: Indicada quando a dor acontece em qualquer tipo de
movimento. Medicamento utilizado nas fraturas de costelas e possui grande
tropismo pelo tórax.
8- Zincum metallicum: Entorses que melhoram lentamente.
9- Ammonium muriaticum: Distensão muscular da região posterior da coxa
(músculo bíceps da coxa, músculo semitendíneo e semimembranáceo).
10- Ruta graveolens: Contusões do periósteo, principalmente em joelho e
cotovelo, epicondilite lateral e medial, tendinites, condromalácia patelar e
dor que piora ao descer escadas.
11- Rhododendron chrysanthum: Dor que diminui com o movimento inicial.
12- Calcarea phosporica: Indicada na condromalácia patelar.
13- Magnesia phosporica: Tensão muscular, ciatalgia e cãibras que
melhoram com o calor.
14- Colocynthis: Tensão muscular, ciatalgia e cãibras que melhoram por
pressão.
15- Cuprum metallicum: Cãibras em região plantar e no músculo
gastrocnêmio.
16- Hypericum perforatum: Contusão que cursam com dores em pontadas ou
em regiões ricamente inervadas.
17- Symphitum officinale: Fraturas comuns.
18- Silicea terra: Fraturas com fragmentos ósseos.
19- Calendula oficinallis: Bolhas, lesões cortantes e queimaduras.
Kayne et al (1992) analisaram diversos medicamentos homeopáticos
emepregados nas lesões mais comuns no esporte: escoriações e ferimentos,
bolhas, lesões oculares, fraturas ósseas, lesões musculares, tendíneas e
ligamentares. Os autores ressaltam a importância da individualização de cada
caso clínico. Não há nenhuma orientação quanto às potências e posologias dos
medicamentos.
Escoriações e ferimentos:
Indicado a lavagem da lesão com solução de Calendula oficinallis em
tintura-mãe. Esta deve ser bem diluída em água a fim de prevenir sensação
ardência; Também pode ser utilizada como curativo úmido ou aplicado como
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creme, pomada e loção. O uso oral também poder ser indicado por três ou
quatro dias com dois ou três estímulos diários. A Calendula oficinallis também
possui ação na prevenção de sangramentos e infecções. Indicado na analgesia
de áreas ricas em terminações nervosas, Hypericum perforatum é um
excelente medicamento em caso de lesões cortantes e escoriações; pode ser
usado via oral ou tópica. Em caso de ferimentos infeccionados, Hepar sulphur
e Sulphur podem ser indicados. Staphysagria é utilizado em caso de cortes
profundos ou cirúrgicos. Feridas cortantes ou picadas de insetos que cursam
com dor aliviada pelo frio, Ledum palustre está indicado (KAYNE ET AL.,
1992).
As bolhas:
Bolhas podem ser causadas por calçados ou equipamentos de fricção
novos, o que causa muito incômodo para o atleta. Geralmente acontece no
inicio da temporada de treinamentos ou competições. Calendula officinalis e
Hypericum perforatum podem ser aplicados localmente. Causticum está
indicado em caso de sensação de queimação, podendo ser usado via oral,
duas vezes ao dia. Bolhas causadas por queimaduras possuem boa resposta
com Cantharis vesicatoria e Urtica urens (KAYNE ET AL., 1992).
Lesões oculares:
Ledum palustre aparece como o medicamento escolhido na equimose
periorbitária, quando há melhora por aplicações frias. Pode ser utilizado via oral
de duas em duas ou de quatro em quatros horas. Se não há melhora por
aplicação fria, o medicamento a ser pensado é Staphysagria. Outros
medicamentos importantes são Arnica montana e Symphytum officinale.
Trauma em face com fragmentação ou perda de dentes, os autores sugerem
Arnica montana imediatamente após o trauma (KAYNE ET AL., 1992).
As fraturas:
Arnica montana é o medicamento inicial que pode ser feito imediatamente
após o trauma. A principal sensação relacionada à Arnica montana é a dor que
deixa o paciente irritado e agitado, necessitando mudança de posição uma vez
que a pressão de sentar ou deitar causa dor. Symphytum officinale age no
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periósteo acelerando a neoformação óssea e cartilaginosa. Calcarea
phosphorica também é comumente utilizado nesses casos (KAYNE ET AL.,
1992).
Lesões musculares:
A distensão muscular envolve lesão de fibra muscular, mas a sobrecarga ou
tensão dolorosa pode ocorrer sem acometimento de fibra muscular. Ruta
graveolens pode ser usada nessas condições. O principal medicamento da
condição aguda é Arnica montana. Sobrecarga crônica associada à dor
intermitente e edema pode indicar o uso do Strontium carbonico, duas vezes
ao dia durante até quatorze dias (KAYNE ET AL., 1992).
Após um afastamento prolongado da prática regular de atividade física, a
maioria das pessoas pode experimentar dor ou rigidez muscular na
musculatura e nas articulações demandadas pelo exercício executado. A dor
muscular temporária inicia após o término do exercício e persiste por várias
horas. Já a dor muscular de início tardio aparece após a dor temporária,
podendo persistir por três ou quatro dias (MCARDLE; KATCH, F. I.; KATCH V.
L, 2003).
O acúmulo de lactato não está relacionado com a origem da dor como
apontam estudos científicos na área de fisiologia do exercício. A causa precisa
da dor muscular, portanto, deve ser encarada como um processo multifatorial;
O grau de desconforto da dor depende em grande parte da intensidade,
duração e tipo de esforço físico realizado. Pesquisas demonstram, por
exemplo, que exercícios de contração excêntrica desencadeiam maior
desconforto que aqueles de contração concêntrica (MCARDLE; KATCH, F. I.;
KATCH V. L, 2003).
Existem inúmeros fatores combinados que podem produzir a dor muscular
de início tardio. Dentre eles destacam-se: lacerações do tecido muscular, dano
de componentes contráteis da fibra muscular com liberação de creatina cinase
(CK), mioglobina (Mb) e troponina I (marcador específico de dano muscular);
alterações da pressão osmótica o que causa retenção de líquido nos tecidos
circundantes; espasmos musculares; estiramento excessivo do tecido
conjuntivo do músculo; inflamação aguda e alterações da regulação do cálcio
(MCARDLE; KATCH, F. I.; KATCH V. L, 2003).
23
Uma explicação proposta para a dor muscular aponta que a força muscular
desprendida em um exercício não habitual lesa o retículo sarcoplasmático
acarretando em três fenômenos: a liberação de enzimas e proteínas, lesão de
miofibrilas contráteis e de estruturas não contráteis. Os metabólitos se
acumulam em níveis anormais na célula muscular produzindo um dano maior e
consequentemente redução na capacidade de gerar força. A dor de início tardio
é considerada resultado da inflamação e hipersensibilidade que acompanha o
processo inflamatório e o processo cicatricial adaptativo (MCARDLE; KATCH,
F. I.; KATCH V. L, 2003; CHEUNG; HUME; MAXWELL, 2003).
Algo importante a ser considerado é que apenas uma única sessão de
exercício proporciona proteção significativa contra a dor muscular resultante do
exercício, tendo esse efeito uma duração de até seis semanas. Trata-se de
uma adaptação celular benéfica e por isso adaptativa, que garante ao músculo
resistência ao dano muscular do esforço físico. Daí a necessidade em iniciar
um programa de treinamento com exercícios leves a fim de conseguir uma
“adaptação” ou “proteção” contra a dor muscular que acompanha o início de
um programa de exercício físico (MCARDLE; KATCH, F. I.; KATCH V. L, 2003).
Lesões ligamentares e tendíneas:
A entorse é uma lesão mais séria que afeta ligamentos e geralmente cursa
com muita dor. Arnica montana é o principal medicamento de lesões de partes
moles. Pode ser complementado pelo Rhus toxicodendron quando na
modalização existe melhora durante o movimento. A epicondilite medial
(“cotovelo de tenista”) e a epicondilite lateral (“cotovelo de golf”) respondem
com Argentum metallicum duas vezes ao dia durante dez dias. Ruta
graveolens também está indicada. Os principais medicamentos para
condromalácia patelar são: Arnica montana, Rhus toxicondendron,
Rhododendron chrysanthum e Ruta graveolens. A presença de edema e
inflamação no joelho sugere Apis mellifica. A presença de hiperemia,
inflamação, piora com o movimento, mas melhora com repouso, pressão e frio
sugere Bryonia alba. Lombalgia é uma condição frequente em atletas e Rhus
toxicodendron e Ruta graveolens são medicamentos que quando
combinados, apresentam grande sucesso terapêutico (KAYNE ET AL., 1992).
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Dor, hematoma e edema:
Arnica montana é o medicamento da dor decorrente de trauma ou contusão
física. Mas a presença de hematoma e equimose indica o uso do Sulhpuricum
acidum; Bellis perenis está indicado quando além da equimose há dor,
sensibilidade ao toque e piora pelo frio. Bellis perenis e Hypericum
perforatum são medicamentos de escolha para hematoma em região
mamária. Hamamelis virginiana está indicado em lesões musculares com
comprometimento venoso associado (KAYNE ET AL., 1992).
Outras condições relacionadas ao esporte:
Algumas lesões dermatológicas são comuns em atletas. No caso do
impetigo, herpes simples por contato direto de roupas e toalhas compartilhadas
e as infecções por fungos com tinea pedis (nome vulgar: “pé-de-atleta”) e tinea
cruris (nome vulgar: micose na virilha), estão indicados Sepia officinalis,
Tellurium metallicum, Sulphur e Rhus toxicondendron. As verrugas
plantares são comuns em atletas que costumam andar em vestiários e
chuveiros coletivos, e que expõe a região plantar em superfícies úmidas. Os
autores sugerem dois medicamentos: Nitric acidum e Thuya occidentalis.
Nas picadas de insetos, estão indicados Apis mellifica e Ledum palustre.
Nadadores podem experimentar problemas oculares; Calendula officinalis e
Euphrasia officinalis estão bem indicados (KAYNE ET AL., 1992).
Condições relacionadas à temperatura são extremamente comuns. Natrum
carbonicum está indicado em cefaléias por exposição ao sol, após insolações
ou agravações pelo tempo quente (esse remédio é indicado em entorses de
repetição). Glonoinum também é indicado na cefaléia latejante provocada por
insolações. Belladonna pode ser empregada em cefaléias de início súbito ou
insolação e que cursa com hiperemia em face. Canthataris vesicatoria é o
medicamento sugerido para queimadura solar. Os autores sugerem Sol para
prevenir reações de exposição solar. Queimadura pelo frio em extremidades do
corpo, pensar em Agaricus muscarius, Apis mellifica e Lachesis mutus
(KAYNE ET AL., 1992; DEMARQUE et al., 2010).
Ansiedade e euforia podem afetar o desempenho em uma competição
esportiva e são queixas recorrentes entre atletas; Argentum nitricum,
Aconitum napellus e Gelsemium sempervirens estariam indicados. Insônia
25
por excitação, pensar em Passiflora incarnata e Coffea cruda. Alguns
esportes exigem concentração intensa o que pode gerar cefaléia tensional.
Nesses casos, pensar em Ignatia amara, Glonoinum e Belladonna (KAYNE
ET AL., 1992).
Diarréia por mudança súbita de hábitos alimentares, ansiedade ou estresse,
o medicamento sugerido é o Arsenicum album. Outros menos utilizados são:
Podophyllum peltatum, Veratrum album e Croton tiglium. Cocculus
indicus está indicado na presença de cinetose acompanhada de náusea e
vertigem. Tabacum quando há calafrio associado (KAYNE ET AL., 1992).
Dois medicamentos são indicados para a melhora do desempenho atlético.
Vanadium metallicum e Ferrum metallicum podem aumentar e acelerar a
oxidação celular e consequente liberação de energia. Junto com Cobaltum
metallicum, podem melhorar os reflexos neurais (KAYNE ET AL., 1992).
Não existe nenhuma contra-indicação formal quanto ao uso de Homeopatia
em atletas que são submetidos ao exame anti-doping. A Agência Mundial
Antidoping alerta que o medicamento homeopático, em alguns países onde a
qualidade da manipulação do medicamento é baixa, poderia sofrer
contaminação. Recomenda-se sempre manipular o medicamento homeopático
em farmácias confiáveis (WADA, 2014).
“Em alguns países os produtos homeopáticos, suplementos nutricionais, fitoterápicos e outros medicamentos alternativos não estão sujeitos às mesmas exigências de controle de qualidade como acontece com os produtos farmacêuticos. Portanto, substâncias com rótulos ou fabricação inadequados podem conter substâncias proibidas. Os produtos homeopáticos possuem geralmente baixa concentração de substâncias ativas, no entanto, como o rótulo geralmente não especifica ingredientes por substâncias químicas, e sim pela origem (nome da planta ou do animal é extraído), é difícil determinar se uma substância proibida pelo código pode estar presente.”
26
6. MATÉRIA MÉDICA
Neste capítulo, destaco as características farmacológicas dos três principais
medicamentos homeopáticos empregados na Medicina do Esporte. São eles:
Arnica montana, Rhus toxicodendron e Ruta graveolens.
6.1. ARNICA MONTANA
Arnica montana, conhecida pelo nome popular de “panacéia das quedas” ou
“arnica das montanhas”, pertence à família Astaraceae, que engloba outros
medicamentos homeopáticos como o Bellis perennis, Calendula officinalis e
Artemisia absinthium. Trata-se de uma planta vivaz que cresce nas campinas
das montanhas européias e é preparada a partir da planta inteira fresca
(DEMARQUE et al., 2010).
Demarque et al. (2010), apresentam um estudo farmacológico para os
componentes ativos mais importantes da arnica:
Lactonas sesquiterpênicas: são compostos orgânicos biologicamente
ativos responsáveis pelas propriedades antiinflamatória, antiequimótica
e analgésica, dentre as quais se destaca a Helenalina, componente que
possui ação antisséptica.
Flavonóides e procianidianas: polifenóis naturais que possuem efeito
cardiotônico, vasodilatador coronariano e tropismo venoso.
Ácidos fenólicos: correspondem ao ácido cafeico e clorogênico, que
possuem efeitos antibacterianos e fungicidas.
A experimentação traz sintomas locais em musculatura e capilares arteriais
e venosos, com sensação de dolorido comparável ao cansaço após sobrecarga
muscular ou contusões e extravasamento sanguíneo gerando equimoses. Os
sintomas gerais da experimentação são febre, adinamia, sensação de que a
cama está dura e o indivíduo detesta ser tocado, pois o mais leve toque
incomoda (DEMARQUE et al., 2010).
Arnica montana está indicada em qualquer lesão de origem traumática
(contusão, queda, ferimento, hemorragia), em todos os fenômenos de fadiga
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muscular (trabalhos pesados, treinos longos, esforço muscular que causa
distúrbios digestivos) e todas as patologias que acometem capilares e veias.
Também está indicada em casos de inflamação do periósteo e cartilagens
(DEMARQUE et al., 2010).
Em competições esportivas, quando o traumatismo é inevitável, o
medicamento pode ser utilizado preventivamente, dois a três dias antes.
Demarque et al. (2010) sugerem o seguinte esquema de prescrição:
Arnica montana 9 CH dose diária durante os três dias anteriores à
competição. Arnica montana 9 CH de hora em hora depois da
competição, podendo espaçar os estímulos.
Nas dores consecutivas a traumas antigos indica-se Arnica montana 15
CH, duas vezes ao dia durante três meses.
Nas situações de sobrecarga muscular indica-se Arnica montana 7 CH,
9 CH, 15 CH ou 30 CH, de hora em hora, podendo espaçar até
melhorar.
A dinâmica mental desse medicamento é caracterizada por ação profunda e
rápida em casos de esgotamento nervoso, insônia e fadiga por excessos
mentais. São indivíduos geralmente alegres que transmitem alegria; chegam a
dizer que não estão doente e que não precisam de médico ou remédio.
Possuem resistência e disposição mental. Em desequilíbrio, uma queixa
comum é a sensação de estar “amarrado” e “preso” fisicamente ou
emocionalmente. Não pode suportar que se lhe aproximem ou toquem
(ESPIÚCA, 2013).
6.2. RHUS TOXICODENDRON
O Rhus toxicodendron, conhecido popularmente como sumagre venenoso,
pertence à família dos Anacardiaceae. Corresponde a um arbusto polígamo
com folhas caducas que cresce nos Estados Unidos e Japão. Preparado a
partir de ramos frescos e jovens colhidos no fim do verão. Os principais
componentes farmacológicos, segundo Demarque et al. (2010), são:
Urushióis: óleo vegetal, derivado fenólico, responsável pelo eczema de
contato.
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Tanino gálico: polifenol com inúmeras propriedades.
Fisetina: flavonóide com propriedades antiinflamatórias;
A experimentação traz uma ação importante em tecido fibroconjuntivo
periarticular (tendões, ligamentos e aponeuroses) causando rigidez articular
dolorosa que melhora pelo movimento prolongado e calor, mas agrava pela
umidade. Causa sensação de rigidez, parestesia ou dor como se tivesse
recebido um trauma. As sensações articulares são de dores nevrálgicas
dilacerantes, repuxantes, tipo ciatalgia em todo trajeto do nervo. Existe um sinal
concomitante que é a necessidade de movimentar ou friccionar (DEMARQUE
et al., 2010).
Está indicado também na sobrecarga muscular nas potências 7 CH ou 9
CH, três vezes ao dia, um dia antes, no dia e no dia seguinte à competição.
Nos casos de entorses e luxações após redução está indicado nas potências
de 7 CH ou 9 CH, três ou quatro vezes ao dia, durante três semanas
(DEMARQUE et al., 2010).
Em relação aos sintomas mentais, são indivíduos que possuem uma
disposição para ultrapassar limites e vencer obstáculos. Por outro lado, pode
existir melancolia, tristeza e ansiedade, como se prestes a ouvir uma
calamidade. Devido à inquietação interna necessita movimentar, ou seja, são
Indivíduos agitados que se movimentam constantemente com a intenção de
aliviar suas dores e sofrimentos. O sono é agitado e sonha com as coisas que
fez ou pensou durante o dia, ou ainda com atividades físicas que lhe exijam
muito esforço. Podemos ainda observar prostação, estupor ou obnubilação.
(ESPIÚCA, 2013).
6.3. RUTA GRAVEOLENS
A Ruta graveolens é conhecida por seu nome popular, arruda, e pertence à
família das Rutacea. É uma planta das colinas áridas da Europa meridional e o
medicamento é preparado de partes frescas desprovidas das partes lenhosas
antes da floração. Contém os seguintes compostos ativos conforme Demarque
et al. (2010):
Rutosídeo: glicosídeo flavonóide que possui efeito venotônico e
antiinflamatório.
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Alcalóides.
Furanocumarina: metabólito que pode induzir fotossensibilização
cutânea.
A experimentação patogenética demonstra tropismo pelo periósteo,
aponeuroses tendões e cartilagens, com ação sobre músculos, punhos e
tornozelos. O paciente apresenta sensações de amortecimento, dores como
quebradeiras, rigidez em articulações punhos, tornozelos e coluna vertebral,
sensação de encurtamento de tendões, dores nas partes do corpo em contato
com a cama, obrigando o individuo a mudar de posição assim como acontece
com Arnica montana e Rhus toxicodendron.
Possui como modalidades a agravação pelo repouso e frio úmido e a
melhora pelo movimento e calor. Está indicada na estafa física, contusões de
periósteo, entorses que atingem tendões e ligamentos, dores de luxação após
redução, tendinites, periostites, periartrites e tendinites do tendão do calcâneo
(DEMARQUE et al., 2010).
Demarque et al. (2010) sugerem a potência de 5 CH ou 7 CH, duas a quatro
vezes ao dia, durante 15 dias.
A experiência clínica de vários homeopatas sugere o uso dos três
medicamentos associados em fórmulas ou individualmente.
30
7. EXPERIMENTAÇÃO DA ARNICA MONTANA
Apresento a seguir a experiência do emprego da Arnica montana em atletas
amadores de futebol. A experimentação foi realizada em quinze atletas
amadores de futebol, que participam semanalmente dessa prática esportiva. O
estudo foi realizado durante seis semanas consecutivas, incluindo os meses de
julho e agosto de 2014.
A cada semana, antes do início do exercício físico, foi oferecido uma dose
única de Arnica montana 200 CH, 10 gotas. O goleiro M.S. recebeu o mesmo
tratamento com Arnica montana 200 CH, em dose única semanal enquanto o
Goleiro F.P. recebeu Arnica montana 30 CH, 02 tabletes, diariamente. A coleta
de dados era realizada na semana seguinte e o avaliador destacava as
principais sensações relacionadas ao desempenho atlético ou possíveis lesões
ocorridas. Não houve a intenção nem a possibilidade de aplicar qualquer
metodologia científica rigorosa. Os relatos dos dois goleiros assim como os
pincipais relatos dos jogadores de linha estão expostos abaixo (tabela 1):
Primeira semana:
“A fisgada da coxa direita (posterior), não senti no dia seguinte”. E.L.
“Senti disposição na hora do jogo. Senti dor nas costas e na
panturrilha esquerda no dia seguinte. Estava parado há uma
semana. Mas durante a semana joguei futebol três dias
normalmente”. G.S.
“Estou sem dor. Esqueci de tomar por dois dias”. Goleiro F.P.
“Não melhorei”. Goleiro M.S.
Segunda semana:
“Sensação de disposição do dia seguinte”. E.L.
“Não senti a dor no tornozelo (esquerdo)”. L.P.
“Recebi uma pancada na coxa direita que doeu até segunda-feira.
Nadei melhor”. R.F.
“Melhorei da fisgada na posterior da coxa direita”. T.L.
31
“Não teve diferença”. Goleiro F.P.
“Melhorei da dor no joelho (direito). Mas achei que foi psicológico”.
Goleiro M.S.
Terceira semana:
“Aumentei a carga da musculação no dia seguinte”. R.M.
“Recebi um trauma e senti uma fisgada na coxa durante o jogo. No
dia seguinte não senti nada”. M.W.
“Melhorei completamente da “canelite” (esquerda)”. R.F.
“Melhorei em dois dias de uma dor na coxa direita que já vinha da
semana passada”. T.L.
“Senti dor no tornozelo esquerdo e joelho direito no dia seguinte”. J.J.
“Dor no corpo inteiro, dor de quebrado”. Goleiro F.P. (Esse relato foi
interpretado, posteriormente, como o único episódio de patogenesia).
“Sem melhoras”. Goleiro M.S.
Quarta semana:
“Posterior está melhorando, sentindo cada vez menos o incômodo da
fisgada, que era diário. Não alterou o cansaço no dia seguinte”. E.L.
“Deu um “levante”. Sábado não joguei porque estava muito cansado.
Mas senti um efeito positivo”. G.S.
“Power arnica. Aparentemente aumentou minha resistência
muscular. Tem algum efeito antiinflamatório?” J.J.
“Tive um cansaço físico no dia seguinte, dor de garganta que durou
dois, três dias”. H.K.
“Senti as duas pernas pesadas, travadas. Melhorou jogando. Joguei
no dia seguinte”. T.L.
“Não senti alterações. Senti o corpo menos doído”. R.F.
“Dor nas costas”. Goleiro F.P.
“Dor no ombro, mas é antigo”. Goleiro M.S.
Quinta semana:
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“A fisgada da coxa sumiu”. E.L.
“Incômodo na virilha. No dia seguinte corri 21 km sem dor. Fiquei
surpreso”. T.L.
“Não tive a sensação de quebrado no dia seguinte. Menos cansaço”.
R.F.
“Lombalgia. Tenho tomado todos os dias. Parei de tomar remédios
(dipirona e diclofenaco)”. F.P.
“Dores no ombro e joelho”. M.S.
Sexta semana:
“Numa proporção acredito que 10% no dia seguinte. E 80% após 48
horas. Essa foi uma análise criteriosa para seus estudos”. A.P.
“Não senti muita diferença não. Fiquei dolorido no dia seguinte na
coxa e panturrilha! Ainda tomei uma pancada no joelho, que hoje tá
melhor, mas ontem tava dolorido”. G.S.
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Tabela 1 – Sensações dos participantes após o uso da Arnica montana – Rio
de Janeiro – 2014.
10/07/14 17/07/14 24/07/14 31/07/14 07/08/14 14/08/14
E.L. Melhora da fisgada da coxa
Disposição no dia seguinte
Sem alterações
Posterior está melhorando
A fisgada da coxa sumiu
M.W. Sensação boa no corpo
Trauma na coxa. No dia seguinte sem dor
Menos cansaço no dia seguinte. Ciatalgia
Lesão traumática em tíbia
G.S. Senti dor nas costas e na panturrilha esquerda/ Disposição no jogo
Sem alterações
Deu um “levante”
Sem alterações
R.F. Sem alterações
Nadei melhor. Trauma na coxa. Dor durou 4 dias
Melhorei da “canelite”
Sem alterações
Sem alterações
R.M. Sem alterações
Sem alterações
Aumentei a musculação no dia seguinte
L.P. Sem alterações
Não senti a dor no tornozelo
Sem alterações
M.S.
Não melhorei Melhorei da dor no joelho
Sem melhoras
Dor no ombro Dor no ombro e no joelho
F.P. Estou sem dor
Sem diferença
Dor no corpo inteiro, dor de quebrado”
Dor nas costas Lombalgia. Parei de tomar diclofenaco
T.L.
Melhorei da fisgada posterior da coxa
Melhorei em dois dias de uma dor na coxa direita
Senti as duas pernas pesadas, travadas
No dia seguinte corri 21 km sem dor
H.K
Sem alterações
Dor de garganta
J.J.
Senti dor no tornozelo e joelho no dia seguinte
Aumentou minha resistência muscular
R.F.
Senti o corpo menos doído
Não tive a sensação de quebrado
G.S.
Dolorido no na coxa e panturrilha
A.P.
Melhorei 80% após
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48 horas.
8. CASO CLÍNICO:
Jovem, sexo masculino, 32 anos, atleta amador de futebol, apresenta lesão
contusa em terço superior da tíbia esquerda em decorrência de trauma direto
do membro inferior esquerdo na trave. Atendido na emergência ortopédica
onde foi descartada a hipótese de fraturas ou lesões ligamentares. Queixa de
dor intensa e dificuldade para deambular. Foi iniciado o esquema homeopático
com:
Arnica montana
- 200 CH após o trauma e na manhã seguinte. 10 gotas.
- 6 CH de 30/30 minutos durante os três primeiros dias. 05 gotas.
- 30 CH duas vezes ao dia durante os três primeiros dias. 05 gotas.
Fórmula com Arnica montana, Bryonia alba, Rhus toxicondendron e Ruta
graveolens 6 CH a partir do quarto dia. 05 gotas.
Crioterapia três vezes ao dia, vinte minutos, durante sete dias.
Seguem abaixo os registros evolutivos da lesão:
Figura 1: Dia zero. Escoriação e discreto edema em região tibial superior além de equimose em região patelar.
35
Figura 2: Dia um. Aumento do edema no local do trauma e melhora completa da equimose. Deambulação com dificuldade e dor de intensidade moderada.
Figuras 3 e 4: Dia dois e três. Persistência do edema associado à contratura do músculo gasctrocnêmio, experimentada por sensação de rigidez e dor de intensidade moderada.
36
Figura 5: Dia quatro. Edema importante evidenciado pela marcação da meia. Melhora da contratura muscular. Início de dor de intensidade leve na região posterior do joelho com sensação de instabilidade ao deambular.
Figura 6: Dia cinco. Aplicação de gelo. Melhora dos sintomas de dor e edema.
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Figura 7: Dia seis. Sinais de cicatrização com melhora importante da dor. A dor persistiu como um incômodo leve durante a flexão do joelho durante três semanas.
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9. DISCUSSÃO
Houve uma grande dificuldade para realizar a coleta de dados uma vez que
e intervalo semanal entre as tomadas do medicamento impediu que os
participantes lembrassem todas as sensações. Muitos dos participantes
praticam outros exercícios físicos além do futebol semanal e dessa forma, não
sentiam cansaço muscular após o jogo. Isso pode explicar o fato de muitos não
terem sentido nenhum efeito após o jogo. O mesmo aconteceu com os atletas
que apresentavam lesões articulares prévias e que não apresentaram melhoras
de suas queixas com o uso semanal da Arnica montana.
O goleiro F.P. apresentou sintomas de patogenesia referente ao uso diário
da Arnica montana 30 CH. Ele não teve sua prescrição interrompida e
apresentou melhora considerável a partir da semana seguinte, inclusive, tendo
suspendido o uso crônico de antiinflamatórios.
A aceitação do medicamento foi extremamente positiva. Fui solicitado a
prescrever outros medicamentos homeopáticos para outras queixas como um
quadro de dispepsia e dois quadros semelhantes de cansaço intelectual e físico
relacionado ao trabalho.
Houve quatro lesões durante o período da experimentação: uma entorse
leve de tornozelo sem complicações, um caso de fascíite plantar que recebeu
tratamento com antiinflamatórios associado a uma fórmula homeopática
contendo Rhus toxicondendron, Ruta graveolens, Arnica montana, Phytolocca
decandra, um caso de distensão muscular tratado com Arnica montana e
Bryonia alba e uma lesão de origem traumática na região da tíbia tratada
exclusivamente com homeopatia abordada no caso clínico anterior.
O uso de medicamentos homeopáticos em lesões traumáticas deve ser
sempre individualizado e obedecer à evolução sintomática – muitas vezes um
processo dinâmico e complexo.
No caso clínico apresentado, a Arnica montana proporcionou um efeito
ainttinflamatório e analgésico e além disso, promoveu uma disposição mental
de resistência e disposição. Vale salientar que apesar da indicação médica de
repouso, o paciente não faltou ao trabalho nenhum dia. Outros medicamentos
39
poderiam ter sido utilizados como o Symphitum oficinalle e a Ruta graveolens
por conta do trauma ósseo e o Apis mellifica, em decorrência do edema e da
dor que melhoravam com aplicação fria.
40
10. CONCLUSÕES
Os malefícios do sedentarismo superam as eventuais lesões ou
complicações decorrentes da prática de exercícios físicos regulares. Uma vida
sedentária está relacionada com o aumento do surgimento de doenças crônico-
degenerativas. O exercício físico promove saúde cardiovascular, fortalecimento
e resistência muscular e óssea, perda de peso, flexibilidade, clareza mental e
saúde emocional.
O médico homeopata é um conservador da saúde devendo conhecer os
fatores que provocam e sustentam a doença, afastando as noxas do processo
de cura. O parágrafo quarto do Organon corrobora com essa ideia. Dentro
desse contexto, o sedentarismo representa um obstáculo à cura.
Reconhecer a constituição do atleta pode auxiliar no resultado do
treinamento e competições, prevenir lesões e garantir um melhor preparo físico
respeitando a individualidade constitucional de cada indivíduo.
Diversos medicamentos homeopáticos podem ser utilizados no tratamento
de lesões no esporte. Arnica montana, Rhus toxicodendron e Ruta graveolens
formam o trio essencial e indispensável. A experimentação do uso da Arnica
montana em atletas amadores de futebol e o caso clínico apresentado
corroboram com os benefícios da medicação homeopática encontrados na
literatura.
A Homeopatia pode contribuir como terapêutica principal ou complementar
na Medicina do Esporte por apresentar efetividade, ação rápida, preço
acessível e por não interferir, do ponto de vista farmacológico, com outros
medicamentos.
41
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORAITA PÉREZ, A. Exercise as the Cornerstone of Cardiovascular Prevention. Revista Española de Cardiología, Madri, v. 61, n. 5, p. 514-528, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção de Saúde. Vigitel Brasil 2012: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. CARILLO JÚNIOR, R. Fundamentos de Homeopatia Constitucional – Morfologia, Fisiologia e Fisiopatologia aplicadas à Clínica. São Paulo: Santos, 1997. 260p. CARVALHO, T. et al. Posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: atividade física e saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 2, n. 4, p. 79-81, 1996. CHEUNG, K; HUME, P. A.; MAXWELL, L. Delayed Onset Muscle Soreness:
Treatment Strategies and Performance Factors. Sports Medicine, Auckland, v.
33, n. 2, p. 145-164, 2003.
DEMARQUE, D. et al. Farmacologia e Matéria Médica Homeopática. São Paulo: Organon, 2010. 966p. ESPIÚCA, D. Arnica montana e satélites. Rio de Janeiro: Instituto Hahnemanniano do Brasil, 2013. Anotação de aula. ESPIÚCA, D. Rhus toxicodendron. Rio de Janeiro: Instituto Hahnemanniano do Brasil, 2013. Anotação de aula. HAHNEMANN, S. Exposição da Doutrina Homeopática ou Organon da Arte de Curar. 6. ed. São Paulo: [s.n], 1980. 209p. KAYNE, S. Homeopathy in sports medicine. British Homoeopathic Journal, Londres, v. 81, n. 3, p. 142-147, 1992. MCARDLE W. D.; KATCH, F. I.; KATCH V. L. Peso excessivo, obesidade e controle ponderal. In:______. Fisiologia do Exercício - Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. p. 842-888. MICHAUD, J. Homeopatia Diatésica. In:______. Ensino superior de Homeopatia. São Paulo: Andrei, 1998. 264p.
42
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Disponível em: <http://www.ecomedicina.com.br/site/conteudo/artigo21.asp>.
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