Interdisciplinaridade e Processo Seletivo para a Graduação: da influência inevitável à...

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Interdisciplinaridade eProcesso Seletivo para a Graduação:

da influência inevitável àinteração desejável

Prof. Ricardo Gauche – IQ/UnB

Palestra 10 - Auditório César Lattes

10/12/2010 (sexta-feira)

Universidade Federal da Integração Latino-Americana

UnB

Universidade de Brasília

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências

Prof. Ricardo Gauche

Divisão de Ensino de Química – Instituto de Química

Seleção para Ingresso na Universidade

Seleção para Ingresso na Universidade

Um pouco da história(COSTA, 1995)

1911 – Exame de Admissão

Reforma RivadáviaDecreto N.° 8.659 - de 5/4/1911

*Art. 6.°

*Art. 64 e seguintes

Reforma Rivadávia

Decreto N.º 8.659 – 5/4/1911

Art. 6.º – Pela completa autonomia didática

que lhes é conferida, cabe aos institutos a

organização dos programas de seus cursos,

devendo os do Colégio Pedro II revestir-se

de prática e libertar-se da condição

subalterna de meio preparatório para as

academias.

(grifo nosso)

Seleção para Ingresso na Universidade Um pouco da história (COSTA, 1995)

1915 – Exame Vestibular

Exame de saída

Reforma Carlos MaximianoDecreto N.° 11.530 - de 18/3/1915

*Art. 77 e seguintes

1925 – Reforma João Luiz Alves e Rocha Luz

Exame de ingresso – 1925

acentua-se o caráter

“seletivo-discriminativo”

(numerus clausus)

1940/1960

aumento gradativo e considerável de

candidatos

carência de vagas

realização de exames sucessivos para a

mesma instituição...

Década de 1950

cada instituição organizava seus

exames vestibulares, por meio de provas

discursivas, provas escritas e provas orais

Seleção para Ingresso na Universidade Um pouco da história (COSTA, 1995)

Escola Paulista de Medicina

1953 – introduz um

“teste de inteligência”

1954 – passa a adotar, pela primeira vez, o

sistema de provas objetivas

Década de 1960

crescimento acentuado da demanda às

escolas superiores

100.000 matrículas em 1960 para

mais de 800.000 em 1973

Seleção para Ingresso na Universidade Um pouco da história (COSTA, 1995)

Crescimento da demanda

→modificações na forma de seleção

aboliram-se as provas orais

adotaram-se, em grande escala, os

chamados testes objetivos, que, por meio

de leitura mecânica, via computador,

podiam ser corrigidos com precisão e

rapidez, além de atenderem os requisitos

de validade e fidedignidade exigidos pela

teoria das medidas educacionais

Seleção para Ingresso na Universidade Um pouco da história (COSTA, 1995)

1962 – Parecer CFE-58/62

estabelece-se a natureza classificatória do

vestibular

1964

realiza-se, em São Paulo, o primeiro

concurso vestibular unificado

Década de 1960 – últimos anos...

crise dos excedentes

Seleção para Ingresso na Universidade Um pouco da história (COSTA, 1995)

1971 (Decreto N.° 68.908/71)

convalidou a natureza classificatória

do vestibular, que passou a ser

unificado, resolvendo o problema dos

excedentes

1977 – (Decreto N.° 79.298/77)

exigência de um mínimo (discutível)

de conhecimentos, introdução da prova

de redação

Década de 1980

Desunificação do vestibular

Seleção para Ingresso na Universidade Um pouco da história (COSTA, 1995)

Seleção para Ingresso na Universidade e o

processo ensino-aprendizagem...

aumento gradativo e considerável de

candidatos, carência de vagas...

Surge a indústria dos cursinhos

Entende-se a chamada indústria dos cursinhos como a

interessada meramente no sucesso comercial oriundo

do eficiente adestramento para a realização de provas

de vestibular, sem qualquer compromisso com a

qualidade do processo educativo, embora influencie na

produção de materiais didáticos e no sistema

instrucional utilizado pelo professor em sua atuação no

contexto escolar (GAUCHE; TUNES, 1999).

GAUCHE, R. ; TUNES, E. O professor, a indústria dos cursinhos, a universidade e as perspectivas de inovação no

processo educacional. Revista de Educação AEC, Brasília, 113: 26-34, out/dez. 1999.

Influência inevitável... e negativa...

Nos livros didáticosConteúdos

Estruturação

Na dinâmica escolar“frentes”

adestramento

avaliação

Influência inevitável...

mas que se tornou positiva!

Uma experiência na UnB

CESPE UnB

A construção de

uma proposta...

14-15 ANOS!!!

Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília

• forma de integração entre os sistemas de educação básica e superior, que inclui a seleção dos futuros estudantes universitários de modo gradual e sistemático.

• acesso não é o produto de um único e episódico exame seletivo, mas a culminância de um processo que se desenvolve ao longo do ensino médio.

Apresentação

PRINCÍPIOS

ORIENTADORES

Os sistemas de acesso à Universidade

têm uma influência inegável no ensino

médio, tanto no conteúdo ministrado

quanto no seu enfoque epistemológico.

Os vestibulares têm privilegiado o

adestramento, o ensino livresco,

fragmentado, alienante e anacrônico, e

a memorização mecânica.

Pressupostos do PAS

A influência exercida pelo processo

seletivo pode ser positiva, se houver

convergência entre o sistema de

acesso e os objetivos próprios do

ensino médio, como a formação da

cidadania, a preparação geral para o

trabalho e o desenvolvimento de

competências e habilidades.

Alterações nos sistemas de acesso

exigem também mudanças no eixo de

decisão quanto ao estabelecimento da

forma de avaliação e dos conteúdos

programáticos, tornando necessária a

participação efetiva dos professores do

ensino médio, ao lado dos da

Universidade.

Voltando um pouco no tempo...

• Diálogo com os professores do ensino médio, no processo de integração dos sistemas de educação básica e superior objetivado pelo PAS/UnB:

– início com a criação, em 1995, dos comitês ad hoc, que foram encarregados de elaborar as propostas dos, à época, conteúdos programáticos das diferentes disciplinasnas quais se pautariam as provas do Programa, respeitando o papel intrínseco da escola básica.

• Em 1998 – reorganização dos comitês

– “adotar como eixo estruturador daavaliação a contextualização e ainterdisciplinaridade, com ênfase nodesenvolvimento de competências ehabilidades”.

– Mais de 120 professores do ensino médio eda UnB, organizados em comitês esubcomitês, e representados nodenominado Conselho Interdisciplinar doPAS, após dois anos de trabalho,avançaram na direção de uma propostamais ousada, divulgada sob o título

PAS: Objetos de Avaliação – Subprograma 2001.

• OF./CIRCULAR/CESPE/N.º 060/2004 – 10 de

maio de 2004

2.ª REVISÃO DOS

OBJETOS DE AVALIAÇÃO DO PAS/UnB

– Valorização da clareza na definição dos

propósitos atinentes à construção de

uma nova concepção de seleção,

superando limitações inerentes à visão

que se tem de objetos de conhecimento,

de modo geral, no contexto avaliativo.

Objetivos

Desenvolver um trabalho que contribua para–orientar o processo de construção das avaliações do PAS;–subsidiar a reflexão dos educadores sobre a avaliação, contribuindo para a construção de uma nova cultura avaliativa;–melhorar a devolutiva dos dados de desempenho para as escolas cadastradas, fazendo relatórios que possam “iluminar” as ações pedagógicas;

–avançar ainda mais na avaliação por competências e habilidades;–construir provas ainda mais integradas com relação às diversas áreas do conhecimento;–melhorar a qualidade das avaliações do PAS e, consequentemente, a confiabilidade dos resultados;–desenvolver um trabalho que poderá ser futuramente compartilhado com os professores, de modo a tornar o processo de avaliação e as práticas educativas cada vez mais acessíveis a todos os docentes.

Avaliação por competências e

habilidades:

um dos mais complexos problemas

que os educadores enfrentam em

sala de aula...

Mas, afinal, o que são

“competências e habilidades”?

Adaptando concepções presentes nas

Diretrizes Curriculares para o Ensino

Médio e para o Nível Tecnológico, bem

como nas Bases Legais dos PCNEM,

entende-se por competência a capacidade

de articular, mobilizar e colocar em ação

valores, conhecimentos e habilidades

necessários para o desempenho eficiente e

eficaz de atividades requeridas pela

natureza da atuação.

O conhecimento é entendido como o que

muitos denominam simplesmente saber. A

habilidade refere-se ao saber fazer,

transcendendo a mera ação motora. O

valor expressa-se no saber ser, na atitude

relacionada com o julgamento da

pertinência da ação, com a qualidade do

trabalho, a ética do comportamento, a

convivência participativa e solidária e

outros atributos humanos, tais como a

iniciativa e a criatividade.

Pode-se dizer, portanto, que alguém tem

competência quando constitui, articula e

mobiliza valores, conhecimentos e

habilidades para a resolução de problemas

não só rotineiros, mas também imprevistos

em seu campo de atuação. Assim, age

eficazmente diante do inesperado e do

inabitual, superando a experiência

acumulada transformada em hábito e

liberando-se para a criatividade e a atuação

transformadora.

COMPETÊNCIAS

C1Domínio da Língua Portuguesa,

domínio básico de uma língua

estrangeira (Língua Inglesa, Língua

Francesa ou Língua Espanhola) e

domínio de diferentes linguagens:

matemática, artística, científica etc.

C2Compreensão dos fenômenos naturais,

da produção tecnológica e intelectual

das manifestações culturais, artísticas,

políticas e sociais, bem como dos

processos filosóficos, históricos e

geográficos, identificando articulações,

interesses e valores envolvidos.

C3Tomada de decisões ao enfrentar

situações-problema.

C4Construção de argumentação

consistente.

C5Elaboração de propostas de

intervenção na realidade, com

demonstração de ética e cidadania,

considerando a diversidade

sociocultural como inerente à condição

humana no tempo e no espaço.

Habilidades - INTERPRETAR

H1

Identificar linguagens e traduzir sua

plurissignificação.

H2

Identificar informações centrais e

periféricas, apresentadas em diferentes

linguagens, e suas inter-relações.

H3

Inter-relacionar objetos de

conhecimento nas diferentes áreas.

Habilidades – PLANEJAR

H4

Organizar estratégias de ação e

selecionar métodos.

H5

Selecionar modelos explicativos,

formular hipóteses e prever resultados.

Habilidades - EXECUTARH6

Elaborar textos coesos e coerentes, com

progressão temática e estruturação

compatíveis.

H7

Aplicar métodos adequados para análise e

resolução de problemas.

H8

Formular e articular argumentos

adequadamente.

H9

Fazer inferências (indutivas, dedutivas e

analógicas).

Habilidades - CRITICAR

H10

Analisar criticamente a solução

encontrada para uma situação-problema.

H11

Confrontar possíveis soluções para uma

situação-problema.

H12

Julgar a pertinência de opções técnicas,

sociais, éticas e políticas na tomada de

decisões.

OBJETOS DE CONHECIMENTO

1

O ser humano como um ser-no-mundo

2

Indivíduo, cultura e identidade

3

Tipos e gêneros

4

Estruturas

5

Energia, equilíbrio e movimento

OBJETOS DE CONHECIMENTO

6

Ambiente

7

A formação do mundo ocidental

8

Número, grandeza e forma

9

A construção do espaço

10

Materiais

• Informações importantes:• www.cespe.unb.br/pas/2009/index.htm

• Primeira Prova utilizando Matriz:www.cespe.unb.br/pas/provas/provasinfo/provas/PAS_PRIMEIRA%20ETAP

A_MONTADA_ATUALIZADA_2006.pdf

• Boletim do Candidato – desde 2006

• www.cespe.unb.br/pas/COMO_APROVEITAR_AS_INFOR

MACOES_DO_BOLETIM_DE_DESEMPENHO.pdf

• Relatório da Escola – desde 2006

• Links para saber mais:• www.cespe.unb.br/pas e

www.gie.cespe.unb.br/course/category.php?id=10

A questão, colocada pela

proposição construída

pelos professores do

Ensino Médio e da UnB

envolvidos, é a de

mudança de paradigmas...

Uma apresentação que

circula na Internet talvez

nos ajude a compreender

melhor o que está em

jogo...

CERTA VEZ, DUAS MOSCAS

CAÍRAM NUM COPO DE LEITE.

Sua companheira de infortúnio, apesar

de não ser tão forte, era tenaz e, por

isso, continuou a se debater e a lutar.

Aos poucos com tanta agitação, o leite

ao seu redor formou um pequeno nódulo

de “manteiga” no qual ela subiu. Dali,

conseguiu levantar vôo para longe.

A primeira era forte e valente. Assim,

logo ao cair, nadou até a borda do copo.

Como a superfície era muito lisa e suas

asas estavam molhadas, porém, não

conseguiu escapar. Acreditando que

não havia saída, a mosca desanimou,

parou de se debater e afundou.

Tempos depois, a mosca tenaz, por

descuido, novamente caiu num copo, desta

vez cheio de água. Como pensou que já

conhecia a solução daquele problema,

começou a se debater na esperança de

que, no devido tempo, se salvasse.

Outra mosca, passando por ali e vendo a

aflição da companheira de espécie, pousou

na beira do copo e gritou:

SOLUÇÕES DO PASSADO,

EM CONTEXTOS

DIFERENTES, PODEM

TRANSFORMAR-SE EM

PROBLEMAS. SE A

SITUAÇÃO SE MODIFICOU,

DÊ UM JEITO DE MUDAR.

"Tem um canudo ali,

nade até lá e suba".

A mosca tenaz respondeu:

"Pode deixar que eu sei como

resolver este problema".

E continuou a se debater mais e

mais até que, exausta, afundou

na água.

Quantos de nós, baseados em

experiências anteriores, deixamos de

observar as mudanças em redor e

ficamos lutando inutilmente até afundar

em nossa própria falta de visão?

Criamos uma confiança equivocada

e perdemos a oportunidade de

repensar nossas experiências.

Ficamos presos a velhos hábitos

que nos levaram ao sucesso e

perdemos a oportunidade de

evoluir.É por isso que os japoneses dizem que na garupa do sucesso vem

sempre o fracasso. Os dois estão tão próximos que a arrogância pelo

sucesso pode levar à displicência que conduz ao fracasso.

Os donos do futuro sabem reconhecer essas transformações e fazer as

mudanças necessárias para acompanhar a nova situação.

(De: Os Donos do Futuro - Roberto Shinyashiki )