Post on 09-Nov-2018
Macapá,v.7,n.4,p.48-54,2017Disponívelemhttp://periodicos.unifap.br/index.php/biota
Submetidoem06deAbrilde2017/Aceitoem30deAgostode2017
ARTIGO
BiotaAmazôniaISSN2179-5746
AsDiretrizesCurricularesNacionaisparaaformaçãodeprofessoresdaeducaçãobásica,quantoosParâmetrosCurricularesNacionaisrecomendamautilizaçãodeestratégiasemateriaisdeapoioinovadoresnoprocessoensino-aprendizagem,diantedestarealidadeestetrabalhovisourealizarumaintervençãonoprocessodeensino-aprendizagemeelaboraçãodeummaterialdidáticoemzoologiacomênfaseempeixesparaalunosdoensinofundamental,Santana/AP.OtrabalhofoirealizadonaEscolaEstadualAfonsoArinos,localizadanaáreaportuárianomunicípiodeSantana,Amapá,com51alunosdo6ºanodoEnsinoFundamental.Foramministradaspalestrasepráticassobreoassuntopeixesfoiaplicadooformulárioapenasumavezantesdapalestra.Apósapalestrafoifeitaumaintervençãopedagógicacomosalunos.Acartilhafoielaboradadeacordocomosdadosobtidosatravésdosformuláriosaplicadosaosdiscentescomotema:Épeixeounãoé?nointuitodelevaraoconhecimentodosalunosacorretaclassificaçãoentrepeixesemamíferosaquáticos.Aofinaldestapesquisa,tornou-seclaraainfluênciadoPortodoAçaínaformaçãodoconhecimentopopulardoseducandossobreospeixes,bemcomoapresençadestescomoumdosprincipaisitensnadietadosalunos.Identificamoscertadificuldadedosalunosnaclassificaçãodospeixes,naqualeramincluídosalgunsmamíferosaquáticoscomoopeixe-boieabaleia.
Palavras-chave:lúdico,Amazônia,ensinodeciências,cartilha.
The National Curricular Guidelines for the training of teachers of basic education, aswell as the National CurricularParametersrecommendtheuseofinnovativestrategiesandsupportmaterialsintheteaching-learningprocess,facingthisrealitythisworkaimedtocarryoutaninterventionintheteaching-learningprocessandElaborationofadidacticmaterialinzoologywithemphasisonfishforelementaryschoolstudents,Santana/AP.ThestudywascarriedoutattheAfonsoArinosStateSchool,locatedintheportareaofthecityofSantana,Amapá,with51studentsfromthe6thyearofelementaryschool.Lecturesandpracticesweregivenonthesubjectfishwasappliedtheformonlyoncebeforethelecture.Afterthelectureapedagogicalinterventionwasmadewiththestudents.Thebookletwaselaboratedaccordingtothedataobtainedthroughtheformsappliedtothestudentswiththetheme:Isitfishorisitnot?Inordertobringtothestudents'knowledgethecorrectclassificationbetweenfishandaquaticmammals.Attheendofthisresearch,theinfluenceofthePortofAçaíintheformationofthepopularknowledgeofthefishwasclear,aswellasthepresenceoftheseasoneofthemainitemsinthedietofthestudents.Weidentifiedsomedifficultyofthestudentsintheclassificationofthefish,whichincludedsomeaquaticmammalssuchasmanateesandwhales.
Keywords:playful;Amazônia;scienceteaching;primer.
Interventioninteaching-learningandelaborationofadidacticmaterialinZoologywithfishemphasisforFundamentalTeachers,Santana/AP
Intervençãonoensino-aprendizagemeelaboraçãodeummaterialdidáticoemZoologiacomênfaseempeixesparaalunosdoEnsinoFundamental,Santana/AP
1* 2 3 4AdrianedaSilvaFormigosa ,AndréaSoaresdeAraújo ,JúlioCésarSádeOliveira ,CarlosEduardoCostaCampos
1.Bióloga(UniversidadeFederaldoAmapá,Brasil).2.BiólogaeDoutoraemPsicobiologia(UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte).ProfessoradaUniversidadeFederaldoAmapá,Brasil.3.Biólogo(UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte).DoutoremEcologiaAquáticaePesca(UniversidadeFederaldoPará).ProfessordaUniversidadeFederaldoAmapá,Brasil.4.Biólogo(UniversidadePotiguar).DoutoremPsicobiologia(UniversidadeFederaldoRioGrandedoNorte).ProfessordaUniversidadeFederaldoAmapá,Brasil.*Autorparacorrespondência:adriane.sfbio@gmail.com
EstaobraestalicenciadasobumaLicençaCreative Commons Attribution 4.0 Internacional
DOI:http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v7n4p48-54
RESUMO
ABSTRACT
IntroduçãoA pedagogia da problematizaçao propoe a construçao do
conhecimentopelomovimentodeagir sobrea realidade tendocomobase a concepçao educacional Freireana (FREIRE, 2006).Toma como referencia ainda que a aula deva ser dinamicaconectadaaocurrıculodeformaçao.Astecnicasdeensinodaqualresultaaaprendizagemnaodevesedeteraexposiçaotradicionaldeconteudosporpartedoprofessore simdevesuperaressastradiçoes,buscandoconhecerosestudantes,seuscomportamen-tos,percepçoes,ediferentesabordagensdidatico-metodologicasque possibilitam o melhor processo de ensino-aprendizagem.Todos os alunos possuem conhecimentos seja ele cientıfico oucultural, mas todos sao importantes para servir de ponto departidadoprofessorparaaprimoramentodosaber(ANASTASIOU,2003MELLO,2007).
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a formaçao deprofessoresdaeducaçaobasica,quantoosParametrosCurricula-res Nacionais buscam mudar esse cenario e recomendam autilizaçao de estrategias e materiais de apoio inovadores noprocessoensino-aprendizagem(BRASIL,2002).Coma justifica-tivadeatenderadiversidadedesituaçoessobrevindasemsaladeaula, alem de incitar os interesses individuais dos alunos eestabelecer interaçao entre conhecimento–professor-aluno oensino devera apresentar “uma diversidade de modalidadesdidaticas”(KRASILCHIK2004).
Dessaformabuscarumadidaticaalternativapossibilitaumaaprendizagem mais constante, pois inclui a manipulaçao demateriais didaticos que sao interessantes,motivadores e inter-disciplinares(FERREIRAetal.,1986).Autilizaçaodeatividadesludicas tem uma grande importancia, pois alem de agradavel,mobiliza habilidades nos alunos, estimulando e facilitando oprocesso de aprendizagem. Essas atividades podem ser dediversos tipos como a utilizaçao de jogos, modelos didaticos,musicas,dramatizaçoes,dentreoutras(DOHME,2012).
Recursodidatico e todomaterialutilizadocomoauxılionoensino-aprendizagem do conteudo proposto para ser aplicado,peloprofessor,aseusalunos”.Avariedadederecursosdidaticosque podem ser utilizados e grande, principalmente para osprofessores de Ciencias Naturais, por ser uma disciplinamultidisciplinarquetrabalhacomconteudosdeFısica,QuımicaeBiologia e Temas Transversais (SOUZA, 2007). Os recursosdidaticosapresentamalgumasfunçoes,como:fornecerinforma-çoes, orientar a aprendizagem, exercitar habilidades, motivar,avaliar, fornecersimulaçoes, fornecerambientesdeexpressaoecriaçao,assimcomo,proporcionara interaçaosocial(GRAELLS,2000;SILVAetal.,2012;OLIVEIRA,2006).
Os Parametros Curriculares Nacionais (PCNs) do EnsinoFundamentalenfatizamqueumaaprendizagemsignificativanoensinodeCienciasNaturaissomenteseraeficazsehouverumacontextualizaçaoentreo“conhecimentohistoricamenteacumula-
49BiotaAmazônia
Intervençãonoensino-aprendizagemeelaboraçãodeummaterialdidáticoemZoologiacomênfaseempeixesparaalunosdoEnsinoFundamental,Santana/AP
doeaformaçaodeumaconcepçaodeCiencia,suasrelaçoescomaTecnologiaecomaSociedade”(RIVAetal.,2014;BRASIL,2001).
A partir disto, percebe-se a necessidade de estimular nosdiscentesumapercepçaosobreaClassedeVertebrados-Peixes.Nesse sentido, a criaçao de cartilha pode contribuir comoferramentas de aprendizagem, pois estimulam o interesse, e,consequentemente,tendemadesenvolvereenriquecerapersona-lidadedosagentesenvolvidos.Oqueindicaqueesteinstrumentopedagogico direciona o professor a condiçao de condutor,estimuladoreavaliadoraolongodoprocessodeaprendizagem(NASCIMENTOetal.,2014).
A participaçao dos alunos nesse processo foge do fazermecanicodamemorizaçaoeparteparaoprocessodeaprendi-zagempordescoberta,embuscaderespostasparaascuriosidadesquesurgem(DALUZ,2006).Diantedestarealidade,estetrabalhovisou realizar uma intervençao no processo de ensino-aprendizagemeelaboraçaodeummaterialdidaticoemzoologiacom enfase em peixes para alunos do ensino fundamental,Santana/AP.
MaterialeMétodos
CaracterizaçãodaÁreadeEstudoAEscolaEstadualAfonsoArinos,esta localizadanaAvenida
Amapa, Nº 825, na area portuaria no municıpio de Santana,Amapa,proximoaoPortodoAçaı(Naregiao,oPortoeumadasprincipaisentradasdeprodutospesqueirosedeaçaı.Aatividadecomercial do pescado que desembarca e a fonte de renda demuitasfamılias,inclusivedasfamıliasdosalunosdaEscolaAfonsoArinos). Atende aproximadamente 920 alunos dos nıveis deensinoFundamentalnosturnosmanhaetarde,eEJA(EducaçaodeJovenseAdultos)noturnodanoite.Aescolapossuicercade78professores,dosquaisdoissaodadisciplinadeCiencias.
PúblicoalvoAlunosdo6ºanodoEnsinoFundamentaldaEscolaEstadual
AfonsoArinosMeloFranco,destacando-seoensinodaZoologianestenıveldeensino,ondeestainseridooconteudopeixes.Nototal,51alunosparticiparamdapesquisa.
PalestraePráticanaEscolaNasturmas622e623do6ºanodoensinofundamental,foram
ministradaspalestras e praticas sobreo assuntopeixes, comoobjetivo de conhecer a percepçao dos discentes diante daexposiçaodestetema.PreviamenteapalestraosdiscentesforammunidosdoTermodeConsentimentoLivreeEsclarecido(TCLE),direcionadoaospais,hajavistaquesetratamdealunosmenoresdeidade.
AplicaçãodoformulárioOformulariofoiaplicadoapenasumavezantesdapalestrae
teveporobjetivoinvestigaraimportanciaqueosalunosjulgamteros peixes, quais especies eles conhecem e como as aulas deCiencias sao apreciadas. Cada pergunta do formulario foi lidajuntamentecomosdiscentesantesdeserrespondidaparaquequalquerduvidafossesanada,eassimobtermosrespostasmaisadequadas.
AspalestraseaspráticasAs palestras foram ministradas separadamente, primeira-
mentenaturma622eposteriornaturma623,poisaprogramaçaofoiduranteasemananoshorariosdasaulasdecienciasdecadaturmaemsuasrespectivassalasdeaula,comoauxılioderecursosaudiovisuais para apresentaçao de slides. Nas palestras foram
trabalhadososseguintesaspectos:OqueeIctiologia,explicandoocontexto da pesquisa; O que e um peixe, citando as principaiscaracterısticas que definem um peixe; Importancia ecologica eeconomicadospeixes,mostrandocomoospeixesestaopresentesnodia-a-dia,abordandotambemaimportanciadoPortodoAçaı;E� peixeounaoe?Animaisquesaoconfundidoscompeixes,comoopeixe-boi,oboto,abaleia,eoutros,ecomodiferenciarospeixesdosmamıferosaquaticos.
Aposapalestrafoifeitaumaintervençaopedagogicacomosalunosdentrodapropriasaladeaula,umavezqueaescolanaodispoedeumespaçoapropriadoparaexecuçaodeaulaspraticas,comoumlaboratoriodeCiencias,porexemplo.Paraestaetapa,olaboratoriodeIctiologiaeLimnologiaeolaboratoriodeZoologiada Universidade Federal do Amapa, cederam-nos os seguintesespecimes: Exemplaresvia umidadepeixes osseos(PescadaeTamoata);Exemplaresviaumidadepeixescartilaginosos(raiasetubaroes juvenis); Um esqueleto de peixe osseo; Uma arcadadentariadetubarao.
Os especimes foram retirados dos vidros onde estavamarmazenadosedispostosembandejasdeplasticosobreamesautilizadapeloprofessor,porsermaiorqueasdemaiseporissofacilitaraexposiçaodosespecimes.Paraqueosalunospudessemmanusea-losforamutilizadasluvasdeborrachaepinças.Durantea intervençao, foram mostradas as nadadeiras dos peixes, asguelras, ooperculoeasdiferençasentreospeixes osseoseoscartilaginosos, principalmente em relaçao ao tegumento. Nestemomentoosalunospuderamexporsuasduvidasecuriosidades.
Construçãodomaterialdidático(Cartilha)A cartilha foi elaborada de acordo com os dados obtidos
atravesdos formulariosaplicadosaosdiscentes como tema:Épeixe ou não é? A concepçao desta cartilha surgiu apos aspalestras na escola, a partir das quais identificamos certadificuldadedosalunosnaclassificaçaodospeixes,naqualeramincluıdosalgunsmamıferosaquaticoscomoopeixe-boieabaleia.
No intuito de levar ao conhecimento dos alunos a corretaclassificaçaodestesdiferentesgruposdeanimais,apresentamosnestacartilhaascaracterısticasprincipaisdecadagrupoefazemoscomparaçoes entre eles, para que os discentes percebam asdiferençasexistentesentreospeixeseosmamıferosaquaticos.
Na cartilha, primeiramente foi feito uma breve abordagemsobre ambientes aquaticos (rio e mar) ─ considerando asrespostasdosalunosnoformulario.Emseguida,caracterizamosos diferentes grupos de peixes, desde os Agnatos ate osOsteichthyes,abordandotambemasprincipaiscaracterısticasdosmamıferosaquaticos,quaisanimaisestaoincluıdosnestegrupoecomopodemosdiferencia-losdospeixes.Porultimo,lembramosquaismamıferosaquaticossaoencontradosnaregiaoAmazonicaeproximoaoPortodoAçaı.
ResultadoseDiscussão
Formuláriodirecionadoaosdiscentes:Cadêopeixe?Aprimeiraquestaodoformulariobuscouaferiroconhecimen-
todosalunosemrelaçao a classificaçaodospeixesnoquedizrespeitoarelaçaoentrepeixesemamıferosaquaticos.
Aprimeiraimagemexibiaumabaleia(1º),representandoosmamıferos aquaticos. A segunda e a terceira imagemcorrespondiam aos peixes, respectivamente pertencentes asclassesOsteichthyes(2º)eChondrichthyes(2º).Eaultimaima-gem exibia um representante dos repteis (3º), mas que tempredominantementevidaaquatica,atartaruga.
Foipedidoaosalunosqueassinalassemsomenteasimagenscorrespondentesaospeixes.Paraanalisedosresultados,agrupa-
Grupo Imagem Porcentagem
G1
G2
G3
G4
G5 2ª
2ªe3ª
1ªe2ª
1ª,2ªe3ª
Todas 9,8%
45%
1,9%
29,4%
13,7%
50BiotaAmazônia
AdrianedaSilvaFormigosa,AndréaSoaresdeAraújo,JúlioCésarSádeOliveira,CarlosEduardoCostaCampos
mos as respostas encontradas nos formularios em 5 grupos,dispostosnatabela1.Aoanalisarasrespostas,constatamosque:45%dosalunosconsideraramcomopeixesa1ª,2ªe3ªimagem;29, 4% acertaram, considerando a 2ª e a 3ª imagem; 13,7%marcouapenasa2ªimagem;9,8%marcaramtodasasimagens,eapenas1,9%considerarama1ªe2ªimagens.
Analisandoatabela1,percebemosquea1ªimagemreferentea baleia, que neste formulario representou os mamıferosaquaticos,estevepresenteem3(G1,G2eG3)dos5gruposderesposta,ouseja,maisdametade(56,7%)dosalunosincluiuabaleianogrupodospeixes.
E� possıvelqueoprincipalmotivoparaosalunosclassificaremabaleiacomopeixeearelaçaoqueelesfazemcomoambienteemqueestesanimaisvivem.Abaleia,mesmosendoummamıfero,noquediz respeito ao ambiente e exclusivamente aquatica, assimcomoospeixes.Ascaracterısticasmorfologicas,comoapresençadenadadeiraseoformatoalongadodocorpotambemcontribuempara esta associaçao (SCARPA;TRIVELATO,2010;RODRIGUES;SILVA,2012).
Valeressaltar,quea fragmentaçaodosconteudos,a faltadecontextualizaçao e a apresentaçao de informaçoes equivocadassobreoconteudopeixesnoslivrosdidaticos,tambempodemserapontadascomorazoesparaestedeficit,noqualsomente29,4%doalunadoescolheuasalternativascorretas(G4),demonstrandoqueasdefiniçoesdogrupopeixesaindaprecisamsermaisbemtrabalhadas(VANIEL;BENVENUTI,2006;SILVAetal.,2013).
Como veremos adiante, a maioria dos alunos relacionou aimportanciadospeixes aalimentaçao,nestecontexto,opeixeevistocomoumanimalquepodeser facilmentedominadopelohomem e transformado, como na maioria das vezes, em umrecurso alimentar. Dentro desta visao, se torna mais facilcompreenderoporquedotubaraotersidoexcluıdodogrupodospeixespor15,6%doalunado(observaçaopessoal).
Otubarao,assimcomoasserpentes,osmorcegos,asaranhas,jacares,eoutros,historicamentesaotemidospelohomematravesdassensaçoesdemedoe/ounojo.Oentendimentoacercadestesanimaiseinfluenciadoprincipalmentepelasexperienciasdevidado aluno fora da escola, por exemplo, atraves de desenhosanimados e filmes, do aconselhamento dos pais, amigos, e atemesmoporimagenseinformaçoesdelivrosdidaticos.Consequen-temente,estesanimaissaoadjetivadoscomoasquerosos,feioseperigosos.Estaspercepçoesacabambloqueandoointeressedosalunos em conhecer melhor estes animais, tornando-se assimalheios aos conhecimentos basicos sobre estes, por exemplo, aclassificaçao, como foi constatado nesta pesquisa (ARAU� JO;KRAEMER;MURTA,2011;RODRIGUES;SILVA,2012;BARROSetal.,2013).
No que diz respeito a categorizaçao das tartarugas, estes,frequentemente,saoanimaisqueconfundembastanteosalunos.Naliteratura,osprincipaisgruposaosquaissaoincluıdaserronea-menteastartarugassaoosgruposdospeixesedosanfıbios,comodemonstramLunchese(2013)eCardoso(2012).
Nas series iniciais, os alunos, a partir do seu convıvio comanimais,vao formando ideiasdiversificadassobreomundoemquevivem,dessaforma,aescolatemumafunçaoindispensavelna
vidadestesalunos,umavezquevaiorientaraassimilaçaocrıticados conceitos que este indivıduo esta formando. Uma vez quenestaetapadavidaconceitossaoformados,dificilmentemudaraonofuturo,ouseja,todaavidaescolarpodesercomprometidacomaformaçaodeconceitosequivocados(LUNCHESE,2013).
Osambientesaquaticoseterrestressaodeterminantesquandoalunosclassificamanimais.Observandoesteaspecto, epossıvelcompreenderarazaopelaqualoseducandosapresentamdificul-dadeemagruparcorretamenteastartarugas,hajavistaqueestaspossuem vida aquatica,mas com perıodos terrestres (desova).Estamesmaduplautilizaçaodediferentesambientesenotadanosanfıbios(anuros),quequandonafasedegirinosaoestritamenteaquaticos, e na fase adulta sao terrestres. Damesma forma astartarugas sao inseridas no grupo dos peixes, pelo fato destestambemhabitaremoambienteaquatico(RODRIGUES,2009).
Notoriamente,aimagemdenumero2estainseridaemtodososgruposderesposta,refletindo,assim,apopularidadedospeixesosseos.Mesmonaosetratandodepeixesdulcıcolas,talqualestaoos alunos mais familiarizados, as caracterısticas morfologicasexternaseoambienteaquaticonaodeixamduvidadequesetratadepeixes.Aampladivulgaçaodo filme “ProcurandoNemo”,aoqual pertence a imagem, tambempode ter contribuıdo para ojulgamento dos alunos quanto a esta classificaçao (observaçaopessoal).
Vocêachaqueospeixessãoimportantes?Simounão,eporquê?As respostas obtidas neste questionamento foram satisfato-
rias,umavezque98%dosalunosresponderamquesim,eapenas1,9%(n=1)desconsiderouospeixesimportantesjustificandosuarespostadaseguintemaneira:“Nãoporqueelesservemparasercasadoecomido”(entenda“casado”como“caçado”).
Estealuno,mesmorelacionandoospeixesaatividadedepescaeaalimentaçao,aindanaoconsiderouestesmotivossuficientesparaafirmarqueospeixessaoimportantes.E� possıvelqueelenaoconheça a abrangencia da pesca comercial, por exemplo, poisquandoomesmoempregaotermo“caçado”possivelmenteestasereferindo a uma atividade mais restrita e de menor escala. Eanalisandoemconjuntoostermos“caçadoecomido”,percebemosque o aluno emprega certa normalidade, ou seja, ja e algo taocorriqueironoseudia-a-diaquelheeretiradoimportancia.
A cerca dos 98% que responderam sim, 3 conjuntos deresposta foram formados a partir de suas justificativas: 1)Alimentaçao, saude e importancia para o ambiente; 2) Peixesornamentais; 3) Resposta nao identificada por dificuldade nacompreensaodacaligrafiadosalunos.
No conjunto 1 ─ Alimentaçao, saude importancia para oambiente ─ mencionado por 92,1% do alunado, destacamosalgumas respostas, ressaltando que as transcriçoes seguemfielmenteoquefoiescritopelosalunos.⧠“Porqueservecomoalimentoparanós,eparaalgunsanimais”;⧠“Eunão seimuitobemmas sei umpouquinhoeles sãomuitoimportantesparaanaturezaeaspessoas,paraanimaiseparaomeioambiente”;⧠“Eleeimportanteparaasobrevivenciadaspessoasquevivememinterioroucidadequetemmar.Sãoalimentoparaoutrosanimais”;⧠“Porqueopeixeajudanomeioambienteetambémelecomeoechesodealgas-marinhas”;⧠“Eleéimportanteporqueagentecomeeleeeletemcálcioquefazbem”;⧠“Porquêeleébomprocelebro”;⧠“Porquetemmuitospeixesquefasbemparaasaúdecomoospeixesdeáguadocequepossuiomega3”.
Tornou-seclaro,deacordocomasfrasesacima,queosalunosdemonstraramcertoconhecimentosobre:ohabitoalimentardos
Tabela1.Primeirapergunta:Marquea(s)imagem(ns)quemostra(m)ospeixes./Table1.Firstquestion:Markthepicturesthatshowthe�ish.
Nomepopular Nº.decitações
Pescada 30
Tamoata 28
Dourada 20
Piranha 14
Pacu 13
Sardinha
Pirarucu
TambaquiPirapitinga
Acari 6
9
10
11
12
Aracu 3
Mandube 3Mapara 3Jacunda 3
Acara 3
Matrincha 3
RaiaBaiacu
2
2
Piaba
Traıra
Filhote
Curimata
Sarda
Mandi
Pirarara
Piranambu
Atum**Peixe-palhaço**
2
2
5
5
4
4
2
1
1
1
51BiotaAmazônia
Intervençãonoensino-aprendizagemeelaboraçãodeummaterialdidáticoemZoologiacomênfaseempeixesparaalunosdoEnsinoFundamental,Santana/AP
peixesquando,porexemplo,citamqueelescomemoexcessodealgas; sobre a participaçao deles na cadeia alimentar, quandofalamqueospeixessaoalimentotantoparaohomemquantoparaoutros animais, ainda cabendodestacar as referencias feitas aspessoas que moram no interior ou em lugares que tem mar,provavelmentepelocontatoqueelestemcomparentesouamigosquemoramnessas regioesoupelo fatodeelesproprios ja termorado nesses locais, admitindo, assim, a pesca como umaatividade essencial ao sustento destas pessoas. E� interessantetambemessadivisaoentre“interior”e“cidadequetemmar”,nota-sequequandoelescitam“interior”efazendoreferenciaa aguadocedosriosquesaocomunsemnossaregiao,aocontrariodequando escrevem “cidade que tem mar”, onde facilmentepercebemosquesereferemaaguasalgadamaiscomumemoutrasregioesdopaıs.
Os alunos demonstraram tambem conhecimentos sobre osbenefıciosdospeixesparaohomememrelaçaoasaudequandocitam que os peixes fazem bem ao cerebro, possuem calcio eomega3.Defato,estudosdemonstramqueopeixeeoalimentoditoperfeito─quandolivredecontaminantes─peloseualtovalornutricional devido proteınas de grande valor biologico, baixosnıveis de colesterol, baixo valor calorico, presença demineraiscomoocalcio,eporconstituıremamaiorreservadeacidosgraxospolinsaturados,ondesedestacaoomega-3,envolvidonapreven-çaoecontrolededoenças,bemcomoemprocessosfisiologicosmuito importantes no corpo humano, como os do sistemacardıaco,imunologicoenervoso,nesteultimooomega-3torna-seindispensavelaosrecem-nascidoselactantesemsuafasecrıticade desenvolvimento deste sistema (BRUM et al., 2002;VALENZUELA,2005;AFONSO,2009).
A respeito do conjunto 2─ Peixes ornamentais─ somente1,9%(n=1)dissequeospeixesnaosaoimportantes,justificandodaseguintemaneira:“porqueebomelessãobacanaparacolocarno aquário etc...”. Este aluno relacionou os peixes somente aatividade de aquarismo, ainda assim tomando esta como semimportancia.Possivelmenteelefezrelaçaocomaquariosdomesti-cosedepequenoporte,comoummeroobjetodecorativo,masOliveira,ChagaseTeixeira(2013)demonstraramqueoaquariopodeserumexcelenterecursodidaticonoensinodeCiencias,comum aproveitamento desde suamontagem ate a observaçao doaquariopronto.Osaquariosdegrandeporte,quedesenvolvematividadesemconjuntocommuseus, jardinszoologicos, jardinsbotanicoseplanetariostambemcontribuemcomaaprendizageme divulgaçao cientıfica atraves da produçao e fornecimento dematerialpedagogicodeapoioasescolas(CHAGAS,1993).
Quanto ao 3º conjunto de resposta, infelizmente, nao foipossıvelidentifica-lasporcontadadificuldadeemcompreenderacaligrafiadosalunos.
Vocêcomepeixequantasvezesporsemana?Quandoperguntadossobreoconsumosemanaldepeixe,9,8%
dosalunosafirmounaoconsumirpeixepornaoapreciarosabor.19,6%disse comer peixe de uma a duas vezes por semana, e70,5%afirmaramalimentar-sedepeixepelomenos tres vezesduranteasemana.
O Ministerio da Pesca e Aquicultura (2010) revelou umaumentoconsideravelnoconsumomediodepeixepelosbrasilei-ros,quepassoude6,8kg/anoem2003para9kg/anoem2011,observando que o consumo medio especificamente na regiaonortedesde2009ede17,54kg/anopercapta,ultrapassandoemmaisde50%asdemaisregioesdopaıs(IBGE,2010).
DeacordocomoGuiaAlimentarparaapopulaçaobrasileira(BRASIL,2006),observamosque90,1%destesalunosestaodeacordocomasrecomendaçoesdoreferidoguiasobreoconsumo
depeixepelomenosduasvezesporsemana,demonstrandoumconsumosatisfatoriodamaioriadosalunosdo6ºanodoensinofundamentaldaEscolaAfonsoArinos.
Vocêsabeonomedealgumpeixe?Qual?Osalunosdo6ºanodoensino fundamentaldemonstraram
conhecer,aomenospelonome,muitospeixes,comprovandosuafamiliaridade com este grupo animal ─ principalmente com aclasseOsteichthyes─ecomoPortodoAçaı(Tabela2).
Convem lembrar que durante as palestras os discentessentiram-se a vontade para relatar experiencias, historias econhecimentosacercadatematica“Peixes”.Assimsendo,algunsalunoscontaramterparentesquetrabalhamcomavendadepeixenoPorto,descrevendoaindasuapropriaeocasionalparticipaçaonavendadepescadonoreferidolocal.Outrosalunosadmitiramainda“passarotempo”noPorto,descrevendoalgumasocasioesdepesca,ondeemumadelascapturaramumaarraiaecortaram-naoferrao.Naoportunidade,explicamosapresençadoferraoesuafunçao,alertandoosalunosparaoperigoqueestesanimaisoferecem,eosorientamosatomarmaiscuidado.Acidentescomraiascostumamsermuitograves,oferimentoebastantedoloridoeotecidolesionadopodesofrerprocessodenecrose(LAMEIRAS,2013).
Analisandoosdadosdatabela2eprovavelqueaPescadaeoTamoata,osmaiscitados,estejamtambementreosmaisconsu-midospelosalunosesuas famılias,dadoseuvaloracessıveldecomercializaçao.Constatamosaindaque,apesardenaprimeiraperguntadoformulario84,2%dosalunosconsiderarotubaraocomo peixe, quando indagados sobre quais peixes conhecemnenhumdosalunoscitouotubarao,porem,doismencionaramaaraia (tabela 2), pertencente a mesma classe dos tubaroes,Chondrichthyes. Isto ocorreu possivelmente pela peculiaridadedas raias na regiao Norte, que apesar dos inumeros acidentes(LAMEIRAS,2013),saoapreciadasnaculinariaregional.Estesda-
Tabela2.Peixescitadospelosalunosdo6ºanodoensinofundamentaldaescolaAfonsoArinos./Table2.Fishcitedbythestudentsofthe6thgradeoftheAfonsoArinosschool.
52BiotaAmazônia
AdrianedaSilvaFormigosa,AndréaSoaresdeAraújo,JúlioCésarSádeOliveira,CarlosEduardoCostaCampos
dos reforçama popularidadedos peixes osseos na vida destesalunos, que estao presentes seja em sua alimentaçao, seja nashoras vagas “passando o tempo” no Porto ou na vida familiaratravesda comercializaçaodepescado.Dessamaneira,quandofalamosempeixecomoalunado,osprimeirosqueelesrecordamsaoospertencentesaclasseOsteichthyes.
OAtumeoPeixe-palhaçopertencemaoambientemarinho,osquaispodemserconsideradoscomoespeciesexoticas,portanto,oAtumpodetersidolembradoporsuacomercializaçaonaformaindustrial(enlatado),eoPeixe-palhaçoporinfluenciadaimagemcontidanoquestionario,queexibeestepeixe.
Ainda durante a palestra perguntamos aos alunos se elesmoravamnaA� reaPortuaria,e,dasduasturmas,apenasumalunodissemoraremoutrobairromaisafastadodaescola.Portanto,aproximidadedos alunos comoPorto doAçaı pode justificar oconhecimentodosmesmosacercadosaspectoscitadosanterior-mente,principalmentedestaquantidadesignificativadepeixes.
VocêgostadadisciplinadeCiências?Simounão,eporquê?Entreasduas turmasavaliadas,96%dosalunosafirmaram
gostar de Ciencias, apenas 1,9% afirmou nao gostar, e 1,9%assinalou as duas opçoes, sim e nao. A respeito do aluno queafirmounaogostardadisciplina“porqueaaulaéchatademais”enotavel que seu julgamento e a respeito do desempenho doprofessor,enaodadisciplinapropriamentedita.
Lima(1993)argumentaqueoprofessoreconsideradoruimpor suas caracterısticas pessoais e nao por seu desempenhoacademico-pedagogico, pois a simpatia do aluno para com oprofessoreessencialnasuacapacidadedesuperarasdificuldadesimpostaspeladisciplina.Portanto,odescompassoentreestealunoeoprofessordeCiencias,aoqueparece,eumcasoisoladolevandoemconsideraçaoos96%queafirmaramgostardadisciplina.
Ooutrodiscentequeassinalouasduasopçoes─simenao─justificoudaseguintemaneira:“porqueasvezespassamuitascoisasfácil e as vezes passa difícil”. Este aluno gradua seu nıvel deafinidadecomadisciplinadeCienciasdeacordocomadificuldadequeestaimpoe,ouseja,quandoelejulgaserumconteudofacil,entaoelegostadadisciplina.Quandoelejulgaqueoconteudoemaisdifıcil,entaoelepassaanaoseagradarmaistantoassim.Naosomente, mas neste momento o professor deve reforçar seuvınculoafetivocomoaluno.Aproximidadefısicacomoeducandoeconsideradaumaformadetransmitirsegurançaetranquilidadenosmomentosdedificuldade,umavezquecriapossibilidadesdedialogoquepodemajudarosalunosdediversasmaneiras,porexemplo,osencorajandoanaodesistirdarealizaçaodeatividades(TASSONI,2000).
A respeitodosdiscentesque afirmaramgostardeCiencias,Santos,CanevereGiassi(2012)tambemencontraramresultadosparecidos,noqualamaioriadosalunostambemdissegostardadisciplinadeCiencias,afirmando,demaneirasemelhante,queestadisciplinaabordaassuntosmuitointeressantes.Sobreesteitemdoformulario,destacamosalgumasfrasesempregadaspelosalunosparajustificarsuaresposta:⧠“porquetemmuitascoisasquepossoaprendeedecoisasqueeunemouvifalaoprofessorexplica”⧠“Porqueelaestudaocorpohumanoeoplaneta”⧠“simporqueaprendemossobreanatureza,osanimais,eoprofessorémuito,muitolegal”⧠“Porqueadisciplinadeciênciasfaladeanimaispeixesdoençaseoutrascoisas.”⧠“porqueensina,sobreosvegetais,animaiseomeioambiente”⧠“Porqueelaensinaquasesobretudo”⧠“porqueagentetemumotímoprofessoreleencinabem”
Atraves destas transcriçoes, e possıvel notar dois aspectosimportantes.OprimeiroeapercepçaosatisfatoriadosalunosemrelaçaoaosconteudosenvolvidosnoensinodeCienciasduranteoensino fundamental, presentes nos eixos recomendados pelosParametrosCurricularesNacionais,comoTerraeUniverso,VidaeAmbiente,SerhumanoeSaude(BRASIL,1998),quandoosalunoscitam os seguintes trechos: “...corpo humano e o planeta”, “... anatureza,osanimais”,“...osvegetais,...omeioambiente”.
O segundoaspecto e ademonstraçaodeestimadosalunosparacomoprofessor.Duranteoperıododeobservaçaodasaulas,notamosasabiacombinaçaodeautoridade,respeitoeafetividadedoprofessorporseusalunos,apontandoodesempenhodesuaprofissao de forma legıtima, estabelecendo normas, mas seminfringiraindividualidadedosdiscentes(SIQUEIRA,2004).Estamesmaautoraaindacomplementadizendoqueoprofessorqueutiliza sua autoridade com moderaçao e imparcialidade seraaquele cujos alunos o abraçarao nos corredores da escola, lhepedindoconselhoseorientaçoes,talqualobservamosduranteointervalodasaulas.
Atravesdeoutraperspectiva,OliveiraeAlves(2005)discorremqueo“bomprofessor”eaquelequetemdomıniodoconteudo,queapresenta a disciplina de maneira apropriada, que tem bomrelacionamentocomosdemais.Tudoissocomplementadopelasua capacidade de demonstrar afetividade, por sua crença naspotencialidadesdosalunos,preocupaçaocomsuaaprendizagemeonıveldesatisfaçaodosalunoscomesta.
OseuprofessordeCiênciascostumausarolivrodidático?Simounão?
Expressivamente,100%dosalunosafirmaramqueoprofessornaoutilizaolivrodidaticodeCienciasemsuasaulas.Estedadorecai sobre uma antiga e extensa discussao a cerca da suaqualidadeepolıticanacional.
Desdeadecadade60,eobservadoquealiteraturacientıficadesenvolvidaacercadaqualidadedolivrodidaticobrasileiroedesuapolıticaapresentacertoconsensonoquedizrespeitoaolivrodidaticoseroprincipalrecursoutilizadopeloprofessoremsaladeaula,entretantosaofeitasmuitasressalvasacercadesterecurso(FREITAG;MOTTA;COSTA,1987;RATHLEF,1989;SAUAN,1998;GUIMARA�ES,2011).
Muito embora o Plano Nacional do Livro Didatico (PNLD)promovaesforçosatravesdeavaliaçoesperiodicasdoslivroshamais de 15 anos, estes resultados ainda nao influenciarammudançasprofundasesignificativasnaqualidadedesterecurso,mesmodepoisdacriaçaodosParametrosNacionaisdaEducaçao(PCNs) na tentativa de unificar o currıculo da educaçao basicabrasileira(GUIMARA�ES,2011).
ApesardaresponsabilidadedoEstadoemfornecer,fiscalizareorientar a escolha adequada do livro didatico, Sauan (1998)acrescentaoconformismodemuitosprofessorescomoumadascausasparaafaltadeavançonaqualidadedoslivrosdidaticos,umavezquemuitosnaoencaramcomseriedadeecriticidadeaescolhadolivroaserusadoduranteoanoletivo,destemodoeimprescindıvelqueoprofessorrecuseomauereivindiqueobomlivrodidatico(RATHLEF,1989;SAUAN,1998).
Rathlef(1989)aindafazlembrarquenemtodososprofessoresdispoem de tempo para complementar sua formaçao, o quetambem pode influenciar na escolha do livro (SAUAN, 1998;GUIMARA�ES,2011).Entretanto,oprofessordeCienciasdaEscolaAfonsoArinosnaoseencaixanestecontexto.AlemdelicenciadoemCienciasBiologicas,atualmentecursafaculdadedeDireitoeexerceaprofissaodeBiologo.
53BiotaAmazônia
Intervençãonoensino-aprendizagemeelaboraçãodeummaterialdidáticoemZoologiacomênfaseempeixesparaalunosdoEnsinoFundamental,Santana/AP
Istoindicaaconstantebuscaporconhecimentoporpartedesteprofissional,eoentendimentodeumlivrodidaticoqueaindacare-cedecontextualizaçaoemfacedavulnerabilidadesocialnaqualaescola esta inserida, preferindo assim a utilizaçao de recursosalternativos que possam remeter de maneira aproximada aoselementospresentesnocotidianodosalunosequeacompanhemdeformamaisadequadaonıveldosmesmos.
Estapreferenciaporoutrosrecursosquenaoolivrodidaticofoievidenciadaatravesdaseguinteperguntaaosdiscentes:“Oseuprofessorcostumausaroutrosmateriaiscomocartilhas,moldes,jogos,vıdeos,etc.?SimouNao?”.Novamente,100%afirmaramquesim.Podemosconsideraraindaestaumamaneiradedinamizarasaulas,emfacedaausenciadeumlaboratoriodeCienciasnaescola(BAPTISTA,2005).
Cartilha:Épeixeounãoé?Aconcepçaodestacartilhasurgiuaposaspalestrasnaescola,a
partir das quais identificamos certa dificuldade dos alunos naclassificaçaodospeixes,naqualeramincluıdosalgunsmamıferosaquaticoscomoopeixe-boieabaleia.
No intuito de levar ao conhecimento dos alunos a corretaclassificaçaodestesdiferentesgruposdeanimais,apresentamosnestacartilhaascaracterısticasprincipaisdecadagrupoefazemoscomparaçoes entre eles, para que os discentes percebam asdiferençasexistentesentreospeixeseosmamıferosaquaticos.
Na cartilha, primeiramente fazemos uma breve abordagemsobre ambientes aquaticos (rio e mar) ─ considerando asrespostasdosalunosnoformulario─.Emseguida,caracterizamosos diferentes grupos de peixes, desde os Agnatos ate osOsteichthyes,abordandotambemasprincipaiscaracterısticasdosmamıferosaquaticos,quaisanimaisestaoincluıdosnestegrupoecomopodemosdiferencia-losdospeixes.Porultimo,lembramosquaismamıferosaquaticossaoencontradosnaregiaoamazonicaeproximoaoPortodoAçaı(Figura1).
Baptista(2007)defendeainclusaosocialapartirdoacessoigualitarioacompreensaodaCiencia.Partindodestepressuposto,foielaboradaumacartilha,apartirdasquaissebuscacomplemen-tardeformacontextualeregionalizadaoconteudosobrepeixes,demaneiraqueosalunosreconheçamevalorizemoambienteasuavolta,entendendoqueaCiencianaoestasomentenoslivros,laboratoriosedepossedecientistasrenomados,masquepodeestarpresenteemseudia-a-dia,dentroeforadaescola.
Aeficaciadautilizaçaodecartilhascomomaterialdeapoiojafoicomprovada,poremdesdequeelaboradasapartirdocontextono qual a escola esta inserida, investigando os conhecimentospreviosdosalunos,representandoarealidadeeasvivenciasdoeducando. As cartilhas ajudam no desenvolvimento do sensocrıtico dos discentes e abre espaços para observaçao e debatesobre o meio que os cerca, aumentando a probabilidade desucessonaaprendizagem,umavezqueotemaemquestao fazpartedavidadoeducandooueimportanteparaele(BARBOSA;ALONSO;VIANA,2004;BAPTISTA,2007;SANTOS,2009).
Nacartilhahouveapreocupaçaoemnaoempregartermosquepudessemfugirdacompreensaodosalunos,noentantoousodepalavrasespecıficassetornainevitavelnestetipodeabordagem,porestemotivoapresentamosumpequenoglossarioaofinaldacartilha com termos cujo significado nao seja conhecido pelosdiscentes, pois de acordo com Santos, Teran e Silva-Forsberg(2011) a descriçao pode ser uma estrategia de ensino viavel.RessaltamosqueacartilhadesenvolvidanestetrabalhofoidoadaaEscolaAfonsoArinos.
ConclusãoAo final desta pesquisa, tornou-se clara a relaçao entre os
alunoseoPorto,ecomoestepodeinfluenciarnaformaçaodoconhecimentopopulardoseducandossobreospeixes.Eaescola,entendendo a realidade dos alunos, deve atuar tambem naorientaçaodaformaçaodesteconhecimentoapartirdasvivenciasdosdiscentes.
Foicompreendidaapresençamarcantedospeixescomoumdosprincipais itensnadietadosalunos,eavendadepescadocomoumaimportantecontribuiçaoarendafamiliar.Tambemfoientendidoque,aUniversidade,apartirdeseucompromissosocial,naodeveseausentardesteprocesso,masdeveestimularapesqui-
Figura1.Cartilha:E� peixeounaoe?/Figure1. Booklet:Isit�ishorisitnot?
54BiotaAmazônia
AdrianedaSilvaFormigosa,AndréaSoaresdeAraújo,JúlioCésarSádeOliveira,CarlosEduardoCostaCampos
saeaproduçaodemateriaisquevalorizemafauna,afloraeosvaloresculturaislocais,quepossamcontribuircomamelhoradoensinodeCiencias,asaber,queaindaestamosdistantesdeprofun-dasmudançasnosistemaeducacionalbrasileiro.
ReferênciasBibliográficasAFONSO,C.I.M.ProdutosdapescaCapturadosnaCostaPortuguesa:
benefícioseperigosassociadosaoseuconsumo.Lisboa,2009.ANASTASIOU,L.G.C.Profissionalizaçaocontinuadadodocentedaeducaçao
superior: a construçao do memorial e as questoes da identidadepessoaleprofissional.In:221VIELLA,MariadosAnjosLopes(org).Tempoeespaçosdeformação.Chapeco:Argos,2003.
ARAU� JO,R.T.N;KRAEMER,B.M;MURTA,P.F.O.Percepçõesambientaiseconcepções de estudantes do ensino fundamental de BeloHorizonte/MGsobreTubarões.E-Scientia,BeloHorizonte,2011.
BAPTISTA,G.C.S.AutilizaçãoderecursosdidáticosalternativosnoensinodasCiências.2005.
-------------------------Elaboraçãodemateriaisdidáticoscomoapoioaodiálogo entre saberes no ensino de biologia nas escolas docampo.RevistaIbero-americanadeEducaçao,2007.
BARBOSA,P.M.M;ALONSO,R.S;VIANA,F.E.C.AprendendoEcologiaatravésdecartilhas.Anaisdo2ºCongressoBrasileirodeExtensaoUniversitaria–BeloHorizonte,2004.
BARROSetal.Zoofobia:oImagináriodosalunosdaeducaçãoinfantildoCaboeSantoAgostinho-PE.XIIIJornadadeEnsino,PesquisaeExtensao,Recife,2013.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências Naturais/SecretariadeEducaçãoFundamental.–Brasılia:MEC/SEF,1998.
BRASIL.Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média eTecnológica.Programademelhoriaeexpansãodoensinomédio:projetoescolajovem(síntese).Brasília.MEC/SEMTEC,2001.20p.
BRASIL.SecretariadeEducaçãoMédiaeTecnológica.PCN+EnsinoMédio: Orientações Educacionais Complementares aosParâmetros Curriculares Nacionais. Vol. Ciências da natureza,matemáticaesuastecnologias.Brasılia:MEC/SEMTEC,2002.
BRASIL. Ministerio da Saude (MS). Secretaria de Atençao a Saude.Coordenaçao Geral da Polıtica de Alimentaçao e Nutriçao. Guiaalimentar para a população brasileira: promovendo aalimentaçãosaudável.2006.
CHAGAS,I.Aprendizagemnãoformal/formaldasCiências.RelaçõesentremuseusdeCiênciaseasescolas.RevistadeEducaçao,1993.
CARDOSO, C. C. Percepções de estudantes que visitam o ProjetoTAMAR-ICMBio,nasbasesdeFlorianópolis-SCeUbatuba–SP,sobre biologia e conservação de tartarugas marinhas. PortoAlegre,2012.
DALUZ,F.G.AnálisedaUtilizaçãodeMaterialDidáticodeCiênciasnoEnsinoFundamentaldaRedeEstadualdoMunicípiodeCriciúma.2006.68p. Monografia Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC.2006.
DOHME,V.D.AtividadesLúdicasNaEducação–OCaminhodeTijolosAmarelosdoAprendizado.In:EncontroRegionaldeHistoria.Anais.SaoPaulo:ANPUH/SPUNICAMP,2012.
FERREIRA, Mario Adelio et al. Didatica Especial: Lıngua Portuguesa,Matematica,EstudosSociais,Ciencias.SaoPaulo:Cortez.1986.
FREIRE,A.M.A.PauloFreire:UmaHistóriadevida.1ªEdiçao.EditoraVilladasLetras.Indaiatuba,SP.2006.
FREITAG,B;MOTTA,V.R;COSTA,W.F.OestadodaartedolivrodidáticonoBrasil.Brasılia,1987.
GRAELLS, P. Los medios didacticos. [Doc online]. U� ltima actualizaçao:12/06/05.2000.
GUIMARA�ES,F.M.Comoosprofessoresde6ºao9ºanosusamolivrodidáticodeCiências.Campinas,SP,2011.
INSTITUTOBRASILEIRODEGEOGRAFIAEESTATIS� TICA–IBGE.Pesquisadeorçamentosfamiliares2008-2009.RiodeJaneiro,2010.
KRASILCHIK,M.Práticadeensinodebiologia.4.ed.SaoPaulo:Edusp.197p.2004.
LAMEIRASetal.Arraiasde aguadoce(Chondrichthyes–Potamotrygo-nidae):Biologia,venenoeacidentes.RevistaScientiaAmazonia,v.2,n.2,2013.
LIMA,M.C.A.B.Ainfluênciadarelaçãoprofessor/alunonoaprendi-zadodeconceitosdefísica.RiodeJaneiro,1993.
LUNCHESE,M. S.Aherpetologia no ensino fundamental: o que osalunospensameaprendem.PortoAlegre,2013.
MELLO,M.A.AprendizagemSemDificuldades:APerspectivaHistorico-Cultural. APRENDER – Cadernos de Filosofia e Psicologia daEducação.VitoriadaConquista.AnoV,nº9p.203-218,2007.
MINISTE�RIO DA PESCA E AQUICULTURA.Relatório de avaliação doPlanoPlurianual2008-2011.Brasılia,2010.
NASCIMENTO,V.V;SOTERO,A.E.S;COSTA,A.P;COSTA,I.A.SJogoDidatico“Class Fish” comoEstrategia deEnsinoAprendizagemde Zoologia.RevistaSBEnBio.N.7.2014.
OLIVEIRA,C.B.E;ALVES,P.B.Ensinofundamental:papeldoprofessor,motivaçãoeestimulaçãonocontextoescolar.Paidéia,2005.
OLIVEIRA,O.B.;TRIVELATO,S.L.F.Práticadocente:oquepensamosprofessoresdeciênciasbiológicasemformação?.In:XIIIEncontroNacional deDidatica e Pratica de Ensino. Rio de Janeiro, RJ, 2006.Disponıvel em:<http://132.248.9.1:8991/hevila/Revistateias/2006/vol7/no13-14/5.pdf>.Acessoem:05jul.2012.
OLIVEIRA,C.C;CHAGAS,R.J;TEIXEIRA,P.M.M.AutilizaçãodeaquáriocomorecursodidáticoparaoensinodeCiênciasemumaescolapúblicadeJequié/BA.AtasdoIXEncontroNacionaldePesquisaemEducaçaoemCiencias,A� guasdeLindoia,SP,2013.
RATHLEF,C.OlivroDidáticoBrasileiro.Unicamp,1989.RIVA, P. B; OBARA, A. T; SUZUKI, H. I; Etnosaberes sobre peixes por
pescadoreseprofessoresdaplanıciedeinundaçaodoaltorioParana.InvestigaçõesemEnsinodeCiências,v.19,n.2,pp.343-361,2014.
RODRIGUES,S.P.Umacontribuiçãodasistemáticanasaladeaula:relatodeexperienciasobreaclassificaçaodosanimaisdeAristoteleseLinne.IIJornadadeHistoriadaCienciaeEnsino:Proposta,TendenciaseConstruçaodeInterfaces,2009.
RODRIGUES,A.L.F;SILVA,M.L.Botos:realidadeefantasianaconcepçaodeestudantesribeirinhosdoEstadodoPara,Brasil.NaturalResources,v.2,n.1,p.29-43,2012.
SANTOS,F.S.AconstruçãodematerialdidáticocontextualizadocomosubsídioparaasaulasdeCiênciasdoEnsinoFundamental(II):umaexperiênciacolaborativaemCubatão,SP.SaoPaulo,2009.
SANTOS,S.C.S;TERA�N,A.F;SILVA-FORSBERG,M.C.Analogiasemlivrosdidáticos de biologia no ensino de zoologia. Investigaçoes emEnsinodeCiencias,2011.
SAUAN, M. R. C. Educação ambiental nos livros didáticos: o queacontecenasaladeaula?Campinas,1998.
SCARPA, D. L; TRIVELATO, S. L. F. Aula de Ciências sob um olharVygotskyanoeBakhtiniano: “seraquegolfinhoebaleia epeixe?”[2010].Disponıvelem:<http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/iiienpec/Atas%20em%20html/o30.htm>.Acessoem:21Ago.2014.
SILVA,M.A.S.;SOARES,I.R.;ALVES,F.C.;SANTOS,M.N.B.UtilizaçãodeRecursosDidáticosnoprocessode ensino e aprendizagemdeCiências Naturais em turmas de 8º e 9º anos de uma EscolaPública de Teresina no Piauí. In anais do VII Congresso NorteNordestedePesquisaeInovaçao,Tocantins2012.
SIQUEIRA,D.C.T.Relaçãoprofessor-aluno:umarevisãocrítica.Conte-údoescola.Acessoem22deout.2014.2004.
TASSONI,E.C.M.Afetividadeeaprendizagem:arelaçãoprofessor-aluno.Reuniaoanualdaanped,2000.
VANIEL, B. V; BENVENUTI, M. A. Investigando os peixes nos livrosdidáticosdeciênciasdoensinofundamental.CadernodeEcologiaAquatica,2006.
VALENZUELA, A. B. Importância nutricional dos ácidos graxospoliinsaturadosdecadeialonga(PUFAÔmega-3):obenefíciodasuplementaçãocomestesácidosgraxos.Santiago,Chile,2005.
SILVA et al. Introduzindo o pensamento filogenético no ensino dezoologia através de uma dinâmica de classificação deinvertebrados. Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa emEducaçaoemCiencias,A� guasdeLindoia,SP,2013.
SOUZA, S. E.O uso de recursos didáticos no ensino escolar. In: IEncontrodePesquisaemEducaçao,IVJornadadePraticadeEnsino,XIIISemanadePedagogiadaUEM:“InfanciaePraticasEducativas”.Maringa,PR,2007.Disponıvelem:Acessoem:04jul.2012.