INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA …...concebida como a primeira etapa da Educação...

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INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

HISTÓRICA DAEDUCAÇÃO INFANTIL

Profª Bianca Caetano de Paiva

15/02/171ª PARTE

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CONTEXTULIZAÇÃO HISTÓRICA

CONCEPÇÃO DE ED. INFANTIL

Do séc Xll até séc XV-fase insignificante/ sem importância;- adulto em miniatura;

Logo não há preocupações de cunho educativo formal.

Final do séc XVll- compreendida como uma etapa da vida;- as primeiras escolas recebiam todas as crianças (instituiçõesde caridade – religiosas).

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Com o advento da revolução industrial e a emergênciada burguesia cria-se um novo referencial: desloca-se o valor do homem da linhagem (suadescêndencia) para o prestígio resultante do seutrabalho.

Consequentemente a escola passa a ser vista comoum caminho para a ascensão social:

- com “poder” de formar e transformar o indivíduo- com o objetivo de estimular e intervir no

desenvolvimento das crianças.

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No sec XlX – o modo de produção capitalista se consolida por meio da industrialização, lançandoa mulher no mercado de trabalho.

Surgem:- as primeiras creches na França (1840), com o objetivode prestar assistência às crianças de baixa renda.

- os jardins de infância para filhos de famílias abastadas(diversão, boas maneiras, trabalhos manuais e socialização).

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No Brasil até meados do séc XlX, não se tem

registros de instituições dedicadas a educaçãoinfantil.

No meio rural, as famílias dos fazendeiros assumiamos cuidados das crianças.

Na zona urbana, os bebês eram recolhidos nas “rodasde expostos”.

Após a abolição houve a necessidade de buscariniciativa que atendesse a demanda.

Criam-se creches, asilos e internatos para criançaspobres, na sua grande maioria filhos de antigosescravos.

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ANALISANDO ESTE PROCESSO, QUAIS AS BASES PARA A CONSTRUÇÃO DA

EDUCAÇÃO INFANTIL?

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• Percebe-se que a base para a construção daeducação infantil foi moldada e pensada deacordo com necessidades de cunho político eeconômico visando adequar tais questões, semmuita preocupação com o processo dedesenvolvimento do “sujeito”que participadesse processo.

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Esse redicionamento da ed.infantil americana, influencia outros países, inclusive o Brasil.

Segundo Kramer e Abramavay(1984.p 33), nos EUA, (1950) a educação infantil, passa a ser concebidacomo uma etapa preparatória para a escolaelementar ( Ensino Fundamental)

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Marcos decisivos para o reconhecimento do direito da

criança à educação.

Declaração do Direito da criança (ONU,1959) complementado pela:

-Convenção sobre os direitos daCriança.(1989)

-Declaração Mundial sobre a Educaçãopara Todos(Tailândia, 1990)

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NO BRASIL

• LDB nº4024/61- menciona esta etapa de ensino, oferecendo-aem jardins de infância.

• LDB nº5692/71- afirma que os sistemas velarão para que ascrianças recebam convenientemente educação nas escolas,mas não explica como seria a ampliação e fiscalização.

• Constituição Brasileira de 1988- garante a educação infantil,como um direito da família e da criança.

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• LDB nº 9394/96- a Ed. Infantil passa a ser um direito detodas as crianças desde o seu nascimento. Passa a serconcebida como a primeira etapa da Educação Básica.

• Lei nº 11.274/06 ( 06/02/2006) dispõe sobre o Ensino denove anos, tornando obrigatório o ingresso no EnsinoFundamental aos 6 anos.

Altera os art. 29, 30, 32 e 87 da lei anterior.Defineainda a idade de 0 a 3 anos para as creches e de 4 a 5anos para a pré-escola.

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• Parecer CNE/CEB nº 18/2005:

- Reafirma a antecipação da escolaridade obrigatória aos6 anos prevista na resolução CNE/CEB nº 3/2005

- Reafirma a necessidade de assegurar a oferta e aqualidade da educação infantil em instituições públicas.

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• Lei nº 11.700. de junho de 2008. Acrescenta aoart 4º da lei nº 9.394, de 20/12/96, o inciso X,para assegurar vaga na escola pública deeducação infantil ou de ensino fundamentalmais próxima de sua residência a toda a criançaa partir do dia em que completar 4(quatro)anos de idade”. (NR)

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O que muda com a LDB nº 9394/96 ?• novos rumos foram dados de modo que

passou-se pensar a ed. infantil como umprocesso efetivamente de cunhoeducativo.

• passa a considerar a ed. infantil como a1ª etapa da ed. básica, constituindodireito inalienável da criança.

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A EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO NACIONAL

• Anos 90:• Constituição de 88• Estatuto da Criança e do

Adolescente (1990)• LDB 9394/96

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ANOS 70

• EDUCAÇÃO COMPENSATÓRIA - Déficit cultural, linguístico.- Defasagens afetivas.- A Pré-escola – salvaria a educação primária

dos possíveis fracassos escolares.

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ANOS 80• É colocada em xeque a concepção de “privação

cultural”.• Crescem os estudos oriundos da Antropologia,

Psicologia e Sociologia.• Combate à desigualdade e atenção às diferenças.• Criança: sujeito de direitos.• Programa Nacional de Educação Pré-Escolar:

ações de atendimento à baixo custo comobjetivos vagos.

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ANOS 90

• Educação: direito das crianças de 0 a 6 anos(opção da família) e dever do Estado.

• Avanços no campo teórico: crianças criadorasde cultura e “produzidas” na “cultura”.

• Políticas de formação de profissionais.• Surgimento de alternativas curriculares (RCNEI,

1998).• DCNEF (2009). 18

DESAFIOS DA ÉPOCA• Ausência de financiamento.• Lutas por inclusão no FUNDEB.• Organização dos sistemas municipais.• Políticas de Educação Infantil articuladas com

Políticas Sociais.• Formação de profissionais.• Pressões de organismos internacionais.

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DILEMAS PRÁTICOS• Estruturação no âmbito da Educação Básica.• Articulação com o Ensino Fundamental.• Organização escolar.• Articulação curricular.• Critérios de qualidade.• Avaliação: diagnóstico ou de desempenho.

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ESTUDOS NECESSÁRIOS• Institucionalização da infância e suas consequências.• Concepções teóricas da infância (é preciso consolidar as contribuições da

sociologia da infância, da antropologia e os estudos culturais sobre ascrianças e as culturas infantis).

• Especificidades da creche e do trabalho com bebês.• Em relação às famílias: gravidez precoce, abandono, violência, populações

de rua e as relações entre creches, escolas e conselhos tutelares.

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A BUSCA DA QUALIDADE• Recursos financeiros aplicados, exclusivamente, nesse nível

de ensino.• Universalização do atendimento para todas as crianças de

zero a cinco anos de idade,• Formação inicial e continuada do professor que priorize a

integração entre os cuidados e a educação da criançapequena.

• Projeto pedagógico adequado para essa faixa etária, quepossibilite o enriquecimento das experiências infantis.

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• Trabalho coletivo entre a direção, coordenação, professor,demais funcionários da instituição e família das crianças.

• Ludicidade como elemento fundamental na organização dotrabalho pedagógico.

• Participação das famílias nas escolas infantis.• Espaço físico contendo mobiliário e material pedagógico

adequado à idade das crianças.• Segurança física e psicológica que garanta o acolhimento a

todas as crianças, inclusive às crianças especiais.• Articulação entre esse nível de ensino e os anos iniciais do

ensino fundamental.23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• KRAMER, Sonia. As crianças de 0 a 6 anos nas políticas educacionais no Brasil: educação infantil e/é fundamental. Educ. Soc.,Campinas, vol. 27, n. 96 - Especial, p. 797-818, out. 2006.

• Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.33,p.78-95,mar.2009.

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Profª Bianca Caetano de Paiva

15/02/172ª PARTE

CRIANÇA E INFÂNCIA

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INFÂNCIA• Infância• Infante (origem latina) ausência de fala• “Por não falar, a infância não se fala e não se

falando, não ocupa a primeira pessoa nosdiscursos que dela se ocupam. [...] Por isso ésempre definida por fora” (LAJOLO, 1997,P.226).

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INFÂNCIA

Categoria histórica que possui váriossignificados, os quais dependem das relaçõessociais, econômicas, políticas, históricas,culturais entre outras

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Algumas concepções• SANTOS, 1996• Período do ciclo da vida que têm dimensões

biológicas e culturais.• Idade cronológica; não constitui critério válido de

manutenção física.• Vai do nascimento até a puberdade (0 a 12anos

ECA).

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ALGUMAS CONCEPÇÕES• SANTOS, 1996• Desenvolvimento biológico é universal, mas o

recorte desse continuum obedece àsdiferenças do ritmo fisiológico e varia deindivíduo para indivíduo de acordo com osexo.

• Mais apropriado “infâncias”.30

Algumas concepções• FARIAS, 2005• Infância como Categoria Social• Final do Século XVIII e começo do Século XIX• Sociedade burguesa começa a perceber a criança como ser

coletivo.• “Ainda não se poderá falar em um reconhecimento

generalizado da sua identidade e de sua importância, jáque esse processo de autonomização não ocorre da mesmamaneira em todos os Países [...] (FARIAS, 2005, p. 56).

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Algumas concepções• COLIN HEYWOOD (2004)• Ao estudar as mudanças nas concepções de

infância da Idade Média à épocaContemporânea ele o faz de uma perspectivamulticulturalista considerando as diferentesformas de pensar essa etapa da vida.

• Criança construto social32

Algumas concepções• PHILIPPE ARIÈS (1973)• Historiador francês, nasceu em 1914, em Blois,

na região central da França, e viveu a maior partede sua vida em Paris. Morreu em 1984.

• História Social da Criança e da Família• Este livro custou dez anos de pesquisas, entre

1950 e 1960.

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ALGUMAS CONCEPÇÕES

• PHILIPPE ARIÈS (1973)• O autor foi inspirado nas observações e nas

“transformações contemporâneas dosmodelos familiares”. Ariès (1994, p. 133).

• Documentos iconográficos e a literatura.• Apresenta um quadro da criança/família em

lenta transformação.

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CRIANÇAS NO SÉCULO XI• PHILIPPE ARIÈS• Crianças são adultos em miniatura (roupas, expressões

faciais),• A arte medieval “desconhecia” a infância• O sentimento de infância surge entre os séculos XIII e XVIII

(temas religiosos. A infância se introduz na iconografiamedieval).

• Século XIII não existem crianças caracterizadas porexpressão particular, e sim homens de tamanho reduzido.

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CRIANÇAS NO SÉCULO xi• PHILIPPE ARIÈS• As crianças foram tratadas como adultos em

miniatura: na sua maneira de vestir-se, naparticipação ativa em reuniões, festas e danças.Os adultos se relacionavam com as crianças semdiscriminação, falavam vulgaridades, realizavambrincadeiras grosseiras, todos os tipos deassuntos eram discutidos.

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SÉCULOS XVI E XVI

• A Cena de gênero se desenvolveu• A criança se torna uma personagem mais

frequentes nas pinturas: crianças com seuscompanheiros, com sua família...

• Na vida quotidiana as crianças estavammisturadas com os adultos, para o trabalho, opasseio, o jogo. 38

Os pintores gostavam de representar a criança por sua graçaou por seu pitoresco e se compraziam em representar apresença da criança dentro do grupo ou da multidão.

Século XV – o retrato e o Putto Século XVI- retrato da criança morta (aparece nas sepulturas de

seus mestres) Durante esse Século- surge o retrato da criança morta.

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SÉCULO xVII• Multiplicam os retratos de crianças vivas;• Nasce o sentimento da infância• Início do interesse pela criança• Retratos de crianças sozinhas e retrato de

crianças em família em que a criança era o centro• Registro da linguagem infantil.

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Tese de áriès

• A civilização medieval não percebia umperíodo transitório entre a infância e a idadeadulta. As crianças eram percebidas comoadultos em miniatura.

• A infância era apenas uma fase semimportância e não fazia sentido fixarlembranças.

• Ausência do sentimento de Infância na IdadeMédia.

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Crítica a àriès• Tese da inexistência de uma consciência da

natureza particular da infância nas sociedadesmedievais.

• Olhando o mundo da infância medieval comos olhos da contemporaneidade e que nãohavia uma ausência do sentimento dainfância, mas uma compreensão própria.

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A construção das infâncias

• O que é natural é considerado normal. O normal correspondia à ideiade que a norma é o que há de comum, aceitável. O anormal éentendido como inaceitável.

• Existem muitas infâncias distintas entre si por condição social, poridade, sexo, pelo lugar onde a criança vive, pela cultura, pela época,pelas relações com os adultos.

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froebel• O alemão Friedrich Froebel (1782-1852) foi

um dos primeiros educadores a considerar oinício da infância como uma fase deimportância decisiva na formação das pessoas- idéia hoje consagrada pela psicologia, ciênciada qual foi precursor.

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froebel

• Duas tendências históricas são essenciais para acompreensão da obra de Froebel. Uma é a valorizaçãoda infância - que passou, entre os séculos 18 e 19, aser encarada como uma fase da vida comparticularidades bem marcantes e com duração longa(é dessa época também o surgimento do conceito deadolescência).

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• Havia pouco tempo, era comum meninoseuropeus de 7 anos entrarem para as ForçasArmadas. Cerca de um século antes donascimento de Froebel, tamanha era amortalidade infantil que a infância nãopassava de um período de "teste" paracandidatos a adultos.

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froebel• Outra tendência histórica marcante do

período em que Froebel viveu foi oindividualismo burguês, simbolizado pelafigura de Napoleão, que encarnava o ideal dohomem que se fez sozinho e se tornouimperador da França.

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Retrato da família de Maximiliano I, da Áustria, do

século 15: crianças com feições de adultos.

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AS CRIANÇAS• As crianças são agentes sociais, ativos e

criativos que produzem suas próprias eexclusivas culturas infantis.

Ao mesmo tempo, contribuem para aprodução das sociedades adultas.

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A INFÂNCIA A infância, é um período socialmente construído

em que as crianças vivem suas vidas.

É uma forma estrutural, ou seja, é uma categoria ouuma parte da sociedade como as classes sociais ougrupos etários.

Para a sociedade, a infância é uma forma estruturalpermanente ou categoria que nunca desaparece,embora seus membros mudem e sua natureza econcepção variem historicamente.

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A INFÂNCIA (contribuições)• A socialização da infância tem recebido

extensa cobertura em textosintrodutórios da sociologia.

As crianças marginalizadas na sociologiaforam retomadas como sujeitos centrais dainfância.

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• Grande parte do pensamentosociológico sobre criança e infânciaderiva do trabalho sobresocialização. Ex. Durkheim

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MODELOS SOCIOLÓGICOS• Modelo determinista e reprodutivista:

preocupação excessiva com a socialização.• Modelo construtivista: foco no

desenvolvimento individual; preocupaçãoexagerada com o percurso.

• Reprodução interpretativa: aspectosinovadores da participação social da infância.

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REPRODUÇÃO INTERPRETATIVA

• A reprodução interpretativa enfatiza a linguagem e a participação dascrianças em rotinas culturais.

Rotinas previsíveis em família. A rotina é o momento adequado para a criança colocar em discussão

suas dúvidas. Para o adulto essa rotina é o momento adequado para ordenar alguns

conceitos confusos para criança.

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REPRODUÇÃO INTERPRETATIVAA reprodução interpretativa encara a

integração das crianças em suas culturascomo reprodutiva.

As crianças se esforçam por interpretarem omundo e participarem dele.

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A negligência/marginalização da infância na sociologia está relacionada à visão tradicional de socialização.

A contestação dessa visão tradicional de socialização ocorre com a emergência da teoria cognitiva de Piaget e a abordagem

sócio-cultural de Vygotsky.

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referências• ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 1981.• HEYWOOD, Colin. Uma História da Infância: da Idade Média à Época Contemporânea no Ocidente, trad.

Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artemed, 2004.• FARIAS, G; DERMATINI, Zelia de Brito Fabri; PRADO, Patricia Dias (orgs) Por uma cultura da infância :

metodologia de pesquisa com criança. Campinas São Paulo : Autores Associados, 2005.• BRUEGEL, Pieter, o Velho. Jogos Infantis. 1560. Óleo sobre madeira. 118 x 161 cm.• Kunsthistorisches Museum, Viena;• ________. O Banquete de casamento camponês. 1568. Óleo sobre madeira. 114 x• 164 cm. Kunsthistorisches Museum, Viena;

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