Post on 01-Apr-2016
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j u l h o / a g o s t o
2014 | ano 11 | nº55
distribuição gratuita
Jardim Botânico
Horto | Gávea | Humaitá
Alma musicalO Jardim Botânico é lar e “escritório” de inúmeros cantores,
compositores e instrumentistas. (Páginas 10 a 14)
Ilustre cidadão Roberto Frejat circula da Fonte da Saudade ao Humaitá e JB a pé ou de bicicleta. (Página 22)
jb folhasemo informativo do jardim botânico
1 0 A N O S
Aleias inspiradoras A coluna Alamedas do Jardim destaca os endereços onde medalhões da MPB moraram no bairro. (Página 21)
2
Editorial A música está no ar e nas ruas
Caro Leitor,
Apesar de ser mais associado ao mundo da televisão,
por conta da Rede Globo, o Jardim Botânico é fértil
em música. O bairro é o habitat de talentos como os
de Jards Macalé, Fernanda Abreu, Lulu Santos e Rodri-
go Santos. É onde ficam o Instituto Tom Jobim – com
seus arquivos sobre a vida do maestro – e o Espaço
Tom Jobim, palco de shows de todos os gêneros. De
1972 a 1999, o Teatro Fênix funcionou na rua Lineu
de Paula Machado, onde, na década de 1980, era
gravado o programa de auditório “Cassino do Chacri-
nha”, passagem
obrigatória para
os músicos rumo
ao estrelato, na-
queles tempos
pré-internet. O
Jardim Botânico
abre alas tam-
bém a anima-
dos blocos car-
navalescos – desde o tempo do “Bicharada”, com
as marchinhas de Haroldo Lobo – e tem uma
tradição em estúdios de gravação – incluindo o
nosso “Abbey Road”, o Nas Nuvens, testemu-
nha de registros antológicos da música brasileira.
São tantas as referências musicais que aprovei-
tamos os dias da Música e do Rock (11 de junho e
13 de julho, respectivamente) para embarcar numa
viagem sonora ao longo dessa edição, com destaque
para a matéria de capa, a partir da página 10.
A música também está presente nas seções “Meu
bairro”, “Ilustre Morador”, “JBF Indica” e “Alamedas”.
Nessa última (página 21), estão os endereços musi-
cais que poucos
conhecem, co-
mo a casa on-
de Tom Jobim
morou de 1983
até seu faleci-
mento, em 1994
(foto ao lado).
Mantendo a
arte como tema,
apresentamos, na página 6, a entrevista com o ar-
tista plástico Marcio Botner, que, desde março, es-
tá à frente da administração do Parque Lage. Ele e
Marcus Wagner, responsável pelos eventos, conver-
saram com Betina Dowsley (foto ao lado) sobre os
projetos que pretendem implantar ainda esse ano.
Pesquisas feitas no mundo inteiro comprovam que
a música faz bem para o corpo. Então, escolha sua
trilha sonora ideal e deixe-se levar pelo ritmo e pela
melodia que as páginas a seguir sugerem.
Até setembro,
Christina Martins
Editora
O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editada pelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.
www.armazemcomunica.com.br
Editora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 -RJ)
Redação: Betina Dowsley
Projeto Gráfico: Paulo Pelá - www.bolaoito.com.br
Revisão: Carla Paes Leme
Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406
Estagiária de Redação: Sheila Gomes
Distribuição:Parques, bancas de jornais, galerias e prédios comerciais do Jardim Botânico, Horto, parte da Gávea e do Humaitá.
Capa: Paulo Pelá (Ilustração), Chris Martins (fotos)
Tiragem: 5.000 exemplares
Telefone: 3874-7111/ 98128-6104
e-mail: jbemfolhas@armazemcomunica.com.br
www.facebook.com/JbEmFolhasJornalDoJardimBotanico
site: www.jbemfolhas.com.br
Expediente
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Família e tradição são palavras-chave para An-
tônio Polide, dono da Lavanderia Santa Helena.
Sua história confunde-se com a do estabeleci-
mento, fundado em 1956, por seu tio. Ainda
menino, Toninho, como ficou conhecido, traba-
lhou por dois anos, de 1963 a 1965, ajudando
nas lavagens a seco e nas entregas. Voltou em
1974, quando seu pai estava à frente da lavan-
deria, e nunca mais largou. Atualmente, passa
o ofício de tintureiro – comemorado no dia 3 de
agosto – para seus filhos, Alessandra e Antônio.
- Antigamente era mais simples, havia pou-
cos tecidos. A maior parte do que vinha para a
lavanderia era de linho e casimira inglesa. Hoje
há uma variedade enorme de cores e tecidos,
o que exige mais conhecimento e cuidado na
lavagem, explica o Antônio, que se prepara
para receber uma máquina nova para tecidos
delicados e que não encolhe a roupa.
Para o tintureiro, o segredo da longevida-
de e do crescimento da empresa familiar es-
tá na eficiência do trabalho e no carinho com
os clientes. “Já estamos atendendo a terceira
geração. A confiança é muito importante nes-
te trabalho”, completa. Não fosse assim, não
seria responsável pela lavagem dos jalecos do
chef Claude Troisgros e dos vestidos de festa e
de noiva da loja Martu.
Cara do JB Antonio Polide
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Folhas do Jardim
Reabertura do Museu do Meio Ambiente
no Horto. Apesar de manifestação contrária de mo-
radores da região, o local foi reintegrado ao Jardim
Botânico do Rio de Janeiro. Segundo Samyra Crespo,
presidente da instituição, no lugar do clube, em bre-
ve, será instalada uma nova estufa de orquídeas e,
em médio prazo, será feita a recomposição paisagís-
tica do Aqueduto da Levada, construído em 1853.
Mudanças nas linhas de ônibusDesde o início de junho, a linha 569 (Largo do Ma-
chado – Leblon) não passa mais pela rua Maria An-
gélica. Ao sair do túnel Rebouças, os ônibus descem
direto pela Jardim Botânico. Já a linha 463 (São Cris-
tóvão – Copacabana) aguarda a criação de um novo
ponto, ao lado da Praça Tamoyo e do campinho de
futebol, na Lagoa, para alterar seu trajeto. As mudan-
ças foram solicitadas à CET-Rio pela AMA-JB, visando
a desafogar o tráfego na rua Maria Angélica.
Praça Pio XI renovadaDesde o final de maio, a Praça Pio XI está de cara no-
va, totalmente remodelada. A inauguração das obras
contou com recreação, água de coco, brincadeiras e
as presenças do Secretário Municipal de Conservação,
Marcus Belchior, e de membros da Diretoria da AMA-
JB, entre outros. Uma das novidades do lugar é o dis-
tribuidor de sacos plásticos para recolher fezes de ca-
chorro, instalado pela Pedigree, que adotou a praça.
Inaugurado em 2008, mas fechado por longas tempo-
radas para reformas, o Museu do Meio Ambiente foi
reaberto, em junho, com a exposição O Jardim Verde e
Amarelo. A mostra é composta por 36 fotos que parti-
ciparam do 15º Concurso de Fotografias do Jardim Bo-
tânico, promovido pela Associação de Amigos do Jar-
dim Botânico, com destaque para as primeiras coloca-
das “Fantasia aquática” (1º lugar na categoria Fauna &
Flora), de Laizer Fishenfeld, na foto com a presidente
do Jardim Botânico, Samyra Crespo; e “Fonte da vida”,
de J. Cassio (1º lugar na categoria Paisagem). O júri
foi formado por João Quental, Lena Trindade, Gustavo
Pedro, Príamo Melo e Zeca Guimarães, profissionais
especializados em registros de natureza, que também
têm algumas de suas obras expostas no local. A mos-
tra fica em cartaz até 2 de agosto.
Desocupação do CaxinguelêEm cumprimento à determinação da Justiça, em
maio, ocorreu a desocupaçcão do Clube Caxinguelê,
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De Jardim Imperial a VirtualJá Já está no ar Botanic, a nova plataforma virtual
do Jardim Botânico com aplicativo para celular e ta-
blet, em português e inglês, que pode ser baixado
para os sistemas operacionais IOS e Android. A fer-
ramenta, gratuita, disponibiliza roteiros de visitação
e informações sobre o parque.
Novo site da AMA-JBEstá no ar o novo site da AMA-JB (www.amajb.org.br).
O objetivo é estabelecer mais um canal de comu-
nicação com os moradores, divulgando o que acon-
tece no bairro com fotos e textos informativos, em
parceria com o JB em Folhas. Além de notícias e
galeria de fotos, haverá espaço para colaboração
dos associados e moradores e um link para o paga-
mento da anuidade da associação online.
Comércio, comida e culturaAberta temporada de inaugurações no Jardim Botâni-
co. Na galeria da Maria Angélica, destaque para loja
It Fit, de roupas esportivas; ali pertinho, na Jardim Bo-
tânico, contamos agora com a JB Móveis, Decorações
e Reformas, dedicada especialmente ao mobiliário
para varandas e terraços, com estrutura de alumínio,
fibras sintéticas e estofamento impermeável. Outra
novidade em decoração é o Espaço Lud Contempo-
râneo, na galeria em frente aos Correios, que, a ca-
da temporada, vende objetos temáticos. A partir de
julho, a loja estará focada no Dia dos Pais. No setor
gastronômico, o bar em frente à banca de jornais da
Professor Saldanha passou por reforma e aproveitou
para mudar seu perfil. Agora, além de suas famosas
quentinhas, o Tempero Tropical oferece sucos, sandu-
íches e pizzas para lanches e café da manhã.
Bibi em reformaA casa de sucos fecha as portas dia 1 de agosto para
uma reforma de ampliação e deve permanecer fe-
chada até dezembro. Durante esse período, não ha-
verá entrega no bairro.
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Novos ares pairam sobre a Escola de Artes Visuais
do Parque Lage. O artista plástico Marcio Botner
– então vice-presidente da Associação de Amigos
do Parque Lage (AAPL) – foi escolhido para ser
presidente da Organização Social Oca Lage, criada
pela Secretaria de Estado de Cultura no final de
2013 para administrar o casarão da escola (e tam-
bém a Casa França-Brasil). Analisando tudo o que
ele fez em sete anos de associação, sua escolha
para o cargo foi um processo natural.
Inicialmente, Botner buscou entender o po-
tencial de gestão das duas casas públicas, sendo
que a parte pedagógica da EAV continua sob os
cuidados de Cláudia Saldanha. Com o apoio de
um conselho formado por 20 integrantes, presi-
dido pelo advogado e colecionador Paulo Vieira,
a nova gestão assumiu a direção do casarão em
abril deste ano e já tem dado o que falar com
a realização de eventos que aproximam cultura
e natureza. Bons exemplos são a festa de lança-
mento da Oca Lage e o programa Parquinho Lage,
em que artistas são convidados a interagir tam-
bém com as crianças que frequentam o local, com
novidades a cada estação.
- Meu objetivo é trazer os vizinhos para dentro
do parque. Dentre eles, os que mais aproveitam o
espaço são as crianças, por isso começamos com o
Parquinho Lage. Mas os adultos podem contar com
eventos para eles também, adianta o novo gestor.
O aumento da responsabilidade e do trabalho
não assusta o também galerista, ex-aluno e pro-
fessor da EAV. Botner sabe bem que “o importante
é fazer” e sente-se como um polvo, com muitos
braços para botar a mão na massa e abraçar boas
e novas ideias.
- Minha maneira de trabalhar é colaborativa. É
preciso acreditar na afetividade e na coletivida-
de para que a arte contamine a sociedade. Meu
desejo é que ela invada o parque, afirma Botner,
que, para isso, conta com a colaboração, entre ou-
tros, de Marcus Wagner, designer e agitador cario-
ca – um dos fundadores do réveillon do Arpoador,
do Baile do Sarongue e do coletivo Alalaô –, como
gerente de eventos.
A empolgação de Botner é mesmo contagiante.
Prometendo uma gestão ágil e transparente, ele
deixa claro seu principal objetivo: “tornar público
o que já é público”. Pode parecer redundante, mas
o propósito das OSs é justamente gerir instituições
que continuam pertencendo ao Estado, ainda que
administradas por entidades civis.
- As OSs visam a garantir a continuidade de
gestão e estabilidade, mesmo com mudanças de
governo. Vamos manter os compromissos já assu-
midos pela escola e implementar outros, uma vez
que temos a possibilidade de buscar mais recursos
financeiros por meio de novas parcerias - explica.
ENTREVISTA Marcio Botner
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A onda oriental bateu forte na Lagoa e inva-
diu, pela Maria Angélica, o Jardim Botânico,
bairro onde a cena gastronômica floresce a
olhos vistos e puxados. Com 2014, vieram três
meninos do Japão: Okawari, Tadashi e Seidô.
Balcões nascidos para o sushi, como o do ‘chef
tropicalista’ Nao Hara, recebem pinceladas de
frutas e pétalas, que lembram nossos mais
belos canteiros.
Pequenino, porém completo, o Okawari abre
de segunda a sábado para almoço e jantar, com
rodízio, menus executivos e especialidades como
o makimono de salmão à milanesa com cream
cheese e nirá e o haru hot de atum apimentado,
cream cheese e cebolinha. O restaurante aposta
no delivery e leva à porta de casa combinados
como o JB: 14 unidades com direito a sashimis
de haddock, sushis de camarão e salmão lemon
tartare com raspas de limão (foto).
Quem circula pela área, por sinal, já reparou
na bonita réplica de cerejeira em flor, árvore
cor-de-rosa acesa que anuncia, na calçada, o
Tadashi. A casa, com dois andares e claraboia
sob a folhagem, acena com rodízio de 60 itens
para o almoço em dias de semana, 15 combos
e sushis, como o de atum afrodisíaco, com mo-
lho teriyaki e amendoim.
Curtiu? Então levante o copo quadrado para o
brinde de saquê: “Kampai! Nao Hara está entre
nós”. O chef - que é pioneiro na injeção de cria-
tividade em cardápios japoneses, nome à frente
do Shin Miura (maravilha no Edifício Avenida Cen-
tral) - move suas facas no ponto onde o Caroline
Café cumpriu sua história.
Nas belezuras dos ‘esqueminhas’ do cozinhei-
ro, degustações de um a quatro pratos escolhidos
em lista de 20, um resumo de sua trajetória: in-
venções como o espeto de sushi de atum com
foie gras e sorvete de shoyu e mel; o lagostim
confitado no saquê com sorbet de damasco e chá
verde; ou a tempura de vieira no coco, com terri-
ne de laranja e ganache de missô.
Além dos sushis e sashimis, em bossas como o
salmão com maracujá ‘brûlée’, todos os itens tra-
dicionais estão na carta, sejam quentes ou frios.
Um mundo para se degustar em diversas visitas.
Escrever já me deixou com água na boca!
O Seidô vem fazer companhia ao Yumê, onde
uma jovem senhora chamada Madonna costuma
se esbaldar quando está no Rio. A cantora aban-
dona a ‘material girl’ para curtir uma onda zen,
passeando sobre as carpas do aquário no chão e
beliscando o Sakura Mango Sushi, lâminas crocan-
tes de manga com ovas de salmão. Para o inver-
no, o restaurante sugere receitas como o Niwatori
Maki (trouxinha de frango e gengibre no vapor) e
o Karee Niwatori (frango ao curry com banana).
Novidade recente: a bela casa do Horto está abrin-
do para o almoço, a partir de meio dia.
No bairro verde, modéstia à parte, já dá para
arriscar: os nossos japoneses são mais criativos
do que os outros.
Pedro Landim
Jornalista e editor do blog www.bocanomundo.com
Sabores do Jardim Invasão japonesa
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Para Geraldo Magalhães, o Jardim Botânico é uma bo-
lha: a sua bolha! O empresário e produtor musical de
47 anos veio para o Rio em 1992 e escolheu o bairro
para morar. Pernambucano de nascimento e carioca
por adoração, Geraldinho – que já morou em três en-
dereços diferentes no JB ao longo desse tempo – é
apaixonado pelo bairro e acha que aqui encontra tudo
o que é necessário para viver bem.
- O Jardim Botânico tem uma atmosfera provincia-
na, uma proximidade com o verde e a Lagoa. Tenho
orgulho de dizer que minha filha Alice, de 15 anos,
nasceu e cresceu entre a pracinha Pio XI e a feirinha
da rua Lineu de Paula Machado – declara ele, que
chega a ficar incomodado quando, por causa do tra-
balho, é obrigado a sair da “bolha” para uma reunião
em outra região.
Geraldinho e a mulher, Paola Vieira, são sócios da
Diversão e Arte, produtora que agencia artistas e ban-
Meu JB Geraldo Magalhães
das, como o músico Wilson das Neves e a Orquestra
Imperial. Atualmente, Geraldinho produz também a sé-
rie “Brasil adentro”, junto com o ex-Titã Charles Gavin.
Como morador, o empresário circula bastante e tem
suas preferências, embora tenha se decepcionado com
o preço e a qualidade de algumas coisas no bairro.
1_Feira da Lineu – O domingo só começa com o café
da manhã em família, na feira, com bolo de aipim e
caldo de cana na barraca de tapioca da Vanessa.
2_Boxe - Faço boxe no Carioca desde que o clube pas-
sou a oferecer esta atividade. A vantagem de ser vete-
rano é que posso frequentar em qualquer horário.
3_Lagoa – Quando estou no Rio, não abro mão de
andar de bicicleta e caminhar na Lagoa.
4_Bares - Tenho orgulho de conhecer todos os bares
do bairro. Do antigo Rebouças ao novato Gente Bem.
Gosto muito do Belmonte, mas depois da reforma ele
ficou $urreal.
5_Mercadinho Afonso Celso - É parada obrigatória
para jogar uma conversa fora com os amigos.
6_Mil Frutas – Eu chamo de Mil Reais, porque é caro.
Mas um sorvete, de vez quando, é bem-vindo.
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Atendimento ao cidadão 1746Bombeiros 193 / 3399-1234Cedae (água e esgoto) 195 / 2297-0195CEG 0800-240197Defesa Civil 199 / 2576-5665Disque-Denúncia 2253-1177
Guarda Municipal 153Light 0800-282-012015ª DP 2332-2900Polícia Civil 197Polícia Militar 190Procon 151Subprefeitura da Zona Sul 2521-5540Vigilância Sanitária 2503-2280
Telefones úteis
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Ares musicaisCopacabana tem a Bossa Nova; Ipanema, a sua garo-
ta. O Jardim Botânico é polígamo em matéria musical.
Aqui, moraram Vinícius de Moraes e Tom Jobim; vive
Lizzie Bravo, a “moça” que tocou com os Beatles (fo-
tos 2); tem blocos de Carnaval como Suvaco do Cristo
e Último Gole (foto 1), cada um no seu tamanho; e
estão localizados estúdios de gravação que marcaram
época, como o Nas Nuvens.
O estúdio foi o primeiro a aportar no bairro, em
1984, e teve entre seus sócios Gilberto Gil, o músico
e produtor Liminha – primeiro baixista do grupo Os
Mutantes –, além dos engenheiros de som Ricardo
Garcia e Vitor Farias. Por um tempo, a sociedade con-
tou com a participação de André Midani, na época
presidente da Warner, e funcionou como extensão
da gravadora, cuja sede ficava na rua Itaipava. No
estúdio, foram gravados álbuns marcantes do pop
rock nacional, como os de Paralamas do Sucesso,
Kid Abelha, Titãs, Lulu Santos e o de estreia de Chico
Science & Nação Zumbi. Atualmente, Liminha segue
à frente do Nas Nuvens ao lado de Vitor Farias.
Sem tempo para entrevistas, Liminha não pôde
contar pessoalmente ao JB em Folhas as várias his-
tórias que viraram lenda entre os músicos e artistas.
Roberto Frejat, que gravou ali vários álbuns do Barão
Vermelho na década de 1990, diverte-se ao lembrar
“da senhora que corria para a janela para reclamar do
barulho a cada vez que a porta se abria para alguém
entrar ou sair a qualquer hora do dia ou da noite”.
No rastro do Nas Nuvens, outros estúdios foram
se instalando no bairro, como o Estúdio 304, de Chi-
co Neves, onde foram forjados discos de Lenine,
Skank e O Rappa; o Discover Digital Studio; e os ain-
da em atividade Jam House, palco de ensaio para
inúmeros shows e artistas, e Órbita Music, de Carlos
Trilha, Dudu Chermont e Fernando Morello.
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A tendência atual é de os artistas buscarem es-
paço para seus próprios “escritórios” perto de casa.
É o caso de Dado Villa-Lobos (foto 3), no Horto; de
Marcelinho Da Lua, no Alto Jardim Botânico; e de Ro-
berto Frejat, na Fonte da Saudade. Inaugurado em
2008, o cantinho do guitarrista da Legião Urbana po-
de ser visto no “Estúdio do Dado”, programa do canal
a cabo BIS, cuja primeira temporada vai até o final
de julho e com participações de Gilberto Gil, Parala-
mas, Ney Matogrosso e Baby do Brasil, entre outros
artistas. O local serve também de abrigo para suas
próprias viagens sonoras, como as de seu novo gru-
po Panamericana, formado com ex-integrantes de
outras bandas do BRock: Dé Palmeira (Barão Verme-
lho), Charles Gavin (Titãs) e Toni Platão (Hojerizah).
Dado divide o espaço com Duda Mello, que man-
tém um estúdio de mixagem no local, além de alu-
gar suas instalações para gravações de Vanessa da
Matta e Adriana Calcanhoto. Mas adaptar uma casa
antiga e tombada para funcionar como um estúdio
de gravação com boa solução de aúdio não é tarefa
das mais fáceis. Dado que o diga: 2
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DJ e produtor consagrado, Marcelinho Da Lua trou-
xe seu estúdio para a região há pouco tempo. O
“Quartinho”, de Laranjeiras, agora ocupa a garagem
de sua sogra no Jardim Botânico, com direito à vista
para o verde. Ali, Da Lua e seu sócio Bruno LT (foto 4)
pretendem tocar o selo Tranquilo Soundz, com lan-
çamentos próprios e de artistas que tenham astral
semelhante ao deles:
- A ideia é abarcar nossas produções e os remixes
que fazemos para fora do Brasil, além de apoiar ar-
tistas que não têm estrutura básica para ingressar no
mercado digital, explica Da Lua.
Já o estúdio ACR, de Alfredo Sertã (fo-
to 5) e Ronaldo Cotrim, oferece serviços
variados: de trilhas sonoras de vídeos
institucionais a sonorização de docu-
mentários e curtas-metragens, além de
produções para a TV a cabo. Entre seus
trabalhos autorais, os destaques são o CD
“Fábulas cantadas de Leonardo Da Vinci”
e o projeto ainda inédito “Música anima-
da”, no qual músicos executarão, ao vivo,
a trilha sonora de curtas-metragens bra-
sileiros de animação.
Só um bairro com tanta tradição mu-
sical, poderia abrigar uma backing vocal
dos Beatles. Fã incondicional dos Fab4,
Lizzie Bravo ganhou como presente de
15 anos uma viagem para Londres. A
banda estava gravando o álbum “Sgt.
Pepper’s Lonely Hearts Club Band” no
mítico estúdio da Abbey Road, e a ado-
lescente, logo em seu primeiro dia na ci-
dade, conseguiu ver seus ídolos de perto
e passou a “bater ponto” no local.
- Quase um ano depois, Paul McCart-
ney saiu e perguntou aos fãs que esta-
vam ali se alguém conseguia sustentar
uma nota aguda. Como eu sempre cantei
no coral do colégio, fui uma das escolhi-
das para dividir os vocais com ele e John
- Os primeiros testes que fizemos aqui não deram
bons resultados. Aconselhado pelo produtor Carlo
Bartolini, convidei o engenheiro de som Jeff Forbes
para resolver a acústica desta antiga casa, com pare-
des de pedra. O americano mandou o projeto arqui-
tetônico e o manual para sua instalação sem nunca
ter feito uma visita ao local, conta, ainda surpreso, o
guitarrista que acaba de fazer as trilhas sonoras do
filme “Muitos homens num só” e da série “Por isso
eu sou vingativa”, do Multishow, estrelada por Ca-
mila Morgado.
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Lennon na música “Across the universe”. Apesar de
a música constar no disco “Let it Be”, a versão com
meus vocais só foi incluída nos álbuns “No One’s
Gonna Change Our World” (1969), “Rarities” (1978)
e “Past Masters” (1988), lembra Lizzie, que estendeu
o período da viagem, inicialmente de dois meses,
para dois anos.
Sua carreira de backing vocals teve continuidade
no Brasil, onde trabalhou com artistas como Joyce,
Egberto Gismonti, Milton Nascimento e Zé Rodrix,
com quem ela viria a se casar e ter uma filha. Lizzie
participou do coro de “Casa no campo”, no Festi-
val Internacional da Canção, no Maracanãzinho, em
1971: “Eu sou a ‘esperança de óculos’ da música”,
lembra ela, emocionada.
Não são só as recordações que fazem a música
pulsar no Jardim Botânico. Pelo menos três escolas
atendem os moradores da região: o Centro de Mú-
sica e Tecnologia Luciano Alves, a Oficina da Bateria
Rui Motta (ambos na Fonte da Saudade), e a Escola
de Músicos do Jardim Botânico. Em todas elas, o pú-
blico é formado, principalmente, por crianças e ado-
lescentes, que podem escolher entre aulas de piano,
teclado, bateria, canto, percussão, guitarra, baixo,
violão e até home studio e apoio para formacão de
bandas, com estúdio para ensaios.
Carolina Vanni, de 19 anos, estuda na Escola de
Músicos há um ano e meio. Faz aulas de violão, ba-
teria e canto. Neta de Walter Nogueira, baterista da
Orquestra Tabajara, e filha de Di Lutgards, professor
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de bateria e percussão, ela pretende fazer faculda-
de de música: “Gosto de tocar Beto Guedes e Lô
Borges”, confessa.
Outro aluno da Escola de Músicos que traz a mú-
sica no sangue é João Pedro de Oliveira, de 17 anos,
filho do cantor Zé Renato. Ele tem aula de guitarra há
três anos e gosta mesmo é de tocar Van Halen.
Um bom exemplo dessa nova geração de músicos
que circula pela região é a banda Neorônios. Formado
por Rafael Frejat (guitarra), Ricardo Kaplan (baixo), Pe-
dro Masset (vocais) e Léo Israel e Pedro Calloni (que
se revezam na bateria), o quarteto(na foto acima em
posições trocadas) costuma ocupar o estúdio de Frejat
nos finais de semana, no pouco tempo livre que dois
de seus integrantes, vestibulandos, dispõem.
Para os integrantes do Último Gole, a música
também não é uma prioridade, mas um hobby.
O grupo teve início há 15 anos como um aqueci-
mento para o desfile do Suvaco do Cristo e, no ano
seguinte, esquentou os tambores antes do Mono-
bloco. O primeiro ensaio na Praça Pio XI, onde cos-
tuma se reunir até hoje, aconteceu em 2002. O que
era uma brincadeira de amigos, sem divulgação,
cresceu com o boca a boca e o espaço original ficou
pequeno para tanta gente. Moradores conscientes,
a solução do grupo foi transferir, em 2013, o bloco
para o Parque dos Patins, onde reúnem cerca de
cinco mil pessoas. Mas o objetivo não é crescer.
Como explica Carlos Lisboa, um dos fundadores do
grupo, “cada um tem sua profissão, e a música é
apenas prazer”. Para matar a saudade do formato
pequeno, a roda de samba instala-se, informamel-
mente, ao longo do ano, em frente ao Mercado
Afonso Celso, no restaurante Tocão e na pracinha
onde tudo começou, claro!
Para aqueles que gostam se planejar, a melhor
opção é o Espaço Tom Jobim, que funciona dentro
do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Na pauta do
teatro, há sempre apresentações de Bossa Nova,
MPB, jazz ou música clássica. Outra opção é acom-
panhar os eventos da escola de percussão Tambor
Carioca (foto 6), que acontecem uma vez por mês
no Parque dos Patins, desde 2005, e durante o Cir-
cuito das Artes do Jardim Botânico, do qual partici-
pam há três edições.
No mais, é deixar o mato crescer, o vento soprar,
a rosa se abrir e “passarim” cantar. A natureza, por
si só, dá samba!
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Zona Sul aposta nos três “R”s
Difícil imaginar a quantidade de lixo produzida por
um supermercado. Foi pensando nisso que, há cinco
anos, a rede Zona Sul adotou o conceito de susten-
tabilidade e seus três “R”s (reduzir, reutilizar e reci-
clar). Desde então, as duas lojas do Jardim Botânico
– assim como as outras 31 espalhadas pela cidade
– passaram a separar o lixo orgânico do lixo seco.
Com isso, somente em 2013, o Zona Sul direcionou
mais de 16 mil toneladas de resíduos sólidos para a
reciclagem e cerca de três mil toneladas de resíduos
orgânicos para a compostagem.
Ao todo, o processo mobiliza 150 funcionários.
Parte da compostagem é feita por uma empresa
parceira, que transforma o material em adubo, pos-
teriormente colocado à venda em embalagens de
dois quilos nas próprias lojas da rede. Outra parte
dos resíduos é vendida à Comlurb, que compra o lixo
Ecodica
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para produzir composto orgânico utilizado em praças
e encostas. Como o objetivo do Zona Sul é participar
de todas as etapas, a produção de cultivos orgânicos
fecha o ciclo com a primeira safra de pimentas desse
projeto, já à venda nas lojas da rede.
Porém, como esse tipo de iniciativa ainda não se
paga, o atual desafio da direção do Zona Sul é tornar
essa produção autossustentável. Por enquanto, trata-
se de uma questão de consciência ecológica e desejo
de diminuir a descarga de resíduos nos aterros sani-
tários. Sem dúvida, um bom exemplo!
Cinema em outra praçaO projeto Cinema na Praça vai voltar ao Jardim
Botânico só que em outro endereço. Depois do
sucesso da primeira edição na Praça Pio XI du-
rante as comemorações dos 10 anos do JB em
Folhas, em outubro de 2013, a lona de proje-
ção será montada na área externa da Igreja
São José da Lagoa. A nova sessão acontecerá
no dia 23 de agosto, sábado, a partir das 20h,
com exibição de filme, seguida de uma apre-
sentação musical. Antes disso, às 19h, padre
André celebrará, pela primeira vez, a missa do
lado de fora da igreja.
16
Participe, apoie, associe-se!!No dia 7 de junho, a diretoria da AMAJB foi re-
eleita para mais um ano de intensas ações em
benefício do bairro do Jardim Botânico, seus
moradores e usuários. Agradecemos a todos
aqueles que acreditaram em nosso trabalho e
confiaram sua energia para mais um mandato.
Vamos continuar a trabalhar fortemente
focados em nossos quatro pilares:
Segurança | Mobilidade Urbana Meio Ambiente | Qualidade de Vida
As reuniões da AMA-JB acontecem nas segundas terças-feiras do mês, a partir das 20h, no Colégio Divina Providência, na rua Lopes Quintas, 274.
INFORME AMA-JB PUBLIEDITORIAL
DIV
ULG
AÇÃ
O/
AM
A-J
B
A AMAJB é uma importante ferramenta de pro-
teção e preservação da identidade, da estética
e das riquezas do nosso bairro, especialmente
neste momento em que a cidade do Rio de Ja-
neiro vem sofrendo profundas alterações, com
obras públicas, aumento da violência urbana,
deterioração da segurança, pressão por novas
construções comerciais e residenciais, poluição
sonora, desmatamento, ocupações irregulares,
excesso de veículos e planejamento viário de-
ficiente. Tudo isso, claro, acarretando impactos
sociais e ambientais.
Nós, moradores do bairro, sabemos que o Jar-
dim Botânico é um lugar único por suas cara-
terísticas físicas e geográficas, ruas bucólicas,
comércio, empresas e pessoas, além do Institu-
to de Pesquisas do Jardim Botânico, do Parque
Lage, da Floresta da Tijuca, da Lagoa... Mas nem
tudo são flores, e não faltam problemas e desa-
fios a serem resolvidos.
Uma AMAJB forte e atuante é resultado
da participação de seus moradores.
Para se associar, o investimento é de R$ 80
(oitenta reais) por ano. Basta fazer um DOC
ou TED com seu CPF para ASSOCIAÇÃO DE
MORADORES E AMIGOS DO JARDIM BOTANICO
Banco Bradesco Agência: 1444 Conta: 042737-3
CNPJ:30499941/0001-82.
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de outras empresas e instituições. Sem fins lucrati-
vos, o IRS atua na identificação e desenvolvimento
de crianças e jovens com altas habilidades/superdo-
tação, em situação social vulnerável. Criado há 15
anos, o instituto mudou-se, em janeiro deste ano,
para o Jardim Botânico, onde funcionam oficinas de
música, teatro, dança, criação e poesia, além de se-
rem oferecidas aulas preparatórias para concursos
para 6º ano do Ensino Fundamental II e 1º do Ensi-
no Médio. Atualmente, o IRS atende a 275 partici-
pantes de 60 Instituições da cidade, sendo dez em
nossa região: sete escolas na Gávea, três no Jardim
Botânico e a Pequena Cruzada, na Lagoa. Entre os
parceiros do IRS, estão o IBEU (Instituto Brasil Esta-
dos Unidos), o Conservatório Brasileiro de Música e
a Escolinha de Vôlei do Betinho. Mais informações
sobre participações, apoio e parcerias podem ser
obtidas no site www.irs.org.br.
Despertar e desenvolver novos talentos para trans-
formar vidas – essa é a missão do Instituto Rogério
Steinberg, mantido pelo Grupo Servenco com apoio
CIDADANIA Instituto Rogério Steinberg
Flagrante 1
O imóvel na esquina das ruas Lineu de Paula Ma-
chado e J J Seabra já abrigou restaurante mexicano
e uma filial do Bar Devassa, mas, há alguns anos,
encontra-se fechado e em total estado de abando-
no. Uma pena que um endereço tão nobre seja tão
mal aproveitado. Cadê a Prefeitura que não multa o
proprietário pelo desleixo?
Flagrantes Flagrante 2
Passada a Copa do Mundo, é tempo de nos preo-
cuparmos com as Olimpíadas. Quem sai do Túnel
Rebouças dá de cara com o péssimo estado de con-
servação do deck de largada do remo, em frente ao
Baixo Bebê, na Lagoa. O local foi destruído nas chu-
vas de 2012 e até hoje não foi consertado, deixando
uma péssima impressão em quem chega a um dos
cartões postais da cidade.
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Histórias secretas pré-BRockO morador do
Jardim Botânico
Nelio Rodrigues
acaba de lançar
o livro Histórias
Secretas do Rock
Brasileiro, sobre
a cena roqueira
do país, em ge-
ral, e do Rio de
Janeiro, em par-
ticular, nos anos
1960 e 1970.
Pesquisador e
colecionador musical, Nelio resgatou histórias sobre
os pioneiros do gênero, como as bandas The Brazi-
lian Bitles, O Terço, Som Beat, Os Selvagens, A Bolha
e Módulo 1000, que atraíam multidões a programas
de TV, teatros, clubes e outros palcos da cidade. O
livro traz fotos, reproduções de cartazes de shows
e capas de discos. Chance para conhecer um pouco
sobre essa galera que encarou as ditaduras política e
fonográfica da época.
Aumenta que isso aí é...Outra dica para comemorar o Dia Internacional do Rock
é curtir “Nheengatu”, novo álbum dos Titãs. A julgar
pelos temas, poderíamos pensar se tratar de um disco
antigo da banda. Entretanto, quase 30 anos depois de
“Cabeça Dinos-
sauro”, polícia,
política, violên-
cia, Igreja, dro-
gas, discrimina-
ção e miséria
con tinuam a ser
encontradas em
qualquer canto
JBF indica de nosso país e, por isso, voltam às letras das 14 fai-
xas do 18º disco da banda. As crônicas ácidas de uma
“República das bananas” são narradas em “Mensagei-
ro da desgraça”, “Fardado”, “Pedofilia” ou “Cadáver
sobre cadáver”. Diante de tal realidade, fica a dúvida:
“Quem são os animais?”.
Roça in Rio
A Copa do Mundo empurrou o Arraial da Providên-
cia para o final do mês de julho: dias 25, 26 e 27. O
evento está em sua 11ª edição no Jockey Club e já se
tornou uma das mais populares e concorridas festas
juninas da cidade. Serão três dias de música, brinca-
deiras, quadrilhas, comidas e bebidas típicas da roça.
O melhor é que, ao participar, você ajuda o próximo,
pois toda a renda é revertida para os projetos sociais
do Banco da Providência, que atua em 70 comunida-
des promovendo oportunidades de geração de renda
para mais de 2 mil famílias anualmente.
Sexo, drogas, violência e... corrupçãoO novo livro de Luis Erlanger, morador do Jardim
Botânico e Diretor de Análise e Controle de Quali-
dade da Programação da TV Globo, traz tudo isso
em misterioso caso de homicídio, prostituição e
corrupção política. Escrito a partir de anotações ale-
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atórias reunidas
por Erlanger
desde 2009,
Antes que eu
morra foge da
realidade sem-
pre presente
no dia a dia
profissional do
autor, que mis-
tura universos
e referências
literárias, mu-
dando nomes
de personagens históricos, época e profissão, sem
compromisso. Tudo em favor da ficção.
Parquinho LageFoi inaugurada, no início de junho, a instalação “Cami-
nhando no caminho”, do artista plástico Ernesto Neto.
A obra, interativa, consiste em um meio-fio de cimen-
to, que circunda árvores e convida as crianças para
uma divertida caminhada, aliando arte e natureza. É
mais um esforço da recém-criada OS Oca Lage para
falar também com o universo infantil. Os trabalhos do
projeto “Parquinho Lage” ficarão três meses no local,
acompanhando as quatro estações do ano.
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CONSUMOFO
TOS:
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Para presentear os pais no próximo dia 10 de agosto, nem é
preciso sair do bairro:
Posters variadosA partir de R$ 70
Oba! Arquitetura – Tel: 2249-5876
Camiseta “Acima de tudo Braseiro”, design de Gustavo Nogueira R$ 40
Braseiro da Gávea – www.braseirodagavea.com.br
Camisetas Circuito Rio R$ 86
It Fit – Tel: 3359-1559
Bombom ou palito de chocolate com licor Jack Daniels
A partir de R$ 60
Casa Carandaí - Tel: 2259-8765
Livros “Pelé – Minha vida em imagens” e “Recados da bola”Entre R$ 100 e R$ 150
DC Lá em Cima - Tel: 3322-1176
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Muito antes da Vênus Platinada, o Jardim Botâni-
co já encantava a alma dos artistas. Vinícius de
Moraes ainda não era o Poetinha, mas já circula-
va pelo Jardim Botânico, mais precisamente pela
esquina das ruas Lopes Quintas e Corcovoado ,
onde nasceu. Como lembrança desse período,
resta apenas uma placa alusiva ao artista, que, já
famoso, residiu em outros pontos do bairro.
Parcerio de Vinícius, o maestro Tom Jobim
morou na rua Peri antes de construir sua própria
casa, na rua Sara Vilela. A obra teve início em
1979, mas só em 1983 ficou pronta. Foi ali que
o maestro reuniu seus livros, seus discos, sua
família e seus amigos até falecer, há quase 20
Alamedas do Jardim
Endereços musicais
anos. Frequentador assíduo do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, Tom cantou suas belezas em
muitas de suas músicas. Hoje, tem sua obra reu-
nida e acessível para consulta no próprio parque,
no Instittuto Tom Jobim, e foi homenageado com
um monumento em frente ao Chafariz das Musas,
pertinho de sua árvore favorita.
Até Chico Buarque encantou-se com o Jardim
Botânico. O cantor e compositor, que completou
70 anos em junho, passou um período no bairro,
em 1996, quando se separou da atriz Marieta Se-
vero. Ele morou em um apartamento na esquina
das ruas Itaipava e Faro.
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Ilustre Morador
O nome também é poético e algumas ruas da região
são tão bucólicas quanto as do Jardim Botânico. Esta-
mos falando da Fonte da Saudade, local escolhido por
Roberto Frejat para morar desde 1992, região vizinha
a nosso bairro por onde o guitarrista, cantor e compo-
sitor circula, tranquilo, a pé, de bicicleta e – cada vez
mais raramente – de carro.
ROBERTO FREJAT
Pudera, na mesma área, fica seu estúdio, local de
trabalho e de lazer para ele, e agora também para seu
filho, Rafael, e sua banda Neorônios. Mas não são só
os moradores da Fonte da Saudade que estão acostu-
mados a cruzar com o músico nas ruas. Do Humaitá
ao Jardim Botânico, ele é figurinha fácil: costuma dar
a volta na Lagoa a pé ou de bike; toda semana, faz
massagem na Lopes Quintas; vez por outra, confere as
acrobacias aéreas da filha Júlia, no Lunático Café; e, na
hora de comprar materiais de construção
para algum reparo necessário, apela para
as lojas especializadas da região.
Atento e atuante em tudo o que en-
volve música e direitos autorais, Frejat
também tem opinião formada sobre a
questão fundiária do Jardim Botânico do
Rio de Janeiro. Para ele, o ex-presidente
do parque, Liszt Vieira, desenvolveu um
trabalho sério, preparando o terreno para
a atual reconquista das propriedades loca-
lizadas dentro da área do arboreto.
- Estive recentemente no Jardim Bo-
tânico e constatei as melhorias que vêm
sendo implantadas ao longo dos anos. O
parque é de todos, e é fundamental pre-
servá-lo. Voltarei em breve para conferir
a recuperação do aqueduto histórico, que
ficava na área ocupada pelo clube Caxin-
guelê, destaca.
Já ao Parque Lage, Frejat não vai há
muito tempo, mas acredita que a gestão
de Marcio Botner – seu primo e artista
bastante atuante – trará “uma lufada de
ar fresco à instituição”.
Dentre as mazelas da região, o trânsito
fica em primeiro lugar. Em sua opinião, o
ponto crítico do bairro é o sinal da Oliveira
Rocha com a Jardim Botânico: “uma ver-
gonha a falta de educação dos motoristas
que sempre fecham o cruzamento”, ex-
clama. Em contraposição, aponta o senti-
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do Gávea-Humaitá, da rua Jardim Botânico, como o de
maior fluidez por aqui. A única vantagem do trânsito
intenso é que, graças a ele, Frejat aumentou a utili-
zação de bicicleta não só para passear, mas também
como meio de transporte para ir a compromissos em
Ipanema ou no Leblon.
Frejat gosta de prestigiar os estabelecimentos dos
arredores, mas confessa que, com sua rotina de via-
gens frequentes, acaba muitas vezes preferindo o
conforto do lar: “Do que sinto mais falta quando estou
em turnê é mesmo da minha casa!” O ”problema” é
resolvido pelos serviços de entrega em domicílio de
restaurantes como o La Carioca e o Bráz, sem falar no
japonês Ki, na Fonte da Saudade, o mais acionado.
- Costumava ir muito à livraria Ponte de Tábuas.
Atualmente, posso dizer que o endereço comercial
que mais frequento no bairro é o Mundo Verde. A loja
do Jardim Botânico é a mais completa e com melhor
atendimento da rede, destaca o músico, que gosta
muito também da seleção de filmes da Cavídeo, na
Cobal do Humaitá.
A turnê de “O amor é quente” segue firme até
2015. Ao longo do ano que vem, certamente, novas
músicas serão lançadas: “Só não sei ainda em qual
formato, se em CD ou apenas digital”, adianta o mú-
sico. Mas uma coisa é certa, vamos continuar a vê-lo
circulando por aqui.
CRIS
TIN
A G
RA
NA
TO