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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Ana Eliza Grigorio Rodrigues
Damaris Siqueira Brito
Fabiana de Oliveira Paulino
Joseane de Santana Tavares
Lourival Lopes Cancela
LEITORES DE RUA
SÃO PAULO
2010
Ana Eliza Grigorio Rodrigues
Damaris Siqueira Brito
Fabiana de Oliveira Paulino
Joseane de Santana Tavares
Lourival Lopes Cancela
LEITORES DE RUA
Trabalho apresentado à Disciplina de
Estatística como requisito parcial para
aprovação no 3º semestre do curso de
Biblioteconomia e Ciência da Informação da
Fundação Escola de Sociologia e Política de
São Paulo
Prof. Roseli Terezinha Gatti
SÃO PAULO
2010
A cada leitor o seu livro, a cada livro o seu leitor.
Ranganathan
“Diz-se violento o rio que tudo arrasta, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem.”
Bertold Brecht.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 5
1.1 Referencial Teórico 6
1.2 Justificativa do Tema 6
1.3 Objeto 7
1.4 Objetivo 7
4 METODOLOGIA 9
4.2 Elaboração do Questionário 9
4.3 Visitas e Aplicação do Questionário 9
5 ANÁLISE DOS DADOS 11
5.2 Idade 11
5.3 Naturalidade 11
5.4 Porque Está na Situação de Rua 12
5.5 Nível Escolar 13
5.6 Estado Civil 14
5.7 Profissão e Ocupação 15
5.8 Porque Frequenta a Biblioteca do Arsenal 15
5.9 Frequencia em Outras Bibliotecas 16
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 19
ANEXO 1: RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA PELA FUND AÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS (FIPE) SOBRE MORA DORES DE RUA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO 20
ANEXO 2: O ARSENAL DA ESPERANÇA 21
ANEXO 3: QUESTIONÁRIO 25
ANEXO 4: RELATÓRIO DE VISITA 27
ANEXO 5: FOTOS DA BIBLIOTECA DO ARSENAL DA ESPERANÇ A 28
1 INTRODUÇÃO
É indiscutível o grande número de pessoas morando nas ruas desta cidade, aliás,
acabou de ser divulgado o resultado de uma pesquisa encomendada pela Prefeitura Municipal
de São Paulo que revelou que existem 13.666 pessoas em situação de rua, dessas 7.079 estão
acolhidos nos albergues e 6.587 morando nas ruas. Esse levantamento, realizado pela
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), se preocupou em coletar dados
quantitativos relacionados ao sexo, trabalho, cor, despesas e dependência de álcool ou algum
outro tipo de droga. (Anexo 1)
Chamou-nos a atenção o fato de não haver dados quanto à procura por leituras,
bibliotecas ou algum centro de informação por parte dessa imensa população. Diante disso
baseamos esse trabalho nesta questão investigando se esse público, chamado de morador de
rua, completamente à margem da sociedade, tem o costume de frequentar bibliotecas ou
mesmo se existe por parte do poder público algum incentivo para que isso aconteça.
Para conhecer melhor o cotidiano dessa população visitamos aquele que é
considerado o maior albergue social da América Latina, o Centro de Acolhida Arsenal da
Esperança Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida (Anexo 2), conhecido popularmente
como Arsenal da Esperança, na Rua Doutor Almeida Lima, 900, no bairro da Mooca, partindo
do fator técnico que considera o acolhido em um albergue também um morador de rua, por
pertencer ao mesmo grupo em estado de vulnerabilidade social. Ali são acolhidos 1.200
homens diariamente e entre os diversos serviços que são disponibilizados à esses usuários está
uma biblioteca, que serviu de base para o nosso estudo.
Partindo da premissa que esse público sente necessidade de leitura, cultura e
informação, este projeto tem por objetivo mostrar a realidade escondida atrás das paredes de
uma antiga hospedaria de imigrantes, que passa despercebida pela maioria das pessoas que
por ali transitam, um verdadeiro universo de boas ações centradas na recolocação dos
acolhidos no mercado de trabalho, na recuperação dos laços familiares, da auto-estima, da
dignidade e, principalmente, da reinserção social. E um dos principais pilares desse processo é
o incentivo diário dado aos seus moradores, para que frequentem a biblioteca, retirem livros e
se mantenham sempre atualizados em relação aos últimos acontecimentos mundiais.
Por isso, o foco dessa pesquisa é exatamente conhecer o perfil desses leitores, usuários
da biblioteca do Arsenal e que aqui denominamos “leitores de rua”, destacando características
desconhecidas desse público que por ora não tem onde morar.
1.1 Referencial Teórico
Esta pesquisa foi alicerçada nos estudos realizados pela assistente social Cleisa M. M.
Rosa, relatados em seu livro Vidas de rua (2005), onde estão descritas as primeiras ações de
um processo investigativo sobre a população de rua, no final da década de 1980. A obra
concorda com o que disse Bursztyn (2000, p. 19) “viver no meio da rua não é um problema
novo. Se não é tão antigo quanto à própria existência das ruas, da vida urbana, remonta, pelo
menos, ao renascimento das cidades, no início do capitalismo”.
Através da narrativa de Rosa (2005, p.10-15) podemos verificar que há muito se vêm
discutindo essa problemática e, com o seu olhar perspicaz, já naquela época, foi possível
constatar a institucionalização do trabalho social com quem mora na rua, pelo padrão de
atendimento convencional em albergues. Apesar deste trabalho já ter cinco anos, os dados
assemelham-se aos da pesquisa realizada pela FIPE e que foram divulgados em junho de 2010
pela Prefeitura Municipal de São Paulo, no qual muito nos baseamos.
Outra fonte de pesquisa e inspiração foi a matéria realizada pela Rede Globo para o
programa Globo Repórter que mostrou história do ex-morador do Arsenal da Esperança,
Marivaldo da Silva Santos, um homem que saiu de Feira de Santana e foi morar nas ruas de
São Paulo até que descobriu os “tesouros” da biblioteca do Arsenal e renasceu na companhia
dos livros.
1.2 Justificativa do Tema
A presença de pessoas vivendo cotidianamente nas ruas é uma realidade universal,
especialmente nas grandes metrópoles, um fenômeno complexo mesclado por processos
sociais e psicólogicos, objetivos e subjetivos, agravados pelas constantes transformações no
mundo do trabalho, geradoras de inseguranças e incertezas que levam ao enfraquecimento e
ruptura de vínculos sociais, familiares, profissionais e comunitários, e pelas dificuldades dos
sistemas de proteção social.
No Brasil, é bastante heterogêneo o segmento das populações que vivem nas ruas,
especialmente o das maiores cidades e não se sabe exatamente quantos são, pois essas pessoas
sempre ficam de fora dos censos oficiais do IBGE. Por iniciativas de alguns governos locais
têm sido feitos estudos e contagens, como é o caso da cidade de São Paulo, que realiza um
levantamento dessa população a cada três anos e no último realizado pela Prefeitura
Municipal existiam 13.666 pessoas em condição de rua em São Paulo. Esses dados são
sempre contestados pelos órgãos que assistem a essa população, alguns falam em mais de
18.000 pessoas perambulando pelas ruas e pernoitando nos logradouros públicos e nos
albergues da cidade.
Como citado anteriormente, existe na cidade de São Paulo uma rede de albergues,
centros de serviços e proteção à população de rua, formada por um conjunto de 41 entidades
que recebem verba da Prefeitura para atender e tentar amenizar o sofrimento dessas pessoas
através de diversos programas assistenciais. Segundo informação do site da Secretaria
Municipal de Ação e Desenvolvimento Social (SMADS), não existe em nenhum desses
projetos a implantação de bibliotecas, salas de leitura ou algo parecido onde os usuários
possam buscar alguma fonte de informação, ficando tal responsabilidade à mercê do interesse
e das condições financeiras da Instituição local que, de acordo com inúmeras matérias
veiculadas pela imprensa, não conseguem oferecer nem mesmo os serviços prioritários com
qualidade.
Pode-se então perceber que essa concepção de proteção social consiste em oferecer os
elementos básicos para suprir as necessidades emergenciais de uma população que cresce ano
a ano, conforme constatado pela FIPE, mas que não se estende a recursos informacionais,
deixando-a desassistida no âmbito sócio-cultural, revelando o caráter assistencialista dos
programas governamentais. Diante disso a biblioteca que encontramos no Arsenal da
Esperança Dom Luciano Pedro Mendes de almeida é um exemplo às demais instituições, pois
contribui para que as pessoas deixem definitivamente as ruas, onde vivem expostas à
violência pessoal e a companhia constante das drogas.
1.3 Objeto
É importante esclarecer que consideramos como objeto o excluído social, que se
encontra em situação de rua, ainda que sob os cuidados do albergue Arsenal da Esperança,
pois, segundo disse Alda Marco Antonio em entrevista concedia à Rádio CBN, ao comentar a
pesquisa realizada pela FIPE, mesmo estando albergado essas pessoas também são
consideradas “moradores de rua”, pela dependência da rede de proteção social do município, e
todas foram relacionadas nos dados dessa pesquisa, cujos parâmetros norteiam o nosso
estudo.
1.4 Objetivo
Valorizar a importância da leitura e da informação como fator de transformação social
e compreender a sua importância na vida de uma parcela da população desprovida de
condições que permitam o acesso a esse universo, capaz de promover mudanças em sua forma
de sobrevivência, e assim possamos contribuir chamando a atenção para essa gente tão
carente, mas que, ainda em meio a esse caos sócio-econômico, segue persistindo no hábito da
leitura como fator determinante para o seu bem-estar, mesmo em estado de abandono.
Esse estudo centra-se no conhecimento do tipo de público que frequenta o espaço
destinado à leitura e estudo do Arsenal da Esperança, sua origem, profissão, sua frequência a
essa ou outra biblioteca da cidade, para a partir daí traçarmos o seu perfil.
O nosso desejo é que o resultado final dessa pesquisa possa motivar os órgãos públicos
à implantação de uma rede de bibliotecas e/ou centros de informação dentro das Casas de
Acolhidas conveniadas, para que possam também colaborar no processo de recuperação
psicológica e social dos seus internos, como imaginamos acontecer com os leitores do Arsenal
da Esperança.
2 METODOLOGIA
Depois de definido o tema deste estudo, realizamos levantamento bibliográfico sobre
moradores de rua e instituições de assistência a esta população no município de São Paulo. A
partir disso, escolhemos a estratégia a ser utilizada para coleta de dados, e elaboramos um
questionário para ser aplicado aos usuários da biblioteca do Arsenal da Esperança.
2.1 Elaboração do Questionário
A pesquisa de campo foi realizada através de um questionário misto com 10 perguntas,
sendo oito de múltipla escolha e duas dissertativas.
As perguntas realizadas foram: idade em anos, em que região do Brasil nasceu, ou
seja, naturalidade, os motivos que levaram à situação de rua, nível escolar, profissão e
ocupação, estado civil, se possui filhos, o porquê freqüenta esta biblioteca e se tem o hábito de
freqüentar outras. (Anexo 3)
Ao todo foram preenchidos 56 questionários, sendo a maioria de próprio punho e
alguns através de entrevistas.
2.2 Visitas e Aplicação do Questionário
Para efetuarmos esta pesquisa visitamos o Arsenal da Esperança cinco vezes. Na
primeira vez conhecemos a instituição e os serviços oferecidos, e tivemos a oportunidade de
nos familiarizar com a biblioteca. (Anexo 4)
Esta possui aproximadamente 100m² com mesas individuais e em grupo, balcão de
atendimento e um terminal de consulta. O ambiente é aconchegante e adequado ao público.
É considerada uma biblioteca especial, pois não é mantida ou organizada por órgãos
governamentais para ser classificada como pública, também não tem um tema e público
específico para ser especializada. Está inserida e é financiada por uma instituição, então não é
comunitária, mas como o trabalho realizado é voluntário, não a consideram como particular.
O acervo é composto por 5.600 obras, os materiais encontrados são: Atlas, dicionários,
enciclopédias, guias, mapas, gibis, livros e periódicos. A recuperação da informação é
realizada através do programa PHL.
Além de empréstimo de livros, os outros serviços oferecidos são: auxílio para
reinserção no mercado de trabalho, para isso a biblioteca adquire semanalmente jornais com
vagas de empregos, realiza digitação de currículos e pesquisa de vagas. Ainda incentiva a
comunicação dos usuários com seus familiares, é o chamado “Central do Brasil”, onde os
voluntários redigem, quando necessário, e enviam correspondências sem nenhum custo
monetário aos interessados. O incentivo à cultura é feito através dos saraus e concursos de
poesias.
O horário de funcionamento é das 18h às 21h diariamente, exceto quando há outro
evento na Instituição ou ausência de pessoal. Trabalham na biblioteca 16 voluntários sendo
que, 10 são externos e seis são acolhidos que tem a oportunidade de ajudar. (Anexo 5)
Na segunda visita conhecemos o trabalho dos responsáveis pela biblioteca, o Sr.
Simone Bernardi, Coordenador, e Lourival Lopes Cancela, Técnico Responsável por todo o
processamento e dos demais voluntários, e fomos apresentados aos moradores do albergue,
para que todos pudessem compreender porque estaríamos ali e quais eram nossos objetivos.
Nas três últimas aplicamos os questionários.
Apesar do objetivo da pesquisa ser revelar o perfil dos usuários da biblioteca não nos
limitamos a realizá-la apenas neste espaço, mas tivemos a liberdade de abordar pessoas na
sala de leitura e em salas de aula.
Fomos muito bem recebidos pelos albergados e funcionários do Arsenal da Esperança,
e apenas cinco pessoas se recusaram a responder o questionário.
3 ANÁLISE DOS DADOS
Após a coleta dos dados realizamos análise estatística.
3.1 Idade
Em relação à idade 37% dos entrevistados (21 homens) que frequentam a Biblioteca
do Arsenal tem entre 29 e 38 anos, 27% (15 homens) possuem entre 18 e 28 anos, uma
porcentagem significativa. 23% (13 homens) têm idade entre 39 e 48 anos, 9% (cinco) tem
entre 49 e 58 anos e 4% (dois) tem entre 59 e 68 anos. Dos 56 entrevistados, 49 tem idade
entre 18 e 48 anos, ou seja, são relativamente jovens.
3.2 Naturalidade
Contradizendo a pressuposição de que a maioria das pessoas que estão em situação de
rua vieram das regiões Norte e Nordeste do Brasil, chegamos ao seguinte resultado: 57% (32
homens) dos entrevistados são da região Sudeste do país, ou seja, mais da metade. 25% (14
homens) são do Nordeste. 7% (quatro) são da região Centro-Oeste. 5% (três) são do Sul e
apenas 2% (um) são do Norte do país. Dois entrevistados não responderam a esta questão.
3.3 Motivos que levaram à Situação de Rua
Nesta questão os entrevistados puderam marcar mais de uma alternativa. Em sua maioria o
desemprego associado às dificuldades financeiras foram os motivos que levaram os
entrevistados a esta situação. O vício, diferente do que podemos pensar, aparece como quarto
motivo, e é antecedido dos conflitos familiares. Esses resultados levam-nos a pensar que os
dois fatores, o vício e os conflitos familiares, estão relacionados, mas em nenhum dos casos
isso acontece. Já o desemprego e os conflitos familiares podem estar interligados, pois em
quatro questionários estas duas alternativas foram assinaladas.
3.4. Nível Escolar
A maioria dos entrevistados tem o ensino fundamental incompleto (24 homens ou
43%), mas também tivemos um grande percentual de entrevistados que possuem o ensino
médio completo (12 homens ou 21%), entre eles existe um percentual pequeno de homens que
possuem o superior completo ou incompleto (cinco homens ou 9%). Com ensino fundamental
completo entrevistamos sete homens, 13% do total e com ensino médio incompleto oito
homens, 14% do total.
3.5 Estado Civil
Em relação ao estado civil 9% (cinco homens) são casados e três possuem filhos. 5%
(três) são divorciados e possuem filhos e um é viúvo e também possui filhos. O número maior
é de solteiros (47 homens ou 84%) e entre eles 24 possuem filhos. Sem fazer a distinção sobre
estado civil 31 ou 55% possuem filhos e 25 ou 45% não possuem.
3.6 Profissão e Ocupação
Quando perguntados sobre a profissão, houve uma variação muito grande de respostas,
por isso não foi possível colocarmos em gráficos. A maior parte respondeu sobre o que faz,
porém nem todos são profissionais, ou seja, não são especializados na profissão. A maioria
executa trabalho braçal, como de ajudante geral ou de pedreiro, padeiro, pintor, soldador, gari,
borracheiro, outros já executam trabalhos mais leves, como agente comunitário de saúde,
teleoperador, motorista, auxiliar administrativo, funcionário público. Nem todos que dizem
exercer uma profissão está empregado. E alguns não responderam sobre a ocupação, talvez
por não compreenderem a pergunta ou por estarem desempregados.
3.7 Porque Frequenta a Biblioteca do Arsenal
Nesta questão, mais uma vez, os entrevistados puderam escolher mais de uma alternativa. A
maioria respondeu que frequenta a biblioteca por gostar de ler (44%), para passar o tempo foi
respondido em 16% dos casos e 15% responderam que a utilizam a para adquirir
conhecimento, 11% para se manter atualizado, já que ali eles podem encontrar jornais do dia e
revistas da semana, e 9% por necessidade de estudo. Por fim, 5% dos entrevistados
responderam utilizar a biblioteca por outros motivos, mas não especificaram.
3.8 Frequência em Outras Bibliotecas
67% dos entrevistados frequentam outra biblioteca, e 33% não frequentam. Alguns
relataram que vão a outras bibliotecas para ler um pouco e passar o tempo, mas não podem ter
a carteirinha por não possuir um endereço fixo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise dos dados verificamos que a maioria das pessoas que frequenta a
biblioteca são de meia idade, o que os leva à essa situação, como mostram os gráficos, na
maioria das vezes é o desemprego e que a maior parte dessas pessoas não vem de muito
longe.
Apesar das dificuldades que estes homens enfrentam e a necessidade que sentem de
conversar e desabafar com alguém que os escutem, e nem sempre existe este alguém,
observamos que uma das maneiras de esquecer um pouco os problemas é através leitura, e o
lugar perfeito para isso dentro do Arsenal é a biblioteca.
Neste sentido podemos considerar a Biblioteca do Arsenal um espaço privilegiado de
difusão de informações, fomento de cultura e promoção de cidadania, pois propicia a esse
público a inclusão através do conhecimento. Do ponto de vista inclusivo, ela oferece serviços
que auxiliam na formação de novos leitores e além do aprimoramento daqueles cidadãos que,
semi-alfabetizados, engrossam o impressionante número de iletrados de nossa sociedade. O
grande desafio a ser superado deve-se a conquista destes e mais brasileiros no que tange à
leitura é, segundo a análise que lá foi feita, uma maior atenção e investimento justamente à
acessibilidade ao livro, desde que é notório que o cidadão excluído socialmente encontra-se
impossibilitado de adquirir, com recursos próprios, a informação que a leitura lhe fornece.
A biblioteca por sua vez pode se constituir em um espaço privilegiado para a
intervenção social e o desenvolvimento de mediação pedagógica. Nesse sentido a biblioteca
tem tudo para estar à frente da luta contra a exclusão social se conseguirmos aliar o acesso a
tecnologias da informação, o texto escrito e a comunicação voltada para o educativo, o
organizativo e o produtivo.
Com essa pesquisa verificamos que os estudos sobre a população em situação de rua
no Brasil ainda são relativamente escassos e que a diversidade de conceitos que envolvem
esse tipo população e as dificuldades relacionadas à sua mensuração são obstáculos que têm
sido superados gradativamente, graças ao trabalho humanitário de instituições como o Arsenal
da Esperança Dom Lucas Pedro Mendes de Almeida. Aliás, uma das maiores satisfações que
sentimos ao realizar esse trabalho, foi realmente o exemplo de caridade e cidadania que é
dado diariamente por essa instituição, abrindo não somente as suas portas, mas o coração para
acolher todos aqueles que a procuram e lhes oferecer o melhor de que dispõe naquele
momento.
Ficamos tristes com a miséria e a desigualdade que impera entre nós, porém, quando
vimos exemplos como o de Marivaldo e o interesse dos leitores em buscar meios de deixarem
a rua, acreditamos que vale a pena sonhar e lutar para que esse sonho de liberdade se realize.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 BURSZTYN, M. No meio da rua: nômades, excluídos e viradores. Rio de Janeiro:
Garamond, 2000. p. 19
2 MORADOR de rua renasce ao descobrir a leitura. Disponível em:
<http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1178563-7823-
MORADOR+DE+RUA+RENASCE+AO+DESCOBRIR+A+LEITURA,00.html>.Ac
esso em: 28 maio 2010
3 MORADORES de rua. Disponível em:
<http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/miltonjung/moradoresderua>. Acesso em:
01 jun. 2010.
4 O QUE a SMADS faz? Disponível em:
<http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/assistencia_social/defuturo/smads.php>.
Acesso em: 30 maio 2010.
5 PARREIRAS, M. Cresce o número de moradores de rua em SP. Jornal Agora São
Paulo, São Paulo, ano 12, p. A3, 01 jun. 2010
6 ROSA, C.M.M. Visas de rua. São Paulo: Hucitec,2005.
7 __________.Disponível em: <http://www.arsenaldaesperanca.org.br>. Acesso em: 02
jun. 2010.
ANEXO 1: RESULTADOS DA PESQUISA REALIZADA PELA FUND AÇÃO
INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS (FIPE) SOBRE MORA DORES DE
RUA NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
ANEXO 2: O ARSENAL DA ESPERANÇA DOM LUCIANO PEDRO
MENDES DE ALMEIDA
O Arsenal da Esperança é uma Instituição Beneficente fundada por Ernesto Olivero
e Dom Luciano Mendes de Almeida, em 1 de fevereiro de 1996 e administrado pela
Associação Assindes Sermig, SP
Todos os dias oferece acolhida a 1150 homens que se encontram em dificuldades,
devido, na maioria das vezes, à falta de trabalho, casa, alimentação, saúde e família. Quem
ingressa nesta casa recebe uma acolhida digna e, sobretudo, a oportunidade de transformar a
sua própria condição de vida. Nestes 14 anos de funcionamento hospedou mais de 35.000
pessoas, ofereceu mais de 4,5 milhões de atendimentos, produziu e forneceu mais de 12
milhões de refeições.
O Arsenal é também um lugar de encontro para os jovens e as famílias que queiram dialogar
e “crescer” e que se proponham a serem promotores de ações de paz, justiça e solidariedade.
Localização:
Encontra-se num local repleto de construções históricas, onde funcionou a
Hospedaria dos Imigrantes, um enorme conjunto de prédios destinado, desde 1886, a abrigar
imigrantes recém–chegados a São Paulo.
Esta continua preservando a história da imigração, mantendo viva a memória da
cidade. Neste mesmo espaço, o Arsenal, sendo “uma casa que acolhe”, congrega tanto as
antigas instalações da hospedaria, quanto à acolhida as pessoas de passagem, que também
hoje chegam com os seus fardos, seus sofrimentos e seus projetos, e que aqui podem
encontrar uma esperança.
Rua Dr. Almeida Lima, 900 – Mooca
CEP 03164-000 - São Paulo - SP
Tel./Fax (11) 2292-0977
(Próximo da Estação do Metrô Bresser Mooca).
Filosofia:
Para o Arsenal da Esperança a pessoa que utiliza seus serviços não é um “morador
de rua” e sim um “acolhido”.
Ser acolhido quer dizer, em primeiro lugar, não se sentir mais um número, mas
sentir-se compreendido, aceito, amado, parte de uma família. A partir disso pode renascer a
esperança. Neste local, cada um é acolhido com o próprio passado, com as próprias angústias,
com os medos que muitas vezes são comuns aos de muitos outros.
Propõe um método e algumas regras que, se aceitos, o ajudarão a crescer. Jovens e
adultos encontram um lugar bem cuidado, limpo e acolhedor, elementos fundamentais para
ajudar a descobrir uma dignidade talvez perdida, e encontrar também uma espiritualidade que
nasce da oração e da ajuda concreta dos outros.
O Arsenal, vivendo realmente cada dia o próprio empenho de solidariedade e de
esperança, semeando traços indeléveis em cada pessoa que acolhe: não é somente um
albergue e muito menos um “gueto” feito para tirar as pessoas da rua, mas sim um espaço de
integração entre os diversos níveis da sociedade.
A questão do desemprego sempre fez dedicar especial atenção às iniciativas que
visem à realização de cursos profissionalizantes, no próprio Arsenal, ou através da
participação em cursos externos. Com o objetivo de criar oportunidades para elevar ou
diversificar a capacitação profissional das pessoas acolhidas, a Associação Assindes Sermig
mantém contato com várias empresas e tradicionais instituições de ensino profissionalizante.
Cursos oferecidos:
Em parceria com o SENAI, implementou cursos voltados para a capacitação
profissional nas áreas de: construção civil, informática e alimentação.
O "Caminho Novo" é um programa, iniciado em 1997, e desde 2004 em parceria
com Associação pela Família (ASPF), tradicional entidade educacional, em que o Arsenal
oferece aos acolhidos a possibilidade de aprender a ler e a escrever ou de retomar os estudos.
Há diversas atividades: o clube de leitura, as atividades de artes plásticas, oficina de
reciclagem de papel, encadernação, visitas a exposições, festas e eventos são experiências
valiosas, que auxiliam no processo educativo.
Bazar:
O bazar do Arsenal da Esperança é organizado por uma equipe voluntária, juntamente
com membros da Fraternidade da Esperança, mas também conta com a participação de grupos
de jovens que se disponibilizam para ajudar na preparação e no atendimento.
As peças (roupas, sapatos, bijuterias, acessórios, brinquedos, etc.) oferecidas no
bazar chegam através de doações. O lucro obtido com a venda desses artigos é investido no
próprio Arsenal, para que assim, as portas desta casa, continuem sempre abertas.
Reconhecimentos:
A Associação Assindes Sermig teve o seu trabalho reconhecido da seguinte forma:
• Prêmio Bem Eficiente 2003, concedido pela Kanitz & Associados que, através de
critérios próprios de seleção, reconheceu a ASSINDES-SP (atual ASSINDES SERMIG) pelo
bom trabalho e desempenho dentro de uma estrutura profissional e eficiente, operando com
custos administrativos baixos, com transparência e supervisão externa, de forma a garantir a
sua perpetuação como entidade beneficente.
• Homenagem das Nações Unidas, em junho de 2004, através do Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), pela colaboração ativa da ASSINDES-SP
(atual ASSINDES SERMIG) no atendimento a Refugiados em São Paulo, no Arsenal da
Esperança.
• Homenagem do Conselho Comunitário de Segurança Brás-Mooca Belenzinho como
Destaque 2008.
• Homenagem da Câmara Municipal de São Paulo e da Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil, em fevereiro de 2009, pela solidariedade manifestada à Defesa Civil na
Operação SOS Santa Catarina.
• Homenagem da Câmara Municipal de São Paulo e da Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil, em fevereiro de 2009, pela solidariedade manifestada à Defesa Civil na
Operação SOS Santa Catarina.
ANEXO 3: QUESTIONÁRIO
1.Idade (em anos):
( ) 18 – 28 ( ) 29 – 38 ( ) 39 – 48 ( ) 49 – 58
( ) 59 – 68 ( ) Mais de 68
2.Naturalidade:
( ) Região Norte ( ) Região Nordeste ( ) Região Centro-Oeste
( ) Região Sudeste ( ) Região Sul
3.Motivos que levaram a situação de rua:
( ) Desemprego ( ) Dificuldade financeira ( ) Conflitos com a família
( ) Vício ( ) Migração ( ) Outros____________________________________
4. Nível escolar:
( ) Fundamental incompleto ( ) Fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo
( ) Superior incompleto ( ) Superior completo
( ) Pós-graduação: ___________________________________________
5. Profissão: ___________________________________________
6. Ocupação: ___________________________________________
7. Estado civil:
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo
( ) Outros________________________________________
8. Possui filhos? ( ) Sim ( ) Não
9. Por que freqüenta esta biblioteca?
( ) gosto pela leitura ( ) necessidade de estudo ( ) se manter atualizado
( ) passar o tempo ( )adquirir conhecimento ( ) falta de opção
( ) outros ___________________________________________
10. Tem o hábito de freqüentar outras bibliotecas? ( ) Sim ( ) Não
ANEXO 4: RELATÓRIO DE VISITA
1. Nome do local de visita: Biblioteca do Arsenal da Esperança
2. Descrição do local de visita: A Biblioteca possui aproximadamente 100m² dividido
em dois espaços com mesas individuais e em grupo, balcão de atendimento, um
terminal de consulta.
3. Tipo de biblioteca: Biblioteca especial
4. Objetivo: Atender as necessidades informacionais e a inserção sociocultural dos
usuários.
5. Acervo: O acervo é composto por 5.500 obras catalogadas, num montante de 5.600.
Os materiais encontrados na biblioteca são: Atlas, dicionários, enciclopédias, gibis,
livros e periódicos.
6. Público alvo: Moradores do Arsenal.
7. Serviços: Empréstimo de livros, auxílio para reinserção no mercado de trabalho,
“Central do Brasil”, saraus e concursos de poesia.
8. Recuperação da informação: Através do programa PHL; as consultas são realizadas
pelos voluntários ou no terminal pelos usuários.
9. Horário de funcionamento: Diariamente das17h às 21h.
10. Dia /ano/ da visita 04, 09, 11, 18 e 25 de maio de 2010.
11. Recursos humanos/equipe: 17 voluntários sendo que 10 são externos e sete são
acolhidos que tem a oportunidade de ajudar.
ANEXO 5: FOTOS DA BIBLIOTECA DO ARSENAL DA ESPERANÇ A