Literatura: a base para a formação do leitor (Resenha livro de Joseane Maia)

Post on 04-Jul-2015

2.120 views 74 download

description

(Resenha livro de Joseane Maia) Acesse: www.desmazelas.com.br

Transcript of Literatura: a base para a formação do leitor (Resenha livro de Joseane Maia)

LITERATURA: A BASE PARA A FORMAÇÃO DO LEITOR

Ana Fabyely Kams

fabyely_kams@yahoo.com.br

Maia, Joseane. Literatura na formação de leitores e professores. São Paulo: Paulinas, 2007. (Coleção literatura e ensino).

Neste livro a autora descreve todos os passos ocorridos durante os dois semestres

em que esteve aplicando o seu projeto de mestrado em educação numa escola da rede

municipal de Caxias no Maranhão. O projeto denominado ‘Implantando a Alegria de Ler’ tem

como principal objetivo como formar leitores e que a partir dessa perspectiva, fossem

colhidos os prós e os contras de como trabalhar a leitura de livros literários em sala de aula

de séries iniciais de uma escola do ensino fundamental.

No primeiro capítulo, Maia faz uma grande explanação sobre a atual crise da leitura

nas escolas brasileiras, como muitos estudiosos já haviam escrito sobre a importância da

leitura em sala de aula e como essa carência ou ausência de leitura estava afetando cada

vez mais a sociedade. Ela cita alguns autores que falam da importância do ato de ler como

Freire e Martins, os quais defendem que a leitura não é uma mera decodificação de símbolos

e sim que a noção de leitura se da quando existe a compreensão do mundo através do que

se leu e entendeu.

Segundo Maia (2007) nem toda criança alfabetizada é leitora, e isso também não

significa que essa criança que foi alfabetizada irá se tornar um leitor no futuro, pois diversos

estudos indicam que a criança que não aprendeu a ter prazer em ler nos anos iniciais de

alfabetização consequentemente não será um bom leitor no futuro. Pois para que se consiga

ser um bom leitor é preciso investimento na educação básica dessa criança, que se trabalhe

diariamente esse processo de formação desse leitor com pequenas doses de leitura de

literatura em sala de aula, sendo que assim ira despertar na criança o entusiasmo pela

leitura.

A autora relata que a maioria das escolas pelo Brasil afora não existe sequer uma

sala de leitura muito menos biblioteca com acervo literário, e que a partir da década de 1980

é que o Governo Federal passou, mesmo que timidamente, a investir em salas de leitura

como os Programas: Literatura em minha casa; Palavra da Gente; Biblioteca Escolar e

Biblioteca do Professor. Sendo assim corrobora-se que não basta apenas ter um acervo

literário muito bom, sendo que não há professores capacitados para essa mediação do

encontro do aluno com o livro de literatura, dessa forma, surgiu à necessidade de

capacitação dos mesmos através do Programa de Incentivo a Leitura – PROLER.

No segundo capítulo a autora trata da literatura para crianças, a qual durante muito

tempo ficou ao prisma do pedagogismo e que quase sempre foi utilizada para dar exemplos

de sentimentalismos, bons comportamentos, civismo e boas atitudes, mais sendo que é

preciso destacar uma perspectiva muito boa nesse tipo de literatura direcionada a criança. A

literatura infantil, segundo a teoria da literatura, realiza a função formadora do leitor crítico, já

que essas obras apresentam qualidade literária, e que a partir dessa literatura o leitor vai

tomar consciência do que é real ou imaginário, e a partir dessa consciência, ele vai perceber

todas as possibilidades existentes em um texto literário.

Ela destaca que a literatura para crianças é de suma importância, pois a família tem

uma participação importantíssima, já que necessita da leitura de livros infantis para as

crianças antes de dormir, e que nessas leituras a criança é despertada para o fantástico e

que a partir daí surgi à necessidade da crítica, onde ela começa a duvidar, a se perguntar e

questionar enfim suscita o imaginário da criança, desperta emoções, conforme Maia apud

Bragatto Filho:

Com ele aprende-se, reflete-se, compara-se, discerne-se, questiona-se, investiga-se,

imagina-se, viaja-se, desenvolve-se a sensibilidade estética e a expressão linguística,

adquire-se cultura, contata-se com as mais diferentes visões de mundo etc. (2007:

53).

Com isso, a convivência da criança com a literatura faz com que seja desde muito

cedo adquirido o gosto ou pelo menos o interesse da criança para com a literatura e que com

esse despertar surja desde criança um leitor e não um mero reprodutor de textos literários.

No terceiro capítulo a autora já inicia sobre como se dá a formação desse leitor,

sendo que o início dessa construção está na base, ou seja, nas séries iniciais da toda

carreira acadêmica daquela criança, sendo que durante muito tempo houve confusão entre

ensinar a ler e formar um leitor que são duas coisas totalmente opostas mais sempre terão

que serem ensinadas juntas. Logo, a proposta da autora foi trabalhar o livro de literatura

infantil nessas turmas iniciais, deixar a disposição delas todo o acervo literário em um balaio

na sala de leitura e ser a mediadora de como trabalhar essa literatura.

Com a leitura das obras infantis Maia (2007), deixa claro que “a literatura abre

possibilidades para a criança ir se constituindo, ao mesmo tempo, alfabetizada e leitora” uma

vez que respeitando a idade, o ritmo e o nível de aceitação da obra, considerando sua

história individual, a criança mais cedo ou tarde fará sua ligação do cotidiano e suas

inferências. Segundo sua perspectiva, o mais importante é o professor estar bem preparado

para ser o mediador entre o leitor e o livro literário. É preciso mostrar para o seu aluno o

quanto é importante que após a leitura de qualquer texto que seja que ele tenha uma opinião

formada. Assim, os esclarecimentos quanto à presença de um professor capacitado - ou

como ela define “instrumentalizado” -, torna-se um caminho mais eficaz para promover

mudanças nas práticas escolares e mostrar os avanços, conquistas e desafios com esses

profissionais protagonistas da educação Maia.

Com o desenvolvimento desse projeto ficou claro que, não podemos apenas cobrar

do professor de Língua Portuguesa (ou Pedagogia) questões relacionadas à leitura, é preciso

que a escola como um todo esteja empenhada em formar leitores literários, que com essa

formação diminua a deficiência daquele aluno que chega ao Ensino Médio e não consegue

ler um livro de literatura.

Em princípio temos a necessidade em capacitar dos professores, para que estejam

sempre em sintonia com novos métodos para que assim melhorem sua prática, sendo que

para ensinar a ler têm que ler, porque só assim, através da formação continua desse

mediador é que aquele aluno começará a ler. Depois é preciso que cada escola tenha um

acervo literário diversificado, atualizado, com títulos que chamem a atenção do leitor, que

existam livros para cada faixa etária, que fiquem ao alcance dos alunos, que tenha na escola

um ambiente propício para leitura e que se tenha um objetivo ao ler determinado livro.

A continuidade em todos os projetos deve ser enfatizada e as ações direcionadas a

leitura e a formação do leitor. Contudo, sabemos da desvalorização do professor no Brasil,

no entanto, é esperado que um professor matenha-se consciente de que para ser um

formador de opiniões sempre deverá buscar novos métodos, assim como argumenta Maia:

A efetivação de práticas pedagógicas que tenham a literatura como alicerce impõe,

necessariamente, a inserção do professor num processo contínuo de formação, que

possibilite o desenvolvimento da sensibilidade para a múltipla natureza da linguagem

escrita, a conscientização do papel de formador de leitores, o acompanhamento do

movimento efervescente do mercado editorial, e, numa extensão mais ampla, o

compromisso com práticas transformadoras de leitura, que formem crianças e jovens

críticos e atuantes (Maia, 2007: 182).

A participação da família se torna importantíssima na formação desse leitor, a

participação do pai ou mãe juntamente com a escola fortalece muito mais essa interação,

deixando a criança encorajada, de forma que ao ler determinado texto a sua opinião seja

ouvida, que não é apenas o professor que tem a resposta certa e sim que ao ler, ele também

terá sua opinião validada. Por fim, concordo com a autora quando ela diz que o professor

tem que ser o mediador dessa formação do leitor literário, que carrega uma obrigação de

estar sempre pesquisando e principalmente lendo, pois com isso, ele passará aos seus

alunos e futuros leitores a percepção de que ler é uma coisa boa e não apenas uma

obrigação escolar.