Post on 25-Nov-2020
Apresentação
Mais uma vez, o já conhecido escritor espírita Nei Leite Mendonça nos brinda
com uma excelente obra, em perfeita sintonia com as diretrizes de Allan
Kardec – o sábio codificador da Terceira Revelação, que outra coisa não é
senão o próprio cristianismo na sua originalidade.
Ao afirmar que “fora da caridade não há salvação”, isto é, sem amor não existe
a autorrealização da criatura humana, o ilustre missionário da doutrina espírita
está apenas endossando o grande ensinamento do Cristo, segundo o qual, no
“amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” está
contida toda a lei e os profetas: aí há o encontro da vertical da mística com a
horizontal da ética.
“Luzes para a vida”, como roteiro direcionado no sentido da elevação da
criatura humana em busca da senda evolutiva da grande jornada cósmica para a
angelitude, são faróis em nossos caminhos, iluminando-nos com lições práticas
através de uma linguagem escorreita e simples, recheada de grande sabedoria e
farta ilustração de pequenos contos, sempre enfatizando a necessidade do amor
e da superação das mazelas do orgulho, egoísmo e vaidade, geradoras de todos
os vícios que entravam o progresso espiritual.
São, também, luzes que esclarecem o entendimento sobre as trevas resultantes
de nosso próprio livre arbítrio diante da lei de causa e efeito, através da qual se
cumprem os ditames da justiça divina.
A evolução é lenta, como assinala o preceito bíblico de Provérbios – cap. 4, v.
18 – “o caminho do justo é como a alvorada, que vai clareando aos poucos, até
se tornar dia perfeito” – mas pode e deve ser acelerada por nosso esforço e boa
vontade, realizando, com a maior brevidade possível, o mandamento do Cristo
no Sermão da Montanha: “Sede perfeitos”.
Em conclusão, pode-se dizer que o trabalho do nobre companheiro espírita Nei
é algo de incomensurável valor para todos os que buscam o sentido espiritual
da vida – “a única coisa necessária”, como disse Jesus para Maria de Betânia.
Vivaldo J. de Araújo
Prefácio
Uma obra em forma de crônicas para meditação do leitor, que se der ao prazer
da sua leitura.
Precedido de estudos básicos da doutrina espírita e auxiliado pelos irmãos do
além para realização desta obra, buscamos dar oportunidade aos leitores para
realizar reflexões morais visando seu esclarecimento e prática da Lei do
Amor.
A sua leitura deve ser agradável para quem despensa alguns minutos para sua
reflexão. Não foi em vão que Jesus Cristo recomendou que devemos nos
“amar e instruir”.
Foi com dedicação, esmero e cooperação dos mensageiros do bem que
produzimos este livro, o qual submetemos, humildemente, à leitura, crítica e
avaliação pelos irmãos leitores.
O Autor.
01
A Conquista da Luz
Conta-nos a lenda que determinado homem solitário habitava uma palhoça em
suas terras, nas quais plantava cereais, tinha criação de gado e galináceos, aves
para postura.
Tinha fé em Deus e em Jesus, porém era cético com relação à existência do
espírito, não obstante ser um espírito encarnado.
Era médium de efeito físico, vidente e psicógrafo, sem ter conhecimento desse
fato. Por esse motivo, era assediado por irmãos do além a provar a sua
existência; serviam-se da energia do médium José, para recolher as galinhas,
quebrar ovos, tirar leite da única vaca leiteira.
Era bom de coração, humilde e paciente, tinha bom caráter, era inculto por ser
semianalfabeto, no entanto honesto e trabalhador. Virtudes que despertavam a
atenção dos espíritos, inclusive de um parente de longas épocas.
Fatos lhe despertaram a curiosidade, uma vez que não havia outra pessoa na
propriedade para causar os transtornos que estavam acontecendo. O recurso foi
acreditar no invisível, na existência do espírito.
Numa tarde de verão chuvoso, bateram-lhe à porta. Cansado pela luta diária
e sonolento foi atender o visitante. Era o espírito parente. Convidou-o a entrar
e sentar-se, confirmou o parentesco.
José passou a acreditar nos espíritos, ficando o parente a auxiliá-lo na nova
missão que se despontava e anunciada pelo visitante.
José recebeu o recado do parente, que prometeu ser assíduo na sua nova tarefa
e desapareceu por encanto; sonolento, ficou atônito, sem diretriz, pois isto
nunca havia ocorrido. Foi repousar preocupado.
José, que era médium e considerado o curandeiro na região, passou a contar
com a assistência espiritual.
Após alguns dias apresentou-lhe o espírito médico, Dr. Orlando, incumbido de
auxiliar José na nova missão.
Foi induzido a mudar para a cidade, onde seria mais bem aproveitado no seu
trabalho.
Não foi fácil adaptar-se na cidade, pelos hábitos que tinha do sertão saudoso;
pessoa simples e inteligente foi estudar teologia da alma com auxílio dos
conhecimentos da doutrina espírita.
Surgiram os primeiros pacientes induzidos pelo parente para consultar e
submeterem-se ao tratamento a ser feito por José, que trabalhava mediunizado
pelo médico Dr. Orlando que, sem subterfúgios, falava a verdade aos enfermos
para a cura da alma, origem das doenças físicas.
Comprou um prédio com a venda do sítio, onde instalou um abrigo para
tratamento de idosos.
Cumprida a missão, idoso e enfermo foi a óbito. Conduzido pelo parente e pelo
Dr. Orlando à clínica de tratamento na erraticidade, teve boa recepção com
festas por parte dos amigos que fez pela prática da caridade, pelo amor ao
próximo e pela luz que possuía.
A aquisição das virtudes morais é indispensável para o bem-estar do cidadão
nesta e na vida espiritual. Não basta aquisição sem ação, pois é nesse axioma
que o homem pode conquistar a felicidade pela doação de si em favor do
próximo.
Quer queiram ou não, todos os seres encarnados cumprem uma tarefa
específica, que seja uma missão, provação ou expiação. Pelo progresso moral
alcançado, as almas transladam de uma a outra posição.
Todavia, aqueles infringentes das leis divinas e má gestão da vida pela falta de
uma estrutura moral correm o risco de serem surpreendidos com sofrimentos
físicos e morais.
02
A Cura Psicossomática
Servir a Deus exige do homem humildade e sentimentos elevados, apoiados no
cumprimento das leis divinas ou naturais que regem a vida. Cada qual serve a
Deus, conforme o seu potencial evolutivo moral e espiritual.
Deus, que está presente em nosso coração, alimenta nossa vida. Cultuá-lo é
nosso dever.
A súplica a Deus está na dinâmica da oração, na irradiação da energia mental,
para que os hormônios ativem o metabolismo celular, revitalizando o corpo
orgânico.
A prece deve ser precedida de um preparo neuropsíquico à altura do ato
reverenciado, com fé e esperança a fim de torná-la antisséptica, de elevado
poder de ação bactericida, para cura das enfermidades.
O sofrimento que experimenta o homem não é obstáculo à sua felicidade, uma
vez que advirão maiores dores aos que não aceitam o burilamento espiritual.
Aquele que não souber absorver a experiência e ver que, muitas vezes, outros
sofrem mais do que ele, que nada acontece sem uma causa justa com fim útil,
oportunamente dirá: “eu era feliz e não sabia”.
É sabido que muitas enfermidades têm origem na mente enferma do ser,
necessitando curá-la com antecedência para, após, obter a cura orgânica.
03
A Morte Física
Cuidar do aprendizado para manutenção da saúde nos diferentes estágios da
vida é indispensável.
Não há progresso espiritual para aquele que não cumprir com as leis naturais e
morais, que condicionam a saúde orgânica atrelada à espiritual, uma vez que
há dependência de ambas. Não pode haver equilíbrio físico saudável sem
harmonia espiritual, que se consegue com desprendimento, esforço e boa
vontade para evoluir; aceitar e cumprir os ensinos de Jesus Cristo é
primordial.
Destituir o orgulho, abolir o egoísmo, desprezar a vaidade, tudo isso é
condição indispensável para evolução moral. Conhecer a si próprio é fazer
autoanálise consciencial para ver as deformidades morais e corrigi-las, com
urgência, antes que seja tarde. Essa correção consiste em “amar a Deus e ao
próximo como a si próprio”.
Para que a prática do bem dê bons frutos, é necessário que o homem se revista
da humildade, paciência, tolerância, resignação, amor e caridade, virtudes
preconizadas por Jesus Cristo para a felicidade do ser humano.
Este preparo é importante para o futuro das pessoas, a fim de não serem
colhidas de surpresa com a morte física e chegar à outra vida sem nada
apresentar no tribunal da sua consciência.
Não pense o leitor que, com a morte orgânica, tudo se acaba. Ao contrário, a
vida continua na outra dimensão, que é a espiritual, na qual se prestam contas
do bom ou mau uso do livre-arbítrio praticado.
O planeta Terra é um hospital e escola simultâneos. Aquele que teve bom
comportamento é aprovado e vai colher os bons frutos do seu trabalho na vida
espiritual, que é a felicidade sem ócio, pois continua trabalhando no seu
aprendizado moral. Todavia, o que agiu mal, com comportamento negativo,
deve ter o cerceamento
compulsório por si mesmo, em virtude da consciência comprometida, indo
sofrer a dor moral pelos deslizes praticados.
A morte é somente do corpo físico, a alma é imortal e vive para sempre. A
morte é a troca da vestimenta rota por uma nova, que é o perispírito, corpo
astral do espírito.
04
A Porta Larga
A evolução espiritual do homem está condicionada ao aprimoramento moral,
sem o qual não há bem-estar nem felicidade.
É difícil ao ser humano despojar-se dos hábitos perniciosos condicionados ao
comportamento, os quais estão apoiados nos seus pensamentos e sentimentos.
Todavia, é necessário envidar esforços para o aperfeiçoamento íntimo, se
desejar o bem-estar.
A porta larga é por onde transita a maior parte das pessoas, na qual se perde
com os vícios e paixões nefastas, induzidos pelas enfermidades da alma,
“orgulho, egoísmo e vaidade”.
Os dotados com essa enfermidade necessitam cursar a escola da vida, na qual
assimilam as virtudes morais.
Os que circulam pela estrada larga da vida são considerados suicidas
conscientes, pois não ignoram os deslizes praticados, pois permanecem
errando pela ausência do amor a si próprio e aos semelhantes.
Aqueles que circulam pela estrada estreita da vida já possuem as virtudes
morais, que os condicionam a suportar com fé e esperança as dificuldades e
sofrimento que surgem no percurso da vida.
05
A Realidade
A avareza leva o homem a aspirações, a querer o máximo de bens que lhe
possam garantir o atendimento das necessidades físicas, esquecendo-se de se
dedicar à sua alma e de que esta lhe dirige o destino. Tal é a ambição egoísta que, em várias situações, faz com que os desejos do
homem superem em muito as suas necessidades, negligenciando,
ordinariamente, as dos seus semelhantes. Precisa compreender que todos
somos irmãos e seguimos a mesma trilha. É necessário o plantio benfazejo para uma colheita esplêndida, que são o bem-
estar e a felicidade tão almejada, a tranquilidade. É comum vermos famílias abastadas reclamarem da falta do bem-estar, pois as
estruturas estão abaladas por diversos motivos, tornando-se a cruz pesada. Esses fatos estão presentes na sociedade. As pessoas não se julgam felizes pelo
destino projetado e não acontecido, por falta de higiene mental e enfermidade
da alma. O sofrimento físico e moral é procedente do mau comportamento nessa e nas
existências passadas pela invigilância. As enfermidades da alma (orgulho, egoísmo e vaidade) dificilmente são
curadas espontaneamente, obrigando o paciente à frequência na escola da vida,
onde aprende compulsoriamente a ser humilde, paciente, resignado e
indulgente. Ao amar a si e ao semelhante, cumpre a Justiça Divina.
06
A Verdade
No recôndito do subconsciente, há pessoas que guardam um segredo nem
sempre confessável, o qual se revela na vida extrafísica, uma vez que o
passado se torna presente nessa dimensão.
Para não ter a consciência acusatória, é importante que o homem libere a alma
dos procedimentos errôneos que cometeu e que os corrija enquanto está a
caminho da espiritualidade.
Por ocasião da morte, o espírito leva os reflexos da vida física, a consciência
liberada pelo dever realizado, em virtude do bom comportamento no
cumprimento das leis que regem a vida ou da consciência comprometida pelos
deslizes praticados.
Todo ato que fere a sensibilidade do próximo cria compromissos que devem
ser resgatados. Não adianta fugir ou negar, pois está inserido na consciência.
O indivíduo que dá expansão às suas paixões inferiores e se entrega à prática
maldosa de suas atitudes torna-se cego à realidade, vítima de si mesmo, da vida
que leva. Sua consciência comprometida só é despertada para as verdades
espirituais com o advento do sofrimento compulsório, submisso que está à lei
de causa e efeito.
O homem que não preparou com antecedência o ingresso na vida espiritual vai
encontrar dificuldade e sofrimento com o despontar das verdades do seu
comportamento terreno.
Em sua nova morada, o espírito vai conviver com irmãos conquistados quando
encarnados, segundo o seu estado moral.
Diante dos fatos, a lógica recomenda que todo homem deve manter o
pensamento higienizado, ter a consciência tranquila pelo dever cumprido na
prática da caridade e das leis que regem a vida e na eliminação das
imperfeições da alma. Com esses feitos, está assegurada a felicidade no plano
espiritual.
Há pessoas que não valorizam a vida, ficam entregues às paixões inferiores e
aos impulsos emocionais na prática de atos libidinosos, esquecendo-se de que
são espíritos e de que, com a morte, terão que voltar à erraticidade de mãos
vazias, pois nada plantaram para colher.
07
A Volta de Júlio
Na “estrada da vida” há muitos obstáculos cujos desafios o homem terá de
vencer para a conquista da felicidade.
Não falta oportunidade ao homem para trabalhar em seu aprimoramento
íntimo, na aquisição das virtudes morais, na prática espontânea do amar a
Deus e ao próximo como a si mesmo, para ter a consciência tranquila pelo
dever cumprido.
O descumprimento das leis que regem a vida, o desconhecimento das virtudes
morais, torna o infrator passível de penalidade, de cerceamento da sua
liberdade e de enfrentar sofrimentos atrozes.
A justiça Divina se cumpre pela lei de causa e efeito.
Conta-nos a história que determinado indivíduo, na existência anterior, fora
agricultor com vários trabalhadores camponeses.
O regulamento na fazenda era severo. O titular da propriedade, senhor Júlio,
era enérgico, de má índole, orgulhoso e egoísta.
Qualquer trabalhador que infringisse as normas era advertido pelo chefe, às
vezes ameaçado fisicamente.
Pelo temperamento explosivo nunca conseguia amizade dos empregados e sim
antipatia.
Como tudo na vida é transitório, Júlio não fugiu à regra. Com idade avançada
e enfermo, foi a óbito, como também alguns trabalhadores.
Na erraticidade, pelo seu estado de imperfeição moral, foi habitar o umbral,
onde permaneceu por longo tempo em sofrimentos atrozes, com a presença
permanente de algozes a torturarem-lhe a consciência.
Após muito sofrer, tornou-se humilde e resignado. Arrependendo-se dos maus
procedimentos, lembrou de orar a Deus pedindo socorro. Foi atendido e
conduzido pelos monitores espirituais à clínica de tratamento, onde
permaneceu por longo tempo, a fim de preparar-se para nova reencarnação.
Assim que foi autorizado, reencarnou em lar bem estruturado, com bom poder
econômico. Filho único, criado com todo carinho, tornou-se adolescente com
inclinação ao cultivo de plantas.
Seu pai adquiriu terras, nas quais Júlio pôde fazer plantações de fruteiras,
cereais e cana para produção de açúcar e derivados.
Pela lei de causa e efeito, Júlio teria de sofrer uma enfermidade incurável em
virtude de suas imperfeições no passado, com compromissos a resgatar.
Pelo fato de ter se redimido e tornado um homem de bem, humilde, caridoso,
Deus comutou-lhe a pena a simples artrose reumática.
Ante a narrativa, podemos concluir que a evolução espiritual contribui
grandemente para minimizar as dores e sofrimento a que estão sujeitos os
infratores das leis divinas.
08
Ação Construtiva
Pelas condições físicas do planeta Terra e por tratar-se de orbe de provas e
expiações, todos os que aqui nascem estão sujeitos a sofrer de alguma
maneira peculiar ao grau da sua evolução moral.
Todos conduzem a cruz do sofrimento; alguns pelo amor à causa do bem, na
prática da caridade para com o próximo, sem visar retorno, o qual virá por
acréscimo. Trata-se de pessoas que dão de si em favor do próximo com
devotamento e obrigações, cuja alma é de alto padrão moral.
Há pessoas que, pela falta de moral, complicam a vida por infração às leis
naturais e civis, tornando-se passíveis de maiores sofrimentos. Acusam Deus
pela má sorte e bem assim o destino; se esquecem de que o destino foi criado
pelos seus maus pensamentos, sentimentos negativos e emoções sem governo.
Para que os sentidos cumpram dignamente a tarefa, é importante manter
vigilância mental para não ser traído pela inércia destrutiva do bem-estar.
09
Advertência
O homem sente na pele o resultado dos folguedos realizados no correr da vida.
Este fato o prende na constelação de oportunidades que se acham ao
dispor da maioria das pessoas que desejam aproveitar a vida nas noitadas, sem
pensar no futuro e nos acontecimentos que podem ocorrer compulsoriamente.
Nota-se que pessoas, por falta de uma vigilância mental, participam do rol dos
“felizes ilusórios”, vítimas de si próprios pela imersão das enfermidades da
alma.
Para essas pessoas, hipocritamente felizes, só há um medicamento: frequentar
a escola da vida, na qual aprendem a ser humildes, resignadas, indulgentes,
caridosas para consigo mesmas, forçadas que são pelos desajustes emocionais
ao sofrimento compulsório.
Todo habitante do planeta está submisso ao cumprimento das leis que regem a
vida; portanto, cumpri-las é necessário, para a conquista da felicidade e bem-
estar.
É preciso cultivar a lei de justiça, o amor e a caridade, e não ficar em “cima do
muro”, aguardando oportunidade de praticar o bem, quando a sua pratica é
obrigatória para todo ser humano.
É dever de todo cidadão amar a Deus de todo coração e ao próximo como a si
mesmo. Está inserido nessa prédica que só se ama a Deus amando o próximo.
Ninguém pode ignorar o cumprimento das leis de Deus e as civis, partindo do
princípio de que o nosso direito vai até onde se inicia o direito do próximo.
Isso faz parte das relações entre os homens, que devem seguir os preceitos
cristãos.
10
Alma Presa
O sermão que a natureza nos infringe por meio dos fatos que nos causam
dissabores é fruto da nossa ignorância com relação à vida extrafísica ou
espiritual.
Se somos espíritos em viagem, pelo planeta, é natural que esse percurso um dia
tenha fim com retorno à verdadeira vida, que é a espiritual. Com base nessas
verdades, cumpre aos viajantes prepararem-se com antecedência na aquisição
de conhecimentos sobre a vida futura, para não serem colhidos de surpresa
quando a morte chegar, a qualquer momento, e retornarem à esfera espiritual
de mãos vazias.
Restam-nos, no percurso da viagem, a aquisição das virtudes morais e a
eliminação das enfermidades da alma. Conhecer-se a si mesmo é importante a
todo indivíduo, uma vez que permite uma análise de seu comportamento e o
enquadra nos ensinos de Jesus.
Essa análise revela as qualidades morais e as falhas a corrigir.
Quando entregues aos prazeres da vida material, pela exaustão das
imperfeições da alma, as pessoas dificilmente se lembram de Jesus Cristo, o
que ocorrerá quando o sofrimento bater-lhes à porta.
Somos espíritos presos à matéria, cuja libertação se dará com o retorno à
espiritualidade.
11
Anjo da Guarda
Não há ninguém no Planeta Terra sem a proteção Divina, pois Deus está
permanentemente em toda criação, no amparo aos seres por Ele criado. Para
complementar a assistência benéfica, Deus colocou ao dispor do assistido um
anjo, espírito protetor ou anjo da guarda; são espíritos missionários que
assumem o compromisso de assistir o espírito encarnado que lhe é simpático.
São espíritos evoluídos que se dedicam à prática da caridade, tendo encargos
de proteção no percurso da vida dos espíritos encarnados, cuja vigilância não é
sistemática, e sim variável (Livro dos Espíritos, pergunta 113, página 77).
Por que há tantos desvios de comportamento? São fatos ligados a imperfeições
das pessoas, que transgridem as leis e bem assim ao cumprimento do dever,
alimentadas que são pelas imperfeições da alma (orgulho, egoísmo e vaidade),
pois não ouvem a voz da consciência inspirada pelo anjo da guarda, que as
adverte dos erros praticados.
As inclinações e hábitos que integram a personalidade do homem criam uma
atmosfera energética salutar quando os fatos forem nobres; todavia, quando os
procedimentos são infringentes formam uma aura deletéria que intercepta o
auxílio dos bons espíritos.
O cidadão não ignora a prática do bem, entretanto muitos se desviam para a
maledicência, pelo mau caráter e vícios adquiridos.
O cumprimento do dever ajustado no amor a Deus e ao próximo como a si
mesmo quando em ação é a libertação e salvação dos homens.
12
Assimilação Espiritual
Os espíritos na erraticidade têm uma convivência pacífica quando há
assimilação de pensamento, sentimentos e hábitos. Assim, dois espíritos
amigos confabulavam sobre o futuro que os aguardava.
Findo o estágio na erraticidade, programavam para a próxima reencarnação
uma etapa difícil de cumprir, porém necessária ao aprimoramento íntimo.
Um dos espíritos desejava nascer no seio de uma família abastada que lhe
desse conforto e segurança, pois ainda alimentava orgulho e vaidade; o outro,
mais evoluído, queria nascer em lar pobre de pais negros.
Nem sempre os fatos ocorrem como previsto. Pela assimilação de
pensamentos, o primeiro nascera num lar rico, família orgulhosa e vaidosa,
filho de mãe solteira.
Para evitar o vexame da sociedade, às ocultas deixaram o bebê na porta do
orfanato, que o acolheu carinhosamente.
O outro espírito reencarnou num lar pobre, que, sem recursos para criá-lo,
entregou o bebê ao orfanato.
Após alguns meses, surgiu no orfanato uma família bem estruturada, disposta
a adotar os bebês, criá-los e educá-los com carinho, não deixando pistas que a
identificasse. As crianças cresceram fortes e sadias, educados em colégio
profissionalizante, no qual cursavam o curso de mecânica para veículos.
Pela capacidade dos rapazes, José e Benedito, vulgo Pretinho, não foi difícil
instalar a oficina de autoelétrica e conquistar logo boa clientela, motivo pelo
qual tiveram que expandir a oficina e contratar funcionários. Pretinho sofria
com a impertinência do irmão de criação, que era orgulhoso e egoísta, mas
conseguia conduzir os negócios com sucesso.
Entre os contratados, havia um velho Sr. Paulo, que despertava os sentimentos
de José, não pela idade, mas pela afinidade espiritual entre ambos.
Por ironia do destino, a família rica e orgulhosa, que entregou a criança ao
orfanato, tornou-se pobre por negócios mal realizados, luxúria e gostos
supérfluos, decadência moral, saúde abalada a exigir recursos, pois o titular
sofrera acidente, estava cadeirante.
Por todos esses desvarios, decidiram localizar a criança bastarda abandonada e
nada conseguiram.
Quando a firma completou um decênio, os empregados homenagearam José e
Pretinho pelo sucesso alcançado. Nessa oportunidade, José confessou ao Sr.
Paulo o sentimento que lhe dedicava.
Paulo, a sós com José, narrou que na sua juventude fizera mal à irmã. Para
evitar um vexame e por vergonha, às ocultas, seu pai colocou a bebê à porta
do orfanato.
José diz que, curiosamente, fora adotado por uma família caridosa que o criou;
que foi abandonado no orfanato. Coincidência ou não, concluíram que Paulo
era pai e tio de José.
Paulo contou a José que sua mãe sofrera AVC e estava hospitalizada, em
péssimo estado de saúde.
Para dirimir dúvidas, José foi visitar a sua suposta progenitora na esperança de
narrar sua procedência. Foi inútil, pois ela estava inconsciente.
Pretinho, humilde, paciente e virtuoso, perdoava sempre as injunções impostas
pelo sócio irmão. Não perdia oportunidade de adverti-lo, de banir o seu
orgulho e egoísmo, de dizer para praticar as virtudes morais preconizadas por
Jesus Cristo, sem os quais não poderá ser feliz. Assim, contribuiu para a
evolução do seu irmão na caminhada terrena.
13
Bem e Mal Viver
Na vida do homem, há duas situações que envolvem a sua personalidade e a
razão. Elas correspondem ao seu procedimento, que consiste no bem e mal
viver.
No bem viver deve haver o respeito e o cumprimento das leis naturais ou
divinas e as civis, no amor a si próprio, ao próximo e a Deus.
Mal viver é o antônimo de bem viver. No núcleo do mal viver, o homem terá
compulsoriamente que cursar a escola da vida, onde há dor e sofrimento,
submisso que é à lei de causa e efeito.
A fim de evitar situações do mal viver, o ser tem o dever de eliminar os
inimigos íntimos (orgulho, egoísmo e vaidade). Deve adquirir as virtudes do
bem como a humildade, paciência, indulgência, resignação, caridade para com
o próximo. Deve também cultivar a fé e a esperança para vencer os desafios
que surgem na vida, a fim de se ter uma vida feliz.
Para tal procedimento, procure manter pensamentos higienizados, juntamente
com sentimentos e emoções salutares. Evitar tanto quanto possível o uso de
bebidas alcoólicas, cigarro e demais tóxicos que envenenam o corpo e
entorpecem a alma.
Evitar o excesso alimentar e demais ingredientes prejudiciais à saúde
orgânica. Os gozos e prazeres materiais têm limite e devem ser respeitados.
Essas recomendações, quando cumpridas, estimulam a alma à perfeição
moral, a qual é a responsável por todos esses estados conscienciais.
Quando sentimos qualquer distúrbio, a responsável é a nossa alma, não o
corpo, pois que ele é simples instrumento da alma, sem a qual ele não vive.
Todos nós somos carentes de perfeição, estamos reencarnados para o resgate
de compromissos do pretérito; portanto, é indispensável viver dentro dos
parâmetros das leis que regem a vida, preparando, destarte, para a vida
espiritual.
14
Bens do Espírito
Os bacilos impregnados no perispírito são germes de enfermidades físicas de
difícil cura, pois têm origem nas enfermidades da alma (orgulho, egoísmo e
vaidade). Superar essas doenças é dever de todo ser, se quiser desfrutar de
bem-estar e felicidade.
O objetivo da reencarnação é aprimorar a alma, para eliminação de suas
imperfeições, a fim alcançar o progresso condizente com o ambiente moral em
que habita.
A aquisição das virtudes morais é um desafio a vencer, pois exige do paciente
humildade, paciência, indulgência, resignação e prática da caridade, sem a qual
não há salvação.
Não obstante os bens materiais conseguidos por empréstimo existem os bens
espirituais, que são as virtudes conseguidas com esforço próprio do homem
que aspira felicidade em ambos os estágios, encarnado e desencarnado.
Para a felicidade do ser, é importante cursar a Escola da Vida, na qual adquire
as virtudes que integram o patrimônio do espírito, que não é empréstimo, não o
perde jamais.
15
Bom Dia
O cumprimentar faz parte da gentileza e cordialidade, virtudes que
condicionam um fator de caridade.
Cumprimentar é um ato de benevolência e solidariedade. Oferecer uma
palavra amiga, um aperto de mão, um bom dia, um abraço etc. são atos de
amor ao próximo.
Em diversas situações, o cidadão transeunte, preocupado com suas atividades
cotidianas, se esquece de rogar a Deus um bom dia.
Em situações adversas dá-se, comumente, que o homem, absorvido pelo poder
econômico, com hábitos e paixões nocivas, nutre-se de pensamentos que
ferem as leis e comprometem a saúde psicofísica.
A invigilância mental e os deslizes praticados resultam em surpresas
desagradáveis que mutilam o tônus orgânico com embotamento mental,
inibindo a manifestação da alma.
Ao cumprimentar, irradia-se uma energia mental salutar, pois a expressão
parte do pensamento que tem poderes antibactericidas.
Tudo por um bom dia, prazeroso e construtivo! As pessoas têm o dever de
cuidar das lides diárias, porém não podem negligenciar a oração do Bom Dia.
Ser humilde, bom e caritativo deve ser o lema de toda pessoa do bem, que
cumpre a assertiva de Jesus, no amai a Deus e ao próximo como a si próprio.
16
Caminho para Luz
No porvir da existência humana, as pessoas ingressam na rota das paixões
viciosas, com desajustes morais, forçados que são pelas suas imperfeições.
Não adianta advertência, pois, fatigados pelas enfermidades da alma, nutrem-
se das paixões viciosas com expansão dos instintos negativos, não obstante
conhecerem o bom caminho que os induzem ao bem-estar; para tal
procedimento, alegam que a carne é fraca e sem força para se corrigirem.
Permanecem no erro, esquecendo-se de que o responsável pelo comportamento
bom ou mau do corpo físico é a alma, o ego ou a forma de pensar e sentir.
As pessoas vinculadas ao mau caminho ficam indiferentes ao bom proceder,
somente com o advento da dor é que acordam para a realidade da vida.
É no despertar da consciência acusatória que ocorre o reconhecimento do mau
caminho percorrido e das infrações às leis naturais ou Divinas.
É no cumprimento dos ensinos de Jesus Cristo, na aquisição das virtudes
edificantes, que o homem encontra o prazer na vida associada ao progresso
espiritual.
Se todos somos espíritos imortais, cujo retorno à erraticidade pode se dar a
qualquer momento com a morte física, cumpre-nos preparar com antecedência
para este fato, adquirindo conhecimentos atinentes à vida futura.
Todo saber aliado à prática da lei do amor é luz que projeta o espírito.
17
Carma a Resgatar
O sofrimento por que passam as pessoas é fruto de um passado delituoso pelo
mal proceder e mau uso do livre-arbítrio.
Cuidá-los é preciso para que, através dos percalços do caminho, superem a
caminhada com mais facilidade, tornando o peso da cruz mais suave.
As pessoas culpadas por atos pregressos resgatam os compromissos
inconscientes, uma vez que é impossível as lembranças do passado. Porém,
trazem o carma a resgatar.
As inclinações e tendências são remanescentes das vidas anteriores, cujo
presente foi pelo homem criado. Os espíritos disputam a reencarnação, a fim
de se livrarem das dores morais por que passam na erraticidade; todavia, o
sofrimento perdura na vida física até que os compromissos sejam resgatados.
Compete à sociedade auxiliar os enfermos a transportarem os seus
compromissos com mais suavidade. Em geral, todo homem tem dívidas com as
leis que regem a vida, em diversos graus de evolução moral até então alçada.
O nosso planeta é de provas e expiações, portanto de sofrimento destinado ao
burilamento moral do ser.
18
Casa da Alma
Na estrada da vida, o homem encontra dificuldades na caminhada, cujos
desafios terá de vencer com fé e esperança para solução dos problemas.
É comum ver famílias de bom poder econômico clamando por felicidade;
falta-lhes estrutura moral condizente ao bem-estar.
Os fracos e deprimidos, por ócio e inércia de enfrentar a caminhada rude da
vida, transviam-se, entregues a atos libidinosos, hábitos e vícios persuasivos e
falham na reencarnação. Todavia, há tempo para recuperação, depende da boa
vontade, interesse e esforço para libertação do mal com muita fé em Deus para
sanear as imperfeições.
O principal cabedal que o homem possui, por dádiva, é o corpo físico, a “casa
da alma”. Todo patrimônio que o homem tem, inclusive o corpo, não lhe
pertence, é um empréstimo que Deus concede para, através dele, a alma ou
espírito desempenhar a tarefa para a qual reencarnou.
Para cuidar da casa (do corpo) é de suma importância precaver-se da saúde
orgânica com pensamentos higienizados, pois que um depende do outro.
A casa da alma tem que ser forte e sadia, pois é o instrumento de que a alma se
utiliza para se manifestar e cumprir a tarefa prevista. Remover as dificuldades
do caminho requer esforço, dedicação e boa vontade, humildade, paciência,
indulgência, amor e caridade, virtudes indispensáveis à felicidade nesta e na
vida espiritual.
19
Conspiração
Conspirar contra o cumprimento das leis divinas ou naturais é o mesmo que
infringir a supremacia divina, pois que as leis são emanadas de Deus, cuja
finalidade é redimir a alma humana a fim de torná-la feliz.
Não adianta negligenciar o cumprimento das leis que regem a vida, uma vez
que todo cidadão está submisso às mesmas leis, sob pena de sofrer represália
com sofrimento psicossomático.
O espírito foi criado simples e ignorante por Deus, porém inteligente para,
através do progresso, alcançar a angelitude na condição de espírito puro.
As pessoas sem evolução moral e espiritual desvirtuam a estrada da vida com
a prática de deslizes que comprometem a alma. Seus desajustes culminam com
dores e sofrimentos, cujo medicamento deve ser assimilado pelo paciente, sem
angústia e reclamação.
Ser bom, caridoso e cumpridor das leis a que está submisso, eis a diretriz que
todo ser tem de assumir para ser feliz.
20
Cuidar da Alma e do Corpo
Todo aquele que se dispuser à prática do bem deve fazê-lo com
desprendimento para a conquista da paz e bem-estar pelo dever cumprido.
Servir ao próximo é um dever. Todavia, alcança maior mérito aquele que se
dispuser a servir espontaneamente, furtando-se à obrigação.
Surgem oportunidades várias para servir a Deus, especialmente aquelas a que
se refere São Paulo no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XV:
sejamos dadivosos conosco, amando o nosso vaso corporal, não ingerindo
substâncias nocivas à saúde, para que a alma se manifeste mais facilmente.
É indispensável manter uma mente saudável para que o corpo também seja
saudável. Para resgate dos compromissos assumidos na espiritualidade, temos
que dispor de meios que permitam a sua realização mais facilmente, mantendo
o equilíbrio psicossomático sempre em alerta.
Não se pode acusar a outrem pela nossa falência moral, pois somos
responsáveis pelo destino que dermos à nossa vida.
O nosso progresso espiritual depende de como nos portarmos no curso da
existência. A felicidade que almejamos está na dependência da nossa evolução
moral e bem assim no cumprimento das leis que regem a vida.
21
Deus Está Presente
O espírito é um ser imortal. A morte física é a troca da roupagem orgânica, da
qual o espírito se desliga, conduzindo o perispírito, que é o seu corpo.
A alma ou espírito continua a sua trajetória evolutiva até atingir a pureza,
como ministros de Deus, monitorando o cumprimento das leis divinas.
Podemos iniciar essa trajetória benfazeja agora. Todavia, é necessário eliminar
do íntimo todas as imperfeições que maculam a alma.
Dirigimos a vida e o destino pelo modo de pensar e sentir. Se desejarmos o
bem-estar psicofísico, teremos de extirpar as imperfeições da alma, que são o
orgulho, o egoísmo e a vaidade.
É importante saber livrar-se do assédio de espíritos sofredores e imperfeitos, os
quais são atraídos pela maneira de pensar negativa e prejudicial. Procure ser
positivo para assimilar os espíritos bons que dão bem-estar físico e mental e,
consequente, felicidade.
Se negligenciarmos o aprimoramento íntimo, estaremos submissos à lei de
causa e efeito, passível de frequentar a escola da vida, na qual haverá dor e
sofrimento.
Deus de amor e justiça conhece as nossas necessidades e merecimentos, e está
presente permanentemente em nossa vida a nos orientar e nos proteger.
Há pessoas que não sentem a presença divina, uma vez que estão envoltas em
energias negativas poluentes, em virtude das imperfeições morais não
corrigidas.
Devemos estar sempre preparados e não deixar para amanhã o que pode se
feito hoje, pois a morte não avisa; o que somos hoje é reflexo do passado; o
futuro espiritual será o reflexo de agora.
22
Dever Cumprido
Não turbe vossos corações com o que possa acontecer, uma vez que o chamado
é imprevisto, pois a morte não avisa.
Não alimente maus pensamentos, porque, sendo a alma a responsável pelo
destino do homem, deve ser nutrida de bons princípios. Jesus recomendou que
o homem deve aperfeiçoar sua alma enquanto está a caminho, isto é, investir
na aquisição das virtudes morais e na prática da lei de justiça, amor e caridade,
no preparo para a vida espiritual.
Se quiser ter uma vida tranquila com saúde e bem-estar, cumpra as leis que
regem a vida, alimente pensamentos higienizados, sentimentos nobres; adquira
as virtudes da humildade, paciência, resignação, indulgência, amor ao
próximo; elimine as enfermidades da alma, o “orgulho, egoísmo e vaidade”.
Todas as pessoas estão submissas às leis divinas ou naturais, que condicionam
a saúde espiritual e física. Para tanto, é indispensável evitar excessos de toda
espécie, obstar o consumo de álcool, fumo e outras drogas, que envenenam as
células orgânicas, tornando o corpo impotente à manifestação da alma.
Essas recomendações são importantes, “se cumpridas”, para o aprimoramento
íntimo do cidadão que deseja ser feliz.
23
Dor Bipolar
A doação de si ao próximo é um ato de caridade assistencial, cuja virtude
enobrece quem a pratica. Abster-se do cumprimento do bem constitui falta
irrecorrível, inspirada pelas enfermidades da alma, provocando desajuste
psicossomático, originando enfermidades bipolares de difícil saneamento.
O homem não pode ignorar a prática da lei de justiça, amor e caridade, sob
pena de responder pelos atos ilícitos no tribunal da consciência. Está no
cumprimento das leis que regem a vida, o medicamento sintomático para cura
das enfermidades da alma.
Se o homem tivesse a percepção ajustada ao sentimento emocional, por certo
estaria livre das enfermidades que o afligem. Está confirmado pela ciência que
grande parte dos males físicos e morais procede dos desajustes emocionais.
As pessoas devem viver com sabedoria, valorizando a vida, se amando e bem
assim o próximo, evitando excessos que comprometem a saúde física e o
equilíbrio emocional, abstendo-se tanto quanto possível dos hábitos e vícios
danosos e evitando atos que colocam em risco a segurança física.
24
Efeitos do Vício
A reencarnação é a volta à Escola da Vida na qual o postulante põe à prova os
seus conhecimentos diante da tarefa a ser cumprida, ou seja, o seu carma.
O cidadão culto em conhecimentos morais trazidos e aprimorados na
experiência física sabe respeitar e cumprir as leis a que está submisso. Todavia,
os incultos são pessoas dadas à prática de atos libidinosos que comprometem a
consciência pela falência moral.
A fim de ilustrar, conta-nos a lenda a existência de duas pessoas amigas; José,
pessoa moralista, humilde, simples, caridosa, dado à assistência social; Vitório,
imoral, orgulhoso, vaidoso era dado à embriaguez. Pela imperfeição, Vitório
era sempre aconselhado por José a abandonar os hábitos perniciosos e tornar-
se uma pessoa de bem, para ser feliz.
Alegava Vitório:
– Estou feliz com a minha vida e você fica me aborrecendo com seus
conselhos!
– Ora Vitório, eu só desejo seu bem-estar e que você deixe essa vida para evitar
muito sofrimento no futuro.
Em cidades interioranas, há o hábito de, nas tardes, reunirem-se na praça para
uma palestra amistosa.
– Ontem, você, José, me acusou do meu comportamento. Sou jovem, tenho
ilusões e desejo esquecer os reveses da vida.
– Ora Vitório, a vida é cheia de obstáculos, são pedras no caminho que temos
de remover com paciência e humildade, para eliminar os maus costumes e
enriquecer a alma. O que você fez é o inverso, infringindo as leis e se
comprometendo moralmente.
– Estou ciente dos seus conselhos, porém não me interesso por eles.
Com Vitório alcoolizado, houve um desentendimento entre ambos. Foi quando
José se distraiu à procura do Evangelho e Vitório tirou-lhe a vida.
O espírito José foi levado à pré-adaptação na erraticidade e após estágio foi
recebido com alegria pelos amigos; José desfruta do bem-estar com a
consciência tranquila pelo dever cumprido.
Após o efeito do álcool, Vitório caiu em si. Notou estar preso sem motivo e foi
informado do delito praticado injustamente.
Resta-lhe sofrer as consequências do mau uso do livre-arbítrio e das
imperfeições morais. Reconheceu a culpa, lembrou dos conselhos do amigo,
porém já era tarde. Arrependeu-se, chorou muito, angustiado, deprimido e
constrangido pela liberdade cerceada à prisão por vários anos.
É indispensável a qualquer cidadão elucidar a alma em conhecimentos morais,
cumprir as leis a que está submisso, amar a Deus e ao semelhante como a si
próprio, desejando ao próximo o que quer para si mesmo.
25
Elaborar o Instinto
Ao despertar na vida física, a alma está predeterminada a cumprir as normas
fixadas na sua consciência.
As dificuldades, os sofrimentos, as dores e demais obstáculos encontrados
pelo homem na estrada da vida, não obstante sejam de difícil solução, são
necessários ao reajuste de compromissos assumidos no passado. Esses
obstáculos contribuem para o aprimoramento espiritual do cidadão com
experiência bem assimilada.
As pedras do caminho e as dores dilacerantes são recursos específicos para
moldar os sentimentos dos infratores das leis divinas e civis.
Cada pessoa utiliza os recursos mentais para seguir a rota desejada instituindo
o seu próprio destino. Portanto, os desajustes psicossomáticos procedem da
mente enferma do homem que, dando expansão às paixões enfermiças,
permite o acesso bacteriológico às células, mutilando o tônus orgânico e
fazendo surgir a enfermidade. Não obstante, as de ordem ambiental se valem
da negligencia do homem, que, absorto com os prazeres que a vida lhe
oferece, não se acautela.
Ante os fatos abordados, é de suma importância que o homem, ao materializar
seus instintos, o faça com elevação espiritual, apoiado na moral prevista por
Jesus Cristo, inserida no Evangelho Segundo o Espiritismo.
26
Eliminar Imperfeições
Se na vida o homem não consegue vencer as dificuldades do caminho, não tem
a quem atribuir o seu insucesso, a não ser a si próprio. As pedras encontradas
na estrada da vida são o resultado das imperfeições morais, da falta de ética
nos procedimentos cotidianos.
O mau comportamento, acoplado ao livre-arbítrio, conduz o ser humano à
prática de deslizes, projetando dor e sofrimento compulsoriamente, vítima que
é das enfermidades da alma: orgulho, egoísmo e vaidade.
A correção é imprescindível, com pensamentos higienizados e sentimentos
nobres, a fim de envidar esforços na eliminação das enfermidades psicofísicas
e consequente bem-estar. As pessoas com mau proceder dificilmente
reconhecem esse distúrbio, em virtude do orgulho e sentimentos nefastos,
fadados que são ao sofrimento compulsório.
Os pacientes que se comprazem na jornada negativa do mau caminho estão
submissos à lei de causa e efeito e à frequência à escola da vida para aquisição
das virtudes morais, na aplicação da justiça, amor e caridade.
27
Encargos a Cumprir
Ao despertar para uma nova reencarnação, o espírito traz a bagagem e o carma
a indicar-lhe a trajetória da nova existência, a ser cumprida. Cabe avaliar as
diretrizes traçadas na erraticidade as quais o espírito submete-se a realizar.
Na distribuição dos encargos, a espiritualidade classifica a reencarnação em
três tipos: a missão a cumprir, que esteja vinculada a uma tarefa solidária; a
provação, que se refere à aquisição de novas experiências para evolução; e
finalmente, a expiação, pela qual o espírito resgata as faltas do passado
mediante o sofrimento, submisso que está à lei de causa e efeito.
Os compromissos reencarnatórios atribuídos aos espíritos correspondem ao seu
merecimento e ao grau de evolução. Os espíritos passam por uma escala
progressiva de aperfeiçoamento por etapas. Para o bom cumprimento da tarefa,
torna-se necessário que o espírito reencarnado se nutra dos princípios da moral
recomendada por Jesus Cristo: “Amai e instrui-vos”.
Sem essa prática, não há progresso espiritual. Todavia, é indispensável abolir
as enfermidades da alma.
28
Evolução
Os espíritos, na erraticidade, que ignoram o seu atual estágio, têm as sensações
e necessidades biológicas como se estivessem encarnados.
Os ensinos de André Luiz asseveram que a morte física não torna o espírito
melhor nem pior, pois que a vida continua nas mesmas condições do percurso
da vida física.
Para evitar tais fatos e sofrimentos na vida extrafísica, o homem deve se
preparar na aquisição das virtudes morais, na doação de si em favor do
próximo. Deve se preparar ainda por meio da absorção de conhecimentos da
vida espiritual, para ter luz íntima, para não ser colhido nas trevas do umbral
por infração às leis divinas e ausência de progresso espiritual.
A condição do espírito na erraticidade com a consciência tranquila pelo dever
cumprido é indispensável à sua felicidade. Todavia, aquele que ignora seu
atual estágio curte uma vida subjetiva e ilusória.
Os espíritos infratores respondem pelo mau uso do livre-arbítrio, podendo ter a
liberdade cerceada compulsoriamente pelo tribunal de sua consciência, vítimas
de si próprio, pela inércia de seu progresso.
Deus, que é justiça e amor em todos os procedimentos, dá a todo o ser humano
oportunidade para sua regeneração. Cumpre, ao homem, não perder os
momentos que estão ao seu dispor no seu aprimoramento íntimo, evitando,
dessa maneira, futuras reencarnações dolorosas.
29
Evolução em Dois Atos
Lutar na vida para conseguir a sobrevivência é viver em busca da
autoindependência econômica, religiosa e social.
Para saber viver nos parâmetros cristãos requisitados, tem que se manter
moralmente à altura da responsabilidade assumida.
Ao praticar as virtudes, o homem encontra os meios de participar da
caminhada com Jesus Cristo no coração.
Não foi em vão que o Mestre em suas práticas asseverou: “voz sois deuses”,
com a assertiva de que Deus habita no íntimo de cada um dos seus filhos, que
está presente a tudo o que existe no universo, pois que é todo amor e justiça,
onisciente-onipresente.
O homem não pode negar-se ao cumprimento das leis divinas e sociais a que
está submisso, sob pena de ver cerceado o seu livre-arbítrio. O sofrimento
físico e moral que afeta uma pessoa de bem nem sempre constitui expiação e
sim provação que, ao reencarnar, foi solicitada como forma de agilizar a
evolução espiritual.
A pessoa que não souber valorizar o curso da vida com bons atos está fadada
ao sofrimento compulsório pelo mau comportamento.
30
Gentileza é uma Virtude
A gentileza, como a solidariedade, é uma das qualidades que devem ornar a
alma do indivíduo. As virtudes alcançadas com a prática do bem, na
convivência social, dão ao homem os meios para a sua elevação espiritual.
O homem não deve furtar-se à prática do bem, inspirada na caridade para si e
ao próximo. Não obstante seja um dever a prática do bem, ela deve ser
espontânea como forma de demonstrar o sentimento de amor ao semelhante. O
bem forçado e mecânico não tem sentimento, embora seja útil à doação.
Para não exaltar o orgulho e a vaidade, é importante cumprir a recomendação
evangélica “de dar com uma mão sem que a outra saiba”.
A caridade não é só doação financeira, vai além, uma vez que Jesus ensinou
como norma “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo”. Segundo São Paulo, a caridade está em o homem ser humilde,
paciente, indulgente, resignado etc., virtudes que condicionam o homem ao
bem-estar e à felicidade.
Na sociedade humana, a caridade significa respeitar os direitos do semelhante,
pois o direito de cada um termina quando se inicia o direito do próximo.
31
Grandeza da Alma
Na rude estrada da vida, o homem sofre as consequências das próprias
imperfeições que o conduzem a caminhos maléficos.
Os sofrimentos físicos e espirituais são contribuições que afloram ao homem
para que se torne mais afável aos ensinos de Jesus Cristo.
“Amar e instruir”, eis o binômio a que todo homem deve se empenhar para ser
feliz. O sentimento deve ser a “toga” que orla a prática do amor universal ou
divino, sem a qual não há salvação.
A prática da caridade deve ser despretensiosa, realizada com humildade, para
não estimular o orgulho e a vaidade.
A prática do amor com sentimento espelha grandeza da alma, é luz que norteia
o espírito na erraticidade. Os procedimentos do ser estão regidos pelo
pensamento da alma, a qual manifesta a sua vontade pelo corpo físico,
servindo-se do perispírito ligado ao sistema límbico ou nervoso.
32
Homem Regenerado
Curtir as lides da vida exige laborioso trabalho para o triunfo e sucesso do
objetivo previsto.
Saber administrar a vida é uma bela virtude, evitando excessos de toda
espécie, hábitos e vícios perniciosos e, tanto quanto possível, a prática de atos
que põem em evidência e risco a segurança física.
As enfermidades da alma, que se fixam na mente da maioria dos homens,
devem ser dizimadas para o bem-estar dos pacientes.
O ser humano deve ter por meta cumprir a tarefa pré-estabelecida no carma
reencarnatório, eliminar suas imperfeições, intensificar a aquisição e prática
das virtudes indispensáveis à evolução espiritual.
A experiência provinda do bom comportamento resulta em felicidade do
homem; todavia, se comete deslizes que ferem as leis, sofrerá as
consequências com dores e desajustes morais; não adiantam rogativas e
acusações, uma vez que se acha aureolado por energias poluentes que
impedem a assimilação de forças restauradoras. Somente com esforço e
sincero arrependimento, com firme propósito de regeneração o homem vai
dissipando as más energias e absorvendo as boas, consequentemente, obtendo
alívio dos sofrimentos.
33
Inércia Espiritual
A inércia é de ordem espiritual. É um dos males da humanidade que inibe o
progresso da alma e obsta a prosperidade econômica social. Ela constitui uma
das enfermidades da alma. O homem enfermo é influenciado pelos espíritos
semelhantes, que o impedem de alçar a elevação moral e espiritual.
Para ilustrar, contam-nos que em uma cidade do interior residem os senhores
João Palha e Juca Bezerra, ambos pequenos proprietários de terras para
agricultura. Palha, homem inculto, semianalfabeto, humilde, trabalhador nas
horas vagas, de parcos recursos, não é ambicioso. Seus bens são dois alqueires
de terra, um casebre, dois bois, uma carroça, alguns galináceos, um cão etc.
Vive com a mulher e dois filhos.
O ócio o obriga a ser refratário. Sob o impacto da indolência, só quer dormir. É
enfermo da alma.
A casa é de pau a pique com três cômodos, coberta de sapê.
A mulher Maria, sua esposa, é extrovertida, não lhe dá sossego, pois não o
deixa descansar dos pequenos afazeres. Diz Palha à Maria: – Me deixa dormir,
já trabalhei muito. Fiz essa casa, cerquei as terras, plantei os arvoredos, criei os
bois e o Guto, o cão de guarda, fechei o galinheiro. Não chega?
– Você, Palha, é muito preguiçoso. Se soubesse da sua índole, não teria casado.
Você me tapeou. Vá colher o arroz para o almoço, as crianças estão com fome
e querem leite.
Diz Palha:
– Vou comprar uma cabrita!
Sua mulher interpretou de forma errada e deu a bronca:
– Cabrita não entra na minha casa, sua mulher sou eu!! A cabra é para dar leite
para os meninos, assim pode. Como não tem nada para o almoço, vou pegar o
seu galo de estimação.
– Nada disso! O meu galo você não pega, é bravo e valente.
– Para que serve a sua espingarda de cano furado?
– Para caçar e não matar o meu galo!
– Levanta, homem, vá trazer o arroz e pilar, socar o arroz não é trabalho de
mulher. Tenho que fazer o almoço das crianças, você nem liga.
Diz Palha:
– Não tenho pressa, deixa o barco correr, você sabe se virar!
Assim viviam Palha e a família. Palha não progredia, não tinha o mínimo
interesse em melhorar de vida; o pouco que fazia era impulsionado por Maria.
Quando sobravam alguns cereais, ovos, frango etc. o comprador era o Bezerra.
O Bezerra tinha as suas terras plantadas de cereais. Homem trabalhador, culto,
esperto, ludibriava Palha.
A necessidade de comprar sal, querosene, rapadura bateu hoje à porta de Palha.
E recurso foi vender um quarto de arroz e dois frangos para o Bezerra, que lhe
pagou oito reais em moeda.
Palha trouxe o dinheiro à mulher, que admirada alegou que um frango valia
este dinheiro: – Não dá para comprar o que precisamos.
Palha aconselhou a mulher a pagar o que deve e a comprar fiado o que precisa.
Maria ficou nervosa porque o dono da venda, o Mané, não esperava mais: –
Precisamos pagar as dívidas, o homem está furioso, quer os dois bois, falou
nos animais.
Palha ficou esperto.
– Vender os bois nunca! Vendo-lhe dois litros de terra e quito a dívida.
Palha é humilde, calmo e de bom coração. Alega que a vida é curta: – Tenho
que voltar, pois a necessidade me obrigará.
O trabalho é digno seja qual for, enobrece o homem, enriquece a alma e
permite a aquisição das virtudes indispensáveis à vida espiritual.
Manter pensamentos higienizados e sentimentos nobres na prática da caridade
é a rota indicada para alcançar o bem-estar e a felicidade.
34
Inimigos Íntimos
O bom comportamento do ser humano é resultado do progresso alcançado
que o induz à felicidade. Na vida cotidiana há incursões energéticas que
beneficiam ou prejudicam o homem, no que concerne à forma de pensar e
sentir.
Para que o cidadão se abasteça de energias boas, é indispensável manter-se
em sintonia com as forças nobres, através de pensamentos higienizados e
sentimentos apoiados nas virtudes morais para aquisição do bem-estar.
Eliminar os inimigos íntimos é tarefa nobre de todo indivíduo que almeja ser
feliz. Pelas enfermidades da alma, “orgulho, egoísmo e vaidade”, que são os
inimigos íntimos, as pessoas se dedicam à aquisição de bens materiais além
do necessário, culminando em desajustes emocionais que inibem o progresso
espiritual do ser.
O cidadão devia esmerar-se na aquisição de conhecimentos espirituais e
morais, e praticá-los, patrimônio que jamais se perde e que integra a
consciência do homem.
Na estrada da vida, o cidadão enfermo da alma dificilmente reconhece esta
lacuna. Submisso a cursar a escola da vida, através dos sofrimentos físicos e
morais, adquire as virtudes indispensáveis ao aprimoramento íntimo.
Sendo Deus todo Justiça e Amor, extrai do sofrimento o medicamento para a
cura da dor da criatura infratora das leis.
35
Intimidade do Lar
No roteiro da vida, o homem que se entrega aos prazeres e satisfações
materiais sem medir as consequências de seus atos, com a consciência
comprometida, sem nada ter feito a favor do próximo, sujeitar-se-á à correção
na escola da vida.
Não se condenam os prazeres na vida física e sim a forma pela qual são
apoiados nas paixões enfermiças, alimentados pelo orgulho, egoísmo e
vaidade, enfermidades da alma.
Deus, que está presente em todos os fatos, não interfere deixando que o
homem se oriente por conta própria a fim de alçar o seu mérito.
Assim vivem os homens ávidos pela felicidade, sem que haja merecimento
por causa da imperfeição moral. A felicidade se conquista pela prática
espontânea da lei de justiça, amor e caridade, na assimilação das virtudes
morais.
Conta-nos a lenda da existência de duas pessoas amigas, tidas na sociedade
como exemplares. Como nem sempre as aparências retratam o que vai no
coração, estes homens tinham comportamentos instáveis.
Na sociedade, não deixavam transparecer a imperfeição moral; porém, no lar
eram maus, pois exigiam o impossível da família, sem nada contribuírem.
Porém, Jota, com sentimento mais afeiçoado à moral, era mais bem
compreendido pela família.
Eram amigos, porém pelas atitudes heterogêneas, houve ruptura da amizade e
cada qual seguiu o seu destino, por eles mesmos criados.
A imperfeição de Paulo atraia para junto de si influência de espíritos
imperfeitos, ligados por seus pensamentos. Por negligência e ócio espiritual,
Paulo, que não dava crédito à energia espiritual, tornou-se enfermo com dores
localizadas, cuja cura estava em suas mãos. Visitado pelas dores dilacerantes
foi ao médico novamente, e nada encontrou, receitando-lhe simples
analgésico, sem resultado positivo.
Os sofrimentos de Paulo foram se acentuando, obrigando-o a procurar um
curandeiro, não obstante não ter fé; achava que com a morte tudo acabaria.
O curandeiro, médium vidente, observou a existência de uma energia
(espírito) a cavaleiro nas costas de Paulo a esporá-lo as nádegas e fêmur. O
vidente orou para o espírito, pedindo o socorro a Jesus, sem resultado
imediato.
Em conversa com o espírito intruso, aconselhou-o a deixar o enfermo, o que
foi negado, pois se achava preso por Paulo pelas suas imperfeições e
pensamentos análogos.
Da palestra, o médium nada revelou ao enfermo, aconselhando-o a mudar a
maneira de pensar e comportar-se conforme os preceitos evangélicos, pois a
sua cura, em longo prazo, estaria em suas mãos.
Jota, a despeito de suas imperfeições, é mais humilde, acessível às críticas de
seu comportamento, motivo pelo qual monitorava os seus pensamentos com
determinação.
Potencializando na leitura das obras da doutrina espírita, assimilou bem os
conhecimentos doutrinários, tornando-se uma pessoa virtuosa. Assim que Jota
regenerou, caridoso, decidiu auxiliar o amigo orando em favor do algoz que o
atormentava.
Jota aconselhou Paulo a mudar os pensamentos, burilar o comportamento,
fazer leituras edificantes para se esclarecer e recuperar a saúde. Jota passou a
monitorar os atos do amigo, que, nas trevas da ignorância, é vítima de si
próprio pela sua imperfeição moral.
36
Lutar é Viver
Quem não experimenta as lutas da vida não desfruta do sabor da experiência.
Não importa a posição que ocupa, todo indivíduo está submisso à experiência
reencarnatória e dela deve usufruir para o seu crescimento. O trabalho, seja
qual for, é uma dádiva Divina, e contribui nessa experiência, pois concorre
para o aprimoramento íntimo do homem.
Em épocas que se foram, conta-se a existência de uma família bem-
estruturada, de bons recursos financeiros, de cuja união nasceu um filho
primogênito, o qual era o “bibelô” da casa.
Era tratado com todo carinho, tinha tudo o que desejava sem dificuldade.
Assim, cresceu o jovem, tornou-se adulto sem experiência com trabalho, uma
vez que a educação que tivera não recomendava esforço algum, nem trabalho
edificante.
Sem labor, a ociosidade imperava na alma e, com a morte do pai, tornou-se
angustiado e depressivo, com a mente vazia. Os pensamentos negativos
afloraram e os espíritos maléficos passaram a assediá-lo, tornando a sua vida
mais difícil.
Com a saúde moral abalada, passou a frequentar uma casa de orações. Com a
mente recuperada e o despertar da consciência, caiu em si, dispersando os
inimigos.
Com saudade do pai, invocou a sua presença. O pai dizia a ele estar sofrendo
por não tê-lo educado de acordo com as normas e pedia-lhe perdão,
recomendando trabalho e experiência da vida.
A mãe, velha e enferma, veio a óbito, deixando Paulo a sós, sem trabalho e
experiência de vida. Sozinho e sem orientação, os pensamentos negativos
voltaram-lhe à baila, com a assistência dos espíritos maléficos.
Com a herança dos pais e ante a solidão, enveredou-se a casas de jogos,
bebidas e noitadas desgastantes, com supostos amigos, até esbanjar todo o
patrimônio, restando-lhe o orgulho, a vaidade e a pobreza. Os amigos sumiram,
queriam-lhe o dinheiro.
Sem experiência de vida e nada saber fazer, o recurso foi abolir o orgulho e
partir para mendicância, o que não foi fácil. Negavam-lhe tudo, em
contrapartida, ofereciam-lhe trabalho, que aceitava de bom grado.
Perambulando pelas ruas, chegou a uma casa de oração espírita, na qual
recebeu acolhida em troca de trabalho para aquisição de aprendizado e das
virtudes morais. A partir de então, iniciou o seu aprimoramento espiritual a que
está submisso pela lei de causa e efeito.
37
Não Julgues
Prejulgar as pessoas é um ato que demonstra a imperfeição humana, uma vez
que todos têm faltas a corrigir.
Disse Jesus aos algozes de Madalena: – Atire a primeira pedra aquele que
estiver sem pecado.
Continuou a escrever na areia e, ao levantar, não viu os desafetos e perguntou à
mulher: – Onde estão os que te acusaram?
– Saíram, Senhor, um a um.
– Não te acusaram e eu também não te acuso. Vai e não peques mais!
As pessoas veem uma trave nos olhos do vizinho e negligenciam vê-las nos
seus olhos, que devem estar cegos de imperfeições a corrigir.
O homem deve reconhecer as suas imperfeições, observando o de que gosta,
aprecia e o que o atrai. A partir dessa premissa, todo homem deve se comportar
de acordo com a moral inspirada nos ensinos de Jesus Cristo.
Jesus condiciona o bem-estar e a felicidade à aceitação e prática dos seus
ensinamentos, que é a vontade de Deus, que deseja o bem-estar para todos os
seus filhos.
38
Nossa Moradia
Ao suprir as necessidades espirituais, o homem deve observar os sábios
ensinos que a doutrina espírita exalta, a fim de assimilá-los e praticá-los.
A lógica é ter bom caráter; a consciência não logra recursos para a evolução
moral do homem sem o aprimoramento íntimo.
Há homens que se dizem detentores da verdade; todavia, o seu comportamento
não condiz com o que falam.
Relatar conhecimentos com presunção, exuberância e vaidade, uma vez que
faltam a humildade e a caridade para com o próximo, demonstra orgulho
pessoal, pois o que deveria importar seria a prática da caridade espontânea e
amor ao semelhante.
Doar de si com desprendimento em favor do dever caritativo é demonstração
de alma elevada.
Pelas condições físicas da terra, “nossa moradia”, as pessoas encontram
dificuldades em seguir uma trajetória condizente com a sua evolução moral; as
pessoas devem analisar com esmero a rota que devem seguir.
Um conjunto de informações aflora à mente do homem, indicando rotas
diversas. Compete-lhe seguir o caminho que a sua consciência indica com base
na sua evolução moral, ciente de que o destino é por ele mesmo criado.
É importante reconhecer que Deus não premia como não castiga seus filhos,
deixando-os à vontade para progredirem e se elevarem por conta própria,
através dos desafios a superar para aquisição da experiência.
39
O Cumprimento do Dever
As virtudes adquiridas, quando bem empregadas, enobrecem a alma nos seus recônditos,
estimulando mais a doação de si mesmo em favor dos semelhantes.
No desenrolar da vida, o homem encontra muitos obstáculos à realização do bem, que é
um desafio a vencer.
Para vencer os desafios, o homem necessita da perseverança e da boa vontade lastreada em
pensamentos positivos, pois é o responsável pelo triunfo do projeto.
Assim que atendeu aos preceitos dos objetivos, cumpre ao ser humano agradecer a Deus e
a Jesus pelo bem alcançado sem ilusão de recompensa, pois ela virá espontaneamente.
Fazer o bem sem ostentação é a mais elogiável das virtudes, além de ser um dever
recomendado por Jesus Cristo.
Há os indiferentes ao cumprimento do dever, escravos que são das enfermidades da alma
(orgulho, egoísmo e vaidade) que interceptam o aprimoramento íntimo do ser.
Submissos à Lei de Causa e Efeito são obrigados a cursar a escola da vida, na qual
devem adquirir as virtudes da paciência, humildade, amor, resignação e indulgência, por
meio do sofrimento.
40
O Espaço
Ninguém ignora a existência infinita do universo onde permeia uma infinidade
de planetas ou mundos que possivelmente são habitados, talvez por outras
formas de vida.
Nesses planetas, de diferentes níveis evolutivos, vivem os irmãos em fase de
progresso espiritual na apuração dos sentimentos, que devem ser voltados a
Deus e aos seus respectivos mentores.
Em cada orbe há um mentor, uma vez que a criação é infinita e as leis naturais
regem todo universo de conformidade com a evolução do planeta em que
situam.
Ante essa assertiva, compete ao espírito trabalhar permanentemente no seu
aprimoramento e aprendizado.
Cooperar com a natureza é dever intrínseco de todo indivíduo para que as leis
sejam cumpridas, a fim de alcançar o aprimoramento da humanidade terrena,
atendendo assim aos desejos de Jesus Cristo.
Para evitar dissabores, dores e sofrimentos, deve o cidadão conhecer-se a si
mesmo para eliminar as suas imperfeições morais situadas em sua consciência.
Com essas providências, haverá paz e felicidade no planeta e a espiritualidade
corresponderá.
41
O Fantasma
Aquele que não quiser eximir-se das imperfeições da alma com o estudo e
prática dos ensinos de Jesus está indiciado a cursar a escola da vida. Nela
aprende a ter humildade, paciência, tolerância, resignação com fé e esperança
na solução dos problemas que o envolvem, sem os quais não há felicidade
nesta vida e na extrafísica.
Em virtude de dúvida e insegurança, o recurso é valer-se de quem tem poder de
dirimir o problema.
Assim aconteceu com uma família residente no sítio, no qual cultivava
plantações diversas e nas horas vagas dedicava-se à criação de aves em um
galinheiro, criando aves em extinção que mereciam cuidado especial.
Dessas aves originavam-se filhotes, “pintainhos”, para perpetuar a espécie; dos
filhotes, muitos sumiam misteriosamente sem deixar vestígios. A fim de
descobrir o raptor, pai e filho puseram-se de plantão noturno, armados.
Não foi difícil localizar o expoliador, que se vestia de preto, simulando espírito
materializado que, ameaçado pelo atirador, evaporou.
Incontinente, ele surgiu em forma de sombra frente ao atirador, que sem ação
pôs-se em disparada, seguido pelo fantasma por mais ou menos dez minutos.
Há espíritos que se tornam visíveis, “materializam-se” mais facilmente à noite,
utilizando energia ectoplasmática dos adormecidos.
Após alguns dias, de madrugada, toca o telefone, e ao atender-se está mudo.
Em seguida, ladra o cão e uiva. Estranho, pois o sítio não tinha cachorro.
Concluiu-se tratar do fantasma.
É sabido que pelo fenômeno da licantropia é possível a transformação
fisionômica e estrutural do perispírito em seus elementos plásticos de acordo
com os desequilíbrios mentais do espírito.
Cansado de enfrentar o fantasma, o sitiante convidou o curandeiro, porém sem
sucesso. Quando tudo parecia estar tranquilo, após vários meses surge o
fantasma em forma de sombra. Entrou na casa e refugiou-se atrás da porta,
que, ao ser fechada, não permitia que ele fosse visto, pois estava acomodado
no sofá.
Quando todos dormiam, o fantasma batia na porta do quarto. Como não foi
atendido, forçou a entrada, obtendo sucesso. Estava cansado, desejava dormir
junto. “É sabido que a matéria não oferece obstáculo à transposição do espírito,
com relativo grau de conhecimento” (Livro dos Espíritos).
No desejo de livrar-se do intruso fantasma, o sitiante convocou outro
curandeiro espírita, acompanhado de quatro médiuns. Na reunião o espírito
manifestou o interesse de cobrar o valor da propriedade que lhe pertencia por
direito, motivo pelo qual não a deixava. Só com muito esclarecimento e
orientação, o espírito caiu em si da sonoterapia que o envolvia e foi conduzido
pelos mentores à clínica espiritual para tratamento na erraticidade.
As pessoas devem se esclarecer moral e intelectualmente, eliminando as
imperfeições da alma, para que, ao partirem para outra vida, não fiquem
escravos dos bens materiais que impedem o progresso e causam sofrimento.
42
O Jugo é Leve e o Fardo é Suave
Jesus convida os homens ao cumprimento do dever, a fim de edificar na mente
e no coração a aceitação dos seus ensinos e praticá-los. Jesus Cristo convida ao
despertamento consciencial pelos ensinos gratificantes que dá.
O chamamento é um convite à prática da caridade, segundo a qual o homem
não será feliz se negligenciar a sua prática, voltada ao amor a Deus e ao
próximo, bem como a si mesmo.
“Vinde a mim todos que estais enfermos e fatigados que os aliviareis, tomai
sobre si o meu jugo e achareis repouso para suas almas, aprendeis comigo que
sou brando e humilde de coração e tomais sobre si o meu jugo que é leve e
suave o meu fardo” (Evangelho Segundo o Espiritismo).
O chamamento de Jesus está condicionado à aceitação e à prática dos seus
ensinos. O mestre é o maior líder que veio à Terra, foi confundido e
massacrado pelos políticos da sua época.
É nosso mestre e protetor a guiar-nos na estrada da vida terrena e na vida
extrafísica.
43
O Pedágio
O fenômeno da reencarnação é tão antigo quanto a existência humana, pois é
através dele que o ser, o homem, alcança o seu progresso espiritual.
A reencarnação e a morte do corpo físico são instrumentos que Deus utiliza
para evolução dos seres criados por Ele.
Quando o espírito reencarna, traz como carma uma espécie de programação a
ser cumprida.
A programação é “esquecida” e os compromissos são cumpridos sem que o
homem tenha consciência. Isso contribui para o uso do livre-arbítrio,
permitindo a escolha da sua rota de vida. O instinto, as tendências e a vocação
são recordações inconscientes do passado que contribuem para o uso da
liberdade de ação, que caracteriza o livre-arbítrio.
O destino é a escolha espontânea de que o ser se serve para curtir a vida física.
Para a escolha do destino prevalecem os progressos moral e espiritual, os quais
interferem na boa ou má escolha da rota de vida, permitindo o bem- estar e
felicidade ou desdita e sofrimento.
Existe uma ligação acentuada entre o destino e a programação do carma. Para
ilustrar o texto, conta-nos a história que em determinada cidade reside
uma senhora de nome Maria, rica, viúva, com acentuada imperfeição da
alma.
A pobreza na cidade era grande, motivo pelo qual havia muitos pedintes.
Sempre que lhe batiam à porta, além de negar auxílio aos pedintes, eram
molestados com expressões descorteses, mandando-os trabalhar, chamando-os
de vagabundos, às vezes até com violência.
Como não há efeito sem causa, Maria passou por experiência igual à que ela
praticou.
Certo dia, Maria teve de levar seu filho enfermo ao médico na cidade vizinha,
em cujo trajeto tinha de pagar um pedágio.
Maria, por descuido, deixou em casa a bolsa com documentos e dinheiro. Ao
chegar ao posto, queria o privilégio de passar sem pagar pedágio, o que foi
negado pelo guarda apesar da súplica.
Ante às dificuldades, Maria foi aconselhada pelo guarda a colocar a criança no
colo e pedir aos motoristas um auxílio. Ela se recusou, dizendo que nunca faria
isto, pois era rica e poderosa. Mas, sem saída, resolveu aceitar o conselho do
policial. Pediu ao primeiro motorista e foi atendida. O segundo negou a dar-lhe
uma moeda. O terceiro, além de negar, convidou-a a trabalhar. O quarto disse:
– A senhora dá uma boa lavadeira. Foi o quinto que completou
o pedágio, após muita humilhação.
No retorno, foi abordada pelo policial se ela, Maria, estava bem e satisfeita.
Maria, com semblante austero, diz: – Obrigada.
Após vários meses, surgiu-lhe na mão direita um inchaço seguido de dor
dilacerante. Maria consultou o médico e, depois de vários exames, nada
encontrou que justificasse aquela situação.
– Mas Doutor, a minha mão dói muito, não tenho tranquilidade! O que me
aconselha?
– Procure um curandeiro! Pode ser doença da alma.
Assim que Vitor chegou à cidade para tratamento gratuito dos pobres
enfermos, Maria foi avisada. Queria prioridade no atendimento, o que foi
negado por Vitor, que a convidou a participar da fila dos enfermos. Após muito
reclamar, sem alternativa entrou na fila.
– Enfim, chegou a minha vez!
Vitor, que era médium vidente e de efeitos físicos, após exame da mão de
Maria nada encontrou. Disse:
– Estou vendo um espírito próximo a você, tocando em sua mão.
– O que o senhor está dizendo é balela, não acredito em espíritos.
Vitor, com a calma de sempre, diz a Maria que se tratava de vingança de uma
pessoa que ela havia maltratado.
– Ela está ouvindo a nossa conversa e diz que somente a deixa após a senhora
combater as imperfeições da alma: “orgulho, egoísmo e vaidade” e tornar-se
humilde e caridosa.
– Que horror, ele é atrevido me dando este recado!
– Diz o espírito que horror é o seu sentimento de maldade, de orgulho e de
vaidade.
– Senhora, o seu medicamento foi prescrito, basta aceitá-lo e será feliz e terá o
pedágio para a vida espiritual.
44
O Perdão
Perdoar é uma demonstração de humildade, que todas as pessoas devem ter
para livrarem-se das injunções que permeiam os homens encarnados.
Saber perdoar é uma ação que nem todos aprenderam, em virtude das
enfermidades da alma: “o orgulho, o egoísmo e a vaidade”.
Como recomendou Jesus, o perdão não tem limites, é incondicional. Se
negado, se transforma em angústia e rancor, enfermidades que levam o infrator
das leis divinas a sofrimento agudo e considerável.
Só a dor psicossomática constitui o medicamento indicado para tais
distúrbios. O perdão é a demonstração eloquente da superioridade moral ante o
desafeto, o que todo ser humano, cônscio de suas responsabilidades, deve
praticar.
O homem inteligente e moralista conhece a lei dos fluidos, energias
magnéticas que se repelem, motivo pelo qual não há total confiança entre os
desafetos. Todavia, perdoar é esquecer as faltas dos ofensores, desejando-lhes
todo o bem, é ser tolerante com o próximo, orar para ele, rogando a Deus a sua
proteção.
Perdoar constitui proteção para si mesmo, é revestir-se de uma aura protetora
que inibe os desajustes dos semelhantes.
45
Elucidação dos Fatos
O viajor que ora opera na face da terra nem sempre encontra facilidade para
sua realização.
Para êxito da empreitada mister se faz que o homem muna-se dos princípios
elucidativos da ética cristã, inseridos nos ensinos de Jesus Cristo.
Instruir-se dos ensinamentos morais é de suma importância para a elucidação
dos fatos que se dão no correr da vida, os quais estão adidos aos
compromissos espirituais.
Os fatos tornam-se menos agressivos para aquele que se inteirou das virtudes
morais e as praticou. Educar consiste em munir-se dos ensinos de Jesus Cristo
inseridos na doutrina espírita.
É de suma importância a todo ser humano interiorizar os ensinos do mestre
Jesus. Todavia, tornam-se inócuos se não forem praticados, uma vez que na
prestação de contas “muito será exigido de quem muito recebeu”. O ignorante
desses conhecimentos não pode furtar-se em adquiri-los, uma vez que a
felicidade depende do aprimoramento íntimo.
Todo cidadão luta por seu direito; todavia, vários, imbuídos do egoísmo,
negligenciam a obrigação, partindo do preceito de que o direito do cidadão vai
até o começo do direito do semelhante.
É dever do cidadão cumprir a lei de amor e caridade, desejando ao próximo o
que quer para si próprio, praticando o bem apoiado nas virtudes inseridas no
Evangelho Espírita.
Aquele que não aderir à prática da caridade, não levando em conta o conceito
religioso, se sujeita a passar pela escola da vida para aquisição das virtudes
morais e o cumprimento das leis divinas e sociais.
46
Afinidade de pensamentos
Os fatos nem sempre são aleatórios. Há aqueles lastreados no pensamento do
homem que os cria. Os pensamentos, como força energética, se bem
direcionados, em harmonia com a lei de amor, constroem o bem-estar e a
felicidade. Porém, quando irradiados sem vigilância e contrários às leis que
regem a vida, desestabilizam os tonos orgânicos propiciando o surgimento de
enfermidades neuropsíquicas.
Partindo dessa premissa é dever de toda pessoa, encarnada ou não, manter
pensamentos e sentimentos condizentes com a moral cristã, a fim de superar
os desafios na caminhada da vida, livrando-se do assédio de espíritos
imperfeitos.
Os fatos ocorrem também na vida extrafísica, na qual existem multidões de
espíritos que formam grupos homogêneos com base na sua evolução moral,
onde estudam e trabalham para aquisição de bônus-horas.
A amizade entre os espíritos é fruto da afinidade de pensamentos, sentimentos
e hábitos. Assim, dois espíritos amigos palestravam o que fazer para vencer os
desafios que surgem na estrada da vida quando reencarnarem. Os laços de
amizade eram fortes e saudáveis. Reencarnaram sob o carinho dos pais, que
tinham compromisso com os rebentos.
As crianças foram educadas convenientemente, cursaram a faculdade e
tornaram-se doutores em Medicina. Certo dia, foram a um passeio a convite de
um colega. Entre os participantes encontrava-se uma bela e graciosa jovem,
que lhes foi apresentada.
Qual não foi a surpresa de Paulo e André pelo amor instantâneo, cuja paixão
temporária despertava-lhes emoções. Carina não lhes dava a menor esperança,
não retribuía os gracejos. Não sorria, manteve-se circunspecta.
Apesar de serem irmãos, guardavam segredo desse sentimento. Não
comentavam, e o assunto só foi ventilado por um desentendimento que feriu a
sensibilidade de ambos. Quando tomaram conhecimento do sentimento que
nutriam pela mesma jovem, ficaram inicialmente, incomodados. No entanto,
superaram esse estado de alma e não deram valor ao caso, pois se tratava de
jovens cultos e espiritualizados.
Assim devemos agir frente às nossas divergências. Sempre deve prevalecer o
bom senso e a lógica.
47
Os Trigêmeos
As amizades por assimilação são verdadeiros laços de amor para o crescimento
espiritual quando imperam na alma o progresso moral e intelectual,
indispensáveis à convivência coletiva do espírito na erraticidade.
Pela assimilação de pensamentos, sentimentos e hábitos, as amizades formam
verdadeiros grupos homogêneos que desfrutam de bem-estar e felicidade,
apoiados no grau de evolução moral dos participantes. Não obstante têm de
participar de estudos e trabalhos para aquisição de bônus-horas, que o espírito
não perde com a reencarnação.
Planejam a volta à vida material. Preocupados com o sucesso do retorno, três
jovens espíritos planejam criar cursos profissionalizantes para os pobres.
Reencarnaram trigêmeos, em família bem estruturada, com bons recursos
financeiros. Nasceram crianças fortes e sadias, criadas com todo carinho; desde
cedo demonstraram tendência para as artes dramáticas e despertaram a atenção
dos genitores.
As crianças receberam os nomes de Ismael, Oscar e Raul, nomes
predestinados. Quando adultos, criaram a Escola Técnica Profissional para
crianças sem recursos financeiros. Do regulamento constavam os cursos de
Português, Oratória, Artes Dramáticas, Maquiagem e Cabeleireiro. As aulas
vespertinas eram destinadas para crianças de 5 a 9 anos e as do noturno para os
de 9 a 12 anos. Os cursos eram de dois anos, para ambos os sexos. Após o
estabelecimento da programação, houve a seleção dos alunos.
Decorridos dois anos foram diplomados os que iniciaram o curso e estes
realizaram apresentações na Escola Nacional de Teatro, o que muito contribuiu
para o sucesso do colégio.
Ismael, o mais circunspecto, era o responsável pelo sucesso das apresentações.
Os seus irmãos eram jovens alegres, extrovertidos, que cooperavam com
Ismael.
Certo dia, Ismael encontrou Oscar sentado num tamborete, triste e pensativo
quanto ao futuro do grupo. Ismael, enérgico, porém amoroso, disse a Oscar: –
Levanta e manda a tristeza passear, e vamos trabalhar, pois a vida é curta e
passageira. O nosso futuro está prescrito nos comportamentos de cada pessoa.
A vida que temos é o reflexo do passado, como o futuro está vinculado ao
presente; portanto, fique alegre e de bem com a vida e será feliz.
Oscar respondeu:
– Ismael, estou preocupado, pois a minha namorada, a Negrinha, não me dá
mais confiança. Suponho que ela esteja de olho no Raul.
– Deixe de história, Oscar. Há tantas beldades por aí.
– Ora, Ismael, é da Pretinha que eu gosto e por quem estou apaixonado.
– A paixão é um amor lacônico e sem futuro – diz Ismael.
Do outro lado está Raul, ouvindo toda a conversa, apaixonado pela natureza,
tem um temperamento contemplativo.
Ismael interrogou Raul sobre como ele se sentia.
– Estou bem, porém vivo na pindaíba!
– Em cima da árvore?
– Não, em um banco duro e sem dinheiro para o café, pois você não me paga o
salário, que Deus dá a todos trabalhadores de boa vontade.
– Deus, que está presente em toda criação, jamais negou assistência ao filho,
servindo-se uns pelos outros, submissos que estão à lei de justiça, amor e
caridade, sem a qual não há salvação.
Apesar das dificuldades transitórias da vida dos jovens, continuaram
persistentes com a escola e novas turmas se sucederam, até se tornarem idosos.
Assim, os trigêmeos cumpriram a tarefa de educar as crianças, preparando o
futuro pertinente a todo ser humano, o retorno à espiritualidade, para o qual
temos de preparar o cabedal moral e real conhecimento da vida espiritual
visando ao despertar da consciência em tempo hábil.
48
Paixão Ingrata
Todo ato e comportamento do ser humano estão na dependência exclusiva da
vontade da alma que os dirige, por meio dos quais a alma se manifesta.
Conhecer-se a si mesmo é indispensável para análise das imperfeições e para
corrigi-las.
Todo homem tem um ponto fraco sob o qual cultua sua trajetória terrena.
Entretanto, por tratar-se de enfermidade espiritual, é conveniente ajustá-lo ao
despertar da consciência para eliminação desse distúrbio.
Nos momentos críticos da vida, o indivíduo apela a Deus, a Jesus Cristo e, ao
sentir sua proteção, muitas vezes, esquiva-se da responsabilidade de que ele é
o único responsável por esta anomalia.
Assim, vivem dois jovens, ambos apaixonados pela vida, sem uma segurança e
um ideal sólido, pois lhes falta o principal – a fé e a esperança –, qualidades
indispensáveis para aquisição das virtudes morais que conduzem a Deus e a
Jesus Cristo.
A propósito, dois personagens se afinizam pelo sentimento homogêneo em
relação à vida que levam. Pedro e Anderson são jovens que, em plena
mocidade, não obstante bem criados, extraviaram-se pelo caminho do
infortúnio da trajetória terrena, vítimas da inexperiência e más companhias.
Pelos tortuosos caminhos, ambos sofreram as consequências, os sofrimentos
morais que os atordoavam.
Pedro dizia a Anderson:
– Você é o responsável pelo nosso desvario. Você é extrovertido. Ela
simpatizou com você e o induziu a paixões enfermiças.
– Ora Pedro, você que é santinho, entrou numa fria sem saída e tem de criar
seu filho pelo resto da vida. Este é o resultado da paixão relâmpago, à primeira
vista.
Alega Pedro: – Estou arrependido e sem alternativa, espero que você me dê
uma sugestão plausível, pois estou preocupado com meu futuro.
– Você Pedro, não pode fugir à responsabilidade moral e cívica, uma vez que
estava consciente de seus atos; há momentos em que perco a consciência por
paixão transitória; não seja inconsequente Pedro, você tem que lutar de cabeça
erguida para remover as pedras que colocou no caminho e adquirir as virtudes
condizentes à sua felicidade. Quem sabe, Pedro, o espírito reencarnante é seu
amigo ou um familiar com o qual você tem compromisso.
– Anderson, você está me comprometendo com essas afirmações; meu pai que
é exigente, se souber que vai ter um neto, não sei o que será de mim... Já sei,
você vai criar o meu filho.
– O quê? Criar filho alheio, nunca. Vou ter os meus nascidos de um amor
verdadeiro!
Assim, vivem sem um ideal cristão, e, alienados, fogem aos deveres perante os
compromissos que eles próprios assumem. Falta-lhes o despertar da
consciência, para que possam superar as imperfeições da alma, adquirindo
virtudes morais capazes de conduzi-los a Deus e a Jesus Cristo.
49
Ponto Fraco
Na longa estrada da vida, o homem encontra muitos desafios a vencer; esses
obstáculos são as pedras no caminho, muitas delas lançadas pelo próprio
viajor, em virtude das suas imperfeições morais coadjuvadas pela invigilância
mental.
Compete ao homem preparar sua alma enquanto está a caminho, diz Jesus
Cristo, eliminando as imperfeições da alma. Deve assimilar as virtudes do
bem, da humildade, da paciência, da resignação, da indulgência, do amor
universal para consigo e para com o próximo, na prática da caridade.
A recomendação de Jesus é importante, pois a morte pode chegar a qualquer
momento, sem avisar.
A falta de preparo espiritual induz o homem à prática de atos nocivos, que lhe
impõem sofrimento. Não adianta lamuriar, pois ele é o único responsável pela
dor por que passa. A verdade poucos apreciam, pois ela fere o ponto fraco
predominante das pessoas orgulhosas.
O dever cumprido consiste na aceitação e prática dos ensinos de Jesus Cristo,
no aprimoramento que permite o ingresso tranquilo nas esferas da vida
extrafísica.
50
Postergar as Leis
A fim de evitar dissabores é importante não negligenciar o cumprimento das
leis que regem a vida, a que estão submissos todos os cidadãos.
A fé, articulada às emoções, e o sistema nervoso, quando apoiado nos
pensamentos sadios e sentimentos construtivos, produzem os efeitos desejados.
O pensamento é energia abstrata, é vida. Quando bem direcionado, justaposto
ao sentimento enobrecido, plasmado e concentrado no objetivo desejado,
permite ao homem atingir os seus efeitos na cura de enfermidades e dores
orgânicas. Os fatores merecimento e atuação espiritual prevalecem.
A prática da caridade é um dever moral de solidariedade para com o próximo a
ser feita pela sociedade. Quando ostensiva, estimula o orgulho e a vaidade dos
autores. É mais valorizada quando espontânea, não ostensiva, pois é praticada
com amor e sentimentos elevados.
O ser humano não deve postergar o cumprimento das leis divinas e naturais a
que está submisso, a fim de evitar o desajuste psicossomático e consequentes
sofrimentos.
Jesus Cristo recomenda “amar e instruir”. São ensinamentos que devem ser
desenvolvidos paralelamente, sem os quais o ser humano não será feliz.
51
Redenção da Alma
Na dinâmica da vida, o homem se desvia com facilidade da estrada que o
conduz à redenção, desvirtuando o comportamento em ínvios caminhos,
comprometendo a sua alma.
O indivíduo, que usa mal o livre-arbítrio, está fadado ao distúrbio orgânico
com enfermidades diversas. Deve considerar, também, o surgimento da
desordem mental pelas dores orgânicas, com reflexo em sofrimentos morais
que atingem a alma. Nem só de pão vive o homem, mas também da palavra de
Jesus Cristo, que recomenda o amor a Deus e ao próximo como a si mesmo.
Não se pode cultivar o amor a Deus sem o amor ao semelhante, na prática da
caridade, sem a qual não há salvação. É dever de todo homem bem-
intencionado cumprir com veemência essas prédicas para a conquista do
bem-estar e a felicidade.
Jesus recomendou “amai e instruí-vos”, todavia, pela imperfeição humana, o
homem opta pelo progresso intelectual em detrimento do moral, único capaz
de trazer-lhe paz, bem-estar e felicidade.
52
Reencarnação Comprometida
Determinado homem de nome Jorge, orgulhoso e egoísta, detentor de um vasto
patrimônio e que se julgava feliz e realizado, negligenciou as oportunidades de
praticar o bem, alegando que, se Deus lhe dava riqueza, era para uso próprio e
familiar.
Quando alguém lhe implorava uma esmola, simplesmente negava e maltratava
o pedinte, com palavras histéricas.
Era incurso em vários crimes morais, em virtude das enfermidades da alma.
Mal sabia ele que um dia teria de prestar conta no tribunal da consciência.
Dada a posição que desfrutava na cidade como minibanqueiro, era convidado
por amigos para jantares e festas noturnas.
Certo dia, num jantar regado a bebidas alcoólicas, pois era seu aniversário,
Jorge excedeu-se. Após a festança, o aniversariante teve de ser carregado, em
virtude do estado em que se encontrava.
Altas horas da noite ele teve um AVC fulminante, vindo a óbito natural.
Quando há o desencarne, o espírito (alma) leva consigo o seu corpo
(perispírito) com todos os sentidos, pois é o protótipo do corpo físico.
Qual não foi a surpresa de Jorge, após acordar do outro lado da vida, quando
percebeu que estava encarnado, pois seus sentidos davam-lhe esta sensação: o
coração pulsava, ouvia os rogos da família, no entanto, falava e ninguém
ouvia, o que o deixava intrigado, angustioso sem saber o que fazer. Participava
do sepultamento de seu próprio corpo, sem dar-lhe crédito, pois julgava estar
vivo. Acompanhou os familiares de volta para casa, na ignorância de sua atual
vida do espírito. Era visitado periodicamente pelos seus algozes, que
desejavam acerto de contas.
O seu patrimônio era dilapidado paulatinamente pelos credores e familiares
que não ouviam suas reclamações de socorro a Deus, que também não lhe dava
crédito, dadas suas imperfeições morais.
Com o despertamento de consciência, Jorge acordou e constatou a veracidade
do que estava ocorrendo.
Orgulhoso e egoísta não teve como safar-se da Lei de Causa e Efeito, o
cumprimento das leis divinas. Na prestação de contas foi-lhe exigida a
retrospectiva consciencial, como um filme a mostrar-lhe o comportamento
negativo e os deslizes praticados.
Com a consciência atordoada, viu-se acuado pelos inimigos que desejavam
vingança pelos crimes praticados às ocultas; prejuízos causados a terceiros,
atos imorais praticados com a família, filho sem educação moral pela ausência
paterna, além de outras faltas...
Todos esses fatos constituíram-lhe verdadeiro sofrimento, cujo resgate era
indispensável na próxima reencarnação, já comprometida.
53
Regeneração
Tudo na vida está em sintonia com a Lei de Causa e Efeito, que é parte
integrante das leis naturais ou divinas.
Compete ao homem submeter-se a essas leis, que regem a vida para a
conquista do bem-estar.
A regeneração do planeta está vinculada à dos seus habitantes; é condição
intrínseca para que a nossa “casa” atinja seus objetivos, que é o progresso.
Portanto, compete à humanidade terrena cooperar com Jesus na evolução
planetária, não se deixando envolver pela intervenção material maléfica e
paixões danosas que afetam a alma do indivíduo.
Quando o sofrimento visita o paciente, de imediato este acusa o destino,
argumentando “que é inocente”; na verdade, o responsável pela desdita é o
próprio homem, que pela incúria cria o seu destino, cultivando pensamentos
levianos, sentimentos negativos e infração às leis divinas.
As dores e sofrimentos morais atrelados às enfermidades da alma, “orgulho,
egoísmo e vaidade” e o desrespeito às leis criam bacilos energéticos a
refletirem no tônus orgânico, dando origem a enfermidades físicas.
Existem os sofrimentos cármicos, que consistem na correção das faltas do
passado, no resgate dos compromissos e ajustes morais.
O leitor deve observar que, além dos sofrimentos vinculados, há o desajuste
físico causado pela idade, levando à degeneração orgânica natural.
Ante os fatos narrados, é importante observar que Deus retira do sofrimento o
medicamento indispensável para sanar as doenças do espírito, em ambos os
estágios, encarnado ou desencarnado.
Para que o progresso espiritual se faça, a mãe natureza coopera com as forças
energéticas à realização de cataclismas geológicos no Planeta.
A humanidade, pela sua imperfeição moral, cria numerosa aura negativa da
qual a natureza se serve para proceder ao trabalho regenerativo.
54
Reminiscências
As reminiscências do passado levam muitos espíritos a pesadelos, remorsos e
arrependimentos.
Não fora esse trivial de emoções, as criaturas continuariam no caminho inverso
à evolução moral pelas enfermidades da alma.
O envoltório material sente as influências, regido pela vontade da alma, que,
sem lustro espiritual, pratica o desvirtuamento no comportamento. Em
consequência, o sofrimento compulsório é indispensável.
A fim de evitar tal situação, é necessário que os homens cursem a escola da
vida na qual aprendam a ser humildes, pacientes, indulgentes, resignados,
caridosos e adquiram as demais virtudes que caracterizam os espíritos de luz.
Há pessoas que, estando de bem com a vida, não se lembram de agradecer a
Deus pelo estágio agraciado, cujas rogativas a Jesus Cristo somente são
despertadas quando surgem as pedras no caminho, constituídas pelas
dificuldades, dores e sofrimento.
As lembranças do passado classificam-se em duas fases, antes e depois das
realizações. Primeiro, as pessoas desfrutam dos prazeres que a vida
proporciona, na satisfação íntima de aproveitarem o máximo dos prazeres
físicos no ambiente material, relegando o futuro para segundo plano. Deveriam
estar cientes de que o futuro é reflexo do presente.
Na segunda fase, vem a realidade da vida com os desajustes sociais, os
desgostos e pesares por terem negligenciado a verdade e menosprezado o
futuro. Sem aquisição das virtudes que conduzem ao aprimoramento moral,
compulsoriamente surgem o sofrimento, a dor, os desajustes familiares etc.,
fatos ocorridos pelas enfermidades da alma.
As pessoas devem viver com sabedoria, valorizando a vida, amando ao
próximo como a si mesmos, evitando excessos que comprometam o equilíbrio
físico e emocional, mantendo pensamentos éticos e morais em cumprimento às
leis que regem a existência, evitando tanto quanto possível atos que põem em
evidência a segurança física.
55
Resgate Suprido
Jorge, no umbral, permaneceu por longo tempo em sofrimento espiritual.
Depois de grande dor moral, decidiu arrepender-se e humildemente pediu
socorro a Deus, até que foi atendido e conduzido à estação de tratamento, onde
permaneceu por várias décadas. Porém, não ficou isento dos compromissos a
serem resgatados.
Após estágio preparatório, conseguiu reencarnar.
Nasceu no seio de uma família pobre, cuja mãe é uma mulher quase negra e o
pai é um seu bisneto na última reencarnação. Nascera forte e sadio, crescera
como qualquer criança. Frequentou escola básica, fez curso superior com
muito esforço, formara-se em Direito, sua vocação.
Conseguiu com o sofrimento extirpar o orgulho e o egoísmo, tornando-se
humilde, resignado e muito caridoso para com o próximo. Cumpriu a tarefa em
defesa dos fracos e pobres.
Certa vez, em defesa de um cliente (que era um dos seus prejudicados na
existência pretérita), em júri popular no tribunal, foi ameaçado por uma
testemunha de acusação. Afinal, conseguiu provar a inocência do cliente,
liberando-o da prisão.
Pelos atos malévolos praticados na existência passada, a lei de causa e efeito
previa o resgate de compromissos.
No cumprimento da lei, teria de se sujeitar ao mesmo problema que havia
causado. Porém, pelo fato de ter se tornado um homem de bem, levou um tiro
de raspão e teve pequenos ferimentos, sem importância. O algoz era um dos
seus inimigos da existência passada que queria justiça.
Deus, que é sábio e justo, e está presente em tudo pelas leis divinas, conhece as
necessidades e merecimento de cada filho. Deixa que cumpram a sua
tarefa, servindo-se do próprio homem para atingir os objetivos da sua evolução
moral.
56
Sem Revolta
O espírito, ao despertar para a vida física no seu reencarne, esquece
temporariamente as ocorrências da vida passada, a fim de iniciar uma nova
trajetória na aquisição de novas experiências. Ao retornar à espiritualidade,
quando desencarna, vincula essas etapas alçadas às anteriores na formação da
consciência integral, representando o progresso alcançado.
Esse rodízio se dá com todo ser humano, uma vez que se cumpre a lei do
progresso. Para satisfazer a essa lei, o homem atua no cumprimento de todas
as leis a que está submisso, a fim de atingir a meta prometida quando da
reencarnação.
Todo ser humano que desejar ser feliz tem a obrigação de conhecer a si
mesmo, analisar suas imperfeições e eliminá-las de sua alma.
Quem não aderir à lei do progresso terá obrigatoriamente de passar pela escola
da vida, submisso à lei de causa e efeito, e sofrerá compulsoriamente para
adquirir as virtudes da humildade, paciência, resignação, indulgência e da
justiça, amor e caridade.
Deus, que é bom e justo, retira dos males o medicamento para a cura das
enfermidades, desde que não haja angústia ou revolta, na aquisição das
virtudes morais.
57
Semeadura
Na culminância da vida, o homem encontra o resultado do plantio que tenha
feito no correr da existência. Para que haja colheita benéfica, é importante que
sejam profícuas as sementes do bem em solo fértil, que deem bons frutos para
o semeador. É com a prática da caridade, de acordo com Paulo aos Coríntios,
no capítulo XV do Evangelho Segundo o Espiritismo, que o homem pode se
salvar, pois sem caridade não há salvação.
Compete ao cidadão amar a Deus no amor aos semelhantes, desejando-lhes
tudo o que quer para si mesmo. Para que haja evolução espiritual e moral do
ser humano e a libertação da ignorância, é necessário apoiar-se no “amai e
instruí-vos”.
É se amando que o homem encontra os meios de harmonizar-se com as forças
do bem para manutenção da saúde psicossomática, “alma e corpo”. Para que
isto ocorra, é indispensável abster-se das paixões viciosas, excessos de toda
espécie, manter pensamentos higiênicos e sentimentos elevados.
58
Submissão
“Cada cabeça uma sentença” é o adágio popular indicando que as pessoas não
são iguais na forma de direcionar a rota da vida. O ideal é que as pessoas, ao
cumprirem os princípios morais, regulem os pensamentos e sentimentos às leis
que regem a existência, sem as quais não há harmonia no comportamento dos
homens.
Partindo desse princípio, existe assimilação das pessoas na formação social,
necessária ao aprimoramento íntimo, pela convivência e acomodação dos
desígnios surgidos em função dos ideais heterogêneos, obrigando-os à
indulgência e tolerância recíprocas, condição indispensável à evolução dos
homens.
Não obstante essas recomendações, é necessário que as pessoas acordem e se
conscientizem da realidade da vida, de que todos somos espíritos submissos às
leis que regem os destinos da humanidade.
Pela ignorância e falta de solidariedade, muitas pessoas vangloriam-se pela
posição que ocupam no comando humilhante aos que são submissos,
esquecendo-se de que a vida é temporária. Alimentados que são pelo egoísmo,
orgulho e vaidade, no retorno à vida espiritual, terão de prestar contas dos
procedimentos, já que são retidos na consciência.
59
Trajetória de Vida
Na vida cotidiana, o homem encontra sempre oportunidades para desfrutar de
um prazer lacônico, isto é, passageiro, via de regra, com resultados negativos.
São momentos cujo excesso vislumbra um horizonte de fatos que leva o
homem à diversificação prazerosa nem sempre recomendada.
A conquista desse potente prazer figura-nos o exemplo de uma família cujos
filhos com maior idade desejavam desfrutar o sabor da vida.
Ambos os rapazes eram dignos de nota, bem asseados e educados com
carinho.
João, mais velho, era trabalhador, honesto no cumprimento do dever, pacato
nas decisões. Já Raul, mais novo, era o inverso do irmão, destemido em seus
ideais, em busca de sucesso sem muito esforço.
Habituado a frequentar a sociedade local, Raul, que não dava valor às
recomendações do irmão, que o advertia dos excessos, bebia em demasia.
Assim, Raul, comemorando o seu aniversário, enveredou-se na bebida.
Embriagado, divergiu do colega de mesa, chegando às “vias de fato”. E o
resultado foi trágico, pois a brincadeira resultou-lhe em ferimento de duas
costelas e uma vértebra, que o impossibilitou de andar.
Somente, assim, terminou a festa. Ao retornar à sua casa, sua mãe, assustada,
teve um AVC.
Raul, sempre dado a aventuras, não era religioso e negava a existência de
Deus, tal era a sua imperfeição moral.
A discussão, quando esclarecedora, é fonte de luz; porém, quando polêmica,
fere o amor próprio e gera atritos negativos.
O ser humano deve evitar o desvio de rota, cultivando a reflexão mental. Mais
importante do que cogitar o que desejamos para nossa vida é compreender o
que a vida espera de nós.
Para que o sofrimento das correções morais dê fruto é necessário que o
paciente esteja imbuído dos princípios da humildade, paciência, resignação, fé
e esperança, sem os quais não se consegue a cura dos males.
Todos somos carentes de perfeição. Para não se desviar da rota da vida, é
imprescindível manter vigilância permanente dos pensamentos, dominar as
emoções, a fim de evitar a impulsividade dos pensamentos, palavras e atos.
60
Vícios e Hábitos Perniciosos
Retratando a vida no além superior, a humanidade terrena tem um belo
exemplo de vida a seguir; todavia, grande parte da humanidade voltada à
sensibilidade dos prazeres físicos distancia-se da realidade da vida para a qual
foi criada.
Assim é que muitos terraquianos se perdem na estrada da vida, se pondo à sua
margem como verdadeiros cegos e suicidas conscientes, entregues a nostalgias
pelos vícios e hábitos persuasivos; há pessoas que orlam a vida pelos vícios
nefastos a destruírem o cosmo orgânico e ocasionando a falência moral.
Não obstante conhecerem a rota do bem, levados pela imperfeição da alma,
ingressam na estrada larga da vida, cujo retorno será pelo sofrimento
angustiante.
Os efeitos das drogas circulam nas principais células do corpo do usuário
atingindo na íntegra o perispírito, uma vez que ele reveste todas as células do
corpo físico, tornando-o inapto à proteção celular.
As pessoas dadas ao vício dos desejos têm o seu perispírito comprometido e
bem assim o cérebro, cujos neurônios ressentem a ação perniciosa das drogas.
Por ocasião da morte do usuário, no além, o seu perispírito poderá perder a
forma humana pelo desgaste ocorrido quando encarnado (Luiz Sérgio).
Após longo sofrimento no além, retornam à vida física, muitos mutilados,
outros incapazes.
Aconselhamos ao amigo leitor que não se deixe levar pelos prazeres ilusórios
da vida, pelos vícios e hábitos perniciosos, cujos procedimentos custar-lhe-ão
várias reencarnações dolorosas.
Valorize a vida para a qual foi criado, se amando e, bem assim, ao próximo.
Procure eximir-se das imperfeições da alma na aquisição das virtudes morais
para ser feliz.
61
Vida Escolar
Certo dia, no plano espiritual, reunidos em grupos para estudo das leis que
regem a vida em ambos os estágios, o mentor se dispôs ao estudo da lei da
justiça, amor e caridade.
Não foi em vão que o mestre Jesus advertiu acerca da necessidade do “amai e
instruí-vos” e de que “fora da caridade não há salvação”.
Instruir requer o estudo da literatura espiritual em todos os detalhes, para que
o homem tenha condições de cumprir a lei do amor nas mais diversas facetas.
O amor, quando praticado, desperta a emoção do prazer pelo dever cumprido,
pois a solidariedade é instintiva e a encontramos até na natureza, nos reinos
vegetal e animal. Com mais razão, o homem, que é racional, tem o dever de
atender a essa sagrada lei, se quiser salvar-se.
O homem, cônscio de suas responsabilidades, procura atender aos direitos e
aos deveres contidos nas leis naturais ou divinas, assumindo os compromissos
pelos deslizes cometidos.
O bom comportamento, apoiado nas leis que regem a vida, deve ser a meta a
atingir, a fim de evitar o sofrimento compulsório, submisso que está o homem
à lei de causa e efeito. Essa lei condiciona o indivíduo a eliminar as
imperfeições da alma – o egoísmo, o orgulho e a vaidade –, que muito mal
têm feito à humanidade.
Para o bem-estar e felicidade do homem, mister se torna o bom cumprimento
das leis.
62
Vida Moral
Na vida material, o homem, dando vazão aos sentimentos frutos dos
pensamentos, se perde na satisfação dos prazeres que o ambiente físico
oferece.
Para redimensionar essas atitudes, o ser humano deve se basear na moral e nas
virtudes que o condicionam à análise da satisfação dos prazeres materiais.
As pessoas entregues aos prazeres físicos deixam para o amanhã o que pode
ser feito hoje, o próprio aprimoramento moral, na suposição de que a vida é
longa, esquecendo-se de que a morte pode chegar a qualquer momento. Qual
não será a surpresa ao chegar a erraticidade no além de mãos vazias,
restando-lhe a decepção, a angústia e o sofrimento.
Assim, é importante ao ser humano manter vigilância mental higienizada,
aquisição das virtudes da paciência, humildade, tolerância, indulgência,
resignação e o cumprimento da Lei de Amor e Caridade, sem a qual não há
salvação. Conhecer-se a si mesmo é importante para a análise das próprias
imperfeições morais e procurar corrigi-las, para colher as benesses que Deus
oferece. O passado se torna presente, não há subterfúgios para o espírito em
ocultar o seu estado moral, pois a consciência o acusa pelos atos bons ou
deliquentes praticados.
63
Vida Participativa
No patamar da vida, as pessoas se iludem com o que se lhes apresenta a visão,
levadas pela invigilância mental e pela ignorância das leis que regem a vida.
Independentemente das oportunidades que surgem para usufruir da vida
material, cabe ao cidadão saber se comportar sem macular a sua alma em
comportamentos inescrupulosos.
Prover a saúde orgânica é exigível em todas as circunstâncias, pois a sua
ausência impede a manifestação espontânea da alma.
A vida é temporária, cujo término dar-se-á a qualquer momento sem aviso
prévio. Compete ao homem não descuidar da sua alma, extirpando as suas
enfermidades espirituais para alcançar o bem-estar.
Além de alijar as imperfeições, tem o dever de adquirir as virtudes morais e
pô-las em ação.
Estas recomendações são importantes ao cidadão para o cumprimento da
obrigação para consigo próprio, no aprimoramento íntimo. Ao ser convocado à
prestação de contas do seu comportamento, deverá ter a consciência tranquila
pelo dever cumprido. As experiências do bom comportamento resultam
em felicidade; todavia, se malbaratado em deslizes que ferem as leis e
comprometem a consciência, obterá resultados catastróficos em dores e
sofrimentos.
O homem que dá expansão às suas paixões inferiores e se entrega à prática
maldosa de suas atitudes, fica cego à realidade da vida, e sua consciência só é
despertada para as verdades espirituais, com o sofrimento compulsório,
submisso que está à Lei de Causa e Efeito.
64
Virtudes Morais
As virtudes concernentes à evolução moral são notas abonadas por Jesus
Cristo, que sempre adverte o homem ao cumprimento do dever para alcançar a
reforma íntima e atingir evolução espiritual.
Sendo que grande parte dos seres humanos é carente de evolução moral, não
justifica protelar a aquisição das virtudes morais, se o bem-estar está na sua
dependência.
Quer queira ou não, estamos submissos à lei de causa e efeito, com a qual se
aplica a justiça Divina. Munir-se das virtudes é um dever de todo indivíduo.
Porém não basta, é necessário aliar a prática à ação, sem o que não pode haver
assistência espiritual nobre.
O menosprezo às lições das experiências adquiridas no correr das existências
resulta no ingresso à estirpe do sofrimento compulsório.
Para contar com a presença de Jesus Cristo, é indispensável cumprir as leis, ter
um coração puro, isento das mazelas que inibem a sua assimilação
assistencial.
65
Volta à Erraticidade
O homem voltado para as atividades cotidianas da vida nem sempre se lembra
do que há de mais importante, que é a paz e o bem-estar.
Iludido pelas suas más inclinações, o homem se perde nas culminâncias da
estrada da vida, sem o retorno a adverti-lo da realidade.
Sem diretriz, o homem voltado às paixões mórbidas e deslizes morais, não
reconhecendo os erros cometidos, está fadado ao sofrimento compulsório, que
se destina ao reajuste dos compromissos assumidos.
Vale lembrar que o homem está em viagem com destino definido, que é o
retorno à vida espiritual.
Deve o ser encarnado preparar-se com antecedência para a vida extrafísica,
pois a morte não tem dia marcado. O seu preparo consiste no amar a Deus e ao
próximo como a si mesmo, isto é a prática da caridade, que é o passaporte para
o ingresso na erraticidade, feliz pelo dever cumprido.
66
Viajor Espiritual
Todos, na Terra, somos espíritos encarnados, cuja casa é o nosso corpo,
moradia temporária da alma.
É muito importante ao viajor (espírito) procurar se abastecer de conhecimentos
atinentes à vida no além, para onde terá de ir quando a morte chegar, de
surpresa...
O homem, “espírito encarnado”, deve “se preparar” para conhecer o futuro
através dos ensinos da doutrina espírita. Porém não basta, é indispensável a
pratica da caridade, sem a qual não há salvação.
Só se consegue bem-estar com o cumprimento das leis divinas que regem a
vida, bem assim dos ensinos de Jesus Cristo inseridos no Evangelho da
doutrina espírita.
Aquele que não aprimora os sentimentos não progride, não tem luz, e ignora os
preceitos de Jesus Cristo. Torna-se cego na outra vida, vai sofrer pela inércia e
deslizes praticados.
Nunca é tarde para o homem acoplar os ensinos de Jesus Cristo à consciência;
nada para depois, pois o chamado à prestação de contas pode estar a caminho.
Partir para a outra vida sem nada levar é doloroso! É necessária a prática da
caridade para colher os frutos ao partir para a outra vida, com a
luz do conhecimento e do amor.
67
Vontade e o Pensamento
Os fatos acontecem e nem sempre atendem aos interesses dos homens. Os
interesses estão associados à vontade e vinculados à forma de pensar, pois o
pensamento é o responsável pelo nosso comportamento. O desejo torna-se peça
importante na vida do homem. Porém, sendo sempre atendido, pelas
imperfeições da alma, limita as aspirações das pessoas no seu crescimento
moral.
Tudo está vinculado à forma de pensar, pois que o pensamento é energia que
dá vida e constrói o bem, como também o infortúnio, dependendo de sua
natureza.
Assim, vivenciaram três personagens, Astrogildo, Vinícius e Leonel. São
pessoas de gabarito, acostumadas no “vai e vem” da vida, pois lideram grupos
sociais que enobrecem as suas personalidades.
Astrogildo, por ser o mais velho, lidera o grupo, seguido por Vinícius e, por
fim, Leonel. Todos têm curso superior e boa condição de vida, o que torna fácil
a realização dos seus projetos.
O grupo decidiu criar uma escola na qual reuniram crianças de 5 a 15 anos para
o estudo de música, piano, violão e violino. Como eram idealistas e tinham
uma missão a cumprir, iniciaram a tarefa com a abertura de inscrições para o
exame pré-vocacional para seleção dos candidatos, atendendo ao número de
vagas.
O curso tinha duração de três anos, cujas aulas, com uma hora, aconteciam no
período noturno. Por ser gratuito, Astrogildo, Vinicius e Leonel eram os
mestres da escola.
Após um ano de estudo, foi realizado um concerto no conservatório de música
local, onde puderam manifestar o aprendizado com sucesso, com elogio das
autoridades e familiares presentes.
A vitória do grupo foi tão surpreendente que conseguiram verba municipal
para manterem cursos diurnos com novas inscrições e contratação de
professores nos horários vagos no conservatório.
Ante esses fatos, cumpre aos amigos agradecerem a Deus pelas conquistas
alcançadas e o triunfo da organização, que tanto contribuiu para a formação
das crianças e pelo que oportunizou aos alunos da escola.
Essa história mostra a importância do pensamento e da vontade bem-
conduzida para o triunfo do bem e o crescimento moral do homem,
direcionando suas ações para atender às necessidades dos seus semelhantes.
Sobre o Autor
Natural de Franca (SP), nascido aos 22 de setembro de 1925 em berço
espírita, sou filho primogênito de Antônio Ferreira Leite e Maria Mendonça
Leite.
Criado em um sítio a 5 km de Cristais Paulistas com meus sete irmãos,
completei o curso primário em 1938. Em 1939, fui morar com meu tio e
padrinho Sebastião, em Franca (SP), para estudar Contabilidade no Colégio
Ateneu Francano.
O curso era noturno. Durante o dia, trabalhava em um armazém de gêneros
alimentícios, porém desejava ser bancário.
Nos idos 1942, sofri uma crise de reumatismo localizado que me impediu de
andar, o que me forçou a deixar os estudos e o trabalho.
Voltando para casa de meus pais em Cristais para tratamento, obtive
melhora. Assim que pude andar, fiz um curso prático de Contabilidade com o
Sr. João Caetano.
Em junho de 1943, toda a família mudou-se para Anápolis (GO), onde
consegui um emprego em um escritório de contabilidade. Três meses depois,
passei a trabalhar como office boy no Banco Comercial, permaneci ali até
março de 1944.
Em 1º de abril de 1944, o grande sonho se realizou! Passei a trabalhar na
Casa Bancária da Sociedade Imobiliária de Anápolis Ltda. como encarregado
de cadastro, sob a supervisão do Prof. Alfeu Medeiros, que se tornou um
grande amigo.
Com a criação do Banco Imobiliário em 1946, que encampou a Casa
Bancária, o meu ingresso nessa instituição foi automático, no qual exerci
vários cargos de confiança. Contando sempre com o apoio do presidente do
Banco, Sr. Jonas Duarte, que se tornou também um amigo especial, ali
permaneci até 1955.
Em 10 de novembro de 1947, casei-me com Vicência Pelhus, natural de
Ituiutaba (MG), com quem convivi harmoniosamente durante 66 anos.
Tivemos cinco filhos (um faleceu logo após nascer), oito netos e seis bisnetos
(até o momento).
Em 1955, o Sr. Jonas Duarte, então governador do Estado, cria o Banco do
Estado de Goiás (BEG) que encampou o Banco Imobiliário com seus
funcionários. Durante a permanência no BEG, trabalhei em várias cidades
sempre no cargo de gerência, vindo a aposentar-me em 1972.
A doutrina espírita sempre esteve presente em minha vida, desde criança em
Cristais quando, ainda pequenino, frequentava com meu pai, o centro do Sr.
Artur.
Os estudos doutrinários tiveram continuidade quando jovem em Anápolis,
tendo como referência importante o Dr. Brasil Xavier, que muito contribuiu
para a minha formação espírita, outro grande amigo! Seus escritos
aprofundados sobre a doutrina espírita eram divulgados por mim na Rádio
Carajá, um trabalho importante de propagação do espiritismo naquela cidade.
Desde então, os estudos e a prática espírita sempre fizeram parte de minha
vida.
Com muita fé e esperança, superei todas as dificuldades da trajetória e aqui,
cumpro nova tarefa...
Goiânia, outubro de 2015.