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O Iluminismo Movimento filosófico, também conhecido como Esclarecimento, Ilustração ou Século das Luzes, que se desenvolve particularmente na França, Alemanha e Inglaterra no séc. XVIII, caracterizando-se pela defesa da ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dogma religioso. Na verdade, o Iluminismo é muito mais do que um movimento filosófico, tendo uma dimensão literária, artística e política. No plano político, o Iluminismo defende as liberdades individuais e os direitos do cidadão contra o autoritarismo e o abuso do poder. Os iluministas consideravam que o homem poderia se emancipar através da razão e do saber, ao qual todos deveriam ter livre acesso. O racionalismo e a teoria crítica no pensamento contemporâneo podem ser considerados herdeiros da tradição iluminista. No século XVIII, um grupo de pensadores começou a se mobilizar em torno da defesa de ideias que pautavam a renovação de práticas e instituições vigentes em toda Europa. Levantando questões filosóficas que pensavam a condição e a felicidade do homem, o movimento iluminista atacou sistematicamente tudo àquilo que era considerado contrário à busca da felicidade, da justiça e da igualdade. Dessa maneira, os iluministas preocuparam-se em denunciar a injustiça, a dominação religiosa, o estado absolutista e os privilégios enquanto vícios de uma sociedade que, cada vez mais, afastava os homens do seu “direito natural” à felicidade. Segunda a visão desses pensadores, sociedades que não se organizam em torno da melhoria das condições de seus indivíduos concebem uma realidade incapaz de justificar, por argumentos lógicos, sua própria existência. Por isso, o pensamento iluminista elege a “razão” como o grande instrumento de reflexão capaz de melhorar e empreender instituições mais justas e funcionais. No entanto, se o homem não tem sua liberdade assegurada, a razão acaba sendo tolhida por entraves como o da crença religiosa ou pela imposição de governos que oprimem o indivíduo. A racionalização dos hábitos era uma das grandes ideias defendidas pelo iluminismo.

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O Iluminismo

Movimento filosófico, também conhecido como Esclarecimento, Ilustração ou Século das Luzes, que se desenvolve particularmente na França, Alemanha e Inglaterra no séc. XVIII, caracterizando-se pela defesa da ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dogma religioso. Na verdade, o Iluminismo é muito mais do que um movimento filosófico, tendo uma dimensão literária, artística e política. No plano político, o Iluminismo defende as liberdades individuais e os direitos do cidadão contra o autoritarismo e o abuso do poder. Os iluministas consideravam que o homem poderia se emancipar através da razão e do saber, ao qual todos deveriam ter livre acesso. O racionalismo e a teoria crítica no pensamento contemporâneo podem ser considerados herdeiros da tradição iluminista.

No século XVIII, um grupo de pensadores começou a se mobilizar em torno da defesa de ideias que pautavam a renovação de práticas e instituições vigentes em toda Europa. Levantando questões filosóficas que pensavam a condição e a felicidade do homem, o movimento iluminista atacou sistematicamente tudo àquilo que era considerado contrário à busca da felicidade, da justiça e da igualdade.

Dessa maneira, os iluministas preocuparam-se em denunciar a injustiça, a dominação religiosa, o estado absolutista e os privilégios enquanto vícios de uma sociedade que, cada vez mais, afastava os homens do seu “direito natural” à felicidade. Segunda a visão desses pensadores, sociedades que não se organizam em torno da melhoria das condições de seus indivíduos concebem uma realidade incapaz de justificar, por argumentos lógicos, sua própria existência.

Por isso, o pensamento iluminista elege a “razão” como o grande instrumento de reflexão capaz de melhorar e empreender instituições mais justas e funcionais. No entanto, se o homem não tem sua liberdade assegurada, a razão acaba sendo tolhida por entraves como o da crença religiosa ou pela imposição de governos que oprimem o indivíduo. A racionalização dos hábitos era uma das grandes ideias defendidas pelo iluminismo.

As instituições religiosas eram sistematicamente atacadas por esses pensadores. A intromissão da Igreja nos assuntos econômicos e políticos era um tipo de hábito nocivo ao desenvolvimento e ao progresso da sociedade. Até mesmo o pensamento dogmático religioso era colocado como uma barreira entre Deus e o homem. O pensamento iluminista acreditava que a natureza divina estava presente no próprio indivíduo e, por isso, a razão e o experimento eram meios seguros de compreensão da essência divina.

Inspirados pelas leis fixadas nas ciências naturais, os iluministas também defendiam a existência de verdades absolutas. O homem, em seu estado originário, possuía um conjunto de valores que fazia dele naturalmente afeito à bondade e igualdade. Seriam as falhas cometidas no desenvolvimento das sociedades que teria afastado o indivíduo destas suas características originais. Por isso, instituições políticas preocupadas com a liberdade deveriam dar lugar às injustiças promovidas pelo Estado Absolutista.

Por essas noções instalava-se uma noção otimista do mundo que não teria como interromper seu progresso no momento em que o homem contava com o pleno uso de sua racionalidade. Os direitos naturais, o respeito à diversidade de ideias e a justiça deveriam trazer a melhoria da condição humana. Oferecendo essas ideias, o iluminismo motivou as revoluções burguesas que trouxeram o fim do Antigo Regime e a instalação de doutrinas de caráter liberal.

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FisiocraciaA fisiocracia, considerada a primeira escola da economia científica, antes até

mesmo da teoria clássica de Adam Smith, é uma teoria econômica que surgiu para se opor ao mercantilismo, se apresentando como fruto de uma reação iluminista. Em síntese, a fisiocracia se baseia na afirmação de que toda a riqueza era proveniente da terra, da agricultura.

LiberalismoO Liberalismo político considera a vontade individual como fundamento das

relações sociais, defendendo, portanto as liberdades individuais — liberdade de pensamento e de opinião, liberdade de culto etc. — em relação ao poder do Estado, que deve ser limitado. Defende assim o pluralismo das opiniões e a independência entre os poderes — Legislativo, Executivo e Judiciário — que constituem o Estado.

O Liberalismo econômico, cujo principal teórico foi Adam Smith, considera que existem leis inerentes ao próprio processo econômico — tais como a lei da oferta e da procura — que estabelecem o equilíbrio entre a produção, a distribuição e o consumo de bens em uma sociedade. O Estado não deve interferir na economia, mas apenas garantir a livre inciativa e a propriedade privada dos meios de produção. O liberalismo econômico defende assim a chamada "economia de mercado".

AutoresEspinosa, Baruch (1632-1677)

De família judia portuguesa, o filósofo Baruch Espinosa nasceu em Amsterdam, Holanda. Estudou o hebreu, o Talmude e a Bíblia. Aprendeu espanhol, português, holandês e francês. Logo rompeu com a ortodoxia judaica, mas sem se aproximar do cristianismo. Acusado de judeu e de ateu, de ímpio e de fatalista, tentou explicar seu ponto de vista sobre a religião. Em seu Tratado teológico-político (1670), colocou o problema das relações entre religião e Estado. Reconheceu ao Estado, poder soberano, o direito e o dever de fazer reinar a paz interior na comunidade, bem como de organizar as ações exteriores.

A ética, demonstrada segundo o método geométrico (1677) é sua obra principal. Uma demonstração rigorosa, ordenada numa impecável série de teoremas, revela seu aspecto polêmico: trata-se de uma máquina de guerra contra a filosofia dominante, sobretudo contra a teoria do sujeito voluntário, pela qual o homem pretende converter-se em mestre e possuidor da natureza.

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A essa vontade livre, Espinosa opõe uma única necessidade, vida interna de todo o universo: todas as coisas (inclusive os homens) são modos da substância única que é Deus. A inteligência pode chegar ao saber absoluto; a essência de Deus e das coisas é totalmente inteligível; Deus é a natureza concebida como totalidade; dessa totalidade, o entendimento humano só pode conceber dois atributos: o pensamento e a extensão; mas as coisas singulares existem realmente; todo conhecimento verdadeiro se realiza por uma dedução de tipo geométrico: a ideia não consiste na imagem nem nas palavras, mas no exercício do intelecto que coincide com seu objeto: o homem não é um império num império, mas está submetido às leis comuns da natureza.

Precisamos analisar as diferentes instituições em seu funcionamento: que poder as produz? Quais são seus efeitos? Eis o objetivo da obra inacabada Tratado Politico (1677). A alegria, a tristeza e o desejo são três afeições primitivas das quais nascem todas as outras. O bem, o mal, o belo e o feio não constituem propriedades das coisas. mas modos de imaginar.

Como a superstição constitui a grande ameaça do homem, a tarefa do filósofo é eminentemente política: denunciar os sistemas políticos que só se impõem aos homens inspirando-lhes paixões tristes. E na cidade que o homem realiza sua liberdade: "O sábio é mais livre na cidade, onde obedece à lei comum, do que na solidão onde só obedece às suas paixões": "Não devemos confundir o sentido de um discurso com a verdade das coisas".

Se o Deus sive natura de Espinosa não é um Deus criador, pessoal e juiz, nem por isso pode ser dissolvido no mundo (panteísmo).

John Locke (1632-1704)

John Locke nasceu perto de Bristol, Inglaterra. Estudou medicina e foi secretário

político de vários homens de Estado. Fez várias viagens ao exterior. Até os 38 anos, não manifestou nenhuma vocação filosófica. Foi somente em 1670/71 que seu pensamento tomou um novo rumo: surgiu-lhe a ideia de sua grande obra: An Essay concerning Human Understanding (Ensaio sobre o entendimento humano, 1690).

No mesmo ano, escreveu An Essay concerning Toleration (Ensaio sobre a tolerância). Em 1693, publicou The Reasonableness of'hrìstianity (A razoabilidade do Cristianismo). Sua obra é uma reação contra Descartes e sua doutrina das ideias inatas.

Ao descrever a formação de nossas ideias, Locke mostra que todas elas têm por fonte a experiência. Ele defende o empirismo contra o racionalismo cartesiano. O essencial de sua doutrina é sua teoria do conhecimento:

a) todo conhecimento humano tem sua origem na sensação: "nada há na inteligência que, antes, não tenha estado nos sentidos"; não há ideias inatas no espirito;

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b) a partir dos dados da experiência, o entendimento vai produzir novas ideias por abstração;

c) se o entendimento humano é passivo na origem, pois é tributário dos sentidos, tem um papel ativo, pois pode combinar as ideias simples e formar ideias complexas. Assim, seu empirismo leva-o a conferir à probabilidade um papel essencial no conhecimento.

Quanto à política, parte da seguinte ideia: "Os homens são todos, por natureza, livres, iguais e independentes, e ninguém pode ser despossuído de seus bens nem submetido ao poder político sem seu consentimento". A consequência de seu empirismo se revela na concepção do Estado social e do poder politico: em primeiro lugar, refuta o direito divino e o absolutismo, pois trata-se de renunciar a essas especulações para se voltar às coisas mesmas; em seguida, declara que o poder só é legitimo quando é a emanação da vontade popular, pois a soberania pertence ao povo que a delega a uma assembleia ou a um monarca; finalmente, antecipa Marx declarando que o fundamento da propriedade é o trabalho.

Montesquieu (1689-1755)

O moralista, pensador e filósofo francês Charles de Secondat, barão de La Brêde Montesquieu, é conhecido, sobretudo, por sua obra L'esprit des loic (O espírito das leis, 1748), na qual expõe sua concepção política e histórica e estuda a lógica interna do sistema das leis e das instituições em suas relações com as condições reais de sua existência histórica.

As leis não são deduzidas de idealistas a priori nem tampouco são devidas à arbitrariedade dos homens: elas "constituem as relações necessárias que derivam da natureza das coisas". Ao demonstrar a ineficácia do absolutismo, propõe um sistema de governo em que o máximo de liberdade seja produzido quando os poderes públicos se controlam mutuamente graças à sua independência respectiva: o poder legislativo, o poder executivo e o poder judiciário devem ser independentes uns dos outros, mas equilibrados entre si.

Escapando a todos os messianismos, ele considera o "progresso" como a invenção da "mecânica político-administrativa" que funciona melhor no contexto humano concreto. Com isso, já anuncia certa sociologia científica integrando o

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conhecimento histórico, a geografia humana, a geografia econômica, a demografia, a psicologia etc.

Embora “O espírito das leis” não tivesse um objetivo de ação prática, contribuiu bastante para a transformação da sociedade francesa entre 1750 e 1800. Há uma diferença entre a natureza de um governo e seu princípio, diz ele: a natureza de um governo é aquilo que o faz ser tal, ao passo que seu princípio é aquilo que o faz agir.

Antes da obra mencionada acima, Montesquieu já publicara Lettres persanes (Cartas persas), anonimamente (1721), e Considérations sur les causes, de la grandeur des romains et de leur décadence (Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e de sua decadência), também anonimamente (1734).

Voltaire (1694-1778)

O escritor, poeta e filósofo francês (nascido em Paris) Voltaire, cujo nome real era François Marie Arouet, é conhecido, sobretudo, por ter sido o grande promotor da cosmologia newtoniana na França e por ter destruído a crença no poder da encantação sobre o mundo natural.

Partidário do “despotismo esclarecido”, combateu as ''trevas" da ignorância e da superstição. Reconheceu explicitamente o único agente capaz de libertar o homem da mais cruel das superstições: "Nunca houve império mais universal do que o do Diabo", declarou. "E quem foi que o destronou?" Sua resposta se limitou uma palavra: "a razão".

Seus escritos filosóficos e políticos mais importantes são: O ensaio sobre os costumes (1756), no qual apresenta uma filosofia da história, valorizando a ideia de progresso da razão sobre as trevas; O século de Luís XIV (1756), no qual ilustra o movimento precedente, mostra a grandeza do século, exalta Luís XIV como o modelo do "déspota esclarecido" e ataca a religião; A filosofia da história, no qual elabora uma história do espírito humano contra as forças obscurantistas que se resumem na religião e faz uma apologia da razão contra a idiotice e a crença; O dicionário filosófico (1764), no qual, de modo panfletário, continua sua luta contra "o infame" Cristianismo (nos verbetes "perseguição", "superstição", "milagre" etc.) e se mostra o defensor da liberdade e da monarquia constitucional (nos verbetes "liberdade", "Estado", "leis" etc.).

O combate de Voltaire é o da razão e das luzes ("o evangelho da razão"), de modo irônico e causticante, contra todas as intolerâncias.

Hume, David (1711-1776)

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O filósofo e historiador escocês David Hume nasceu em Edimburgo. Estudou filosofia e se interessou pelas letras. Abandonou o curso de direito e dedicou-se ao comércio, passando três anos na França (1734-1737). Retornou à Inglaterra, tornou-se secretário do general Saint Clair e o acompanhou a Viena e Turim. Em 1744, candidatou-se a uma cadeira de filosofia em Edimburgo, foi acusado de ateísmo e não nomeado. Posteriormente, candidatou-se à cadeira de lógica em Glasgow, para substituir Adam Smith, e fracassou novamente. Conseguiu ser nomeado bibliotecário da faculdade de direito, onde se dedicou a uma grande atividade literária. Em 1763, retornou à França como secretário da embaixada, onde conheceu Rousseau. Voltou á Inglaterra e tornou-se subsecretário de Estado (1767-1768). No ano seguinte (1769), regressou então a Edimburgo, onde permaneceu até sua morte.

A filosofia de David Hume caracteriza-se como um fenomenísmo que procede ao mesmo tempo do empirismo de Locke e do idealismo de Berkeley: também é conhecida por ser um ceticismo, na medida em que reduz os princípios racionais a ligações de ideias fortificadas pelo hábito e o eu a uma coleção de estados de consciência. Suas obras principais são: A Treatise of Human Nature (1739), Essays Moral and Political (1741), An Enquiry Concerning H-man Understanding (inicialmente intitulado Philosophical Essays Concerning Human Understanding) (1748), Political Discourses (1752), History of England during the Reigns of James I and Charles I (1754 ss.), Dialogues on Natural Religion (1779), póstuma.

Abordam os seguintes temas fundamentais: a) não é possível nenhuma teoria geral da realidade: o homem não pode criar

idéias, pois está inteiramente submetido aos sentidos; todos os nossos conhecimentos vêm dos sentidos;

b) a ciência só consegue atingir certezas morais: suas verdades são da ordem da probabilidade;

c) não há causalidade objetiva, pois nem sempre as mesmas causas produzem os mesmos efeitos;

d) convém que substituamos toda certeza pela probabilidade. Eis seu ceticismo, a condição da tolerância e da coexistência pacífica entre os

homens. Trata-se de um ceticismo teórico, não válido na vida prática.

Rousseau, Jean-Jacques (1712-1778)

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Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra, Suíça, de uma família de origem francesa. Em 1742, instalou-se em Paris e vinculou-se ao movimento enciclopedista, especialmente a Diderot, tendo uma vida mundana. Manteve uma longa ligação com Thérèse Le Vasseur, de quem teve cinco filhos que entregou à assistência pública. Em1750, publicou o Discurso sobre as ciências e as artes, rompendo com o otimismo do Século das Luzes.

Em 1755, publicou o Discurso sobre a origem da desigualdade, que lhe deu celebridade e lhe causou problemas: polemizou com Voltaire e outros. Em 1762, publicou o Contrato social, livro que o levou a exilar-se na Suíça, depois na Inglaterra. Finalmente, retorna à França, onde morre.

Dos temas por ele abordados, destaquemos: a) o homem é, por natureza, bom; é a sociedade que o corrompe; quer dizer: a

sociedade não é, por essência, corruptora, mas somente certo tipo de sociedade, isto é, aquela que repousa na afirmação da desigualdade natural dos homens, oprimindo amaioria em proveito de uma minoria privilegiada;

b) o estado de natureza é um estado primordial onde o homem vive feliz, em harmonia com o mundo e na inocência, não havendo necessidade de sociedade: o social não tem sua norma na natureza, mas no homem; a passagem da natureza à sociedade é puramente contingente, é uma causalidade puramente externa que o induz a isso;

c) o homem difere essencialmente dos outros seres naturais e animais por sua perfectibilidade; o problema, para ele, consiste em encontrar uma forma de sociedade na qual possa preservar sua liberdade natural e garantir sua segurança;

d) para solucionar esse problema, Rousseau propõe o contrato social. O soberano é o conjunto dos membros da sociedade. Cada homem é ao mesmo tempo legislador e sujeito.

O Indivíduo obedece à lei que ele mesmo fez. Isso pressupõe uma vontade geral distinta da soma das vontades particulares. Cada homem possui, como indivíduo, uma vontade particular; mas também possui, como cidadão, uma vontade geral que o conduz a querer o bem do conjunto do qual é membro. Cabe à educação formar essa vontade geral.

O regime social ideal é o democrático, mas Rousseau está consciente das dificuldades de tal regime: o governo, mesmo representativo, pode usurpar a soberania: "Um homem livre obedece, mas não serve; tem chefes, e não mestres; obedece às leis mas somente às leis; e é pela força das leis que não obedece aos homens”.

Diderot, Denis (1713-1784)

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O escritor e filósofo francês (nascido em Langres) Denis Diderot, homem de vasta cultura e de extraordinária capacidade de trabalho, notabilizou-se, sobretudo, por ter sido o organizador da Enciclopédia, obra coletiva composta de 20 volumes e tentando congregar a totalidade dos saberes existentes. Trata-se de uma obra prospectiva, isto é, aberta ao progresso indefinido dos conhecimentos humanos. Além de romancista (A religiosa), contista e crítico de arte, Diderot foi também um filósofo original.

Em 1746, escreveu seus Pensamentos filosóficos, nos quais revelava ainda um pensamento deísta, logo abandonado por uma posição panteísta. Pensador político liberal até 1765, assumiu, daí em diante, a causa dos oprimidos.

Assim, tomou partido pela resistência popular à opressão, não somente clerical, mas do regime feudal. Consciente de que "só falta ao povo luzes", tornou-se um revolucionário. Escreveu ainda: Cartas sobre os cegos (1749). Conversação com d'Alembert (1769), Pensamentos sobre a interpretação da natureza (1754), Ensaio sobre os reinos de Cláudio e de Nero (1778).

Adam Smith (1723-1790)

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Filósofo e economista escocês, professor na Universidade de Glasgow, considerado o fundador da economia política liberal em razão de sua obra Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (1776).

Pensador otimista, acreditava que a verdadeira fonte da riqueza reside no trabalho, sendo que a quantidade de trabalho necessária à produção de uma mercadoria determina seu valor de troca.

Para ele, a busca do interesse individual concorre para a felicidade comum da sociedade. porque o sistema econômico não depende da boa vontade, mas das vantagens que todo indivíduo deve esperar de seu trabalho.

Contrariamente aos fisiocratas, Smith afirmava que a divisão internacional do trabalho, a livre troca e a concorrência favorecem a produção. Acreditava em uma "mão invisível" que regularia o funcionamento do mercado econômico, fazendo com que a economia se auto ajustasse.

Teve grande influência em sua época, na prática política e econômica, bem como no desenvolvimento teórico do liberalismo através de pensadores como David Ricardo. Foi amigo de Hume. Marx criticou duramente seu sistema econômico, sobretudo sua tese concernente ao "valor do trabalho". Outra obra importante: Teoria dos sentimentos morais (1759), na qual faz da simpatia o fundamento da moral.

Immanuel Kant (1724-1804)

Um dos filósofos que mais profundamente influenciou a formação da filosofia contemporânea, Kant nasceu em Konigsberg, na Prússia Oriental (Alemanha), atualmente Kaliningrado na Rússia, onde passou toda a sua vida, tendo chegado a reitor da Universidade de Konigsberg, onde foi estudante e professor.

O pensamento de Kant é tradicionalmente dividido em duas fases: a pré-crítica (1755-1780) e a crítica (1781 em diante), que se inicia com a publicação da Crítica da razão pura, sua obra capital.

Na fase pré-crítica o pensamento kantiano está totalmente inserido na tradição do sistema metafísico de Leibniz e Wolff, então dominante nos meios acadêmicos alemães.

Sua principal obra nesse período é a Dissertação de 1770, com a qual tornou-se catedrático da universidade, e que, embora elaborada dentro do quadro conceitual da metafísica tradicional, prenuncia alguns dos temas centrais da fase crítica, como a questão dos limites da razão e da solução dos problemas metafísicos.

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A fase crítica se inicia, nas palavras do próprio Kant, por influência de suas leituras dos empiristas ingleses, sobretudo de Hume. E famosa sua afirmação nos Prolegómenos de que "Hume despertou-me de meu sono dogmático". As objeções céticas de Hume ao racionalismo dogmático e à metafísica especulativa levaram Kant a questionar e reconsiderar essa tradição, ao mesmo tempo procurando defender a possibilidade da ciência e da moral, contra o ceticismo arrasador de Hume.

A filosofia crítica se resume, portanto, a quatro grandes questões: 1) o que podemos saber? 2) o que devemos fazer? 3) o que temos o direito de esperar? e 4) o que é o homem? Em sua Lógica (1800), Kant afirma que "a filosofia ... é por um lado a ciência da

relação entre todo conhecimento e todo uso da razão; e, por outro, do fim último da razão humana, fim este ao qual todos os outros se encontram subordinados e para o qual devem se unificar".

A primeira questão é tratada essencialmente na Crítica da razão pura, em que Kant investiga os limites do emprego da razão no conhecimento, procurando estabelecer as condições de possibilidade do conhecimento e assim distinguir os usos legítimos da razão na produção de conhecimento, dos usos especulativos da razão que, embora inevitáveis, não produzem conhecimento e devem ser distinguidos da ciência.

São duas as fontes do conhecimento humano: a sensibilidade e o entendimento. Através da primeira, os objetos nos são dados; através do segundo, são pensados. Só pela conjugação desses dois elementos é possível a experiência do real.

Por outro lado, nossa experiência da realidade é condicionada por essa estrutura em que se combinam sensibilidade e entendimento, de tal forma que só conhecemos realmente o mundo dos fenômenos, da experiência, dos objetos enquanto se relacionam a nós, sujeitos, e não a realidade em si, tal qual ela é, independentemente de qualquer relação de conhecimento. O método transcendental, que Kant então formula, caracteriza-se precisamente como análise das condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, como reflexão crítica sobre os fundamentos da ciência e da experiência em geral.

A Crítica da razão prática (1788) analisa os fundamentos da lei moral, formulando o famoso princípio do imperativo categórico: "age de tal forma que a norma de tua ação possa ser tomada como lei universal". Trata-se de um princípio formal e universal, estabelecendo que só devemos basear nossa conduta em valores que todos possam adotar, embora não prescrevendo especificamente quais são esses valores. Na Crítica da faculdade de julgar (1790), Kant procura estabelecer as bases objetivas para o juízo estético, em um princípio semelhante ao ético. Na verdade, essa obra vai além da questão da estética, envolvendo todo juízo teleológico e o reconhecimento de um fim ou propósito que daria sentido à natureza. Assim, "a beleza é a forma da finalidade em um objeto, percebida entretanto separadamente da representação de um fim".

Kant escreveu ainda outras obras de grande importância como os Prolegômenos a toda metafisica futura (1783), que pretende ser uma retomada das ideias da Crítica da razão pura de forma mais acessível; os Fundamentos da metafisica dos costumes (1785), que também tratam da questão ética; um tratado sobre a Religião nos limites da simples razão (1793); unia obra política, o Tratado sobre a paz perpétua (1795); a Antropologia de um ponto de vista pragmático (1798); a Lógica (1800); além de vários outros textos dentre os quais se destacam "A ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita" (1784), considerado como origem da filosofia alemã da história; e "O que

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significa o Iluminismo?" (1783), em que analisa o racionalismo iluminista e seu projeto filosófico.

Questões01 – “Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da eqüidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.”(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.b) a origem do governo como uma propriedade do rei.c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.

02 – Em 4 de julho de 1776, as treze colônias que vieram inicialmente a constituir os Estados Unidos da América (EUA) declaravam sua independência e justificavam a ruptura do Pacto Colonial. Em palavras profundamente subversivas para a época, afirmavam a igualdade dos homens e apregoavam como seus direitos inalienáveis: o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Afirmavam que o poder dos governantes, aos quais cabia a defesa daqueles direitos, derivava dos governados. Esses conceitos revolucionários que ecoavam o Iluminismo foram retomados com maior vigor e amplitude treze anos mais tarde, em 1789, na França.

Emília Viotti da Costa. Apresentação da coleção. In: Wladimir Pomar. Revolução Chinesa. São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações)).

Considerando o texto acima, acerca da independência dos EUA e da Revolução Francesa, assinale a opção correta.

a) A independência dos EUA e a Revolução Francesa integravam o mesmo contexto histórico, mas se baseavam em princípios e ideais opostos.

b) O processo revolucionário francês identificou-se com o movimento de independência norte-americana no apoio ao absolutismo esclarecido.

c) Tanto nos EUA quanto na França, as teses iluministas sustentavam a luta pelo reconhecimento dos direitos considerados essenciais à dignidade

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humana.

d) Por ter sido pioneira, a Revolução Francesa exerceu forte influência no desencadeamento da independência norte-americana.

e) Ao romper o Pacto Colonial, a Revolução Francesa abriu o caminho para as independências das colônias ibéricas situadas na América.

03 - “Classificar, delinear, dividir, sistematizar, criar um mapa mundi do saber. Esta era a ideia dos iluministas Diderot e D’Alambert: ordenar o mundo em categorias em uma enciclopédia com 17 volumes de texto. O projeto enciclopedista talvez seja a influência mais visível do iluminismo em nosso cotidiano. A escola, a divisão do conhecimento em disciplinas específicas, os livros didáticos, os telejornais revelam claramente essa busca classificatória. A Enciclopédia iniciava com um quadro esquemático do conhecimento humano, uma permanência que perpassa desde organogramas de empresas até as classificações da biologia.”

(DARNTON, Robert – O Grande Massacre de Gatos. RJ: Graal, 1986, p. 272-273)

Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a(s) afirmativa(s) correta(s) a respeito do Iluminismo.

a) O impulso renovador das ideias iluministas não provocou, na Europa, um grande interesse pelos problemas da vida em sociedade, possibilitando o surgimento de novas ideias e de teorias econômicas.

b) Em seu conjunto, os iluministas sustentavam a tese de que só um Estado ditatorial, controlado pela classe trabalhadora, seria capaz de eliminar a resistência burguesa e abolir as desigualdades entre as classes sociais.

c) O espírito conservador, presente no Iluminismo, conduziu a um profundo estudo da religião, campo onde ocorreu um grande avanço.

d) Originado na Inglaterra, difundido pela França, o Iluminismo pregava a razão, a liberdade do espírito, a livre crítica e a tolerância religiosa, contrapondo-se, assim, ao peso da tradição, do dogmatismo religioso e filosófico e ao absolutismo monárquico.

e) O Iluminismo, em seu conjunto, fazia uma incisiva crítica ao mundo civilizado e propunha um retorno às formas de vida da sociedade primitiva.

04 - O escritor e filósofo francês Voltaire, que viveu no século XVIII, é considerado um dos grandes pensadores do Iluminismo ou Século das Luzes. Ele afirma o seguinte sobre a importância de manter acesa a chama da razão:

“Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda renascem algumas cabeças da hidra do fanatismo. Parece que seu veneno é menos mortífero e que suas goelas são menos devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a ser perseguido. Deve-se permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender um archote onde a inveja e a calúnia reacenderão suas tochas? No que me tange, acredito que a verdade não deve mais se esconder diante dos monstros e que não devemos abster-nos do alimento com medo de sermos envenenados”.

Identifique a opção que melhor expressa esse pensamento de Voltaire.A) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não é um sábio, pois corre um risco desnecessário.

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B) A razão é impotente diante do fanatismo, pois esse sempre se impõe sobre os seres humanos.C) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade deve munir-se da coragem para enfrentar o obscurantismo e o fanatismo.D) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do passado e por isso a razão não precisa mais estar alerta.E) A razão envenena o espírito humano com o fanatismo.

05 - A respeito do iluminismo, movimento filosófico que se difundiu pela Europa ao longo do século XVIII, considere as seguintes afirmativas:

Muitos filósofos franceses, entre eles Montesquieu, Voltaire e Diderot, foram leitores, admiradores e divulgadores da filosofia política produzida pelos ingleses, como John Locke com sua crítica ao absolutismo. Quanto à organização do Estado, os filósofos iluministas não eram contra a monarquia, mas contra as ideias de que o poder monárquico fora constituído pelo direito divino e de que ele não poderia ser submetido a nenhum freio. A descoberta da perspectiva e a valorização de temas religiosos marcaram as expressões artísticas durante o iluminismo. Em Portugal, o pensamento iluminista recebeu grande impulso das descobertas marítimas.

Assinale a alternativa correta.A) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.B) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.C) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.D) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.E) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

06 - “O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.”

(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)

No trecho apresentado, o autora) argumenta que um corpo político existe quando os homens encontram-se associados em estado de igualdade política. b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos políticos e sociais. c) defende a necessidade de os homens se unirem em agregações, em busca de seus direitos políticos. d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se submeterem a um único senhor.

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07 - O homem natural é tudo para si mesmo; é a unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona consigo mesmo ou com seu semelhante. O homem civil é apenas uma unidade fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação com o todo, que é o corpo social. As boas instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e só seja percebido no todo.

ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

A visão de Rousseau em relação à natureza humana, conforme expressa o texto, diz que a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua própria natureza. b) as instituições sociais formam o homem de acordo com a sua essência natural. c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as instituições sociais dependem dele. d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar absoluto. e) as instituições sociais expressam a natureza humana, pois o homem é um ser político.

08 - Para bem compreender o poder político e derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que estado todos os homens se acham naturalmente, sendo este um estado de perfeita liberdade para ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e as pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou depender da vontade de qualquer outro homem.

LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

A partir da leitura do texto acima e de acordo com o pensamento político do autor, assinale a alternativa correta.a) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde com o estado de servidão. b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas independe da conveniência de cada um. c) Segundo Locke, a origem do poder político depende do estado de natureza. d) Segundo Locke, a existência de permissão para agir é compatível com o estado de natureza.

09 - “A soberania não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. (...). Os deputados do povo não são nem podem ser seus representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é lei.”

(ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural, 1973, livro III, cap. XV, p. 108-109)

Rousseau, ao negar que a soberania possa ser representada preconiza como regime político:a) um sistema misto de democracia semidireta, no qual atuariam mecanismos corretivos das distorções da representação política tradicional. b) a constituição de uma República, na qual os deputados teriam uma participação política limitada.

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c) a democracia direta ou participativa, mantida por meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos. d) a democracia indireta, pois as leis seriam elaboradas pelos deputados distritais e aprovadas pelo povo. e) um regime comunista no qual o poder seria extinto, assim como as diferenças entre cidadão e súdito.

10 - Desde a Idade Moderna, quase todas as sociedades enfrentaram o dilema de optar entre duas concepções distintas e opostas sobre o poder. Dois filósofos ingleses Thomas Hobbes e John Locke foram responsáveis por sintetizarem essas concepções. Segundo Thomas Hobbes, o ser humano em seu estado natural é selvagem e cada um é inimigo do outro; mas, quando o ser humano abre mão de sua própria liberdade e a autoridade plena do Estado é estabelecida, passam a predominar a ordem, a paz e a prosperidade. Para John Locke, o ser humano já é dotado em seu estado natural dos direitos de vida, liberdade e felicidade e, assim, a autoridade do Estado só é legítima quando reconhece e respeita esses direitos e, para que isso se concretize, é necessário limitar os poderes do Estado.

Assinale a alternativa que apresenta as duas concepções políticas associadas, respectivamente, a esses filósofos.a) Mercantilismo e Fisiocracia. b) Classicismo e Barroco. c) Absolutismo e Liberalismo. d) Subjetivismo e Objetivismo. e) Nacionalismo e Internacionalismo.