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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Primeiros Habitantes de Moçambique
Os primeiros habitantes de Moçambique foram provavelmente os
Khoisan, que eram caçadores-recolectores. Por volta de 10.000 anos a
costa de Moçambique já tinha o perfil aproximado do que apresenta
hoje em dia: uma costa baixa, cortada por planícies de aluvião e
parcialmente separada do Oceano Índico por um cordão de dunas.
Esta configuração confere à região uma grande fertilidade, ostentando
ainda hoje grandes extensões de savana onde pululam muitos animais
indígenas. Havia portanto condições para a fixação de povos
caçadores-recolectores e até de agricultores.
200/300 – 1886 Período Pré-mercantilista ou Período de Pré-imperialismo
200-300 – Expansão e fixação Bantu: Os Bantu são provenientes das
grandes florestas congolesas. O termo Bantu foi introduzido pelo
investigador alemão Bleek. Os primeiros cereais produzidos pelos Bantu
foram o sorgo e o painço, mas a principal actividade económica dos
Bantu era a agricultura da Mapira e Mexoeira (base da economia). A
ideologia foi sempre importante pois era usada como arma de poder
da classe dominante.
No século IX – os primeiros mercadores árabe-persas chegaram a costa
oriental africana: árabes, indianos, chineses, indonésios e persas. A
chegada destes mercadores contribuiu para o surgimento de novos
grupos linguísticos dos quais podemos destacar: Kote de Angoxe, os
mwani da costa de Cabo Delgado com influência da língua Macua e
Maconde e os Nahara da Ilha de Moçambique. O outro impacto da
penetração mercantil árabe-persa é o surgimento de novas unidades
políticas: reinos Afro-Islâmicos da costa (Xeicados de Quitangonha,
Sancul e Sangage e o Sultanato de Angoxe).
Por exemplo, em 943 n.e. Al- Masudi refere que Bilad as Sufala (a Terra
de Sofala) estava dependente de Sayuna.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
1250 - 1450 – Período de formação e decadência do Estado de
Zimbabwe onde o poder político estava concentrado na capital (o
grande Zimbabwe).
1200 – 1400 – Formação do Estado Marave
Pelos Phiri, provenientes da região de Luba no Congo. Os Marave
produziam tecidos de algodão denominados machila, produziam ainda
enxadas de cabo Curto através dos quais entravam no mercado
internacional. Devido a contradições das interlinhagens a sul do Malawi,
ocorreu uma segunda expansão que deu origem aos Estados satélites,
dos quais podemos destacar Undi, Lundi, Kaphwite e Biwi.
1440/50 – Formação do Estado dos Mwenemutapas.
Formado por grupo de homens vindos do Grande Zimbabwe, dirigidos
por Mutota. O centro do Estado localizava-se entre os rios Luie e Mazoe
e era circundado por uma cintura de Estados vassalos dos quais
podemos destacar: Sedanda, Quissanga, Manica, Barué, Maungwe. No
caso da morte de um Mwenemutapa vivia-se um caos e ele era
substituído por um individuo designado por Nevinga e que era morto
após a eleição do novo Mambo. O ritual de sucessão era dirigido pelos
Swikiros. Os novos Mambos no momento da sua entronização cometiam
o incesto como forma de se distanciarem das suas famílias.
Um culto forte entre os Shonas, era o culto de aos antepassados, os
Muzimus. Os Muzimus mais respeitados eram os da classe dominante.
Pondoro ou Mondoro significa leão.
1498 – Chegada de Vasco da Gama à Moçambique
No contexto da viagem a India, Vasco da Gama atravessou a região
do Cabo e chamou Cabo da Boa Esperança pois, atravessou sem
enfrentar enormes dificuldades. Ainda no contexto desta viagem,
chegou a Inhambane, onde parou para abastecer e acalmar a
tempestade. Chamou terra de boa gente, pois, foi bem recebido.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Quando ia a passar a região do rio Zambeze viu barcos dos árabes a
navegar em alto mar e assim, chamou este rio, rio dos bons sinais.
Ciclo do Ouro (1505 – 1693):
1505 – Marca o início da penetração portuguesa no actual território
moçambicano, pois, neste ano, os portugueses fixaram-se em Sofala.
1507 – Os portugueses fixaram-se na Ilha de Moçambique perante a
presença de Árabes em Sofala, este facto marcava o término do
comércio de ouro vindo dos Mwenemutapas, os árabes desviaram as
rotas comerciais para Angoxe, usando a via fluvial do Zambeze.
Com a fixação ao longo da costa, os portugueses pretendiam controlar
as rotas comerciais.
1511 – Como resposta ao bloqueio comercial dos árabes, os
portugueses atacam Angoxe, incendeiam a povoação mas, os árabes
continuavam a fazer comércio, fugindo o controlo naval dos
portugueses.
1530 – Foi neste contexto que os portugueses decidem penetrar para o
interior e como corolário, Sena e Tete são fundados (1530 e 1537
respectivamente), e em 1544 os portugueses fundam Quelimane e
chegam a Lourenço Marques.
1561 – Padre Gonçalo de Silveira chega ao Zimbabwe do
Mwenemutapa e, o Mwenemutapa reinante é baptizado com o nome
de Dom Sebastião.
1607 – Gatsi Lucere, o Mwenemutapa reinante na altura, concedeu aos
portugueses todas as minas do Estado depois de o terem ajudado em
força militar em Sena a acabar com a insurreição interna comandada
por Matuzianhe.
1627 – O Mwenemutapa Caprazine foi deposto e substituído pelo seu tio
Mavura, pois Caprazine era oposto aos interesses mercantis
portugueses.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
1629 – Mavura é baptizado e cognominado Dom Filipe II e faz amplas
concessões aos portugueses.
1693 – Levante armado dirigido por Changamira Dombo contra a
presença dos portugueses no interior do Estado dos Mwenemutapas.
Este levante está relacionado com o abuso dos mercadores
portugueses em cumprir com as normas, tais como: o pagamento da
curva. Este levante marca o fim do ciclo de ouro e o início do ciclo de
Marfim.
Ciclo de Marfim (1693 – 1750):
1622 – Os Carongas insatisfeitos com a derrota sofrida na batalha com
os Lundi, aliam-se aos portugueses e derrotam os Lundi ficando com o
domínio da rota comercial de Lomué, Angoxe e Macuana (rota Chire e
Mossuril).
Ciclo de Escravos (1750 – 1836/42):
1762 – Um documento anónimo declarava terem saído 1100 escravos
de Moçambique.
1787 – Legalização da venda de armas de fogo, contribuiu para a
generalização da caça aos escravos.
1836 – Primeira abolição da escravatura nas possessões portuguesas.
1840 – Criou-se a ficção legal entre os portugueses e os franceses, que
consistia em atribuir o estatuto de trabalhadores recrutados ou
engajados.
1842 - Segunda abolição da escravatura nas possessões portuguesas
após a abolição oficial do comércio de escravos, os reinos afro-
islâmicos (xeicados e Sultanatos) e os prazos deram continuidade ao
comércio de escravos – comércio clandestino.
No período do comércio de escravos, as duas zonas onde por
excelência se caçavam escravos eram o vale do Zambeze e a faixa
litoral, com o respectivo hinterland do rio Ligonha à baía de Memba.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
A partir da segunda metade do seculo XVIII, Quelimane e Ibo são os
portos dos Escravos.
Prazos da coroa (1600)
Prazos eram propriedades de Terra arrendados pelos portugueses à
outros colonos muitos dos quais de origem indiana por um prazo de três
gerações.
Os prazos surgem como sobreposição a sociedade Shona, com Duas
classes sociais: Senhor prazeiro e os A-Chicundas.
Faziam uso de uma bebida denominada Muavi, para denunciar os
feiticeiros.
Estado de Gaza (1821)
1821 – 1858 – Fundação e governação de Sochangana ou Manicusse;
1858 – Morte de Sochangana, e foi substituído pelo seu filho Maueue
que, hostilizou os seus irmãos mais velhos dos quais quem conseguiu fugir
foi Muzila (primeira guerra de sucessão).
1862 - A capital de Gaza foi transferida para Mossurize por Maueue,
receando ataques pois havia feito muitos inimigos na região.
1884 – Morte de Muzila. É neste contexto que vai ocorrer a segunda
guerra de sucessão entre Gungunhana e Mafemane. A Aristocracia
Nguni mandou matar Mafemane pois, temia Madungaze.
1889 – Gungunhana transfere a capital de regresso para o vale de
Limpopo em Manjacaze, pois, os recursos começavam a escassear em
Mossurize e ainda, pretendiam evitar pressões de ingleses e portugueses
que pretendiam iniciar a mineração de ouro.
O rei de Gaza dirigia cerimónias mágico-religiosas para dar sorte aos
homens que partiam para a guerra (Mbengululu).
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Um dos rituais mais importantes do Estado de Gaza realizava-se em
Fevereiro com o aparecimento dos primeiros frutos, é o Incualla ou
Nkwaya, e ainda chamado por cerimónia nacional das primícias.
Delimitação das fronteiras
1869 – Os portugueses procuraram aliança com o Transvaal e assinaram
em Pretória um tratado que reconhecia a Portugal direitos territoriais até
aos 26 graus e 30 minutos sul, estabelecendo os montes Libombos como
a fronteira de Moçambique e Swazilândia.
1875 – Com a arbitragem do estadista francês Mac-Mahon, delimitou-se
definitivamente a fronteira sul de Moçambique entre os portugueses e
os ingleses.
1886 – Portugal necessitando de apoio dos alemães para fazer frente
aos ingleses na região central de Moçambique, delimitou a fronteira
norte de Moçambique.
1891 – Portugal assinou com a Inglaterra um acordo que fixava as
fronteiras entre Niassalândia, Rodésias e Moçambique (fronteira
ocidental/central).
O conflito luso britânico na região central de Moçambique, enquadra-
se no projecto de unir Moçambique a Angola através do mapa cor-de-
rosa, datado de 1886 e apresentado a camara dos deputados em
Portugal em 1887 pelo ministro português dos negócios estrangeiros,
Henriques Gomes Barros. Este projecto chocava com o projecto dos
ingleses de unir Cabo a Cairo através de uma linha férrea.
Resistência em Moçambique
Sul:
No contexto da resistência, na região sul destaca-se Estado de Gaza. Os
portugueses usaram como pretexto, a disputa na posse de terras em
Angoane onde os chefes Mahazule Nwamatibidjane de Magaia e
Zixaxa respectivamente uniram-se contra os portugueses travando a
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
batalha de Marracuene (Batalha de Guaza Muthine) a 2 de Fevereiro
de 1895.
Os dois líderes derrotados refugiam-se no Estado de Gaza e,
Ngungunhane recusa ao pedido dos portugueses de entregar os dois
exilados. Os portugueses usaram este facto como pretexto para justificar
as operações militares contra o Estado de Gaza.
Batalhas Subsequentes:
Batalha de Magul - (8 de Setembro de 1895) – onde se encontrava
refugiado o Nwamatibidjane.
Em Outubro de 1895 esquadrilha de embarcações penetrou pelo
Limpopo submetendo Xai-Xai e Bilene. Ngungunhane foi preso e
deportado para Açores por Mouzinho de Albuquerque em
Mapulanguene.
Batalha de Coolela (7 de Novembro 1985) – teve ocorrência numa
região próxima a Manjacaze.
21 de Fevereiro de 1897 – Maguiguana Cossa continuou com a
resistência travando a batalha de Macotene, onde foi preso e morto
por Mouzinho de Albuquerque.
Centro:
Na região centro destacou-se a resistência Barué em 1917, esta que é
considerada a maior resistência em Moçambique contra a penetração
imperialista.
As resistências em Moçambique terminaram após a primeira guerra
mundial. O último foco de resistência foi no planalto dos Macondes.
Após a ocupação efectiva, o Estado colonial português montou a sua
máquina administrativa assente na violência, opressão, através de
sipaios, administradores e por vezes chefes tradicionais.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
1894 – Um decreto substituía a pena de prisão pela pena de trabalho
correcional com duração de 15 dias a um (1) ano.
1895 – António Enes foi nomeado comissário régio de Moçambique e
criou a circunscrição indígena, inovação posta em prática pela
primeira vez no então distrito de Lourenço Marques. Circunscrição
indígena é uma unidade administrativa onde o colonizador substitui o
poder tradicional, exerce as funções de administrados e de Juiz.
1899 – Publicação do código de trabalho rural. Segundo este código,
todos indígenas das províncias ultramarinas portuguesas são sujeitos a
obrigações morais e legais, de procurar adquirir pelo trabalho os meios
que lhes faltam, de substituir e de melhorar a condição social.
O autor deste código foi António Enes, aquele de quem Marcelo
Caetano disse ser pedra basilar de todo o estudo da moderna
administração.
1907 – Aires de Ornelas, responsável da pasta da marinha e discípulo de
António Enes, ordenou a publicação da reforma administrativa da
Moçambique.
1910 – Estabelecimento da República portuguesa.
1911 – Instituiu-se o cargo de ministro das colonias e dessa forma se
abandonava a expressão províncias ultramarinas e proclama-se a
descentralização administrativa pela constituição política republicana.
No contexto da ocupação efectiva, Portugal cedeu as actuais
províncias de Niassa e cabo Delgado a Companhia de Niassa, e de
igual modo, Manica e Sofala para a administração da Companhia de
Moçambique e as de Tete e Zambézia foram submetidas a gestão
conjunta do Estado português e as companhias arrendatárias. As
províncias de Gaza, Inhambane, Maputo e Nampula ficaram sob
administração directa do Estado colonial Português.
Companhias de Niassa e Moçambique (majestáticas ou
Subarrendatárias);
Companhia de Zambeze (Arrendatária).
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Companhia de Niassa (1891)
Surge do decreto de Setembro realizado entre Portugal e a Grã-
Bretanha na perspectiva de traçar novos limites das fronteiras
moçambicanas. Ocupava uma área de 160 000 km2, ocupando as
actuais províncias de Niassa e Cabo Delgado. Esta companhia foi
concedida por carta majestática. O contrato era de 35 anos mas
declinou em 1929, passando para o Estado colonial portuguesa depois
das crises financeiras.
No contexto da exploração desta zona surgiram várias empresas foram
desistindo ao concluir que não havia lucros na exploração desta zona:
1897 – 1908 – Formam-se três grupos financeiros: 1897 – Ibo Syndicate,
com maior parte das acções; 1899 – Ibo Investiment Trust; 1908 Nyassa
Cosolidated que passou a recrutar mão-de-obra para a África do sul.
Na cobrança de impostos, a companhia era auxiliada por chefes Afro-
islâmicos que arrendavam 5% do montante recebido.
Companhia de Moçambique – surge de um processo que inicia entre:
1878 – 1888.
Em 1888 surgia a primeira companhia de Moçambique, fundada por
Paiva de Andrade e Oliveira Martins.
1891 – Torna-se Majestática, ocupando as actuais províncias de Manica
e Sofala, uma extensão de 134 822 km2.
1892 – Começava a funcionar como companhia majestática e, neste
período o numerário que circulava na companhia era: Rupia da India
inglesa; Pesos Maria Teresa; Patacas mexicanas; Shillings e moedas
portuguesas de cobre e prata.
Face a situação financeira do território, estas moedas foram substituídas
e adoptaram o uso de moedas de prata e ouro portugueses para os
pagamentos, admitindo-se as de cobre como moedas subsidiárias.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Companhias Arrendatárias
1892 – Companhia do Zambeze
1898 – Companhia do Borror
1904 – Sociedade de Madal
1906 – Empresa Agrícola de Lugela
1920 – Sena Sugar State
O Sul e o Trabalho Migratório
1850 – Os primeiros moçambicanos foram trabalhar nas plantações de
açúcar no Natal.
1867 – Descoberta das minas de diamante de Kimberley. A emigração
assumiu um caracter mais intenso.
1886 – Descoberta das minas de ouro em Witwatersrand.
1889 – Promulgação do primeiro regulamento para o engajamento de
indígenas para a república do Transvaal. Surgia neste contexto, a
WENELA que passa a ter monopólio do recrutamento de mão-de-obra
para as minas.
1899 – 1902 – Guerra anglo-bóer, ou a paralisação da indústria mineira e
ao repatriamento de milhares de milhares de moçambicanos.
1901 – Assinou-se o Modus Vivendi, numa fase em que o Transvaal
precisava absolutamente de reabrir as minas. Os britânicos aceitaram
respeitar os compromissos existentes sobre as tarifas ferroviárias, era já à
modificação do acordo de 1897, que tinha ignorado esta questão.
1909 – Assinatura da Primeira Convenção entre o Estado colonial
português e o Transvaal.
Decisões:
- Monopólio do recrutamento para WENELA;
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
- Portugal desejava pagamento deferido mas ele, feito sob uma base
voluntária;
- Os produtos agrícolas e industriais de um outro lado da fronteira
pudessem circular para ambos países sem taxas aduaneiras;
- O contrato passou a ser de 12 meses;
- Portugal desejava que 50 a 55% das cargas de Witwatersrand
passassem pelo porto e caminhos-de-ferro de Lourenço Marques.
1913 – O governo da União, evocando razões de saúde dos
moçambicanos recrutados a norte do paralelo 22 graus sul, proibiu a
WENELA de engajar trabalhadores daquela zona. Esta decisão foi
também tomada pela administração portuguesa.
Para Moçambique, o paralelo 22 graus visou objectivos bem definidos:
satisfazer as necessidades das plantações do centro e do norte do país
que eram dominados pelo capital inglês.
1928 – Segunda Convenção
Decisões:
- Pagamento deferido passa a ser obrigatório;
- A convenção reconfirmou a decisão de 1913 que proibia a WENELA
de recrutamento para alem do paralelo 22 graus sul.
- 50 - 55% das exportações e importações de Witwatersrand deviam
transitar por Lourenço Marques.
1934 – Revisão da Convenção de 1928
Em relação aos portos e caminhos-de-ferro, a câmara das minas,
pretendia reduzir as cargas a passar por esta zona 47,5% e como
recompensa passava a deixar de existir o máximo. Os negociadores
portugueses aceitaram a propostas pois, sabiam o valor estratégico do
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
porto de Lourenço Marques para os interesses do Transvaal.
Sobre a mao-de-obra ficou estabelecido um mínimo de 65 000
trabalhadores a recrutar anualmente.
Acordo de 1940
Este acordo elevava o máximo de trabalhadores a recrutar de 80 000
para 100 000 e a recompensa para o Estado colonial português, a união
comprometeu-se a fazer o pagamento deferido em ouro sempre que os
portugueses assim o quisessem. O mínimo de trabalhadores a recrutar
manteve-se em 65 000 trabalhadores a recrutar anualmente.
O Entendimento de 1952
O segundo entendimento foi assinado em Lourenço Marques entre as
autoridades coloniais portuguesas e a WENELA, regulando as condições
de emprego de moçambicanos nas novas minas de ouro do Estado
livre de Orange (Orange Free State) e ao mesmo tempo regularizando a
situação dos tropicais moçambicanos nas minas de Transvaal.
Decisões:
Todos os indígenas da província de Moçambique encontrados nas
minas de Orange Free State serão registados e serão empregados nos
termos da convenção, mas não contados no referido número total.
Os indígenas portugueses encontrados na união poderão ser dirigidos
para as minas do Estado Livre de Orange nos termos do parágrafo
segundo, mas todos recrutados na colonia serão destinados
unicamente as minas do Transvaal.
1961 – A união sul-africana proclama a república e no mesmo ano, a
África do sul foi obrigada a abandonar a comunidade das nações
britânicas (Commonwealth), permanecendo politicamente mais
isolada, o que fez reforçar as relações com os colonialistas portugueses.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Acordo de 1964
Incluía uma cláusula sobre o pagamento de parte de salário dos
mineiros moçambicanos em ouro. A cláusula de ouro reforçou e
ampliou em grande medida as vantagens que o sistema de
pagamento diferido pois conferia a administração colonial e burguesia
portuguesa.
A partir de 1964, os trabalhadores só podiam ser empregados com o
conhecimento do instituto de trabalho que era responsável pelos
negócios indígenas criado em 1961.
1965 – Queda do monopólio da WENELA e estabelecimento de novas
empresas recrutadoras: ATLAS, ALGOS e CAMON.
Nacionalismo Económico de Salazar (1930 – 1962/4)
Maio de 1915 – Portugal alia-se a Inglaterra, França e Rússia na guerra
contra a Alemanha. Devido a condição financeira da Portugal, esta
guerra vai provocar uma crise económica que se fez sentir através da
desvalorização da moeda.
26 de Maio de 1926 – deu-se o primeiro golpe de Estado em Portugal,
dirigido pelo general Gomes da Costa. Foi apoiado de imediato por
vários sectores da burguesia portuguesa.
1928 – Salazar torna-se ministro das finanças;
1930 – Salazar torna-se ministro das colonias e é promulgado o Acto
Colonial e a Carta Orgânica do império colonial português. Que
desenvolveram rigorosamente os princípios já delineados em 1926. É
neste contexto que Moçambique deixa de ser autónomo e passa a
chamar-se colonia, verifica-se a centralização dos poderes legislativos e
financeiros nas mãos do ministro das colonias.
1932 – Salazar torna-se presidente do conselho (Primeiro Ministro).
1933 - Reforma administrativa ultramarina. Com esta reforma a
administração ficou sob mandato efectivo de Lisboa, assegurando-se
assim o interesse da burguesia portuguesa.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
1938 – Criação da JEAC (Junta de exportação do algodão colonial)
com sede em Lisboa.
1940 – Chegou a Moçambique o novo governador-geral José Tristão de
Bettencourt com objectivo de dinamizar a economia de Moçambique
para beneficiar do mercado europeu no contexto da Segunda Guerra
Mundial.
Concordata e Acordo Missionário
7 de Maio de 1940 – foi assinado entre o Estado português e o Vaticano
a Concordata e o Acordo Missionário, consagrando desta forma o
papel da Igreja como a grande força inspiradora e justificadora do
regime colonial fascista português. O acordo missionário seria depois
regulamentado pelo estatuto missionário de 1941. Neste contexto o
regime transferiu a responsabilidade do ensino rudimental oficial para
igreja católica estabelecendo ainda, um rigoroso controlo sobre toda a
actividade da igreja.
1942 – Foi criada a divisão do fomento orizícola que tinha poderes
semelhantes aos da JEAC.
Outubro de 1942 – Bettencourt introduziu a circular 818/D7. Esta circular
informava que não era suficiente a população rural pagar imposto e a
contribuição nas obras públicas. Determinou a partir de então que
cada homem devia provar que ganhava dinheiro através de um
emprego ou através da venda de produtos agrícolas.
As autoridades deviam registar esta informação em folhas especiais e
na caderneta de identificação. A circular tinha como objectivo resolver
o problema de falta de mão-de-obra nas plantações da zona norte.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
1942 – O imposto de palhota foi substituído pelo imposto de captação
(Mussoco).
As mulheres em geral pagavam o chamado imposto reduzido.
1953 – 1958 – Primeiro Plano de Fomento
Este plano, previa investimentos na ordem de 1 848 500 contos dos
quais, vieram a ser aplicados 1 661 284, assim distribuídos:
63% - Caminhos-de-ferro, portos e transportes aéreos;
34% - Aproveitamento de recursos e povoamento;
3% - Diversos.
O primeiro plano de fomento não previa verbas nem para investigação,
nem para investigação, nem para saúde pública e ensino. A principal
obra deste plano foi a construção quase 300 km de linha férrea de
Lourenço Marques a Malvérnia na fronteira com a então Rodésia do Sul.
Esta obra ficou concluída em 1956 e nos 3 anos seguintes as receitas dos
caminhos-de-ferro e portos de Moçambique aumentaram em 25%.
Colonatos:
Colonato de Limpopo – 1954
Colonato de Revue e Sussundenga na província de Manica;
Colonato da Nova Madeira próximo de Lichinga em Niassa na década
60.
Os colonos estalados estavam teoricamente proibidos de usar mão-de-
obra estranha as suas famílias, tinham de entregar 1/6 do rendimento
anual a coroa portuguesa até cobrirem os custos da sua estalação. Só
depois disto é que adquiriam o título de propriedade.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
1959 – 1964 – Segundo Plano de Fomento
Neste plano foi destinada uma pequena verba para a instrução saúde
e melhoramento dos locais (abastecimento de água).
Nacionalismo em Moçambique
Eduardo Mondlane
Nascido em 1920, frequentou a escola secundária de Lemana
pertencente a Missão Suíça no norte do Transvaal entre 1944 – 1947.
Em 1948 – Passou por uma escola de trabalho social em Johannesburg,
tendo regressado a Moçambique no mesmo ano.
Em 1949 – Formou em Lourenço Marques com cerca de 20 membros, o
Núcleo dos Estudantes Secundários de Moçambique (NESAM). No
mesmo ano, ganha bolsa do concelho cristão de Moçambique para
estudar ciências sociais na Universidade de Witswatersrand.
Contudo, em Agosto do mesmo ano, foi informado da sua expulsão
pelo governo sul-africano em cumprimento das novas medidas
disciplinarias.
1950 – Eduardo Mondlane e Noémia de Sousa partem para Portugal.
1951 – Mondlane partiu para os EUA onde se doutora em 1957.
16 de Junho de 1960 – Massacre de Moeda, mais de 500 pessoas foram
abatidas pelos portugueses. Este ano foi também ano do Massacre de
Sharperville a 21 de Março na África do Sul e do banimento do ANC,
que marcou o fim de qualquer possibilidade de luta pacífica.
Formação de Movimentos Nacionalistas
1960 – UDENAMO – Em Salisbúria (actual Harare) Zimbabwe
1961 – MANU – No Quénia.
1961 – UNAMI – No Malawi
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
1961 – Eduardo Mondlane visita Moçambique e quando regressa
decide deixar as Nações Unidas para entrar abertamente na luta de
libertação.
1961 – Realização da conferência das organizações Nacionalistas dos
territórios portugueses (CONCP) em Casa Branca (Marrocos), na qual
tomou a UDENAMO, representada por Marcelino dos Santos que foi
eleito secretário-geral.
Formação da FRELIMO
25 de Junho de 1962 – Mondlane conseguiu unir os três movimentos
existentes em Dar-Es-Salam e foi criada a FRELIMO e fizeram
preparativos para a realização de uma conferência no mês de
Setembro seguinte em que se definiram os fins da frente e elaboraria um
programa de acção.
23 – 28 de Setembro de 1962 – Realização do Primeiro Congresso da
FRELIMO dirigido por Eduardo Mondlane em Dar-Es-Salam.
Janeiro de 1963 – O primeiro grupo de jovens partia para Argélia
(Samora Machel, Alberto Chipande, Filipe Samuel Magaia e Sebastião
Mabote). 25 de Setembro de 1964 – Inicio da luta armada de libertação
nacional em Chai, na província de Cabo Delgado. O primeiro combate
foi dirigido por Alberto Chipande.
20 – 25 de Julho de 1968 – Realização do Segundo Congresso em
Matchedje na província de Niassa. Um dos principais problemas a
resolver era o comportamento dos chefes das zonas libertadas de Cabo
Delgado.
Kavandame não concordou com nenhuma das decisões do II
congresso.
22 de Dezembro de 1968 – Paulo Samuel Kancomba é assassinado
quando ia passar da Tanzânia para Cabo Delgado.
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HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Janeiro de 1969 – Kavandame é expulso da FRELIMO e pouco tempo
depois entregou-se aos portugueses.
1968 – Morte de Salazar que foi substituído por Marcelo Caetano que
deu continuidade a política Fascista até ao II golpe de Estado.
3 de Fevereiro de 1969 – ocorreu o assassinato de Eduardo Mondlane
em Dar-Es-Salam.
Maio de 1970 – O comité da FRELIMO elegeu Samora Machel para
presidente e Marcelino dos Santos para vice-presidente.
Maio – Agosto de 1970 – Operação No-Górdio dirigida por Kaulza de
Arriaga, chefe máximo do exército colonial português em Moçambique.
Esta operação contou com o apoio da NATO.
25 Abril de 1974 – Segundo Golpe de Estado em Portugal dirigido pelo
general António de Spínola.
7 de Setembro de 1974 – Acordos de Lusaka.
25 de Junho de 1975 – independência Nacional.
1977 - Terceiro Congresso da FRELIMO
Caracterizado através de um plano de 10 anos – PPI (Plano Perspectivo
Indicativo), com objectivo de acabar com o subdesenvolvimento num
período de 10 anos. Foi neste congresso que se verifica uma
centralização económica e politica. Todas as decisões tomadas a nível
central. Estamos no período em que Moçambique procurava seguir a
política socialista.
1983 – Durante o quarto congresso, os participantes dirigiram críticas a
políticas de desenvolvimento seguidas e, no mesmo ano o governo
formulou um programa de acção para contrariar esta tendência
económica decrescente.
19
HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
Acordo de Incomáti
16 de Março de 1984 – Acordo de Incomáti, tratado de não agressão
entre Moçambique e a Africa do Sul, estiveram presentes: Samora
Machel e Peter Botha de Moçambique Africa do Sul respectivamente.
Neste tratado, Pretória comprometeu-se a deixar de prestar ajuda a
RENAMO.
19 de Outubro de 1986 – Em Mbuzine morria Samora Machel.
Janeiro de 1887 – Moçambique apresenta o conteúdo do PRE (Plano de
Reabilitação Económica, e no mesmo ano chegou a um acordo com
as instituições de Bretton Woods (o Banco Mundial e o Fundo Monetário
Internacional) sobre a forma final do programa.
1990 – Moçambique no encontro de Paris apresentou um programa
mais alargado, com as dimensões sociais e de reabilitação económica
(PRES) – envolvia privatizações, critérios de rentabilidade, canalização
de esferas para agricultura privada e liberalização do comércio.
Moçambique a Nível Regional
1977 – Moçambique torna-se membro dos países da Linha da Frente
(Moçambique, Angola, Tanzânia, Zimbabwe e Zâmbia e Lesotho
Swazilândia e Malawi).
1 de Abril de 1980 – Fundação da SADCC que se transformou em SADC
em Agosto de 1992 Windhoek na Namíbia.
1994 – Com o fim do Apartheid, a África do Sul entra na SADC.
20
HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SUL
HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SUL
A África do Sul foi “descoberta” por Bartolomeu Dias que, em 1488,
aportou à Ilha Robben, ao largo da atual Cidade do Cabo, na sua
abortada viagem para a Índia. A ilha foi, durante muitos anos, utilizada
por navegadores portugueses, ingleses e holandeses como posto de
reabastecimento. Nessa época, a região era habitada por povos
Khoisan, Xhosa, Zulu entre outros; em 1591 um grupo de Khoi-khoi,
cansado das práticas comerciais desleais dos europeus, atacou a Ilha
Robben.
Colonização Holandesa (1652)
Em 6 de Abril de 1652, Jan Van Riebeeck - Da Companhia Holandesa
das Índias Orientais, promoveu a colonização da região e fundou a
Cidade do Cabo no extremo sul do continente, no sopé da Montanha
da Mesa. Durante os séculos XVII e XVIII, a Colônia do Cabo viu chegar
e instalarem-se calvinistas, principalmente dos Países Baixos, mas
também da Alemanha, França, Escócia e doutros lugares da Europa.
Estes calvinistas não conseguiram "disciplinar" os khoisan para as suas
atividades agrícolas e quase os exterminaram nas guerras da fronteira
do Cabo, também conhecidas como Guerras dos Xhosa ou Guerras dos
Cafres. Então, começaram a importar escravos da Indonésia, de
Madagáscar e da Índia. Os descendentes destes escravos e dos
colonos passaram a ser mais tarde conhecidos como "malaios do Cabo"
("Cape Coloureds" ou "Cape Malays"), chegando a constituir cerca de
50% da população da província do Cabo Ocidental.
Colonização Britânica (1795)
Os ingleses ocuparam a Cidade do Cabo em 1795, durante a Guerra
Anglo-Holandesa. Depois de breve período de domínio holandês entre
1803 e 1806, a cidade tornou-se capital da colónia britânica do Cabo.
1857 - O Transvaal autoproclamou-se República Sul-Africana;
1880-1881 – Primeira Guerra Anglo-Bóer, vencida pelos bóeres;
1899 -1902 – Segunda guerra Anglo- Bóer, vencida pelos ingleses.
21
HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SUL
31 de Maio de 1902, o Tratado de Vereeniging – que especificava que o
governo britânico era soberano nas repúblicas Bóeres e estes por sua
vez assumiriam a dívida de guerra de três milhões de libras dos governos
afrikaners.
A União Sul-Africana (31 de Maio de 1910)
Depois de quatro anos de negociações, a União Sul-Africana foi criada
a 31 de Maio de 1910, incluindo a Colónia do Cabo, a Colónia de Natal,
a "Colónia do Rio Orange" (a república boer do "Estado Livre de
Orange" tinha sido assim renomeada quando da sua tomada pelos
britânicos durante a Segunda Guerra Boer), e o Transvaal, Boer, com o
estatuto de Domínio do Império Britânico. Este foi o primeiro passo para
a independência da África do Sul que, no entanto, só teve lugar 51
anos mais tarde.
1913 - Lei da Terra ("Natives Land Act") dividiu a África do Sul em áreas
onde só negros ou brancos podiam ter a posse da terra: os negros, que
constituíam dois terços da população, ficaram com direito a 7,5 % da
terra, enquanto os brancos, que eram apenas um quinto da população,
ficaram com direito a 92,5% da terra.
O Apartheid (1948 – 1994)
Apartheid ou (separação) foi um regime de segregação racial
adoptado de 1948 a 1994 pelos sucessivos governos do Partido Nacional
na África do Sul, no qual os direitos da grande maioria dos habitantes
foram cerceados pelo governo formado pela minoria branca.
A segregação racial na África do Sul teve início ainda no período
colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as
eleições gerais de 1948.
Eleições de 1948
O Partido Reunido Nacional, o principal partido político do nacionalismo
Afrikaner, venceu as eleições gerais de 1948 sob a liderança de Daniel
22
HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SUL
François Malan, clérico da Igreja Reformada Holandesa. Uma das
principais promessas de campanha de Malan era aprofundar a
legislação de segregação racial. O Partido Reunido Nacional derrotou
por pequena margem o Partido Unido de Jan Smuts – que havia
apoiado a noção vaga de lenta integração racial – e formou um
governo de coligação com outro partido defensor do nacionalismo
africâner, o Partido Afrikaner.
Malan instituiu o regime do apartheid, e os dois partidos logo se
fundiriam para formar o Partido Nacional.
Medidas Estabelecidas pelo Regime do Apartheid
1949 – A Lei de Proibição dos Casamentos Mistos - tornou ilegal (crime) o
casamento entre pessoas de raças diferentes.
1950 – A Lei da Imoralidade, tornou crime relações sexuais entre pessoas
de raças diferentes, é também aprovada a lei de supressão comunista
que baniu o partido comunista sul-africano.
1953 – A Lei de Reserva dos Benefícios Sociais determinou que locais
públicos poderiam ser reservados para determinada raça, criando,
entre outras coisas, praias, autocarros, hospitais, escolas e universidades
segregados.
1956 – Formalizada a descriminação racial no trabalho.
1959 – São criadas universidades específicas para os negros, mistos e
indianos.
1970 – A partir dos anos 70 são criadas 10 pátrias tribais (para albergar
os negros) autónomas chamadas Bantustões (Ciskei, Transkei,
Boputatsana, etc), ao mesmo tempo que os negros eram privados da
cidadania sul-africana.
Resistência
1912 – Fundação do ANC/ African National Congress (Congresso
Nacional Africano).
23
HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SUL
1960 - O então líder do ANC Albert Lutuli recebeu o Prêmio Nobel da Paz
como chefe do movimento de resistência pacífica ao regime de
apartheid.
21 Março 1960 - O protesto contra as Leis do Livre-trânsito, organizado
pelo Congresso Pan-Africano, acabou descambando na tragédia de
Sharpeville.
1960 – Banimento do ANC e do PAC.
Nelson Mandela, alegando que o movimento de resistência pacífica
falhara, afirmou que havia chegado o momento do ANC passar a
adotar a sabotagem. Na clandestinidade, criou o Umkhonto we Sizwe
("Lanceiro da Nação"), ala militar do ANC Apesar de suas unidades
terem detonado bombas nos edifícios do governo nos anos seguintes.
1963 – Nelson Mandela, é acusado de traição e condenado a prisão
perpétua, tendo sido levado à uma prisão na Ilha de Robben ao largo
da Cidade do Cabo.
1974 – O governo do apartheid, aprova uma lei que obriga o uso do
Africâner no ensino secundário nas escolas dos negros.
30 de abril de 1976 - crianças da escola primária Orlando West no
Soweto entraram em greve, recusando-se a ir às aulas.
16 Junho 1976 - Os estudantes organizaram um protesto em massa, que
acabou com violência - a polícia respondendo com balas às pedras
jogadas pelas crianças. O incidente disparou uma onda de violência
generalizada por toda a África do Sul, custando centenas de vidas.
1985 a 1988 - Foram os anos mais violentos do regime quando o governo
P. W. Botha começou uma campanha para eliminar os opositores.
1989 – F. W. de Klerk sucedeu a Botha como presidente.
2 de Fevereiro de 1990 - Na abertura do parlamento, de Klerk declarou
que o apartheid havia fracassado e que as proibições aos partidos
políticos, incluindo o ANC, seriam retiradas. Nelson Mandela foi libertado
24
HISTÓRIA DA ÁFRICA DO SUL
da prisão. De Klerk seguiu abolindo todas as leis remanescentes que
apoiavam o Apartheid.
10 de Maio de 1994 - Nelson Mandela fez o juramento como presidente
da África do Sul diante de uma eufórica multidão.
Foto: Nelson Mandela (Madiba) – o primeiro presidente negro da África do Sul
25
FEDERAÇÃO DA RODÉSIA E NIASSALÂNDIA
FEDERAÇÃO DA RODÉSIA E NIASSALÂNDIA (1953)
1888 – A Rodésia original surgiu em 1888 quando Cecil Rhodes, através
de sua empresa - British South Africa Company (BSAC), conseguiu
direitos de mineração na região. A concessão foi dada através do
Tratado Moffat e Concessão Rudd, assinado com o rei Lobengula dos
Ndebele.
1910 – A Rodésia se separou em dois protetorados, a Rodésia do Norte
(actual Zâmbia) e Rodésia do Sul (actual Zimbabwe).
1953 – As duas Rodésias e o protetorado da Niassalândia (actual
Malawi) formaram uma federação chamada Federação da Rodésia e
Niassalândia.
1963 – Chega ao fim a federação e os três Estados voltaram a ser
distintos entre si.
1965 – A Rodésia do Sul declarou unilateralmente a sua independência,
voltando a ser conhecida novamente pelo nome de Rodésia ou
República da Rodésia. Esta ficou conhecida como ”Declaração
Unilateral de Independência (DUI) ”, visto que, não colhia
consentimento da metrópole, a Grã-Bretanha.
1979 – O Reino Unido reassumiu o controlo por um pequeno espaço de
tempo, estabelecendo a dominação da Zimbábue-Rodésia (após uma
longa guerra civil contra os movimentos ZIPRA e ZANLA e assinatura do
Acordo de Lancaster House).
1980 – Finalmente o Estado alcançou a sua independência definitiva e
passou a ser o Zimbábue.
26
REVOLUÇÃO GLORIOSA INGLESA
REVOLUÇÃO GLORIOSA INGLESA (1688-1689)
Carlos I, filho e sucessor de Jaime I, subiu ao trono em 1625. Seu reinado,
do mesmo modo que o de seu pai, caracterizou-se pelo absolutismo e
pelas perseguições religiosas.
Em 1642, os parlamentares e os burgueses iniciaram uma guerra contra
o rei. Liderados por Oliver Cromwell derrotaram Carlos I. Cromwell
assumiu o poder com o título de “Lorde Protetor “e governou de 1649 a
1658.
Em 1651, Cromwell lançou o Acto de Navegação, que ilimitava a
entrada e saída de mercadorias da Inglaterra aos navios ingleses e aos
navios dos países produtores ou consumidores; com isso, prejudicava o
comércio intermediário praticado pelos holandeses.
A partir de então, a Inglaterra passou a ser a grande potência marítima
mundial, posição que manteve até o fim da Primeira Guerra Mundial, já
no século XX.
Dois anos após a morte de Cromwell, ocorrida em 1658, o governo
voltou às mãos dos Stuart. Com isso, a Inglaterra teve mais dois
soberanos de tendências absolutistas: Carlos II, que reinou de 1660 a
1685 e Jaime II, de 1685 a 1688. Além de Ter tendências absolutistas,
Jaime II era católico declarado. E seria substituído no trono pelo filho
que tivera com sua segunda esposa, também católica.
O Parlamento, temendo a volta ao catolicismo e ao absolutismo, uniu-
se e resolveu “convidar” o príncipe holandês Guilherme d’Orange,
casado com Maria Stuart, filha mais velha de Jaime II, a invadir a
Inglaterra e depor o rei, “a fim de restabelecer a liberdade e proteger a
religião protestante “.
Em novembro de 1688, Guilherme desembarcou na Inglaterra com um
exército de 14.000 homens, marchou sobre Londres e ocupou-a sem
disparar um só tiro. Jaime II fugiu para a França, e Guilherme foi
coroado rei com nome de Guilherme III. Essa revolução, ocorrida sem
derramamento de sangue, denominou-se Revolução Gloriosa.
27
REVOLUÇÃO GLORIOSA INGLESA
O novo rei, ao ser coroado, teve de jurar a Declaração de Direitos, que
assegurava ao Parlamento o direito de aprovar ou rejeitar impostos,
garantia a liberdade individual e a propriedade privada. A Declaração
de Direitos estabelecia também o princípio da divisão de poderes.
Dinastia Tudor
Chega ao pode através de Henrique VIII em 1509, tinha como
características o facto de ser uma dinastia de religião protestante
(Anglicanismo), respeitava a liberdade religiosa, não era absolutista na
medida que respeitava o parlamento.
Os três principais reis desta dinastia foram: Henrique VII, Henrique VIII e
Elizabeth I.
Dinastia Stuart
Esta dinastia chega ao trono em 1625 pelo rei Carlos I era uma dinastia
Absolutista, pertencia a religião católica e com uma ideologia de
perseguição religiosa, aumentou drasticamente os impostos sem
consultar o parlamento, o que causou o desencadeamento de uma
grande tensão social. Os principais reis desta dinastia foram: Jaime I,
Carlos I, Carlos II e Jaime II.
Foto: Jaime II (Dinastia Stuart) Foto: Guilherme III (responsável pela revolução)
28
REVOLUÇÃO AMERICANA
REVOLUÇÃO AMERICANA (04 Julho 1776 – 1783)
Revolução Americana de 1776 – Teve suas raízes na assinatura do
Tratado de Paris - 1763, que finalizou a Guerra dos Sete Anos. Ao final do
conflito, o território do Canada foi incorporado pela Inglaterra. Neste
contexto, as treze colonias representadas por Massachusetts, Rhode
Island, Connecticut, New Hampshire, Nova Jersey, Nova Iorque,
Pensilvânia, Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina
do Sul e Geórgia começaram a ter seguidos e crescentes conflitos com
a metrópole inglesa, pois, devido aos enormes gastos com a guerra, a
metrópole aumentou a exploração sobre essas áreas.
5 de Setembro 1774 – Houve o primeiro Congresso Continental de
Filadélfia, onde se resolveu acabar com o comércio com a Inglaterra
enquanto não se restabelecessem os direitos anteriores a 1763. Esta
conferência contou com a presença de 12 colonias e também registou-
se a ausência da Geórgia.
1775 – Houve o Segundo Congresso em que as colónias reuniram-se em
Filadélfia onde se decidiu a criação de um exército que seria
comandado por George Washington, fazendeiro e chefe da milícia da
Virgínia.
4 de Julho de 1776 – Representantes das 13 colonias reunidos em
Congresso declararam a independência destas colonias inglesas do
continente americano.
17 de Outubro de 1777 – Batalha de Saratoga (a decisiva na guerra de
independência dos EUA) Os norte-americanos venceram a batalha de
Saratoga. Os franceses, polacos, espanhóis e prussianos, países
antagonistas da Inglaterra, vieram em auxílio aos rebeldes enviando
soldados para ajudar na guerra da independência.
3 de setembro de 1783 – Em Paris, foi assinado o tratado em que os
Estados Unidos, representados por John Adams, Benjamin Franklin e John
Jay, tiveram sua independência reconhecida, formalmente, pelo Reino
da Grã-Bretanha.
29
REVOLUÇÃO FRANCESA
REVOLUÇÃO FRANCESA (1789 – 1799)
Foto: Queda da Bastilha (símbolo da revolução) a 14 de Julho de 1789.
14 de Julho 1789 – Teve o início a Revolução Francesa com a queda da
Bastilha.
Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos
que, entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799, alteraram o
quadro político e social da França. Ela começa com a convocação
dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de
Estado do 18 de brumário de Napoleão Bonaparte.
A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à
Idade Contemporânea, mais duque isso, marca a Abolição ou o fim do
feudalismo e a proclamação Declaração Universal dos direitos do
Homem e do Cidadão que continha os princípios universais de
"Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Estratificação da Sociedade Francesa no Século XVIII (antes da
revolução)
Clero ou Primeiro Estado
Nobreza ou Segundo Estado
Povo ou Terceiro Estado
30
REVOLUÇÃO FRANCESA
Fases da Revolução Francesa
1 - Assembleia Constituinte
Decorre de 9 de Julho de 1789 a 7 de Setembro de 1792, teve como
principais acontecimentos:
- A bandeira dos Bourbons foi substituída por uma tricolor (azul, branca
e vermelha), que passou a ser a bandeira nacional. E, em toda a
França, foram constituídas unidades de milícia e governos provisórios;
- 26 de agosto 1789 – A primeira Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão;
- Agosto de 1790 – Foi votada a Constituição Civil do Clero, separando
Igreja e Estado e transformando os clérigos em assalariados do governo.
- Setembro de 1791 – Foi promulgada a primeira Constituição que
estabelecia na França uma monarquia Constitucional.
2 - Convenção (1792 – 1795)
Convenção Nacional, de 20 de Setembro de 1792 até 26 de Outubro
de 1795. A Convenção vem a ficar dominada pelos jacobinos (partido
da pequena e média burguesia, liderado por Robespierre), criando-se o
Comitê de Salvação Pública e o Comitê de Segurança Geral iniciando-
se o reino do Terror. A monarquia é abolida e Proclamada a República
e a promulgação de uma nova Constituição (21 de setembro de 1792).
Muitos nobres abandonam o país, vindo a família de Luís XVI a ser
guilhotinada em 1793.
3- O Diretório (1795-1799)
O Diretório (1794 a 1799) foi uma fase conservadora, marcada pelo
retorno da Alta Burguesia ao poder e pelo aumento do prestígio do
Exército apoiado nas vitórias obtidas nas Campanhas externas.
31
REVOLUÇÃO FRANCESA
FRANÇA DA ERA NAPOLEÓNICA
Foto: Napoleão Bonaparte
Napoleão Bonaparte nasceu em 15 de Agosto de 1769 em Ajaccio,
Córsega, um ano após a ilha ser transferida para a França pela
República de Gênova.
9 de Novembro 1799 – O governo do diretório foi derrubado na França
sob o comando de Napoleão Bonaparte, que, junto com os girondinos
(alta burguesia), instituiu o consulado, primeira fase do governo de
Napoleão. Este golpe ficou conhecido como Golpe 18 de Brumário.
A Era Napoleônica.
Pode-se dividir em três períodos:
Consulado (1799-1804)
Império (1804-1815)
Governo dos Cem Dias (1815)
1799 – Napoleão liderou um golpe de Estado e instalou-se como
primeiro cônsul.
1802 – Elevou-se Napoleão ao nível de cônsul vitalício, podendo indicar
seu sucessor.
1804 – Aprovou-se a nova fase da era napoleônica com quase 60% dos
votos, reinstituiu-se o regime monárquico na França e indicou-se
32
REVOLUÇÃO FRANCESA
Napoleão para ocupar o trono. Realizou-se uma festa em 2 de
Dezembro de 1804 para se formalizar a coroação do agora Napoleão I
na catedral de Notre-Dame.
Napoleão venceu consecutivamente as batalhas de:
Austerlitz (na Áustria em 1805)
Batalha da Prússia em 1806
Rússia em 1807
Foto: Batalha de Austerlitz – 1805 (Áustria), vencida pelo exército Napoleónico
Junho de 1815 – Napoleão entra na Bélgica, mas é derrotado por uma
coligação anglo-prussiana na Batalha de Waterloo e abdica pela
segunda vez, pondo fim ao Império napoleônico. Mas a expansão dos
ideais iluministas continuou.
33
CONFERÊNCIA DE BERLIM
CONFERÊNCIA DE BERLIM
A Conferência de Berlim realizada entre 19 de Novembro de 1884 e 26
de Fevereiro de 1885 teve como objectivo organizar, na forma de
regras, a ocupação efectiva de África pelas potências coloniais e
resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as
relações étnicas e mesmo familiares dos povos deste continente.
O congresso foi organizado pelo Chanceler Otto Von Bismarck da
Alemanha assim como participaram ainda a Grã-Bretanha, França,
Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos,
Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano.
Foto: panorama da Sala de Conferências em Berlim
Resultados
Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a
administrar toda a África Austral, com excepção das colónias
portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano;
Toda a África Oriental, com excepção do Tanganica e partilhou a costa
ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e
Cabo Verde);
O Congo – que estava no centro da disputa, o próprio nome da
Conferência em alemão é “Conferência do Congo” – continuou como
“propriedade” da Associação Internacional do Congo, cujo principal
accionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este país passou ainda a
administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o
Burundi.
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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914 – 1918)
Este conflito ocorreu sensivelmente de 28 de Julho de 1914 – 11 de
Novembro de 1918.
Resultados:
Vitória da Tríplice Entente. Fim do Império Alemão, do Império Russo, do
Império Otomano e Império Austro-Húngaro. Criação de novos países
no Leste Europeu. Criação da Sociedade das Nações (SDN).
Principais Blocos Antagónicos (Opostos)
Tríplice Entente – França, Rússia e Grã-Bretanha;
Tríplice Aliança (potências Centrais) – Alemanha, Itália e Imperio
Austro-Húngaro.
Causas da Guerra
- Corrida armamentista;
- Imperialismo;
- Rivalidades entre as grandes potências (espacialmente França e
Alemanha);
- Advento do Nacionalismo na Europa: Nazismo na Alemanha, Fascismo
na Itália, Franquismo em Espanha, Salazarismo em Portugal, etc.
Fases da Guerra
Guerra de Movimento (Julho de 1914 – Outubro 1915); Vantagem
da Tríplice Aliança.
Guerra das Trincheiras (Fevereiro de 1915 a Novembro de 1916);
Equilíbrio de Forças.
Retorno à Guerra de Movimento (1917 – 1918); viragem e Vitória
final da Tríplice Entente.
35
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
O principal cenário bélico da primeira fase da Primeira Guerra Mundial
estava concentrado nos Balcãs.
Pretexto para o Início da Guerra
28 de Junho 1914 – O arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono
Austro-Húngaro, e sua esposa Sofia, Duquesa de Hohenberg, são
assassinados por um Sérvio. Este acontecimento causou uma onda de
agitação na Áustria-Hungria e Alemanha e por outro lado na Rússia que
era parceira da Sérvia fica atenta à esta situação.
Acontecimentos Subsequentes
26 de Julho 1914 – o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações
diplomáticas com a Sérvia e declarou guerra ao mesmo. Em 28 de
Julho, começa o bombardeio do Império Austro-húngaro à Belgrado
(capital da Sérvia).
A 1 de Agosto – Alemanha declara guerra a Rússia.
A 2 de Agosto 1914 – Alemanha ocupou Luxemburgo, como o passo
inicial da invasão à Bélgica e do Plano Schieffen (estratégia de defesa
alemã que previa a invasão da França, Inglaterra e Rússia).
A 2 de Agosto 1914 – Alemanha declarou guerra à França, e no dia
seguinte invadiu a Bélgica.
7 de Dezembro 1916 – David Lloyd George sucede Henry Asquith (que
era primeiro ministro da Grã-Bretanha quando iniciou a primeira guerra
mundial).
7 de Novembro 1917 – Os Bolcheviques tomam o poder na URSS após a
revolução de Outubro.
16 de Novembro 1917 – Georges Clemenceau torna-se o primeiro-
ministro da França.
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PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Batalha da Jutlândia - 31 de Maio a 1 de Junho de 1916
Foi a maior batalha naval da Primeira Guerra Mundial.
A batalha teve lugar de 31 de Maio a 1 de Junho de 1916 e as forças
navais combatentes foram as esquadras britânicas e alemães.
Tratado de Brest-Litovski – 3 Março 1917
3 de Março 1918 – A Rússia e a Alemanha assinam o Tratado de Brest-
Litovsk. Através deste tratado a Rússia retira-se oficialmente da I GM e
cede parte do seu território à Alemanha que em troca compromete-se
a não invadir o território russo.
A Rússia dirigida a esta altura por Vladimir Lenine sai da guerra como
forma de salvar a revolução.
Foto: Retrato da vida nas trincheiras: Infantaria com máscaras de gás
Consequências da I GM no Mapa Geopolítico da Europa
Vitória da Tríplice Entente. Fim do Império Alemão, do Império Russo, do
Império Otomano e Império Austro-Húngaro. Criação de novos países
no Leste Europeu. Criação da Sociedade das Nações (SDN).
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SOCIEDADE DAS NAÇÕES
SOCIEDADE DAS NAÇÕES (SDN)
(28 de Junho de 1919 - 20 de Abril de 1946)
Fundação: 28 de Junho de 1919
Extinção: 20 de Abril de 1946
Tipo: Organização Internacional
Sede: Genebra, Suíça
Línguas oficiais: Inglês, francês e espanhol
Sociedade das Nações, também conhecida como Liga das Nações, foi
uma organização internacional, a princípio idealizada em 28 de abril de
1919, em Versalhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências
vencedoras da Primeira Guerra Mundial se reuniram para negociar um
acordo de paz.
A SDN tinha na génese da sua criação o objectivo de manter a paz
evitando a eclosão de um novo conflito violento.
A carta que formaliza a SDN foi assinada por 44 Estados. O Conselho da
Sociedade das Nações reuniu-se pela primeira vez em Paris a 16 de
Janeiro de 1920, seis dias depois da entrada em vigor do Tratado de
Versalhes. A sede da organização passou em Novembro de 1920 para a
cidade de Genebra, na Suíça.
Foto: Palácio das Nações, em Genebra, sede da Liga das Nações desde 1938
38
SOCIEDADE DAS NAÇÕES
Sua criação foi baseada na proposta de paz conhecida como “Catorze
Pontos”, feita pelo presidente dos EUA Woodrow Wilson, porém este país
acabou não fazendo parte da SDN devido a falta de aval do
Congresso.
Fracasso da SDN
O surgimento da Segunda Guerra Mundial demonstrou que a SDN tinha
falhado no seu objetivo primário, que era o de evitar uma futura guerra
mundial. Houve uma variedade de razões para o fracasso, muitas
ligadas as deficiências internas e gerais da organização, dentre elas
destacam-se:
- As origens da SDN como organização criada pelas Forças Aliadas
como parte do acordo de paz para pôr fim a Primeira Guerra Mundial
fez com que fosse vista como uma "liga dos vitoriosos";
- A suposta neutralidade da Liga costumava manifestar-se como
indecisão;
- As Grandes potências da época ou não faziam parte ou entraram
demasiadamente tarde na organização (EUA, URSS e Alemanha).
Política de Mandatos da SDN
Na persecução da sua política de mandatos, a SDN estabeleceu um
mandato do tipo B para todas as colónias da Alemanha em África que
passaram a ter uma administração directa da organização, com a
excepção do Sudoeste Africano (Namíbia) que teve um mandato do
tipo C e passou a ter uma administração da União Sul Africana.
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CRISE ECONÓMICA DE 1929
GRANDE DEPRESSÃO
A “Grande Depressão”, também chamada por vezes de Crise de 1929,
foi uma grande depressão econômica (crise de super produção) que
teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930,
terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial.
A “Grande Depressão” é considerada o pior e o mais longo período de
recessão econômica do século XX. Este período de depressão
econômica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do
produto interno bruto de diversos países, bem como quedas drásticas
na produção industrial, preços de acções, e em praticamente todo
medidor de atividade econômica, em diversos países do mundo.
O dia 24 de Outubro de 1929 é considerado popularmente o início da
Grande Depressão, mas a produção industrial americana já havia
começado a cair a partir de Julho do mesmo ano, causando um
período de leve recessão econômica que se estendeu até 24 de
Outubro, quando valores de acções na bolsa de valores de Nova
Iorque, a New York Stock Exchange, caíram drasticamente,
desencadeando a “Quinta-Feira Negra”.
Para resolver esta crise o governo norte-americano aprovou o New
Deal.
New Deal
O New Deal (cuja tradução literal em português seria "novo acordo" ou
"novo trato") foi o nome dado à série de programas implementados nos
Estados Unidos entre 1933 e 1937, sob o governo do Presidente Franklin
Delano Roosevelt, com o objetivo de recuperar e reformar a economia
norte-americana, e assistir os prejudicados pela Grande Depressão.
A política de New Deal consistia nas seguintes medidas:
• Controle sobre bancos e instituições financeiras e econômicas;
• Construção de obras de infra-estruturas para a geração de empregos
e aumento do mercado consumidor;
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CRISE ECONÓMICA DE 1929
• Concessão de subsídios e crédito agrícola a pequenos produtores
familiares;
• Criação de Previdência Social, que estipulou um salário mínimo, além
de garantias a idosos, desempregados e inválidos;
• Incentivo à criação de sindicatos para aumentar o poder de
negociação dos trabalhadores e facilitar a defesa dos novos direitos
instituídos.
Resultados
A aplicação das técnicas “fordistas” em várias indústrias de bens de
consumo promoveu uma queda de preços em todo o país, factor que é
tido, juntamente com New Deal, como primordial para a recuperação
da economia norte-americana.
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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
SEGUNDA DA GUERRA MUNDIAL
(1 de Setembro de 1939 - 2 de Setembro de 1945)
Segunda Guerra Mundial ou II Guerra Mundial foi um conflito militar
global que durou de 1939 a 1945, envolvendo a maioria das nações do
mundo – incluindo todas as grandes potências – organizadas em duas
alianças militares opostas: os Aliados e o Eixo. Foi a guerra mais
abrangente da história, com mais de 100 milhões de militares
mobilizados. Em estado de "guerra total", os principais envolvidos
dedicaram toda sua capacidade econômica, industrial e científica a
serviço dos esforços de guerra, deixando de lado a distinção entre
recursos civis e militares.
Alguns Antecedentes da II GM
1919 – Crise económica que se seguiu a I GM;
1922 – Mussolini chega ao poder na Itália após a marcha a Roma;
1933 – A Itália invade a Etiópia na chamada segunda Guerra Ítalo-
etíope;
1933 – Hitler Chega ao poder na Alemanha após vencer eleições e no
mesmo ano a Alemanha sai da SDN;
1935 – É restabelecido o serviço militar obrigatório na Alemanha,
decisão que contrapunha as resoluções do Tratado de Versalhes (1919).
1938 – A Alemanha anexa a Áustria como forma de expandir a
ideologia NAZI.
Desfecho
Vitória Aliada
• Criação da Organização das Nações Unidas
• Criação do Estado de Israel
• Estabelecimento de duas Superpotências, Estados Unidos e União
Soviética, iniciando-se mais tarde a Guerra Fria.
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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Blocos Antagónicos (Opostos)
Aliados: França, EUA, Grã-Bretanha, URSS.
Eixo: Alemanha, Itália, Japão.
Início das Confrontações
Geralmente considera-se o ponto inicial da guerra como sendo a
invasão da Polônia pela Alemanha Nazista em 1 de Setembro de 1939
as 4h45 e subsequentes declarações de guerra contra a Alemanha pela
França e pela maioria dos países do Império Britânico e da
Commonwealth.
Foto: Tropas alemães invadindo a Polónia
Factos Marcantes da II Guerra
28 de Setembro 1939 – Varsóvia rende-se aos alemães. A fortaleza de
Motlin capitula. O ministro de Relações Exteriores alemão Joachim von
Ribbentrop e o diplomata soviético Vyacheslav Mikhailovich Molotov
reúnem-se na cidade de Brest-Litovsk para decidir a partilha da Polonia,
conhecida como Pacto Ribbentrop-Molotov. A Estónia assina um Pacto
de Assistência Mútua com a União Soviética.
10 de Maio 1940 – A Alemanha invade Bélgica, França, Luxemburgo e
Países Baixos. Winston Churchill torna-se o Primeiro-Ministro do Reino
Unido em consequência da renúncia de Neville Chamberlain. As
primeiras bombas alemãs da guerra na Inglaterra caem sobre Chilham
43
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
e Petham, em Kent. O Reino Unido invade a Islândia. A Bélgica declara
estado de emergência.
28 Maio 1940 – A Bélgica rende-se a Alemanha. Os alemães evacuam
Narvik.
14 Junho 1940 – Paris é ocupado pelas tropas alemãs. Governo francês
recua novamente, agora para Bordéus.
13 de Outubro de 1943 – Novo governo italiano declara guerra a
Alemanha.
A 2 de Setembro de 1943, Hitler descobre a traição italiana e ordena a
invasão da Itália e o desarmamento do Exercito Italiano. A Itália assina o
armistício com os Aliados. Começa a Campanha da Itália.
18 Janeiro 1944 - Termina o Cerco à Leningrado.
12 de Abril de 1945 Presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt
morre e é sucedido por Harry Truman.
30 de Abril de 1945 Adolf Hitler e sua esposa de um dia, Eva Braun
cometem suicídio em Berlim. Karl Donitz e o sucessor segundo o
testamento de Hitler.
Foto: Recorte de jornal, com a notícia da morte de Adolf Hitler
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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Guerra no Pacífico
Foto: Ataque japonês à base Naval norte-americana de Pear Harbor no Havai
Ataque a Pearl Harbor (7 de Dezembro 1941)
É considerado o ponto de partida da guerra do Pacifico. Foi um ataque
aéreo perpetrado pelo Japão a 7 de Dezembro de 1941 como forma
de vingar o embargo económico dos EUA. Apesar do sucesso, os
japoneses não conseguiram destruir os mais importantes navios. Logo
após o ataque, o Presidente Franklin Roosevelt declara guerra ao Japão
e ao Eixo.
Batalha de Midway (4 Junho de 1942)
Foi uma batalha aero-naval travada a partir de 4 Junho de 1942 no
Oceano Pacífico entre as forças dos Estados Unidos e do Japão durante
a Segunda Guerra Mundial, seis meses depois do ataque japonês a
Pearl Harbor. O resultado da batalha foi uma decisiva e crucial vitória
para os norte-americanos, lembrada como o mais importante confronto
naval da Segunda Guerra e o ponto de virada no conflito.
Foto: Explosão de Campo Petrolífero em Midway perpetuada pela força aero-naval japonesa
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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Campanha no Norte de África (1940 – 1943)
Desenrolou-se no deserto norte-africano 10 de Junho de 1940 até 16 de
Maio de 1943. Ela incluiu campanhas travadas nos desertos líbio e
egípcio, no Marrocos e na Argélia (Operação Torch) e na Tunísia
(Campanha Tunisina).
A ofensiva Anglo-americana dos Aliados no norte de África foi dirigida
pelos generais Bernard Montgomery (Grã-Bretanha) e Dwight
Eisenhower (EUA).
Batalha de El Alamein, Egipto 23 Outubro 1942
Depois de um período de reequipamento e treino, o 8º Exército Inglês
lançou uma grande ofensiva, derrotando decisivamente os batalhões
ítalo-germânicos durante a Segunda Batalha de El Alamein no fim de
Outubro de 1942.
Operação Torch começou em 8 de Novembro de 1942 e terminou em
11 de Novembro de 1942. Numa tentativa de derrotar as forças alemãs
e italianas. Esta operação, teve participação de forças Aliadas dos
Estados Unidos e a Grã-Bretanha.
Guerra na Europa
Operação Barbarossa (22 Junho 1941)
Operação militar alemã para invadir a União Soviética, iniciada em 22
de Junho de 1941 durante a Segunda Guerra Mundial, rompendo assim
com o Pacto Ribbentrop-Molotov acordado entre os dois Estados
menos de dois anos antes. O principal objectivo da operação
barbarossa era a rápida tomada da parte europeia da URSS antes de
Janeiro de 1942.
7 de Janeiro 1942 – Termina a Batalha de Moscovo com a contra-
ofensiva soviética e o recuo das forcas alemãs para fora de Moscovo
(primeira derrota alemã na guerra).
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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Desembarque à Normandia (Dia D) – 6 de Junho de 1944
Com cujo nome de código de "Operação Overlord", foi a invasão das
forças dos Estados Unidos, Reino Unido, França Livre e aliados na França
ocupada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial em 1944. Foi uma
decisão política para manter a liberdade na Europa, ocorrida depois da
derrota alemã para o Exército Vermelho, na famosa Batalha de
Estalinegrado.
Foto: Desembarque dos Aliados à Normandia (chamado “Dia D”)
Os americanos sofreram por volta de duas mil baixas, pois os tanques
Sherman, (disfarçados de Chatas pelo Exército Americano para os
esconder, e torná-los um factor surpresa) afundaram. Já o Exército
britânico não teve muitas baixas em Gold e Sword, pois seus tanques
blindados e especializados (em cortar trincheiras e explodir minas)
conseguiram ultrapassar. Era o início da Batalha da Normandia. Apesar
da inferioridade aérea, e submetida a constantes bombardeios aéro-
navais, os alemães resistiram durante mais de um mês antes que os
aliados tomassem o primeiro porto, Cherburgo em meados de Julho, o
que somado há outro desembarque aliado no sul da França no final de
Agosto, forçou o recuo das forças alemãs para a Bélgica.
Segundo Desembarque dos Aliados - 15 de Junho de 1944, as forças
americanas desembarcam em Saipan, nas ilhas Marianas (sul da
França).
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SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Lançamento das Bombas Atómicas e Fim da II GM
Os EUA sob ordem de Harry Truman efectuaram lançamento de duas
bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima (no dia 6 de
Agosto de 1945) e Nagasaki (9 de Agosto de 1945).
Essas bombas têm efeitos sobre o homem e o meio ambiente até hoje.
Para além de uma vingança dos EUA ao Japão (devido aos ataques
japoneses às suas bases navais no Pacífico) constituem também uma
demostração de força norte-americana à sua rival socialista em
tecnologia Nuclear URSS.
Foto: Explosão de Bomba Atómica em Nagasaki (9 de Agosto de 1945)
7 de Setembro 1945 – Os últimos bolsões japoneses rendem-se na
China, Birmânia e Hong Kong, determinando o fim da Segunda Guerra
Mundial após seis anos de guerra contra o nazi-fascismo.
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PÓS-GUERRA
Pós-guerra
Em um esforço para manter a paz, os líderes dos aliados, reuniram-se
em São Francisco nos (EUA) e formaram a Organização das Nações
Unidas (ONU), que oficialmente passou a existir em 24 de outubro de
1945. A ONU tem como principais órgãos: a Assembleia Geral e o
Conselho de Segurança. O Conselho de Segurança é composto por 15
membros dos quais 5 são permanentes (EUA, URSS, Grã-Bretanha,
França e China.
Foto: Sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque. A fundação da ONU foi
uma das consequências da II Grande Guerra
Plano Marshall (1948-1951)
Conjunto de mecanismos levados a cabo pelos EUA para recuperar as
economias dos países da Europa que se encontravam mergulhadas
numa crise devido aos efeitos devastadores da II GM.
Guerra Fria
A divisão pós-guerra do mundo foi formalizada por duas alianças
militares internacionais (na década de 1950), a Organização do Tratado
do Atlântico Norte - OTAN (NATO), liderada pelos Estados Unidos, e o
Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética, o