Marcelo Pereira Opinião “O governo não agiu bem …entupir suas artérias. E eu não sabia do...

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O massacre que provocou amorte de 50 pessoas, em duasmesquitas na Nova Zelândia,atraiu a atenção do mundo.Em meio à tragédia, a lideran-ça da primeira-ministra Jacin-da Ardern chamou muito aatenção.

Em 1º de agosto de 2017, Ja-cinda Ardern foi alçada à posi-ção de líder do Partido Traba-lhista para enfrentar, nas ur-nas, o primeiro-ministro BillEnglish do Partido Nacional,quando o governo conserva-dor estava há nove anos no po-der. Faltavam apenas sete se-manas para as eleições geraisde 23 de setembro. Em impres-sionante reviravolta das inten-ções de voto nas pesquisaseleitorais, o governo foi derro-tado. Jacinda Ardern, de 37anos, assumiu como primeira-ministra, em governo de coali-zão com o Partido Verde ecom o partido nacionalista(New Zeland First), em 26 deoutubro. Jacinda Ardern tor-nou-se a terceira mulher e apessoa mais jovem, em 150anos, a tomar posse como che-fe de governo da Nova Zelân-dia.

Em seu discurso de posse,Jacinda Ardern prometeu umgoverno ativo, focado, empáti-co e forte. Jovem e bonita, elachamou muito a atenção damídia. Após ficar grávida docompanheiro, ela deu entrevis-tas dizendo que ficaria no car-go e usufruiria do direito aseis semanas de licença mater-nidade. Em sua turnê pela Eu-ropa, em abril do ano passa-

do, Jacinda Ardern ganhoudestaque da mídia quando seencontrou com o presidentefrancês Emannuel Macron ecom o primeiro-ministro cana-dense Justin Trudeau, ambosem Paris, e com a chanceleralemã Angela Merkel, em Ber-lim. O nascimento do bebêocorreu em junho. Posterior-mente, em setembro, ela nãoteve dúvida em comparecercom a filha de três meses nosbraços, no plenário da Assem-bleia Geral da ONU, porque es-tava em período de amamen-tação.

Num mundo voltado paraas aparências e pela fugaz cele-bridade, o momento da verda-de aparecia em breve paramostrar se era real sua visãode um mundo melhor e, as-sim, o que poderíamos espe-rar de uma liderança no sécu-lo 21.

Em dezembro do ano passa-do, uma turista britânica de22 anos foi assassinada em Au-ckland, ao norte da capitalWellington. A primeira-minis-tra causou forte impressãoquando convocou uma coleti-

va de imprensa e, quase às lá-grimas, afirmou que o país pe-dia desculpas aos pais da víti-ma por não ter garantido a se-gurança dela e colocava as au-toridades policiais à disposi-ção da família.

O pior ainda estava por vire aconteceu na sexta-feira 15de março, em Christchurch,ao sul da capital Wellington.Diante do atentado terroristacom dezenas de vítimas, Jacin-da Ardern comunicou-se rapi-damente e imediatamente,dando todas as informaçõesdisponíveis. Ela vocalizou ochoque e a tristeza, deu vozao inexplicável em palavras:“eles estão em nós”. A NovaZelândia tem sido escolhidapor imigrantes por sua segu-rança. Não há lugar para ódioou racismo. O país representaa diversidade, a bondade, acompaixão e outros valoresque são compartilhados pelapopulação. Refúgio para aque-les que precisam dele. Valoresque não podem ser abaladospor assassinos. Estes escolhe-ram atacar a Nova Zelândia,mas o país os rejeita e os con-

dena.Diante de terríveis circuns-

tâncias, a primeira-ministrareagiu convocando coletiva deimprensa e fez seu discursode liderança sobre “o dia maissombrio da Nova Zelândia”,na capital do país. A compos-tura, o tom de voz e a roupade luto estavam devidamenteapropriados para a ocasião.Havia clareza de sua posição ecompaixão em seus olhos. Pro-meteu imediato pagamentodos custos dos funerais e aju-da financeira aos familiares eàs vítimas feridas. Posterior-mente, ela dirigiu-se a Chris-tchurch, onde compareceu àscerimônias de homenagem àsvítimas com véu islâmico, emrespeito aos muçulmanos. En-controu-se também com lide-ranças de todos os partidos po-líticos do país e não apenas doseu próprio partido.

O efeito imediato da tragé-dia será a discussão sobre ocontrole de armas na Nova Ze-lândia a fim de mudar a legis-lação, como fizeram Canadá(14 mulheres mortas no mas-sacre feminicida ocorrido emMontreal, em Quebec, em1989), Austrália (35 mortes nacarnificina ocorrida em PortArthur, na Tasmânia, em1996) e Grã-Bretanha (16crianças e um professor mor-tos no massacre ocorrido emDunblane, na Escócia, em1996). A liderança deve estarconectada com a realidade.Não pode perder a oportuni-dade de enfrentá-la em seuspiores momentos. A primeira-ministra deixou claro que tema visão de um mundo melhor.

A jornada de transformação di-gital definirá os líderes do futu-ro e as empresas mais competi-tivas sempre serão as princi-pais criadoras de tendências.Nesse sentido, em um mundocada vez mais globalizado, orga-nizações de todos os setoresprecisam de estruturas direcio-nadas para os objetivos de ne-gócios que mensurem a evolu-ção digital.

Uma possibilidade é definiretapas que revelem essa transi-ção e façam a transformação

por meio da análise de dadoscom oferta de soluções que em-basem a tomada de decisõesnas operações mais importan-tes. Na região de Campinas,que se destaca por organiza-ções que estão direcionandoseus negócios para aspectos deconsumo, varejo, setor automo-tivo e agronegócio, a transfor-mação digital só tem a contri-buir.

No varejo, por exemplo, em-bora a região projete a criaçãode quase 5 mil empregos tem-porários para atividades relacio-nadas à Páscoa neste ano, a As-sociação Comercial e Industrialde Campinas (ACIC) revela quea expectativa de faturamentona região é baixa em 2019. A as-

sociação também destaca redu-ção no nível de confiança naatividade industrial e comer-cial, com índices de crescimen-to de janeiro e fevereiro abaixodo esperado. Ainda assim, 2019tem tudo para ser lembrado pe-la transformação inteligente dovarejo e este é o melhor mo-mento para os varejistas incor-porarem as principais tendên-cias de mercado. Como os con-sumidores estão buscando ex-periências e reformulando com-portamentos, os empresáriosprecisam repensar modelos denegócios e entregarem um va-lor diferenciado. Com novosformatos e muita análise de da-dos é que as empresas vão se di-ferenciar da concorrência e se-

rem mais assertivas na comuni-cação com seus clientes alvos.

O setor automotivo, por suavez, atravessa o momento demaior transformação da suahistória desde a criação do au-tomóvel. Basta ver o futuro quese desenha com robotizaçãocrescente, veículos autônomos,redução do consumo com veí-culos elétricos e híbridos e ocompartilhamento de carros.Quem imaginaria que um auto-móvel poderia ser consideradoum meio de pagamento e tives-se aplicações para os pedágios,que podem ser utilizadas parapagar estacionamentos, com-bustíveis e até algumas cadeiasde restaurantes. Nesse setor, háainda uma imensa quantidade

de informações que um auto-móvel gera sobre o perfil deseus ocupantes que hoje nãoestão sendo totalmente aprovei-tadas.

No agronegócio, outro setorde extrema importância na re-gião de Campinas, a Agricultu-ra 4.0 está relacionada à auto-matização de processos e análi-se de dados em larga escala pa-ra atingir os seguintes objeti-vos: aumento da produtivida-de; eficiência no uso de insu-mos; redução de custos; segu-rança; e diminuição de impac-tos ambientais.

A aplicação de tecnologiasno negócio também deve estarassociada ao desenvolvimentode modelos mentais que trans-formem a forma como pode-mos atingir melhores resulta-dos, fator muitas vezes esqueci-do, mas diretamente associadoaos casos de sucesso.A jornadade transformação digital faz asempresas melhorarem a execu-

ção de suas operações fomen-tando a disrupção e alavancan-do negócios. Em nossa região,um dos mais importantes po-los de desenvolvimento econô-mico, tecnológico e de inova-ção do País, empresas de con-sumo, varejo, setor automotivoe agronegócio, entre outras, es-tão investindo na tecnologia co-mo forma de oferecer soluçõescompletas, otimizar operações,mitigar riscos e atingir melho-res resultados de forma alinha-da com o Projeto Transforma-ção Digital de Campinas. Portodas as razões apresentadas, aampliação do mapeamento doecossistema de inovação e em-preendedorismo só tem a con-tribuir para tornar as empresasda região ainda mais competiti-vas e inovadoras.

Opinião

O lixo das casas, os buracosnas ruas, os desesperos dosabandonados pelas enchen-tes, as dores dos doentes doMário Gatti, o medo dos ban-didos e policiais se enfrentan-do no limite da lei, nadamais é maior que a minhavontade de largar tudo, chu-tar o balde, e pegar um ôni-bus qualquer para qualquerlugar.

Minha Princesa, minha ci-dade, venho andando pelassuas veias, ruas e avenidas, ea imundice está a céu aberto.Há uma esclerose política aentupir suas artérias. E eunão sabia do quão estúpidopoderia ser o poder executi-vo, alimentado, também, pe-lo legislativo e judiciário.

O lixo das casas se amon-toam por todos os cantos deseu corpo, minha Princesa. Evenho fazendo um gesto inú-til de não jogar bituca de ci-garro no chão e catar papéise latinhas nas vielas por on-de caminho, em nome da mi-nha alma andarilha e necessi-tada de banhá-la com essespequenos gestos.

Tenho tanto amor por vo-cê, minha Princesa, que elequase não cabe em mim. Equanta beleza são os seus ca-belos de folhas e flores, as pe-nugens de seus braços e ven-tre, ao amacio dos jardins derosas, margaridas e gerânios.É tanta beleza a sua pele queando aos cuidados pisandoas suas calçadas, beijandocom os meus olhos cada pe-dra portuguesa, cada parale-lepípedo, beijando pelas es-quinas seu corpo moreno deasfalto.

Minha Campinas, minhaPrincesa, nada tenho alémde mim senão seus olhosabertos em imenso azul; equanto me doe vê-los choraráguas nervosas ao lado devendavais, destelhando casase esperanças.

Fique em mim, minhaPrincesa, ao lado do meu om-bro caipira, desterrado quefui da minha terra, da minhaterra Atibaia. E além dosmeus ombros ofereço, tam-bém, os caminhos das mi-nhas veias e a minha boca debeijos, boca de lobo, para assuas águas necessitadas decaminho, rumo ao Atibaia.

E faço uma prece de silên-cio. Há uma certa preguiçachegando e a vontade é ficarapenas quieto no meu cantooutonal, sem rede, sem amo-lações de palavras e música.Silêncio apenas.

Façam o barulho que qui-serem, mas, por favor, nãoatrapalhem o sossego. Mirolonge e não vejo pés; lá está o

cume da Mantiqueira; do ou-tro lado, o verde da Serra doJapi; Paranapiacaba não vejoporque as nuvens estão re-pousando de tão cansadasdas velhas e milenares águasdo mar, lá longe, gestandosurpresas em suas profunde-zas de sal e mistério.

Só desejo falar com asplantas da varanda, na ma-nhã abortada de luz, mas ple-na de cheiros de café e pãofresco. A companheira arran-jou um bebedouro de plásti-co para servir um beija-florque surgiu assim do nada,forte como um nadador docanal da Mancha, escalandoseis andares em uma só voa-da. Gostaria que o pequenoÍcaro aparecesse para umalonga e boa conversa sobremamutes e dinossauros pas-tando em coxos de cristal,que ele ficasse para o almoçoe, se quisesse, também parao jantar. Por isso, por favor,façam silêncio agora, nessahora da tarde que o amigo Jo-ta Toledo costumava descan-sar seus sonhos em eternanoite cósmica - e agora ao la-do da sua eterna Diane.

Um ramo de avenca nas-ceu e é possível a visita das ci-ganas mariposas ao evento,trazendo um guache de brisabordada em asas negras detão azuis. De quem será ocão que late tão triste em al-gum apartamento do prédiovizinho, que ninguém socor-re, que nem liga, cadê osbombeiros para o resgate,quero sirenes e luzes piscan-do; agora, sim, quero baru-lho, muito barulho! E quantodesleixo, meu Deus!, e pen-sar que o animal ainda aba-nará o rabo para o dono, lam-ber-lhe as mãos, ofereceramizade e se deixar afagar;quanto perdão, meu Deus!quanto perdão!

Busquei um pouco de si-lêncio nas ruas e a matriz doCarmo, na hora que antece-de o Angelus, parecia o me-lhor lugar. Duas senhorasbem velhinhas rezavam algu-mas conversas entre si e aossantos dos nichos. É estra-nho vê-los, os santos, nestaépoca de quaresma, assimdescobertos, sem direito aodescanso dos apelos, ao cho-rar escondido sob panos ro-xos, que os santos tambémchoram, minha gente piedo-sa!; façam silêncio, por favor,em suas preces, e agradeçampor estar ainda em condi-ções de pedir o que não sãocapazes de retribuir.

Bom dia.

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� � Luiz Roberto da Costa Júnior é mestre emciência política. Trabalha como servidorpúblico na Cidade Judiciária, em Campinas

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A2 CORREIO POPULARA2Campinas, quinta-feira, 4 de abril de 2019