Maria Leonor dos Santos Mariana Escarpinete Miquéias … Leonor dos Santos Mariana Escarpinete...

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Maria Leonor dos SantosMariana Escarpinete

Miquéias Vitorino

REVISÃO: ACARRETAMENTO E PRESSUPOSIÇÃO

Semântica da Língua Portuguesa 2010.2

Acarretamento

¨ Ocorre quando, num par de sentenças, a verdade da primeira ‘acarreta’ na verdade da segunda, ou seja:

¨ A verdade da sentença A assegura a verdade da ¨ A verdade da sentença A assegura a verdade da sentença B.

¨ Então, a verdade da primeira sentença tem que estar na verdade da segunda.

Acarretamento

¨ Exemplo:

Par 1

A) Miquéias comprou um computador novo.

B) Miquéias comprou um aparelho.B) Miquéias comprou um aparelho.

A verdade de A está contida em B.

Miquéias comprou um computador, ou seja, um aparelho. Todo computador é um aparelho.

Acarretamento

¨ Outro exemplo:Par 2A) George consertou o carro dele.B) George consertou um veículo.B) George consertou um veículo.

Há acarretamento de A para B, pois os carros estão na categoria dos veículos, ou seja, todo carro é um veículo. Concluí-se que, se George consertou um carro, ele consertou um veículo.

Acarretamento

¨ Como ocorrem os acarretamentos?Os acarretamentos são fenômenos semânticos que

funcionam no posto do enunciado, ou seja, aquilo que está ligado ao sentido literal do enunciado.que está ligado ao sentido literal do enunciado.

Os acarretamentos podem ocorrer como relações semânticas de sinonímia ou hiperonímia entre enunciados ou por troca de vozes no enunciado (ativa-passiva).

Acarretamento

¨ Como saber se há acarretamento entre sentenças?

¨ Quando se fala de acarretamento de A para Bestamos colocando não apenas um relacionamentosemântico entre as sentenças, mas estamos dizendosemântico entre as sentenças, mas estamos dizendoque a verdade de A está inserida na verdade deB.

Ex:A. Maria trouxe bananas, maçãs, uvas, alface e repolho.

B. Maria trouxe frutas e verduras.

Acarretamento

¨ Analisando o exemplo anterior, não teríamosacarretamento de B para A, e nem se as sentençasestivessem ordenadas como no caso a seguir:

A. Maria trouxe frutas e verduras.B. Maria trouxe bananas, maçãs, uvas, alface e repolho.B. Maria trouxe bananas, maçãs, uvas, alface e repolho.

¨ Caso estivessem assim dispostas, não haveria acarretamentode A para B. Primeiro, quando falamos de frutas nãofalamos apenas de bananas, ou maçãs ou uvas. E se fossempêras, morangos e jaboticabas? O mesmo vale para asverduras? Só existem alface e repolho de verduras?

Acarretamento

¨ Os acarretamentos “funcionam” a partir dessasrelações de sinonímia ou hiperonímia (maior que).

Carros, motos, caminhões<veículos.Carros, motos, caminhões<veículos.

Computador, celular, TV<aparelhos.

Maçã, uva, pêra, limão<frutas.

Acarretamento

¨ Vamos pensar um pouco?

¨ Imagine que Miquéias foi a uma loja dedepartamentos. Foi à seção de moda. Alguém diz paravocê:você:

- Miquéias comprou algumas roupas ontem.Isso significa que:

1. Miquéias comprou bermudas?2. Miquéias comprou calças?3. Miquéias compou camisas?4. Miquéias comprou cuecas e meias?

Outros nexos semânticos

¨ Existem outros nexos semânticos que são bastante próximos ao acarretamento. Vamos à eles:

¨ Sentenças equivalentes;¨ Sentenças equivalentes;

¨ Sentenças contrárias;

¨ Sentenças contraditórias;

Sentenças equivalentes

¨ A verdade de A está em B e a verdade de B está em A. Asduas são sempre verdadeiras juntas ou sempre falsas juntas.

¨ Ocorre ou por sinonímia das duas sentenças (por paráfraseou sinonímia lexical) ou por troca das vozes (voz ativa parapassiva ou o contrário). Ver pg. 24 do material.

ExemplosExemplos

Par 1A. Pedro é irmão de Leda.B. Leda é irmã de Pedro.Par 2A. Pedro cancelou o provedor de internet.B. O provedor de internet foi cancelado por Pedro.

Sentenças contrárias

¨ Observe o exemplo a seguir:

A. Mariana está na escola trabalhando.B. Mariana está na praia relaxando.B. Mariana está na praia relaxando.

¨ Imagine que trata-se da mesma Mariana e que asduas sentenças foram enunciadas no mesmomomento. Qual das duas sentenças parece serverdadeira? É possível dizer?

Sentenças contrárias

¨ Eis um exemplo de sentenças contrárias. Se A forverdadeira, (na escola trabalhando), B é falsa (napraia relaxando); Mas se B for verdadeira, A éfalsa. E se Mariana estiver na igreja orando? Asduas, A e B, podem ser falsas juntas.duas, A e B, podem ser falsas juntas.

¨ Concluindo, num par de sentenças contrária, ou umaou outra é falsa. A e B nunca são verdadeirasjuntas, mas podem ser falsas juntas.

Sentenças contraditórias

¨ Agora observe os exemplos a seguir, retirados do material didático, na página 26.

Par 1

A. D. Pedro II foi o segundo imperador do Brasil.D. Pedro II foi o segundo imperador do Brasil.

B. D. Pedro II não foi o segundo imperador do Brasil.

Par 2

A. D. Pedro II está vivo.

B. D. Pedro II está morto.

Sentenças contraditórias

¨ Reparou que os pares estão numa relação de antonímia?

¨ O ser/estar e não ser/estar indica que uma dasduas é verdadeira e a outra é falsa,impossibilitando que as duas sejam verdadeiras ouimpossibilitando que as duas sejam verdadeiras oufalsas juntas. Releia o par 1.

¨ As sentenças que estão numa relação de antonímia,como vivo-morto, acesa-apagada, sujo-limpo,indicam que existe um sentença verdadeira e outrafalsa. Releia o par 2.

Sentenças contraditórias

¨ Portanto, sempre que A é verdadeira, B é falsa, ousempre que B é verdadeira, A é falsa, de maneiraque A e B nunca poderão ser, numa sentençacontraditória, verdadeiras ou falsas juntas.

Pressuposição

¨ A pressuposição é um nexo bastante diferente doacarretamento. É uma inferência semântica quefazemos daquilo que está na sentença (e não foradela).A pressuposição não precisa necessariamente de¨ A pressuposição não precisa necessariamente depares para a análise. Pense apenas na relaçãoentre posto e pressuposto, que são,respectivamente, sentido literal (“aquilo que vocêjá sabe”) e sentido inferido (a informação quevocê considera como nova).

Pressuposição

¨ Moura (2006) diz que a principal diferença entre apressuposição e o acarretamento está na validadeda verdade de uma sentença, ou seja, se negarmosuma pressuposição, a inferência continua, mas senegarmos um acarretamento, não é maisnegarmos um acarretamento, não é maisverdadeira.

¨ Veja o exemplo abaixo:

Zezinho deixou de alimentar o gato.O que podemos dizer dessa sentença?

Pressuposição

¨ Algumas coisas podemos dizer desse exemplo:

¨ Ok, existe um gato, existe uma pessoa chamada Zezinho, certo?(pressuposição de existência)

¨ Podemos dizer também que Zezinho alimentava o citado gato antes¨ Podemos dizer também que Zezinho alimentava o citado gato antesdessa enunciação, certo? (mudança de estado)

¨ A informação que está no sentido literal é a de que Zezinho nãoalimenta o gato. (posto, está nítida essa informação no enunciado).

¨ As duas primeiras informações não estão no sentidoliteral do enunciado que exemplificamos. Nós inferimosessas informações, que estavam lá no enunciado.

Pressuposição

¨ Como isso ocorre? Como identificamos as pressuposições?

¨ Moura (2006), fazendo uma leitura de Levinson,¨ Moura (2006), fazendo uma leitura de Levinson,elucida que existem algumas expressões, estruturas everbos que ativam pressuposições. (pg.17-21)

Implicaturas

¨ Falta completar esse trecho...

Dúvidas cruéis

¨ Algumas pressuposições são acarretamento? Sim!Algumas pressuposições podem, se organizadas empares ou sentenças ordenadas, conteracarretamento de A para B, ou de A para C etc.Mas cuidado! Muito cuidado! Muitas pressuposiçõesMas cuidado! Muito cuidado! Muitas pressuposiçõespodem acarretar, mas acarretamentos não sãopressuposições.

Dúvidas cruéis

¨ O que é uma pressuposição semântica e umapressuposição pragmática? A pressuposiçãosemântica só infere aquilo que está no enunciado enão fora dele. A pressuposição pragmática inferebem mais que aquilo que está no enunciado.bem mais que aquilo que está no enunciado.

Ex.:

Bibliografia

¨ Ilari, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a gramática.7.ed. São Paulo: Contexto, 2009. pp. 85-91.

¨ Ilari, Rodolfo; Geraldi, João Wanderley. Semântica. 11.ed. SériePrincípios. São Paulo: Ática, 2008. pp. 51-63.

¨ Santos, Maria Leonor Maia dos; Trindade, Mônica Mano. Semântica. In:Aldrigue, Ana Cristina de Sousa (org.). Linguagens: usos e reflexões. JoãoAldrigue, Ana Cristina de Sousa (org.). Linguagens: usos e reflexões. JoãoPessoa: Editora da UFPB, 2009. Vol.5. pp. 13-29.

¨ Moura, Heronídes Maurílio de Melo. Significação e contexto: umaintrodução a questões de semântica e pragmática. 3.ed. Florianópolis:Insular, 2003. pp. 11-58.