Materia Jornal o Hoje

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GOIÂNIA, DOMINGO, 7 DE AGOSTO DE 2011O HOJEO HOJE

ESSÊNCIAr

O HOJEO HOJE GOIÂNIA, SEXTA-FEIRA, 30 DE MARÇO DE 2012

Sociabilidade e

engajamento voluntárioTrabalhohumanitárioeaçõesdacomunidadetornam-selutaemproldoassistencialismoetransformaçãosocial

CLENON FERREIRA

quecontaéamotivaçãosolidária,odesejo de ajudar e o prazer de sesentir útil.”Com esta frase, o pro-

gramador de sistemas Fabrício Nogueira, 28,tentaresumiroqueolevouparaotrabalhovo-luntário.Hátrêsanos,eleparticipadeserviçosdeorganizaçõesnãogovernamentaisdeGoiás.

Entre cooperação e assistência a comuni-dadesperiféricascarentesdeGoiânia,Fabríciopratrica ações sociais, principalmente em li-xões.“Detemposemtemposvamosaos lixõesepromovemosaçõessociaiscomosjovens.Emdatascomemorativas,comooDiadasCriança,por exemplo, fazemos festas para a criançadacommuita comidaebrinquedos.”

Além do trabalho nos lixões, o programa-dordesistemasaindadáaulasdecomputaçãoe informática todos os sábados para criançaseadolescentes embairrosmais afastados.Elejustifica esse ato como uma experiência decrescimento pessoal e engajamento social.“Serviços filantrópicos requerem persistên-cia, tempo e contato íntimo com a cidadaniacoletiva.Muitos profissionais preferem cola-boraremáreas foradesuacompetênciaespe-cífica, exatamente para se abrir a novasexperiências evivências.”

Jovens comoFabríciomostram que o tra-balho voluntário requer muito mais que re-torno social. Em 1996, quando foi criado oProgramaVoluntários, pormeio doConselhoFederal da Comunidade Solidária, um novomodelo de indivíduos engajados a exercer ci-dadania em prol de causas comunitárias pro-porcionou uma trajetória de assistencialismoesociabilidadenatransformaçãosocialdoPaís.

Hoje, as antigas concepções de volunta-riado como caridade, assistencia-lismo e militância políticaestão sendo superadas porum entendimento de vo-luntariado como ação cí-vica engajada com a realtransformaçãodasociedade.

Asaçõesfilantrópicas,quemuitas vezes se justificam peloreconhecimentopessoal,serviçosreligiososoucrescimentopessoal,tornaram-se formas de desen-volvimento social. Há pessoasque justificam os trabalhos vo-luntárioscomoaobrigaçãomo-tivada pelo sentimento de culpa.Para Fabrício, colaborar é uma expe-riênciaespontânea,alegre,prazerosaeextremamentegratificante.

“O que percebo são voluntáriosquedoamsuas energias, tempoe ta-lento, e ganham, em troca, contatohumano, convivência com pessoasdiferentes, oportunidades de viveroutras situações. Eu, particular-

mente,gostomuitodetrabalharcomcrianças.”

Ação duradoura com qualidadeOsmotivos que levam alguém emdireção

ao trabalhovoluntário se resumemnadoaçãode tempo e esforço como resposta a uma in-quietaçãointerior.Voluntariaréumaaçãohu-mana, rica e solidária, em que todos ganham:osvoluntários,aquelescomquemtrabalhametodaacomunidade.

As formas de colaborar com projetos cul-turaissãotãovariadasquantoasnecessidadesda comunidade e a criatividade do volunta-riado. Tradicional-mente,noBrasil,essetipo de serviço seconcentrou nosâmbitosdasaúde,da educação e doatendimento apessoas caren-tes.O fatose jus-tifica pelaurgência de açõesnessas áreas em espe-cífico.

Para a estu-

dante de apenas 21 anos Nayara Caleira, tra-balhar voluntariamente é envolver-se com opróximo e mobilizar energias, recursos ecompetências, tudoemproldeaçõesdo inte-resse coletivo.“Ovoluntariado reforça a soli-dariedade e contribui para a construção deumasociedademais justaehumana”, afirma.

Desdecriança,Nayara foi incentivadapelafamília a participar de trabalhos filantrópicosda Igreja em que seus pais frequentavam.Quandoamadureceu, continuou a frequentaros serviços sociais daCatedral da IgrejaCató-lica, no SetorUniversitário. “Toda terça-feiradou aulas de língua brasileira de sinais parapessoasde20a25anos.Alémdisso, promove-mos campanhas regulares de cestas básicas,doaçãoderoupasevisitasaasiloseorfanatos.”

A estudante diz que em cada necessidaderelevam-se oportunidades de ação voluntá-ria, basta olhar em volta e dar o primeiropasso. “Aspessoasquetrabalhamcomvolun-tariado são criativas, decididas e solidárias.Não consigo deixar de ajudar o próximo. Jáfaz parte demim.”

Se tivesse mais tempo, Nayaragostariadedaraulasextrasparaoutros alunos. “Fiz grandesamigos e acabei conhe-cendo pessoas novas.Masomelhor é ter o contatocom a diferença. Cadaum contribui na me-dida do possível paradesenvolver açõescoletivas em prolda assistência so-cial.”

EmpresasDesde a dé-

cada de 1990, ovoluntariado

vem crescendo. O

fatosejustificapelaconsciênciacoletivadeas-suntosligadosàmiséria,àsustentabilidadeeàerradicação da pobreza. Diversas empresascriam programas para incorporação de açõessociais, como aEndesa, que atua na distribui-ção, transmissãoecomercializaçãodeenergiaemtodooBrasil.

EmGoiás, ela desenvolve projetos emCa-choeiraDourada.Umapesquisarealizadapelaempresaidentificouque98%dosfuncionáriosconsideramasaçõesvoluntáriasimportantesetêm interesse em participar. Após os resulta-dos, aEndesacriouoprogramaRededoBem.

Diversosmutirõessãoelaboradospelopro-jeto.EmCachoeiraDourada,porexemplo,800crianças e adolescentes de escolas estaduaisforam beneficiados com a reforma do espaçoqueseráutilizadocomosala de treinamentoecapacitaçãodealunos.

Segundo a gerente de Sustentabilidade daEndesaBrasil,AnaPaulaCaporal, oprogramatem como objetivo angariarmais voluntáriospara o prolongamento das próximas edições.“O primeiro dia de trabalho foi muito bom equeremos produzir edições maiores e commaiormobilidade.Alémdecunhosocial,aem-presa tambémopera ações ambientais.Nossodesejoéexpandirerealizarprojetosculturais.”

O Rede de Bem inclui, ainda, campanhasdesolidariedadeeaçõeseducativas, reformasde abrigos, creches e outras instituições pormeio demutirões voluntários.Todos são rea-lizados por colaboradores das empresas noRio de Janeiro, Ceará, Goiás e Rio Grande doSul, locais que abrigam as sedes das compa-nhias daEndesaBrasil.

Colaboradores da Endesa reformaramescola pública situada em torno da usina onde estudamos próprios filhos Trabalhadordausinapõeamãonamassadurantemutirão

Nayara Caleira dá aulas de Libras parapessoas de 20 a 25 anos todas as terças

Demian Duarte

FabrícioNogueira, 28,pratica trabalhosvoluntáriosprincipalmenteem lixões, alémde dar aulas deinformática paracrianças debairrosmaisafastados