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Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
M e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d e
ISSN: 2178-1486 • Volume 1 • Número 6 • feverei ro 2012
Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho
1
METAPLASMOS: ENTRE A LÍNGUA X ESCRITA1
Sueli Andrade dos Santos Dias
sueli.andrade@hotmail.com
Marlon Leal Rodrigues (CEAPD/NEAD/UEMS)
marlon@uems.br
RESUMO: No presente trabalho, será analisado os metaplasmos tendo com referência a norma padrão, é ensinada na rede pública,
e a oralidade para verificar os diferentes níveis de realização. Para melhor identificar essa ocorrência em suas formas de
manifestações, foi utilizado um questionário, onde os alunos de uma determinada série. Deste questionário foi abstraído o corpus
que se constitui e diferença de registro entre a fala (oralidade) e o registro da norma padrão, sendo que a diferença na fala surge de
forma espontânea e adequada ao momento sabendo-se que todo o indivíduo se utiliza da língua para expressar suas idéias e
pensamentos. Pode-se afirmar que a mudança pode ser percebida tanto na fala como na escrita, como exemplo temos as palavras:
“açougue (escrita), açogue (fala)”, “cadeado (escrita); cadiado (oralidalidade)”, “touca (escrita), toca (oralidade)”. Verificamos há
uma diferença de registro da oralidade para a escrita, ou seja, o aluno reproduz alguns aspectos da oralidade na escrita. Este registro
é uma da formas das características que analisamos quanto a linguagem popular que é vista de forma errônea, sendo que na língua
falada a linguagem ocorre de forma espontânea, deixando que fique transparente no momento, sabendo-se que todo o indivíduo se
utiliza da língua/linguagem para expressar suas idéias e pensamentos considerando que tanto a oralidade quanto a escrita possuem
ordens diferentes.
Palavras-Chave: língua, linguagem, fala, escrita.
Considerações Iniciais
O ser humano é dotado da capacidade de conhecer, de pensar e de raciocínio de forma que sistematiza,
organiza e reflete sobre os fatos do mundo para nele atuar. Conhecer e pensar constitui não somente uma capacidade,
como também uma necessidade para o homem, esta para sua própria sobrevivência, pois quem não conhecesse os
perigos do trânsito, por exemplo, correria o constante risco de receber a visita do médico legista. Ademais, o
conhecimento é necessário para o progresso e desenvolvimento do homem. Conhecer é incorporar, pensar e refletir um
conceito novo ou original sobre um fato ou fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das
experiências que se acumula em no cotidiano da vida, isto através de experiências, dos relacionamentos interpessoais,
das leituras de livros e artigos diversos.
Porém, entre todos os animais, o ser humano, entre os animais, são os únicos capazes de criar e transformar
o conhecimento, são os únicos capazes de aplicar o que se aprende por diversos meios (ensinada, apreendido das
experiências coletivas ou não) de vivência, enfim são os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a
linguagem, e com registrar as próprias experiências e passar para os outros. Entre, pois, a sociedade e a língua não há
uma relação de mera casualidade. Sabedores de conhecimento, o homem sabe que a língua funciona como um
elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua, assim entendida como manifestações da vida em
sociedade. Assim, o estudo da língua pode ligar-se à sociologia, abrindo-se, a partir daí, campos novos de pesquisa, em
especial o da Sociolingüística entre outras.
Neste sentido, o trabalho se inscreve na Sociolingüística, pois a proposta visa analisar a variação
lingüística de um determinado grupo social que de acordo como Tarallo (1997, p. 8) ele determina “como a maneira de
se dizer a mesma coisa com o mesmo valor de verdade em um determinado contexto social”. A variação é um
fenômeno lingüístico que se pode analisado pelos tipos de Metaplasmos. Assim, a análise tem como objetivo geral
verificar até que ponto a escola consegue pelo seu papel “propagar” a norma padrão, consegue influenciar o nível da
linguagem na variação escrita, ou seja, a proposta é analisar o limite entre norma padrão (escrita) e a oralidade (fala
efetiva do indivíduo).
Na busca de constatar o referido objetivo deste trabalho, foi escolhida para análise algumas palavras em
que se possa verificar a ocorrência dos tipos de metaplasmos (Coutinho, 1976). Utilizamos o questionário desenvolvido
utilizado em outra pesquisa desenvolvida por Maria Bendetida Pastoura. Ele foi aplicado em alunos do 9.º ano do
1 Trabalho orientado pelo Prof. Dr. Marlon Leal Rodrigues, Letras Nova Andradina, 2009.
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Ensino Fundamental, com idade de 12 a 16 anos, ambos os sexos, da Escola Estadual Dr. Martinho Marques. Assim,
procura-se analisar o tipo de transformação metaplástica, a diferença de registro entre à fala e a escrita.
O objeto desta pesquisa são algumas palavras do cotidiano que apresentam “oscilação” entre o registro da
fala e o registro da escrita. É importante ressaltar que se utilizado o questionário desenvolvido por Pastoura (2008). O
objetivo geral é analisar os tipos de metaplasmos (por permuta, por aumento, por subtração e por transposição entre
outros) que ocorrem na diferença de registro entra a oralidade e a escrita.
Umas das hipóteses é que as variações ocorridas entre a fala e a escrita se dão por dificuldade do aluno em
compreender que a oralidade e a escrita possuem ordens diferentes e o que se considera como “errado” ou “certo” são
registros específicos previsto “genericamente” de alguma forma no sistema lingüístico.
Como procedimentos metodológicos foram utilizado um questionário sociolingüístico com 30 questões,
palavras do cotidiano, com certa freqüência. O questionário foi na escola pública estadual, com a turma do 9.º ano do
ensino fundamental, no período matutino.
Do questionário será corpus, algumas palavras que oferecem certo tipo de registro para análise do
metaplasmo. Após o contato com a professora da disciplina de Língua Portuguesa, e explicado os objetivos da
pesquisa, ela autorizou e cedeu a turma. Os alunos aceitaram responder as questões, contendo na sala 22 alunos entre
meninos e meninas, com a faixa etária de 12 a 16 anos. O tempo de duração foi de 15 minutos, tempo considerado
proposto ao que eu esperava, logo após terem respondido as questões, recolhi-as e em seguida agradeci a todos
inclusive a professora da sala, por ter reservado alguns minutos da sua aula, para que pudesse realizar esse trabalho.
Depois da aplicação, a etapa seguinte foi constituir o corpus para fazer a análise, considerando todas as questões
respondidas por cada aluno e ao mesmo tempo observando qual a mudança que houve na escrita.
Quanto ao gênero, foram separadas as respostas com a utilização de tabelas e com quadros das respostas
por sexo masculino e feminino, entre 12 e 16 anos. Um aspecto importante a ser ressaltado, são os critérios utilizados
para a seleção dos informantes, o método usado na coleta do material lingüístico selecionado, além dos procedimentos
de abordagem que permearam os momentos em que os informantes dispuseram na colaboração para responderem os
questionários, com o objetivo de analisar alguns tipos de metaplasmos. Além disso, apresentarei os desafios em todo o
percurso do processo de pesquisa que possibilitará a passagem para o estágio seguinte, que é a análise dos dados, na
qual poderão ser discutidos os resultados que foram obtidos.
Contudo, a língua e a escrita como objeto de estudo, sobretudo a escrita, é um conceito muito abrangente,
no qual muitas pessoas escrevem do “jeito” que falam, onde o campo de estudo deve ser limitado para melhor
desenvolvimento e eficácia dos resultados, que foram as analises dos dados. E assim, somou-se um total de 22
informantes para a coleta do corpus da pesquisa, ficando dividido da seguinte maneira:
- 16 informantes do sexo feminino com uma faixa etária de 12 aos 16 anos.
- 06 informantes do sexo masculino com uma faixa etária de 13 aos 16 anos.
Quanto à origem desses informantes, são nascidos em sua maioria, nas redondezas da citada região (rural e
urbana). O roteiro de perguntas, ou seja, o questionário foi elaborado por meu orientador, professor Dr. Marlon Leal
Rodrigues, com questões direcionadas do que acontece no dia-a-dia de cada um como já dito anteriormente.
No decorrer do trabalho houve a preocupação em demonstrarem interesse pelo que estava sendo
perguntado, apesar de muitos acharem que algumas questões seriam consideradas relativamente bobas, mas muitos
ainda tiveram variações, por ser uma turma do 9.º ano, com idade de 16 anos e o nível de escolaridade mais elevado.
Mas para isso Tarallo nos adverte:
O sucesso da aplicação dos módulos poderão variar cada comunidade de fala ou escrita, para cada
grupo de falantes, ou mesmo para cada indivíduo. Cabe, portanto, ao investigador adaptá-los a cada
grupo estudado (Tarallo. 1997 p. 22)
Com isso, no momento da aplicação dos questionários e durante o tempo de responderem as questões, as
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ocorrências das variações surgiram naturalmente, onde este foi o foco do trabalho.
PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
1. Breve história do objeto de pesquisa
O homem tem inerentemente uma necessidade individual de expressar e uma necessidade social de se
comunicar. Para Gelb (apud Kato 1995, p. 12), essas necessidades estão tão relacionadas que ele se pergunta se não
seria melhor dizer que o homem se expressa comunicando, ou que a base de sua comunicação é sua expressão
“individual”.
O desenho do homem primitivo criado sobre a superfície de algum objeto tinha para ele, de início, a função
de expressar suas idéias visualmente, enquanto a fala era sua expressão auditiva. Como passar do tempo, a expressão
visual desenvolve-se em duas direções distintas: o desenho como arte e o sistema pictográfico na comunicação. Esse
sistema pictográfico não apresenta inicialmente uma relação direta com a fala; porém, encaminha-se, posteriormente,
em direção à representação da fala, passando a ser simbolismo de segunda ordem.
Assim, a fala representa idéias, e a escrita representa a fala. Além do sistema pictográfico, outro
precursor da escrita são os recursos usados por indígenas para registrar tempo. Gelb (apud Kato. 1995, p. 12-13) com o
seu estudo minucioso do desenvolvimento da escrita através da História, focalizando principalmente as modificações
internas nos sistemas mais do que os fatores externos.
Conforme as correntes de estudo têm a Lingüística Geral que tem por objeto a linguagem verbal humana
em todas as suas formas e manifestações, trata-se de um saber muito antigo e de uma ciência relativamente jovem. Há
mais de dois milênios e meio, pelo menos, os homens realizam uma reflexão contínua sobre a linguagem. Para se
chegar à escrita alfabética, foi preciso consciência da existência das unidades mínimas que representam as letras: os
fonemas. A partir daí foram criados os alfabetos e em parte começa um grande movimento de reformas da ortografia.
No século XIV, tem-se a “ousadia” (depois da do Sânscrito que tem Panini, maior representante Hindu) de
tentar escrever e a gramática das línguas vulgares. Eis que surge entre os séculos XVIII e XIX uma grande evolução: a
Gramática Comparada, que evidencia o parentesco entre as línguas (sânscrito, latim, grego). Nessa época acredita-se na
teoria biológica da linguagem, na qual as línguas seriam organismos vivos que nascem, crescem e morrem. (Lyons,
1979, p. 1-38). É importante ressaltar que o modelo de gramática normativa que se tem como modelo estrutural ainda é
de Arnauld e Lancelot, Porty- Royal.
A comparação, assim, entre as línguas fez com que se estudassem as leis que determinavam a passagem de
um dado estado de língua para o estado seguinte. Surge então a Lingüística Histórica (ou diacrônica). Nessa fase a
língua era tida como instituição humana e a Lingüística pertenceria às ciências sociais, não naturais. (Lyons, 1979, p. 1-
38).
Finalmente, em 1916 surge Ferdinand de Saussure que, meditando sobre a linguagem como instituição
social, estabelece que a primeira etapa de uma ciência da língua ao conceber um objeto e uma metodologia de forma a
descrever o funcionamento da língua. Pode-se considerar o nascimento Lingüística Descritiva (sincrônica) que deve ter
prioridade sobre a história da língua.
A preocupação em compreender o funcionamento da linguagem levou Saussure a defini-la como sistema
(um sistema estruturado de códigos) e, para compreender o funcionamento desse sistema, ele passa a considerar as
unidades funcionais do código que constroem a mensagem, os Sintagmas (Saussure, 1995, p. 142).
Segundo o próprio Saussure, “o estudo da linguagem comporta duas partes: uma essencial tendo por objeto
a língua que é social em sua essência; outra, secundaria, tendo por objeto a parte individual da linguagem vale dizer, a
fala” (1995, p. 27). A partir da década de 60, novos conceitos se acentuaram, provocando favorecendo o
desenvolvimento de outras áreas como a Sociolingüística, cuja principal função é estudar as variações lingüísticas
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inseridas em um determinado contexto social e buscar possíveis explicações para a escolha de uma variante da língua
em detrimento de outra.
A Sociolingüística, como ciência da relação entre língua e sociedade, veio alcançar o seu maior
desenvolvimento com os estudos do linguista norte-americano William Labov a partir dos anos 60. Porém, no Brasil,
só nos anos 80 que os estudiosos começam a elaborar trabalhos referentes a este campo. A Sociolingüística procura
ainda verificar que tipos de fatores sociais podem influenciar no uso de determinada variante, com objetivo de verificar
as evoluções sofridas nas línguas, traçar os perfis dos usuários dessa língua e ditar tendências de uso concreto em
situações reais, uma vez que a língua é dinâmica e heterogênea.
No início houve até uma hesitação na escolha do termo, face à existência da expressão sociologia da
linguagem, que a primeira vista traduziria algo semelhante ao que se propunha o vocábulo sociolingüística; mais tarde
a melhor definição para ambas é que a primeira busca alcançar um melhor entendimento da estrutura social através do
estudo da linguagem, enquanto que a segunda analisa os aspectos sociais com o intuito de compreender melhor a
estruturas das línguas e seu funcionamento.
Tendo em vista que o pesquisador da área da sociolingüística terá que registrar dados em situações
concretas de fala para conseguir captar a “matéria-prima” de seu trabalho, no modelo laboviano a opção de pesquisa
tem sido a análise de grupos de indivíduos, observando-se os aspectos sociais que interferem em sua fala.
Dessa forma Labov apresenta conceitos pré-determinados de função norteadora ao estudioso da
sociolingüística tais como: o objeto da sociolingüística, a noção de comunidades em que ele defende a comunidade
lingüista, os diferentes dialetos, o conceito de variação lingüística e sua posterior mudança, além da pesquisa
variacionista e até mesmo implicações dos diferentes dialetos dentro do ensino escolar. Sendo assim, Labov procura
abranger amplamente a sociolingüística e os fatores nela constituído, abrindo espaço para um vasto e riquíssimo campo
de conhecimento.
1.2 Linguagens, língua; linguagem falada e linguagem escrita
Como se sabe, a linguagem é a capacidade humana de comunicar por meio de uma língua ou por sinais,
gestos, movimentos corporais do indivíduo, ou seja, linguagem é o conjunto de todos os sinais que o ser humano foi
criando.
O lingüista genebrino Ferdinand de Saussure, em estudos, define então a linguagem como a faculdade
natural de usar uma língua. Segundo ele, a linguagem possui dois lados: tem-se a língua, como sistema de signos que
exprimem idéias e que é social em essência, produto da faculdade da linguagem, e um conjunto de convenções
necessárias adotadas pelo corpo social, a fim de permitir o exercício desta faculdade entre os indivíduos (Saussure,
1995: 17). Além disso, nenhum indivíduo isolado pode criá-la ou modificá-la.
1.3 Concepções de língua
Como herança de Saussure, o Curso de Lingüística Geral deixou três concepções de língua: acervo
lingüístico, instituição social e realidade sistemática e funcional. Como acervo lingüístico, a língua é “o conjunto dos
hábitos lingüísticos que permite a uma pessoa compreender e fazer-se compreender” e “as associações ratificadas pelo
consentimento coletivo e cujo conjunto constitui a língua são realidades que tem sua sede no cérebro”. (Saussure, 1995,
p. 22-23)
Porém, Saussure considera que a língua é um sistema que esta virtualmente no cérebro como realidade
psíquica, não em um indivíduo e sim num conjunto. Assim temos a segunda concepção:
Na concepção de que a língua é uma instituição social Saussure considera a afirmação de que “a língua não
esta completa em nenhum indivíduo e só na massa ela existe de modo completo” e ainda, “é a parte social da
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linguagem, exterior ao indivíduo que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la; ela não existe senão em virtude
de uma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade” (Saussure, 1995, p. 21-22).
Depreende-se então que a língua está instaurada na sociedade de maneira que não se transforma sem que a
comunidade estabeleça um acordo, ou seja, é produto da sociedade que não pode ser destruído, pois é fundamental na
comunicação e na vida em comunidade.
Outra concepção refere-se a língua como realidade sistemática e funcional, na qual segundo o conceito
saussuriano, “a língua é um sistema de signos que exprimem idéias de natureza homogênea” (Saussure, 1995, p. 23).
Assim, embora Saussure tenha defendido que a língua é um fato social, ele pressupõe a homogeneidade como requisito
básico para a descrição, excluindo a preocupação com elementos de ordem social.
Por fim, é necessário frisar que a língua não é simples veículo de informação, mas um meio que estabelece
relacionamentos entre pessoas que por sua vez estão desenvolvendo uma série de fatores através dos quais ocorre a
percepção do mundo intrínseco nele. Em outras palavras, a língua afeta a sociedade na medida em que é afetada
também por ela.
1.4 Concepções de linguagem falada e linguagem escrita
A linguagem escrita é, como se sabe, um dos mais comuns meios visíveis de expressão. Há ocasiões em
que o lingüista se vê obrigado a lançar mão desse meio para levar a cabo sua tarefa; por exemplo, quando ele investiga
uma “língua morta”, através de documentos antigos, pense-se no caso do latim e do grego clássico. No entanto, deve-se
colocar cada uma dessas modalidades da expressão lingüística, a falada e a escrita.
Observa-se, às vezes, nas pessoas alfabetizadas, uma tendência pronunciada para superestimar o papel
desempenhado pela escrita em nosso tipo de cultura. Pois ninguém nega a importância que a escrita teve e que ainda
tem em uma sociedade letrada, mesmo neste final de século invadido pelo visual, relativamente à expressão e
conservação das conquistas das ciências e das artes. Mas, ao cotejar as duas modalidades de expressão lingüística, a
falada e a escrita não se pode perder de vista que a invenção da escrita é recente se a compararmos com a antiguidade
da fala; esta se confunde com a própria origem do homem (“dizer homo sapiens, escreve Malmberg (1969) é dizer
homo loquens”).
A primeira inscrição que podem passar por ser os tipos de escrita mais remotos, suméricas, egípcias e
indianas, não tem mais que cinco ou seis mil anos. O que se passou na história da espécie, passa-se, ainda hoje, na
história de cada indivíduo: ainda hoje aprendemos a falar antes de aprender a escrever. Por outro lado, a fala possui
maiores possibilidades de sobrevivência do que a escrita.
É possível sem grande esforço, imaginar um mundo futuro como vaticinou Mcluhan, por exemplo, em que
a modalidade escrita da linguagem seja substituída por alguma outra modalidade de expressão; mas seria muito difícil,
para não dizer impossível, supor que algum outro sistema semiótico venha a ocupar, no futuro, o lugar da fala,
tornando-a inútil ou obsoleta.
Além disso, a fala é universal, independentemente do grau de desenvolvimento alcançado por um povo. A
escrita não o é. Não há um só exemplo de algum povo que não fale, mas há muitos povos que seria a maioria, aliás, que
desconhecem qualquer sistema de escrita. E mais: todos os sistemas de transcrição escrita estão fundados na fala, em
relação à qual são secundários; o contrário não se dá. (Lopes, 1997, pág. 32-33).
Por isso Saussure advertia (apud Saussure, 1972: 45) que a única razão de ser da escrita é o seu caráter de
representante da fala.
1.6 A questão da concordância nas gramáticas
Considera-se que é necessário o ensino de gramática na escola, por isso faz-se importante que uma
definição de gramática. Apesar de ser um conceito controvertido, de acordo com Possenti (2001, p. 63):
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Proponho que aceite, para efeito de argumentação, que a palavra gramática significa “conjunto de
regras”. Não é uma definição muito precisa, mas não é equivocada. Mas acrescente-se logo que a
expressão “conjunto de regras” também distinguirá vários tipos de gramática.
Dessa forma, Possenti consegue distinguir três tipos de gramática: normativas (regras que devem ser
seguidas), descritivas (regras que são seguidas) e internalizadas (regras que o falante da língua domina). Além disso,
ele apresenta também concepções de erro para cada tipo de gramática disposto.
A primeira delas, e talvez a de maior relevância na presente pesquisa, é a gramática utilizada pela tradição
do ensino, a mais conhecida e usada tanto pelos professores quanto pelos livros didáticos. “para tanto, apresentam um
conjunto de regras, relativamente explicitas e relativamente coerentes, que, se dominadas, poderão produzir, com
efeito, o emprego da variedade padrão (escrita e/ou falada)” (Possenti, 2001, p. 62).
As regras de uma gramática normativa se assemelham ás regras de etiqueta, expressando uma obrigação e
uma avaliação do certo e do errado. No que se refere à concepção de língua para as gramáticas normativas, Possenti
(2001) concebe que:
A língua corresponde às formas de expressão observadas produzidas por pessoas cultas, de prestígio.
Nas sociedades que tem língua escrita, é principalmente esta modalidade que funciona como modelo,
acabando por representar a própria língua. Eventualmente, a restrição é ainda maior, tornando-se por
representação da língua a expressão escrita elaborada literalmente. È a essa variante que se costuma
chamar “norma culta” ou “variante padrão” ou “dialeto padrão”. Na verdade, em casos mais extremos,
mas não raros, chega-se a considerar que esta variante é a própria língua. (p. 74).
O segundo tipo de gramática se refere às gramáticas descritivas, em que temos que saio regras que são
seguidas. Trata-se da língua tal como ela é falada, na qual nenhum dado é desqualificado como não pertencendo à
língua. De acordo com Possenti (idem, p. 76) a gramática descritiva, “considera um fato a ser descrito e explicado – a
língua falada ou escrita como sendo um dado variável (isto é uniforme), e seu esforço é o encontrar as regularidades
que condicionam essa variação”. Ainda segundo Possenti, a concepção de erro é que: só seria erro a ocorrência de
formas ou construções que não fazem parte, de maneira sistemática, de nenhuma das variantes de uma língua.
1.7 É preciso saber gramática para falar e escrever bem
As gramáticas foram escritas precisamente para descrever e fixar como “regras” e padrões as
manifestações lingüísticas usadas espontaneamente pelos escritores considerados dignos de admiração, modelos a ser
imitados, ou seja, a gramática normativa é decorrência da língua, é subordinada a ela, dependente dela.
Portanto, como a gramática, porém passou a ser um instrumento de poder e de controle, surgiu essa
concepção de que os falantes e escritores da língua é que precisam da gramática, como se ela fosse uma espécie de
fonte mística invisível da qual emana a língua “bonita”, “correta” e “pura”, ou seja, a língua passou a ser subordinada e
dependente da gramática. Ora, não é a gramática que “estabelece” a norma culta. A norma culta simplesmente existe
como tal.
A tarefa de uma gramática seria isso sim, definir, identificar e localizar os falantes cultos, coletar a língua
usada por eles e descrever essa língua de forma clara, objetiva e com critérios teóricos e metodológicos coerentes
(Bagno, 2003, p. 65).
Em relação à língua escrita, seria pedagogicamente proveitoso substituir a noção de erro pela tentativa de
acerto. Afinal, a língua escrita é uma tentativa de analisar a língua falada, e essa análise será feita, pelo usuário da
escrita no momento de grafar sua mensagem, de acordo com seu perfil sociolingüístico. Uma pessoa com poucos anos
de escolarização, pouco habituada à prática da leitura e da escrita, tendo como quadro de referência apenas uma
suposta equivalência unívoca entre som e letra, fará uma análise dotado de reduzido instrumental teórico, empregando
como ferramenta básica a Analogia.
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Assim, quem escreveu chícara em vez de xícara não fez isso porque quis errar, mas sim porque quis
acertar. Se existe chinelo, chicote, chiqueiro, chiclete, por analogia se chaga a possibilidade de também haver chícara.
È importante notar que os “erros” de ortografia são constantes: troca de j por g, de s por z, de ch por x e assim por
diante. Justamente por isso que é necessário fazermos uma análise da relação fala - escrita que ultrapassa os limites
teóricos da suposta equivalência som-letra.
Dificilmente alguém vai tentar escrever xícara usando um j, um g, um s no lugar do x oficial, porque
faltam dados de experiência para uma analogia razoável. Por outro lado, uma pessoa que tenha freqüentado a escola
por muitos anos, que leia e escreva assiduamente, que se tenha familiarizado com o uso do dicionário, que tenha sido
despertada para a existência das regularidades e irregularidades da língua escrita, saberá que a simples analogia não
será suficiente como guia no momento de escrever. (Bagno, 2003. p. 126).
1.8 A mitologia do preconceito lingüístico
Parece haver cada vez mais, nos dias de hoje uma forte tendência a lutar contra o preconceito lingüístico, e
mostrar que ele não tem nenhum fundamento racional, é apenas resultado da ignorância. Da intolerância ou da
manipulação da ideologia. Infelizmente, porém, essa tendência não tem atingido um tipo de preconceito muito comum
na sociedade brasileira: o preconceito lingüístico. Muito pelo contrário, o que vemos é este preconceito ser alimentado
nos programas de televisão e de rádio, em revistas, livros manuais, que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é
“errado”, sem falar dos instrumentos tradicionais de ensino da língua: a gramática normativa e os livros didáticos.
O preconceito lingüístico fica bem claro numa série de afirmações negativas que os brasileiros têm de si
mesmo e da língua falada (Bagno, 2003, p.13).
1.9 As pessoas sem instrução falam tudo errado?
O preconceito lingüístico se baseia na crença de que só existe, uma única língua portuguesa digna deste
nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e nos dicionários. Porém, qualquer
manifestação lingüística que escape desse triangulo escola-gramática-dicionário é considerado, como preconceito
lingüístico, “errada, feia, rudimentar, deficiente”, e não é raro a gente ouvir que “isso não é português”.
Na visão preconceituosa dos fenômenos da língua, temos um exemplo, onde a transformação de /L/ em /R/
nos encontros consonantais, como: cráudia, chicrete, praca, broco, pranta, isso é tremendamente falado por muitos
brasileiros, que até é considerado as vezes como um sinal de “atraso mental”das pessoas que falam assim. Só que
estudando cientificamente esta questão, é fácil descobrir que não se está diante de um traço de “atraso mental” dos
falantes “ignorantes” do português, mas simplesmente de um fenômeno fonético que contribui para a formação da
própria língua portuguesa padrão, como em alguns exemplos, aqui citado: português padrão (cravo) > etimologia
(clavu) de origem latim; português padrão (prata) > etimologia (planta) de origem provençal; português padrão (praga)
> etimologia (praga) de origem latim.
Assim, é fácil notar, que essas palavras e muitas outras do português padrão, na sua origem, um /L/ bem
nítido que se transformou em /R/. E agora? Se fôssemos pensar que as pessoas que dizem Cráudia, chicrete e pranta
tem algum “defeito” ou “atraso mental”, seríamos forçados a admitir que toda a população da província romana da
Lusitânia também tinha esse mesmo problema na época em que a língua portuguesa estava se formando. Como
exemplo, temos o grande Luís de Camões, que também sofria desse mesmo mal, onde ele escreveu ingrês, pubricar,
pranta, frauta, frecha na obra que é considerada até hoje o maior monumento literário do português clássico, o poema
“Os Lusíadas”. E isso, seria dizer um absurdo.
Sabe-se com certeza que existem pessoas falantes da norma culta urbana, pessoas escolarizadas, que tem
problemas para pronunciar os encontros consonantais com /L/, como é o caso de trocar o /l/ por /r/, como Cráudia,
pranta, praga, etc. Mas nesses casos realmente trata-se de uma dificuldade física que pode ser resolvida com uma
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terapia fonoaudióloga. Mas não é disso que se está tratando, a questão é a fala dos brasileiros das variedades não-
padrão, que no sistema fonético simplesmente não existe encontro consonantal com /l/, independentemente de terem ou
não dificuldades articulatórias. Se disser Cráudia, praça, pranta é considerado “errado” e por outro lado, dizer frouxo,
escravo, branco, praga é considerado “certo”, isso se deve simplesmente a uma questão que não é lingüística, mas
social e política, pois as pessoas que dizem Cráudia, praça, pranta pertencem a uma classe social desprestigiada,
marginalizada, que não tem acesso à educação formal e aos bens culturais da elite, e por isso a língua que elas falam
sofre o mesmo preconceito que pesa sobre elas mesmas, ou seja, sua língua é considerada “feia”, “pobre”, “carente”,
quando na verdade é apenas diferente da língua ensinada na escola.
Como se vê, do mesmo modo como existe o preconceito contra a fala de determinadas classes sociais,
também existe o preconceito contra a fala característica de certas regiões, por exemplo, o modo como a fala nordestina
é retratada nas novelas de televisão, principalmente na Rede Globo, onde todo personagem de origem nordestina é, sem
exceção, um tipo grotesco, rústico, atrasado, criado para provocar risos, deboche dos demais personagens e
principalmente dos espectadores, mas nós sabemos que essa atitude representa um a forma de marginalização e
exclusão.
Porém, a fala nordestina não tem nada de “engraçada” ou “ridícula”, porque se fosse assim também
iríamos achar engraçada a maneira dos cariocas, dos mineiros ou capixabas falarem. Ora do ponto de vista lingüístico,
o fenômeno é o mesmo para todos – palatalização-. Assim, se o fenômeno é mesmo, para todos, porque na boca de um
ele é “norma” e na boca de outro ele é “engraçado”, “feio” ou “errado”? Portanto, o modo de falar das pessoas,
depende da pessoa que fala esta língua e da região geográfica onde essa pessoa vive, ou seja, cada região tem o seu
dialeto. (Bagno, 2003. p. 40-45).
1.11 Metaplasmos
Segundo Coutinho (1976), metaplasmos são as modificações fonéticas que sofrem as palavras na sua
evolução, sabendo-se que é os fonemas o material que constituem o som sonoro da língua, podendo este, estar sujeito a
qualquer lei fatal das transformações. Essas modificações se deparam no próprio idioma, quando comparamos vozes de
épocas distanciadas. É lamentável dizer como cada geração altera inconscientemente, conforme suas tendências às
palavras da língua portuguesa, principalmente dependendo da região em que moram, alterações essas que se tornam
perfeitamente sensíveis e inadequadas, com o decorrer de muitos tempos depois.
Essas modificações podem ser motivadas pela troca, pelo acréscimo, pela supressão de “fonema” e ainda
pela transposição de fonema ou acento tônico (Coutinho, 1976, p.142-149).
Portanto, voltando aos conceitos de metaplasmos, conforme Coutinho ressaltou, estes dividem-se em:
a) metaplasmos por permuta;
b) metaplasmos pó aumento;
c) metaplasmos por subtração;
d) metaplasmos por transposição.
a) - Os Metaplasmos por permuta são os que constituem na substituição ou troca de um fonema por
outro.
Pertencem a esta classe:
1) a sonorização; 6) a nasalação;
2) a vocalização; 7) a desnasalação;
3) a consonantização; 8) a apofonia;
4) a assimilação; 9) a metafonia.
5) a dissimilação;
1) Sonorização: é a permuta, ou seja, a troca de um fonema surdo por um sonoro com o mesmo ponto de
articulação. Ex.: os fonemas latinos p, t, c, f, quando mediais intervocálicos, sonorizam-se, respectivamente em
português, em b, d, g, v. Ex.: lupo > lobo, cito> cedo, acuto > agudo, profectu > proveito.
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2) Vocalização: é a conversão de uma consoante num fonema vocálico, ou seja, a transformação de um
fonema em uma vogal. Ex.: vocaliza-se em i ou u a primeira consoante dos grupos ct, lt, pt, lc, lp, bs, gn. Ex.: factu >
feito, altera > outro, falce > fouce, palpare > poupar, absentia > ausênsia, regnu > reino.
3) Consonantização: é a transformação de um som vocálico num consonantal, ou seja, é uma vogal que se
transforma em consoante, dando-se a consonantização com as semivogais i ou u, que passam respectivamente a j e v.
Ex.: iam > já, ieiunu > jejum, uagare > vagar, uiuere > viver.
4) Assimilação: é a aproximação ou dois fonemas idênticos, resultante da influência que um exerce sobre
o outro. Esta assimilação pode ser vocálica e consonantal, total e parcial, progressiva e regressiva. Ex.:
- É vocálica, quando o fonema que se assimila é uma vogal. Ex.: poomba (arc.) > pomba, queente (arc.) > quente,
moor (arc.) > mor.
- É consonantal, quando o fonema assimilado é uma consoante. Ex.: persona > pessõa (arc.) (> pessoa), verlo > vello
(>vê-lo), ipse > isse ( > esse).
- É total quando se identifica o fonema assimilado com o assimilador. Ex.: per+lo > pello (> pelo), adversa > *avessu
(> avesso), persicu > pessicu (> pêssego).
- É parcial quando há semelhança entre o fonema assimilado e o assimilador, não existindo nenhuma
identidade. Ex.: lim(i)le > linde, com(i)le > conde, *failo (< factu > feito, auro > ouro.
- É progressiva quando o fonema assimilador está em primeiro lugar. Ex.: amaranlo > amaram-no, mol(i)nariu >
*mollairo (> moleiro), salnitre (prov.) > sallitre (> salitre), *esmol(y)na por eleemosyna > esmolla (> esmola).
- É regressiva quando o fonema assimilador está depois. Ex.: pedir (<*pitire por petere) > pidir, papseu > *casseu (>
quixo), ersa > essa, reversu > revesso. Ressaltando-se, que esta pode-se dar também quando à assimilação por
influência de uma consoante sobre a vogal. Ex.: fame > fome, cognatu > cunhado, resecare > rasgar, regina > rainha,
vipera > víbora, sibilare > assobiar, perfídia > porfia.
5) Dissimulação: é a diversificação ou queda de um fonema por já existir outro fonema igual ou
semelhante na palavra. Ex.: calamellu > caramelo, formosu > fermoso (arc.) > formoso, aratru > arado, lobellu
(*globello) > novelo. Ressaltando-se que a dissimulação também pode ser: vocálica, consonantal, progressiva e
regressiva.
- É vocálica, quando o fonema que se dissimila é uma vogal. Ex.: *poçonha (<*potionea) > peçonha, *losoira (<
tonsoria) > tesoira, manhã (<*maniana) > menhã (arc.), manhã, valoroso > valeroso (arc.), temoroso > temeroso.
- É consonantal, quando o fonema que se sissimula é uma consoante. Ex.: mem(o)rare > nembrar (arc.) > lembrar,
na(i)ma > alma, raru > ralo, rastru > rasto, animália > alimária, taratru > trado.
- É progressiva, quando o fonema que se dissimula se acha depois do dissimulador. Ex.: cribru > crivo, prora > proa,
Bracara > * Bracala (> Braga), local (e) > lugar, ratru > rodo, rostru > rosto, priore > priol (pop.).
- É regressiva, quando se verifica o contrário. Ex.: mel(i)mellu > marmelo, quinque > cinque (lat.) (> cinco), livel (arc.)
(< libellu) > nível, paravra (arc.) (< parábola) > palavra, lrgalho (< ligac (u)lu) > negalho.
6) Nasalação ou nasalização: é a conversão de um fonema oral em nasal. Ex.: muito (arc.) (< multu) >
muito, ne (c) > nem, meccu > monco, *remussicare > resmungar, mulgere > monger (arc.) > mungir, mac(u)la >
mancha, mãe (arc.) (< matre) > mãe. Ressaltando-se que em todos estes casos, a nasalação se explica pela nasal
anterior. Ex.: ensaio (< exagiu), enxume (< examen), enxempro (arc.) (< exemplu), enjeitar (< exjectare), enxugar (<
exsucare, enxaguar (<*exaquare).
7) Desnasalazação ou desnasalização: é o contrário da nasalização, o fonema anterior perde a nasalidade,
tornando-se oral. Ex.: lûa (arc.) (< luna) > lua, coroa (arc.) (< crrona) > coroa, bõa (arc.) (< bona) > boa, pessoa (arc.)
(< persona) > pessoa, soar (arc.) (< sonare) > soar.
8) Apofonia ou deflexão: é a modificação que sofre a vogal da silaba inicial de uma palavra, quando se lhe
junta a um prefixo. Ex.: *in+barba > imberbe (> imberbe), *ad+cantu > acentu (> acento), sub+iactu > sujectu (>
sujeito), per+jactu > perfectu (> perfeito).
9) Metafonia: é a modificação de som, ou mais propriamente do timbre de uma vogal, resultante da
influência que sobre ela exerce a voga ou semivogal. Ex.: feci > fiz, *poli por polui > pude, sericu > sirgo, debita >
dívida, tepidu > líbio, décima > dízima, sequo por sequor > sigo, dormio > durmo, compleo > cumpro. Ressaltando-se,
que às vezes pode ocorrer modificações no timbre no singular, no masculino na 1.ª pessoa do indicativo, ao passo que
no plural, no feminino e na 2.ª pessoa do indicativo, conserva-se o timbre originário latino. Ex.: jocu > jogo, focu >
fogo ao passo que jogos > fogos, > fogos; porcu > porco, socru por soceru > sogro, mas porca > porca, socra >
sogra.
b) Os Metaplasmos por aumento são os que adicionam fonemas à palavra.
A esta classe pertencem:
1) a prótese ou próstese; 3) a anaptixe ou suarabácti;
2) a epêntese; 4) a paragoge ou epítese.
1) Prótese ou próstese: é o aumento de som no início do vocábulo. Ex.: stare > estar, *scribére por
scribere > escrever, scutu > escudo, nanu > anão, abuitre (arc.) > abutre, rana > arrã (pop), pruneu > abrunho.
Ressaltando-se que nos 3 primeiro exemplos a prótese remonta ao latim vulgar, onde temos exemplos como: istare,
ispiritus, etc. Já no protuguês arcaico, ocorrem muitos casos de prótese. Ex: atambor, acredor, acipreste, alagoa,
arrefém, arruído, arrecife. Já em português a prótese ocorre muitas vezes da aglutinação, como: phantasma >
abantesma, minacia > ameaça, laesione > aleijão, mora > amora.
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2) Epêntese: é o acréscimo de fonema no interior da palavra. Ex.: pign(o) > pendra (arc.) ( > prenda) area
(< arena) > areia, num(e)ru > nombro (arc.), hon(o)rare > ondrar (arc.), ingen(e)rare > engendrar, stelle > estrela.
3) Anaptixe ou suarabácti: é a epêntese especial que consiste em desfazer um grupo de consoantes pela
intercalação de uma vogal. Ex.: *grupa (< kruppa, germ.) > garupa, *bratta (< blatta) > barata, *fevrairo (< febrariu por
februariu) > fevereiro.
4) Paragoge ou epítese: é a adição de fonema no fim do vocábulo. Ex.: ante > antes. Este –“s” se explica
por analogia com o de depois. Deste modo se explica a sua existência nos advérbios anvidos (arc.), prestes, entonces
(arc.) algures, alhures, nenhures, somentes. São formas dialetais portuguesas: maré, alguidade, sole animale.
Ressaltando-se, que nos empréstimos modernos, acrescenta-se “e”quando terminados em consoante que não se une
como final de palavra portuguesa: chique (chic), clube (club), bife (beef), filme (film), restaurante (restaurant), zinco
(zink), lanche (lunch).
c) Os Metaplasmos por subtração são os que tiram ou diminuem fonemas à palavra.
Fazem parte desta classe:
1) a aférese; 4) a apócope;
2) a síncope; 5) a crase;
3) a haplologia; 6) a sinalefa ou elisão
1) Aférese: é a queda de fonema no início da palavra. Ex.: attonitu > tonto, episcopa > bispo, acumen >
gume, insânia > sanha, inamorare > namorar. Ressaltando-se que no antigo português eram muito comuns os casos de
aférese, como: geriza (ojeriza), lambique (alambique), laúde (alaúde), licate (alicate), lameda (alameda), vogado
(advogado), menagem (homenagem), nemiga (inimiga), etc.
2) Síncope: é a subtração do fonema no interior do vocábulo. Ex.: malu > mau, mediu > meio, lepore >
lebre, verilate > verdade, *publica > pulga, manica > manga, opera > obra, liberare > livrar.
3) Haplologia: é a síncope especial que consiste na queda de uma sílaba no meio da palavra, por haver
uma idêntica ou quase idêntica na mesma palavra. Ex.: *rodador (< rotatore) > rodor (arc.) (> redor), *perdeda (<
perdita) > perda, *vendeda (< vendita) > venda.
4) Apócope: é a queda do fonema no fim do vocábulo. Ex.: amal > ama, amare > amar, atroce > atroz,
guttur > goto, legale > legal, regate > real, mense > mês, sic > si (arc.), et > e.
5) Crase: é a fusão de dois sons vocálicos contíguos. Ex.: pee (arc.) (< pede) > pé, see (arc.) (< sede) > sé,
avoo (arc.) (< *aviolu) > avô, seer (arc.) (< sedere) > ser, leer (arc.) (<*legére por legere) > ler. Ressaltando-se que só
há caso de Crase em português, quando ocorrem a preposição “a” e os demonstrativos aquele, aquela, aquilo, aqueles,
aquelas, ou a mencionada preposição e o artigo feminino “a”. Isto é um recurso da língua portuguesa para eliminação
do hiato.
6) Sinalefa ou elisão: é a queda da vogal final de uma palavra, quando a próxima palavra inicia por uma
vogal. Ex.: de+intro > dentro, de+ex+de > desde, de+um+dum, de+este > deste, de+aquele > daquele.
d) Os Metaplasmos por transposição são os que consistem na deslocação do fonema ou do acento tônico
das palavras, ou seja, são os fonemas e os acentos tônicos que passam de uma sílaba para a outra. Porém, esta
transposição de fonemas toma o nome de metátese.
- Metátese: é a transposição do fonema, que se pode verificar na mesma sílaba ou entre as sílabas. Ex.: semper >
*sempre (> sempre), inter > *intre (> entre), super > *supre (> sobre), gubia > goiva, pigritia > pegriça (> primeiro).
Assim, podemos analisar que houve metátese na língua portuguesa em: fresta, livreiro, enjoar, grinalda, cabresto,
quebrar, etc.
- Hiperbibasmo: é o nome que se da em especial a do acento tônico que compreende-se a sístole e a diástole.
- Sístole: é a transposição de acento tônico de uma sílaba para a anterior. Ex.: amassémus por amavissémus >
amássemos, erámus > éramos, saliva > *saivá > seiva (arc.) > seiva,
- Diástole: é a deslocação de acento tônico de uma sílaba para a posterior. Ex.: océanu > oceano, júdice > juiz, gémitu
> gemido, arbítriu > alvedrio, lulíere > mulher, íntegru > inteiro. Ressaltando-se, que houve deslocação de acento
tônico em português em fígado, nível, míope, ídolo. Explica-se essa deslocação de acento tônico por analogia.
1.12 Analogia
Analogia é o princípio pelo qual a linguagem tende a padronizar-se, reduzindo as formas irregulares e
menos freqüentes a outras regulares e freqüentes. Sendo que os fatos mais comuns e gerais são os que servem de
modelo para os outros, raramente se dá ao contrário. “A analogia, diz Mário Barreto, (apud Coutinho, 1976. p. 150),
procede, sobretudo por generalização modificando os fenômenos vizinhos”. Já a mutação analógica defere da fonética,
segundo Niedermann (apud Coutinho, 1976. p.150), porque ela “se produz, com efeito, sempre em função do sentido
ou do papel gramatical; as modificações fonéticas, ao contrário, só atingem a imagem acústica, fora de toda
consideração do valor intrínseco das palavras”.
Também em Coutinho (1976, p. 150), afirma Bréal, que a analogia encontra sua razão de ser no próprio
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instinto imitativo do homem. Porém, Sayce (apud Coutinho, 1976, p.150), pensa que não é somente o instinto de
imitação o que justifica a analogia, mas este aliado á preguiça humana.
Portanto, nas transformações de uma língua, sempre exerce a analogia um papel verdadeiramente
importante, encarado, porém, como á luz de outro critério, que constitui um recurso ordinário de simplificação, porque
torna idênticos os casos discordantes. Ressaltando-se, ainda que Mário Barreto, diz “a Analogia é como se vê,
essencialmente unificador e livelador”, pois ela tende a restabelecer a harmonia e o paralelismo das formas. (Coutinho,
1976, p. 150)
Foram os Neogramáticos que chamaram a tensão para a analogia, e lhe assinalaram os efeitos decisivos nas
transformações da linguagem. Por conta disso, pode-se dizer que os casos decorrentes de analogia podem ser
considerados verdadeiras criações, não desaparecendo da originária, pois vive uma a par da outra, e nem sempre é a
analogia que consegue triunfar.
Ressaltando-se, que não se deve confundir analogia com assimilação, pois a Analogia resulta da influência
de um vocábulo sobre o outro, determinando igualdade ou aproximação, ao passo que a Assimilação visa á identidade
ou semelhança dos fenômenos, na mesma palavra.
Segundo o já citado Bréal, todo fato analógico envolve um ato da razão, embora seja esta, como ela mesma
afirma uma razão obscura, porém isto que Bréal diz é contestado pela maioria dos lingüistas modernos, que arrolam os
casos decorrentes de analogia entre os que se dão sem consciência. Dauzat, (apud Coutinho, 1976, p. 151), afirma que
os lingüistas sempre acham que uma absoluta inconsciência preside a essas transformações e, não obstante a opinião
diferente de alguns filósofos parece que não deve haver nenhuma dúvida sobre este ponto. Em apoio a Dauzat, vêm os
fatos que diariamente observamos que são as pessoas que se encontram em condições menos favorecidas para usarem
da razão, como os ignorantes e as crianças, as que mais se servem de analogia.
A criança, por exemplo, adquiridos os conhecimentos mais rudimentares e necessários à vida, começa nas
suas tentativas para ser compreendida, a aplicar inconscientemente as noções obtidas para serem compreendidas. Desta
maneira o pretérito fraco em –i, que é o mais comum nos verbos da 2.ª conjugação, torna-se uma porta aberta que a
levará necessariamente a dizi, fazi, trazi A princípio, são as formas analógicas tachadas de errôneas pelas pessoas
instruídas. Porém, é por serem repetidas pelos ignorantes, que numa nação constituem sempre maioria, aonde se vão
generalizando, até que, pelo enfraquecimento natural da memória ou pela ausência completa de cultura, acabam por
prevalecer. Os casos que, embora não constituindo propriamente exceções, são, todavia particulares.
Salientamos que não se deve julgar a analogia uma causa, mas um simples meio, como afirma Bréal que as
línguas recorrem á analogia nas seguintes maneiras:
1) para evitar alguma dificuldade de expressão;
2) para obter mais clareza;
3) para por em destaque uma posição ou semelhança;
4) para conformar-se com uma regra antiga ou nova.
Porém, em todo fato analógico, descobrimos sempre dois termos: um ativo e outro passivo. Chama-se
termo ativo o que exerce a influência ou serve de modelo; termo passivo, o que sofre a influência ou é modelado.
Assim, as ações da analogia nos exercem diferentes domínios da língua, onde suas conseqüências se fazem sentir: na
fonética, na morfologia, na sintaxe e na semântica. (Coutinho, 1976. p.151-153)
1.13 Na fonética
A palavra, tomada isoladamente, é um conjunto material de fonemas ou sílabas, a que se atribui
determinado sentido. Esta fonética pode fazer parte de um grupo, pertencer a um sistema (flexão, derivação, etc.).
Portanto, quando esses fonemas ou sílabas são atingidos pela ação da analogia, sem que suas formas sejam afetadas, é
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óbvio que se trata de analogia fonética.
O nosso espírito associa não raro palavras que na origem são distintas, para isso basta que uma palavra
possa evocar a outra, o que acontece quando ele descobre certas relações entre elas, principalmente de afinidade ou de
oposição semântica. Com isso, o resultado é que a menos familiar ou menos radicada na língua sofre a influência da
outra, que lhe determina modificações matérias, inexplicáveis pelas leis fonéticas conhecidas. Assim como exemplo
temos o “R” de estrela que provém da analogia com astro; o “T” de cafeteira decorre da influência de leiteira; o “L”
aparece em floresta por influxo de flor; o “A” de chaminé se explica por interferência de chama; e assim por diante.
Na essência, porém, não diferem de outro, que os lingüistas arrolam-se na denominação genérica de etimologia
popular, e contra os quais se manifesta a repulsa dos homens cultos.
Assim, a influência da palavra modelo se denuncia aqui mais facilmente pela conversação quase integral
na nova forma. São exemplos de etimologia popular:
Barriguilha (barriga) > braguilha
Ourina (ouro) > urina
Sancristão (santo) > sacristão
Ouvisto (visto) > ouvido
As palavras ou as frases estrangeiras são as que mais estão sujeitas as alterações populares, basta somente
uma semelhança qualquer entre a palavra estranha e o português, para que o povo, na maioria na sua ignorância,
procure identificar um com o outro. Porém, cada agrupamento humano pronuncia as palavras estranhas ao seu léxico
de conformidade com os hábitos fonéticos da própria língua. “O hábito, diz Sayce (apud Coutinho, 1976), é um poder
soberano na vida das pessoas, onde os sentidos e as idéias, aos quais nós habituamos, nascem, sem serem chamados, na
inteligência e nos lábios”. Até na grafia das palavras se sentem os efeitos da analogia, é o caso daquelas pessoas menos
entendidas, que em matéria de etimologia, freqüentemente se equivocam, aproximando graficamente vocábulos cuja
origem é inteiramente diversa.
Assim, a simplificação ortográfica veio especialmente, para evitar tais confusões, apesar disso, ainda até
hoje aparecem grafias como:
Ascenção (ascensão) - por analogia com assunção
Exceção (exceção) - por analogia com excesso
Focar (fossar) - por analogia com focinho
Setim (celim) - por analogia com seda
Vasa (vaza) - por analogia com vaso
O cruzamento também pode ser considerado como um caso de analogia fonética, onde o nosso espírito
associa às vezes duas palavras semelhantes na significação ou pronúncia, surgindo dessa associação um terceiro
vocábulo, com elementos fonéticos entre os dois. È o caso, por exemplo, da palavra alcançar, que do latim calce
formou-se *incalceare e * accalceare, que deram respectivamente em português encalçar e acalcar, que por analogia
com encalçar, acalcar passou a *ancalçar, onde por metátese ficou alcançar.
1.14 Na Morfologia
Na morfologia, pode-se dizer de um modo geral, que a analogia é a base de toda a morfologia, por estar
contida nela algumas classes de palavras como: os substantivos que divide-se em: gênero, número e grau, e os verbos.
Onde se refere aos substantivos, podemos dizer que é onde ocorre maior variedade de flexões, onde se mostra
freqüentemente a ação da analogia, como é o caso do Gênero – (masculino e feminino), que foi as palavras da 1.ª
declinação latina que eram geralmente do singular em “a”(m), tornando-se este “a” a desinência característica do
feminino, em Português.
Porém, pelo simples fato de terminarem em “a”, alguns nomes gregos masculinos ou neutros foram
considerados femininos, na língua arcaica, como clima, planeta, cometa, fantasma e diadema. Os nomes da 2.ª
declinação, terminados em “us”, era em regra geral, do gênero masculino. Em nossa língua o “u” latino, transforma-se
regularmente em “o”, assim explica, porque este “o” é considerado o sinal da flexão masculina, em Português. Por isso
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que muitos nomes, antigamente só tinham uma forma, de acordo com a origem latina; e que hoje por analogia sua
desinência no feminino é “a”. No caso do Número – (plural e singular), o plural português originou-se do acusativo
plural latino. Terminando este em “s” nos nomes masculinos e femininos, tornou-se o “s” o sinal da desinência do
plural, em nosso idioma, que por analogia com as palavras portuguesas, formam igualmente o plural com “s” as de
outra procedência, como tupis, árabes, germânicas, etc.
No caso do Grau – (aumentativo e diminutivo), alguns são qualitativos, além do superlativo próprio, de
origem latina, possuem outro resultante da analogia, onde é o caso, está bom (boníssimo), pequeno (pequeníssimo),
grande (grandíssimo), pobre (pobríssimo), áspero (asperíssimo), e assim por diante.
Onde se refere aos Verbos, podemos dizer que é neste que maior apreciamos a ação da analogia, por causa
da riqueza de flexões que caracteriza esta classe de palavras, que desde o latim nós deparamos freqüentemente com
algumas criações analógicas nas formas verbais. Assim, os verbos da 3.ª conjugação passaram todos para a 2.ª
conjugação, por analogia, no latim vulgar da Península Ibérica.
Portanto, no antigo português, os verbos mentir, sentir, arde respectivamente do latim mentire por mentiri,
sentire, ardere, tinham, na 1.ª pessoa do indicativo em todas as pessoas do subjuntivo, um “ç”, resultante da evolução
natural do latim „ti” e “de” + voagal: menço < mentio, mença < mentiam, menças < mentias, mença < mentiat, etc.;
senço < sentio; sença < sentiam; senças < sentias; sença < sential, etc. Depois por analogia com as outras pessoas do
indicativo, foi o “ç” substituído por “t” nos dois primeiros verbos: mento, menta, mentas, menta, etc. Assim, a
Metafonia do “e” em minto, sinto, etc., explica-se pela influência da semivogal, onde somente o verbo medir < metire
conservou em tais pessoas o “ç”, como: meço < metio, meça < metiam, meças < metias, meça < metial, etc.
Porém, as outras pessoas do indicativo, entretanto, continuavam a ser conjugadas regularmente: compres,
compre etc. A analogia com a l.ª não só ocasionou a permuta, ou seja, a troca do “o” do tema em “u” em todas essas
pessoas mas até o infinitivo sofreu a mesma modificação, transformando-se em cumprir.
Assim, por analogia com o indicativo é que também se explica a conservação da velar surda e sonora nos
verbos terminados em “car” e “gar”, ainda mesmo antes de “e”, o que se dá nas pessoas do subjuntivo: seque < siccem,
seques < sicces, seque < siccel, etc.; pague < pacem, pagues < paces, pague < pacet, etc.
Foi ainda por analogia com seja que proveio esteja; com sive ou tive que resultou estive; com houve que
surgiu prouve (arc. prougue); com estou, dou e vou que se deu sou; com colher, que se originou tolher.
1. Análise do Corpus
Após o estabelecimento dos critérios para a coleta dos dados, que foi a elaboração de um questionário
Sociolingüístico com dados específicos, como: gênero e idade, com perguntas bem direcionadas. Este questionário foi
aplicado aos alunos e depois feito as tabelas com os dados obtidos tanto pelo sexo masculino quanto do sexo feminino,
ou seja, foram feitas tabelas para ambos os sexos e sua faixa etária, e a partir daí selecionar o conjunto dos dados para
análise. Optamos por fazer as tabelas para uma melhor visualização da pesquisa.
Através desta pesquisa foi possível observar que por ter sido um nível de escolaridade maior, foram poucas
as variações obtidas, como resultado das respostas, na oportunidade verificou que na medida em que se eleva o grau de
escolaridade, menor são os erros apresentados para ambos os sexos.
O primeiro dado a ser discutido diz respeito ao gênero feminino, onde apresentou mais ocorrência de
variações, até porque o número de meninas na sala era mais que a de meninos. Assim, o número de variações por parte
das meninas foi de 66, contando com alunos desse gênero e as variações ocorridas por parte dos meninos foram de 23,
mesmo porque contava com 6 alunos desse sexo.
Portanto, após ter analisado todos os dados por: idade o sexo, verificamos, ou seja, detectamos que o sexo
masculino teve 23 ocorrências de variações com idade de 13 a 16 anos, e o sexo feminino tiveram 66 ocorrências de
variações com idade de 12 a 16 anos. Porém, podemos afirmar o quanto os informantes provaram conhecer e utilizar
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regras da norma padrão, o que colabora para confirmar a nossa opinião de que a norma que é ensinada nas escolas
tende a influenciar a fala e a escrita dos indivíduos que com ela mantém contato.
1.1 As tabelas
As tabelas que seguem foram numeradas em relação às fichas, as questões e as variações que selecionamos
para fazer a análise. Segue por gênero masculino e feminino, pois o recorte foi necessário porque as variações
selecionadas propiciam melhor responder às quentões da pesquisa.
RESULTADOS DAS FICHAS: MASCULINO E FEMININO.
FICHAS: 1 - 22
Ficha n.º Gênero 12
anos
13
anos
14 anos 15 anos 16 anos Var.
Masc.
Var.
Fem.
V. Geral
M./F.
01 Masc. - - - - X - - Nenhuma
02 Masc. - - X - - 6 - 6
03 Fem. - - - - X - 3 3
04 Fem. - - X - 6 6
05 Masc. - - X - - 12 - 12
06 Fem. - - X - - - 4 4
07 Fem. - - X - 3 3
08 Fem. - - X - - - 8 8
09 Fem. - - X - - - 5 5
10 Fem. - - X - - - 5 5
11 Fem. - - X - - - 3 3
12 Fem. - X - - - - 6 6
13 Fem. - X - - - 6 6
14 Masc. - X - - - 3 - 3
15 Masc. - - X - - - - Nenhuma
16 Fem. - X - - 1 1
17 Masc. - - X - - 2 - 2
18 Fem. - X - - - - 2 2
19 Fem. X - - - - - 4 4
20 Fem. X - - - - - 2 2
21 Fem. - X - - - - 3 3
22 Fem. - - - X - - 5 5
22 Mas/Fem 2 5 11 1 3 23 66 89
- Total de alunos do sexo masculino: 06
- Total de alunos do sexo feminino: l6
- Total geral das variações ocorridas nas palavras com os alunos do sexo masculino: 23
- Total geral das variações ocorridas nas palavras com os alunos do sexo feminino: 66
1.2 Tabela geral das variações por gênero e idade
Esta tabela é uma da amostragem do total de variações que houve por cada gênero e idade, procuramos
demonstrar que a relação entre as variações não escolhe sexo, idade e muito menos escolaridade.
Portanto, é fato que observamos através desta pesquisa, que a mudança existe independentemente de um nível
maior ou menor de alfabetização.
Masculino Feminino
Idade Total Idade Total
12 anos - 12 anos 02
13 anos 01 13 anos 04
14 anos 04 14 anos 07
15 anos - 15 anos 01
16 anos 01 16 anos 02
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15
TOTAL 06 TOTAL 16
Análise
Este tópico tem como ênfase principal analisar a variação e mudança da língua falada para a escrita. A
proposta de análise é demonstrar que os falantes (no caso aqui os alunos) geralmente escrevendo do “jeito” que falam,
ou seja, tentam reproduzir no sistema da escrita o sistema da fala, independente de sexo, idade e escolaridade. Embora
objetivemos respostas para as 30 questões, utilizamos a análise as que se destacaram, porém aquelas que houveram
mais variações ou mudanças na escrita, ou seja, aquelas variações que os propiciam uma melhor análise para as nossas
questões.
- Tabela geral dos alunos de ambos os sexos com idade de 12 a 16 anos.
- Nesta tabela está o número de cada questão e as variações na escrita dos alunos de ambos os sexos.
Questões Variações Masculino Feminino
01 /tisora/tesora/. X X
04 /tornera/. X -
05 /vasoura/. - X
06 /cadiado/ - X
08 /açolgue/açogue/assolgue/asougue/assogue/. X X
09 /mantega/. X -
10 /geladera//. - X
11 /voa/. X X
12 /friu/. X -
14 /portero/. X -
15 /ropa/ X X
18 /emfermeira/infermeira/enfermera/. X X
19 /quexo/queicho/queijo/. - X
21 /trabeseiro/travessero/trabeceiro/travisseiro/traveseiro/. X X
22 /emagreser/imagriser/imagresser/imagrecer/ X X
23 /dinhero/. X -
27 /toca/. X X
28 /pulcera/pusseira/pulceira/puçeira/pulsera/. X X
29 /pentiar/ - X
- Tabela de alunos do sexo masculino com idade de 13 a 16 anos.
- Nesta tabela está o número de cada questão e as variações na escrita apenas do sexo masculino.
Questões Variações
01 /tisora/
04 /tornera/.
08 /açolgue/.
09 /mantega/.
11 /voa/.
12 /friu/.
14 /portero/.
15 /ropa/
18 /emfermeira/infermeira/enfermera/.
21 /trabeseiro/travessero/.
22 /imagrecer/.
23 /dinhero/.
27 /toca/.
28 /puçeira/pulsera/.
- Tabela de alunos do sexo feminino com idade de 12 a 16 anos.
- Nesta tabela está o número de cada questão e as variações na escrita apenas do sexo feminino.
Questões Variações
01 /tesora/
05 /vasoura/.
06 /cadiado/
08 /açogue/assolgue/asougue/assogue/.
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10 /geladera//.
11 /voa/.
15 /ropa/
18 /infermeira/enfermera/.
19 /quexo/queicho/queijo/.
21 /trabeceiro/travisseiro/traveseiro/.
22 /emagreser/imagriser/imagresser/
27 /toca/.
28 /pulcera/pusseira/pulceira/.
29 /pentiar/
- Análise das perguntas feitas aos alunos tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino, com faixa etária de 12 a 16
anos.
- Os informantes tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino registraram ortograficamente variadas respostas que
seguem logo abaixo:
a) Na questão número (01): foi perguntado: O que a costureira utiliza para cortar o tecido? A resposta esperada era:
/tesoura/. Houve variações para ambos os sexos.
- /tisora/: houve a troca da vogal /e/ por /i/, metaplasmo por permuta, havendo assim uma assimilação vocálica, também
houve Metaplasmo por subtração do fonema /u/ no interior do vocábulo, considerado com uma Síncope. Variação desta
palavra apenas no sexo masculino. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Idade: 14 anos.
- /tesora/: houve Metaplasmo por subtração do fonema /u/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim uma síncope.
Variação desta palavra apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 02. Uma com 13 anos de idade e a outra
com 14 anos de idade.
b) Na questão número (04): foi perguntado: Onde é encaixada a mangueira para sair água? A resposta esperada era:
/torneira/. Houve variação apenas no sexo masculino.
- /tornera/: houve Metaplasmo por subtração do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo aí uma síncope. Variação
desta palavra apenas no sexo masculino. Ocorrências: masc.: 01; fem. 00. Informante com idade de 14 anos.
c) Na questão número (05): foi perguntado: O que é usado para varrer casa? A resposta esperada era: /vassoura/.
Variação ocorrida apenas no sexo feminino.
- /vasoura/: houve Metaplasmo por subtração queda do fonema /s/ no vocábulo, ocorrendo aí uma síncope, variação
ocorrida apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 06 – Houve 3 (três) com idade de 14 anos; 1 (uma)
com idade de 15 anos e 2 (duas) com idade de 16 anos.
d) Na questão número (06) foi perguntado: Qual é o nome do objeto que se usa para trancar as bicicletas? A resposta
esperada era: /cadeado/. Variação ocorrida apenas no sexo feminino.
- /cadiado/: houve Metaplasmo por permuta, havendo uma troca das vogais /e/ por /i/, esta variação e percebível nos
dois tipos de registro, tanto na fala quanto na escrita. Variação apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.
05. Houve 1 (uma) com idade de 13 anos, 3 (três) com idade de 14 anos e 1 (uma) com idade de 16 anos.
e) Na questão número (08) foi perguntado: Sem ser no mercado, onde mais se vende carne? A resposta esperada era:
/açougue/. Houve variação desta palavra para ambos os sexos.
- /açolgue/: houve Metaplasmo por permuta, ocorrendo uma consonantização com o som da vogal /u/ pela consoante
/l/. Variação para ambos os sexos. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Houve apenas 1(um) com idade de 14 anos.
- /açogue/: houve Metaplasmo por subtração na queda do /u/, ocorrendo assim uma síncope, variação ocorrida apenas
no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 04. Houve 1 (um) com idade de 12 anos; 1 (um) com idade de 14
anos; 1 (um) com idade de 15 anos e mais 1(um) com idade de 16 anos.
- /assogue/: houve Metaplasmo por permuta, ocorrendo assim uma assimilação consonantal do /ç/ por /ss/, também
houve Metaplasmo por subtração com a queda do /u/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim a síncope. Variação
ocorrida apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve apenas 1 (uma) com idade de 14 anos.
- /assolgue/: houve Metaplasmo por permuta, ocorrendo assim a assimilação consonantal do /ç/ por /ss/, também
consonantização da vogal /u/ que se transformou em consoante /l/, havendo ocorrência apenas no sexo feminino.
Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve apenas uma (1) com idade de 14 anos.
- /asougue/: houve Metaplasmo por permuta, ocorrendo assim uma assimilação consonantal do /ç/ por /s/, variação
obtida apenas no sexo feminino. Ocorrência: masc.: 00; fem.: 01. Houve apenas 1 (uma) com idade de 13 anos.
f) Na questão número (09) foi perguntando: O que passado no pão para comer sem ser a geléia e requeijão? A resposta
esperada era: /manteiga/. Nesta questão houve variação somente no sexo masculino.
- /mantega/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim uma
síncope, havendo variação apenas para o sexo masculino. Ocorrências: masc. 01; fem. 00. Houve apenas 1(um) com
idade de 14 anos.
g) Na questão número (10) foi perguntado: Qual é o nome do eletrodoméstico que conserva os alimentos? A resposta
esperada era: /geladeira/. Neta questão houve variação somente no sexo feminino.
- /geladera/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim uma
síncope, havendo variação apenas para o sexo feminino. Ocorrências: masc. 00; fem. 01. Houve apenas 1(uma) com
idade de 14 anos.
h) Na questão número (11) foi perguntado: O que fazem os pássaros que tem asas para sair de um lugar? A resposta
esperada era: /voam/. Houve variação nesta questão por parte de ambos os sexos.
- /voa/: houve Metaplasmo por subtração com a queda do fonema /m/ no final do vocábulo, ocorrendo aí uma apócope.
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Variação para ambos os sexos. Ocorrências: *masc.: 03; fem.: 14
– Houve 2 (duas) do sexo feminino com idade de 12 anos; 2 (duas) do sexo feminino com idade de 13 anos; 7 (sete) do
sexo feminino com idade de 14 anos; 1 (um) do sexo feminino com idade de 15 anos; 2 (dois) do sexo feminino com
idade de 16 anos e * 3(três) do sexo masculino com idade de 14 anos;
i) Na questão número (12) foi perguntado: O que faz na estação do inverno? A resposta esperada era: /frio/. Houve
variação apenas para o sexo masculino.
- /friu/: houve Metaplasmo por permuta com assimilação vocálica na troca o fonema /o/ por /u/, ocorrendo aí uma
assimilação total, pois identifica-se o fonema assimilado pelo assimilador. Variação apenas no sexo masculino.
Ocorrências: masc.: 01; fem. 00. Houve apenas 1 (um) com idade de 13 anos.
j) Na questão número (14) foi perguntado: Que nome seda a um funcionário que cuida de portaria? A resposta esperada
era: /porteiro/. Variação desta palavra somente no sexo masculino.
- /portero/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim uma
síncope. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Houve apenas 1 (um) com idade de 14 anos.
l) Na questão número (15) foi perguntado: O ferro eletrodoméstico é usado para passar o que? A resposta esperada era:
/roupa/. Houve variação nesta questão para ambos os sexos.
- /ropa/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /u/, no interior do vocábulo, ocorrendo aí uma síncope.
Variações ocorridas tanto para o sexo masculino quanto para o sexo feminino. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 01. Houve
1 (um) do sexo masculino com idade de 14 anos e 1(uma) do sexo feminino com idade de 13 anos.
m) Na questão número (18) foi perguntado: Quem cuida dos pacientes que ficam no hospital sem ser o médico e os
parentes? A resposta esperada era: /enfermeira/ (o). Houve variações para ambos os sexos.
- /infermeira/: houve Metaplasmo por permuta na troca da vogal /e/ pela vogal /i/, ocorrendo assim à assimilação
vocálica entre os fonemas, ocorrendo variação desta palavra apenas para o sexo feminino. Ocorrências: masc.: 01,
fem.: 02. Houve 1 (um) do sexo masculino com idade de 14 anos e 2 (duas) do sexo feminino com idade de 14 anos.
- /emfermeira/: houve Metaplasmo por permuta, ocorrendo assim a assimilação consonantal na troca do /n/ por /m/.
Houve variação desta palavra apenas para o sexo masculino. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Houve apenas 1 (um)
com idade de 14 anos
- /enfermera/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocasionando uma
síncope. Variação obtida apenas pelo sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade de 12
anos.
n) Na questão número (19) foi perguntado: Como se chama a parte do nosso corpo que fica abaixo da boca? A resposta
esperada era: /queixo/. Variações desta palavra apenas para o sexo feminino.
- /quexo/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior da palavra. Ocorrendo aí uma síncope.
Variação obtida apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade de 14 anos.
- /queijo/: houve Metaplasmo por permuta com assimilação consonantal na troca do fonema /x/ por /j/, havendo uma
consonantização. Variação ocorrida apenas para o sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma)
com idade de 14 anos.
- /queicho/: houve Metaplasmo por permuta com assimilação consonantal na troca do fonema /x/ por /ch/. Variação
apenas para o sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 02. Houve 1 (uma) com idade de 13 anos e 1 (uma) com
idade de 16 anos.
o) Na questão número (21) foi perguntado: O que as pessoas usam para por a cabeça para dormir? A resposta esperada
era: /travesseiro/. Houve variações para ambos os sexos.
- /travisseiro/: houve Metaplasmo por permuta na troca das vogais /e/ por /i/. Variação obtida apenas pelo sexo
feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 02. Houve 1 (uma) com idade de 13 anos e 1 (uma) com idade de 14 anos.
-/trabeçeiro/: houve Metaplasmo por permuta na troca de um fonema sonoro /v/ por outro sonoro /b/ e por permuta com
assimilação consonantal na troca do /ss/ por /ç/. Variação no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1
(uma) com idade de 16 anos.
- /traveseiro/: houve Metaplasmo por subtração com a queda do fonema /s/ no interior do vocábulo, ocorrendo aí uma
síncope. Variação apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade de 15 anos.
-/trabeseiro/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /s/ no interior do vocálubo, ocorrendo assim uma
síncope e Metaplasmo por permuta na troca do fonema sonoro /v/ por outro sonoro /b/. Variação obtida apenas no sexo
masculino. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Houve 1(um) com idade de 14 anos.
- /travessero/: houve Metaplasmo por subtração na queda de um fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim
uma síncope. Variação ocorrida apenas no sexo masculino. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Houve 1 (um) com idade
de 14 anos.
p) Na questão número (22) foi perguntado: O que as pessoas obesas pretendem quando fazem regime? A resposta
esperada era: /emagrecer/. Houve variações por ambos os sexos.
- /imagrecer/: houve Metaplasmo por permuta na troca das vogais /e/ por /i/ no início da palavra. Variação ocorrida
apenas no sexo masculino. Ocorrências: masc.: 0l; fem.: 00. Houve 1 (um) com idade de 14 anos.
- /emagreser/: houve Metaplasmo por permuta com assimilação consonantal na troca do fonema /c/ por /s/. Variação
apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade de 13 anos.
- /imagriser/: houve Metaplasmo por permuta na troca das vogais /e/ por /i/ tanto no início quanto no meio e por
permuta com assimilação consonantal na troca do fonema /c/ por /s/. Variação ocorrida apenas no sexo feminino.
Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade de 14 anos.
- /imagresser/: houve Metaplasmo por permuta na troca das vogais /e/ por /i/ e Metaplasmo por aumento no acréscimo
do fonema /s/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim uma epêntese. Variação apenas no sexo feminino. Ocorrências:
masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade de 14 anos.
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q) Na questão número (23) foi perguntado: O que as pessoas que trabalham recebem como pagamento? A resposta
esperada era: /dinheiro/. Variação desta palavra somente no sexo masculino.
- /dinhero/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim uma
síncope. Ocorrências: masc.: 02; fem.: 00. Houve 2 (dois) com idade de 14 anos.
r) Na questão número (27) foi perguntado: O que se usa na cabeça para evitar cair cabelo nos alimentos? A resposta
esperada era: /touca/. Houve a mesma variação para ambos os sexos.
- /toca/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /u/ no interior do vocábulo, ocorrendo aí uma síncope.
Variações ocorridas tanto para o sexo masculino quanto para o sexo feminino. Ocorrências: *masc.: 04; fem.: *Sexo
masculino houve: 1 (um) com idade de 13 anos; 3 (três) com idade de 14 anos. Sexo feminino houve: 1 (uma) com
idade de 12 anos; 3 (três) com idade de 13 anos; 5 (cinco) com idade de 14 anos; 1 (uma) com idade de 15 anos; 1
(uma) com idade de 16 anos.
s) Na questão número (28) foi perguntado: O que a mulher usa no pulso sem ser o relógio? A resposta esperada era:
/pulseira/. Houve variações para ambos os sexos.
- /puçeira/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /l/ no interior da palavra, ocorrendo assim uma
síncope e Metaplasmo por permuta com assimilação consonantal na troca do fonema /s/ por /ç/. Variação nesta palavra
obtida apenas pelo sexo masculino. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Houve 1 (um) com idade de 14 anos.
- /pulsera/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo aí uma
síncope. Variação desta palavra apenas no sexo masculino. Ocorrências: masc.: 01; fem.: 00. Houve 1 (um) com idade
de 13 anos.
- /pulcera/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /i/ no interior do vocábulo, ocorrendo assim uma
síncope e também houve Metaplasmo por permuta com assimilação consonantal na troca do fonema /s/ por /c/.
Variação desta palavra ocorrida apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade
de 14 anos.
- /pusseira/: houve Metaplasmo por subtração na queda do fonema /l/ no interior da palavra ocorrendo assim uma
síncope e houve também Metaplasmo por aumento com o acréscimo do fonema /s/ no interior do vocábulo, ocorrendo
assim uma epêntese, Ocorrências: masc.: 00; fem.: 01. Houve 1 (uma) com idade de 13 anos.
- /pulceira/: houve Metaplasmo por permuta com assimilação consonantal na troca do fonema /s/ por /c/. Variação
desta palavra apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc. 00; fem.: 02. Houve 1 (uma) com idade de 12 anos e 1
(uma) com idade de 14 anos.
t) Na questão número (29) foi perguntado: Para que serve o pente? A resposta esperada era: /pentear/. Variação
ocorrida apenas no sexo feminino.
- /pentiar/: houve Metaplasmo por permuta na troca das vogais /e/ por /i/, esta variação e percebível nos dois tipos de
registro, tanto na fala quanto na escrita, ocorrência apenas no sexo feminino. Ocorrências: masc.: 00; fem. 01. Houve 1
(uma) com idade de 14 anos.
Considerando que as questões de números 04, 07, 08, 11,12, 13, 16, 17, 19, 20, 22, 24, 26, 27, 28, 29 não
obteve a resposta esperada por alguns informantes, uns talvez por falta de atenção, outros foi realmente por conta da
mal elaboração das questões, pois fica o informante com opções de 2 (duas) alternativas, ao passo que teria que ser
uma única resposta, do tipo “O que a costureira usa para cortar tecido?”. Resposta única “tesoura”, ou seja, o
informante não tem que ter duas opções, e isso não foi o que aconteceu nas respectivas questões, como exemplo temos
a de n.º 28 “O que a mulher usa no pulso sem ser o relógio? Ficando o informante confuso, pois temos a “pulseira”,
como temos também “bracelete”, como ocorreu com o informante n.º 01 .
Portanto, ficam supridas estas questões por parte de um lapso do profissional na hora da elaboração destas
perguntas, onde foram consideradas “negativas”.
TABELA DAS QUESTÕES “NEGATIVAS” DO SEXO MASCULINO
Fichas Questões Ocorrências Idade
01 07, 11, 12, 16, 20, 28 água, batem, durmo, processador, lixo, bracelete 16 anos
05 20, 24 lata de lixo, maleta 14 anos
1 17 plástico 13 anos
15 12 migram 14 anos
17 12, 24 nada, envelope 14 anos
TABELA DAS QUESTÕES “NEGATIVAS” DO SEXO FEMININO.
Fichas Questões Ocorrências Idade
03 13, 22, 27 sacola 16 anos
04 22 perder peso 16 anos
06 19 pescoço 14 anos
08 08, 13 açougueiro, sacola 14 anos
09 13 sacola 14 anos
W e b - R e v i s t a S O C I O D I ALE T O • ww w. s o c i o d i a l e to . co m. b r
Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
M e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d e
ISSN: 2178-1486 • Volume 1 • Número 6 • feverei ro 2012
Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho
19
10 22, 24 perder peso, pasta 14 anos
11 08, 20, 29 frigorífico, lata, desembaraçar cabelo 14 anos
12 20, 24 saco plástico, pasta 13 anos
13 07, 19, 26 água, língua, tesoura 14 anos
16 08, 16, 20, 29 frigorífico, sacola, lata desembaraçar cabelo 13 anos
19 04, 19 no cano, pescoço 12 anos
20 22 perder peso 12 anos
21 22 ficar magra 13 anos
- Tabela do sexo masculino com idade de 12 anos a 16 anos.
- Essa tabela é apenas para mostrar o registro escrito quanto às palavras que ocorreram variações, para análise dos
Metaplasmos.
TABELA DO SEXO MASCULINO ONDE OCORRERAM AS VARIAÇÕES
QUESTÕES PALAVRAS TOTAL
01 tesoura por tisora 1
04 torneira por tornera 1
08 açougue por açolgue 1
09 manteiga por mantega 1
11 voam por voa 3
12 frio por friu 1
14 porteiro por portero 1
15 roupa por ropa 1
18 enfermeira por infermeira 1
18 enfermeira por emfermeira 1
21 travesseiro por travessero 1
21 travesseiro por trabeseiro 1
22 emagrecer por imagrecer 1
23 Dinheiro por dinhero 2
27 touca por toca 4
28 pulseira por puçeira 1
28 pulseira por pulsera 1
Total de variações 23
- Tabela do sexo feminino com idade de 12 anos a 16 anos.
- Essa tabela é apenas para mostrar o registro escrito quanto às palavras que ocorreram variações, para análise dos
Metaplasmos.
TABELA DO SEXO FEMININO ONDE OCORRERAM AS VARIAÇÕES
Questões Palavras Total
01 tesoura por tesora 2
05 vassoura por vasoura 6
06 cadeado por cadiado 5
08 açougue por açogue 4
08 açougue por assogue 1
08 açougue por assolgue 1
08 açougue por asougue 1
10 Geladeira por geladera 1
11 voam por voa 14
15 roupa por ropa 1
18 enfermeira por infermeira 2
18 enfermeira por enfermera 1
19 queixo por quexo 1
19 queixo por quicho 2
19 Queixo por queijo 1
21 Travesseiro por travisseiro 2
21 Travesseiro por trabeçeiro 1
21 Travesseiro por traveseiro 1
22 Emagrecer por emagriser 1
22 Emagrecer por emagreser 1
22 Emagrecer por imagreser 1
27 Touca por toca 11
28 Pulseira por pulcera 1
28 Pulseira por pusseira 1
W e b - R e v i s t a S O C I O D I ALE T O • ww w. s o c i o d i a l e to . co m. b r
Bacharelado em Linguística e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande
M e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d e
ISSN: 2178-1486 • Volume 1 • Número 6 • feverei ro 2012
Homenagem ao Prof. Dr. Ataliba Teixeira de Castilho
20
28 Pulseira por pulceira 2
29 Pentear por pentiar 1
Total de variações 66
Considerações Finais
A primeira parte deste trabalho corresponde às pesquisas bibliográficas, com a seleção e leitura de teorias
referentes ao tema pesquisado. Após obter a base teórica partimos na busca dos informantes, que foram os alunos da
Escola Estadual Dr. Martinho Marques da cidade de Taquarussu-MS, alunos do sexo masculino e feminino, com idade
de 12 anos a 16 anos, para a realização do corpus da pesquisa, que compreenderam aos formulários que foram bem
distribuídos aos alunos do 9.º ano do Ensino Fundamental, após uma duração de 15 minutos estes questionários foram
recolhidos, onde as questões estavam todas respondidas pelos alunos, onde os primeiros resultados possibilitaram a
contagem de ocorrências de alguns Metaplasmos que era o nosso objetivo, coletar a maneira de como eles falam na
escrita, verificando onde ocorrem os vários tipos de metaplasmos. Para melhor visualização e análise dos dados
obtidos, os resultados foram dispostos em tabelas.
Foram muitas as dificuldades encontradas, até porque nesse período estava chovendo muito, e dificultou o
andamento do trabalho. Vencidas as dificuldades, chegamos finalmente ao estágio mais esperado, os resultados
obtidos.
Constatou-se que os informantes, independente de escolaridade, têm o seu modo de falar e de escrever
diferente, devido a região onde era e esta inserida, pois isso reflete muito, como nos afirma Marcos Bagno (2003) -
“Preconceito Lingüístico” (o que é, como se faz), onde ele ressalta que cada indivíduo tem um modo de falar,
dependendo de sua localização geográfica.
Embora esta pesquisa não seja de grande porte, trata-se da amostragem da escrita, ou seja, os informantes
escrevem do “jeito” que falam em relação à fala na norma padrão, e como ocorrem os vários tipos de Metaplasmos,
bem como os fatores que os influenciam, que é a queda ou aumento das palavras, que foi o foco principal da pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico: O que é como se faz. 23.ª ed. São Paulo-SP: 2003.
LOPES, Edward. Fundamentos da Lingüística Contemporânea. Editora Cultrix, 23.ª ed. São Paulo-SP, 1997.
Coutinho, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica: Lingüística e filologia. 6.ª ed. Editora Afiliada, Rio de
Janeiro, RJ, 1976.
LYONS, John. Introdução à Lingüística Teórica. Tradução Rosa V. Mattos e Silva e Hélio Pimentel, ver. Isaac
Nicolau Salum. São Paulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo, 1979.
PRETI, Dino. Sociolingüística – Os Níveis de Fala: Um Estudo Sociolingüístico do Diálogo na Literatura Brasileira.
9.ª Edição. São Paulo: Editora da universidade de São Paulo, 2000.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. 20.ª Edição – São Paulo, SP: Cultrix, 1995.
TARALLO, Fernando. A Pesquisa Sociolingüística. 5.ª Edição – São Paulo, SP: Ática, 1997
Recebido Para Publicação em 01 de dezembro de 2011.
Aprovado Para Publicação em 23 de janeiro de 2012.